Um diagnóstico socioeconômico
do Estado de Alagoas
a partir da PNAD/IBGE
André Urani
IETS
Maceió, 4/12/2006
“Reconhece a queda, e não desanima...
Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”
Paulo Vanzolini
Alagoas disputa hoje com o Maranhão o título
de Estado mais pobre do Brasil
►
►
►
►
►
►
Possui a segunda menor renda real média e a maior
proporção de pobres
Boa parte deste fenômeno se deve à pífia performance
econômica dos últimos anos
Mas não é só: o Estado tem ficado para trás tanto em termos
de capital humano quanto de infra-estrutura – o que
compromete seriamente as chances de reversão deste
quadro no futuro
Os indicadores educacionais são desastrosos e têm
melhorado num ritmo muito mais lento que no resto do
Brasil, não apenas para jovens e adultos, mas também para
crianças
Praticamente o mesmo pode ser dito no que diz respeito às
telecomunicações e ao saneamento básico
Seu mercado de trabalho, por fim, resulta ser extremamente
desestruturado e vulnerável a choques de todos os tipos
Educação
Escolaridade da população adulta
(acima de 25 anos)
Alagoas é o Estado brasileiro cuja população adulta
possui a menor escolaridade média e a maior taxa de
analfabetismo
► Pior do que isto: o nível médio de escolaridade do
Estado estagnou a partir de 1997, enquanto continuou
crescendo significativamente tanto nos demais estados
do Nordeste quanto no Brasil como um todo
► Queda da taxa de analfabetismo de adultos em
Alagoas iniciou-se mais tarde e se deu de forma muito
mais lenta que no resto do Brasil, inclusive que na
região Nordeste
►
Evolução do nível de escolaridade
Número de anos de estudos completos
(25 anos ou +)
7
6
Brasil
Nordeste
Alagoas
5
4
3
1993
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
Evolução da taxa de analfabetismo
(pessoas acima de 15 anos)
40
35
(%)
30
Brasil
Nordeste
Alagoas
25
20
15
10
1993
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
Crianças e adolescentes
►
►
►
►
O Estado também se encontra na lanterna do país no que diz
respeito à taxa de analfabetismo infantil, à defasagem escolar
média e à porcentagem de crianças de 10 a 14 anos com
mais de dois anos de atraso escolar
As taxas brutas e líquidas de matrícula no ensino médio e no
ensino superior são muito inferiores às registradas no
conjunto do país e até na região Nordeste
No que diz respeito ao ensino médio, a taxa bruta já atinge
mais de 90% no Brasil como um todo e mais de ¾ no
Nordeste, mas ainda não chegou a 2/3 em Alagoas. Quanto
ao ensino superior, em Alagoas esta taxa é quase 4 vezes
inferior à média nacional e menos da metade da nordestina
Em relação às taxas líquidas, tanto no caso do ensino médio
quanto no do superior, os índices alagoanos não alcançam a
metade dos nacionais. Mais de ¾ dos jovens de 15 a 17 anos
estão fora do ensino médio
Indicadores educacionais - 2005
30
20
10
0
Taxa de analfabetismo
infantil
Defasagem escolar
média
% de crianças de 10 a
14 anos com + de 2
anos de atraso escolar
Alagoas
9.1
1.6
26.8
Nordeste
7.0
1.4
22.0
Brasil
3.2
0.9
12.2
Taxas brutas de matrícula - 2005
100
80
60
(%)
40
20
0
Brasil
Nordeste
Alagoas
Ensino médio
89.9
76.4
55.4
Ensino superior
28.3
16.6
12.6
Taxas líquidas de matrícula - 2005
50
45
40
35
30
(%) 25
20
15
10
5
0
Brasil
Nordeste
Alagoas
Ensino médio
46.4
30.4
22.1
Ensino superior
11.7
5.9
4.2
Mercado de trabalho
Precariedade
►O
mercado de trabalho alagoano parece ser
particularmente vulnerável a choques
► As oscilações (tanto para cima quanto para
baixo) da taxa de desemprego e da renda real
média do trabalho principal resultam, de fato,
ser bastante superiores às registradas no país
como um todo
► Tomando-se o período 1992-2005 como um
todo, porém, há de se registrar que não houve
uma aumento da taxa de desemprego no
Estado, ao contrário do que se deu no resto do
país. Hoje, a taxa de Alagoas é menor que a
média nacional
Evolução da taxa de desemprego em Alagoas
14
13
12
(%)
11
Brasil
Nordeste
Alagoas
10
9
8
7
6
5
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Renda real média do trabalho principal
Reais de set. 2005
800
700
Brasil
Nordeste
Alagoas
600
500
400
300
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Bem-estar
Renda domiciliar per capita
Segundo a PNAD-2005, Alagoas se tornou o segundo
Estado com a menor renda domiciliar per capita da
Federação, na frente apenas do Maranhão (242 Reais
mensais, ou seja, 17,51% abaixo da média nordestina e
53,13% abaixo da brasileira)
► Este resultado se deve, essencialmente, ao fraco
desempenho econômico do estado desde o início da
década de 90: seu crescimento foi praticamente nulo
durante este período como um todo
► De 1998 para 2004, houve uma queda ininterrupta da
renda real média (28,5%); vale registrar que em 1998 a
renda real média alagoana era 9,2% superior à média
nordestina e maior que as de Bahia, Pernambuco, Ceará,
Piauí, Maranhão e Tocantins
► Apensar do crescimento registrado em 2005, Alagoas
encontra-se, portanto, em franca decadência.
►
Evolução da renda domiciliar per capita
Reais de setembro de 2005
550
500
450
400
Brasil
Nordeste
Alagoas
350
300
250
200
150
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
UF
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Br
R$ de set. 2005
Evolução da renda real média entre 1997 e 2005
600
500
400
300
200
1997
2004
100
0
Desigualdade
►A
desigualdade de renda em Alagoas é
atualmente equivalente à verificada no
conjunto do país
► No período 1992-2005, contudo, ela oscilou
muito mais que no resto do país, como
reflexo da vulnerabilidade do mercado de
trabalho e da instabilidade das políticas
públicas locais
Desigualdade
0.65
Índice de Gini
0.64
0.63
0.62
Brasil
Nordeste
Alagoas
0.61
0.60
0.59
0.58
0.57
0.56
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
ano
Pobreza
► Apesar
da boa performance registrada em
2005 em termos de redução da pobreza,
Alagoas é hoje o Estado da Federação que
possui a maior proporção de pessoas
vivendo abaixo da linha da pobreza
► Cabe registrar que no início da década de
90, o único Estado Nordestino que tinha
uma proporção de pobres menor que
Alagoas era Sergipe
Proporção de pobres
70
65
60
(%)
55
Brasil
Nordeste
Alagoas
50
45
40
35
30
25
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
UF
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No
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es
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Al
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oa
s
Proporção de pobres
80
70
60
50
(%) 40
30
20
1992
2005
10
0
Indigência
► Alagoas
não é, porém, o Estado que possui
a maior proporção de indigentes, sendo
superado pelo Piauí
► É, no entanto, o que menos progrediu em
termos de redução da indigência. A
proporção de indigentes no Estado é hoje
equivalente à registrada há uma década
Evolição da proporção de indigentes; 1992-2005
45
40
(%)
35
Brasil
Nordeste
Alagoas
30
25
20
15
10
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
o
Ri
Gr
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UF
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No
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Ce
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á
Ba
hia
No
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Al
ag
oa
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Br
as
il
Proporção (%) de indigentes
Evolução da indigência; 1992-2005
60
50
40
30
1992
2005
20
10
0
Infra-estrutura
Um futuro comprometido
► Alagoas
tem tido uma evolução aquém da
registrada pelo conjunto do país também no que
se refere à infra-estrutura
► Em muitos casos, ocupa a lanterna nacional. É o
que acontece, por exemplo, no que se refere ao
esgotamento sanitário e à água canalizada
► A cobertura da telefonia fixa está encolhendo, a
exemplo do que acontece no conjunto do país –
mas em patamares muito inferiores
► A telefonia celular e a informática avançam, mas
menos que no resto do país
Porcentagem de domicílios
com acesso a esgotamento sanitário
80
70
60
(%)
50
Brasil
Nordeste
Alagoas
40
30
20
10
0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
UF
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Ala
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No
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a
Acesso a esgotamento sanitário em 2005
80
70
60
50
(%) 40
30
20
10
0
Porcentagem de domicílios
com acesso a água canalizada
100
90
(%)
80
Brasil
Nordeste
Alagoas
70
60
50
40
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Porcentagem de domicílios
com acesso a telefone fixo
60
50
(%)
40
Brasil
Nordeste
Alagoas
30
20
10
0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Porcentagem de domicílios
com acesso a telefone celular
60
55
50
(%)
45
Brasil
Nordeste
Alagoas
40
35
30
25
20
15
2001
2002
2003
Ano
2004
2005
(%)
Porcentagem de domicílios com computador
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Brasil
Nordeste
Alagoas
2001
2002
2003
Ano
2004
2005
Conclusões e
recomendações
Um quadro anômalo
A evolução econômica e social de Alagoas ao longo da
última década destoa da do resto do Brasil
► O Estado ficou para trás na maior parte dos indicadores
de qualidade de vida
► O pior é que na origem desta longa derrapada está a
irresponsabilidade fiscal dos governantes locais: isto
certamente atrapalha, de fato, a implementação da
ajuda por parte da União que seria de se esperar para
reverter o atual estado de coisas
► É difícil imaginar como um Estado tão pobre poderia se
tornar capaz de enfrentar esta tarefa sozinho
► É preciso ser criativos e encontrar maneiras de atrair
recursos da cooperação internacional e do setor privado,
sobretudo para investimentos em capital humano e em
infra-estrutura
►
Medidas complementares
►
►
►
►
►
►
►
Profunda reforma administrativa
Compromisso com a transparência e com a responsabilidade fiscal
Ampliar capacidade de captura de programas sociais do Governo
Federal
Adoção de metas sociais e a implementação de mecanismos de
diagnóstico, monitoramento, avaliação e redesenho de todas as
políticas públicas
Estratégias de desenvolvimento local, com o Governo Estadual
liderando a costura de ações de diferentes níveis de governo e do
setor privado visando a melhora do ambiente de negócios (seja para
as micro e pequenas empresas locais, seja para a atração de
investimentos em setores potencialmente dinâmicos, como o
turismo, seja para a consolidação de parcerias público-privadas na
infra-estrutura
Desenvolvimento institucional (direito privado, interesse público)
Agência privada de atração de investimentos, em parceria com
concessionárias privadas de serviços de utilidade pública, bancos
públicos e privados, entidades empresariais etc.
Obrigado!
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