EXPLORAÇÃO SEXUAL COMERCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Margarete S. Marques Psicóloga clínica. Mestre em Psicologia – PUC-SP Consultora da Childhood Brasil [email protected] O CAMINHO DA CRIANÇA PARA CONDIÇÃO DE SUJEITO DE DIREITO • Código de Menores/1927 – Doutrina da Situação Irregular • Após a Segunda Guerra Mundial: Declaração Universal dos Direitos da Criança ONU/1959 • Movimento Feminista – EUA e Europa • Constituição Federal de 1988 – art. 227 • Convenção Sobre o Direito da Criança – ONU/1989 • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90 • Princípio da Proteção Integral SUJEITO DE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS Direitos sexuais são elemento fundamental nos direitos humanos , englobam o direito a uma sexualidade prazerosa, que é essencial em si mesma e, ao mesmo tempo, um veículo fundamental de comunicação e autonomia e exercício responsável da sexualidade” (Plataforma de Ação de Beining, 1995) SUJEITO DE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS XII Congresso Mundial de Sexologia – Hong Kong 1997: A sexualidade é parte integral da personalidade de todo ser humano.O desenvolvimento total depende da satisfação das necessidades humanas básicas tais quais desejo de contato, intimidade expressão emocional, prazer,carinho e amor. Sexualidade é construída por meio da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.[...] Direitos sexuais são direitos humanos universais [...] Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais. A ESCCA NO BRASIL ESCCA – DESAFIA SOCIEDADES EM TODOS OS TEMPOS • Anos 90 o Brasil começa a se preocupar com a questão – Meninas da Noite – Dimenstein, 1992: documento denúncia sobre a rede de tráfico de crianças e adolescestes na região norte do País – escravas sexuais dos garimpeiros. • Nesse momento da história assume escala global (mídia) A ESCCA NO BRASIL II □ Denúncias do turismo sexual nas cidades litorâneas do nordeste brasileiro □ CPI da prostituição Infantil de 1993 □ Preocupação sobre a criança brasileira em situação de vulnerabilidade - ONGs e jornalistas I Congresso Mundial Contra a Exploração Comercial de Crianças – Estocolmo 1996 Conceito: Consiste no uso de uma criança ou adolescente para fins sexuais em troca de dinheiro ou favores em espécie, entre a criança ou adolescente, o cliente, o intermediário ou agenciador e outros que se beneficiam do comércio de crianças para esses propósitos (I Congresso Mundial Contra a Exploração Comercial de Crianças Unicef, Suécia,1996). II CONGRESSO MUNDIAL CONTRA ESCCA JAPÃO/TOKOHAMA-2001 A violência sexual foi subdividida em dois grupos: o abuso sexual e a exploração sexual comercial. Do primeiro grupo, fazem parte os atos abusivos intra e extra- familiares, perpretados sem a intermediação do dinheiro, enquanto que do segundo grupo fazem parte aqueles atos em que, de certa forma, há a troca do sexo por uma remuneração. Instituto Interamericano Del Nino/OEA- 1988 PROSTITUIÇÃO X EXPLORAÇÃO • Antes da CPI – Prostituição Infanto-Juvenil: Entende que há uma ação de optar voluntariamente por esse modo de vida ocultando as violações que a criança ou adolescente sofreram. • Após a CPI e os Congressos Mundiais “Exploração Sexual infanto-juvenil” – adolescente prostituído, supõe a ação ou omissão de um adulto PROVIDÊNCIAS NO BRASIL • Implantação dos Projetos Sentinela/2002 • Implantação do Comitê Nacional/2003 • PESTRAF/2003 • Implantação do PAIR/2003:Ações que envolve 14 Ministérios • CPMI/2004 MODALIDADES DA ESCCA □ Criança/adolescente prostituída □ Turismo com motivação sexual □ Tráfico □ Pornografia “O mercado é sua base de sustentação” (Leal, 2001) CRIANÇA/ADOLESCENTE PROSTITUÍDOS Consiste no uso de uma criança em atividades sexuais em troca de remuneração ou outras formas de consideração (ECPAT, 2002) TURISMO COM MOTIVAÇÃO SEXUAL É a exploração sexual de crianças por pessoas que visitam outros países, geralmente países em desenvolvimento, para ter atos sexuais com crianças (ECPAT/ 2002) • Acontece de forma organizada em redes de aliciamento e agenciamento como: agências de turismo nacionais estrangeiras, hotéis, taxistas, boates, restaurantes, etc. TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL É a promoção da saída ou entrada de crianças e adolescentes do território nacional para fins de Prostituição. (Código Penal art. 231, ECA art. 83, 84, 85, 251) • O aliciamento e o agenciamento de crianças, adolescentes e mulheres acontecem por meio das redes do mercado da moda, das agências de modelo fotográfico, vídeos, filmes, além das agências de emprego, de casamento, de tele–sexo e de turismo. VIOLÊNCIA ESTRUTURAL Os indicadores socioculturais e econômicos que surgiram mediante as crises econômicas e sociais pelas quais passou e tem passado a sociedade brasileira têm um peso considerável no encaminhamento de crianças e adolescentes para a exploração sexual, na medida em que provoca empobrecimento generalizado da população, gerador de exclusão social e em decorrência privação de direitos fundamentais, configurando o estabelecimento de uma estrutura social injusta. (Barbosa, 2001) ENFRENTAMENTO • ESCCA: FENÔMENO DA SEXUALIDADE • AÇÕES EM REDE: DESDE OS GESTORES ATÉ O PROFISSIONAL DO ATENDIMENTO • CUIDADO COM O PROFISSIONAL • POLÍTICA PÚBLICA A INTERVENÇÃO Deve contemplar: • Notificação (qualificada) • Defesa e Responsabilização • Acolhimento • Diagnóstico • Acompanhamento ATENDIMENTO Necessidade de atenção especial • Atenção em Rede: envolvimento de diferentes atores da rede de atenção e proteção • Atendimento terapêutico: realizado a partir de um diagnóstico; • Possibilidade de re-significar a violência sofrida retomar o desenvolvimento; busca de bem-estar físico e psíquico • Respeito ao tempo da criança e do adolescente A ESCUTA Fenômeno “mascarado”- difícil diagnóstico • Sensibilidade para identificar a situação • Profissional “cuidado”, ou seja, capaz de suportar as questões que essa intervenção irá lhe despertar: moral, sexual, ético, estético, erótico • Possibilidade de articulação com todas as instâncias da Rede • Possibilidade falar sobre sexualidade A ESCUTA II “Sujeito sexual é “o indivíduo capaz de ser agente regulador de sua vida sexual” (Paiva,1996) • Desenvolver relação negociada • Explorar a própria sexualidade • Conseguir dizer não e ter esse direito respeitado • Ter acesso a meios que promovam o sexo seguro III CONGRESSO MUNDIAL DE CONTRA A ESCCA – RJ 2008 As crianças e adolescentes do mundo pedem a todos os participantes deste evento que se lembrem de quando vocês adultos tinham nossa idade, de quando estavam na nossa fase de desenvolvimento, e então será fácil tocar o coração das pessoas e fazê-las todas refletirem e ratificarem nosso compromisso de lutarmos juntos, cruzando fronteiras para erradicar este problema mundial que interrompe, ao redor do mundo, um desenvolvimento feliz e harmonioso durante a infância e a adolescência. (Declaração Final das crianças e adolescentes participantes do III Congresso Mundial , RJ. 2008). BIBLIOGRAFIA I BRASIL. Constituição Federal (1988). São Paulo, 1994. BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Estatuto da Criança e do adolescente. Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, 1994. BRASIL. Ministério da Justiça. Plano nacional de enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil. Brasília, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), 2002. p. 36. CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. DIMENSTEIN, Gilberto. Meninas da noite: a prostituição de meninas escravas no Brasil. São Paulo: Ática, 1992. FALEIROS, Eva. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e de adolescentes. Brasília: Thesaurus, 2000. BIBLIOGRAFIA II GABEL, Marceline (Org.). Crianças vítimas de abuso sexual. São Paulo: Summus, 1997. MINAYO, Maria Cecília & SOUZA, Edinilsa R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. In. História, Ciência , Saúde – Manguinhos, IV (3): 513- 531, nov. 1997 – fev. 1998. SENAI. Guia operacional para o funcionamento dos centros e serviços de referência do programa Sentinela. SENAI-DF. 2002. ______. Programa Sentinela: reflexões e prática. SENAI-DF. 2002. MARQUES, S. Margarete. A escuta ao abuso sexual: o psicólogo no sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente sob a visão da psicanálise. Dissertação Mestrado. PUC-SP. 2006. O CUIDADO COM O PROFISSIONAL Margarete S. Marques Psicóloga clínica. Mestre em Psicologia – PUC-SP Consultora da Childhood Brasil [email protected] O que entendemos sobre cuidado? O QUE ENTENDEMOS SOBRE CUIDADO? O que é cuidado? O que é cuidado? O que entendemos sobre cuidador? O QUE ENTENDEMOS SOBRE CUIDADOR ? Qiem é o cuidador? Quem é o CUIDADOR Cuidar do latim “cogitare” imaginar, cogitar, supor; fazer com cuidado; aplicar a atenção; refletir, considerar; trabalhar, interessar-se por; tratar de; (v. refl.,) imaginar- se, julgar-se. dar que -: causar inquietação. Cuidar... - Disponibilidade - Escuta - Sensibilidade - Empatia - Proteção efetiva - Acolhimento Teoria do Cuidar Atividades de cuidar fazem parte das obrigações e tarefas específicas de todos os profissionais das áreas da saúde e da educação. (Figueiredo, 2009) - Cuidado com o outro e consigo – agente cuidador se apresenta como figura implicada; - Sustentar e conter: acolher, agasalhar, aceitar e tolerar; - Reconhecer: testemunhar e refletir, espelhar (discreta) - Interpelar e reclamar: intimar, interpelar (nome) Uma pergunta importante a ser feita é sobre por que escolhemos ser cuidadores. A sensibilidade pode qualificar uma pessoa para cuidar de outra, porém, o cuidar pode, com facilidade, converterse em mais maus-tratos. Muitos fazem essa escolha „sem antes elaborar adequadamente seus próprios conflitos psíquicos e acabam utilizando a posição de se tornar cuidadores como forma inconsciente de obter cuidados para si mesmo (Garcia, in Marques, 2006) Estamos pouco preparados para cuidar, acompanhar os doentes, estudar com os filhos, escutar os amigos etc. Nossa capacidade de prestar atenção uns nos outros, por exemplo, parece drasticamente reduzida. Recuperar essa capacidade nos parece uma tarefa urgente e preciosa, tanto para os agentes de cuidado [...] tanto para todos os seres humanos. Cremos que seja a única forma de dar à vida que levamos a ao mundo em que vivemos sentido e valor. (Figueiredo, 2009) O sofrimento humano O que nos afeta? Como nos afeta? O que fazemos com isso? Humilhação social e política Fenômeno de tempo longo, ligado a dominação, rebaixamento que atinge alguém só depois de haver ancestralmente atingido sua família ou raça, sua casa ou bairro, seu grupo ou classe, às vezes uma nação ou povo inteiros Humus – raiz latina : Terra Trazer para perto da terra, fazer cair por terra, por abaixo Humilhado e soberbos= antagonistas do mesmo drama. O Humilhado sempre está ligado a um agressor. (Gonçalves filho, 2007) Da humilhação deriva-se a angústia: o afeto impedido por gestos ou palavras intrigantes incompletos: O que sinto? Que coisa é essa? Que coisa me quiseram comunicar... E que não compreendo Porquê fui tratado assim? A coisa que veio dos outros e nos instiga sem que possamos assimilar... Mensagens arremessadas... Os espaços e caminhos públicos na sociedade são imantados pelo poder de segregar e atualizar a desigualdade: 1. Sentimentos de expulsão e amargurada fruição dos bens públicos 2. Sentimento de invisibilidade 3. Sentimento de angústia É o mais desqualificado e humano dos afetos. (Laplanche) Representam ressonância em nós de um enigma que veio dos outros. Veio um inexplicável olhar ou palavra, um indecifrável recado verbal ou não verbal, alcançou o sujeito e invadiu, agora governado de dentro como fosse uma força física, uma pressão a todo vapor, uma energia desorientada [...] um golpe externo e estranho, o golpe público do rebaixamento, foi para dentro e seguiu agindo por dentro como um impulso invasor, desenfreado, uma angústia. As expressões da angústia política podem variar: são lágrimas, a gagueira, o emudecimento, os olhos baixos ou que não param de piscar, o corpo endurecido, o corpo agitado, o protesto confuso, a ação violenta até o crime” (Gonçalves filho, 2007) 4. Sentimento de desigualdade social Estado de grande disparidade entre as pessoas, situação de desnivelamento. É fruto da dominação. A igualdade foi recusada, foi recusada o igual direito de agir e de falar, o igual direito de tomar parte nas iniciativas e decisões. A igualdade foi recusada e afirmamos a dominação [...] que compõe o núcleo determinante da coisa. Desigualdade social é o nome superficial e tardio para o fenômeno consumado [...] Quando falamos não apenas negativamente em desigualdade social, mas assertivamente em dominação, nosso discurso e nossa percepção do fenômeno vão politizar-se. É possível falarmos de desigualdade social sem nenhuma referência ao poder, o que é impossível quando falamos de dominação Na dominação a diversidade torna-se pretexto para a desigualdade Nos males de longuíssima duração que pode levar Muitas vidas incluindo os ancestrais. O preconceito e a dominação se retroalimentam Igualdade não é condição econômica, cultural ou profissional. É condição política: É o direito a ser diferente (Chauí, 2007) VIOLÊNCIA = Fonte de sofrimento Lidar com sofrimento implica, muitas vezes, reviver momentos pessoais de sofrimento. Implica se identificar com a pessoa que sofre e sofrer junto com ela. Ou seja, conviver com o sofrimento gera sofrimento. (Campos, 2005) A atenção à violência: realidade e desafios Escutando o profissional... “Cláudia diz sentir grande angústia ao lidar com o atendimento a crianças e adolescentes com suspeita de abuso sexual. Fala sobre sintomas físicos: “uma menina de um ano e meio que foi abusada e essa menina foi parar no hospital, [...] eu não agüentei, senti ânsia de vômito.” Mesmo estando em análise e supervisão, após sua saída da instituição, Cláudia não voltou a escutar casos de abuso sexual, provavelmente por lhe ser tão aversivo” (Marques,2006) A atenção à violência: realidade e desafios - Rede e Equipe multidisciplinar – trabalho transdisciplinar (psicólogos, assistentes sociais, médicos, advogados, educadores,etc...) - Demanda crescente - maior do que a capacidade de atendimento - Contato direto com as mais diversas formas de violência e de sofrimento humano - Cobrança por formação especializada e continuada... A atenção à violência: realidade e desafios Vivência de angústias a cada contato, a cada nova “história”, a cada novo atendimento Carência de recursos financeiros para a exigida formação continuada; supervisões psicoterapia, etc... Condições de trabalho muitas vezes precárias Sentimento de impotência frente aos limites da atuação Necessidade de lidar com o diferente dentro da própria equipe e da Rede Cobrança pela excelência no cuidado com as pessoas atendidas. A atenção à violência: desafios • Resistência/onipotência dos profissionais impede a percepção da necessidade de “cuidar e ser cuidado” • Incompreensão nas instituições (gestores) • Profissional desavisado sobre o que lhe afeta: influencia diretamente a qualidade do cuidado Conseqüências... • Adoecimento físico e psíquico • Reprodução da violência na equipe e com as pessoas atendidas • Demanda excessiva – tempo escasso: pouco intercâmbio entre as pessoas, levando à visão fragmentada das situação • Queda na qualidade do cuidado oferecido “O profissional é levado sorrateiramente (ou acintosamente) para o despreparo e a incompetência” (Campos, 2005) O profissional e as famílias “o profissional, [...] identifica- se com seus pacientes e se vulnerabiliza também, necessitando, pois, de um ambiente de sustentação ou proteção ao seu redor” (Campos, 2005) Cuidar e ser cuidado Possibilidades É Essencial: perceber, sentir, expor a necessidade do cuidado com quem cuida Diferentes estratégias - necessidade da equipe Transformação da mentalidade institucional Sensibilidade dos gestores Percepção dos próprios limites e da “motivação para cuidar” Cuidar e ser cuidado: Possibilidades Equipe como cuidadora de si mesma Criação e manutenção de momentos de encontro com a equipe e com a Rede Alternativas na rede social e de saúde para suporte do grupo Busca pessoal/individual de cuidado “Derrubar barreiras, construir possibilidades, sem deixar que as dificuldades cotidianas justifiquem a falta de cuidado” (Magalhães, 2008) DESAFIOS para Garantia do CUIDADO com o profissional • Previsão de recursos nos projetos e políticas públicas permanente suporte das equipes (supervisão, capacitação, etc.); • Inclusão do tema nos cursos de graduação e pós-graduação das áreas envolvidas; • Realização de pesquisas e divulgação; • Eventos (seminários, congressos, palestras,...) que discutam a questão, sem se restringir a questões técnicas dos atendimentos. “É preciso criar, inventar uma rede de proteção e cuidados também para os profissionais. Não uma rede que promova reivindicações apenas monetárias, mas que abra espaços para a reflexão sobre a formação, a supervisão e o acesso à terapia ou à psicanálise por parte desses cuidadores. Uma rede que promova a implicação das pessoas em seu trabalho” (Marques, 2006). Trabalhar não apenas como quem obtém alimentos ou utensílios, mas também como quem cria mundos, como quem faz cultura. Agir praticar o inesperado. Interromper o maquinismo material ou social... Conversar, mover-se por motivos políticos, motivos de cidade, que abraçam e ultrapassam motivos só de casa. (Gonçalves filho, 2007) “Capacidade de ter loucuras sem ser doida” (Clarisse Lispector) Exige participação no trabalho da cidade e exige um trabalho interior, uma espécie de digestão, um trabalho que não é apenas pensar e não é solitário: é pensar sentindo e em companhia quem aceite pensar junto. É pensamento que conversa com o pensamento dos outros: é falar do meu lugar, mas também me imaginar no lugar do outro... Encontro e desencontro do que dizemos e ouvimos, do que testemunhamos e do que imaginamos em nome dos outros: isso se chama conversar e faz julgar um tento mais certeiramente as experiências compartilhadas (Arendt) REDE CUIDADA produção de conhecimento comunicação integração transdisciplinaridade Rede cuidada Compartilha informação Relações horizontais capacitação cuidado com o profissional espaços de discussão Velha Infância (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte) Você é assim Um sonho pra mim E quando eu não te vejo Eu penso em você Desde o amanhecer Até quando eu me deito Eu gosto de você E gosto de ficar com você Meu riso é tão feliz contigo O meu melhor amigo é o meu amor E a gente canta E a gente dança E a gente não se cansa De ser criança E a gente brinca Na nossa velha infância Seus olhos, meu clarão Me guiam dentro da escuridão Seus pés me abrem o caminho Eu sigo e nunca me sinto só Você é assim Um sonho pra mim Quero te encher de beijos Eu penso em você Desde o amanhecer Até quando eu me deito Bibliografia • GONÇALVES FILHO, J. M.. “Humilhação social: humilhação política”. In SOUZA, Paula Beatriz. “Orientação a queixa escolar”. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. • CHAUI, Marilena. “Cultura e democracia: o discurso competente. São Paulo: Cortez, 2007. • FIGUEIREDO, Luís C. “As diversas faces do cuidar”. São Paulo. Escuta, 2009 • LISPECTOR, Clarice. “Para Não esquecer”. São Paulo: Rocco, 1999 • MARQUES, Margarete S. “A escuta do abuso sexual: O sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente sob a visão da psicanálise.” Dissertação de mestrado. PUC-SP, 2006. • MAGALHÃES, Jaqueline Soares. Abuso sexual intrafamiliar: reflexões sobre um caso clínico sob a perspectiva da psicanálise do self. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), São Paulo, 2004.