O Perfil do Endividamento das famílias brasileiras em 2013
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra que, em 2013, houve
crescimento de 7,5% do número médio de famílias endividadas, com o percentual de
endividados alcançando a média anual de 62,5% do total das famílias brasileiras. Entretanto,
os indicadores de inadimplência não apresentaram a mesma tendência, mostrando
crescimento anual apenas no segundo semestre. A média anual do percentual de famílias com
contas ou dívidas em atraso e do percentual sem condições de pagar seus débitos foi de 21,2%
e 6,9% do total de famílias, respectivamente. Em 2013 houve continuidade do processo de
melhoria no perfil de endividamento das famílias, com avanços na composição, prazos e
comprometimento de renda.
Principais resultados
No ano de 2013, um número maior de famílias relatou ter dívidas – entre cartão de crédito,
cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês,
financiamento de carro, financiamento de casa, e outros – na comparação com o ano anterior.
Observou-se que o percentual de famílias que relatou possuir dívidas permaneceu em patamar
superior ao observado em 2012 durante todo o ano, alcançando seu maior patamar em julho
de 2013, 65,2% das famílias, que corresponde ao segundo maior de toda a série histórica da
pesquisa, ficando atrás somente do observado em fevereiro de 2011 (65,3%).
Quadro resumo – Principais indicadores
2010
2011
2012
2013
Peic (Percentual do total) – Média anual
Famílias endividadas
59,1%
62,2%
58,3%
62,5%
Famílias com conta em atraso
Famílias sem condições de pagar as dívidas em
atraso
Peic em número absolutos – Média anual
25,0%
22,9%
21,4%
21,2%
8,8%
8,0%
7,1%
6,9%
Famílias endividadas
8.642.616
9.090.478
8.470.610
9.109.768
Famílias com conta em atraso
Famílias sem condições de pagar as dívidas em
atraso
Peic – Var.%
3.766.928
3.398.160
3.039.488
3.043.350
1.288.364
1.152.317
1.015.280
998.661
Famílias endividadas
-
5,2%
-6,8%
7,5%
Famílias com conta em atraso
Famílias sem condições de pagar as dívidas em
atraso
Fonte: PEIC/ CNC.
-
-9,8%
-10,6%
0,1%
-
-10,6%
-11,9%
-1,6%
1
Endividados
68,0%
% do total de famílias
66,0%
64,0%
62,0%
60,0%
58,0%
56,0%
54,0%
52,0%
50,0%
2010
2011
2012
2013
Fonte: PEIC/ CNC.
Os indicadores de inadimplência da pesquisa não aumentaram na mesma proporção que o
endividamento. Enquanto o número médio de famílias endividadas em 2013 aumentou 7,5%
em relação a 2012, o número médio de famílias com contas em atraso variou 0,1%, ou seja,
ficou praticamente estável nessa base de comparação. No entanto, ao longo de boa parte do
segundo semestre de 2013, o percentual de famílias com contas em atraso permaneceu em
patamar superior ao observado no mesmo período do ano anterior.
Contas em atraso
31,0%
% do total de famílias
29,0%
27,0%
25,0%
23,0%
21,0%
19,0%
17,0%
15,0%
2010
2011
2012
2013
Fonte: PEIC/ CNC.
Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas
em atraso e, portanto, permaneceriam inadimplentes, recuou -1,6% na média de 2013 ante o
ano anterior. Em março de 2013, essa taxa alcançou 6,3% das famílias, a menor taxa da série
histórica. Apesar da ligeira alta ao longo do segundo semestre, apenas nos meses de julho e
2
outubro de 2013 o percentual de famílias sem condições de pagar ficou acima dos patamares
observados para o indicador na comparação anual.
Não terão condições de pagar
11,0%
% do total de famílias
10,0%
9,0%
8,0%
7,0%
6,0%
2010
2011
2012
2013
5,0%
Fonte: PEIC/ CNC.
Assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi o tipo de dívida mais citado pelas
famílias brasileiras em 2013, por 75,2% das famílias que tinham dívidas. Em segundo lugar, foi
o carnê, por 18,7% das famílias, e em terceiro ficou o financiamento de carro, por 12,2%. O
perfil de endividamento seguiu a tendência de melhora observada nos anos anteriores, com
mais famílias apontando modalidades de menor risco e prazo maiores entre seus principais
tipos de dívida. Crédito consignado, financiamento de carro e financiamento de casa foram as
modalidades de dívida mais citadas em 2013, em relação a 2012.
Tipo de dívida
Cartão de crédito
Cheque especial
Cheque pré-datado
Crédito consignado
Crédito pessoal
Carnês
Financiamento de carro
Financiamento de casa
Outras dívidas
Não sabe
Não respondeu
2010
70,9%
8,3%
4,0%
3,9%
11,3%
25,0%
10,3%
3,2%
2,5%
0,2%
0,3%
2011
72,7%
6,8%
3,0%
3,9%
10,8%
22,0%
10,0%
3,5%
3,1%
0,2%
0,5%
2012
73,6%
6,2%
2,7%
4,0%
11,3%
19,8%
11,5%
4,5%
2,2%
0,3%
0,3%
2013
75,2%
6,2%
2,2%
5,2%
10,5%
18,7%
12,2%
6,1%
2,5%
0,2%
0,3%
Fonte: PEIC/ CNC.
A melhora no perfil de endividamento das famílias também é verificada no alongamento dos
prazos e no menor comprometimento médio de renda. De 2012 a 2013, entre as famílias
3
endividadas, enquanto o prazo médio de comprometimento com dívida subiu de 6,53 meses
para 6,74 meses, a parcela média da renda comprometida com dívidas caiu de 30,0% para
29,4%. Os prazos mais longos do crédito têm acomodado o crescimento das dívidas no
orçamento doméstico, sem aumentar o comprometimento de renda.
Comprometimento com dívidas - Tempo x Renda
30,0%
29,9%
6,74
6,69
6,68
6,80
6,75
6,70
29,6%
meses
% da renda mensal da família
30,1%
30,0%
29,9%
29,8%
29,7%
29,6%
29,5%
29,4%
29,3%
29,2%
29,1%
29,0%
6,65
29,4%
6,53
6,60
6,55
6,50
6,45
6,40
2010
2011
2012
2013
Parcela média da renda comprometida com dívida (entre os endividados)
Tempo médio de comprometimento com dívida (entre os endividados)
Fonte: PEIC/ CNC.
O perfil mais favorável do endividamento das famílias também se reflete na percepção das
famílias em relação ao seu endividamento. Apesar do maior número de endividados, a média
anual do percentual de famílias que relataram estar muito endividadas recuou de 13% em
2012 para 12,4% em 2013. Por outro lado, na mesma base de comparação, 27,2% relataram
estar muito endividadas em 2013, ante 24,5% em 2012.
Percepção de endividamento
100%
90%
80%
14,0%
21,1%
70%
15,9%
22,4%
13,0%
12,4%
Muito endividado
20,8%
22,9%
Mais ou Menos
endividado
60%
50%
24,0%
23,9%
24,5%
Pouco Endividado
27,2%
Não tem dívidas
desse tipo
40%
30%
20%
40,1%
36,8%
40,8%
37,0%
Não sabe
10%
Não respondeu
0%
2010
2011
2012
2013
Fonte: PEIC/ CNC.
4
Destaques
Em 2013 o nível de endividamento das famílias brasileiras aumentou. Esse aumento está
associado à manutenção de uma tendência de crescimento das concessões de crédito às
pessoas físicas, embora em ritmo mais moderado que o observado nos anos anteriores e
concentrado em algumas modalidades.
Apesar do aumento do número de famílias endividadas, alguns indicadores da pesquisa
apontam uma melhora do perfil de endividamento. O comprometimento médio da renda
mensal das famílias com dívidas caiu entre 2012 e 2013. Isso pode ser explicado pelo
alongamento dos prazos do crédito. O prazo médio subiu e mais famílias relataram ter
comprometimento superior a 12 meses com dívidas. Esse fator permitiu a acomodação de um
nível de endividamento maior na renda das famílias, com melhora na percepção em relação às
suas dívidas, já que se observou uma queda na parcela que relatou estar muito endividada.
Ainda que os indicadores de endividamento tenham apresentado resultados, em geral, mais
favoráveis, as altas do custo do crédito nos últimos meses, em termos reais, por meio das
elevações das taxas de juros ofertadas pelas instituições financeiras, juntamente a taxas
menores de crescimento da renda, tendem a elevar o comprometimento da renda com
dívidas, como se observou no último trimestre de 2013.
Outro aspecto que mostrou uma melhora no perfil de endividamento e na percepção das
famílias em relação às suas dívidas é em relação ao resultado dos principais tipos de dívida
citados pelas famílias. Cresceu o percentual de famílias que apontou o crédito consignado, o
financiamento de carro e o financiamento de casa entre os principais tipos de dívidas. Essas
modalidades possuem menor risco de crédito. Outra modalidade de dívida que também foi
mais citada em 2013 ante 2012, foi o cartão de crédito, que seguiu a tendência de
popularização observada desde o início da pesquisa.
A mudança do perfil das dívidas ajuda a explicar a manutenção dos indicadores de
inadimplência em patamares baixos em 2013, mesmo com um patamar maior de
endividamento. Houve ligeiro recuo no percentual de famílias inadimplentes, como também
uma melhora na percepção em relação à capacidade de pagamento, com menos famílias
relatando não ter condições de quitar seus atrasos e que, portanto, permaneceriam
inadimplentes.
5
Tabelas completas– Dezembro de 2013
Tabela 1 - Nível de endividamento
Pensando em sua renda mensal e da sua família (das pessoas que moram com você)
que está comprometida com dívidas como: cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de
lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros, o(a) sr.(a) se considera hoje:
Nível de endividamento
Dezembro de 2013
Categoria
Total
Muito endividado
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
11,6%
12,5%
7,5%
Mais ou menos endividado
24,6%
26,0%
18,2%
Pouco endividado
26,0%
25,5%
28,2%
Não tem dívidas desse tipo
37,4%
35,7%
45,9%
Não sabe
0,3%
0,3%
0,1%
Não respondeu
0,1%
0,1%
0,1%
Famílias endividadas
62,2%
63,9%
53,9%
Fonte: PEIC/ CNC.
Tabela 2 - Tipo de dívida
Quais os principais tipos de dívida que você possui neste momento?
Tipo de dívida
2013 (média)
Total
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
Cartão de crédito
75,2%
76,3%
70,8%
Cheque especial
6,2%
5,2%
10,1%
Cheque pré-datado
2,2%
2,0%
3,3%
Crédito consignado
5,2%
4,9%
6,4%
Crédito pessoal
10,5%
10,3%
11,3%
Carnês
18,7%
20,3%
11,4%
Financiamento de carro
12,2%
9,3%
25,7%
Financiamento de casa
6,1%
4,4%
13,5%
Outras dívidas
2,5%
2,7%
1,2%
Não sabe
0,2%
0,2%
0,2%
Não respondeu
0,3%
0,3%
0,2%
Fonte: PEIC/ CNC.
6
Tabela 3 - Famílias com contas em atraso
O sr.(a) e as pessoas que moram em sua casa têm atualmente alguma dívida atrasada?
Famílias com conta em Atraso (% entre os endividados)
Dezembro de 2013
Categoria
Total
Sim
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
33,4%
35,9%
21,0%
Não
66,2%
63,7%
78,5%
Não sabe
0,4%
0,4%
0,5%
Não respondeu
0,0%
0,0%
0,0%
Famílias com contas em Atraso (% total
de famílias)
20,8%
22,9%
11,3%
Fonte: PEIC/ CNC.
Tabela 4 - Condição de pagamento da dívida em atraso
Se sim, o (a) sr.(a) acredita que terão condições de pagar essas contas atrasadas no próximo
mês?
Condições de pagamento da dívida em atraso (% famílias com contas em atraso)
Dezembro de 2013
Categoria
Total
Sim, totalmente
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
29,9%
27,4%
40,4%
Sim, em parte
36,1%
36,4%
34,2%
Não terá condições de pagar
31,2%
33,3%
22,5%
Não sabe
2,8%
2,7%
2,8%
Não respondeu
0,0%
0,0%
0,0%
Não terão condição de pagar contas em
atraso (% total de famílias)
6,5%
7,6%
2,6%
Fonte: PEIC/ CNC.
7
Tabela 5 - Tempo de pagamento em atraso
Há quanto tempo o (a) sr.(a) possui algum tipo de conta com pagamento atrasado?
Tempo com pagamento em atraso (dentre as famílias com conta em atraso)
Dezembro de 2013
Categoria
Total
Até 30 dias
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
29,5%
26,9%
40,9%
De 30 a 90 dias
26,5%
26,6%
24,5%
Acima de 90 dias
42,4%
44,8%
33,8%
Não Sabe/Não Respondeu
1,5%
1,7%
0,9%
Tempo médio em dias
59,4
61,4
51,7
Fonte: PEIC/ CNC.
Tabela 6 - Tempo de comprometimento com dívidas (dentre os endividados)
Atualmente, o(a) sr.(a) e sua família estão comprometidos com dívidas até quando?
Tempo de comprometimento com dívida (Dentre os endividados)
Dezembro de 2013
Renda familiar mensal
Categoria
Total
Até 10 SM
+ de 10 SM
Até 3 meses
29,9%
30,0%
28,6%
Entre 3 e 6 meses
20,9%
22,2%
15,1%
Entre 6 meses e 1 ano
14,7%
15,4%
11,9%
Por mais de um ano
29,8%
27,6%
40,7%
Não Sabe/Não Respondeu
4,7%
4,9%
3,7%
Tempo médio em meses
6,6
6,5
7,3
Fonte: PEIC/ CNC.
8
Tabela 7 - Parcela da renda comprometida com dívidas (dentre os endividados)
Considerando o total da sua renda mensal e da sua família, qual é, aproximadamente, a
parcela comprometida com dívidas mensais, como cheque pré-datado, cartões de crédito,
fiados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestação de carro e seguro?
Parcela da renda comprometida com dívida (Dentre os endividados)
Dezembro de 2013
Categoria
Total
Menos de 10%
Renda familiar mensal
Até 10 SM
+ de 10 SM
22,2%
21,3%
26,1%
De 11% a 50%
50,1%
49,3%
54,9%
Superior a 50%
21,8%
22,6%
16,6%
Não Sabe/Não Respondeu
5,9%
6,7%
2,5%
Parcela Média
30,2%
30,6%
28,3%
Fonte: PEIC/ CNC.
9
Sobre a Peic
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é
apurada mensalmente pela CNC a partir de janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas
as capitais dos estados e no Distrito Federal, com cerca de 18.000 consumidores.
Das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: percentual de
consumidores endividados, percentual de consumidores com contas em atraso, percentual de
consumidores que não terão condições de pagar, tempo de endividamento e nível de
comprometimento da renda.
O aspecto mais importante da pesquisa é que, além de traçar um perfil do endividamento,
permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua
percepção em relação à sua capacidade de pagamento. Existem muitos indicadores nacionais
de crédito e inadimplência, que, entretanto, dizem pouco sobre o endividamento do
consumidor e nada em relação à sua percepção de capacidade de pagamento.
Com o aumento da importância do crédito na economia brasileira, sobretudo o crédito ao
consumidor, o acompanhamento desses indicadores é fundamental para analisar a capacidade
de endividamento e de consumo futuro deste, levando em conta o comprometimento de sua
renda com dívidas e sua percepção em relação à sua capacidade de pagamento. Assim, essa
pesquisa representa também um importante indicador antecedente do consumo e do crédito.
Os principais indicadores da Peic são:
 Percentual de famílias endividadas – percentual de consumidores que declaram ter dívidas
na família nas modalidades: cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas,
empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros;
 Percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso – percentual de consumidores com
contas ou dívidas em atraso na família;
 Percentual que não terão condições de pagar dívidas – percentual de famílias que não terão
condições de pagar as contas ou dívidas em atraso no próximo mês e, portanto,
permanecerão inadimplentes;
 Nível de endividamento – entre muito, mais ou menos ou pouco endividados;
 Principais tipos de dívida – entre cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado,
crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro, financiamento de
casa e outras dívidas;
 Tempo de atraso no pagamento – entre até 30 dias, de 30 a 90 dias e mais que 90 dias; e
 Tempo de comprometimento com dívidas – entre até três meses, de três a seis meses, de
seis meses a um ano e maior que um ano.
10
Download

O Perfil do Endividamento das famílias brasileiras em 2013