Curso de Desenvolvimento Econômico Comparado
Prof. Paulo Tigre
Paulo Tigre Desenvolvimento Economico UFRJ
Papéis do Estado
 A legitimidade do Estado desenvolvimentista e de seus
dirigentes depende do efetivo desenvolvimento
industrial. Desenvolvimento econômico e liberdade
política.
 O Estado pode desempenhar diferentes papéis que
podem ser mais ou menos eficiente em função do setor
da atividade econômica, das capacitações do setor
privado e do estágio de desenvolvimento industrial do
país.
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Papéis do Estado, segundo Evans
 Custodio – Estado regulador. Papel clássico
 Demiurgo – representa o papel de produtor. Papel
geralmente assumido na infra-estrutura, como estradas e
obras de caráter publico ou coletivo. Presume limitações do
K privado.
 Parteiro – Em vez de substituir o K privado (como faz o
demiurgo), o Estado tenta promover o aparecimento de
novos grupos empresariais ou induzir grupos já existentes a
entrarem em áreas mais complexas da industria.
Instrumentos - Políticas protecionistas, barreiras tarifarias.
Subsídios e incentivos
 Pastoreio – Ajudar grupos empresariais privados a vencer
desafios competitivos e tecnológicos. Financiamento a
P&D.
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O papel do Custódio
 Estado regulador . Atua por meio do protecionismo, políticas
públicas e prevenção de comportamentos ilegais.
 Papel clássico do Estado: regras podem ser mais
intervencionistas ou liberais, de implementação rígida ou
flexível.
 O papel do custódio não é a única forma de política industrial.
“Chicote” mais que “Cenoura”. Ex: restringir importações afeta o
capital estrangeiro, criando proteção ao capital local.
 Papel custodial constitui uma ferramenta de transformação
promissora?
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O Papel do Demiurgo
 Estado produtor: Assume diretamente a produção de




determinados bens e serviços, muitas vezes em competição
com o capital privado.
Representar o demiurgo implica assumir a inadequação do
capital privado para desenvolver a produção.
O capital transnacional é considerado desinteressado no
desenvolvimento local.
Papel geralmente assumido em áreas que requerem grandes
investimentos, de retorno a longo prazo e incerto: infra-estrutura
(transportes e energia) e obras de caráter publico ou coletivo.
Em que setores isto ocorreu ou que ainda ocorre no Brasil?
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O papel do Parteiro
 Em vez de substituir produtores privados, visa promover o
aparecimento de novos grupos empresariais ou induzir grupos
já existentes a entrarem em áreas mais complexas da industria.
 Albert Hirschman: maximizar a indução da tomada de decisão.
 Depende mais do setor privado: capacidade de lidar com
maiores exigências tecnológicas e econômicas,
desenvolvimento da classe produtiva local,.
 Políticas: redução do risco e da incerteza vinculadas a entrada
em novos setores ou tipos de empreendimentos. Pode combinar
instrumentos custodiais como Políticas protecionistas, barreiras
tarifarias com políticas de “parto” como financiamentos,
subsídios e incentivos temporários.
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O papel do Parteiro (continuação)
 O capital transnacional é geralmente incluído na
política, mas a preferência é geralmente para o
empresariado local.
 O investimento estrangeiro é estimulado quando o
capital local não pode realizar o trabalho sozinho:
Política do tripé.
 Em que setores e atividades o trabalho do parteiro foi
adotado no Brasil?
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O papel do Pastor
 Uma vez que os empresários se envolvem em novos
empreendimentos, elas precisam reagir continuamente às
mudanças mundiais em tecnologias e mercados.
 O pastoreio pode assumir diferentes formas, desde a
sinalização de áreas consideradas prioritárias, até a montagem
de empreendimentos estatais para assumir atividades de maior
risco (como P&D).
 Visa ajudar grupos empresariais privados a vencer desafios
competitivos e tecnológicos.
 Instrumentos: Financiamento ao investimento, a P&D
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Variações setoriais
 Os setores de atividades econômicas são diferentes
quanto a técnicas de produção, formas de organização
industrial, necessidade de capital e barreiras a entrada.
 Cada setor apresenta dificuldades e oportunidades
diferentes para o envolvimento do Estado.
 Jones e Mason (1982): Vantagens institucionais
reveladas - “falhas de mercado” estão associadas as
altas barreiras a entrada e consequente falta de
competição. Já as “falhas organizacionais” do Estado
ocorrem quando há necessidade de descentralizar
decisões.
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Vantagens institucionais
 Empresas estatais usufruem de uma “vantagem
institucional” quando as firmas de um setor são
grandes em relação ao mercado; quando são intensivas
em capital; quando produz produtos padronizados ou
exportações baseados em recursos naturais. Ex:
indústria de extração mineral
 Setor privado tem vantagens institucionais quando a
estrutura de mercado é mais competitiva, quando há
necessidade de decisões rápidas e flexíveis.
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Taxonomia Setorial (Ferraz e al)
(i) produtores de commodities,
(ii) setores tradicionais,
(iii) produtores de bens duráveis e seus fornecedores
(iv) difusores do progresso técnico.
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Produtores de commodities
 As commodities são
caracterizadas pela
relativa homogeneidade
dos produtos e pelas
altas escalas de
produção.
 São produzidas em
processos produtivos
altamente integrados em
fluxos contínuos a
exemplo dos produtos
petroquímicos,
siderúrgicos e da
celulose.
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Produtores de commodities
 Oligopólio
 Grandes
homogêneo: Plantas
intensivas em capital e
operando grandes
volumes, gerando
economias de escala e
elevada concentração
industrial em função das
economias de escala.
investimentos iniciais
na construção da planta
e infra-estrutura
precisam de um prazo
longo para ser
integralmente
amortizados.
Necessidade de apoio
financeiro estatal
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Papel do Estado na industria de
commodities industriais no Brasil
Demiurgo
 Vale e CSN (anos 40),
Petrobrás (1952), Usiminas,
Cosipa (anos 60)
Parteiro
 Aliança com capital
privado: Petroquímica
(modelo do terço),
celulose, alumínio
(investimentos em energia)
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Fatores de competitividade nos setores
tradicionais
 Marca e preço: Quanto maior a renda, menor o peso
relativo do atributo preço e maior a importância da
marca e da qualidade.
 A variedade de produtos e de procedimentos
produtivos está associada à segmentação da demanda e
ao nível de renda dos consumidores.
 Coexistem processos produtivos e níveis tecnológicos
diferenciados, segundo a escala produtiva e variedade
de produtos.
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 Ao contrário do que ocorre no
setor produtor de
commodities industriais,
onde o processo produtivo é
altamente integrado, novas
máquinas e equipamentos
podem ser incorporados a
uma planta de forma discreta.
 Na indústria têxtil é comum
um novo tear automatizado
operar ao lado de
equipamentos mais antigos
na fabricação de um mesmo
produto.
Inovação em setores
tradicionais
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Papel do Estado em Setores
Tradicionais
 Pouco intensivos em tecnologia: Alimentos e
bebidas, têxtil, madeira, produtos de metal e
moveis apresentam gastos médios em P&D iguais
ou inferiores a 0,5% do faturamento. Inovações
em produtos, importância da marca e qualidade.
 Intensidade de capital: relativamente baixa,
investimentos graduais na compra de maquinas e
equipamentos, marketing.
 Papel do Estado: demiurgo (até os anos 80).
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Papel do Estado em produtores de bens
duráveis e seus fornecedores
 Empresas tipicamente de grande porte que inovam
constantemente. Necessidade de tecnologia e capital
 Os produtores de bens eletrônicos de consumo
aplicam mundialmente mais de 5% de seu
faturamento em atividades de P&D enquanto que o
setor automobilístico investe 2,2%.
 Papel do Estado: custódio (alta proteção inicial para
atrair investimentos estrangeiros); pastor (políticas de
competitividade).
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Inovações em grandes empresas produtoras
de bens duráveis
Produto: relativamente intensivo em P&D
Processo: pioneiros na manufatura
Inovações organizacionais
Melhoramentos em Logística
Aplicação de novos materiais
Desenvolvimento de novos mercados
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Trajetórias de
inovações em bens de
consumo duráveis
 Renovação do design
 Aumento do conforto,
da segurança e da
facilidade de uso
 Miniaturização e
incorporação de
materiais mais leves
 Redução do consumo de
energia e dos impactos
ambientais
 Digitalização de funções
e controles
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Setores Difusores do Progresso Técnico
Suprem tecnologia para os demais setores da economia por meio de
máquinas, equipamentos, componentes e insumos estratégicos.
Em geral apresentam um alto grau de endogenização dos esforços
tecnológicos e contam com centros próprios de P&D. Está entre os mais
intensivos em tecnologia da indústria de transformação.
Os custos de P&D, o aprendizado tácito cumulativo, e a proteção à
propriedade intelectual por meio de patentes e segredo industrial levantam
fortes barreiras à entrada a novos concorrentes.
Papel do Estado: de demiurgo/parteiro (Embraer, Cobra Computadores,
CPqD) para pastor.
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Inovações em Serviços
Os serviços são:
 Intangíveis
 Não podem ser estocados
 Dependem de uma interação com os clientes
 A produção do serviço é concomitante ao consumo.
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As inovações em serviços visam
 Obter maior flexibilidade de forma a atender as





necessidades individuais dos clientes.
Facilitar a interação usuário-fornecedor.
Aumentar a confiabilidade do serviço e torná-lo mais
disponível temporalmente (24 horas, 7 dias por
semana).
Aumentar a velocidade de produção e entrega do
serviço, aproximando-se do tempo real.
Cumprimento de normas, padrões e atendimento a
normas de segurança.
Aumentar a produtividade na prestação do serviço.
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Emprego por setor (EUA): a parcela do trabalho identificado
como “serviço” na atividade produtiva estar crescendo mais
rapidamente do que o emprego na produção
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Implicações da variação estatal
 A transformação setorial depende da
interação do Estado e das firmas locais.
 Papel que cada um pode exercer varia de
acordo com o setor e com o período histórico
analisado.
 Casos das tecnologias da informação
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4A Papéis e Setores - Instituto de Economia da UFRJ