Percentual de famílias com contas em atraso aumenta em agosto de 2015 Após dois meses consecutivos de queda, o percentual de famílias com dívidas aumentou em agosto de 2015. Em relação ao mesmo mês do ano passado, entretanto, houve redução. O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou tanto na comparação mensal, quanto na anual, assim como o percentual que relatou não ter condições de pagar suas contas em atraso, que alcançou o maior patamar desde junho de 2011. Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias) Total de endividados Dívidas ou contas em atraso Não terão condições de pagar Agosto de 2014 63,6% 19,2% 6,5% Julho de 2015 61,9% 21,5% 8,1% Agosto de 2015 62,7% 22,4% 8,4% O percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 62,7% em agosto de 2015, o que representa uma alta em relação aos 61,9% observados em julho de 2015, mas, contudo, uma queda em relação aos 63,6% de agosto de 2014. Acompanhando da alta do percentual de famílias endividadas, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso também aumentou na comparação mensal, de 21,5% para 22,4% do total. Também houve alta do percentual de famílias inadimplentes em relação à agosto de 2014, quanto esse indicador alcançava 19,2% do total. O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, apresentou alta em ambas as bases de comparação, alcançando 8,4% em agosto de 2015, ante 8,1% em julho de 2015 e 6,5% em agosto de 2014. A alta do número de famílias endividadas, na comparação com o mês imediatamente anterior, foi observada em ambas as faixas de renda. Na comparação anual, ambas as faixas de renda apresentaram tendência de queda. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual de famílias com dívidas foi de 64,2% em agosto de 2015, ante 63,3% em julho de 2015 e 64,8% em agosto de 2014. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas passou de 55,4% em julho de 2015 para 55,9% em agosto de 2015. Em agosto de 2014 o percentual de famílias com dívidas nesse grupo de renda era de 57,6%. 1 O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso também apresentou tendência semelhante entre os grupos de renda pesquisados, com elevação em ambas as bases de comparação. Na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso passou de 24,1% para 25,2% em agosto de 2015. Em agosto de 2014, 21,2% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atraso. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes alcançou 9,9% em agosto de 2015, ante 9,8% em julho de 2015 e 9,7% em agosto de 2014. Já a análise por faixa de renda do percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso mostrou comportamento distinto entre os grupos pesquisados, na comparação mensal e na anual. Na faixa de maior renda, o indicador alcançou 2,6% em agosto de 2015, abaixo dos 2,8% em julho de 2015 e dos 3,0% em agosto de 2014. Para o grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos aumentou de 9,5%, em julho de 2015, para 10,0% em agosto de 2015. Em relação a agosto de 2014, houve alta de 2,7 pontos percentuais. Nível de endividamento (% em relação ao total de famílias) Categoria Agosto de 2014 Julho de 2015 Agosto de 2015 Muito endividado 11,8% 12,9% 13,6% Mais ou menos endividado 24,8% 23,3% 24,0% Pouco endividado 27,0% 25,7% 25,1% Não tem dívidas desse tipo 36,0% 37,9% 37,1% Não sabe 0,4% 0,2% 0,1% Não respondeu 0,0% 0,0% 0,0% A proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou entre os meses de julho de 2015 e agosto de 2015 – de 12,9% para 13,6% do total de famílias. Na comparação anual, também houve alta. Na comparação entre agosto de 2014 e agosto de 2015, a parcela que declarou estar mais ou menos endividada passou de 24,8% para 24,0%, e a parcela pouco endividada passou de 27,0% para 25,1% do total de famílias. Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 60,9 dias em agosto de 2015 – acima dos 59,7 dias de agosto de 2014. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi de 7,2 meses, sendo que 24,7% estão comprometidas com dívidas até três meses, e 34,9%, por mais de um ano. Ainda entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas aumentou na comparação anual, passando de 29,7% para 31,5%, e 26,0% delas afirmaram ter mais da metade de sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas. O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 77,7% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 16,5%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 13,9%. Para as famílias com renda até dez salários mínimos, cartão de crédito, por 78,7%, 2 carnês, por 18,0%, e financiamento de carro, por 10,9%, são os principais tipos de dívida apontados. Já para famílias com renda acima de dez salários mínimos, os principais tipos de dívida apontados em agosto de 2015 foram: cartão de crédito, para 73,1%, financiamento de carro, para 28,2%, e financiamento de casa, para 17,1%. Tipo de dívida (% de famílias) Agosto de 2015 Tipo Total Cartão de crédito Cheque especial Cheque pré-datado Crédito consignado Crédito pessoal Carnês Financiamento de carro Financiamento de casa Outras dívidas Não sabe Não respondeu 77,7% 6,4% 1,9% 4,5% 8,7% 16,5% 13,9% 8,3% 2,2% 0,2% 0,1% Renda familiar mensal Até 10 SM + de 10 SM 78,7% 5,4% 1,6% 4,1% 8,2% 18,0% 10,9% 6,4% 2,5% 0,2% 0,1% 73,1% 10,5% 3,2% 6,0% 10,7% 9,5% 28,2% 17,1% 1,2% 0,1% 0,0% Após dois meses de queda, o percentual de famílias com dívidas voltou a subir e alcançou o maior patamar do ano em agosto de 2015. No entanto, a proporção de famílias que declaram ter dívidas ficou em patamar inferior ao do ano passado. O crescimento mais moderado do crédito em relação ao ano passado está relacionado a essa redução. Apesar dessa queda, a percepção das famílias em relação ao seu nível de endividamento piorou, pois foi maior o percentual de famílias que disseram estar muito endividadas. Entre as famílias endividadas, aumentou o comprometimento da renda com o pagamento mensal do serviço das dívidas. As condições menos favoráveis de contratação de novos empréstimos e de renegociação de dívidas, somadas ao recuo dos rendimentos dos trabalhadores, têm levado a um aumento do peso das dívidas no orçamento familiar e a uma piora na percepção das famílias em relação ao seu endividamento. A proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou, em agosto de 2015, pelo sexto mês consecutivo. Houve alta também na comparação anual, tendo o indicador alcançado o maior patamar desde julho de 2013. Adicionalmente, houve piora na percepção das famílias em relação a sua capacidade de pagamento, e o percentual de famílias que disseram não ter condições de pagar suas contas em atraso atingiu o maior patamar desde junho de 2011. Apesar da moderação no crescimento do crédito, a alta do custo do crédito e o cenário menos favorável do mercado de trabalho exerceram impactos negativos nos indicadores de inadimplência. 3 Sobre a Peic A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC a partir de janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18.000 consumidores. Das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: percentual de consumidores endividados, percentual de consumidores com contas em atraso, percentual de consumidores que não terão condições de pagar suas dívidas, tempo de endividamento e nível de comprometimento da renda. O aspecto mais importante da pesquisa é que, além de traçar um perfil do endividamento, permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua percepção em relação a sua capacidade de pagamento. Existem muitos indicadores nacionais de crédito e inadimplência, que, entretanto, dizem pouco sobre o endividamento do consumidor e nada em relação a sua percepção da capacidade de pagamento. Com o aumento da importância do crédito na economia brasileira, sobretudo o crédito ao consumidor, o acompanhamento desses indicadores é fundamental para analisar a capacidade de endividamento e de consumo futuro deste, levando-se em conta o comprometimento de sua renda com dívidas e sua percepção em relação a sua capacidade de pagamento. Assim, a pesquisa representa, também, um importante indicador antecedente do consumo e do crédito. Os principais indicadores da Peic são: Percentual de famílias endividadas – percentual de consumidores que declaram ter dívidas na família nas modalidades: cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros; Percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso – percentual de consumidores com contas ou dívidas em atraso na família; Percentual que não terá condições de pagar dívidas – percentual de famílias que não terão condições de pagar as contas ou dívidas em atraso no próximo mês e, portanto, permanecerão inadimplentes; Nível de endividamento – entre muito, mais ou menos ou pouco endividados; Principais tipos de dívida – entre cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro, financiamento de casa e outras dívidas; Tempo de atraso no pagamento – entre até 30 dias, de 30 a 90 dias e mais que 90 dias; e Tempo de comprometimento com dívidas – entre até três meses, de três a seis meses, de seis meses a um ano e maior que um ano. 4