UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE AQUIDAUANA PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PROSPECÇÃO FENOTÍPICA DE GENÓTIPOS DE SOJA RESISTENTES AO NEMATOIDE RENIFORME Acadêmica: Wanderléia Rodrigues dos Santos Aquidauana-MS Maio-2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE AQUIDAUANA PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PROSPECÇÃO FENOTÍPICA DE GENÓTIPOS DE SOJA RESISTENTES AO NEMATOIDE RENIFORME Acadêmico: Wanderléia Rodrigues dos Santos Orientador: Carlos Lasaro Pereira de Melo Co-orientador: Guilherme Lafourcade Asmus “Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal)”. Aquidauana – Mato Grosso do Sul - Brasil Maio de 2011. ii Santos, Wanderléia Rodrigues dos S237p Prospecção fenotípica de genótipos de soja resistentes ao nematoide reniforme / Wanderléia Rodrigues dos Santos. Aquidauana, MS: UEMS, 2011. 94p.; 30cm Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Aquidauana, 2011. Orientador: Carlos Lasaro Pereira de Melo. Co-orientador: Guilherme Lafourcade Asmus. 1. Glycine max. 2. Rotylenchulus reniformis. 3. Melhoramento-Genético. 4. Resistência-Nematoide. 5. Produtividade-Grãos. I. Título. iii iv Seja Sempre Você Não espere um sorriso para ser gentil. Não espere ser amado para amar. Não espere ficar sozinho para reconhecer o valor de quem está do seu lado. Não espere ficar de luto para reconhecer quem hoje é importante para você. Não espere a queda para lembrar-se do conselho. Não espere a enfermidade para reconhecer quão frágil é a vida. Não espere ter dinheiro aos montes para então contribuir. Não espere por pessoas perfeitas para então se apaixonar. Não espere a mágoa para pedir perdão. Não espere a separação para buscar a reconciliação. Não espere elogios para acreditar em si mesmo. Não espere a dor para acreditar em oração. Não espere o dia de sua morte sem antes amar a vida! Seja sempre você, autêntico e único! (autor desconhecido) v À Deus que nos deu o Amor À minha fidelíssima família Especialmente a avó Marisete Rodrigues dos Santos pelos conselhos, apoio e ajuda incondicional. À minha mãe Antonia de Fátima Rodrigues dos Santos, Que mesmo distante, torna-se presente através do seu carinho e de sua fé que me engrandece. Ao vozão Otacílio Pereira dos Santos (in memorian) À meus Tios Maria José e Adão Gregório que me ensinaram o significado de toda dedicação. À Léia Carla, minha eterna irmã e companheira Dedico com todo o meu amor vi AGRADECIMENTOS À Deus, pela perseverança e pelo amor. A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, MS. Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Lasaro Pereira de Melo, pela oportunidade, orientação e dedicação durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao meu co-orientador, pela orientação, pela atenção recebida e por sempre mostrar caminhos otimistas em um mar de atropelos. À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP), a CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela concessão da bolsa. Ao coordenador do curso, Prof. Dr. Eloi Panachuki por acreditar em nosso potencial. Ao Prof. Dr. Marcos Antonio Camacho da Silva, por sua dedicação a turma pioneira e “difícil”. Aos Professores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS, Dr. Celso Dornelas, Dr. Sérgio Roberto Rodrigues, Dr. Edilson Costa, Dr. Adriano da Silva Lopes, entre outros que me ensinaram muito mais do que foi lecionado. Às pessoas que realmente fazem a imagem da UEMS: Kátia, Maria Luiza, Adriana Barros, Wagnes Nantes, Luis Carlos Salamene, Aurora, Isaura, Simone, Bica, Cícero, Gilberto e Alex, que dividiram comigo momentos de responsabilidades, alegrias e dificuldades por todos esses anos. vii Ao amigo laboratorista da Embrapa Alex Vicentin, e ao amigo Biólogo Tiago Teles, responsáveis pelas intermináveis horas de extrações de paciência, alegrias e risos. Aos colegas de campo da Embrapa, Luiz Nelson e Paulinho, pelo apoio nos campos experimentais. Aos colaboradores do projeto: Kelly e Edson, pelo auxilio na execução do experimento. Aos colegas do mestrado, Maira, Cristiane, Cássia, Érica, Gilmar, Ellen Cristina, James, Marion, Fádhua, Laura e Antonino. À minha linda família, que sempre esteve presente, em especial Avó Marisete, que nunca perdeu o dom de ensinar e educar. À minha eterna e fiel companheira, Léia Lindynha, pelo apoio constante. À minha mãezinha linda, por sua alegria contagiante. Aos meus irmãos Vivian Mayara, Aline Muriel, Adalto Junior e Gabriella, pelo apoio constante. Aos tios que são exemplo de luta e persistência, Adão Gregório e Maria José. Aos tios que me ensinaram o significado do respeito, Marlene, Marlete, João Rodrigues e Aparecido. Aos anjos Jheniffer, Maria Eduarda e Victor Hugo, pelo seus encantos de criança. Aos primos do coração, em especial a Caroline, Any Muriel, Jhonatan, Karina, Dener, Adonis Marlon e Alexsis Michel. Ao cunhado, Luciano Larson, por sempre ajudar nos momentos de crise. Aos amigos Adriano, Artur, Aline, Olga, Bia, Glaucia, Andréia, Maurício, Nego Areia, César, Francisco e Doroty, pela alegre convivência. E por fim, à minha “estrela” preferida, que sempre brilha nos momentos que mais preciso. Para todos aqueles que seguraram em minhas mãos, enxugaram minhas lágrimas no momento de minha maior perda até hoje, está aqui a prova da minha gratidão. Obrigada!!! viii SUMÁRIO página LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... xi LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xii RESUMO ......................................................................................................... xiv ABSTRACT ....................................................................................................... xv CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................... 1 1.1 Importância da Cultura da Soja ................................................................. 1 1.2 Problemas fitossanitários da cultura da soja ............................................. 2 1.3 Nematoide Reniforme .................................................................................. 3 1.3.1 Agente causal ........................................................................................... 3 1.3.2 Biologia e ciclo de vida .............................................................................. 4 1.3.3 Histórico, distribuição e hospedeiros de Rotylenchulus reniformis ......... 5 1.3.4 Ação e sintomatologia de Rotylenchulus reniformis ............................... 6 1.3.5 Fatores que afetam o ciclo de vida de Rotylenchulus reniformis ........... 7 1.3.6 Principais manejos de controle para o nematoide reniforme.................. 8 1.4 Melhoramento Genético Visando à Resistência aos Nematoides ........... 10 1.5 Referências ............................................................................................. 12 CAPITULO 2 - FENOTIPAGEM DE GENÓTIPOS DE SOJA QUANTO À RESISTÊNCIA AO NEMATOIDE RENIFORME EM CONDIÇÕES CONTROLADAS ............................................................................................. 18 RESUMO ......................................................................................................... 18 ABSTRACT ...................................................................................................... 19 2.1 Introdução .................................................................................................. 20 2.2 Material e Métodos .................................................................................. 22 2.2.1 Delineamento experimental e semeadura ............................................ 22 2.2.2 Obtenção do inóculo e inoculação ....................................................... 22 2.2.3 Avaliação do ensaio ............................................................................. 23 ix 2.3 Resultados e Discussão .......................................................................... 26 2.4 Conclusões ............................................................................................. 36 2.5 Referências ............................................................................................. 37 CAPITULO 3 – SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA RESISTENTES AO NEMATOIDE RENIFORME E COM ALTO DESEMPENHO PRODUTIVO ..... 41 RESUMO ......................................................................................................... 41 ABSTRACT ...................................................................................................... 42 3.1 Introdução ............................................................................................... 43 3.2 Material e Métodos .................................................................................. 45 3.2.1 Caracterização do local do ensaio .......................................................... 45 3.2.2 Características dos genótipos avaliados .............................................. 46 3.2.3 Semeadura e características agronômicas avaliadas .......................... 47 3.2.4 Delineamento experimental e análises estatísticas .............................. 51 3.3 Resultados e Discussão .......................................................................... 55 3.4 Conclusões ............................................................................................. 76 3.5 Referências ............................................................................................. 76 x LISTA DE FIGURAS página CAPÍTULO 2 FIGURA 1. Histograma dos dados de fator de reprodução do nematoide reniforme em 88 genótipos de soja - Experimento I. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-ms..........................................................................................27 Figura 2. Histograma dos dados do fator de reprodução do nematoide reniforme em 115 genótipos de soja - Experimento II. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS.........................................................................................28 CAPÍTULO 3 Figura 1. Croqui da área de plantio naturalmente infestada por R. reniformis.53 Figura 2. Histograma dos dados de rendimento de grãos (kg ha-1) em 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS...................................................................59 Figura 3. Histograma do número de nematoides por grama de raiz (dados originais) de 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS...................................................60 Figura 4. Histograma do número de nematoides por grama de raiz (dados transformados em log10(x+1)) de 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS................60 Figura 5. Histograma dos dados de índice de resistência (índice obtido através do vigor e da uniformidade das parcelas) de 164 genótipos de soja Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS.....................................................................................................61 Figura 6. Histograma dos dados de nota de resistência (NR) de 164 genótipos de soja – Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS.....................................................................................................61 Figura 7. Histograma dos dados de razão média entre alturas (RAZ) de 164 genótipos de soja – Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS...................................................................62 xi LISTA DE TABELAS página CAPÍTULO 1 Tabela 1. Cruzamentos, número de linhagens e gerações dos genótipos avaliados quanto a resistência a R. reniformis em casa de vegetação Experimentos I e II. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, 2009.........24 Tabela 2. Quadrados médios, médias gerais e coeficiente de variação (CV) dos 199 genótipos de soja avaliados quanto à resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em experimento em condições de campo. Embrapa Agropecuária Oeste, 2009.................................................................................26 Tabela 3. Comparação de médias de fator de reprodução (FR) e número de nematoides por grama de raiz (NGR) de Rotylenchulus reniformis em 88 genótipos de soja, avaliados em casa de vegetação (Experimento I) na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, Outubro/2009.......................... 30 Tabela 4. Comparação de médias de fator de reprodução (FR) e número de nematoides por grama de raiz (NGR) de Rotylenchulus reniformis em 115 genótipos de soja, avaliados em casa de vegetação (Experimento II) na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, Janeiro/2010............................32 Tabela 5. Cruzamentos que originaram linhagens resistentes (FR<1,0) ao R. reniformis em casa de vegetação - Experimentos I e II, na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS...................................................................34 Tabela 6. Relação dos principais genitores com potencial de resistência, código dos cruzamentos, número de linhagens avaliadas, número de linhagens resistentes (FR<1) e a respectiva porcentagem obtidas nos experimentos I e II para avaliação de genótipos a Rotylenchulus reniformis testados em casa de vegetação - Experimentos I e II.Embrapa Agropecuária Oeste, DouradosMS......................................................................................................................36 CAPÍTULO 3 Tabela 1. Cruzamentos, número de linhagens e gerações dos genótipos avaliados quanto à resistência ao Rotylenchulus reniformis em área naturalmente infestada. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, 2009...................................................................................................................47 Tabela 2. Quadro da análise de variância de ensaios com famílias (linhagens) e testemunhas intercalares................................................................................54 Tabela 3. Quadrados médios, médias gerais, coeficientes de variação (CV) e herdabilidades (h2) dos 164 genótipos de soja avaliados quanto à resistência xii ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em experimento em condições de campo. Embrapa Agropecuária Oeste...............................................................56 Tabela 4. Comparação de médias do rendimento de grãos (kg ha-1), número de nematoides por grama de raiz (NGR), índice de resistência (IR), nota de resistência (NR) e razão entre menor e maior altura de plantas de 164 genótipos de soja avaliados quanto à resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em campo experimental, na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS.....................................................................................................64 Tabela 5. Relação de coincidências das classes de resistência obtidas por meio do índice de resistência (IR) e da nota de resistência (NR) de 164 genótipos de soja quanto a resistência ao R. reniformis...................................72 Tabela 6. Coeficientes de correlação fenotípica linear de Pearson das variáveis observadas considerando somente as testemunhas (MSOY 8001 e BRS 239), e com todos os genótipos avaliados..................................................................74 xiii RESUMO Os fitonematoides prejudicam as plantas com danos diretos, reduzindolhes o crescimento e podendo torná-las totalmente improdutivas, ou indiretamente, com a interação com outros patógenos de solo (fungos ou bactérias), facilitando-lhes a entrada nos sistemas radiculares parasitados. A estratégia mais eficaz e econômica de controle dos fitonematoides em plantas é por meio da resistência genética do hospedeiro. Em Mato Grosso do Sul, tem-se observado a presença do nematoide Rotylenchulus reniformis nas principais áreas produtoras de soja e algodão da região Centro-Sul do estado. Com isso, essa dissertação é composto por 3 capítulos. O capítulo 1 foi composto por uma revisão de literatura englobando a importância da cultura da soja para o Brasil; aspectos gerais e relevância do nematoide reniforme, principalmente em Mato Grosso do Sul, e os aspectos sobre o melhoramento de soja visando sua resistência ao reniforme. No capitulo 2 foram realizados dois experimentos em casa de vegetação, onde 199 genótipos de soja foram caracterizados quanto a resistência ao nematoide reniforme. O experimento que constituiu o capitulo 3 foi conduzido em condições de campo infestado pelo R. reniformis; 162 genótipos de soja foram testados, sendo que estes também foram caracterizados no capítulo 2, na Embrapa Agropecuária Oeste. Os resultados de casa de vegetação permitiram a elucidação de 65 genótipos de soja resistentes ao nematoide reniforme, identificando promissoras fontes de resistência para ser prontamente utilizadas nos programas de melhoramento. Os genitores Custer, PI 437654, Fayette, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 e Forrest originaram a maioria das linhagens resistentes. A maioria dos caracteres avaliados em campo foram estatisticamente significativos, evidenciando variabilidade dos genótipos quanto às variáveis rendimento de grãos, número de nematoide por grama de raiz, índice de resistência, nota de resistência e razão. A avaliação da resistência realizada através da nota de resistência e do índice de resistência são métodos práticos que demonstraram resultados para seleção de genótipos em área infestada pelo Rotylenchulus reniformis. Palavras-chave: Glycine max, Rotylenchulus reniformis, genético, resistência a nematoide, produtividade de grãos. xiv melhoramento ABSTRACT The nematodes damage plants with direct damage, reducing their growth and can make them totally unproductive, or indirectly through interaction with other soil pathogens (fungi or bacteria), facilitating their entry into the infected root systems. The most effective strategy and economic control of nematodes in plants is through genetic resistance of the host. In Mato Grosso do Sul, has seen the presence of nematode Rotylenchulus reniformis in the main producing areas of soybean and cotton of the South-Central region of the state. Thus, this dissertation consists of three chapters. Chapter 1 consisted of a literature review covering the importance of soybeans to Brazil; general aspects and relevance of the reniform nematode, especially in Mato Grosso do Sul, and on improving aspects of soybean resistance to reniform order. In chapter 2 two experiments were conducted in a greenhouse, where 199 genotypes were analyzed for resistance to reniform nematode. The experiment which was the third chapter was conducted under field conditions infested by R. reniformis, 162 genotypes were tested, and these were also characterized in Chapter 2, Embrapa. The results of the greenhouse allow the elucidation of 65 soybean genotypes resistant to the reniform nematode, identifying promising sources of resistance to be readily used in breeding programs. The parents Custer, PI 437654, Fayette, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 and Forrest led most of the resistant strains. Most of the characters evaluated in the field were statistically significant, indicating variability of genotypes for the variables grain yield, number of nematodes per gram of root, resistance index, note the resistance and reason. The evaluation of resistance held by the note of strength and resistance index are practical methods that have shown results for selection of genotypes in an area infested by Rotylenchulus reniformis. Keywords: Glycine max, Rotylenchulus reniformis, breeding, nematode resistance, grain yield. xv CAPITULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 1.1 Importância da Cultura da Soja A soja (Glycine max L. Merril) é importante por suas características nutritivas e industriais, por sua potencialidade de cultivo e pela sua adaptabilidade a diferentes latitudes, solos e condições climáticas (JULIATT et al., 2004). Hoje, esta cultura é uma das principais commodities mundiais e seu preço determinado pela negociação nas principais bolsas de mercadoria, movimentando aproximadamente US$ 215 bilhões/ano na agroindústria (TECNOLOGIAS..., 2010). A cultura da soja obteve na safra 2009/10 uma produção de 67,86 milhões de toneladas de grãos, representando um aumento de 18,7% ou 10,7 milhões de toneladas em relação aos 57,17 milhões de toneladas colhidas na safra 2008/09. Contabiliza-se um aumento na área de plantio, com ganho de 697,1 mil hectares, e um crescimento de 3,54 milhões de toneladas, atingindo uma produção recorde de 72,23 milhões de toneladas na safra 2010/11. Este volume é 5% ou 3,54 milhões de toneladas superiores à safra 2009/10 (CONAB, 2010, 2011). O estado de Mato Grosso do Sul produziu na safra 2009/10 5,22 milhões de toneladas de grãos de soja, com redução na área plantada, mas um aumento na produtividade de grãos (CONAB, 2010). A safra de 2010/11 apresentou um aumento na área plantada da cultura, passando de 2805,9 (safra 2009/10) para 2905,6 mil hectares, reduziu 494,9 mil toneladas na produção, e 280 kg ha-1 na produtividade (CONAB, 2011). Esta redução é justificada pelo excesso de chuvas observado no final do mês de fevereiro, que acabou prejudicando a colheita da soja precoce com perdas pontuais em lavouras que foram dessecadas e não puderam ser colhidas pela continuidade das precipitações, bem como pela elevação do percentual de grãos ardidos em razão do aumento de umidade dos grãos colhidos (CONAB, 2011). Nos últimos anos a cultura tem se expandido em diversas áreas com características edafoclimáticas distintas, tendo como conseqüência o aumento da incidência de doenças, que se manifesta tanto em números, como em intensidade (FERREIRA, 2007). No Brasil são listadas cerca de 50 doenças na cultura da soja, e no mundo mais de 100 doenças foram relatadas (JULIATT et al., 2004). 1.2 Problemas fitossanitários da cultura da soja As doenças na cultura da soja são um dos principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja. Mais de 100 doenças são listadas em todo mundo, e no Brasil 50 doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus já foram identificadas. Os danos anuais de produção causadas por doenças são estimados em cerca de 15% a 20%, e outras doenças em associação com fatores abióticos podem ocasionar perdas de quase 100% (YONINORI, 2002; JULIATTI et al., 2004; TECNOLOGIAS..., 2010). Com a expansão da cultura em novas áreas, novos patógenos nativos foram se associando com a soja, desenvolvendo novos patossistemas. O monocultivo em áreas extensas aliado aos plantios sucessivos, negligenciando a rotação de culturas, causou um aumento expressivo dos problemas fitossanitários na cultura da soja (JULIATTI et al., 2004; FERREIRA, 2007). O desenvolvimento de cultivares resistentes à doenças foi uma das maiores contribuições do melhoramento da soja (SEDIYAMA et al., 1999). As doenças de parte aérea, como mancha olho-de-rã, morte em reboleira, cancro da haste e oídio, além do nematoide de cisto, são os exemplos mais marcantes de epidemias ocorridas no Brasil, no período de 1970/71 a 1998/99, as quais foram praticamente erradicadas graças aos trabalhos de introgressão de genes 2 de resistência nas novas cultivares (MARTINS FILHO et al., 2002; YONINORI, 2002; JULIATTI et al., 2006; TECNOLOGIAS..., 2010). O risco de ocorrerem novas doenças de soja é contínuo, pois há uma grande variação da intensidade e ocorrência de doenças de ano para ano, de uma região para outra, dependendo das condições climáticas, podendo surgir novas raças ou novos fitopatógenos (JULIATTI et al., 2004; TECNOLOGIAS..., 2010). Os principais fitonematoides que causam doenças na soja são: Heterodera glycines, o nematoide de cisto da soja (NCS); três espécies de nematoides formadores de galhas, Meloidogyne javanica, M. incognita (raças 1, 2, 3 e 4) e M. arenaria; o Pratylenchus brachyurus, o nematoide-das-lesões, e o Rotylenchulus reniformis conhecido como nematoide reniforme (VERNETTI; VERNETTI JUNIOR, 2009; TECNOLOGIAS..., 2010;). Os nematoides prejudicam as plantas com danos diretos, reduzindo-lhes o crescimento e podendo torná-las totalmente improdutivas, ou indiretamente, com interação com outros patógenos de solo (fungos ou bactérias), facilitando-lhes a entrada nos sistemas radiculares parasitados. Atualmente, o nematoide reniforme é considerado o fitonematoide mais importante para a cultura na região Centro-Sul do estado de Mato Grosso do Sul, que em condições favoráveis, altas densidades populacionais podem ocasionar perdas superiores a 30% (ASMUS, 2004a; ASMUS, 2008). 1.3 Nematoide Reniforme 1.3.1 Agente causal Pertencentes ao Reino Animal, os nematoides são vermes redondos ou achatados com simetria bilateral. Sua cavidade geral onde se alojam todos os órgãos não é revestida por um tecido especializado. Vivem no solo, dentro das raízes ou sobre elas. A palavra nematoide vem do grego e significa “em forma de fio”. Nematoide é o nome utilizado para nematoide parasitas de plantas. As fêmeas em estágio de sedentarismo adquirem a conformação de um rim, justificando a nomeação deste “reniforme” (reni=rim, forme=forma; forma de rim) (LORDELO, 1981). 3 O nematoide reniforme, Rotylenchulus reniformis, descrito por Linford e Oliveira em 1940, pertence à família Hoplolaimidae. É considerado um ectoparasita sedentário de maior importância econômica, dentre as dez espécies conhecidas do gênero Rotylenchulus. Foi observada pela primeira vez no Havaí, parasitando diversas culturas, e sua primeira ocorrência no País foi em São Paulo em 1957, parasitando raízes de soja; logo depois raízes de tomateiro. A presença do nematoide reniforme é associada ao sintoma “carijó” das folhas (LORDELO, 1981; ROBINSON et al. 1997). 1.3.2 Biologia e ciclo de vida O nematoide reniforme é parasito obrigatório, uma vez que depende do tecido vivo da planta para sua alimentação, seu desenvolvimento e sua reprodução. De acordo com o modo de parasitismo, o reniforme é classificado como ectoparasiras sedentários, nos quais somente a parte anterior do corpo penetra na raiz. A reprodução é por fecundação cruzada por partenogênese e apenas as fêmeas parasitam a raiz. A duração do ciclo de vida de ovo a ovo é variável, de acordo com a temperatura durante a produção da cultura da soja (FERRAZ et al., 2010). O ciclo de vida inicia com o ovo, dentro do qual é formado o primeiro juvenil, a partir do desenvolvimento embrionário, denominado juvenil de primeiro estádio, ou J1, e se caracteriza por não apresentar sistema reprodutivo completo. Este juvenil sofre a primeira ecdise, ainda no interior do ovo, onde troca a cutícula e a parte cônica do estilete (cavidade bucal provida de canal interno). Após a ecdise, forma-se o juvenil de segundo estádio, ou J2, que com ajuda do estilete, perfura a casca para sair do ovo (ROBINSON et al., 1997; FERRAZ et al., 2010). O juvenil de segundo estádio movimenta-se no solo a procura da planta hospedeira. Em condições de parasitismo, o J2 passa por mais duas ecdises, formando os juvenis de terceiro e quarto estádios (J3 e J4), onde a forma adulta, macho ou fêmea é originada após o J4 sofrer a última ecdise. As fêmeas iniciam a deposição de ovos cerca de nove dias após terem penetrado a raiz, depositando cerca de 60 a 200 ovos no interior de uma substância gelatinosa, que forma a massa responsável por uma proteção adicional aos 4 ovos. Os ovos exigem 8 dias para a eclosão (ROBINSON et al., 1997; WANG, 2001; FERRAZ et al., 2010). Para se alimentarem, as fêmeas de R. reniformis destroem as células da epiderme e, desta ação, são observadas necrose no floema e no parênquima das raízes, o que resulta em uma redução drástica do sistema radicular, que afeta diretamente o desenvolvimento das plantas e a translocação de água e nutrientes para as folhas. Devido à ausência de sintomas externos nas raízes, torna-se necessário a análise de solo e raízes em laboratório para quantificação da população do nematoide em centímetros cúbicos de solo (cc) ou em grama de raiz (LORDELLO, 1981). Segundo Robinson et al. (1997), a duração dos eventos envolvidos no desenvolvimento varia com a espécie de Rotylenchulus, temperatura e hospedeiro, havendo relato que o ciclo de vida pode ser menor que três semanas ou maior que dois anos se o hospedeiro não estiver presente e o solo permanecer seco. Em quiabeiro (Hibiscus esculentus L.), o ciclo de R. reniformis de ovo a ovo requer 24 a 29 dias, em algodoeiro 17 a 23 dias, e em soja 19 dias a temperatura média de 29,5 °C (SCHMIT T; NOEL, 1984). 1.3.3 Histórico, distribuição e hospedeiros de Rotylenchulus reniformis O nematoide reniforme está amplamente distribuído em países tropicais e subtropicais, e em zonas temperadas quente, na América do Sul, América do Norte, Bacia do Caribe, África, Sul da Europa, Oriente Médio, Ásia e na Austrália (AYALA; RAMIREZ, 1964). Este nematoide foi encontrado pela primeira vez em raízes de feijãocaupi no Havaí, em seguida foi descrito parasitando algodão na Geórgia, e tomate na Florida. Hoje ele é encontrado em todo sul dos Estados Unidos (LORDELLO, 1981; ROBINSON et al., 1997; WANG, 2007). O nematoide reniforme, atualmente é encontrado em 38 países (VERNETTI; VERNETTI JUNIOR, 2009). Esta espécie possui uma ampla distribuição geográfica podendo causar danos em cerca de 140 espécies vegetais, sendo que 57 são de importância econômica (ROBINSON et al., 1997; SOARES et al., 2003; TORRES et al., 2006b). 5 Em áreas produtoras de soja da região Sul dos Estados Unidos o nematoide reniforme é considerado um dos maiores problemas fitossanitários (ROBBINS et al., 1994). Este nematoide está amplamente disseminado no Brasil, parasitando raízes de abacaxizeiro, bananeira, cafeeiro, mamoneira, maracujazeiro, tomateiro e em maiores danos, o algodoeiro e a soja (ROBBINS et al., 2002; ASMUS; ISHIMI, 2009). Nos anos agrícolas de 2001/2002, e 2002/2003, Asmus (2004b) realizou um levantamento em 184 áreas de cultivo de algodoeiro de Mato Grosso do Sul, e finalizou que o R. reniformis estava presente em 16,8% das amostras analisadas, onde as maiores densidades populacionais foram detectadas em municípios com prevalência de solos argilosos. O autor afirma que este nematoide está disseminado em praticamente todas as importantes regiões de produção de grãos do Estado, e as densidades populacionais encontradas, que foram superiores a 1000 nematoides/200 centímetros cúbicos de solo, foram nas cidades de Aral Moreira, Deodápolis, Dourados, Douradina, Maracajú e Rio Brilhante, que correspondem por 29,1% da área de produção de soja do Estado. 1.3.4 Ação e sintomatologia de Rotylenchulus reniformis A ação dos nematoides sobre as plantas hospedeiras se manifesta de três maneiras: ação traumática, que advêm das injurias mecânicas resultantes da movimentação de certos nematoides nos tecidos vegetais; pela ação espoliadora, resultado das substâncias nutritivas que são desviadas para o sustento do organismo do nematoide parasito, e pela ação tóxica, que são substâncias secretadas pelos nematoides, sendo as duas últimas ações características do nematoide reniforme (LORDELLO, 1981). A ausência de sintomas visíveis nas plantas parasitadas torna a identificação de plantas parasitadas, pelo nematoide reniforme, dificultada. Devido à falsa informação de que nematoide sempre está ligado com sintomas de galhas nas raízes, como as que ocorrem em nematoides de galha (Meloidogyne spp.), o nematoide reniforme foi considerado um problema de pouca importância (ASMUS, 2008; TECNOLOGIAS..., 2010). 6 FERRAZ et al. (2010), cita que os danos causados por fitonematoides nas raízes das plantas são refletidos em sua parte aérea, na forma de clorose nas folhas, subdesenvolvimento de plantas, desuniformidade do plantel, podendo ocasionar a morte da planta. Sabe-se que o sintoma clássico do nematoide reniforme são as desuniformidades na altura das plantas, geralmente ocasionados pelo subdesenvolvimento das plantas infectadas. Estes sintomas são confundidos com problemas de compactação de solo, encharcamento, ou mesmo deficiência nutricional (ASMUS, 2008; TECNOLOGIAS..., 2010). Como característica dos sintomas diretos, os sistemas radiculares mostram-se mais pobres e rasos. As radicelas de tomateiro, maracujazeiro, algodoeiro e de soja infestadas pelo nematoide reniforme adquirem tonalidade clara, podendo-se observar a presença de uma típica camada de solo aderente às massas de ovos externas formadas pelas fêmeas (FERRAZ; MONTEIRO, 1995). 1.3.5 Fatores que afetam o ciclo de vida de Rotylenchulus reniformis A temperatura, umidade e textura do solo são os fatores que mais influenciam a atividade dos fitonematoides. A temperatura ótima para estes organismos varia de 15 a 30 °C, podendo tornar-se i nativos nas temperaturas que variam entre 5 e 15 °C e 30 e 40 °C. Temperatur as fora desses limites podem ser letais aos nematoides, dependendo do tempo de exposição. Os efeitos da temperatura sobre o desenvolvimento embrionário podem ser um dos fatores relevantes para a distribuição do nematoide reniforme, no entanto, o tempo térmico necessário para a embriogênese ainda não são conhecidos (TORRES et al., 2006b; LEACH et al., 2009; FERRAZ et al., 2010). Os nematoides sobrevivem e se movimentam na solução do solo, onde a presença da água é essencial. Solos muitos saturados, com baixa concentração de oxigênio são desfavoráveis. A umidade considerada ótima para suas atividades varia entre 40 e 60% da capacidade de campo (TORRES et al., 2006a; FERRAZ et al. 2010). Para o nematoide reniforme, não há registros que sua ocorrência seja limitada pela textura do solo, ocorrendo tanto em solos argilosos, quanto em 7 solos arenosos. E não raro, os danos são comuns em áreas de boa fertilidade (TECNOLOGIAS..., 2010; FERRAZ et al., 2010). Um estudo realizado por Netscher e Sikora (1990), mostrou que o nematoide reniforme pode sobreviver na ausência da planta hospedeira por sete meses em solo úmido, e por seis em solo seco, sendo também relatado pelos referidos autores sobrevivência após 29 meses na ausência da hospedeira. A sobrevivência de R. reniformis em solo seco é garantida por meio da anidrobiose, mecanismo de natureza fisiológica pelo qual, a escassez de umidade, induz o nematoide a reduzir drasticamente o metabolismo, permanecendo em estado de quase ametabolismo. Este mecanismo em regiões semi-áridas garante a existência de inóculo viável no solo após períodos de condições ambientais adversas (TORRES et al. 2006a). 1.3.6 Principais manejos de controle para o nematoide reniforme O reniforme é um nematoide edáfico, geralmente disseminado por meio de veículos, implementos e ferramentas agrícolas, erosão hídrica ou eólica de solo, calçados e animais. A inserção de práticas diárias e simples no manejo, como a limpeza de rodados de veículos e implementos após o trabalho em áreas infestadas são de extremo valor. Talhões ou áreas sem a contaminação de nematoides devem ser sempre cultivados primeiro que os infestados. Embora a distribuição do nematoide reniforme seja costumeiramente mais uniforme que de outras espécies, há clara concentração de altas populações em determinadas áreas ou talhões (ASMUS, 2008). Asmus (2008) descreve que os principais manejos para o controle do nematoide reniforme são a prevenção da introdução ou disseminação na propriedade; o uso de variedades resistentes ou tolerantes; e um constante manejo da área visando à diminuição da densidade populacional no solo. O autor ainda explica que a rotação e a sucessão com culturas não hospedeiras são alternativas de manejo do nematoide reniforme. Gramíneas como milheto, sorgo, braquiária e o Panicum permitem a redução deste fitonematoide no campo (ASMUS, 2008; TECNOLOGIAS..., 2010, ASMUS; RICHETTI, 2010). Sereia et al. (2007) cita que em Dourados-MS, o sistema plantio direto (soja-milho, no verão; e trigo-aveia-nabo forrageiro, no inverno), a integração 8 lavoura pecuária (rotação soja-braquiária a cada dois anos) ou o cultivo contínuo de braquiária reduziram, em média, em mais de 99% a população de R. reniformis, em comparação com o monocultivo de soja, aos oito anos após a implantação dos sistemas. As culturas não hospedeiras foram responsáveis pela redução da população no solo. O manejo de fitonematoides com nematicidas é possível, entretanto sua eficiência tem se mostrado muito variável (INOMOTO et al., 2007) e não substitui outras estratégias de manejo (TIHOHOD, 1993). No Brasil, os nematicidas disponíveis são de natureza sistêmica dos grupos químicos carbamatos e organofosforados, o que implica em período de carência de 60 a 90 dias, classe toxicológica I (extremamente tóxico) e alta periculosidade ambiental (periculosidade II - muito perigoso), podendo ser tóxico para peixes e aves. A escolha de um ou outro produto depende muito do sistema de produção utilizado e das condições climáticas, tendo em vista as diferenças na solubilidade entre os mesmos (ASMUS, 2005). Nos Estados Unidos, o controle químico de nematoides tem sido realizado com até 60% de insucesso, devido à alta solubilidade do aldicarb aliado a diferentes regimes pluviométricos e texturas de solo, além das sérias restrições ambientais que envolvem o uso dessa molécula. A confirmação de que os produtos nematicidas não erradicam o nematoide, apenas reduzem-lhe as populações temporariamente, foi feita por Ferraz (2006), que salienta a ocorrência de uma dependência de aplicações sistemáticas nas áreas infestadas. É preferível prevenir a disseminação do nematoide a tratar áreas já infestadas, justificado a dificuldade do controle após a infecção da área, sendo sua erradicação considerada praticamente impossível, onde a adoção de medidas de controle apenas reduziria sua população, permitindo temporariamente o uso de cultivares suscetíveis (FERRAZ et al., 2010). Para ASMUS (2008), a forma mais prática e eficiente de controle do nematoide reniforme após a contaminação em determinada propriedade é o uso de cultivares resistentes ou tolerantes. 9 1.4 Melhoramento Genético Visando à Resistência aos Nematoides O uso de cultivares resistentes é o método mais eficaz e econômico de controle de doenças em plantas (TIHOHOD, 1993; YORINORI, 1997). Harville (1985) relata que para o controle do nematoide reniforme, os cultivares avaliados como resistentes mostraram resultados otimistas, mas a indisponibilidade dessas cultivares não permite que este seja mais amplamente utilizado. Uma planta é resistente a um nematoide quando uma série de atributos que ela possui atua em detrimento do parasito, inviabilizando, por exemplo, a sua penetração ou o seu desenvolvimento no interior dos tecidos ou mesmo impedindo que ele se reproduza (SILVA, 2001; ROBERTS, 2002). Já o termo tolerância, retrata a capacidade da planta se desenvolver satisfatoriamente, apesar da infestação do nematoide. Anos ou décadas de pesquisas são necessários para o desenvolvimento de plantas resistentes a nematoide, sendo uma busca constante por pesquisadores de empresas públicas e privadas de todo o mundo (SILVA, 2001; ROBERTS, 2002; FERRAZ et al., 2010). O mecanismo de resistência é baseado na hipersensibilidade, a qual determina a morte de células infectadas e bloqueia o ciclo de vida do nematoide. Existem espécies vegetais que produzem algumas substâncias que ao serem liberadas no solo por meio de exsudados radiculares possuem efeito repelente ou nematicida, impedindo o nematoide a parasitar a raiz, resultando em imunidade das plantas (PIPOLO; FERRAZ, 1999; FERRAZ et al., 2010). Segundo Oostenbrink (1966), a resistência de plantas aos nematoides pode ser avaliada com base na capacidade ou taxa de reprodução dos nematoides nas plantas testadas. A reprodução dos nematoides pode ser mensurada procedendo-se a contagem dos nematoides (ovos, juvenis e/ou adultos, conforme o gênero envolvido) extraídos do sistema radicular da planta e do substrato, determinando-se o índice de reprodução ou fator de reprodução do patógeno (FR), indicando plantas hospedeiras favoráveis (FR>1) ou más hospedeiras do nematoide (FR<1). A identificação de genes que conferem resistência a um patógeno é o ponto de partida para um programa de melhoramento genético (PIPOLO; FERRAZ, 1999). Alguns genes conferem resistência a mais de uma espécie de 10 nematoide, onde podemos incluir o gene Mi, que confere resistência as plantas de tomate ao Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria (monogênica). Em soja, a resistência a Heterodera glycines e R. reniformis é dada por um gene em comum. Pelo menos 4 alelos recessivos e um ou mais alelos dominantes controlam a herança de resistência ao nematoide de cisto da soja. Cada um desses alelos pode apresentar ligações gênicas e alelos múltiplos (REBOIS et al., 1970; ROBBINS et al., 1994; ROBBINS e RAKES, 1996; COOK, 1997; HA et al., 2007). De maneira separada e diferenciada, os atributos de resistência e tolerância podem ser herdados, pois os mesmos são independentes. O modo como a resistência a nematoide é herdada é importante na definição da estratégia a ser adotada para incorporá-la em cultivares comerciais de soja. Na maioria dos casos, a resistência de plantas a nematoides apresentou controle monogênico (BOERMA; HUSSEY, 1992). Os genes de resistência também podem ser classificados com base em seus efeitos na expressão desta característica, sendo que os genes maiores apresentam grande efeito e os genes menores, pequenos efeitos (SILVA, 2001). A resistência pode ser vertical (raça específica, qualitativa), diferenciando variantes interespecíficas do patógeno, ou horizontal (raça nãoespecifica, quantitativa), efetiva contra todos os variantes do patógeno. A resistência vertical é usualmente conferida por um ou poucos genes maiores, enquanto a resistência horizontal é conferida por vários genes menores (poligênica), com pequenos efeitos aditivos e com herança quantitativa (VANDERPLANK’S, 1978 citado por GOMES, 2006). Em todo o mundo, a maioria das variedades resistentes é destinada ao controle de nematoide endoparasitos sedentários, a exemplo de Meloidogyne, Heterodera e Globodera, ou de semi-endoparasitas sedentários, como Rotylenchulus e Tylenchulus (ROBERTS, 2002). Os genótipos de soja Forrest e Custer, são os mais adotados como padrões de resistência em trabalhos de avaliação à resistência ao nematoide R. reniformis no País. Estas duas cultivares são norte americanas e possuem alta resistência ao nematoide reniforme (HA et al., 2007). Os genótipos derivado de Pickett, Hartwig, PI 437654, Peking, Centenial, PI 90763 e Cordell são os materiais mais utilizados 11 em pesquisas que visam analisar a resistência do H. glicynes e do R. reniformis. No Brasil foi comprovada a resistência de plantas ao nematoide reniforme nas cultivares de soja BRS Invernada, BRS Jiripoca, BRS Valiosa RR, BRSMG 68 (Vencedora), BRSMG 250 (Nobreza), CD 201, M-SOY 8001, TMG 113 RR, TMG 115 RR e TMG 121 RR (ASMUS, 2008, ASMUS; SCHIRMANN, 2004). A maioria destas cultivares já foram caracterizadas como resistentes ao nematoide de cisto da soja, principalmente às raças 1 e 3 (TECNOLOGIAS..., 2010). Cabe ressaltar que, na região Centro-Sul de Mato Grosso do Sul, atualmente há poucas opções de cultivares com resistência comprovada ao nematoide reniforme, como a cultivar M-SOY 8001 e CD 201. Como estratégia de maior eficiência e sucesso a ser utilizada pelos programas de melhoramento, no desenvolvimento de cultivares resistentes ao R. reniformis, alguns autores recomendam a avaliação de genótipos oriundos de fontes de resistência ao H. glycines, excetuando-se a PI 88788 (HA et al., 2007; ASMUS, 2008). A PI 88788 e seus descendentes foram utilizados pelos Estados Unidos, nos programas de melhoramento de soja ao nematoide de cisto da soja, mas estes não possuem níveis consideráveis de resistência ao nematoide reniforme (ROBBINS; RAKES, 1996). 1.5 Referências AYALA, A.; RAMIREZ, C. T. Host-range, distribution, and bibliography of the reniform nematode, Rotylenchulus reniformis, with special reference to Puerto Rico. Journal of Agriculture of University of Puerto Rico, Rio Piedreas, v. 48, n. 1, p.140-160, Jan. 1964. ASMUS, G. L. Avaliação de genótipos de soja ao nematoide reniforme Rotylenchulus reniformis. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004a. 24 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 19). 12 ASMUS, G. L. Ocorrência de nematoide fitoparasitos em algodoeiro no estado de Mato Grosso do Sul. Nematologia Brasileira, Brasília, DF, v. 28, n. 1, p. 77-86, jan. 2004b. ASMUS, G. L. 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Sessenta e cinco genótipos foram considerados resistentes (FR<1,0), com valores médios de FR significativamente iguais à MSOY 8001. Dezessete cruzamentos obtiveram um ou mais genótipos resistentes ao nematoide reniforme, onde os genótipos Custer, PI 437654, Fayette, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 e Forrest, estavam presentes nos cruzamentos que originaram a maioria dos genótipos resistentes. Termos para indexação: Glycine max, Rotylenchulus melhoramento de plantas, fonte de resistência, resistência genética. 18 reniformis, CHAPTER 2 RESISTANCE CONDITIONS - PHENOTYPING OF SOYBEAN GENOTYPES FOR RENIFORM NEMATODE UNDER CONTROLLED ABSTRACT - This study aimed to characterize soybean genotypes originating from 48 crosses with at least one parent resistant Rotylenchulus reniformis, Heterodera glicynes, or both, for resistance to reniform nematode. Two experiments were conducted in a greenhouse at Embrapa, in a completely randomized a total of 199 genotypes with five replicates. Patterns of resistance and susceptibility of the cultivars used were M-SOY 8001 and BRS 239, respectively. Each genotype was inoculated individually with 1000 eggs and larval forms of the nematode. After 60 days of inoculation, the nematodes were extracted from the roots and the genotypes on the number of eggs and larval forms per gram of root (NGR) and the reproduction factor (FR). Sixty-five genotypes were resistant (FR <1.0), with mean values substantially equal to the RF M-SOY 8001. Seventeen had one or more crossings genotypes resistant to reniform nematode, where Custer genotypes, PI 437654, Fayette, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 and Forrest were present in the crosses that led to the most resistant genotypes. Index terms: Glycine max, Rotylenchulus reniformis, plant breeding, sources of resistance, genetic resistance. 19 2.1 Introdução O nematoide reniforme é encontrado em 38 países, dos quais a maioria tem clima tropical ou subtropical (VERNETTI; VERNETTI JUNIOR, 2009). Esta espécie possui uma ampla distribuição geográfica podendo causar danos em cerca de 140 espécies vegetais, sendo que 57 são de importância econômica (ROBINSON et al., 1997; SOARES et al., 2003; TORRES et al., 2006b). Em áreas produtoras de soja da região Sul dos Estados Unidos o nematoide reniforme é relatado um dos maiores problemas fitossanitários (ROBBINS et al., 1994a). Considerado um semi-endoparasita polífago, este nematoide tem uma considerável disseminação no Brasil, parasitando raízes de espécies anuais e perenes. É encontrado infestando principalmente raízes de abacaxizeiro, bananeira, cafeeiro, mamoneira, maracujazeiro, tomateiro e em maiores danos, o algodoeiro e a soja (ROBBINS et al., 2002; ASMUS; ISHIMI, 2009). Desde 2002, em Mato Grosso do Sul foi relatada a presença do nematoide Rotylenchulus reniformis nas principais áreas produtoras de soja (ASMUS; RODRIGUES, 2003; ASMUS, 2005). Na cultura do algodão, altas densidades populacionais deste fitonematoide podem ocasionar danos superiores a 60% (ASMUS, 2003). Devido ao seu potencial de dano, é fundamental o uso de estratégias de manejo; como uso de cultivares resistentes, rotação de culturas, uso de plantas de cobertura não hospedeiras, controle de plantas daninhas e o uso de nematicida (FERRAZ et al., 2010). A utilização de cultivares resistentes para o controle do nematoide reniforme é um dos métodos de controle mais eficiente e econômico que proporciona indiretamente um aumento na estabilidade e no período de adoção dessas cultivares (HARVILLE, 1985). Além disso, é considerado um método de fácil assimilação pelos produtores, que reduz impactos ambientais pela minimização no uso de insumos. Desse modo, compreende-se a importância dos programas de melhoramento para o desenvolvimento de cultivares de soja resistentes ao R. reniformis. Estudos mostram que os genes que conferem resistência ao nematoide reniforme estão próximos àqueles que conferem resistência ao nematoide de 20 cisto da soja, principalmente em genótipos derivados de Forrest, Custer, Pickett, Hartwig, PI 437654, Peking, Centennial, PI 90763 e Cordell (REBOIS et al., 1970; ROBBINS et al., 1994b; ROBBINS; RAKES, 1996; HA et al., 2007). A maioria desses autores sugere que genes comuns e/ou genes ligados são responsáveis pela resistência tanto ao Heterodera glycines quanto ao R. reniformis. No trabalho realizado por Ha et al. (2007), foram identificados locos de características quantitativa (QTLs) ligados ao grupo B1 (LG-B1) e dois QTL com interação epistática no LG-B1 e LG-G. O QTL no LG-G, que possuem alelos de resistência ao nematoide reniforme, derivadas da PI 437654, foi localizado perto do marcador microssatélite SSR Sat-168 que está estreitamente ligado ao alelo de resistência rhg1 que confere resistência à raça 1 do nematoide de cisto. Os QTLs ligados ao nematoide reniforme, do LG-B1, estão localizados entre os SSRs Satt-359 e Satt-484, e posicionado entre os marcadores RFLP (Restriction Fragment Lenght Polymorphism) A006 e A567a, que foram relatados estarem ligados ao QTL do nematoide de cisto. Trabalhos de avaliação de linhagens e cultivares de soja quanto à resistência ao nematoide reniforme no Brasil confirmaram a resistência dos genótipos Forrest e Custer, além de elucidar novas fontes de resistência, como por exemplo, as cultivares comerciais M-SOY 8001 e CD 201 (ASMUS; SCHIRMANN, 2004). Em estudo mais recente, Asmus (2008) avaliou 31 genótipos de soja quanto à resistência ao R. reniformis. Dentre os genótipos considerados resistentes, a maioria já havia sido relatada como resistente ao nematoide de cisto da soja. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi caracterizar genótipos de soja provenientes de cruzamentos com pelo menos um parental resistente ao nematoide reniforme, ou ao nematoide de cisto da soja ou a ambos, quanto à resistência ao nematoide reniforme, em condições de casa de vegetação. 21 2.2 Material e Métodos 2.2.1 Delineamento experimental e semeadura Os experimentos foram realizados na casa de vegetação climatizada (tipo arco, com cobertura de polietileno sob cortina de aluminete e parede dupla de polietileno) e no Laboratório de Nematologia da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados-MS, no período de agosto de 2009 a janeiro de 2010. Foram avaliadas linhagens de populações segregantes em gerações F6, F7, F8 e F9, derivadas de 48 cruzamentos (Tabela 1) em que pelo menos um dos genitores possui comprovada resistência ao nematoide R. reniformis ou ao H. glycines (principalmente às raças 1 e 3), ou a ambos. Esses genótipos foram testados quanto a reação ao R. reniformis em dois experimentos: o primeiro avaliou 86 genótipos, e o segundo 113 genótipos, todos oriundos do programa de melhoramento de soja da Embrapa (Tabela 1), sendo 159 convencionais e 40 transgênicos (resistentes ao glifosato). Foram incluídas as cultivares M-SOY 8001 e BRS 239 como padrão de resistência e de suscetibilidade, respectivamente, nos dois experimentos. Os dois experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. A semeadura da soja foi realizada em copos de polietileno, com capacidade de 500 mL, contento 400 mL de substrato composto pela mistura de solo e areia (1:1) desinfestado pelo método de solarização (GHINI et al., 2002). Foi realizada uma adubação padronizada em 0,4 gramas do formulado 0-20-20 (N-P-K) para cada copo de polietileno. Foram semeadas quatro sementes por copo, e utilizados 2 mililitros do inoculante Nitragin Cell Tech HC Merck (concentração de 3.109 células viáveis de Bradyrhizobium sp. por mililitro). Dez dias após a semeadura realizou-se o desbaste, deixando uma planta por copo. As plantas foram irrigadas, pelo menos uma vez ao dia. 2.2.2 Obtenção do inóculo e inoculação As plantas foram inoculadas individualmente com R. reniformis utilizando uma suspensão aquosa contendo 1.000 ovos e formas larvais de 22 uma população oriunda de raízes de soja em Maracajú, MS, e multiplicada em maracujazeiro azedo. Para a obtenção do inóculo, raízes de maracujazeiro foram trituradas pelo método descrito por Collen e D’Herde (1972). A suspensão obtida, que continha o inóculo foi ajustada para 200 nematoides por mililitro, onde foram necessários utilizar 5 mililitros da solução para totalizar 1000 nematoide, que logo foram depositadas em dois orifícios de 2 centímetros de profundidade e distanciados 2 centímetros da base da planta. 2.2.3 Avaliação do ensaio Sessenta dias após a inoculação do fitonematoide, em ambos os experimentos, seguiram-se a avaliação dos genótipos. Os copos foram transportados para o laboratório, onde as partes aéreas das plantas foram cortadas, e suas raízes cuidadosamente lavadas em água corrente e transferidas para um saco plástico, sendo imediatamente armazenadas em geladeira para conservação até o inicio do processo de extração. A massa das raízes foi obtido em uma balança eletrônica de precisão, Modelo MA-BS 2000, e a extração realizada pelo método descrito por Coolen e D’Herde (1972). Depois de extraídos das raízes, os nematoides foram inativados em banho-maria, na temperatura de 55 ºC por cinco minutos. A suspensão obtida na extração foi utilizada para estimar o número de ovos, juvenis e/ou adultos em microscópio óptico (aumento de 40 vezes), com o auxílio de uma lâmina de contagem, em alíquotas de 1mL. 23 Tabela 1. Cruzamentos, número de linhagens e gerações dos genótipos avaliados quanto a resistência a R. reniformis em casa de vegetação Experimentos I e II. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, 2009. Cód. Cruzamentos Linhagens Gerações Experimento I 1. 2. (3) Forrest x BRS 231 6 F7 3 F6 2 F6 x BR96-25619 31 F7 (3) 31 F7 x BR96-25619 3 F7 (3) 2 F7 3 F8 5 F7 (2) (3) BRS Invernada 4. (3) Custer x PI 561356 BR96-25619 x Custer (3) 6. Forrest 7. BR96-25619 x Forrest 8. 9. (3) BRSGO 204 x (BRSGO Chapadões ) x BRSMG 250 (Nobreza ) 3. 5. (2) PI437654 BRS 262 (3) x Hartwig (2) (3) x {BRS 244 RR x Shiranui-1} Subtotal 86 Experimento II 10 PI437654 11 (2) 12 13 Ipameri (3) x Hartwig x (Fayette (BRSMT Pintado (Fayette (1) (2) (3) (1) 7 F8 13 F7 x PI 437654 ) 8 F7 x MGBR 46 Conquista) 11 F7 (3) x PI 437654 ) x MGBR 46 Conquista) x (Fayette (3) x PI 437654 ) x (BRSMT Pintado (2) (1) (3) (3) 14 BRI01-1038 x M-SOY 8001 1 F8 15 BRI01-11556 x BRS Jiripoca CRNC 1 F7 16 MGBR00-50616 (3)* x BR02-65900 2 F6 MGBR00-50616 (3)* x BR03-75127 8 F6 2 F6 1 F6 4 F6 4 F6 9 F8 17 18 19 20 21 22 (3) BRS 262 (2) x BR04-203094 (2) A 9000 RG x NK 412113 (3)* GOBR99-701006 BRAS99-10553 (3)* x BR03-81463 RR x BRB02-2293-L1=BR 28*6RR (2) x BR02-65840 (2) x BR02-64151 7 F8 (2) 3 F8 1 F8 1 F8 1 F9 2 F9 1 F9 1 F9 2 F9 1 F9 1 F9 1 F9 1 F9 Anta 82 RG 23 Anta 82 RG 24 BR02-78000 x Anta 82 RG 25 BRS 246 RR x {Bedford (2) x {Forrest*2 (3) x {(UFV 1*2 x Davis-1) x [(Bossier x Paraná) x FT Estrela]}}} (2) 26 27 28 [(BRS 133*2 x Ga93-9293 ) F4 Res. NCS e MRNG] x [CD205 x (BRS 134*5 x E96-246)] Res. Fe 1 (1) CD 202 x (CD 201 x BRS 133) (CD-202 (1) (2) x (GOBR83-60040 (2) 29 BRS 231 30 BR 98-17205 x BRS 231 31 32 33 x (HIll x PI 227687)) x BRSGO Luziânia (2) Embrapa 48 x NK 412113 (2) (2) NK 412113 x BRS 232 BRS 239 x [BRS 231 34 BRS 184 x BRS 231 35 (2) (2) x (PI 200487 x BRS 133)] (2) BRS 231 x BRS Sambaíba 24 Cod. Cruzamento 36 37 38 BRS 262 x (MSOY 5826 x CD 206) BRS 231 (2) x (BRSGO Chapadões (2) BRS 231 (2) x (BRSGO Chapadões (2) (2) (3) {Sharkey 39 x {Hartwig Linhagens Geração 2 F8 x BRI98-641) 2 F8 x BRI98-641) 4 F9 1 F8 1 F8 1 F9 1 F9 2 F9 1 F9 1 F8 1 F8 1 F9 1 F8 x {FT 5 x {[FT 10*2 x (FT 6*2 x SS 1-A)] x TGX 297-192-C}}}} x {(Santa Rosa x Tracy) x [(BR 16*3 x BRM92-6600) x (BR 16*5 x IAC 12)]} 40 BRS 262 (2) x MSOY 5942 (2) 41 42 43 44 45 [(BR96-25917 x Foster IAC ) 2] x {BRS 66*2 x [BRS 134*2 x (Embrapa 59*2 x E96-246)]} CD201 (1) x BRS 134RR CD 201*2 (1) [BR93-11995 x (E99-99 x OC95-3455)] x CD 201 BRS 262 (2) {Cordell*4 x {Hartwig (3) x [(UFV 1*2 x Davis-1)*3 x FT Estrela]}} x BRS 245 RR (3) 47 (1) x BRS 255 RR (3) 46 x (E96-246 x BRS 133) {Cordell x [Hartwig (3) x (Embrapa 4*4 x Tracy M)]} x {(Santa Rosa x Tracy) x [(BR 16*3 x BRM92-6600) x (BR 16*5 x IAC 12)]} {BRS 133 x (Embrapa 63 RR x PI 230971)(RR??)]} x {[(BRS 133*2 x 48 (2) Ga93-9293 ) F4 Res. NCS e Res. NG] x [Embrapa 134*5 x E96-246) x Embrapa 61] Res. Fe 1} Subtotal 113 Total 199 (1) Parental resistente à R. reniformis, (2)Parental resistente à H. glycines (NCS raças 1 e 3, principalmente),(3)Parental resistente a R. reniformis e H. glycines. * Genealogias: MGBR00-50616=Sharkey x {[Forrest*4 x (Bossier x Paraná)] x [(UFV 1*2 x Davis-1) x FT Estrela]}; GOBR99-701006= {Hartwig*4 x [OC 8 x (TGX 342-351-D x Paranagoiana*4)]} x [Sharkey*2 x (Dourados*4 x SS1)]; BRAS99-10553=Sharkey x {Bedford x {Hartwig x {[(Cristalina CARDF-56 x IAC 7R) x BR 11] x Tracy M}}} A estimativa do número de ovos, juvenis e/ou adultos encontrados nas raízes, foi usada para calcular o fator de reprodução (FR) e o número de nematoides por grama de raiz (NGR). Segundo Oostenbrink (1966), genótipos que apresentam FR igual ou menor a um são considerados resistentes, onde o FR (Pf/Pi) é definido pela razão entre a população final na raiz (Pf) e a população inicialmente inoculada (Pi). O NGR é definido pela razão entre o número total de nematoides nas raízes e a massa das raízes em gramas. Para verificar a homogeneidade da variância, foi utilizado o teste de Liliefors, que resultou em dados não homogêneos. Devido à presença de associação entre a média e a variância em cada genótipo avaliado, os dados obtidos de NGR foram transformados para Log10 (x+1) e os dados de FR transformados para raiz quadrada (x+1), sendo x o valor original da variável. 25 Os dados foram transformados a fim de obter-se a estabilização das variâncias. Posteriormente, os valores de NGR e FR foram submetidos à análise de variância com auxilio do aplicativo computacional SAS, versão 9.1 (SAS, 2009). O teste de Scott Knott de agrupamento de médias e a correlação de Pearson foram realizados com o auxílio do aplicativo computacional GENES (CRUZ, 2006). 2.3 Resultados e Discussão De acordo com os resultados obtidos na análise de variância verificouse diferença significativa (P<0,01) entre os genótipos avaliados, em ambos os experimentos, para as variáveis fator de reprodução (FR) e número de nematoides por grama de raiz (NGR) (Tabela 2). Tabela 2. Quadrados médios, médias gerais e coeficiente de variação (CV) dos 199 genótipos de soja avaliados quanto à resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em experimento em condições de campo. Embrapa Agropecuária Oeste, 2009. Etapa I Genótipo Erro Média Erro Padrão CV(%) GL 87 326 - NGR(1) QM 0,874** 0,153 65,97 ±5,54 25,49 FR (1) GL 87 323 - QM 0,378** 0,121 1,14 ±0,10 24,57 Etapa II (1) Genótipo Erro Média Erro Padrão CV(%) ** GL 114 431 - NGR QM 0,865** 0,151 209,11 ±13,66 18,75 FR (1) GL 114 429 - QM 0,754** 0,182 2,39 ±0.14 24,2 (1) Significativo pelo teste F (P<0,01). NGR: número de nematoides por grama de raiz. FR: fator de reprodução. Para análise de variância os caracteres NGR e FR foram transformados em Log10 (x+1) e raiz (x+1), respectivamente. Esses resultados evidenciam a presença de variação fenotípica quanto à reação ao nematoide reniforme, indicando que os genótipos possuem comportamentos diferenciados quanto a sua resistência a este fitonematoide. 26 As Figuras 1 e 2 ilustram a variabilidade entre os genótipos testados em ambos experimentos, com relação as médias da variável FR. Por meio da distribuição de frequências, verificou-se que a variável não se ajustou a normalidade, onde foi verificada uma assimetria positiva em ambos os experimentos, demonstrando a predominância de uma baixa reprodução dos nematoides nos genótipos testados. Com isso, seguiu-se a transformação dos dados, que resultou em médias próximas a normalidade. M-SOY 8001 (0,17) BRS 239 (1,95) Figura 1. Histograma dos dados de fator de reprodução (FR) do nematoide reniforme em 88 genótipos de soja - Experimento I. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. 27 M-SOY 8001 (0,15) BRS 239 (1,44) Figura 2. Histograma dos dados do fator de reprodução do nematoide reniforme em 115 genótipos de soja - Experimento II. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. A análise de correlação indicou que as variáveis FR e NGR foram significativamente correlacionadas, ou seja, quanto menor o FR menor será o NGR correspondente e vice-versa. Nesta análise foi verificado que o FR apresentou uma alta associação com o NGR no experimento I (r=0,995; P<0,01) e no experimento II (r=0,988; P<0,01). No experimento I o coeficiente de variação apresentou magnitude de 25,49% para o NGR e de 24,57% para o FR (Tabela 3). Os dados de média, máximo e mínimo do FR e do NGR (em parênteses) foram de 1,14 (65,97), 4,53 (230,65) e 0,05 (3,73), respectivamente. Os coeficientes de variação do experimento II foram iguais a 18,75% e 24,2% para NGR e FR, respectivamente (Tabela 4). Estudos anteriores que também avaliaram a capacidade de reprodução do nematoide reniforme em melão e soja apresentaram coeficientes de variação semelhantes aos obtidos nesse trabalho (TORRES et al., 2006b; ASMUS, 2004; ASMUS, 2008). Houve a formação de dois grupos de médias nas variáveis analisadas no experimento I. Considerando a variável FR, 42 genótipos se comportaram como resistentes (FR<1,0), com médias estatisticamente iguais à M-SOY 8001. 28 Destes 42, trinta e um genótipos também não diferiram da M-SOY 8001 quanto à variável NGR (Tabela 3). Quatro grupos de médias foram formados no experimento II, sendo que 23 dos 115 genótipos testados, apresentaram reação de resistência (FR<1,0) ao R. reniformis. Somente nove genótipos dos 23 que apresentaram FR menor do que 1,0 foram considerados estatisticamente iguais à cultivar M-SOY 8001 quanto a variável NGR (Tabela 4). A cultivar M-SOY 8001, padrão de resistência, apresentou nos dois experimentos FR médio próximo à zero, sendo 0,17 no experimento I e 0,15 no experimento II, representando uma redução de pelo menos 83% da população inicial de nematoides. Valores médios de FR para a cultivar BRS 239 (testemunha suscetível) foram de 1,95 e 1,44 nos experimentos I e II, respectivamente (Tabelas 3 e 4). Estes valores médios de FR são semelhantes aos obtidos por Asmus (2004) e Cardoso et al. (2009), os quais concluíram que a cultivar M-SOY 8001 apresentou resistência ao nematoide reniforme e a BRS 239 foi suscetível. 29 Tabela 3. Comparação de médias de fator de reprodução (FR) e número de nematoides por grama de raiz (NGR) de Rotylenchulus reniformis em 88 genótipos de soja, avaliados em casa de vegetação (Experimento I) na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, Outubro/2009. GENÓTIPO (1) FR * NGR * GENÓTIPO FR * NGR * (2) 3,73 a BRMS08-1421 0,70 a 56,59 b BRMS08-1797 0,07 a 3,93 a BRMS08-1805 0,75 a 49,48 b BRMS08-1626 0,09 a 4,52 a BRMS08-1416 0,79 a 85,39 b BRMS08-5808 0,11 a 10,86 a BRMS08-1772 0,83 a 48,96 b BRMS08-2109 0,11 a 6,75 a BRMS08-1699 0,83 a 41,08 b BRMS08-5766 0,12 a 14,94 a BRMS08-2037 0,88 a 54,74 b BRMS08-2107 0,13 a 8,89 a BRMS08-1680 0,94 a 44,71 b BRMS08-1785 0,13 a 8,66 a BRMS08-5762 0,97 a 52,14 b BRMS08-1612 0,14 a 6,45 a BRMS08-1895 1,03 b 63,21 b BRMS08-1746 0,14 a 7,71 a BRMS08-1426 1,09 b 131,73 b BRMS08-1715 0,15 a 7,27 a BRMS08-1290 1,11 b 57,12 b BRMS08-1869 0,15 a 6,00 a BRMS08-1711 1,13 b 54,25 b BRMS08-1804 0,16 a 7,48 a BRMS08-1725 1,15 b 61,72 b MSOY 8001 0,17 a 9,34 a BRMS08-1911 1,19 b 122,63 b BRMS08-5776 0,18 a 11,73 a BRMS08-1719 1,24 b 90,39 b BRMS08-1661 0,18 a 11,04 a BRMS08-1829 1,25 b 79,00 b BRMS08-1935 0,18 a 11,67 a BRMS08-1600 1,37 b 115,22 b BRMS08-1842 0,18 a 12,16 a BRMS08-1802 1,38 b 62,47 b BRMS08-1634 0,19 a 9,67 a BRMS08-1289 1,40 b 88,77 b BRMS08-1795 0,20 a 11,58 a BRMS08-1659 1,42 b 84,24 b BRMS08-1729 0,23 a 12,00 a BRMS08-1799 1,42 b 77,24 b BRMS08-5764 0,23 a 15,47 a BRMS08-1694 1,48 b 93,73 b BRMS08-1586 0,26 a 33,42 a BRMS08-1807 1,48 b 73,41 b BRMS08-1784 0,27 a 20,66 a BRMS08-1601 1,48 b 66,06 b BRMS08-1898 0,29 a 12,58 a BRMS08-1642 1,51 b 70,35 b BRMS08-2132 0,33 a 20,09 a BRMS08-1619 1,53 b 71,23 b BRMS08-1788 0,34 a 18,62 a BRMS08-1811 1,66 b 97,10 b BRMS08-1766 0,40 a 14,79 a BRMS08-1512 1,72 b 139,77 b BRMS08-1888 0,44 a 80,09 b BRMS08-1726 1,72 b 70,05 b BRMS08-1679 0,48 a 27,36 a BRMS08-1732 1,75 b 111,44 b BRMS08-1817 0,53 a 32,14 a BRMS08-1635 1,80 b 114,05 b BRMS08-1639 0,57 a 33,85 b BRMS08-1669 1,84 b 82,91 b BRMS08-1280 0,61 a 30,28 a BRMS08-1646 1,85 b 89,45 b BRMS08-1598 0,63 a 31,24 a BRMS08-1511 1,88 b 103,48 b BRMS08-1305 0,64 a 38,04 b BRMS08-1890 1,91 b 106,76 b BRMS08-1614 1,93 b 84,46 b BRMS08-1781 2,22 b 130,58 b BRS 239 1,95 b 104,17 b BRMS08-1607 2,56 b 138,84 b BRMS08-1284 2,04 b 119,40 b BRMS08-1918 2,56 b 167,79 b BRMS08-1720 0,05 a Continua... 30 GENÓTIPO (1) FR * NGR * GENÓTIPO FR * NGR * BRMS08-1787 2,05 b 79,05 b BRMS08-1870 2,61 b 116,90 b BRMS08-2121 2,06 b 96,68 b BRMS08-1913 2,62 b 126,02 b BRMS08-1769 2,07 b 81,45 b BRMS08-1304 2,78 b 201,52 b BRMS08-1676 2,16 b 113,89 b BRMS08-1604 2,93 b 147,83 b BRMS08-1881 2,19 b 105,09 b BRMS08-1972 3,66 b 197,14 b BRMS08-1816 Quadrado Médio 2,21 b ** 0,378 157,97 b ** 0,874 BRMS08-1949 4,53 b 230,65 b Média 1,14 65,97 Máximo 4,53 230,65 Mínimo 0,05 3,73 CV (%) 24,57 25,49 (1) Valor médio de cinco repetições de cada genótipo. *Dados originais. (2) Médias seguidas de mesma letra, na coluna, pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knot (P<0,05). ** Significativo pelo teste de F (P<0,01). Para análise de variância, os valores de fator de reprodução (FR) foram transformados em raiz (x+1) e número de nematoide por grama de raiz (NGR) em Log10 (x+1). 31 Tabela 4. Comparação de médias de fator de reprodução (FR) e número de nematoides por grama de raiz (NGR) de Rotylenchulus reniformis em 115 genótipos de soja, avaliados em casa de vegetação (Experimento II) na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, Janeiro/2010. GENÓTIPO FR NGR BRMS08-2348 0,09 a 6,79 a MSOY 8001 0,15 a BRMS08-2214 GENÓTIPO FR NGR BRMS08-4576 1,62 b 148,83 c 12,55 a BMR-10557 1,64 b 145,80 c 0,18 a 79,2 b BMR-7743 1,74 b 148,74 c BRMS08-2465 0,19 a 11,34 a BMR-1872 1,87 b 115,28 c BRMS08-2474 0,25 a 17,74 a BRMS08-11980 1,88 b 213,86 c BRMS08-2210 0,26 a 22,44 a BR07-34298 1,90 b 140,92 c BRMS08-2481 0,32 a 18,75 a BRMS08-12271 1,92 b 204,82 c BRMS08-2512 0,33 a 9,68 a BRMS08-10953 1,97 c 94,87 c BRMS08-2480 0,33 a 34,76 a BRMS08-10904 2,01 c 109,58 c BRMS08-2244 0,34 a 37,16 b BRMS08-2458 2,07 c 212,88 c BRMS08-2507 0,35 a 16,70 a BMR-7780 2,07 c 165,21 c BRN06-16845 0,41 a 22,29 a BRMS08-2140 2,08 c 162,94 c BMR-8204 0,45 a 46,53 b BRI07-0644 2,10 c 182,22 c BRMS08-10882 0,48 a 48,20 b BRMS08-11981 2,12 c 172,52 c BRMS08-10887 0,49 a 46,73 b BRMS08-10692 2,12 c 214,18 c BMR-5583 0,52 a 45,11 b BRMS08-10971 2,15 c 195,46 c BRMS08-2171 0,57 a 46,43 b BRMS08-2311 2,17 c 159,35 c BR07-34344 0,60 a 46,42 b BMR-10419 2,17 c 89,07 b BRMS08-2189 0,64 a 48,78 b BRMS08-2416 2,24 c 218,14 c BMR-9563 0,65 a 72,64 b BRMS08-11913 2,24 c 182,36 c BRMS08-2174 0,69 a 69,61 b BRMS08-2184 2,28 c 131,54 c BRMS08-2255 0,74 a 77,79 b BRMS08-12031 2,35 c 268,36 d BRMS08-2203 0,81 a 64,10 b BRMS08-10912 2,35 c 204,79 c BRMS08-11801 0,84 a 179,41 c BRMS08-11786 2,40 c 235,79 c BRMS08-2462 0,94 b 70,95 b BR06-62539 2,43 c 209,44 c BRMS08-2506 1,02 b 71,78 b BMR-84190RR 2,43 c 152,96 c BRN06-12048 1,05 b 99,21 c BRMS08-10961 2,46 c 137,44 c BRMS08-10414 1,08 b 118,35 c BRI07-0319 2,47 c 156,82 c BRMS08-2187 1,12 b 95,35 c BRMS08-10886 2,49 c 229,65 c BRMS08-12295 1,20 b 163,47 c BRMS08-11838 2,54 c 229,87 c BRMS08-2208 1,24 b 85,02 b BR06-77758 2,59 c 183,83 c BRMS06-603089 1,39 b 165,19 c BR07-31387 2,66 c 217,32 c BRMS08-12042 1,39 b 214,71 c BMR-86253RR 2,76 c 239,38 d BRMS08-2468 BRS 239 BRMS08-2360 BRMS08-2222 1,41 b 1,45 b 1,53 b 1,54 b 81,18 b 194 c 95,59 c 149,75 c BMR-10463 BRMS08-2248 BRMS08-2144 BRMS08-11805 2,80 c 2,82 c 2,83 c 2,84 c 185,51 c 201,35 c 333,49 d 211,27 c Continua... 32 GENÓTIPO FR NGR BRMS08 - 10897 2,84 c 219,96 c BRMS08 - 10409 2,86 c BMR-87695RR FR NGR BRMS08 - 2496 4,05 d 240,51 c 223,15 c BRMS08 - 2138 4,08 d 283,98 d 2,91 c 410,00 d BRMS08 - 10960 4,12 d 283,07 d BRMS08 - 2135 2,93 c 246,83 c BRMS08 - 11752 4,15 d 359,27 d BMR-87459RR 2,94 c 289,07 d BRMS08 - 2329 4,24 d 491,91 d BRMS08 - 2143 2,95 c 206,28 c BRMS08 - 11793 4,32 d 490,28 d BRMS08 - 2303 2,98 c 427,39 d BRMS08 - 10892 4,48 d 567,66 d BRMS08 - 10972 3,01 c 255,65 c BRMS08 - 11781 4,50 e 356,71 e BMR-10558 3,12 c 153,86 c BRMS08 - 10974 4,52 e 232,22 f BRMS08 - 2323 3,13 c 433,39 d BRMS08 - 5504 4,53 e 406,68 e BRN06-11457 3,13 c 494,69 d BR06-75792 4,64 e 263,03 e BRMS08 - 10949 3,19 c 252,41 c BR06-63905 4,83 e 322,46 e BRMS08 - 10957 3,36 c 207,77 c BRMS08 - 11976 4,88 e 515,63 e BRMS08 - 12045 3,37 d 259,43 d BRQ06-2539 4,90 e 507,28 e BRMS08 - 2136 3,46 d 245,79 c BRMS08 - 10893 4,96 e 629,64 e BRMS08 - 12300 BRMS08 - 2133 BR07-26590 3,51 d 3,53 d 3,59 d 240,13 c 369,56 d 351,24 d BRMS08 - 11784 BMR-87069RR BRMS08 - 2307 5,01 e 5,29 e 5,83 e 404,97 e 368,25 e 602,46 e BRMS08 - 11915 3,63 d 271,17 d BRMS08 - 10876 6,45 e 675,85 e BR06-75833 3,70 d 313,50 d BRMS08 - 10910 6,47 e 306,82 e BRMS06-13911248 3,77 d 376,39 d ** GENÓTIPO ** Quadrado Médio 0,754 0,865 Média 2,39 209,11 Máximo 6,47 675,85 Mínimo 0,09 6,79 CV(%) 24,20 18,75 (1) Valor médio de cinco repetições de cada genótipo. *Dados originais. (2) Médias seguidas de mesma letra, na coluna, pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knot (P<0,05). **Significativo pelo teste de F (P<0,01). Para análise de variância os valores de fator de reprodução (FR) foram transformados em raiz (x+1) e número de nematoide por grama de raiz (NGR) em Log10 (x+1). Dos 199 genótipos avaliados nos dois experimentos, sessenta e cinco genótipos foram resistentes ao R. reniformis, com FR menor que 1,0 e estatisticamente iguais a M-SOY 8001, podendo apresentar características de melhor comportamento agronômico nas condições brasileiras (Tabelas 3 e 4). Dentre esses 65 genótipos, três são transgênicos. Do total de 48 cruzamentos (populações segregantes) avaliados, dezessete continham no mínimo uma linhagem resistente, ou seja, FR menor 33 que 1,0 (Tabela 5). Dentre as linhagens resistentes, 42 foram oriundas dos cruzamentos: Custer x BR96-25619, BR96-25619 x Custer, BRSGO Ipameri x (Fayette x PI 437654) e (Fayette x PI 437654) x (BRSMT Pintado x MGBR 46 Conquista). Estudos recentes têm mostrado que genótipos com resistência ao nematoide de cisto derivados de PI 437654, Custer, Forrest, Hartwig, PI 90763 e Peking são potencialmente resistentes ao nematoide reniforme (ROBBINS et al., 1994a; ROBBINS et al., 1994b; ROBBINS et al., 2002; ASMUS, 2008). Tabela 5. Cruzamentos que originaram linhagens resistentes (FR<1,0) ao R. reniformis em casa de vegetação - Experimentos I e II, na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. (1) Cód. Cruzamentos 1 Forrest x BRS 231 (2) (BRSGO 204 x BRSGO Chapadões ) x BRSMG 250 (3) (Nobreza ) (3) Custer x BR96-25619 2 4 5 (3) (2) BR96-25619 x Custer (3) (3) 6 7 8 9 Forrest x BR96-25619 (3) BR96-25619 x Forrest (3) (3) PI 437654 x Hartwig (2) BRS 262 x {BRS 244 RR x Shiranui-1} 11 BRSGO Ipameri x (Fayette x PI 437654 ) (2) (2) (BRSMT Pintado x MGBR 46 Conquista) x (Fayette x PI (3) 437654 ) (2) (3) (2) (Fayette x PI 437654 ) x (BRSMT Pintado x MGBR 46 Conquista) (3)* GOBR99-701006 x BR03-81463 RR (2) Anta 82 RG x BR02-65840 12 13 20 22 31 35 36 39 (2) (2) (3) (2) Embrapa 48 x NK 412113 (2) BRS 231 x BRS Sambaíba (2) BRS 262 x (MSOY 5826 x CD 206) (2) (3) {Sharkey x {Hartwig x {FT 5 x {[FT 10*2 x (FT 6*2 x SS 1-A)] x TGX 297-192-C}}}} x {(Santa Rosa x Tracy) x [(BR 16*3 x BRM92-6600) x (BR 16*5 x IAC 12)]} Total Linhagens Linhagens (avaliadas) FR<1 6 2 3 2 31 13 31 15 3 2 10 5 1 2 2 5 13 8 8 1 11 7 4 9 2 1 2 1 2 1 1 2 1 1 135 66 (1) Localização do cruzamento tabela 1.(2)Parental resistente à H. glycines (principalmente raça 3),(3)Parental resistente a R. reniformis e H. glycines (principalmente raças 1 e 3). *Genealogia: GOBR99-701006= {Hartwig*4 x [OC 8 x (TGX 342-351-D x Paranagoiana*4)]} x [Sharkey*2 x (Dourados*4 x SS1)] Das 65 linhagens consideradas resistentes, a cultivar Custer utilizada como um dos genitores foi responsável por 43,07% das linhagens resistentes, a PI 437654 por 27,69%, a Fayette por 24,61%, a BRSGO Ipameri, a BRSMT Pintado por 12,30%, a BRS 262 por 10,77% e a Forrest por 7,69% das 34 linhagens resistentes (Tabela 6). Outras cultivares como BRS 231, Hartwig, BRSGO Chapadões, BRSMG 250 (Nobreza), Anta 82 RG, Sharkey, NK 412131 e CD 201, além da linhagem GOBR99-701006 originaram linhagens resistentes, mas em índices inferiores. Nos EUA, houve uma redução considerável do índice de resistência dos genótipos utilizados, devido ao quase exclusivo uso da PI 88788 como fonte de resistência ao H. glycines que tem comprovada suscetibilidade ao R. reniformis (ROBBINS et al., 2002). Por outro lado, a maioria dos genótipos avaliados neste estudo é oriunda de parentais com comprovada resistência pelo menos ao nematoide de cisto com potencial de resistência ao reniforme. As cultivares BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado e BRS 262 são indicadas para semeadura no País, que se comportaram como boas fontes de resistência ao nematoide reniforme (Tabelas 5 e 6). Essas cultivares foram relatadas como resistentes ao nematoide de cisto da soja pelos seus obtentores, sendo descendentes de pelo menos uma das principais fontes de resistência a este fitonematoide (TECNOLOGIAS..., 2010). Dias et al. (2009) relataram a complexidade que existe no entendimento da base genética da resistência em soja ao H. glycines, devido a possibilidade de blocos de genes, ou uns poucos genes com vários alelos estarem envolvidos. Esse tipo de comportamento genético também é relatado em trabalhos que avaliaram a herança da resistência genética da soja quanto ao R. reniformis (HARVILLE et al., 1985; HA et al., 2007). Dos genitores que mais geraram linhagens resistentes, três (BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado e BRS 262) têm comprovada resistência ao H. glycines, outros três (Custer, PI 437654 e Forrest), possuem resistência ao R. reniformis e H. glycines, e somente um (Fayette) tem resistência apenas ao R. reniformis. HA et. al (2007) ao avaliarem o genótipo PI 437654, com o uso de marcadores moleculares, comprovaram que os genes de resistência ao R. reniformis estão próximos àqueles que controlam a resistência ao H. glycines. Além disso, evidencia que a resistência é controlada quantitativamente por genes com efeitos desiguais. Essa hipótese de herança quantitativa da resistência pode explicar a baixa proporção de linhagens resistentes 35 caracterizadas neste trabalho, em torno de 30% do total das linhagens avaliadas (Tabela 4). Tabela 6. Relação dos principais genitores com potencial de resistência, código dos cruzamentos, número de linhagens avaliadas, número de linhagens resistentes (FR<1) e a respectiva porcentagem obtidas nos experimentos I e II para avaliação de genótipos a Rotylenchulus reniformis testados em casa de vegetação - Experimentos I e II.Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. Parental Resistência Potencial Código do Cruzamento Linhagens avaliadas Linhagens Resistentes Linhagens Resistentes (%) 4,5 8,10,11,12,13 11,12,13 62 42 32 28 18 16 45.16 42.86 50.00 Geral (66) (5) 42.42 27.27 24.24 Hg 11 13 8 61.54 12.12 Hg Hg Rr,Hg Hg Rr,Hg 12,13 9,18,36,40 1,6,7,25 1,29,30,33,34,35,37,38 8,10,39,46,47 19 10 12 17 13 8 7 5 3 3 42.11 70.00 41.67 17.65 23.08 12.12 10.61 7.58 4.55 4.55 Hg Hg 2,37,38 22,23,24 9 19 2 1 22.22 5.26 3.03 1.52 Rr,Hg 16,17 10 0 0.00 0.00 Individual 1 2 3 Custer PI437654 Fayette BRSGO 4 Ipameri BRSMT 5 Pintado 6 BRS 262 7 Forrest 8 BRS 231 9 Hartwig BRSGO 10 Chapadões 11 Anta 82 RG MGBR0012 50616 (1) Rr ,Hg Rr,Hg Rr (2) (3) (4) (1) Rotylenchulus reniformis, (2)Heterodera glycines. (3) Localização do cruzamento na Tabela 1. (4) Valores percentuais de linhagens resistentes do total de linhagens avaliadas para cada genitor resistentes. (5)Valores percentuais referentes as linhagens do total de linhagens avaliadas considerando todos os genitores. De acordo com os resultados deste trabalho, recomenda-se que os programas de melhoramento de soja, que visem maior êxito no desenvolvimento de cultivares de soja resistentes ao nematoide reniforme, direcionem os esforços de avaliação de populações segregantes e seleção de genótipos derivados de genitores com resistência a ambas as espécies de nematoides (H. glycinese R. reniformis). 2.4 Conclusões Os 199 genótipos avaliados demonstraram alta variabilidade quanto a resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis. 36 Apenas a variável FR é suficiente para avaliar a resistência ao nematoide reniforme. Os genitores Custer, PI 437654, Fayette, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 e Forrest originaram a maioria das linhagens resistentes. Cultivares indicadas para semeadura no país, BRSGO Ipameri, BRSMT Pintado, BRS 262 e BRS 231 são promissoras fontes de resistência ao nematoide reniforme a serem prontamente utilizadas pelos programas de melhoramento. 2.5 Referências ASMUS, G. L. Avaliação de genótipos de soja ao nematoide reniforme Rotylenchulus reniformis. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004. 24 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 19). ASMUS, G. L. Evolução da ocorrência de Rotylenchulus reniformis em Mato Grosso do Sul, durante o quinquênio 2001/2005. REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 27, 2005, Cornélio Procópio, PR. Resumos. Londrina: Embrapa Soja, 2005. p. 221-222. (Embrapa Soja. Documentos, 257). ASMUS, G. L. Reação de genótipos de soja ao nematoide reniforme. Tropical Plant Pathology, Brasília, DF, v. 33, n. 1, p. 69-71, jan. 2008. ASMUS, G. L.; ISHIMI, C. M. Flutuação populacional de Rotylenchulus reniformis em solo cultivado com algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.44, n.1, p.51-57, jan. 2009. ASMUS, G. L.; RODRIGUES, E. Danos em soja associados ao nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) em Mato Grosso do Sul. In: REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 25, 2003, Uberaba. Resumos. Londrina: Embrapa Soja; Belo Horizonte: EPAMIG: Fundação Triângulo, 2003. p. 210. (Embrapa Soja. Documentos, 209). 37 ASMUS, G. L.; SCHIRMANN M. R. Reação de cultivares de soja recomendadas no Mato Grosso do Sul ao nematoide reniforme. Nematologia Brasileira, Brasília, DF, v. 28, n. 2, p. 239-240, jul. 2004. CARDOSO, P. C.; ASMUS, G. HEINZ, R.; MELO, C. L. P. Reação de Cultivares e Linhagens de soja ao nematoide reniforme. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 5., 2009, Vitória. O melhoramento e os novos cenários da agricultura: anais. Vitória: Incaper, 2009. 1 CD-ROM. COOLEN, W. A.; D’HERDE, C. J. A. Method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent: State Nematology and Entomology Research Station, 1972. 77 p. CRUZ, C. D. Programa GENES: estatística experimental e matrizes. Viçosa, MG: UFV, 2006. 285 p. DIAS, W. P.; SILVA, J. F. V.; CARNEIRO, G. E. 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Major characteristics of the relation between nematodes and plants. Mededelingen Landbouwhogeschool, Wageningen, v. 66, n. 4, p.1-46, Oct. 1966 REBOIS, R. V.; EPPS, J. M.; HARTWIG, E. E. Correlation of resistance in soybeans to Heterodera glycines and Rotylenchulus renifomis. Phytopathology, St. Paul, v. 60, n. 4, p. 695-700, 1970. Supplement ROBBINS, R. T.; RAKES, L. Resistence to the reniform nematode in selected soybean cultivars and germoplasm lines. Journal of Nematology, St. Paul, v. 28, n. 4, p. 612-615, Dec. 1996. Supplement. ROBBINS, R. T.; RAKES, L.; ELKINS, C. R. Reniform nematode reproduction and soybean yield of four soybean cultivars in Arkansas. Journal of Nematology, St. Paul, v.26, n. 4, p. 656-658, Dec. 1994a. Supplement. ROBBINS, R. T.; RAKES, L.; ELKINS, C. R. Reproduction of the reniform nematode on thirty soybean cultivars. Journal of Nematology, St. Paul, v. 26, n. 4, p. 659-664, Dec. 1994b. Supplement. ROBBINS, R. T.; SHIPE, E. R.; RAKES, L. E.; JACKSON, L. 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R.; MOURA, R. M.; REHN, V. N. C.; SALES JUNIOR, R. Estudo morfométrico, fisiológico e enzimático de uma população de Rotylenchulus reniformis associada à Cucumis melo. Revista Caatinga, Mossoró, v. 19, n. 4, p. 350-359, out. 2006b. VERNETTI, F. J.; VERNETTI JUNIOR, F. J. Genética da soja: Caracteres qualitativos e diversidade genética da soja. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 221 p. 40 CAPITULO 3 – SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA RESISTENTES AO NEMATOIDE RENIFORME E COM ALTO DESEMPENHO PRODUTIVO RESUMO – O objetivo desde trabalho foi selecionar genótipos de soja resistentes ao nematoide reniforme, com alto potencial produtivo, em condições de campo infestado pelo fitonematoide. O delineamento utilizado foi o de testemunhas intercalares, utilizando as cultivares M-SOY 8001 e a BRS 239 como testemunhas resistentes e suscetíveis, respectivamente. Para a caracterização dos genótipos foram realizadas duas avaliações visuais, uma do vigor e uniformidade para a obtenção de um índice de resistência (IR), e outra avaliação, paralelamente à primeira, para obtenção de uma nota de resistência (NR) às parcelas. Também foram avaliadas a razão (RAZ) média entre as plantas mais baixas e as mais altas, o número de nematoides por grama de raiz (NGR), além da produtividade média de grãos (REND), padronizada para 13% de umidade. Com os dados obtidos, verificou-se diferença significativa entre todas as variáveis avaliadas, exceto para a razão. As estimativas do IR classificou 40 genótipos como resistente (R) e78 como moderadamente resistente (MR). Por outro lado, a classificação dos genótipos, de acordo com a variável NR, foi de 13 genótipos R e 31 MR. Verificou-se correlações significativas entre os caracteres REND, IR, NR e NGR. As variáveis IR e a NR mostraram-se mais eficientes e práticas na seleção de genótipos resistentes e com alto potencial produtivo, em condições de campo infestado com o nematoide reniforme. Palavras-chave: Glycine max, Rotylenchulus reniformis, genético, resistência a nematoide, produtividade de grãos 41 melhoramento CHAPTER 3 - SELECTION OF SOYBEAN GENOTYPES RESISTANT RENIFORM NEMATODE AND PRODUCTIVE PERFORMANCE ABSTRACT - The goal of this work was to select from soybean genotypes resistant to the reniform nematode, with high productive potential in conditions of infested field for nematode. The experiment design used was to intercalated checks, using the cultivars M-SOY 8001 and BRS 239 as witnesses resistant and susceptible, respectively. To characterization the two genotypes were performed visual assessments, a vigor and uniformity to obtaining a resistance index (RI), and further evaluation, parallel to the first, to get a grade of resistance (NR) to parcels. Were also evaluated the reason (RAZ) average of the lower plants and higher, the number of nematodes per gram of root (NGR), and the average grain yield (income), standardized to 13% humidity. With the data obtained, there was significant difference between all variables, except for reason. The RI estimates has classified 40 genotypes as resistant (R) and 78 as moderately resistant (MR). On the other hand, the classification of genotypes, according to the variable NR, 13 genotypes was R and 31 MR. There was significant correlations between characters INCOME, IR, NR and NGR. The IR and NR variables were more efficient and practical in the selection of resistant genotypes and high yielding, under field conditions infested with the reniform nematode. Keywords: Glycine max, Rotylenchulus reniformis, breeding, nematode resistance, grain yield 42 3.1 Introdução Entre os organismos que causam prejuízos na cultura da soja, os fitonematoides possuem alto potencial de dano e uma ampla gama de hospedeiros, tornando fundamental o estabelecimento de estratégias eficazes de manejo (PIPOLO; FERRAZ, 1999). Dentre as espécies de fitonematoides, o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) tem merecido atenção por pesquisadores. Atualmente, o R. reniformis é considerado um fitonematoide de alta relevância para a cultura da soja, principalmente na região Centro-Sul do estado de Mato Grosso do Sul (ASMUS, 2008), que em condições favoráveis, altas densidades populacionais desse fitonematoides podem ocasionar perdas de 32%. Em algodoeiro as perdas foram superiores a 60% em Mato Grosso do Sul (ASMUS et al., 2003) e de até 74% em cultivares suscetíveis a R. reniformis, em condições de altas populações desse fitonematoide no estado do Paraná (ALMEIDA et al., 2003). Asmus (2004a) relata a possibilidade da variação espacial do nematoide no solo ter influência na variabilidade entre parcelas de um mesmo tratamento, sabendo-se que a distribuição do nematoide reniforme é irregular nos extratos verticais do solo. Este nematoide pode ser encontrado em populações relativamente altas em profundidades de até 1,2 m (ROBINSON et al., 2005), sendo a população geralmente superior na profundidade de 20 cm a 40 cm, em comparação à de 0 cm a 20 cm (ASMUS et al., 2005b). O uso de cultivares resistentes para o controle do nematoide reniforme é uma estratégia fundamental no manejo integrado deste fitonematoide, pois proporciona simultaneamente eficiência, praticidade, redução de custos e segurança ambiental. Alguns estudos têm mostrado que os genes que conferem resistência ao R. reniformis estão localizados em regiões próximas aqueles que conferem resistência ao H. glycines (REBOIS et al., 1970, DAVIS et al., 1998; HA et al., 2007). Esses resultados são suportados por outros trabalhos que ao avaliarem genótipos de soja resistentes ao nematoide de cisto, como exemplo, as cultivares Peking, Forrest, Centennial, PI-437654, Hartwing, PI-90763, Cordell e/ou seus descendentes apresentaram também 43 resistência ao R. reniformis (ROBBINS et al., 1994; DAVIS et al., 1996; ROBBINS e RAKES, 1996). De acordo com Morales (2007), com base na taxa de reprodução (fator de reprodução) dos nematoides nas raízes das plantas, tem-se a avaliação indireta da resistência de plantas ao nematoide. Em avaliação realizada em casa de vegetação, este método é válido, no entanto, quando a avaliação é realizada a campo, não se tem a quantificação da população inicial (Pi) para a obtenção do fator de reprodução da população presente na raiz, tem-se somente a informação população média de nematoides presentes no solo. Estudos realizados no Brasil têm elucidado a descoberta de importantes fontes de resistência ao nematoide reniforme, geralmente genótipos que já foram caracterizados como resistentes ao nematoide de cisto, principalmente às raças 1 e 3 (ASMUS; SCHIRMANN, 2004; ASMUS, 2008; CARDOSO et al., 2009). Entretanto, a maioria desses estudos foram realizados somente em casa de vegetação, sob condições controladas, não considerando a possibilidade de avaliar o potencial produtivo dos genótipos em ambientes infestados pelo R. reniformis. Para as mais importantes espécies de nematoides, existem métodos para a avaliação da resistência de plantas (STARR, 1990), e podem ser praticadas tanto em casa de vegetação como no campo, com distintas limitações. Quando se trata do nematoide reniforme, as pesquisas relacionadas não avançaram em relação a propostas de seleção a campo de genótipos de soja resistentes. Segundo Robinson (2001), genótipos podem ser selecionados para tolerância a nematoide em condições de campo, enquanto que a resistência somente poderá ser testada em condições controladas (casa de vegetação, por exemplo), onde o número de nematoides introduzido pode ser controlado e o posterior número produzido, mensurado. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar e selecionar genótipos de soja resistentes e/ou tolerantes ao nematoide reniforme, aliado à avaliação do desempenho produtivo desses genótipos, em condições de campo infestado com R. reniformis. 44 3.2 Material e Métodos 3.2.1 Caracterização do local do ensaio A caracterização e seleção de genótipos de soja a reação ao R. renformis, foi realizado em campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS. O experimento foi instalado em novembro de 2009 em uma área naturalmente infestada por R. reniformis. O solo é do tipo Latossolo Vermelho Distroférrico típico, de textura argilosa (originados de sedimentos terciários ou de rochas basálticas), cujas coordenadas geográficas são: 22º14'S, 54º49'00"W, altitude média de 452 metros (PEREIRA et al., 2007). O clima da região caracteriza-se como Cwa (mesotérmico úmido, com verão chuvoso), segundo a classificação de Köppen. O inverno é ameno e seco, com possibilidade de ocorrência de geadas. Dourados tem precipitação média anual de 1.450 mm e temperaturas médias que variam de 18 ºC a 25 ºC nos meses mais frios e mais quentes, respectivamente (PEREIRA et al., 2007). Uma amostragem de solo foi realizada no local determinado para a instalação do experimento que, antes foi cultivado com algodoeiro, em pontos estabelecidos na área, dividida em 20 blocos. Com a ajuda de um trado foram retiradas as amostras do solo ao acaso, na profundidade de 0,0 a 0,2 metros, a fim de obter amostras compostas por 5 subamostras de solo por bloco. As subamostras de solo foram homogeneizadas formando uma amostra composta. Essas amostras foram colocadas em sacos plásticos e armazenadas em caixas térmicas de polietileno, que logo foram encaminhadas para o Laboratório de Nematologia da Embrapa Agropecuária Oeste para a extração e clarificação pela técnica de flotação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964). A análise nematológica constatou uma população alta e uniforme, com média de 1.767 ovos e juvenis de segundo estádio (J2) em 200 centímetros cúbicos (cm³) de solo, potencialmente capaz de causar redução em produtividade (STARR, 1998). O nível populacional de danos do nematoide reniforme ainda não foi devidamente definido nas condições brasileiras para a cultura da soja. No entanto, com base em pesquisas realizadas em outros países, e por trabalhos 45 realizados no Brasil, admite-se que densidades populacionais entre 400 e 600 nematoides em 200cm³, à época de plantio, sejam potencialmente capazes de causar perdas (STARR, 1998; ASMUS et al., 2003; BELTRÃO; AZEVEDO, 2008). 3.2.2 Características dos genótipos avaliados Foram testados cento e sessenta e nove genótipos de soja, sendo 127 convencionais e 42 transgênicos, em gerações F6, F7, F8 e F9, oriundas de cruzamentos que possuem pelo menos um genitor resistente ao nematoide reniforme e/ou ao nematoide de cisto da soja, sendo que todos esses genótipos também foram testados em casa de vegetação (Capítulo 2), concomitantemente. As cultivares M-SOY 8001 e BRS 239 foram utilizadas como padrões de resistência e suscetibilidade, respectivamente. A genealogia e número de linhagens avaliadas são apresentados na Tabela 1. 46 Tabela 1. Cruzamentos, número de linhagens e gerações dos genótipos avaliados quanto à resistência ao Rotylenchulus reniformis em área naturalmente infestada. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS, 2009. Linhagens Gerações 6 F7 3 F6 2 F6 x BR96-25619 31 F7 (3) 31 F7 x BR96-25619 3 F7 (3) 2 F7 10 F8 13 F7 8 F7 11 F7 1 F8 1 F7 5 F7 Cód. Cruzamentos 1 (3) (2) 3 Forrest x BRS 231 (2) BRSGO 204 x (BRSGO Chapadões ) x BRSMG 250 (3) (Nobreza ) (3) BRS Invernada x PI 561356 4 Custer 5 BR96-25619 x Custer 6 Forrest 7 BR96-25619 x Forrest 8 PI437654 9 BRSGO Ipameri 2 (3) (3) (3 ) x Hartwig (2) (3) (1) x (Fayette (3) x PI 437654 ) (2) 10 11 (1) (BRSMT Pintado x MGBR 46 Conquista) x (Fayette x PI (3) 437654 ) (1) (3) (2) (Fayette x PI 437654 ) x (BRSMT Pintado x MGBR 46 Conquista) 12 BRI01-1038 x M-SOY 8001 13 BRI01-11556 x BRS Jiripoca CRNC 14 15 (2) BRS 262 (3) (3) x {BRS 244 RR x Shiranui-1} (3) x BR02-65900 2 F6 (3) x BR03-75127 8 F6 2 F6 1 F6 4 F6 4 F6 (2) 10 F8 (2) MGBR00-50616 16 MGBR00-50616 17 BRS 262 x BR04-203094 18 A 9000 RG x NK 412113 (2) (3) 19 GOBR99-701006 20 (3) BRAS99-10553 21 Anta 82 RG x BR02-65840 22 Anta 82 RG x BR02-64151 6 F8 23 BR02-78000 x Anta 82 RG (2) 3 F8 24 BRS 262 x BRS 255RR 2(3) 2 BRS 246 RR x {Bedford x {Forrest* x {(UFV 1* x Davis-1) x [(Bossier x Paraná) x FT Estrela]}}} 1 F9 1 F9 25 x BR03-81463 RR x BRB02-2293-L1=BR 28*6RR (2) Total (1) 169 (2) Parental resistente à R. reniformis, Parental resistente à H. glycines (NCS - raças 1 e 3, (3) principalmente), Parental resistente a R. reniformis e H. glycines. 3.2.3 Semeadura e características agronômicas avaliadas A semeadura foi realizada no dia 10 de novembro de 2009, em parcelas constituídas por quatro fileiras de 4 metros, espaçadas em 0,50m; a 47 área útil das parcelas correspondeu às duas linhas centrais, descartando-se 0,5m das extremidades, perfazendo assim um total de 3m2. A adubação, o controle fitossanitário, a capina e os demais tratos culturais foram realizados de modo a manter as plantas em condições normais de crescimento e desenvolvimento (TECNOLOGIAS..., 2010). No estádio de floração plena (R2 de acordo com Fehr e Caviness, 1977) foi realizada uma avaliação visual do vigor (padrão de crescimento e desenvolvimento das plantas) e da uniformidade, em termos de altura, das plantas em condições de campo, conforme estabelecido por ASMUS (2004b). As avaliações do vigor e da uniformidade foram baseadas em escala de notas de 1 a 9. A nota 1 foi dada para as parcelas de plantas com menor vigor e maior desuniformidade e a nota 9 para as parcelas com o máximo de vigor e uniformidade de plantas, comparado com as testemunhas intercaladas. Com essas avaliações, estimou-se um índice de resistência, em percentagem, realizado por meio de uma comparação de resultados preliminares obtidos do coeficiente de correlação de Pearson entre produtividade e nota de vigor (r=0,1596; P<0,01), e produtividade com a nota de uniformidade (r=0,2987; P<0,01), onde procedeu-se uma regra de três simples: Produtividade x vigor = 0,4583 — 100% 0,1596 — x x= 34,8% = 35% Produtividade x uniformidade = 0,4583 — 100% 0,2987 — x x= 65,17% = 65% Dessa forma, verifica-se que a característica uniformidade possui uma maior associação com a produtividade a campo, o que foi levado em consideração no estabelecimento do índice de resistência, como se segue: 48 Em que: IR: índice de resistência da parcela; NU: nota de uniformidade da parcela; e, NV: nota de vigor da parcela. Dessa forma, quanto mais próximo de 90%, maior é a resistência do genótipo, e contrariamente, quanto mais próximo de 10% menor é a resistência. Para melhor análise dos índices de resistência obtidos pelos genótipos foram estabelecidos classes de resistência: Suscetível(S) – 10 a 30%; Moderadamente Suscetível (MS) – 31 a 50%; Moderadamente Resistente (MR) – 51 a 70%; e Resistente (R) – 71 a 90%. Paralelamente, foi realizado uma avaliação visual da resistência a campo dos genótipos ao R. reniformis, também no estádio R2, baseado principalmente na uniformidade visual dos genótipos testados. Foi usada uma escala de notas que variou de 1 a 9, sendo 1 para os genótipos considerados resistentes e 9 para os genótipos com alto nível de suscetibilidade. Para esta variável, os genótipos foram classificados da seguinte maneira: Suscetível (S) 7,1 a 9,0; Moderadamente Suscetível (MS) - 5,1 a 7,0; Moderadamente Resistente (MR) - 3,1 a 5,0; e Resistente (R) - 1,0 a 3,0. Quando as plantas alcançaram o estádio R5 (FEHR; CAVINESS, 1977), quatro plantas de cada genótipo, foram coletadas ao acaso na área útil, para a determinação do número de nematoides e estimativa do número de nematoides por grama de raiz (NGR) (COOLEN; D’HERDE 1972). O NGR é definido pela razão entre o número total de nematoides nas raízes e a massa das raízes em gramas. As raízes foram retiradas do solo, colocadas em sacos plásticos, armazenadas em caixas térmicas e, posteriormente, encaminhadas para o laboratório, onde se seguiu a extração dos nematoides das raízes. A massa fresca das raízes foi obtida por meio de uma balança eletrônica, Modelo MA-BS 2000. Após a pesagem as raízes foram cuidadosamente lavadas para liberar o solo aderido. Em seguida, foram cortadas em pedaços com cerca de 2 cm, e colocados em um copo de liquidificador doméstico. Adicionou-se ao liquidificador cerca de 300 mL de solução aquosa de hipoclorito de sódio 0,5% 49 (200 mL de água sanitária com 2,5% de cloro ativo para 800 mL de água), cobrindo totalmente as partes vegetais. Após isso, os fragmentos vegetais foram triturados, utilizando a menor velocidade do liquidificador por 15 segundos. Então, a suspensão resultante foi vertida numa peneira de 200 mesh (malha com abertura de 75 µm) sobreposta a uma peneira de 500 mesh (malha com abertura de 25 µm). A suspensão resultante da peneira de 500 mesh foi recolhida com ajuda de jatos de água de uma pisseta em um béquer de 250 mL. A suspensão contida no béquer foi transferida para os tubos da centrifuga, onde foi adicionado 1 cm3 de caulim, que depois de balanceados foram centrifugados por 5 minutos a 1.800 rpm. Após a centrifugação, o sobrenadante foi descartado e ao resíduo de cada tubo adicionou-se solução aquosa de sacarose (454g), sendo o resíduo re-suspenso com a força do jato da sacarose que estava na pisseta. Os tubos foram novamente levados à centrifuga por 1 minuto, na velocidade anterior. Posteriormente, os tubos foram retirados e o sobrenadante foi vertido em uma peneira de 500 mesh (abertura de malha de 25 µm). Os fitonematoides contidos no sobrenadante foram lavados com água de torneira para retirar o excesso da solução aquosa de sacarose. O resíduo dessa peneira foi recolhido em um béquer, com auxílio de jatos de água de uma pisseta. A suspensão obtida foi utilizada para estimar o número de ovos e juvenis e/ou adultos de nematoides, com o auxílio de uma câmara de Peters em microscópio óptico (aumento de 40 vezes). No estádio R8 foram mensuradas, na área útil de cada tratamento, as alturas de duas plantas mais baixas e de duas plantas mais altas. Com essas medidas, estimou-se uma razão média entre as menores e as maiores alturas, sendo: Em que: AP (<): média da altura de duas plantas mais baixas; AP (>): média da altura de duas plantas mais altas. 50 Assim, quanto mais próximo de 1 for a estimativa da razão maior será a uniformidade de altura das plantas e consequentemente, maior o nível de resistência do genótipo ao nematoide reniforme em condições de campo. O rendimento de grãos dos genótipos foi obtido colhendo-se as duas fileiras centrais (área útil), pesado e padronizado em 13% de umidade, sendo posteriormente convertido para kg ha-1. 3.2.4 Delineamento experimental e análises estatísticas Neste trabalho foi utilizado o esquema de famílias (linhagens) com testemunhas intercalares (CRUZ; CARNEIRO, 2003). Este esquema é utilizado quando não se dispõe de repetições das parcelas a serem avaliadas, sendo esta limitada pela falta de área experimental ou quando número de tratamentos a serem avaliados é demasiadamente elevado. No caso deste trabalho, a área experimental infestada pelo R. reniformis era restrita, e haviam muitas linhagens para serem avaliadas. Neste delineamento as linhagens foram representadas por parcelas únicas, enquanto as testemunhas (M-SOY 8001 e BRS 239) foram intercaladas a cada quatro linhagens, perfazendo 43 repetições de cada testemunha (Figura 1). A repetição das testemunhas tem dupla finalidade. A primeira é fornecer estimativas das variações ambientais, que será extrapolada como componente da variação fenotípica entre as linhagens (famílias). A segunda é permitir a correção dos valores fenotípicos das linhagens, admitindo-se que as fileiras adjacentes a cada grupo de testemunha sejam beneficiadas ou prejudicadas pelo mesmo efeito ambiental (FALEIRO et al., 2002; CRUZ; CARNEIRO, 2003). Importante frisar que as testemunhas, dentro de cada bloco foram casualizadas, estabelecendo-se para elas um experimento em blocos ao acaso. Todavia, considerando todo o experimento, os blocos de testemunhas e as linhagens configuram um experimento inteiramente ao acaso (Figura 1). Assim, a análise de variância do experimento conjunto, envolvendo testemunhas e linhagens, foi de acordo com o delineamento inteiramente ao acaso. Inicialmente, o experimento foi delineado para avaliar 169 genótipos mais as duas testemunhas intercaladas. Todavia, devido a perdas de parcelas 51 ou de dados da parcela, foram excluídas sete das análises, restando 162 genótipos (120 convencionais e 42 transgênicos) viáveis para avaliação, além das testemunhas. Para as testemunhas o modelo adotado foi o seguinte: Yij = µ + Ti + εij em que: Yij: valor da característica para a i-ésima testemunha na j-ésima repetição; µ : média geral das testemunhas; Ti: efeito da i-ésima testemunha (i=1,2,...t); εij: erro aleatório que incide sobre as testemunhas, sendo que εij~NID (0, σ 2 ). Para as famílias foi adotado o seguinte modelo: yi= µ f + Fi + εi em que: yi: valor da característica para a i-ésima família (linhagem); µ f: média geral das famílias (linhagens); Fi: efeito da i-ésima família (linhagem); εi: erro aleatório que incide sobre as famílias (linhagens). 52 17 R S 161 B 162 163 164 R S 165 B 166 167 168 169 R S 16 160 159 158 B 157 R S 156 155 154 B 153 R S 152 151 150 15 S R 141 B 142 143 144 S R 145 B 146 147 148 S R 149 14 140 139 138 B 137 S R 136 135 134 B 133 S R 132 131 130 13 R S 121 B 122 123 124 R S 125 B 126 127 128 R S 129 12 120 119 118 B 117 R S 116 115 114 B 113 R S 112 111 110 11 S R 101 B 102 103 104 S R 105 B 106 107 108 S R 109 10 100 99 98 B 97 S R 96 95 94 B 93 S R 92 91 90 9 R S 81 B 82 83 84 R S 85 B 86 87 88 R S 89 8 80 79 78 B 77 R S 76 75 74 B 73 R S 72 71 70 7 S R 61 B 62 63 64 S R 65 B 66 67 68 S R 69 6 60 59 58 B 57 S R 56 55 54 B 53 S R 52 51 50 5 R S 41 B 42 43 44 R S 45 B 46 47 48 R S 49 4 40 39 38 B 37 R S 36 35 34 B 33 R S 32 31 30 3 S R 21 B 22 23 24 S R 25 B 26 27 28 S R 29 2 20 19 18 B 17 S R 16 15 14 B 13 S R 12 11 10 1 R S 1 B 2 3 4 R S 5 B 6 7 8 R S 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 70 m 32 m Figura 1. Croqui da área de plantio naturalmente infestada por R. reniformis. Nota: A cultivar M-SOY 8001 está representada pela letra R, e a BRS 239 representada pela letra S. A cultivar BRS 239 também foi utilizada como bordadura experimental, nas faixas de entrada de máquinas para aplicação de defensivos (letra B). Os demais genótipos foram representados por números, de acordo com a sua localização na área experimental. O quadro da análise de variância é ilustrado na Tabela 2. 53 Tabela 2. Quadro da análise de variância de ensaios com famílias (linhagens) e testemunhas intercalares. FV GL SQ QM Famílias (F) f-1 SQF QMF Testemunhas (Te) t-1 SQTe QMTe Resíduo t(r-1) SQR QMR E(QM) σ2 Para as testemunhas e para o resíduo as somas de quadrados foram obtidas de forma usual, para ensaios inteiramente ao acaso, sendo: e A soma de quadrados para as famílias (linhagens) foi obtida pela expressão: Em razão deste delineamento não considerar o princípio básico da repetição dos tratamentos, negligenciando-o, os estimadores dos parâmetros apresentados devem ser analisados com certa parcimônia. De forma a atenuar os efeitos do ambiente sobre as comparações dos genótipos, tornando os estimadores mais precisos, foi realizado o ajuste dos dados considerando os efeitos ambientais que atuam, diferencialmente, sobre as fileiras (parcelas). Esses efeitos foram estimados a partir das informações das testemunhas cujas fileiras (parcelas) foram intercaladas no ensaio. Segundo CRUZ e CARNEIRO (2003), esse ajuste é de alta relevância quando o número de famílias 54 (linhagens) avaliadas é relativamente grande, o que pode acarretar em altas variações na área experimental. Neste trabalho, a correção dos dados é justificada pelo alto número de linhagens avaliadas, além da elevada variação na população de nematoides, que ocorreu na área do experimento. Cabe ressaltar que a correção dos dados não altera o valor da variabilidade genética das populações avaliadas, no entanto, os valores fenotípicos corrigidos são mais apropriados como critério de seleção, permitindo maior acurácia. Logo abaixo, são apresentadas as expressões utilizadas para obtenção da herdabilidade média, no sentido amplo, e o coeficiente de variação genético experimental (CRUZ; CARNEIRO, 2003). e = Em que, = variância ambiental; = desvio-padrão ambiental; QMFaj= quadrado médio das famílias (linhagens) ajustado; = média dos tratamentos (linhagens e testemunhas); 3.3 Resultados e Discussão O resumo da análise de variância está disposto na Tabela 3, com as variáveis, rendimento de grãos (kg ha-1), número de nematoide por grama de raiz (NGR), índice de resistência (IR), nota de resistência a campo (NR) e a razão média da altura das plantas (RAZ). Verificou-se diferença significativa entre as linhagens e testemunhas (P<0,01) em todas as variáveis avaliadas, exceto para RAZ, que não apresentou efeito significativo entre as testemunhas (P=1). Esses resultados indicam a existência de variabilidade entre os genótipos avaliados, para todas as variáveis em estudo, permitindo a seleção de genótipos resistentes e/ou tolerantes ao nematoide reniforme e com bom potencial produtivo. 55 Tabela 3. Quadrados médios, médias gerais, coeficientes de variação (CV) e herdabilidades (h2) dos 164 genótipos de soja avaliados quanto à resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em experimento em condições de campo. Embrapa Agropecuária Oeste. Fonte de Variação Quadrado Médio GL REND IR **(2) (1) NR **(2) 0,0209 ** 41159,37 **(2) 161 449201,06 Testemunhas 1 15087412,60 13447,50 272,198 684467,29 0,0001 Resíduo 84 269818,34 79,94 1,66 10563,48 0,0095 Fcalculado (linhagens) 1,66 2,48 2,18 3,90 2,21 Média geral 3068,95 61,36 5,97 175,32 0,72 Erro Padrão ±15,82 ±1,11 ±0,15 ±15,87 ±0,04 CV geral (%) 16,93 14,57 21,55 14,23 13,46 Herdabilidade (%) 39,93 59,72 54,19 63,24 54,71 ** 3,61 RAZ **(2) Famílias (linhagens) ** 198,49 NGR **(2) ** n.s. n.s. **Significativo pelo teste F (P<0,01); Não significativo. Para análise de variância os valores de NGR (1) -1 foram transformados para log10 (x+1); REND: rendimento médio de grãos (kg ha ); NGR: número de nematoides por grama de raiz. IR: índice de resistência, em percentagem; NR: nota de resistência a (2) campo; RAZ: razão entre duas plantas baixas e duas plantas altas da área útil da parcela. Quadrados médios ajustados. Como ilustrações dessas variabilidades, foram confeccionados histogramas de distribuição de frequência dos caracteres avaliados (Figuras 2, 3, 4, 5, 6 e 7). O rendimento de grãos apresentou frequências que variaram de 1272,9 a 5533,4 kg ha-1, com uma amplitude de variação de 4260,5 kg ha-1. A média de produtividade de grãos do experimento (3068,95 kg ha-1) está de acordo com a média obtida na safra 2009/2010 no estado de Mato Grosso do Sul (CONAB, 2010). Conforme pode-se observar, existem linhagens com produtividades de grãos acima de 4000,00 kg ha-1 (Figura 2), indicando bom comportamento desses genótipos mesmo em solo infestado pelo nematoide reniforme. Esta variável apresentou uma distribuição próxima da normalidade, confirmando a natureza quantitativa do caráter (RAMALHO et al., 1993). A estimativa da herdabilidade para o rendimento médio de grãos foi de 39,93% (Figura 2), a mais baixa entre todas as variáveis estudadas, sendo mais um indicativo da herança quantitativa desta variável, altamente influenciada pelo ambiente. 56 Faleiro et al. (2002) ao compararem o delineamento com testemunhas intercalares (DTI) com o de blocos ao acaso (DBC) mencionaram que as estimativas de herdabilidade foram as mais influenciadas pelo delineamento experimental utilizado, sendo observadas reduções nas estimativas quando usadas o DTI, principalmente para características de menor herdabilidade. Ainda para o caráter produtividade de grãos, a maioria dos genótipos permaneceu nas classes de limites entre 2338,04 a 2764,08 kg ha-1 (23,2%) e 2764,09 a 3190,13 kg ha-1 (25,6%). Pela distribuição de frequências observa-se que a cultivar cv. M-SOY 8001 está inclusa em uma classe de produtividade média superior à classe em que a cv. BRS 239 estabeleceu (Figura 2). Visualizando a Figura 3, verifica-se que a variável NGR apresenta uma forte assimetria positiva, ou seja, está representada, principalmente, por valores extremos, variando de 1,94 a 1.501,39, com uma média de 175,32 nematoides por grama de raiz. Com isso, houve a necessidade de transformação dos dados, para obter a estabilização das variâncias entre os tratamentos. Após a transformação, os dados se ajustaram à normalidade, possibilitando inferências estatísticas mais consistentes (Figura 4). As cultivares M-SOY 8001 (NGR=34,63) e BRS 239 (NGR=213,05) se apresentaram em classes diferentes com os dados transformados, o que não ocorreu com os dados originais, sendo mais uma justificativa do uso da transformação. A variação presente no caráter NGR evidencia a capacidade diferenciada dos genótipos avaliados em permitir a multiplicação do nematoide reniforme em suas raízes. O NGR apresentou a maior estimativa de herdabilidade (63,24). Este resultado pode ser um indicativo de um possível sucesso na seleção de genótipos resistentes ao nematoide reniforme, baseado no NGR obtido em campo. Entretanto, cabe ressaltar que Ramalho et al., (1993) e Cruz, (2005) citam que a herdabilidade, não é somente uma propriedade do caráter, mas também da população e das circunstâncias de ambiente às quais os indivíduos foram submetidos. Além disso, esses autores relatam que é normal a ocorrência de elevados erros associados às estimativas quando se utiliza variância, e desta forma, as estimativas devem ser consideradas com parcimônia. 57 Na Figura 5, pode-se observar que para a variável índice de resistência (IR) as médias dos genótipos apresentaram uma alta variação, o que indica diferenciação entre eles quanto à resistência ao nematoide reniforme. De acordo com a Figura 5, a média observada no IR variou entre 21,63% a 90,0%, sendo a cv. M-SOY 8001 inserida na classe de 71,53% a 78,65%, superior à classe em que se encontra a cv. BRS 239. Esse resultado indica uma maior capacidade da cv. BRS 239 em hospedar o nematoide reniforme, comparado com a M-SOY 8001, o que corrobora com outros trabalhos realizados em casa de vegetação e em campo experimental (ASMUS, 2004; ASMUS; SCHIRMANN, 2004; CARDOSO et al., 2009), porém avaliando outras variáveis. Esta variável apresentou uma distribuição próxima da contínua, semelhante à produtividade de grãos, evidenciando uma tendência de expressão quantitativa do caráter (Figura 5). Harville et al. (1985) e Ha et al. (2007) evidenciaram que a resistência ao nematoide reniforme é controlada quantitativamente. A estimativa da herdabilidade desta variável foi 59,72%, considerada intermediária (CRUZ; CARNEIRO, 2003). A característica nota de resistência a campo (NR) variou entre 1,54 a 9,0, apresentando uma amplitude de variação de 7,46 (Figura 6). Essa distribuição de frequência reforça a diferenciação entre os genótipos estudados quanto à variável NR. Observa-se que a cv. M-SOY 8001, com NR igual a 3,76, está inserida em uma classe diferente da cv. BRS 239 (NR = 7,32). Existem genótipos com NR menores que a cv. M-SOY 8001, sendo estes potenciais com relação à resistência ao nematoide reniforme; bem como genótipos com NR maiores que a cv. BRS 239 (Figura 6). Nota-se pela distribuição de frequência da NR que a cv. M-SOY 8001 apresentou, em média, maior uniformidade das parcelas do que a cv. BRS 239, ou seja, a cv. M-SOY 8001 possui maior capacidade de conviver com a presença do nematoide reniforme do que a cv. BRS 239, indicando esta ser mais sensível ao parasitismo exercido pelo referido nematoide. Esse resultado corrobora com os dados de produtividade média apresentada pelas cultivares (Figura 2), além de estar de acordo com trabalhos que já caracterizaram essas cultivares (Asmus e Schirmann, 2004; Cardoso et al., 2009). A estimativa de herdabilidade para NR foi de 54,19% (Tabela 3). 58 A distribuição de frequência apresentada pela Figura 7, também, ilustra a existência de variabilidade entre os genótipos avaliados quanto à razão média (RAZ) entre a menor e a maior altura de plantas. Entretanto, as cultivares testemunhas, M-SOY 8001 e BRS 239, ficaram inseridas na mesma classe da variável RAZ; isto demonstra a não significância para esta característica entre as testemunhas (Tabela 2). No entanto, há genótipos que apresentaram RAZ maiores do que as testemunhas, indicando uma maior uniformidade de altura entre as plantas desses genótipos e consequentemente maior tendência em expressar resistência ao nematoide reniforme. BRS 239 (3061,85) M-SOY 8001 (3899,55) Figura 2. Histograma dos dados de rendimento de grãos (kg ha-1) em 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. 59 BRS 239 (213,05) M-SOY 8001 (34,63) Figura 3. Histograma do número de nematoides por grama de raiz (dados originais) de 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. BRS 239 (2,23) M-SOY 8001 (1,47) Figura 4. Histograma do número de nematoides por grama de raiz (dados transformados em log10(x+1)) de 164 genótipos de soja - Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. 60 BRS 239 (52,77) M-SOY 8001 (77,78) Figura 5. Histograma dos dados de índice de resistência (índice obtido através do vigor e da uniformidade das parcelas) de 164 genótipos de soja Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. BRS 239 (7,32) M-SOY 8001 (3,76) Figura 6. Histograma dos dados de nota de resistência (NR) de 164 genótipos de soja – Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. 61 M-SOY 8001 (0,718) BRS 239 (0,716) Figura 7. Histograma dos dados de razão média entre alturas (RAZ) de 164 genótipos de soja – Experimento em campo experimental. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. Para Carvalho et al. (2003), o valor elevado do CV para o caráter NR pode ser atribuído a diversos fatores, tais como problemas de amostragem, diferenças existentes entre populações e variações de ambiente. Ainda assim, para esta variável a precisão experimental pode ser considerada adequada, em virtude do nível de significância obtido na análise de variância (Tabela 3). Além disso, este alto coeficiente de variação pode ser explicado pela subjetividade da avaliação da resistência de plantas a campo ao nematoide reniforme (ASMUS, 2004; INOMOTO, 2006). Houve a diferenciação de médias entre os genótipos avaliados para a variável rendimento de grãos, onde 61 genótipos obtiveram um rendimento maior que a média geral (Tabela 4). Os genótipos BRMS08-1787, BRMS081305, BRMS08-2416 e BRMS08-1421, todos convencionais, além da linhagem BRMS08-10912RR (transgênica) apresentaram os maiores rendimentos médios de grãos, significativamente superiores à cv. M-SOY 8001 (P<0,01). Estes genótipos são originados dos cruzamentos 5, 1, 10, 2 e 15, respectivamente, que estão representados na Tabela 1. Observa-se que esses cruzamentos possuem pelo menos um parental que tenha comprovada resistência ao R. reniformis ou H. glycines. A cv. M-SOY 8001obteve um rendimento de grãos de 3.899,55 kg ha-1, estatisticamente igual a 14 genótipos que oscilaram seus valores de 62 rendimentos entre 3.565,97 a 4.112,57 kg ha-1 (Tabela 4). Nove genótipos foram estatisticamente superiores a cv. BRS 239, porém inferiores a cv. M-SOY 8001. A cv. BRS 239 apresentou um rendimento médio de 3.061,85 kg ha-1, com uma produtividade média estatisticamente igual a 68 genótipos. Sessenta e seis genótipos foram estatisticamente inferiores a cv. BRS 239 com rendimentos médios de grãos variando entre 1.272,91 a 2.692,13 kg ha-1. A redução no rendimento de grãos de soja devido à presença do nematoide reniforme é relatada por Asmus (2003), que salienta o aumento de sua ocorrência no Estado de Mato Grosso do Sul, e as perdas no rendimento devido a altas populações do nematoide no solo. Conforme os resultados do teste de média para a característica NGR, trinta e oito genótipos se comportaram como melhores multiplicadores do nematoide reniforme, sendo significativamente superiores (P<0,01) a cv. BRS 239 (Tabela 4). Por outro lado, 26 genótipos obtiveram médias de NGR significativamente inferiores a cv. BRS 239, entretanto com NGR mais altos do que a cv. M-SOY 8001, estatisticamente. A cv. M-SOY 8001 apresentou NGR médio de 34,63, sendo esta, uma das menores média de NGR dentre os genótipos do grupo de médias, composto por 59 genótipos (Tabela 4). Asmus (2004) relata a tendência da cv. M-SOY 8001 em obter uma baixa multiplicação do nematoide reniforme em suas raízes. Em seu trabalho, o NGR obtido para M-SOY 8001 foi de 16,4 nematoides/200cc de solo, enquanto que a BRS 239 registrou um NGR médio de 232,3, valor próximo ao obtido nesse trabalho (Tabela 4). 63 Tabela 4. Comparação de médias do rendimento de grãos (kg ha-1), número de nematoides por grama de raiz (NGR), índice de resistência (IR), nota de resistência (NR) e razão entre menor e maior altura de plantas de 164 genótipos de soja avaliados quanto à resistência ao nematoide Rotylenchulus reniformis, em campo experimental, na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS. Cód. Linhagem REND -1 (kg ha ) IR NGR NR Índice (%) Classe Nota Classe RAZ 5 BRMS08-1787 5533,40 a 51,63 d 58,20 d MR 6,70 b MS 0,70 c 15 BRMS08-10912RR 5435,52 a 291,13 a 42,22 e MS 7,44 b S 0,64 d 1 BRMS08-1305 4379,70 a 407,48 a 74,35 b R 3,84 d MR 0,79 a 10 BRMS08-2416 4317,63 a 24,47 d 48,30 d MS 7,00 b MS 0,40 d 2 BRMS08-1421 4311,16 a 56,09 d 76,70 b R 7,60 b S 0,60 d 16 BRMS08-10949RR 4112,57 b 91,71 d 53,10 d MR 3,30 d MR 0,80 a - M-SOY 8001 3899,55 b 34,63 d 77,78 b R 3,76 d MR 0,718 c 2 BRMS08-1416 3866,80 b 111,27 c 76,25 b R 3,24 d MR 0,62 d 4 BRMS08-1586 3836,89 b 126,48 c 66,13 c MR 2,04 e R 0,90 a 20 BRMS08-11784RR 3755,04 b 101,69 c 77,90 b R 4,94 c MR 0,59 d 4 BRMS08-1669 3754,70 b 107,74 c 30,18 e S 8,00 b S 0,57 d 4 BRMS08-1614 3752,38 b 28,78 d 60,10 c MR 7,50 b S 0,60 d 3 BRMS08-1512 3734,75 b 645,14 a 63,46 c MR 8,54 a S 0,36 d 5 BRMS08-1895 3661,59 b 366,48 a 65,20 c MR 1,67 e R 0,99 a 11 BRMS08-2465 3660,68 b 17,56 d 62,40 c MR 6,00 c MS 0,60 d 20 BRMS08-11786RR 3657,02 b 92,70 d 64,90 c MR 8,20 a S 0,70 c 5 BRMS08-1870 3630,55 b 109,15 c 60,45 c MR 5,14 c MS 0,85 a 4 BRMS08-1604 3619,90 b 96,08 d 52,60 d MR 8,70 a S 0,70 c 4 BRMS08-1711 3611,60 b 251,30 b 60,79 c MR 9,00 a S 0,40 d 20 BRMS08-11913RR 3565,97 b 114,10 c 77,90 b R 1,54 e R 0,82 a 1 BRMS08-1304 3556,54 c 430,04 a 40,85 e MS 8,44 a S 0,38 d 16 BRMS08-10957RR 3549,65 c 447,24 a 51,73 d MR 2,14 e R 0,85 a 1 BRMS08-1289 3548,13 c 232,12 b 75,65 b R 4,84 c MR 0,71 c 11 BRMS08-2458 3537,92 c 376,65 a 49,85 d MS 5,04 c MR 0,84 a 4 BRMS08-1601 3500,95 c 331,84 a 48,75 d MS 3,44 d MR 0,88 a 4 BRMS08-2132 3483,70 c 87,16 d 72,90 b R 6,90 b MS 0,70 c 11 BRMS08-2481 3478,48 c 48,08 d 70,70 c R 5,40 c MS 0,60 d 9 BRMS08-2208 3433,05 c 208,38 b 63,85 c MR 5,34 c MS 0,62 d 24 BMR-84190RR 3422,61 c 254,04 b 67,80 c MR 6,71 b MS 0,64 d 14 BRMS08-5764 3391,65 d 224,17 b 64,93 c MR 2,74 e R 0,97 a 3 BRMS08-1511 3376,37 d 646,86 a 34,29 e MS 8,04 b S 0,55 d 5 BRMS08-1890 3371,86 d 134,44 c 67,40 c MR 3,44 d MR 0,96 a 13 BRMS08-5504 3353,80 d 185,75 b 59,39 c MR 4,14 d MR 0,80 a 21 BRMS08-11980RR 3342,12 d 222,94 b 46,70 e MS 2,54 e R 0,84 a 4 BRMS08-1676 3334,10 d 300,76 a 60,06 c MR 6,74 b MS 0,76 c Continua... 64 Cód. Linhagem REND -1 (kg ha ) IR NGR NR Índice (%) Classe Nota Classe RAZ 20 BRMS08-11781RR 3311,64 d 13,46 d 37,80 e MS 8,64 a S 0,67 c 9 BRMS08-2214 3291,16 d 89,69 d 80,05 b R 6,24 c MS 0,88 a 18 BRMS08-10887RR 3274,92 d 79,28 d 74,30 b R 7,14 b S 0,59 d 5 BRMS08-1842 3273,15 d 66,43 d 66,44 c MR 6,24 c MS 0,65 d 16 BRMS08-10974RR 3266,94 d 130,71 c 58,95 c MR 5,74 c MS 0,78 b 5 BRMS08-1911 3262,17 d 238,96 b 39,35 e MS 6,79 b MS 0,71 c 4 BRMS08-1607 3260,38 d 717,10 a 55,81 d MR 9,00 a S 0,53 d 5 BRMS08-1918 3224,08 d 277,02 b 50,93 d MR 6,14 c MS 0,75 c 4 BRMS08-1639 3217,23 d 433,75 a 64,04 c MR 8,44 a S 0,71 c 5 BRMS08-1888 3211,63 d 151,03 b 68,55 c MR 4,34 d MR 0,88 a 21 BRMS08-12271RR 3210,40 d 117,48 c 38,32 e MS 5,96 c MS 0,60 d 21 BRMS08-11981RR 3206,60 d 264,64 b 35,38 e MS 2,44 e R 0,73 c 9 BRMS08-2187 3191,91 d 295,56 a 48,23 d MS 6,04 c MS 0,70 c 25 BMR-87459RR 3190,08 d 246,08 b 74,78 b R 6,62 b MS 0,71 c 1 BRMS08-1290 3184,74 d 280,24 a 71,50 c R 5,94 c MS 0,82 a 14 BRMS08-5808 3183,00 d 57,50 d 86,39 a R 2,54 e R 0,82 a 20 BRMS08-11805RR 3167,65 d 92,29 d 59,30 c MR 6,74 b MS 0,65 d 7 BRMS08-2107 3154,95 d 35,83 d 86,23 a R 5,74 c MS 0,88 a 4 BRMS08-1619 3140,03 d 1,94 d 41,24 e MS 7,29 b S 0,68 c 14 BRMS08-5766 3124,96 d 14,09 d 76,63 b R 2,54 e R 0,82 a 4 BRMS08-1719 3113,17 d 186,06 b 63,52 c MR 8,24 a S 0,75 c 11 BRMS08-2512 3108,87 d 97,16 d 55,02 d MR 8,54 a S 0,71 c 6 BRMS08-1972 3100,90 d 288,10 a 47,57 d MS 7,44 b S 0,65 d 17 BRMS08-10409RR 3100,30 d 7,99 d 90,00 a R 2,90 e R 0,80 a 11 BRMS08-2480 3099,62 d 33,82 d 58,02 d MR 6,29 c MS 0,62 d 5 BRMS08-1913 3084,21 d 578,93 a 45,00 e MS 3,92 d MR 0,88 a 20 BRMS08-11793RR 3062,85 d 85,41 d 56,70 d MR 6,94 b MS 0,72 c - BRS 239 3061,85 d 213,05 b 52,77 d MR 7,32 b S 0,716 c 18 BRMS08-10876RR 3056,50 d 143,84 c 81,38 b R 3,44 d MR 0,71 c 4 BRMS08-1680 3055,12 d 63,80 d 72,82 b R 3,94 d MR 0,83 a 20 BRMS08-11801RR 3029,92 d 160,73 b 54,64 d MR 8,34 a S 0,60 d 4 BRMS08-1642 3025,11 d 603,04 a 41,90 e MS 8,74 a S 0,57 d 11 BRMS08-2496 2981,05 d 473,19 a 60,03 c MR 4,54 d MR 0,90 a 5 BRMS08-1881 2979,06 d 160,84 b 59,40 c MR 5,24 c MS 0,63 d 16 BRMS08-10960RR 2975,35 d 57,07 d 52,17 d MR 6,14 c MS 0,68 c 4 BRMS08-1699 2946,64 d 210,86 b 81,72 b R 5,54 c MS 0,81 a 5 BRMS08-1795 2937,36 d 93,95 d 73,52 b R 7,94b S 0,78 b 14 BRMS08-5762 2909,59 d 80,17 d 57,11 d MR 3,94 d MR 0,99 a 11 BRMS08-2507 2902,95 d 104,55 c 79,19 b R 7,54 b S 0,65 d 21 BRMS08-12031RR 2899,61 d 536,71 a 54,21 d MR 6,34 c MS 0,78 b 9 BRMS08-2244 2881,67 d 5,41 d 58,30 d MR 6,60 b MS 0,60 d 9 BRMS08-2210 2871,65 d 633,03 a 48,50 d MS 7,44 b S 0,49 d Continua... 65 Cód. Linhagem REND -1 (kg ha ) IR NGR Índice (%) NR Classe Nota Classe RAZ 9 BRMS08-2248 2868,60 d 183,52 b 24,05 e S 8,34 a S 0,53 d 9 BRMS08-2171 2867,33 d 24,88 d 83,22 b R 8,00 b S 0,71 c 5 BRMS08-1784 2864,58 d 16,53 d 73,21 b R 6,84 b MS 0,83 a 4 BRMS08-1679 2859,87 d 246,74 b 48,24 d MS 6,34 c MS 0,82 a 20 BRMS08-11752RR 2859,73 d 287,06 a 25,78 e S 8,00 b S 0,37 d 22 BRMS08-12300RR 2853,35 d 199,72 b 59,15 c MR 4,79 c MR 0,75 c 10 BRMS08-2303 2821,77 d 83,88 d 49,49 d MS 2,64 e R 0,87 a 14 BRMS08-5776 2804,67 d 15,23 d 80,61 b R 5,54 c MS 0,81 a 21 BRMS08-11976RR 2803,76 d 139,39 c 70,41 c MR 4,54 d MR 0,86 a 18 BRMS08-10886RR 2791,79 d 183,66 b 62,24 c MR 7,24 b S 0,42 d 17 BRMS08-10414RR 2781,36 d 58,33 d 87,35 a R 6,14 c MS 0,84 a 15 BRMS08-10910RR 2770,80 d 85,42 d 47,07 d MS 7,54 b S 0,74 c 5 BRMS08-1781 2766,43 d 19,65 d 52,32 d MR 4,14 d MR 0,81 a 9 BRMS08-2184 2758,45 d 6,78 d 47,80 d MS 8,00 b S 0,60 d 19 BRMS08-10904RR 2757,00 d 113,85 c 62,10 c MR 7,84 b S 0,68 c 9 BRMS08-2222 2752,70 d 220,08 b 57,75 d MR 6,94 b MS 0,86 a 5 BRMS08-1817 2750,98 d 145,70 c 59,88 c MR 6,44 c MS 0,57 d 4 BRMS08-1598 2749,57 d 96,16 d 54,45 d MR 4,84 c MR 0,87 a 19 BRMS08-10897RR 2748,50 d 286,61 a 62,25 c MR 3,64 d MR 0,86 a 4 BRMS08-2138 2737,29 d 161,73 b 74,43 b R 8,64 a S 0,68 c 11 BRMS08-2462 2731,22 d 438,60 a 41,05 e MS 9,00 a S 0,50 d 4 BRMS08-1732 2692,13 e 140,49 c 42,52 e MS 8,44 a S 0,60 d 5 BRMS08-1802 2663,92 e 61,18 d 59,31 c MR 5,34 c MS 0,61 d 6 BRMS08-1949 2655,36 e 669,85 a 42,49 e MS 8,34 a S 0,63 d 20 BRMS08-11838RR 2628,00 e 281,51 a 47,48 d MS 5,14 c MS 0,76 c 11 BRMS08-2468 2626,84 e 40,44 d 56,09 d MR 5,17 c MS 0,58 d 5 BRMS08-1769 2615,29 e 145,84 c 61,64 c MR 4,74 c MR 0,84 a 21 BRMS08-12042RR 2602,51 e 244,81 b 44,74 e MS 3,24 d MR 0,71 c 4 BRMS08-1694 2600,45 e 344,09 a 64,86 c MR 8,04 b S 0,89 a 4 BRMS08-1725 2600,28 e 1111,8 a 39,56 e MS 4,00 d MR 0,76 c 18 BRMS08-10882RR 2583,19 e 113,21 c 61,91 c MR 4,34 d MR 0,89 a 21 BRMS08-12045RR 2569,42 e 466,56 a 37,07 e MS 6,14 c MS 0,72 c 10 BRMS08-2323 2551,90 e 70,42 d 66,02 c MR 4,37 d MR 0,91 a 17 BRMS08-10692RR 2513,38 e 244,96 b 80,05 b R 2,34 e R 0,93 a 4 BRMS08-1661 2507,06 e 137,25 c 64,95 c MR 8,00 b S 0,71 c 4 BRMS08-2140 2503,91 e 437,92 a 67,96 c MR 7,74 b S 0,94 a 4 BRMS08-2121 2502,03 e 20,19 d 45,31 e MS 7,94b S 0,53 d 5 BRMS08-1807 2490,08 e 109,18 c 56,87 d MR 8,54 a S 0,62 d 4 BRMS08-1600 2482,09 e 212,59 b 51,30 d MR 7,14 b S 0,78 b 16 BRMS08-10972RR 2462,70 e 274,79 b 76,08 b R 6,44 c MS 0,81 a 9 BRMS08-2203 2458,70 e 146,94 c 67,70 c MR 5,24 c MS 0,85 a 9 BRMS08-2174 2453,24 e 28,14 d 70,69 c R 5,04 c MR 0,90 a Continua... 66 REND -1 (kg ha ) IR Cód. Linhagem NGR 5 BRMS08-1797 2419,34 e 166,54 b 5 BRMS08-1799 2403,07 e 311,65 a 4 BRMS08-2109 2398,40 e 4 BRMS08-1626 4 7 Índice (%) NR RAZ Classe Nota Classe 77,17 b R 7,14 b S 0,88 a 60,14 c MR 7,24 b S 0,75 c 23,11 d 78,92 b R 6,84 b MS 0,80 a 2381,05 e 93,97 d 56,61 d MR 7,14 b S 0,90 a BRMS08-2143 2375,58 e 463,89 a 69,49 c MR 7,84 b S 0,75 c BRMS08-2037 2374,24 e 31,40 d 48,74 d MS 5,64 c MS 0,78 b 12 BRMS08-4576 2361,53 e 107,67 c 69,87 c MR 6,34 c MS 0,98 a 16 BRMS08-10953RR 2358,29 e 118,86 c 37,56 e MS 7,24 b S 0,53 d 19 BRMS08-10892RR 2352,18 e 219,55 b 47,75 d MS 6,24 c MS 0,94 a 5 BRMS08-1816 2331,69 e 105,14 c 40,99 e MS 7,04 b MS 0,68 c 4 BRMS08-1720 2322,32 e 157,21 b 65,69 c MR 7,94b S 0,67 c 16 BRMS08-10971RR 2321,04 e 100,08 d 44,11 e MS 5,34 c MS 0,58 d 11 BRMS08-2506 2296,44 e 251,81 b 52,06 d MR 5,54 c MS 0,86 a 4 BRMS08-2136 2283,46 e 180,18 b 65,92 c MR 7,64 b S 0,65 d 2 BRMS08-1426 2272,19 e 77,32 d 46,32 e MS 8,00 b S 0,41 d 5 BRMS08-1766 2252,13 e 80,76 d 62,34 c MR 8,84 a S 0,60 d 22 BRMS08-12295RR 2246,95 e 99,22 d 73,50 b R 3,87 d MR 0,70 c 4 BRMS08-1646 2235,54 e 369,65 a 72,25 b R 9,00 a S 0,57 d 1 BRMS08-1280 2234,20 e 378,79 a 77,55 b R 3,64 d MR 0,90 a 9 BRMS08-2255 2223,01 e 37,17 d 52,22 d MR 6,34 c MS 0,90 a 5 BRMS08-1746 2215,76 e 81,66 d 77,03 b R 5,64 c MS 0,69 c 16 BRMS08-10961RR 2199,61 e 86,37 d 33,14 e MS 8,24 a S 0,36 d 10 BRMS08-2307 2193,98 e 167,16 b 48,46 d MS 5,94 c MS 0,87 a 4 BRMS08-1726 2191,68 e 1501,30 a 21,63 e S 9,00 a S 0,63 d 4 BRMS08-1634 2164,58 e 34,87 d 70,62 c R 6,24 c MS 0,79 a 5 BRMS08-1785 2140,45 e 18,38 d 81,88 b R 6,64 b MS 0,89 a 5 BRMS08-1772 2120,99 e 82,96 d 45,73 e MS 3,44 d MR 0,85 a 9 BRMS08-2189 2023,02 e 249,65 b 56,55 d MR 7,14 b S 0,90 a 4 BRMS08-2144 2021,11 e 247,44 b 56,32 d MR 8,94 a S 0,68 c 5 BRMS08-1869 2003,22 e 81,78 d 70,42 c MR 6,14 c MS 0,93 a 4 BRMS08-1635 1983,29 e 236,12 b 57,93 d MR 7,34 b S 0,83 a 19 BRMS08-10893RR 1938,13 e 102,53 c 64,10 c MR 7,44 b S 0,74 c 4 BRMS08-1659 1937,99 e 74,11 d 59,60 c MR 8,00 b S 0,78 b 5 BRMS08-1805 1932,11 e 276,96 b 60,96 c MR 8,04 b S 0,70 c 4 BRMS08-2135 1927,83 e 436,71 a 50,74 d MR 6,74 b MS 0,76 c 5 BRMS08-1804 1896,56 e 26,08 d 80,08 b R 6,44 c MS 0,89 a 4 BRMS08-2133 1883,38 e 146,30 c 53,76 d MR 5,84 c MS 0,73 c 6 BRMS08-1935 1837,56 e 209,27 b 35,71 e MS 8,24 a S 0,65 d 5 BRMS08-1788 1825,20 e 26,44 d 59,44 c MR 4,84 c MR 0,88 a 1 BRMS08-1284 1792,67 e 362,13 a 43,50 e MS 8,74 a S 0,27 d Continua... 67 REND -1 (kg ha ) NGR BRMS08-1829 1647,16 e BRMS08-2311 1598,04 e 20 BRMS08-11915RR 4 10 Cód. Linhagem 5 10 IR NR Nota Classe RAZ Índice (%) Classe 133,56 c 65,56 c MR 7,34 b S 0,62 d 117,20 c 45,53 e MS 7,24 b S 0,73 c 1460,22 e 635,73 a 75,79 b R 2,54 e R 0,85 a BRMS08-1729 1298,56 e 327,79 a 47,51 d MS 9,00 a S 0,71 c BRMS08-2360 1272,91 e 46,21 d 60,23 c MR 6,21 c MS 0,70 c Valor Máximo 5533,40 1501,30 90,00 - 9,00 - 0,99 Valor Mínimo 1272,91 1,94 21,63 - 1,54 - 0,27 MÉDIAS famílias MÉDIAS testemunhas CV(%) famílias 2850,36 202,64 59,28 - 6,20 - 0,73 3480,70 123,84 65,28 - 5,55 - 0,72 18,22 13,64 15,08 - 20,76 - 13,40 CV(%) testemunhas 14,92 15,51 13,69 - 23,20 - 13,56 *Dados ajustados pelas repetições das testemunhas. (2) Médias seguidas de mesma letra, na coluna, diferem entre si pelo teste de Dunnett (P<0,01). ** Significativo pelo teste de F (P<0,01). Para análise de variância os valores de número de nematoide por grama de raiz (NGR) foram transformados em Log10 (x+1). REND: rendimento médio de grãos em kg ha-1. IR: índice de resistência (índice entre nota de vigor e uniformidade) em percentagem que varia de 10% (parcelas suscetíveis) a 90% (parcelas resistentes), em que: S (Suscetível) - 10 a 30%; MS (Moderadamente Suscetível) - 31 a 50%; MR (Moderadamente Resistente) - 51 a 70%; e R (Resistente) - 71 a 90%. NR: nota de resistência a campo que varia de 1 (parcelas resistentes) a 9 (parcelas), em que: R (Resistente) 1 a 3; MR (Moderadamente Resistente) - 3,1 a 5; MS (Moderadamente Suscetível) - 5,1 a 7; e S (Suscetível) - 7,1 a 9. RAZ: razão média entre duas plantas de menores e duas plantas de maiores alturas da área útil da parcela. NGR: número de nematoides por grama de raiz obtido no campo. RR: Roundup Ready, soja transgênica (RR). A visualização do nematoide reniforme nas raízes, a olho nu, é praticamente impossível, necessitando análises laboratoriais para quantificação do número de nematoides. Asmus et al. (2003) mostraram que o sintoma do parasitismo de soja por R. reniformis expressou-se, principalmente, pela ocorrência de plantas subdesenvolvidas, com baixo vigor, conferindo uma alta desuniformidade à lavoura. Diante disto, nesse trabalho foram realizadas avaliações visuais do vigor e da uniformidade de cada parcela, o que permitiu estimar um índice de resistência (IR) para cada genótipo. O IR apresentou uma média de 59,45%, e variou de 21,63 a 90,00%. Quatro genótipos (BRMS08-5808, BRMS08-2107, BRMS08-10409RR e BRMS08-10414RR) apresentaram IR estatisticamente superiores (P<0,01) a cv. M-SOY 8001, indicando uma maior uniformidade e vigor desses genótipos, em nível de campo, comparado à testemunha. Trinta e um genótipos foram estatisticamente iguais a cv. M-SOY 8001, com valores de IR variando de 72,25% a 83,22%. Outros 53 genótipos obtiveram médias de IR inferiores a cv. M-SOY 8001, variando de 58,95% a 71,50%. Entretanto, estas linhagens foram significativamente superiores a cv. BRS 239 que apresentou média de IR de 68 52,77% (Tabela 4). Quarenta e quatro genótipos obtiveram IR iguais a cv. BRS 239, estatisticamente. Por outro lado, trinta e um genótipos apresentaram as mais baixas estimativas médias de IR, estatisticamente inferiores a cv. BRS 239. Estes 31 genótipos, de acordo com o preconizado na obtenção do IR, foram os que expressaram maiores níveis de desuniformidade e baixo vigor. Métodos de avaliação da resistência ao nematoide reniforme a campo já foram realizados em soja por meio da nota de uniformidade e do vigor (ASMUS, 2004), e em algodão com escalas de índice de tolerância considerando o desenvolvimento das plantas e seus sintomas foliares (CIA et al., 2008). No entanto, não há nenhuma escala de nota disponível na literatura para a classificação da resistência ao nematoide reniforme. Sendo assim, neste trabalho estimou-se também uma nota de resistência a campo, baseada somente na uniformidade das parcelas. Ao analisar os resultados do teste de média, treze genótipos apresentaram NR estatisticamente abaixo da cv. M-SOY 8001, com valores médios variando de 1,54 a 2,90. Isto significa que estes treze genótipos, conforme estabelecido pela NR, foram os que apresentaram os maiores níveis de uniformidade de altura de planta. Já outros 22 genótipos foram iguais a cv. M-SOY 8001, apresentando estimativas de NR entre 3,24 a 4,54 (Tabela 4). Quarenta e oito genótipos obtiveram NR inferiores a cv. BRS 239, sendo estatisticamente melhores que esta testemunha no quesito uniformidade. E ainda, 53 genótipos obtiveram estimativas médias de NR iguais a cv. BRS 239, estatisticamente. Contrariamente, 26 genótipos foram estatisticamente superiores da cv. BRS 239 quanto à variável NR, evidenciando que estes genótipos apresentaram maiores desuniformidades de altura de planta (Tabela 4). Quanto à variável razão média entre a menor altura e a maior altura de plantas (RAZ), as médias de 51 genótipos foram estatisticamente inferiores as cultivares M-SOY 8001 e BRS 239, ou seja, esses genótipos apresentaram maiores problemas de desuniformidade, baseado nessa variável. Verifica-se pelo teste de médias que as testemunhas obtiveram médias estatisticamente iguais (Tabela 4). De acordo com a característica RAZ, 62 genótipos de soja foram significativamente superiores às cultivares testemunhas. Isto significa 69 que esses genótipos apresentaram uma estimativa de RAZ mais próxima da unidade (um), o que implica em maior uniformidade da altura de planta. Conforme a classificação dada aos genótipos, de acordo coma variável IR, 40 genótipos reagiram como R, 78 como MR, 42 como MS e quatro como S. A cv. MSOY-8001 obteve um IR médio de 77,8, classificada como R. Já a cv. BRS 239 obteve IR médio de 52,80, alocando-se na classe MR (Tabela 4). Por outro lado, a classificação dos genótipos, de acordo com a variável NR, foi de 13 genótipos R, 31 MR, 56 MS e 64 S, inclusive a BRS 239, que apresentou uma nota média de 7,32. Já a cv. M-SOY 8001 foi classificada como MR ao nematoide reniforme, pois obteve NR de 3,76. Verifica-se que o IR classificou mais que o triplo de genótipos resistentes (40) do que a NR (13). No entanto, a NR acusou com maior frequência genótipos suscetíveis ao nematoide reniforme. Seleções realizadas no campo permitem a avaliação de um grande número de genótipos, podendo avaliar não somente variáveis propriamente de resistência, mas sua interação com outras características tais como a produtividade de grãos. Robinson (2001) relata que os parâmetros para a mensuração da resistência de uma planta aos efeitos do nematoide reniforme são por meio da medida da redução do rendimento e da baixa estatura. Como o nematoide reniforme incita o subdesenvolvimento das plantas, neste experimento houve genótipos que apresentaram baixa RAZ (menor que 0,70), baixa produtividade (menor que 2692,13 kg ha-1) associado com um alto NGR (estatisticamente igual ou maior que 213,05), sendo características que poderiam indicar a suscetibilidade a este nematoide. As linhagens BRMS08-1949, BRMS08-1720, BRMS08-1646, BRMS081726, BRMS08-2144, BRMS08-1805, BRMS08-1935 e BRMS08-1284 apresentaram esse comportamento (Tabela 4). Observa-se que a variável NR classificou todas essas linhagens como suscetível. Entretanto, segundo o caráter IR os genótipos BRMS08-1720, BRMS08-1646, BRMS08-1726, BRMS08-2144 e BRMS08-1805foram classificados como MR ou R. Segundo Roberts (2002) a tolerância é oposto à intolerância, que é utilizada para definir as plantas que quando infectadas crescem menos, morrem, ou ainda reduzem drasticamente a produtividade. Há relatos na literatura de genótipos de soja intolerantes a nematoides, que sofreram danos 70 severos com uma baixa população do nematoide (SILVA, 2001). Os genótipos BRMS08-1619, BRMS08-2184 e BRMS08-2121 apresentaram clássica intolerância ao nematoide reniforme (Tabela 4). Estes obtiveram os menores valores, em magnitude, de NGR. Apesar disso, esses genótipos expressaram alto nível de desuniformidade e baixo vigor pelo fato de serem classificados como MS e S pelas variáveis IR e NR, respectivamente. Além disso, a média de produtividade de grãos foi estatisticamente igual ou inferior a cv. BRS 239. Outros genótipos, tais como BRMS08-2244, BRMS08-1784, BRMS085776 e BRMS08-1785 também podem ser considerados intolerantes ao R. reniformis. Estes obtiveram baixas produtividades, baixos NGR e foram classificados, pelo menos, como MS pela variável NR. Todavia, o IR dessas linhagens foram altos classificando-os como MR ou R. Ainda cabe ressaltar que, em alguns casos, as características produtividade e resistência a nematoides são inversamente correlacionadas, ou seja, variedades com alta produtividade apresentam-se como suscetíveis aos principais nematoides da cultura (FERRAZ et al., 2010).Esse pode ser o caso da cv. BRS 239, que apesar de ser classificada como suscetível em vários trabalhos de casa de vegetação (ASMUS, 2004; CARDOSO et al., 2009), no presente trabalho apresentou uma boa produtividade e classificou-se como MR, conforme a variável IR, no campo (Tabela 4). Peculiar o comportamento da linhagem transgênica BRMS08- 10912RR, que mesmo apresentando uma alta produtividade (5435,52 kg ha-1) obteve um alto NGR (291,13) e foi classificada como MS de acordo com a variável IR, e S conforme NR. Este é um caso típico de tolerância a campo do genótipo perante a população do nematoide estabelecida, ou seja, mesmo sob alta densidade populacional do nematoide o genótipo expressou um excelente potencial produtivo. Os genótipos BRMS08-1669, BRMS08-1304 e BRMS08-1511 apresentaram comportamento semelhante de tolerância (Tabela 4), que segundo Roberts (2002), se refere a habilidade das plantas permitirem a invasão e reprodução do nematoide, mas não apresentarem sintomas ou danos significativos. Esse resultado evidencia a importância da avaliação do potencial produtivo em condições de alta infestação do nematoide reniforme. Caso a seleção fosse baseada somente nas classificações de IR e NR, os 71 genótipos supracitados seriam eliminados. Cook et al. (1997) identificaram linhagens elites de algodão com alto potencial produtivo e tolerante ao R. reniformis. Na Tabela 5, observa-se que dos 164 genótipos avaliados, 37 coincidiram suas classes de R, MR, MS e S que foram obtidas pelas variáveis NR e IR (Tabela 6). Sessenta e nove genótipos obtiveram uma proximidade nas classificações que lhe foram dadas (R x MR=14, S x MS=21 e MS x MR=34) e cinqüenta e oito genótipos apresentaram classificações distintas como R x S (8), R x MS (19) e S x MR (31). Tabela 5. Relação de coincidências das classes de resistência obtidas por meio do índice de resistência (IR) e da nota de resistência (NR) de 164 genótipos de soja quanto a resistência ao Rotylenchulus reniformis. NR IR Total S MS MR R S 4 0 0 0 4 MS 21 12 6 3 42 MR 31 28 15 4 78 R 8 16 10 6 40 64 56 31 13 164 Total Índice de resistência (índice entre nota de vigor e uniformidade) em porcentagem que varia de 10% (parcelas com plantas mais suscetível) a 90% (parcelas com plantas mais resistente), onde: S (Suscetível) - 10 a 30%; MS (Moderadamente Suscetível) - 31 a 50%; MR (Moderadamente Resistente) 51 a 70%; e R (Resistente) - 71 a 90%. NR: nota de resistência a campo que varia de 1 (parcelas com plantas mais resistentes) a 9 (parcelas com plantas mais suscetíveis), onde R (Resistente): 1 a 3; MR (Moderadamente Resistente): 3,1 a 5; MS (Moderadamente Suscetível): 5,1 a 7; e S (Suscetível): 7,1 a 9. A correlação entre caracteres é um parâmetro de grande importância, pois permite aos melhoristas conhecer as alterações que ocorrem em um determinado caráter em função da seleção praticada em outro a ele correlacionado (RAMALHO et al., 1993). Na Tabela 6, pode-se observar os coeficientes de correlação fenotípica entre os caracteres avaliados, considerando somente as testemunhas ou todos os genótipos. Pelos resultados obtidos observa-se que há diferenças tanto na magnitude quanto na significância dos coeficientes de correlação. Ao considerar os dados somente das testemunhas, estes foram maiores em magnitude e com mais significância estatística, quando comparado com as correlações obtidas com os dados de todos os genótipos avaliados. Isto pode ter ocorrido devido à ausência de repetições nos genótipos avaliados no 72 campo, utilizando-se somente os dados corrigidos pelas médias das testemunhas. O caráter REND correlacionou-se significativamente com todos os outros caracteres de campo avaliados, exceto com RAZ, considerando os dados somente das testemunhas. Ao avaliarmos os dados de todos os genótipos, o REND novamente não apresentou correlação com RAZ. Esses resultados indicam que a variável RAZ apresenta-se como pouco informativa para seleção de genótipos resistentes e/ou tolerantes ao nematoide reniforme combinado a produtividade de grãos. A variável RAZ apresentou uma correlação negativa e significativa, apesar da baixa magnitude, apenas com a NR. O caráter REND apresentou correlações negativas e significativas com as variáveis NR e NGR, ou seja, quanto maior o rendimento de grãos do genótipo avaliado menores os valores de NR e NGR. Contrariamente, a associação do REND com o caráter IR foi positiva (r=0,55; P<0,01), favorável para seleção de genótipos com maiores produtividades médias de grãos baseado na variável IR. Resultados semelhantes já foram relatados por Asmus (2004b) em que o NGR obteve correlações negativas com as variáveis, índice de uniformidade (r=-0,36; P<0,01), vigor (r=-0,25; P<0,01) e com o rendimento de grãos (r=0,35; P<0,01), evidenciado que estas variáveis estão associadas. Na presença de correlações fenotípicas de alta magnitude a alteração em um caráter, por meio da seleção, promove alterações significativas em outras variáveis correlacionadas (REZENDE, 2002). O caráter IR apresentou alta correlação negativa (r=-0,68; P<0,01) com NR. Isto significa que quanto maior o valor de IR há uma forte tendência dos genótipos possuírem menores valores de NR. Este resultado foi condizente com o propósito de avaliação da resistência/tolerância ao nematoide reniforme em condições de campo, pois, quanto maior o IR ou tanto menor o NR, maior será o nível de resistência/tolerância do genótipo a campo. O IR obteve uma alta correlação negativa com NGR (Tabela 6). A variável NR também apresentou correlação alta e negativa com NGR (r=-0,61; P<0,01). Estes resultados indicam a possibilidade de seleção de genótipos resistentes ao R. reniformis baseado nas variáveis IR e NR, em detrimento do NGR que apresenta maiores dificuldades de mensuração a campo. 73 Baseado nas correlações fenotípicas obtidas considerando todos os genótipos, o REND obteve sua maior correlação, em magnitude, com a NR (r=0,34; P<0,01). Este resultado indica a possibilidade de seleção de genótipos de soja resistentes ao R. reniformis, com boas chances de selecionar aqueles mais produtivos. O REND também se correlacionou, significativamente, com IR e NGR (Tabela 6). Ao analisar a associação entre os caracteres de campo, as maiores magnitudes de correlação foram entre o IR com o NR (r=-0,46; P<0,01), e o IR com NGR (r=-0,45; P<0,01). Quando se considerou todos os genótipos de soja avaliados, o caráter RAZ apresentou associação com IR, além da correlação com NR já detectada anteriormente com as informações somente das testemunhas. Tabela 6. Coeficientes de correlação fenotípica linear de Pearson das variáveis observadas considerando somente as testemunhas (MSOY 8001 e BRS 239), e com todos os genótipos avaliados. Testemunhas REND REND 1,00 IR IR NR ** RAZ ** ** NGR NGR CV 0,09 ns ** -0,55 -0,63 ns -0,80 ** -0,82 0,55 -0,52 1,00 -0,68 0,05 1,00 -0,25 0,61 1,00 -0,05 NR RAZ ** NGR ** ns 1,00 NGR CV -0,63 ** -0,82 ** 0,81 NR 0,80 1,00 IR Testemunhas e linhagens NR RAZ NGR -0,34** -0,07 1,00 -0,46** 0,27** -0,45** 1,00 ** 0,99** NGR CV 0,03 -0,45** -0,23** 0,23** -0,09 ns 0,12 ns -0,04 0,09 1,00 FR CV ns -0,23** 1,00 NGR CV * ns 0,29** NGR ** ns. 1,00 1,00 RAZ ** 0,81 ** 1,00 REND IR ** -0,01 FR CV REND ** ns -0,01 0,80 FR CV ** ns ns FR CV 0,04 ns -0,23** 0,13* -0,06 ns 0,14* 0,91** 1,00 ns ou Significativo pelo teste t (P<0,01 ou P<0,05); Não significativo. REND, IR, NR, RAZ e NGR já foram denominados anteriormente (Tabela 4). NGR CV: dados de número de nematoides por grama de raiz obtidos em casa de vegetação. FR CV: dados de fator de reprodução obtidos em casa de vegetação. Como os 162 genótipos testados em campo foram avaliados em casa de vegetação, em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições 74 (Capitulo 2), os dados de fator de reprodução (FR CV) e número de nematoides por grama de raiz (NGR CV) obtidos em casa de vegetação foram utilizados para correlacionar com as variáveis avaliadas em campo. Ao avaliar somente as correlações provenientes dos dados das testemunhas, verificou-se que a média de FR CV obteve uma alta e significativa correlação positiva com NR (r=0,81; P<0,01) e com NGR no campo (r=0,80; P<0,01); bem como apresentou correlação negativa e significativamente alta com IR (r=-0,82; P<0,01) e REND (r=-0,63; P<0,01). Esse mesmo padrão de correlação foi obtido entre NGR CV e as demais variáveis de campo (Tabela 6). Esta correlação significativa entre os dados de campo experimental e casa de vegetação indica possibilidade das avaliações realizadas no campo serem suficientes para seleção de genótipos de soja resistente/tolerante ao nematoide reniforme, pois as testemunhas apresentaram reações semelhantes tanto em campo quanto em casa de vegetação. No entanto, ao analisar todos os genótipos de soja avaliados, o caráter FR CV correlacionou-se somente com IR (r=-0,23; P<0,01), NR (r=0,13; P<0,05) e NGR de campo (r=0,14; P<0,05). O NGR CV apresentou associação significativa somente com IR (Tabela 6). Cia et al. (2009b) testaram a reação do algodoeiro a Meloidogyne incognita e R. reniformis em condições de campo e casa de vegetação por 5 safras. As análises de correlações mostraram que houve uma baixa correlação entre os dados de tolerância avaliada a campo e o de resistência determinada em casa de vegetação, sendo indicado que quando o objetivo for prever o comportamento de genótipos a nematoides sempre optar por avaliações em condições naturais de ocorrência desses parasitas. Os resultados permitiram verificar que as variáveis IR e NR apresentaram informações relevantes para seleção de genótipos de soja resistentes e/ou tolerantes ao nematoide reniforme em condições de campo, associado à possibilidade de selecionar aqueles com maiores produtividades médias de grãos. Carvalho et al. (2001) relataram que caracteres com baixa herdabilidade tendem a dificultar o processo de seleção, devido à grande influência do ambiente. Neste ínterim, se um caráter auxiliar apresentar alta herdabilidade e estiver correlacionado com o caráter de interesse com baixa herdabilidade, é muito mais vantajoso realizar seleção de modo indireto por 75 meio de o caráter auxiliar. Cabe ressaltar que a avaliação da NR foi mais prática para obtenção e aferição da resistência em comparação aos caracteres IR e NGR. 3.4 Conclusões Os genótipos apresentam alta variabilidade fenotípica para a maioria dos caracteres avaliados. A avaliação dos genótipos no campo, em condições natural de infestação do nematoide reniforme, é fundamental para maior eficiência na seleção de genótipos de soja resistentes ao R. reniformis. A presença de correlações significativas entre os caracteres REND, IR, NR e NGR permite os programas de melhoramento realizar seleção combinada de genótipos de soja resistentes ao R. reniformis e com alto potencial produtivo. Os caracteres IR e NR são os mais práticos, eficientes e rápidos de obtenção e mensuração da resistência ao nematoide reniforme a campo. O delineamento em testemunhas intercalares foi útil para avaliar a resistência de genótipos de soja quanto ao nematoide R. reniformis em condições de campo. 3.5 Referências ALMEIDA, W. P.; PIRES, J. R.; RUANO, O.; TURKIEWICZ, L. Desempenho de cultivares e linhagens de G. hirsutum perante o nematoide Rotylenchulus reniformis. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003. Goiânia. Resumos... Campina Grande: EMBRAPA-ALGODÃO 2003, 1 CD-ROM. ASMUS, G. L. Avaliação de genótipos de soja ao nematoide reniforme Rotylenchulus reniformis. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004a. 24 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 19). 76 ASMUS, G. L. Ocorrência de nematoide fitoparasitos em algodoeiro no estado de Mato Grosso do Sul. Nematologia Brasileira, Brasília, DF, v. 28, n. 1, p. 77-86, jan. 2004b. ASMUS, G. L. 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