0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS DIEGO QUADROS DE OLIVEIRA ORIENTADOR: ANA CRISTINA GUIMARÃES RIO DE JANEIRO MAIO DE 2005 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS Apresentação de monografia Universidade Cândido Mendes à como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Marketing. “Lato Sensu” em 2 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus colegas de classe, professores, minha mãe e esposa pela força. 3 DEDICATÓRIA Dedico à minha mãe e minha esposa, que são mulheres maravilhosas, pelo amor e companheirismo. 4 RESUMO O processo de globalização, desenvolvimento tecnológico, a segmentação de mercado e diversidade de produtos vêm impactando fortemente o ambiente de negócios, exigindo das organizações adaptações constantes para permanecerem no mercado. Para que elas mantenham sua rentabilidade, foi necessário buscar novas formas para obter vantagem competitiva. Com isso, o conceito de que relacionamento com o cliente é fundamental para a competitividade, e que o mesmo deve ser uma atividade de todos na organização, ganhou importância e trouxe o Marketing de Relacionamento como nova filosofia empresarial para o sucesso das organizações. Essa filosofia tem o objetivo de integrar o cliente a elaboração do produto, desenvolvendo um processo sistemático de integração que sustentará essa relação no longo prazo. Pressupõe a interatividade, a conectividade e a criatividade, para que o cliente realmente possa ser parte estratégica da organização, planejando produtos e serviços de valor em um processo dinâmico e contínuo. O feedback dos clientes desenvolve a capacidade dos administradores de terem intimidade com o mercado, a ponto de poderem prever as reações destes, diante das mudanças ambientais. 5 METODOLOGIA Para a elaboração deste estudo foi realizada pesquisa bibliográfica referente ao assunto em questão. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – Definindo Marketing de Relacionamento 10 CAPÍTULO II – Database Marketing 23 CAPÍTULO III – Telemarketing 32 CAPÍTULO IV – Call Center 37 CAPÍTULO V – Programas de Afinidade 43 CAPÍTULO VI – Comércio Eletrônico 45 CAPÍTULO VII – Marketing de Relacionamento é mais do que Tecnologia, é uma filosofia empresarial 49 CAPÍTULO VIII – Casos de Sucesso 53 CONCLUSÃO 58 BIBLIOGRAFIA 60 ÍNDICE 62 FOLHA DE AVALIAÇÃO 64 7 INTRODUÇÃO O Marketing de Relacionamento era a maneira de fazer negócios antes da Revolução Industrial, antes dos produtos de massa e antes da grande mídia. O proprietário de um armazém, banco ou barbearia, pensava em seu negócio basicamente em termos de “participação do cliente”. O lojista era, antes do século XX, um executivo de Marketing de Relacionamento que cuidava dos clientes como indivíduos e que carregava seu banco de dados na cabeça ou, no máximo em um caderno de anotações. Na década de 80, a concorrência se baseava freqüentemente na qualidade e preço do produto e do serviço, mas atualmente, para ter um requisito de competição, a qualidade do relacionamento com o cliente é a medida mais apropriada para o sucesso. No século XXI, a tecnologia de informação possibilita que as grandes empresas sejam tão eficazes nos relacionamentos com os clientes quanto os pequenos lojistas. O cenário apresenta-se como uma nova era de concorrência e competitividade dentro de um ambiente globalizado. A concorrência cresce, não só entre adversários tradicionais, em mercados tradicionais, mas também com novos personagens em nichos ou setores específicos de negócio. Além disso, com o advento da Internet, e da globalização desintegrando as fronteiras, as empresas já não podem ficar confiantes em suas participações de mercado e em suas posições competitivas. A concorrência pode mudar inesperadamente e as fusões e aquisições podem alterar a relação de força existente no mercado. 8 É dentro desse contexto ambiental que surge a oportunidade para a prática da estratégia de Marketing de Relacionamento, que consiste na introdução de um novo paradigma para as relações de troca no mercado. O Marketing de Relacionamento enfatiza principalmente, a necessidade de um relacionamento a longo prazo com o mercado, buscando a fidelização dos clientes, em detrimento das práticas de transações com objetivos de curto prazo. Em conformidade com esta nova economia, a globalização e os avanços tecnológicos, Rapp e Collins (1996, p.27) colocam que: “valor futuro é o conceito-chave para a primeira década do século XXI” e acrescenta que “a vantagem competitiva dependerá, cada vez mais, da inteligência no processo criativo de comunicação e da capacidade de manter a fidelidade do consumidor”. Também Rapp e Collins (1996, p.29) chamaram atenção do mundo dos negócios para as novas tendências do Marketing moderno, validando as técnicas tradicionais, mas mostrando que a elas devem ser somadas as novas ferramentas com essas palavras: “Há um novo tipo de pensamento estratégico de Marketing que está oferecendo uma vantagem importante a aqueles que o utilizarem. É o auge de uma mudança gradual que vem ocorrendo durante décadas. Ele não se adapta igualmente a todas as situações e a todos os produtos, mas onde se adapta, a compreensão desta mudança de direção pode ser essencial para se ter vantagem sobre a concorrência e, em alguns casos, para sobreviver”. 9 Muitos setores no Brasil têm sofrido grandes desafios, e as oportunidades para a sobrevivência e crescimento estão justamente na implementação de ações que permitam maior proximidade com o cliente, a compreensão de suas necessidades, a flexibilidade para ofertar mais valor de forma individualizada e a custos mais baixos. É preciso, portanto, competir em tempo real alterando o próprio sistema de Marketing, criando novos produtos, usando novas mídias, oferecendo novos serviços, obtendo melhor mais rápido feedback das informações sobre o comportamento dos clientes, com isso, melhorando a qualidade dos processos operacionais, das vendas e pós-vendas e do atendimento. Serão apresentadas algumas definições, ações, e benefícios acerca do conceito Marketing de Relacionamento. Para investigar melhor o assunto serão analisadas ferramentas que estão sendo aplicadas com sucesso, como Database Marketing, Telemarketing, Call Center, Programas de Afinidade e Comércio Eletrônico. No capítulo VII será mostrado que o Marketing de Relacionamento é mais do que uma tecnologia, é uma filosofia empresarial. No último capítulo, será apresentado casos de sucesso de empresas que utilizam as ferramentas do Marketing de Relacionamento e estão obtendo uma importante vantagem competitiva. 10 CAPÍTULO I Definindo Marketing de Relacionamento Embora conceitos de parceria contratos de longo prazo já estejam sendo praticados há bastante tempo, principalmente no mercado industrial, a terminologia “Marketing de Relacionamento” surgiu, segundo Bretzke (2000) com Berry, na literatura de Marketing de Serviços em 1983. O autor reconhece a fidelização de clientes como sendo a forma de alcançar maior competitividade das empresas e maior satisfação dos clientes. Definiu Marketing de Relacionamento como a atração, a manutenção e, em organizações multiserviços, o aumento de relacionamento com os clientes. Enfatizou que a atração de novos clientes deveria ser vista apenas como um passo intermediário no processo de marketing. Solidificar relacionamentos, transformar clientes indiferentes em leais e servi-los é o que deveria ser considerado marketing. Reconhecendo o relacionamento com o cliente como a base para a oferta contínua de valor superior, sugeriu a modificação dos 4 “P´s”, afirmando que novos elementos sejam adicionados ao composto de marketing para auxiliar a empresa a tornar-se competitiva. O acréscimo de serviços para a satisfação e retenção do cliente reconhece o verdadeiro Marketing de Relacionamento. Muitos autores têm buscado definir Marketing de Relacionamento. Por algum tempo, o mesmo foi considerado uma abordagem que se referia somente às relações entre comprador e vendedor, por meio das quais, uma organização buscaria estabelecer, fortalecer e desenvolver relações de longo prazo com clientes potenciais e atuais (Vavra:1993, Berry:1995, dentre outros). Vavra (1993, p.17), por exemplo, definiu o Marketing de Relacionamento como: 11 “um processo de proporcionar satisfação contínua e reforço aos indivíduos que são clientes atuais ou que já foram clientes. Os clientes devem ser identificados, reconhecidos, comunicados, auditados em relação à satisfação e respondidos, com o objetivo de construir relacionamentos duradouros com todos os clientes”. Segundo o autor, para que estes objetivos sejam alcançados, deve-se: - Compreender as necessidades dos clientes; - Tratar os clientes como parceiros; - Assegurar que os empregados satisfaçam as necessidades dos consumidores; - Prover os consumidores com a melhor qualidade possível às necessidades individuais. Entretanto, mais recentemente, autores como McKenna (2000), alertaram para outros relacionamentos relevantes para a oferta de valor aos clientes. Segundo esta visão mais ampla, O Marketing de Relacionamento deve considerar todos os relacionamentos que possam influenciar na satisfação dos clientes, tais como: relacionamento com fornecedores (fornecedores de bens e serviços), relacionamentos laterais (concorrência, organizações não-lucrativas, Governo), relacionamentos internos (unidades de negócios, áreas funcionais, empregados) e relacionamentos com compradores consumidores finais). Sendo assim, Swift (2001, p.13) define: (intermediários e 12 “Marketing de Relacionamento é uma abordagem empresarial - integrada em tudo o que a empresa faz, todos com os quais ela trabalha e todos com os quais ela transaciona – destinada a entender e influenciar o comportamento dos clientes para melhorar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade deles”. Essa abordagem é obrigatória e é uma indicação importante, conforme trabalho de Peppers e Rogers (1997). Você deve pensar e montar uma estratégia acerca de como atualizar a empresa de acordo com a moderna definição e processo de Marketing de Relacionamento. A lógica da adequação da estratégia de Marketing de Relacionamento em ambientes de grande turbulência, como meio de buscar a fidelidade dos clientes, está na disposição das empresas em aprender, de forma contínua, sobre seus clientes e realçar o relacionamento com a oferta crescente de valor com base neste conhecimento. O Marketing de Relacionamento pressupõe, conforme sugerido por McKenna (2000), a interatividade com o cliente, para que ele realmente possa ser parte da estratégia da organização no planejamento de produtos e serviços de valor em um processo dinâmico e contínuo. Ações de Marketing nãocomprometidas com o feedback de mercado estão fora da estratégia de Marketing de Relacionamento. O feedback dos clientes desenvolve a capacidade dos administradores de terem intimidade com o mercado, a ponto de poderem prever as reações destes diante das mudanças ambientais. 13 1.1- Ações do Marketing de Relacionamento O Marketing de Relacionamento toma forma por meio das parcerias que são estabelecidas com clientes e com todos os agentes que influenciam em sua satisfação, bem como por meio dos programas de relacionamento sustentados por bancos de dados (Database Marketing), utilizando-se da comunicação e interativa (mala-direta, telemarketing, computadores, etc) para acessar os clientes. Segundo Swift (2001), as ações da prática do Marketing de Relacionamento sustentadas em bancos de dados, permitem: a) Diálogo com o cliente através de meios utilizados para o feedback, tais como: - a análise dos padrões de feedback e dos históricos de compras; - implantação de hot lines (os sistemas de atendimento ao consumidor); análise das cartas dos clientes, pesquisas formais e informais. b) O aprofundamento na base de clientes. Programas de continuidade, de afinidade, de aumento de volume de vendas, tais como: cross selling (venda cruzada) ou up grade (intensificação do volume, valor ou freqüência da compra). c) Trabalhar nichos de mercado com eficiência e lucro. Através das informações no banco de dados, é possível encontrar nichos de mercado e viabilizar a atuação nestes nichos, vencendo a barreira do 14 tamanho do mercado e a perda de economia de escala. Kotler (2004, p.314) afirma que: “Os compradores de um nicho específico de mercado são bastante homogêneos em suas percepções e preferências, e estão dispostos a pagar um bom preço por ofertas que realmente se adequem as sus necessidades específicas. É preciso ressaltar que vender para um nicho de mercado garante uma boa margem de lucro”. d) Maior controle sobre o Canal de Distribuição. Oferecendo melhores informações sobre o público-alvo e permitindo melhorar a adequação da oferta. e) O Marketing mais contabilizado. Trata-se da capacidade de mensurabilidade do sistema e da capacidade de controle das variáveis que influenciam as respostas. A experiência mostra que o Marketing de Relacionamento é aplicado com sucesso nas seguintes linhas estratégicas (Gordon, 1991): 1.1.1 – Suporte à Força de Vendas O Marketing de Relacionamento, como suporte à força de vendas, permite aumentar a produtividade do vendedor, realizando para ele todas as atividades de prospecção e apoio (Ex: envio de informações para o cliente), liberando o tempo para que o vendedor se dedique ao trabalho de negociação e fechamento de venda. 15 As funções específicas do Marketing de Relacionamento como suporte à força de vendas são as seguintes: - Fazer a prospecção de clientes potenciais separando aqueles efetivamente interessantes da enorme massa de compradores aparentes. Em outras palavras, identificar os prospects (clientes potenciais) entre os suspects (clientes prováveis). - Identificar todas as pessoas-chave na cadeia decisória de compra do produto ou serviço para atingi-lo com informações que dêem seqüência ao processo de vendas. - Através da informatização e estruturação de um Database, acionar campanhas de comunicação segmentada, através de comunicação dirigida (mala-direta) ou telemarketing, visando romper barreiras iniciais, fornecer argumentos básicos, fazer uma pré-venda do conceito do produto/serviço e, acima de tudo, colocar o vendedor em uma posição favorável perante a prospect já predisposto a iniciar a negociação - Gerenciar o trabalho de vendas, pois ao qualificar o prospect através do Marketing de Relacionamento, a empresa entrega para seus vendedores apenas as oportunidades realmente interessantes, tornando o esforço de vendas mais eficiente e controlável, impedindo que boa parte dessa função de Marketing fique na dependência do estilo pessoal e da sorte de cada vendedor. Isto é possível através da construção de algoritmos que percorrem o Database. - Apoiar todo o processo de venda. Pois, com as informações contidas na Database sobre cada prospect – tais como decisores efetivos, comportamento de compra e perfil da empresa, entre outras – o vendedor pode ser mais 16 eficiente em todo o seu trabalho, contando com excelente apoio do sistema de Marketing de Relacionamento para agilizar o fechamento da venda. - Possibilitar uma perfeita mensuração de resultados. Pela capacidade de acompanhamento do sistema e o controle objetivo da ação do vendedor, a empresa pode avaliar com precisão os resultados do trabalho de cada um e, aferir a eficácia de sua força de vendas como um todo. 1.1.2 – Geração de Leads É uma das aplicações com maior potencial de crescimento, inclusive no Brasil. Consiste numa série de ações que buscam gerar nomes qualificados para revendedores e força de venda. “Nome qualificado” significa que o prospect respondeu a comunicação e que está interessado no produto ou na informação que foi disponibilizada na campanha. O fator-chave de sucesso é a estratégia de comunicação, que irá veicular a mensagem certa, pela mídia mais pertinente, disponibilizando o meio de resposta mais adequado para atingir o target objetivado, e assim obter a maior taxa de resposta possível. O fator decisivo é a capacidade do banco de dados de, primeiramente, segmentar com precisão o mercado, e depois mensurar os resultados, proporcionando uma forma de comparar e acompanhar o custo por nome gerado, a taxa de conversão, e o custo total por unidade vendida, bem como o número gerado de nomes por mídia, por tipos de oferta, por tipo de mensagem publicitária, etc. 17 1.1.3 – Cross Selling É a venda de outro produto (complementar ou não) à clientes ou consumidores atuais de um determinado produto. São detectadas as necessidades e as oportunidades de venda através das seguintes ferramentas, que dão suporte ao Marketing de Relacionamento: - O banco de dados e sistemas de suporte à decisão permitem identificar público-alvo, produto/necessidade; - O telemarketing, e a comunicação dirigida possibilitam ativação e estímulo à compra, além de meio de resposta. Além disso, é possível mensurar o esforço realizado e aprofundar o conhecimento sobre o comportamento de compra de determinado público-alvo. O Cross Selling aumenta a lucratividade do cliente durante o seu lifetime value, que é o prazo médio em que o cliente trará lucro para a empresa através da compra repetida ou pela compra de reposição. 1.1.4 – Vendas Diretas O canal de Marketing tradicional normalmente pode ter vários intermediários entre o fabricante e o consumidor final, diferente da venda direta. Nesta última, as duas principais funções do canal de distribuição são: - função de intermediário; - função de agente facilitador. 18 Como intermediário, desenvolve as atividades de venda dos produtos, assume os riscos da transferência de posse e concede o crédito. Nem todos os intermediários assumem todas as funções. Como agentes facilitadores, engloba a propaganda e promoção dos produtos ou serviços, transporte e armazenagem, mas não necessariamente envolve diretamente as transações entre compradores e vendedores. Os facilitadores são essencialmente prestadores de serviços, mais que agentes do canal. Portanto, a estrutura voltada para vendas diretas cumpre as duas funções, tanto como intermediária como facilitadora, pois transfere a posse do produto ou executa o serviço, utilizando a propaganda para gerar uma resposta direta e imediata pelo tipo de comunicação que estabelece com os clientes e consumidores. As principais características do canal de venda direta, segundo Dantas (2000) são: Imediatismo Significa que a comunicação de venda direta incita para uma ação imediata, seja qual for a mídia, ou em último caso, numa resposta que capacita a perguntar por um pedido de compra na próxima comunicação. Procura persuadir para uma ação imediata, exibindo um meio de resposta, que pode ser cartão-resposta comercial, telefone (telemarketing receptivo),etc. 19 Concentração O uso das técnicas de database e segmentação de mercado permitem concentrar os esforços de mídia em targets bem definidos obtendo melhores resultados do que os que seriam alcançados com a propaganda tradicional, a qual vende indiretamente pala alteração que promove na percepção, imagem e atitudes dos consumidores. Personalização A personalização é um dos primeiros indícios da prática do Marketing de Relacionamento, através do uso das técnicas de database marketing. Isto significa, não só personalizar e segmentar a carta colocando o nome do cliente, mas também segmentando o mercado-alvo e personalizando o produto e oferta (artifício para levar à ação imediata) para determinados segmentos identificados como homogêneos em relação a características sóciodemográficas, estilos de vida, comportamento de compra,etc. Mensurabilidade A mensurabilidade é particularmente importante na verificação dos resultados do canal de vendas, pois permite o teste. O teste pode ser realizado em relação: - ao mix de mídia utilizado; - à estratégia de comunicação; - ao tipo de oferta; 20 - ao produto ou mix de produtos (principalmente no caso de catálagos). E, neste caso, o uso de técnicas estatísticas, em conjunto com o banco de dados, desempenha um papel decisivo para o sucesso da operação. O feedback resultante da mensuração permite aperfeiçoar todos os componentes da campanha ou do canal, obtendo taxas de retorno cada vez maiores, bem como detectar onde há necessidade de promover mudanças ou não. Conveniência A venda direta pelo correio ou telemarketing é altamente conveniente, principalmente nesta década em que os estilos de vida estão mudando e os consumidores estão buscando mais tempo livre – para lazer, esportes, etc. 1.1.5 – Promoção de Vendas Através do banco de dados é possível segmentar a base de clientes. E assim, realizar promoções dirigidas, de acordo com a necessidade da empresa (“desova” de estoques, etc) e o potencial de conversão do cliente. Além disso, pode-se “premiar” os melhores clientes com ofertas especiais, descontos diferenciados, gerando satisfação, oportunidade e conveniência. 21 1.2 – Os benefícios do Marketing de Relacionamento É comum o questionamento quanto aos benefícios do Marketing de Relacionamento para a empresa. Autores como Berry; Swift; McKenna; Gordon; Peppers e Rogers, dentre outros, afirmam os seguintes resultados positivos: - maior qualidade de produtos e serviços; - maior satisfação do cliente; - lealdade do cliente; - maior lucratividade. A maior qualidade de produtos e serviços é alcançada através do conhecimento do valor demandado pelo cliente. A oferta de valor adequada leva a maior satisfação e maior probabilidade para a manutenção de um relacionamento de longo prazo. A lealdade, por sua vez, leva a maior lucratividade. Vavra (1993) destaca que o impacta da lealdade sobre a lucratividade deve-se não somente à geração de maior receita, por mais tempo, como também ao custo menor de uma retenção de clientes, se comparado à conquista de novos. O autor relata uma pesquisa realizada por Reichheld e Sasser, na qual os resultados mostram que a redução da perda de clientes em 10% dobrou a média de duração do relacionamento do cliente com a empresas de 5 anos para 10 anos; e aumentou mais que o dobro o valor presente de lucros cumulativos de $135 para $300. Se a taxa de perda de clientes declinasse para 15%, a duração do relacionamento dobraria novamente e os lucros aumentaram em 75% (de 300 para 525). Kotler (2004) destaca que a lealdade dos clientes, resultante de um relacionamento, permite uma base maior de conhecimento do cliente. E, 22 explorando esta base de conhecimento, é possível alcançar maior lucratividade devido a possibilidade de maiores receitas com transações futuras, custos menores das transações e , até mesmo, da venda de informação. O autor também cita os benefícios do Marketing de Relacionamento para o cliente: - obtenção contínua ou periódica de serviços que são pessoalmente importantes e customizados às suas necessidades; - redução do risco da compra, por já conhecer o fornecedor; -oferta de benefício social (status) por estarem recebendo um serviço personalizado; - maior bem-estar e qualidade de vida, por facilitar o processo decisório de compra, principalmente quando se trata de situações como, adquirir um produto ou serviço mais complexo, que envolva o ego dos clientes ou riscos financeiros. O relacionamento é o fator-chave de sucesso para a diferenciação da oferta no mercado, uma vez que a oferta de valor só é possível por meio do conhecimento adquirido. O Marketing de Relacionamento possibilita portanto, a oferta contínua de valor superior, trazendo um grande potencial de benefícios tanto para a empresa quanto para o cliente. . 23 CAPÍTULO II DATABASE MARKETING 2.1 – A importância e as aplicações do Database Marketing integrado nas empresas Database Marketing é o termo amplamente usado no Marketing, mas parece que tem deferentes conceituações dependendo de quem o está definindo. Swift (2001, p.104) destaca a definição empregada pelo National Center for Database Marketing, que tem sido aceita como padrão pelos profissionais da área: “Database Marketing é o gerenciamento de um sistema dinâmico de base de dados inteligíveis, atualizados com informações relevantes sobre os clientes atuais e potenciais: - para identificar os clientes atuais e potenciais mais propensos a responder ações de marketing; - com o propósito de desenvolver um relacionamento de alta qualidade e de longo prazo com compras repetidas; - através do desenvolvimento de modelos preditivos que capacitarão o envio das mensagens desejadas no tempo, formato e para as pessoas certas; - com mensagens que encantarão o cliente; - construindo lealdade; - fazendo com que as despesas de marketing tenham a melhor relação custo-resultado; - e aumentando o lucro”. 24 No mercado atual de informações intensivas, o sucesso das empresas não dependerá apenas da extensão pela qual, elas coletam informações sobre seus clientes atuais, mas também da forma que usarão as informações coletadas. As empresas que se relacionam de forma continuada vendendo seus serviços, e tendo a facilidade de coletar rotineiramente informações de seus clientes, se adaptarão ao novo marketing de informações intensiva com relativa facilidade. Os esforços de implantar o banco de dados de clientes serão recompensados pelo aumento da lealdade dos mesmos. O valor estratégico de uma informação está em considerá-la como componente da vantagem competitiva. Esta importância estratégia da informação reside no fato que: - Habilita a empresa a criar valor extra pra os clientes; - Possibilita a diferenciação do produto ou serviço no mercado. A promessa de um banco de dados de clientes é muito grande. Os concorrentes podem aumentar os gastos em propaganda, melhorar as taxas e aumentar o número de agências, mas se uma empresa implantou forte relacionamento com seus clientes atuais baseada em banco de dados, é improvável que ela seja imediatamente vulnerável. Reputação é um ativo que o concorrente não pode minar ou destruir. As empresas têm numerosas formas para coletar informações de seus clientes sem ocorrer custos elevados. O crescimento e desenvolvimento de lealdade dos clientes pode ser obtido pela utilização da escada de lealdade. O modelo ensina que os clientes atuais e potenciais devem subir uma escada ou dar passos em termos de intensidade de lealdade em relação à empresa, passando de clientes prováveis, clientes potenciais, experimentadores, repetidores de compra, à clientes fiéis e defensores. 25 Muito freqüentemente empresas como bancos e seguradoras param no caminho ficando satisfeitas ao converter um cliente potencial em cliente da instituição. O valor real em implantar um banco de dados de clientes é a vantagem de o mesmo proporcionar à empresa condições de conduzir o cliente em sua escala de lealdade. Como o banco de dados facilita a transformação em clientes potenciais em clientes rentáveis e leais, ele é a única ferramenta para implementar a escala de lealdade. 2.2 O Database está mudando o Marketing Rapp e Collins (1996, p.79), profissionais de Marketing Direto e autores, afirmam que: “Diálogo e informação será a nova ordem. Isso representa o início de uma reviravolta maior em Marketing. A tecnologia modificou a produção,. Mudando a forma de trabalho no escritório. Agora, a tecnologia está mudando o Marketing.Estamos vivenciando a aplicação do novo Marketing, o Marketing de relacionamento, e para isso deve-se ir além do Marketing Direto. É preciso rapidamente obter habilidades técnicas e capacidade para criar programas de Marketing de Relacionamento orientados para o cliente individual. Fracassar em fazer isso resultará na perda de confiança das diversas áreas, principalmente de vendas, na função de Marketing e na nova atribuição do controle final. Mas os participantes da comunidade de Marketing estão reconhecendo o valor de acessar os seus clientes individualmente e estão dando passos largos nesta direção. Isso não quer dizer que as práticas atuais de Marketing devem ser abandonadas, mas em vez disso, que 26 as técnicas devem ser generalizadas e incorporadas na prática e no pensamento de Marketing”. As transformações citadas pelo autor são oriundas do surgimento de novas tecnologias e, conseqüentemente, novo métodos e aplicações. 2.3- Como Database viabiliza o Marketing de Relacionamento O banco de dados de clientes ajuda a implementar o Marketing de Relacionamento de diversas maneiras segundo Swift (2001): - O desenvolvimento de novos produtos é facilitado ao se conhecer o perfil da base de clientes atuais e futuros, como ele satisfaz o cliente e quais mudanças poderiam resultar em maior aceitação do produto ou serviço; - O diálogo verdadeiro pode ser mantido com clientes ao descobrir interações contínuas, identificando mudanças no comportamento de compra, perfil de investimentos e propensão a inadimplência, e permitindo a instituição antecipar risco e oportunidades futuras. - Os esforços de Marketing tornam-se tanto mais eficientes como eficazes, porque a empresa estará hábil para identificar seus clientes mais importantes e daí, apresentar a eles a oferta, produto ou serviço adequado no tempo certo. - A tecnologia está equipada para administrar a vasta quantidade de dados que a instituição necessita para interagir com os seus clientes de maneira verdadeiramente personalizada e rentável. 27 Entretanto, esses benefícios levam a uma decorrente responsabilidade do Marketing apoiado em banco de dados, repassando a maneira de condução do negócio. O plano de Marketing e os programas táticos devem ser totalmente reprojetados para explorar apropriadamente o banco de dados. 2.4- Benefícios Específicos O banco de dados de clientes permite à Instituição avaliar o valor de clientes individuais com uma Marketing convencional. Três das mais importantes mensurações são as seguintes segundo Swift (2001): -Determinação do Lifetime Value (tempo de vida útil de um cliente); - Identificação dos custos de conquistar um novo cliente; - Possibilidade do cliente em avaliar a instituição e construir um modelo de relacionamento. 2.5- Valor de duração de um cliente A estratégica de Marketing de Relacionamento está baseada no conceito de que o cliente tem long-term value. Portanto, a quantidade de esforço de Marketing e a verba alocada para a conquista e manutenção de um cliente está diretamente relacionada com a estimativa do prazo médio em que o cliente trará lucro para a instituição, através do aumento do valor investido, tipo de produto comprado, concentração dos negócios na instituição, ou pelo uso intensivo dos serviços. Um dos resultados mais úteis de um banco de dados de clientes segundo Swift (2001) é a habilidade de calcular o valor de duração de um 28 cliente, que indicará o valor de cada um. Os procedimentos para calcular esse valor podem ser pragmáticos ou envolver modelos estatísticos preditivos, que identificam os clientes mais rentáveis e mais fiéis para então, determinar quais os segmentos que deverão prospectar ou fidelizar no Database Marketing de forma lucrativa. Para verificar qual o nível de investimento que trará o melhor retorno, deve-se realizar refinados testes para determinar no que, em quem e quanto gastar, com qual produto, com qual oferta, a que nível de taxas e o quanto devemos gastar na busca de obtenção da primeira aplicação ou utilização, da sua repetição, e para construir um relacionamento de longo prazo com a lealdade à marca. O primeiro passo é definir quais clientes devem ser considerados ativos. Os clientes têm uma vida distinta, dependendo da empresa, desde sua primeira até a última. O problema é que, embora uma primeira compra seja facilmente identificada, a última de um cliente não é tão evidente. Mas o fato é que o cliente, em algum momento, vai parar de comprar os produtos ou serviços da empresa, qualquer que seja a razão. A definição de “quem é um cliente ativo” deve depender do tipo de cliente, do tipo de produto e do ciclo de compra deste produto. Por exemplo, um cliente de banco que não movimenta a conta, que não utiliza cartão de crédito e está diminuindo suas aplicações, sem motivo racional, já pode ser considerado incorporado numa campanha de retenção de clientes. Quanto mais tempo um cliente permanecer fiel a uma instituição, maior será o seu valor, Porém, fidelidade precisa ser traduzida em níveis crescentes de rentabilidade. O cálculo de valor de duração estimula o cálculo de custo para conquistar o cliente. 29 2.6 – Análise de Rentabilidade do Cliente O conceito está relacionado com a estratégia de venda para cada segmento de clientes. Depois de determinar o lifetime value do cliente, Swift (2001) argumenta que irá se analisar qual o portfolio de ações de venda, ao longo do período de tempo em questão, o qual será capaz de garantir uma dada rentabilidade por cliente. Essa rentabilidade está diretamente relacionada à oportunidade de vendas que é buscada, do mesmo produto ou produtos complementares, durante o período de tempo em que a empresa consegue manter o cliente fiel à marca (lifetime). No caso de uma abertura de conta corrente, por exemplo, pode-se aumentar a lucratividade do cliente pela venda de outros produtos como cartão de crédito, seguros, empréstimos, etc. O ferramental de Database Marketing irá permitir a mensuração de resultados efetivos de cada programa de marketing por segmento e o teste de novas combinações de ações (programas). 2.7 – Database libera 60% do tempo do vendedor Além da mensuração do retorno do investimento e do número de conversões, Swift (2001) argumenta que deve-se considerar nesta análise o ganho em produtividade, pois o uso do Database Marketing proporciona a liberação de 60% do tempo do executivo da conta, primeiramente para o fechamento da venda e depois para o planejamento do desenvolvimento do cliente e o atendimento pessoal diferenciado. Isto é, todo o trabalho, é transferido para um sistema centralizado, que se responsabiliza por identificar, qualificar (obter informações relevantes sobre ele) e criar, através de ações de comunicação, a predisposição no prospect para atender o executivo de contas ou o vendedor. As ações táticas e operacionais de suporte, apesar de invisíveis para os clientes, permitem que a construção do relacionamento seja mais eficaz e efetivo, podendo, muitas vezes, se constituir na diferenciação da empresa em 30 relação aos concorrentes. Esse aspecto é corroborado por Gordon (1999, p.49), quando comenta que: “Os consumidores de hoje estão dispostos a pagar um extra para terem suas necessidades básicas satisfeitas de forma rápida e eficiente, e ficarão agradavelmente surpresos se forem tratados com um pouco de dignidade e respeito. Quando o cliente está satisfeito, realmente contente por estar fazendo negócio conosco, seremos bem-sucedidos e prosperaremos”. É nesse aperfeiçoamento da infra-estrutura de Marketing que podem surgir oportunidades para redução de gastos, racionalização, melhoria na organização em geral e aumento de produtividade. 2.8 – Como criar valor para os clientes As técnicas de segmentação de mercado do Database Marketing permitem detectar e selecionar nichos de mercado, que são, inclusive, mais rentáveis que a participação em grandes mercados. A vantagem de atuar em nichos de mercado, primeiramente é a redução do poder de barganha dos clientes, pois normalmente a concorrência é menor. Portanto a chance de se constituir líder daquele nicho é maior. Em segundo lugar, quando uma instituição foca os seus esforços mercadológicos em determinados segmentos, pode atuar, mais efetivamente, em entender e atender às necessidades daqueles clientes. Em essência, o poder de barganha do cliente em termos de taxa se reduz quando se cria um valor extra no produto ou serviço. Outra forma de aumentar o poder de barganha da instituição, em relação à estrutura de agência e pontos de venda/atendimento, é a utilização das técnicas de telemarketing, mala direta e a Internet, para atender, vender e promover os 31 seus produtos ou serviços. Assim, atende-se às necessidades diversificadas e em constante mudança dos seus clientes, sem incorrer em custos não competitivos. Portanto, pode-se melhorar a posição competitiva segundo Swift (2001) através da: - Redução de custos e taxas: com novas tecnologias da informação é possível reduzir o custo de certas operações ao longo da cadeia de valores, e repassá-lo para o cliente; - Melhoria da conveniência: através de um sistema de pesquisa ou análise estatística, determina-se para quem é o tipo de conveniência pode ser disponibilizado. Por exemplo: o banco virtual, o sistema de agência de andar, o caixa eletrônico dos bancos, a consulta a saldos, envio de talão de cheques a domicílio, o pagamento de contas facilitado, etc. - Oferta de serviços personalizados: conhecendo-se os hábitos de consumo e comportamento de compra dos clientes, podem-se oferecer serviços especialmente desenvolvidos para atender a um tipo de cliente, e às suas necessidades. Exemplo típico encontra-se no Private Bank, que providencia um atendimento diferenciado, disponibilizando um carro com motorista para levar o cliente ao banco, bem como a administração do patrimônio desenvolvido em bases absolutamente pessoais. Além de construir relacionamento para reduzir o poder de barganha e a negociação por taxas, consegue-se fidelizar o cliente e aumentar a rentabilidade pela concentração da operação do cliente na instituição. 32 CAPÍTULO III TELEMARKETING 3.1 – Telemarketing: ferramenta de produtividade O telemarketing, uma das principais ferramentas do Marketing de Relacionamento, é particularmente poderosa quando usada com outras mídias, principalmente como meio de resposta. Devido às suas características e aplicações, o telemarketing é uma ferramenta geradora de tempo para a força de vendas e outras áreas da empresa pois executa com maior eficiência tarefas que permitem, por exemplo, maximizar o resultado da visita/ação do vendedor pela localização e conhecimento: - das pessoas-chave; - da propensão à compra; - do perfil do respondente; - da roteirização dos leads. As principais características do Telemarketing, conforme Dantas (2000), são: a) Mídia especificamente dirigida O número do telefone de uma pessoa ou empresa é único e permite acessar diretamente aquela pessoa ou empresa, constituindo-se num meio de comunicação pessoal. 33 A efetividade do telemarketing deve-se ao fato de que as pessoas têm uma tendência natural a responder uma chamada telefônica, portanto, tem-se uma mídia mais efetiva que a mala-direta. b) Fonte de mensagem bidirecional A mensagem telefônica pode ser originada pelo vendedor ou pelo cliente, e permite a interação para comprar, obter maiores informações e/ou reclamar. c) Custo relativamente alto Os custos do telemarketing são relativamente altos, se comparados a outras mídias, pois implicam custos fixos em equipamento, manutenção de uma equipe de operadores, além de treinamento, e os impulsos telefônicos cobrados. Mas a relação custo/benefício é positiva porque as taxas de resposta são comparativamente bem mais altas. Enquanto a mala-direta apresenta uma taxa de resposta em média de 2%, o telemarketing pode elevá-la a 30 %. O Telemarketing desempenha um papel fundamental e é enriquecedor: - quanto à construção de banco de dados; - como principal meio de resposta; - como principal mídia do Marketing de Relacionamento. 34 3.2 - Aplicações do Telemarketing Segundo Dantas (2000), o telemarketing pode ser aplicado para: 3.2.1 – Telequalificação Na construção do database de prospects (clientes potenciais), a qualificação do nome obtido pode ser feita pelo telefone, por meio de técnicas específicas. A qualificação do nome também reduz o desperdício de tempo da força de vendas, que pode detectar as melhores oportunidades pela análise da Telequalificação, promover visitas somente a prospects de maior potencial e direcionar ações de mala direta aos de menor potencial. A Telequalificação pode ainda ser pró-ativa, no receptivo resultado de uma campanha quando o prospect telefona para fazer o pedido ou solicitar mais informações. 3.2.2 – Atualização e enriquecimento de database Periodicamente, há necessidade da depuração e atualização do database. Como as taxas de retorno de mala-direta, neste tipo de aplicação, são de cerca de 2% a 4%, o mais indicado é o uso do Telemarketing. 3.2.3 – Recepção de pedidos de compra Normalmente a venda por catálogo utiliza como um dos meios de resposta o telefone, por ser uma mídia interativa. Ela é mais eficaz para o 35 fechamento do pedido, pois permite ao prospect esclarecer suas dúvidas, gerando, conseqüentemente, um aumento na taxa de respostas. O telemarketing também pode desempenhar essa função nos anúncios de resposta direta, tanto pela televisão e rádio, como por revistas. 3.2.4 – Cross Selling O telemarketing pode ser usado no Marketing de Relacionamento para aumentar a lucratividade do cliente e promover vendas de itens complementares ou não. Um exemplo está na indústria de informática que vende o hardware e depois pratica o cross selling de suprimentos, impressoras, fax, etc., de acordo com as necessidades detectadas no banco de dados, pela análise realizada com auxílio de Sistemas de Suporte à Decisão. 3.2.5 – Gerenciamento de contas pequenas Devido ao custo da força de vendas, muitas empresas promovem o atendimento de contas pequenas com uma equipe de vendas internas, que se caracteriza no “Telemarketing Sales Office”, sem tradução adequada para o português. Esse sistema é muito utilizado nas empresas business-to-business para venda aos clientes já existentes. 3.2.6 – Suporte à Força de Vendas Esta é uma aplicação mais abrangente do telemarketing, e constitui-se numa aplicação diretamente ligada ao Marketing de Relacionamento, pois tem a função de sistematizar certas ações decorrentes de uma estratégia de gerenciamento do cliente, complementando as ações da força de vendas. As atividades que podem ser abrangidas nesta aplicação são: 36 - agendamento a eventos; - agendamento de visitas do vendedor; - agendamento de demonstrações; - atendimento ao cliente, fornecendo todo tipo de informações sobre o andamento do pedido, situação de crédito, prazo de entrega, devoluções, etc., sendo então mais amplo que o “Customer Service”. 3.2.7 – Vendas Técnicas Quando o prospect necessita de um volume de informações muito grande, e a sua necessidade é preenchida por soluções personalizadas, o telemarketing realizado por uma equipe técnica altamente qualificada pode ser extremamente eficiente. Exemplo deste uso pode ser encontrado nas empresas de venda sob encomenda, onde o telemarketing faz a pré-venda e, muitas vezes, faz a pré-proposta. 3.2.8 – Vendas Diretas A aplicação do ferramental do Marketing de Relacionamento como canal de vendas (ativo ou receptivo) fazendo parte dos canais de marketing para venda e distribuição de produtos e serviços, tem sido bem-sucedida no Brasil, principalmente no setor de revistas por assinatura, telefonia e operadoras de cartão de crédito. 37 CAPÍTULO IV CALL CENTER Call Center é todo o atendimento virtual que integre telefonia, Internet, fax, correios de voz, telemarketing e SAC, ou seja, todo o contato com o cliente que não é feito cara a cara. A diferença entre um Call Center e um sistema de Telemarketing é a integração de todas estas formas de atendimento. O Call Center está em contínuo processo de expansão principalmente no Brasil. 4.1 – Benefícios do diálogo “empresa/cliente” Segundo Madruga (2001), o diálogo com clientes pode proporcionar o seguinte: - O cliente pode alertá-lo sobre o que você está fazendo de errado e corrigir o erro; - O cliente pode dar idéias para novos produtos ou maneiras de apresentar os produtos atuais; - Faz com que o cliente potencial (prospect) torne-se mais interessado e menos aborrecido ou frustrado; - Faz o cliente sentir-se mais leal e compromissado em fazer negócios com você; - Fornece um importante apoio para sua propaganda; - Acrescenta valor ao seu produto ou serviço. 38 O contato direto com clientes é uma das melhores maneiras de construir relacionamentos duradouros com eles. O Customer Service evita uma atitude bastante comum nas empresas de hoje que é a de “empurrar” os clientes atuais de uma área para outra, sem qualquer tratamento uniforme, nenhum compromisso de tratamento individualizado e sem qualquer registro no banco de dados que documente uma insastifação. As pessoas são repassadas a “especialistas”, o que nem sempre significa melhor tratamento, pois devemos considerar o possível resultado de muitas solicitações de diferentes clientes sendo atendidas por diferentes áreas da organização. E é improvável que quaisquer desses departamentos reflita sobre o valor potencial de Marketing de suas interações com clientes. Em muitos casos, aqueles clientes que dedicam seu tempo para escrever ou fazer uma ligação telefônica para uma empresa são tratados como “amostra intencional”, cujas opiniões, satisfações e insastifações não podem ser generalizadas para um conjunto mais amplo de clientes. Mesmo os departamentos de pesquisa de Marketing (que deveriam conhecer melhor) rejeitam a oportunidade de utilizar dados colhidos a partir de contatos espontâneos com clientes e, provavelmente, menosprezarão a importância das informações contidas nesses contatos. Existe um crescente conjunto de dados e informações que demonstram a importância real desses clientes que dedicam bastante atenção ao contatar uma empresa. A ênfase aqui deve ser colocada nos termos “bastante atenção”, visto que certamente é muito fácil para a maioria dos clientes encontrar uma marca alternativa ou fonte de suprimento para um produto ou serviço insatisfatório. O fato de um cliente gastar seu tempo para contatar uma empresa parece sugerir um desejo dele se relacionar com ela para corrigir o problema encontrado. 39 O telefone é o principal meio para a empresa comunicar-se com seus clientes. Em primeiro lugar, porque a comunicação é melhor e mais completa, a emoção pode ser controlada ou enfatizada. A percepção do sentimento do cliente – ansiedade, insatisfação, etc. – é mais facilmente sentida e pode-se dar uma resposta adequada para ajudar a criar satisfação por parte do cliente. O feedback é instantâneo. Portanto, a taxa de sucesso para acalmar ânimos exaltados e reforçar lealdade de marca é alta. Em segundo lugar, porque a empresa pode fornecer resposta e/ou solução imediata do problema – atitudes extremamente valorizadas pela sociedade acostumada a “respostas rápidas”. A outra vantagem é o custo de responder às ligações é mais barato do que responder às cartas de clientes. Além do custo, devemos considerar o ganho de produtividade com comunicação telefônica e o tempo de resposta para o cliente. 4.2 – O Número 0800 Par um crescente número de empresas bem-sucedidas, as linhas 0800 têm se tornado o meio de escolha para contato com clientes. A filosofia que orienta o uso dessas linhas é tornar a empresa o mais acessível possível aos clientes e nunca fazê-los pagar pelo serviço pós-venda. Madruga (2001) aborda que o número 0800 pode ser utilizado para inúmeras aplicações, tais como: - Informações – 0800 mostrado no produto ou no anúncio; - Solicitação de amostra-grátis; - Enquetes ou opiniões; 40 - Indicação de revendedores; - Levantamento de informações de clientes . Um estudo realizado verificou que 50% das ligações 0800 são para solicitação de informações sobre produtos, o que, certamente representa novas oportunidades de venda. De modo geral, apenas 25% das ligações recebidas são referentes à reclamação (de produtos, serviços, atendimento, etc), ficando os 25% restantes relacionados à Marketing (perguntas sobre uso, orientação, dúvidas, etc.). 4.3 – Benefícios Apesar dos usos mais comuns para o 0800 serem atendimento a reclamações e fornecimento de informações, existe uma variedade de benefícios para o cliente e a empresa. Madruga (2001) cita os seguintes exemplos: a) Benefícios para o cliente - Disponibilidade de um serviço de atendimento gratuito; - Representa um contato direto e estruturado; - Acesso facilitado a informações através de uma estrutura dedicada e profissionalmente implantada com esta finalidade. b) Benefícios para a empresa b.1) Número de acesso livre: - Permite identificá-lo definitivamente; 41 - Número permanece inalterado mesmo em caso de mudança de endereço, cidade ou telefone; - De qualquer ponto do país, o cliente disca 0800 mais 6 dígitos e a chamada telefônica será completada de imediato, sem necessidade de lembrar o DDD; - Otimização do Atendimento. b.2) Redirecionamento das chamadas para diferentes Centros de Atendimento: - O serviço 0800 permite programar o atendimento encaminhando as chamadas para diferentes números de telefone em função do horário e data; - É possível, por exemplo, receber chamadas no horário comercial na Central de Telemarketing e, fora desse horário, em outro número. O serviço 0800 transfere as ligações automaticamente; - O mesmo procedimento permite, por exemplo, que nos dias úteis as chamadas recebidas na Central, e no fim de semana, o sistema pode ser programado para eu as ligações sejam recebidas numa Central de Recados, podendo assim, gerar um constante atendimento aos clientes e prospects da empresa; b.3) Distribuição da carga de chamadas: O serviço 0800 permitirá à empresa distribuir as chamadas percentual ou uniformemente, de acordo com a capacidade de cada Central de Atendimento. E se todas as linhas de uma Central estiverem ocupadas, é possível 42 encaminhar as chamadas para outro Centro, (Centro de Atendimento ao Consumidor), ou para uma mensagem-padrão ou personalizada. Para a correta operação do número 0800 é fundamental que se esteja preparado para essa tarefa, pois a operação só compensará se for bem feita. É preciso conhecer a dimensão dos compromissos que esta operação envolve. Ao considerar a instalação do número 0800 e a implantação do Customer Service, existem algumas questões básicas sobre as quais uma empresa deve refletir: - Os recursos são adequados e a capacidade instalada é suficiente para lidar com o número de chamadas esperadas? - O sistema disponível é adequado para manter a pessoa esperando na linha sem ficar aborrecida? - Existe um procedimento para cuidar das chamadas de modo que o contato produza satisfação aos clientes? Portanto, ao considerar o uso do Customer Service e do número 0800 a empresa deve adequar seus recurso técnicos, humanos e operacionais no sentido de realmente poder atender bem o cliente e prestar respostas e soluções em tempo, gerando satisfação e retorno (conquistando, fidelizando e transformando os consumidores em “advogados da marca”). 43 CAPÍTULO V PROGRAMAS DE AFINIDADE Segundo Kotler (2001) esses programas buscam através de campanhas de persuasão customizada, construir e manter a fidelidade dos clientes. A fidelização é basicamente construída pelo relacionamento constante, diferenciado e personalizado com os mesmos. O pressuposto de um programa de fidelização é que 80% de vendas repetidas vem de 20% da base de clientes (lei de Paretto). Mas para você conseguir identificar estes 20% de clientes mais valiosos, é necessário de um enriquecido banco de dados, como já foi comentado neste trabalho. Exemplos de programas de fidelização podem ser encontrados nas companhias aéreas com o “frequent flyer program”, onde um plano de milhagem concede vantagens progressivas recompensando o uso constante. Outros exemplos são os programas do “comprador freqüente” desenvolvido por algumas lojas de departamento, hotéis, locadora de automóveis, etc. estes concedem descontos diferenciados aos portadores de cartão, bem como promoções e descontos especiais por volume e freqüência de compra ou utilização dos serviços. Todo esforço de segmentação, portanto, concentra-se em identificar uma série de atividades de relacionamento constantemente motivado a repetir a compra. que mantém o consumidor 44 Dentro do contexto do Marketing de Relacionamento, os programas de fidelização, sejam quais forem sua amplitudes, são considerados de extrema importância na construção de relacionamentos estáveis e duradouros. A decisão de repetir a compra pode estar baseada em fatores objetivos e subjetivos. A fidelização pode resultar de características intrínsecas e extrínsecas de produtos ou de valores. Nos dois casos, a fidelidade se relaciona à satisfação com o produto ou seus atributos – essa satisfação pode ser real ou apenas uma percepção. Estimular a repetição de compra através de um círculo vicioso de desconto e promoções, faz com que os consumidores comprem o produto ou serviço por razões periféricas às qualidades dos mesmos. Para construir a fidelização é essencial entender as necessidades, desejos e valores, pois constantemente a comunicação, nesse contexto, deve reforçar a percepção sobre o produto ou serviço, com a mensagem correta, na hora certa. Para Swift (2001), o diálogo sistemático com os clientes facilita à empresa obter dados relevantes para a formação do database de clientes que, agregados aos dados da compra, permitem desenvolver estratégias de marketing customizadas e programas para indivíduos ou pequenos grupos de clientes, criando uma forte afinidade com a empresa. 45 CAPÍTULO VI COMÉRCIO ELETRÔNICO Segundo Drucker (1999), o comércio eletrônico representa para a Revolução da Informação o que a ferrovia foi para a Revolução Industrial: um avanço totalmente inusitado, inesperado, o que está gerando um boom novo e distinto e provocando transformações aceleradas na economia. O comércio eletrônico (ou e-commerce ou e-business) tem como definição mais simples o ato de fazer negócios utilizando como meio a Internet. Nele, a distância foi eliminada e não existem empresas locais, nem geografias distintas. Atualmente, todos concordam que é muito difícil fazer negócio ficando fora da rede, que está causando a nova revolução da informação. Até pouco tempo, muitos pensavam que a Internet era, no máximo uma boa ferramenta para fazer amigos ou buscar informações técnicas em algum banco de dados do planeta. No século XXI, essa imagem mudou: a Internet é também, ou sobretudo, um lugar para se fazer negócios e ganhar dinheiro. As empresas que não estiverem conectadas, em breve serão esmagadas pela concorrência eletrônica. Esse crescimento do mercado eletrônica já era considerado inevitável a muitos anos atrás por especialistas em tendência como Faith Popcorn e John Naisbitt. 46 Naisbitt e sua equipe identificam tendência de acordo com o número de vezes que notícias sobre diferentes tópicos aparecem nos principais jornais. Em seu livro Paradoxo Global e Megatendências, Naisbitt apontava como uma grande tendência a explosão da economia global, sendo impulsionada pela tecnologia. Popcorn (1999) e seus associados detectaram 16 tendências que afetarão a economia mundial. A mais famosa é o “encasulamento”. O impulso de proteção quando o que acontece lá fora é muito difícil e assustador. As pessoas estão transformando suas casas em ninhos para filtrar o mundo exterior. Com o crescimento da violência, o número desses “casulos” será cada vez maior, acarretando uma explosão no comércio eletrônico. Essa mudança nos negócios, ocasionou a revisão de uma das ferramentas mais utilizadas para análise de um setor, o modelo de análise da indústria de Porter (1980) conhecido como o modelo das cinco forças competitivas. O objetivo central dessa análise, é prever o nível médio de lucratividade a longo prazo dos competidores numa determinada indústria (setor), para auxiliar na elaboração de estratégias empresariais. As cinco forças são: - Rivalidade entre empresas; - Ameaça de novos entrantes; - Ameaça de produtos substitutos; - Poder de barganha dos consumidores; - poder de barganha dos fornecedores. Com o crescimento do comércio eletrônico, houve discussões acerca da eficácia do modelo em relação a ameaça de novos entrantes, pois seu conceitochave é a construção de barreiras de entrada à novos concorrentes. Com o fim 47 da distância, empresas de todo o mundo tornaram-se concorrentes. Drucker cita o exemplo de uma empresa americana de porte médio, que dominava cerca de 60% do mercado de louças de baixo preço utilizadas por redes de fast food, hospitais e refeitórios de escola, num raio de 160 quilômetros em torno da fábrica. Essa empresa perdeu, da noite para o dia, mais da metade de seu mercado, simplesmente porque um de seus clientes, uma cafeteria de hospital, descobriu, após um de seus funcionários navegar pela Internet, que havia um fabricante europeu que oferecia louça de qualidade aparentemente superior, mais barata e que era remetida de avião a um baixo custo. Em questão de meses, os principais clientes da região passaram a comprar do fornecedor europeu. 6.1 Por que se vende pela Internet? Segundo Albertin (2000) a Internet estimula as vendas pelos seguintes motivos: a) Fim da intermediação: como uma das principais características da Internet é a interatividade, o cliente pode acessar o site de sua preferência e realizar contato direto com os fornecedores de produtos e serviços. Não há intermediação de ninguém. O cliente escolhe o produto confortavelmente, sem o assédio insistente que costuma caracterizar muitos vendedores, e pode efetuar o pagamento pelo cartão de crédito. b) Vendedor 24 horas por dia: os sites estão disponíveis 24 horas por dia. Não fecham para o almoço nem nos fins-de-semana e feriados. c) Fim da distância: qualquer pessoa pode adquirir produtos e serviços em qualquer lugar do mundo sem a necessidade de deslocamento. 48 6.2 Benefícios para a empresa Albertin (2000) aborda que além da possibilidade de alcançar lucros maiores, o comércio eletrônico é uma poderosa ferramenta para manter atualizada a base de dados de clientes das empresas. Histórico de compras realizadas por clientes, suas preferências e informações comportamentais podem ser obtidos facilmente por meio das próprias fichas de pedido, cujas informações podem ser automaticamente incorporados à base de dados. 49 CAPÍTULO VII Marketing de Relacionamento é mais do que tecnologia, é uma filosofia empresarial. As empresas cada vez mais reconhecem a importância da estratégia de Marketing de Relacionamento para conquistar um diferencial competitivo a longo prazo. O relacionamento baseado na informação colhida antes, durante e após qualquer contato, não somente os dados da venda e cadastro do cliente, gera níveis de lealdade à marca muito maiores; reduzindo o investimento na busca de novos clientes que é tido como 5 vezes maior do que o esforço de fidelizar e gerar a repetição da compra. Kotler (2001) nos traz, a título de curiosidade, números também bem interessantes: - Custa $10 do novo negócio para substituir $1 de negócio antigo perdido; - O attrition típico de um cliente está em torno de 20% - se cortamos esse número pela metade podemos mais do que dobrar o índice de crescimento da companhia; - As companhias podem crescer seus lucros em 100% retendo apenas 5% dos que iriam perder como rotina. Porém, para que não seja mais um modismo, é importante compreender que o Marketing de Relacionamento impacta a gestão da empresa, principalmente no que se refere ao relacionamento com os clientes e a infraestrutura da indústria, que passa a ser em tempo real. 50 Sua implantação está assentada sobre dois pilares conforme Kotler (2001): - Um processo de trabalho orientado para o cliente que permeia e é compartilhado por toda a empresa; - O uso intensivo da informação do cliente, suportado pela informatização de vendas, marketing e serviços. Como o Marketing de Relacionamento está sendo divulgado no mercado pelos fornecedores de tecnologia, nota-se uma ênfase muito grande na solução da informatização de Call Center. Como a maioria das empresas no Brasil ainda não tem uma cultura do uso da informação com database integrado, existe a tendência de implantar a solução parcialmente, desperdiçando a grande oportunidade de voltar a empresa para o cliente e iniciar a prática efetiva do marketing de relacionamento. Como foi mostrado, o Marketing de Relacionamento é um dos métodos mais sofisticados e eficientes, que transformam a maneira como as empresas podem aumentar a rentabilidade dos seus clientes atuais. As empresas, integrando o Marketing e a Tecnologia da Informação, estão concentrando-se em oferecer cada vez mais serviços aos seus clientes. Porém, mais serviços num contexto competitivo onde a cópia dos mesmos pela concorrência é em tempo real o que significa que a inovação precisa ser constante. E isso só se torna possível quando seus funcionários têm autonomia suficiente para oferecer atendimento diferenciado, e no momento solicitado. Desta forma que a empresa precisa melhorar o perfil dos seus funcionários, treiná-los continuamente, incentivar a iniciativa bem-sucedida e assumir um maior risco até que o modelo de relacionamento esteja estabilizado, ou seja, com procedimentos e limites de competência bem definidos. Assim, o medo da punição deixa de ser a trava para a criatividade. Os funcionários 51 assumem o seu papel como construtores do relacionamento com o cliente e artífice do aumento do lucro para a empresa, perpetuando a organização no mercado. Adotar o quanto antes o Marketing de Relacionamento é uma questão de manter a competitividade, pois os clientes que são o foco de atenção da empresas, aumentam dia após dia suas expectativas, e não se contentam simplesmente com um acesso rápido, fácil e a qualquer às centrais de atendimento. Também não aceitam mais o atendimento cordial e gentil sem nenhum poder de decisão. Os clientes desejam lidar com quem possa resolver e oferecer soluções melhores e mais criativas. Por isso, é preciso ir além da implantação da tecnologia. É preciso adotar a filosofia empresarial do Marketing de Relacionamento, para que ela esteja preparada a prestar o atendimento e o reconhecimento que o cliente deseja e espera, com a finalidade de auxiliar o crescimento e a manutenção deste forte relacionamento que se transformará em receitas e lucros crescentes. A adoção desta filosofia deve partir do presidente da empresa até o mais baixo cargo. 7.1 – Marketing one-to-one: uma idéia que explodiu na Internet Diante de uma platéia de estudantes e empresários americanos na Duke University, o engenheiro Don Peppers falou, pela primeira vez sobre um conceito revolucionário de marketing: criar uma única campanha publicitária para um único consumidor. Era 1989, pouca gente entendeu. A maioria não concordou. Uma década depois, o mesmo Don Peppers não passa um dia sem falar da mesma idéia. E cobra milhares de dólares para dar dicas que os estudantes não queriam ouvir de graça. Montou uma empresa, Peppers and Rogers Group, com escritórios em sete países,escreveu três livros e é muito bem pago para prestar consultoria a clientes como AT&T, HP e Oracle. O 52 motivo da virada? É dele o conceito de marketing individualizado, que também atende pelos nomes de one-to-one, CRM e marketing de relacionamento. A idéia que já foi patenteada por Peppers, é que o consumidor é a maior riqueza da nova mídia, e tem de ser cultivado como tal. Segundo Peppers (1997) quando foi criado, o one-to-one era apontado como ficção científica. Hoje é fato científico. O one-to-one ensina como o consumidor quer ser tratado, A idéia não é assim tão revolucionária. Ela simplesmente explodiu na Internet. Os recursos tecnológicos permitem, hoje, a tal abordagem individualizada. Programas de computador traçam as páginas em que você navegou. Descobrem quais os produtos que você já comprou. É por isso que, ao entrar no site de uma empresa aérea, por exemplo, o consumidor não depara somente com seu nome, mas vê os pontos acumulados de milhagens e notícias que irão interessá-lo, porque são definidas de acordo com seu perfil. Ninguém discorda da idéia de que, na Web, o cliente é fundamental. Não é a toa que grande parte dos investimentos de empresas de Internet seja em marketing. Em média, as empresas investem até 70% de seus recursos para fixar a marca e serem conhecidas pelo público. 53 CAPÍTULO VIII CASOS DE SUCESSO 8.1 - HARLEY-DAVIDSON Se Marketing de Relacionamento significa a criação de uma comunidade em torno de uma marca, poucas demonstrações de marketing foram melhores do que essa. Em 13 de junho de 1998, fazendo um barulho ensurdecedor e formando um rio de couro preto e de cromados ofuscantes, mais de 50 mil motocicletas Harley-Davidson seguiram rumo ao leste dos Estados Unidos para o centro de Milwaukee, como parte das comemorações do 95° aniversário da empresa. Era uma imagem atordoante, respeitável por seu escopo e emocionalmente poderosa como mensagem: ter uma Harley torna você membro de uma comunidade muito especial. Os executivos e gerentes da empresa e uma grande parte dos 5.500 empregados, têm uma conexão visceral com a marca, não só porque fazem e vendem as motocicletas, mas porque são clientes. Para eles a Harley é mais do que uma simples motocicleta, é um estilo de vida, uma obra de arte, um vínculo emocional com uma vasta e única comunidade. Os executivos estudaram cuidadosamente o vínculo emocional entre os motoqueiros das Harleys e o produto, e respeitaram parâmetros rígidos em todos os aspectos do design, da fabricação, e do marketing das motocicletas para acentuar a mística e fortalecer ainda mais o vínculo. Assim como outras empresas que fazem o Marketing de Relacionamento, A Harley-Davidson apenas se reinventou, transformando 54 imagens negativas em positivas. Para cabar com a imagem estereotipada e ameaçadora das gangues de motoqueiros, por exemplo, ela criou um clube internacional, se associou a uma instituição de caridade de renome e promoveu a união dos seus clientes organizando ralis e reuniões anuais. Para se defender de uma taque agressivo desferido pelos concorrentes estrangeiros, a empresa decidiu apoiar-se rigorosamente nos padrões de qualidade, mesmo diante de uma grande demanda não atendida, estabelecendo um amplo sentido de comunidade em torno do produto, e fortalecendo seus elementos mais importantes: empregados, revendedores e clientes. Dessa maneira, a empresa emergiu como uma marca capaz de ultrapassar uma série de fronteiras formidáveis: idade, sexo, renda, educação, grupo étnico e opinião pública. Em 1997, a Herley-Davidson Inc., uma empresa que quase faliu em 1985, registrou seu 12° ano consecutivo de vendas e lucros recordes, vendendo um total de 132 mil motocicletas, mas os revendedores disseram que poderiam ter vendido o dobro se a empresa tivesse conseguido fabricá-las. Sendo que em 1997, a empresa gastou apenas um milhão de dólares em publicidade, contra nenhum gasto no ano anterior. Em comparação, a Toyota gastou quase 100 milhões de dólares com a publicidade de um único modelo de automóvel, o Carmy. A Harley não tem grandes gastos em publicidade para atrair o público porque ela simplesmente não precisa. A demanda por suas motocicletas hoje é tão grande que os revendedores dizem ter listas de espera de um ano ou mais. Os empregados assumem a responsabilidade pessoal de manter o brilho da marca. Eles não só desfilam as roupas de motoqueiro vendidas no catálogo, 55 como também são guias de passeios pela fábrica, participam de ralis e vestem camisetas da marca na linha de montagem. Os executivos descartam o uso de grupos de discussão e de pesquisas e dados de mercado para conseguir uma maior aproximação com os clientes. Eles preferem andar de moto, conversando e colhendo opiniões diretamente com eles. 8.2 - Wal-Mart O Wal-Mart, com receitas anuais de mais de U$$ 150 bilhões, imaginou que tinha de tomar decisões por loja individual para atender às necessidades de seus clientes, o que orientou a necessidade de informações de dados detalhados em nível de loja. O Wal-Mart projetou e montou um database marketing (Data Mining) a fim de obter informações detalhadas para ajudar na aproximação do objetivo de conseguir os produtos certos para cada loja, no momento certo. Data Mining traduzido ao pé-da-letra quer dizer Mineração de Dados e é exatamente a este objetivo que esta técnica se propõe.Um garimpeiro tem como objetivo descobrir ouro ou pedras preciosas no cascalho, analogamente a Data Mining garimpa o conhecimento escondido nos dados. Data Mining, através da integração de ferramentas de Tecnologia de Informática, Conhecimento de Gestão de Dados e Análise de Dados, possibilita buscar numa grande base de dados, informações úteis e, aparentemente, invisíveis. As informações são equacionadas, testadas e cruzadas, de forma a oferecer resultados otimizadores. 56 Através do reconhecimento, extração e acompanhamento de padrões consistentes e/ou relacionamentos sistemáticos entre variáveis, é possível criar modelos para tomada de decisões prevendo o comportamento futuro do cliente baseado no que aconteceu no passado. As ferramentas de Data Mining visam o aprendizado com os sucessos e fracassos do passado. Ajuda a empresa a antecipar-se às mudanças e tendências e proporciona as mesmas posições privilegiadas no mercado. Com um eficiente banco de dados, o Wal-Mart é capaz de transformar dados em informações acionáveis sobre seus negócios e entregar o que seus clientes desejam: o item certo, na loja certa, no momento certo e pelo preço certo. Descobriu por exemplo, que o perfil do consumidor de cervejas era semelhante ao consumidor de fraldas: homens casados, entre 25 e 30 anos, que compravam fraldas e/ou cervejas às sextas-feiras à tarde, no caminho do trabalho para casa. Com base na verificação destas hipóteses, a Wal-Mart optou por uma otimização das atividades junto às gôndolas nos pontos de vendas, colocando as fraldas ao lado das cervejas. Resultado: o consumo cresceu 30% às sextas-feiras com a redefinição de lay-out baseada na conexão de hipóteses desenvolvidas pelo Data Mining. 8.3 – VARIG: Programa Smiles O Programa Smiles é a maneira que as empresas do Grupo VARIG encontraram para premiar seus melhores clientes. É o maior Programa de Milhagem da América Latina, com mais de 5 milhões de participantes e mais de 80 parceiros. Os participantes Smiles ganham milhas ao voar VARIG e outras companhias aéreas parceiras, e também ao utilizar os produtos e serviços dos 57 parceiros do Programa, entre eles cartões de crédito, hotéis, locadoras de automóveis, e outros. Os participantes trocam as milhas acumuladas por viagens grátis para mais de 795 aeroportos em mais de 139 destinos. Depois de 10 anos de sucesso, o Pragrama Smiles se consolidou com o melhor programa de milhagem do Brasil, e ajudou a VARIG a conquistar diversos prêmios de qualidade, popularidade e fidelização. 58 CONCLUSÃO As empresas neste novo século estão se conscientizando da necessidade de intensificar o foco no Marketing de Relacionamento se quiserem se manter competitivos e crescer no seu mercado. Apesar de algumas ainda terem seus budgets direcionados ao marketing de massa e programas de conquista de novos clientes, a maioria já está aprendendo que pode melhorar sua rentabilidade vendendo mais produtos e serviços para os clientes atuais. Além disso, estudos demonstram que os custos chegam a ser 5 vezes maiores na conquista de um novo cliente do que na venda cruzada para um cliente existente. Sendo assim, “estreitar” o relacionamento, melhorar o “customer service” e a qualidade tendem a ser fatores-chave para sobreviver no século XXI. A habilidade de desenvolver e utilizar estratégias sofisticadas com Database Marketing desempenha um papel importante na hora de ajudar empresas a atingirem seus objetivos. O DatabaseMarketing pode ser usado eficientemente em pesquisas de comportamento, planejamento estratégico, desenvolvimento de produtos, análise de preços, identificação dos melhores clientes e programas de marketing direto. Utilizado de forma adequada, o Database Marketing ajuda as empresas a focarem sua atenção para onde estará direcionado o Marketing moderno, cultivando e retendo os clientes atuais, seu maior patrimônio. O Telemarketing desempenha funções de apoio e coordenação, entre o esforço direto de vendas e as informações do cliente. As informações acompanham desde a base histórica de compras do cliente até os resultados dos diálogos. 59 O Call Center é um customer service, obrigando as empresas a adequarem seus recursos na tentativa de atender melhor o cliente, prestando soluções on-time, conquistando satisfação e retorno. A Internet passou a ser um marco na vida das pessoas e das empresas, onde a distância física perde relevância e o tempo para compras e relacionamento adquire o padrão à disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana. Como elemento alavancador do negócio, a Web é irreversível. Hoje em dia, se uma empresa não está na Internet, é como se ela não existisse para os melhores consumidores. Portanto, o Marketing de Relacionamento, de modo geral, se constitui em uma filosofia empresarial que revolucionou o mundo dos negócios, e que permite a uma organização obter vantagens competitivas sustentáveis através de suas várias ferramentas, construindo valor para os clientes em base contínua. 60 BIBLIOGRAFIA ALBERTIN, Alberto Luiz. Comércio Eletrônico: modelo, aspectos e contribuições de sua aplicação. São Paulo: Atlas, 2000. BRETZKE, Miriam. Marketing de Relacionamento e Competição em tempo real. São Paulo: Atlas, 2000. DANTAS, Edmundo. Telemarketing: A chamada para o futuro. São Paulo: Atlas, 2000. DRUCKER, Peter. Nova era da administração. São Paulo: Pioneira, 1999. GOLDBERG, Cláudio. CRM. Rio de Janeiro: FGV,2001. GORDON, Ian, Marketing de Relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: FU, 1999. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2004. KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 2001. MADRUGA, Roberto. Call Center. Rio de Janeiro: FGV, 2001. MCKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento: estratégias bem-sucedidas para a era do cliente. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 61 NAISBITT, John. Paradoxo Global. Rio de Janeiro: Campus, 1999. NAISBITT, John. Megatendências. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PEPPERS, Don & ROGERS, Martha. Marketing 1:1: instrumentos para competir na era da interatividade. Rio de Janeiro: Campus, 1997. POPCORN, Faith. Relatório Popcorn: centenas de idéias de novos produtos, empreendimentos e novos mercados. Rio de Janeiro : Campus, 1999. PORTER, Michael. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 2000. PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2002. RAPP, Stan; COLLINS, Thomas. 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São 62 ÍNDICE INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – Definindo Marketing de Relacionamento 10 1.1 – Ações do Marketing de Relacionamento 13 1.1.1 – Suporte à Força de Vendas 1.1.2 – Geração de Leads 1.1.3 – Cross Selling 1.1.4 – Vendas Diretas 1.1.5 – Promoção de Vendas 14 16 17 17 20 1.2 – Os benefícios do Marketing de Relacionamento 21 CAPÍTULO II – Database Marketing 23 2.1 – A importância e as aplicações do Database Marketing integrado integrado nas empresas 2.2 - O Database está mudando o Marketing 2.3 – Como o Database viabiliza o Marketing de Relacionamento 2.4 - Benefícios Específicos 2.5 – Valor de Duração de um Cliente 2.6 – Análise de Rentabilidade do Cliente 2.7 – Database libera 60% do tempo do vendedor 2.8 – Como criar valor para os clientes 23 25 26 27 27 29 29 30 CAPÍTULO III – Telemarketing 32 3.1 – Telemarketing: ferramenta de produtividade 3.2 – Aplicações do telemarketing 32 34 3.2.1 – Telequalificação 3.2.2 – Atualização e enriquecimento do Database 3.2.3 – Recepção de pedidos de compra 3.2.4 – Cross Selling 3.2.5 - Gerenciamento de contas pequenas 3.2.6 – Suporte à Força de Vendas 3.2.7 – Vendas Técnicas 3.2.8 – Vendas Diretas 34 34 34 35 35 35 36 36 63 CAPÍTULO IV – Call Center 37 4.1 – Benefícios do diálogo “empresa/cliente” 4.3 – O número 0800 4.4 – Benefícios 37 39 40 CAPÍTULO V – Programas de Afinidade 43 CAPÍTULO VI – Comércio Eletrônico 45 6.1 – Por que se vende pela Internet? 6.2 – Benefícios para a empresa 47 48 CAPÍTULO VII – Marketing de Relacionamento é mais do que Tecnologia, é uma filosofia empresarial 49 7.1 – Marketing one-to-one: uma idéia que explodiu na Internet 51 CAPÍTULO XIII – Casos de Sucesso 53 8.1 – Harley-Davidson 8.2 – Wal- Mart 8.3 – VARIG: Programa Smiles 53 55 56 CONCLUSÃO 58 BIBLIOGRAFIA 60 64 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM MARKETING PROJETO A VEZ DO MESTRE Título da Monografia: MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS Aluno: Diego Quadros de Oliveira Orientador: Ana Cristina Guimarães Avaliador:_______________________________ Conceito:______________ 65