Microeconomia A III Prof. Edson Domingues Aula 5 Bens Públicos Bens Públicos Oferta e demanda de Bens Públicos O problema do carona Mecanismos de solução para o problema dos bens públicos Referências VARIAN, H. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus,1994. (segunda edição americana, 1a. reimpressão) Capítulo 31 PINDYCK, R. S., RUBINFELD, D.L. Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2002. (quinta edição) Capítulo 18 Os Diferentes Tipos de Bens Quando pensamos sobre os vários tipos de bens na economia, torna-se útil agrupá-los de acordo com duas características: O bem é excluível? O bem é rival? Os Diferentes Tipos de Bens Exclusibilidade As pessoas podem ser excluídas do uso do bem. As leis reconhecem os direitos de propriedade. Os Diferentes Tipos de Bens Rivalidade • O uso do bem por uma pessoa impede outra de usá-lo. Quatro Tipos de Bens Bens privados Bens públicos Recursos comuns Monopólio natural Tipos de Bens Bens privados São bens excluíveis e rivais. Bens públicos São bens não excluíveis e nem rivais. Tipos de Bens Recursos comuns São bens rivais mas não excluíveis. Monopólios naturais São bens excluíveis mas não rivais. Tipos de Bens Rival? Sim Bens privados Sim Excluível? Não Não Monopólios naturais Sorvetes Corpo de bombeiros Roupas TV a cabo Estradas com pedágio Estradas com pedágio não congestionadas congestionadas Recursos comuns Bens públicos Peixes do mar Defesa nacional Meio ambiente Conhecimento Estradas sem pedágio Estradas sem pedágio congestionadas não congestionadas Alguns Bens Públicos Importantes Defesa nacional Pesquisa básica Programas pobreza de combate à Bens Públicos Características dos Bens Públicos Não-rivais O custo marginal de prover o bem para um consumidor adicional é zero para qualquer nível de produção. Não-excludentes Os indivíduos não podem ser excluídos do consumo do bem. Educação é um bem público? Bens Públicos Nem todos os bens produzidos pelo governo são bens públicos Alguns desses bens são rivais ou excludentes: Educação Parques Bens Públicos Bens Públicos e Falhas de Mercado Quanto você consumiu de segurança pública na semana passada? Você pagaria por utilizar uma rua com policiamento público? O Problema do Carona Um carona é uma pessoa que se beneficia do uso de um bem mas não paga por ele. O Problema do Carona As pessoas não podem ser excluídas de utilizar um bem público, portanto os indivíduos evitam pagar por ele esperando que outras o façam. O problema do carona impede que os mercados livres ofereçam bens públicos. Resolvendo o Problema do Carona O governo pode decidir oferecer o bem público se os benefícios totais excedem os custos. O governo pode beneficiar a todos oferecendo o bem público e pagando por ele com receitas de impostos. Bens Públicos O problema dos caronas A provisão de alguns bens ou serviços necessariamente beneficia todos os indivíduos. Os indivíduos não têm incentivo a pagar o valor que atribuem ao bem pelo direito de consumí-lo. Os caronas subestimam o valor de um bem ou serviço com o objetivo de usufruir de seus benefícios sem ter de pagar por eles. Provisão de Bens Públicos 2 indivíduos (1 e 2), colegas de apto. Riqueza individual: w1 e w2 Pagamento pela TV: g1 e g2 “Sobra”para outros bens: x1 e x2 custo da TV: c (c=g1+g2) RO: x1 + g1 = w1 x 2 + g 2 = w2 Provisão de Bens Públicos Funções de utilidade u1 ( x1 , G ) u 2 ( x2 , G ) G 0 sem T V G 1 com T V Preços de reserva: r1 e tais que : u1 ( w1 r1 ,1) u1 ( w1 ,0) u2 ( w2 r2 ,1) u2 ( w2 ,0) r2 (1) (2) Provisão de Bens Públicos Alocações possíveis ( x1 , x2 , G) (w1 , w2 ,0) (w1 g1 , w2 g 2 ,1) ( x1 , x2 ,1) ( x1 , x2 ,1) melhor no sentido de Pareto se: u1 ( w1 ,0) u1 ( x1 ,1) De (1) u1 ( w1 r1 ,1) u1 ( w1 g1 ,1) u2 ( w2 ,0) u2 ( x2 ,1) De (2) u2 ( w2 r2 ,1) u2 ( w2 g 2 ,1) Provisão de Bens Públicos Como a utilidade é crescente com o consumo de bens: u1 ( w1 r1 ,1) u1 ( w1 g1 ,1) w1 r1 w1 g1 r1 g1 (3) u 2 ( w2 r2 ,1) u 2 ( w2 g 2 ,1) w2 r2 w2 g 2 r2 g 2 (4) Provisão de Bens Públicos Portanto r1 g1 (3) r2 g 2 (4) Condição necessária para eficiência de Pareto com a compra do BP: u1 ( x1 ,1) u1 ( w1 ,0) u2 ( x2 ,1) u2 ( w2 ,0) Como, g1 g2 c , a condição suficiente é: r1 r2 g1 g 2 c Provisão de Bens Públicos Conheço a alocação eficiente do BP, mas como é a decisão conjunta? Se r1 c e r2 c o indivíduo 1 pode mentir para pegar carona (declara r1 0 ). Mas o indivíduo 2 também pode mentir... (Teoria dos Jogos vai tratar de interação estratégica) Provisão de Bens Públicos Diferentes níveis do BP G qualidade da T V c(G ) custo da T V de qualidade G Comprada T V : x1 x 2 c(G ) w1 w2 Alocaçãoeficiente de Pareto: max u1 ( x1 , G ) x1 , x2 ,G u 2 ( x2 , G) u 2 tal que x1 x 2 c(G ) w1 w2 Provisão de Bens Públicos Diferentes níveis do BP L u1 ( x1 , G ) u 2 ( x 2 , G ) u 2 x1 x 2 c(G ) w1 w2 CPO L u1 ( x1 , G ) 0 x1 x1 (1) u 2 ( x 2 , G ) L 0 x 2 x 2 (2) u 2 ( x 2 , G ) c(G ) L u1 ( x1 , G ) 0 G G G G (3) Provisão de Bens Públicos Diferentes níveis do BP 1 u1 ( x1 , G ) u 2 ( x 2 , G ) c(G ) G G G u1 ( x1 , G ) De (1) x1 (3) u 2 ( x 2 , G ) De (2) x 2 (5) e (6) em 4: (4) (5) (6) Provisão de Bens Públicos Diferentes níveis do BP (5) e (6) em (4): u1 ( x1 , G ) u1 ( x1 , G ) G x1 TMS 1 u 2 ( x 2 , G ) G c(G ) u 2 ( x 2 , G ) G x 2 CMa ( G ) TMS 2 TMS1 TMS 2 CMa(G ) Provisão de Bens Públicos Condição de eficiência para o BP TMS1 TMS2 CMa(G) TMSi : propensão marginal a pagar por unidade adicional do BP Soma das propensões marginais a pagar pelo BP iguala seu custo marginal Se soma das propensões marginais a pagar pelo BP excede seu custo marginal, é eficiente prover mais do BP Se soma das propensões marginais a pagar pelo BP é menor que seu custo marginal, é eficiente prover menos do BP Provisão de Bens Públicos Condição de eficiência para um bem privado: TMS 1 TMS2 CMa( x) Cada pessoa consome sua qtde, todos atribuem o mesmo valor na margem Condição de eficiência para um bem público: TMS1 TMS2 CMa(G) Todos consomem a mesma qtde, podem atribuir diferentes valores na margem Provisão de Bens Públicos Exemplo 1 c(G ) G , u1 (G, x1 ) 0,3 ln(G ) ln(x1 ), e u 2 (G, x 2 ) 0,7 ln(G ) ln(x 2 ) TMS1 TMS 2 CMa(G ) 0,3 0,7 G G 1 0,3x1 0,7 x 2 1 0,3x 0,7 x G 1 2 1 1 G G x1 x2 x1 x 2 G 1000 0,3x1 0,7 x 2 G 0 Escolha de G depende da renda dos indivíduos Provisão de Bens Públicos Exemplo 1 x1 x 2 G 1000 1000 1,7 x 2 x1 1,3 0,3x1 0,7 x 2 G 0 x1 638,46 i ) x 2 100 G 261,54 x1 376,92 ii ) x 2 300 G 323,08 G eficiente depende da renda dos indivíduos Provisão de Bens Públicos Exemplo 2 c(G ) G , u1 (G, x1 ) x1 0,3 ln(G ) , e u 2 (G, x 2 ) x 2 0,7 ln(G ) TMS1 TMS 2 CMa(G ) 0,3 0,7 G 1 1 1 G 1 1 1 G x1 x 2 G 1000 x1 x 2 999 G i ) x 2 100 x1 899, G 1 ii ) x 2 300 x1 699, G 1 Provisão de Bens Públicos Exemplo 2 c(G ) G , u1 (G, x1 ) x1 0,3 ln(G ) , e u 2 (G, x 2 ) x 2 0,7 ln(G ) Funções de utilidade Quasilineares TMS1 TMS 2 CMa(G ) 0,3 0,7 G G 1 1 1 G 1 1 1 G x1 x 2 G 1000 x1 x 2 999 i ) x 2 100 x1 899, G 1 ii ) x 2 300 x1 699, G 1 G eficiente independe da renda dos indivíduos Provisão de Bens Públicos Problema do carona Mercado funcionará para o BP? Mercado vai gerar alocações eficientes do BP? O problema do Carona Dado que A contribui com gA unidades do BP, o problema de B é: max UB ( xB , gA gB ) xB , gB sujeito a x B gB w B , gB 0. O problema do Carona G Restrição de B; declividade = -1 gA xB O problema do Carona G Restrição de B; declividade = -1 gB 0 gA gB 0 não é permitido xB O problema do Carona G Restrição de B; declividade = -1 gB 0 gA gB 0 não é permitido xB O problema do Carona G Restrição de B; declividade = -1 gB 0 gA gB 0 não é permitido xB O problema do Carona G Restrição de B; declividade = -1 gA gB 0 gB 0 (i.e. carona) é o melhor para B gB 0 não é permitido xB Provisão de Bens Públicos Problema do carona BP Curvas de indiferença de 1 BP Curvas de indiferença do Carona gÀ G G TMS=1 x1 indivíduo A w1 TMS=1 Bem privado w2 x2 Bem privado indivíduo B (carona) Provisão de Bens Públicos Provisão do BP por uma pessoa tende a reduzir a provisão de outras Em geral, mercado competitivo gera pouca provisão (oferta) de bens públicos Mecanismos de oferta de bens públicos Mecanismo Sistema de comando de votação Mecanismos de incentivo para revelação da preferência por BP Provisão de Bens Públicos Mecanismo de comando A produção de um bem público pelo governo é vantajosa porque este pode especificar impostos ou taxas que permitam financiar a provisão do bem. É difícil determinar o nível ótimo do bem público na presença de caronas. Provisão de Bens Públicos Sistema de votação Preferência pela oferta do BP Pessoa A Pessoa B Pessoa C x y z y z x z x y Preferências intransitivas x a y y a z z a x Resultado depende da ordem de votação Provisão de Bens Públicos Sistema de votação Gera preferências sociais intransitivas Resultado depende da ordenação da votação Pode funcionar sob algumas condições Provisão de Bens Públicos Sistema de votação Gasto preferido com o BP Utilidade líquida (A) Utilidade líquida Bem privado Gasto (B) Formatos de preferências individuais pelo bem público Provisão de Bens Públicos Sistema de votação Se todos possuem preferências como (A), mecanismo de votação nunca será intransitivo Oferta do BP será pelo gasto mediano. Por quê? Gasto mediano será eficiente? Em geral, não: Não diz nado sobre condição marginal Pessoas podem mentir para manipular resultado final Provisão de Bens Públicos Sistema de votação Sob a votação pela regra da maioria, o nível de gasto no bem público será aquele correspondente à preferência do eleitor mediano---que não é, necessariamente, o resultado eficiente. Provisão de Bens Públicos Revelação da demanda Mecanismos de incentivo Para que as pessoas revelem corretamente suas preferências pelo BP Processo de “leilão” (requer preferências quasilineares) Provisão de Bens Públicos Mecanismos de incentivo - Exemplos Custo da iluminação pública: R$100 Avaliação de cada pessoa sobre o BP: vi Condição eficiente: Pagamento v i 100 proporcional a vi se instalado >> incentivo a pegar carona Provisão de Bens Públicos Mecanismos de incentivo - Exemplos 1. Pagamento proporcional a vi se instalado >> incentivo a pegar carona Provisão de Bens Públicos Mecanismos de incentivo - Exemplos 2. Todos pagam ci se a iluminação for instalada. Valor líquido ni= vi – ci . Se n i 0 instala-se a iluminação. a. Posso declarar R$ 1 milhão, garantir fornecimento e só pagar ci b. Tendência a exagerar na avaliação, custo de desviar é nulo. Provisão de Bens Públicos Mecanismos de incentivo - Exemplos 2. Todos pagam ci se a iluminação for instalada. Valor líquido ni= vi – ci . Se n i 0 instala-se a iluminação. c. Exagero não importa se não afeta decisão social. d. Agente pivô: altera soma de valores líquidos para cima ou para baixo, afeta decisão social. Provisão de Bens Públicos Mecanismos de incentivo - Exemplos 2. Todos pagam ci se a iluminação for instalada. Valor líquido ni= vi – ci . Se n i 0 instala-se a iluminação. e. Agente pivô: únicos que devem ter os mecanismos para revelar corretamente a preferência Mecanismo (imposto) de Groves-Clarke pode garantir incentivos corretos ao pivô.