AO FALAR CUIDADO COM OS “CACOETES” FÍSICOS E VERBAIS
Estas pequenas manias são vícios no falar que precisam ser corrigidos
Artigo de Francisco Ferraz
Fonte: www.politicaparapoliticos.com.br
“Cacoetes” são tiques, manias, hábitos que, como gestos, fonemas ou palavras, se interpõem e
intrometem no falar, de forma repetitiva, e sem qualquer relação lógica com o assunto tratado.
Provêm de uma resposta não consciente a diferentes estímulos psicológicos. Dentre esses se pode
mencionar os sentimentos de insegurança, a necessidade de criar um espaço de tempo para
pensar o que vai dizer em sequência, a busca de aprovação do auditório para seguir naquela
direção, e, por fim, um hábito de falar adquirido na vida.
Cacoetes verbais são vícios no falar que precisam ser corrigidos. Exemplos de cacoetes verbais
são expressões obsessivamente repetidas a cada pausa, como “hahn”;“quer dizer”;
“praticamente”; “verdade”; “né”; “então”; “daí”; etc.
Como corrigi-los? Primeiramente, ficando consciente do problema; a seguir tomando a decisão
de substituir por um sinônimo aquela palavra ou expressão do nosso banco geral de vocábulos;
depois fixando essa decisão na memória; e por fim, permanecendo atento para perceber quando
você incide novamente no erro, para corrigi-lo – pelo menos mentalmente - tão logo o pronuncie.
Este procedimento vai conseguir que sempre que viermos a pronunciar aquela expressão ou
palavra, ela retorne à nossa consciência, como um alerta, como se sua pronúncia houvesse sido
feita em voz muito mais alta.
Consciente pela ação da memória, a correção se fará instantaneamente. A
repetição desse processo vai no mínimo deixar-nos mais alertas para o
problema, e, na maioria dos casos vai evitar a repetição obsessiva daquela
expressão ou palavra da nossa linguagem.
Um outro tipo de cacoete verbal que prejudica o discurso, e pode criar uma
situação de ridículo, é o “cacófato”. Cacófatos são rimas que decorrem da
fusão entre o fim de uma palavra e o início de outra, que se estabelecem ao
falar, resultando em uma terceira palavra imprópria para o discurso, quando
não grosseira, vulgar e até mesmo obscena.
Outro tipo ainda é o abuso do “lugar comum”.
Chamamos de “abuso do lugar comum” a utilização de palavras e
expressões, cujo uso abusivo decorre de sua capacidade de resumir ideias e
de não comprometer quem as usa com qualquer posição controvertida e que,
por essas razões, são usadas habitualmente nos discursos.
São expressões que, de tão previsíveis, podem ser adivinhadas pelo ouvinte, conforme a
sequência da frase. Embora não impliquem incorreção de linguagem, são também vícios que
retiram do discurso, sua atração, originalidade, surpresa.
Exemplos de lugar comum na linguagem política são, entre muitos outros, o uso exagerado de
termos como: “bem comum”; “inserido no contexto”; “os aspectos político, econômico e social”;
“a lei maior”; “como dizia ‘fulano de tal’”; etc.
Cacoetes físicos são gestos, posturas, trejeitos, expressões faciais,
executados não intencionalmente pelo orador ao falar. Assim como os
cacoetes verbais, são gestos que se intrometem de forma repetitiva no
discurso, sem qualquer relação com o que está sendo dito, mas
previsíveis, podem ser adivinhadas pelo ouvinte distraindo a atenção dos
ouvintes e chegando, em certos casos a provocar o riso e o ridículo.
Alguns cacoetes mais comuns são:
- Desconforto com as mãos. Não saber o que fazer com elas: mão no bolso, na cintura, braços
cruzados no peito;
- Gestos espalhafatosos, quando, como regra, gestos com os braços não devem subir além da
cabeça, nem baixar além da cintura.
- Reações corporais descontroladas, como movimentos súbitos da cabeça para o lado ou para
cima;
- Esgares na região dos lábios; ficar com o olhar focado para cima.
- Por e tirar os óculos a todo o momento;
- Passar a mão no rosto, na barba, no queixo no cabelo;
- Ajeitar o paletó, ou tentar acomodar melhor o traje de forma repetitiva;
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