UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância da psicomotricidade no cotidiano da Educação Infantil
Por: Cristiane Pereira de souza Nascimento
Orientador
Prof.ªMs Fabiane Muniz
Niterói
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Desenvolvimento psicomotor, um olhar pedagógico
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em psicomotricidade.
Por Cristiane Pereira de Souza Nascimento
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos e pessoas que, direta e
indiretamente,
contribuíram
confecção desse trabalho.
para
a
4
DEDICATÓRIA
Dedico
esse
trabalho
aos
amigos
professores que lutam com amor, alegria e
esperança por uma educação de qualidade e
respeitando as diversidades encontradas em
seus espaços de trabalho.
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RESUMO
Este trabalho define o que é psicomotricidade e qual o seu papel na escola
de educação infantil.
É uma proposta de leitura para sinalizar aos professores como planejar suas
aulas, valorizar materiais e espaços retirando deles todas as riquezas para a
formação e crescimento de seus alunos.
Através dessa leitura aprendemos que cada criança é única e é através da
exploração que ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. A
criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida, de maneira contínua e as
instituições de ensino devem promover subsídios para o desenvolvimento
psicomotor de seus alunos.
O fato é a total falta de preparo de alguns professores que não percebem
ou não sabem como valorizar espaços e materiais pedagógicos. Desprezam as
experiências de vida de seus alunos e por muitas vezes não consideram
importante o envolvimento emocional com seus alunos e familiares.
É fundamental que o professor pesquise, estude e conheça o que é
psicomotricidade, planejando atividades com olhar direcionado e conhecendo sua
importância contribuição para o desenvolvimento de seu aluno.
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METODOLOGIA
A expressão “pesquisa qualitativa” é bastante usada por apresentar
abrangência suficiente para englobar múltiplas variantes e por ser mais
frequentemente encontrada na literatura.
No entanto, deve-se destacar o inconveniente de sugerir uma falsa
oposição entre qualitativo e quantitativo: a questão é de ênfase e não de
exclusividade.
Esta abordagem parte do pressuposto de que as pessoas agem em função
de suas crenças, costumes, valores e sentimentos e seu comportamento tem
sempre um motivo, um significado que não se dá a conhecer de modo imediato,
precisando ser desvelado.
Patton (1986) indica três características que considera essenciais aos
estudos qualitativos: visão holística, abordagem indutiva e investigação naturalista.
A visão holística parte do princípio de que o significado de um comportamento
e/ou evento só é possível a partir da compreensão das interrelações que emergem
de um dado contexto. A abordagem indutiva é aquela que as dimensões e
categorias de interesse aconteçam progressiva e naturalmente durante o processo
de coleta e análise dos dados. Por fim investigação naturalista é aquela em que o
pesquisador intervem ao mínimo no contexto de sua observação.
Por estas características podemos destacar o fato de se considerar o pesquisador
como principal instrumento de investigação e a necessidade de contato direto e
prolongado com o campo. Daí ocorre a natureza predominante dos dados
qualitativos:
“Descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interações e
comportamentos observados; citações literais do que as pessoas falam sobre
suas experiências, atitudes, crenças e pensamentos; trechos de documentos,
correspondências, atas ou relatórios de casos” (Patton, 1986, p.22).
Para os “qualitativos” a realidade é uma construção social onde o pesquisador
participa e, portanto os fenômenos só serão compreendidos através de uma dada
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situação em suas interações e influências recíprocas, o que se impossibilita de
relações lineares de causa e efeito assim como generalizações de tipo estatístico.
Por isso, para os “qualitativos” conhecedor e conhecido estão sempre em
interação e a influência dos valores é inerente ao processo de investigação.
Partindo desse pressuposto, não se pode deixar de valorizar a imersão do
pesquisador no contexto, em total interação com os participantes, procurando
apreender o significado por eles atribuídos aos fenômenos estudados.
Na verdade, as pesquisas qualitativas diferem entre si mais pelo grau de
estruturação imposto ao desing que pela discordância quanto à presença das
características citadas. As pesquisas qualitativas podem, assim, ser melhor
descritas se situadas num continuum que, embora ocupado graus inferiores nas
duas dimensões citadas, admitem grande variabilidade interna, em termos do grau
da estruturação prévia imposta ao estudo.
È observado que as pesquisas qualitativas nem sempre trabalham no
“contexto da descoberta”, podendo também ser usadas para verificar se relações
observadas com outras metodologias se confirmam em ambientes naturais.
De fato, instrumental e técnicas são freqüentemente usadas por
pesquisadores operando num e noutro paradigma. Entretanto, uma metodologia
não se define por uma coleção de técnicas e instrumentos, e sim, pela lógica que
orienta o processo de investigação; lógica esta que por sua vez, é determinada
pelos pressupostos teórico-epistemológico que caracterizam um dado paradigma.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO I - A psicomotricidade na educação infantil
10
CAPÍTULO II-Atividades psicomotoras
14
2.1-A importância dos jogos e brincadeiras
CAPÍTULO III – ViVências que formam e transformam a prática docente
3.1-Avaliação psicomotora
16
19
21
CONCLUSÃO
25
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
27
ÍNDICE
29
FOLHA DE AVALIAÇÃO
30
9
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é mostrar que ao longo da história, o corpo foi
marcado por significações diversas, atribuídas pela ciência, cultura e pelas
diversidades sociais, movidas por suas crenças e mitos onde os atributos ao corpo
estavam presentes em monumentos representativos aos deuses e impressos em
obras de arte. Poetas faziam do corpo representações de dramas e comédias
esboçando um ensaio para transformá-lo em órgão do espírito.
Como objeto de estudo, o corpo a partir do séc.XIX passou a ser considerado
objeto, sujeito a estudos sistemáticos e profundos no âmbito da experimentação.
Inicia-se por interesse da ciência diversos estudos.
A Neuropsicologia e a Neurologia foram as primeiras a estudá-lo, na tentativa
de compreender a estrutura e funcionamento cerebral, bem como suas patologias.
Mais tarde,o corpo passou a ser estudado pela Psicologia e pela Psicanálise a
fim de compreender a evolução da inteligência e suas perturbações.
As dificuldades enfrentadas pela Neurologia para explicar perturbações
motivaram Dupré (1909) a buscar uma relação entre o sintoma e a localização
cerebral. Nesse momento, ele cria pela primeira vez o termo Psicomotricidade,
que significa a relação entre movimento, pensamento e a afetividade. O autor
conclui que as perturbações psicológicas tinham estreitas relações com as
perturbações motoras.
Os estudos ligados à Psicomotricidade continuam e a pesquisa ganha força,
dando lugar à publicações de inúmeros trabalhos, com variados pensamentos
alusivos ao tema.
Segundo Carvalho (2000), a psicomotricidade é um meio de intercâmbio e
contato com o exterior.
O que importa não é a maturialidade de um gesto, mas sim o sistema
integrada que ele pertence e representa no instante em que se manifesta.
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CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
A educação infantil, como conceito de "infância", passou e passa por várias
concepções de acordo com a realidade sócio histórico de cada grupo de cada
época.
durante muito tempo a educação passou por várias vertentes, historicamente
assumindo
funções:
assistencialista,
compensatória,
de
promover
o
desenvolvimento global e harmônico da criança e de instrumentalizar as crianças.
Hoje a escola entende sua função social, pois entende que nos tornamos
"humanos" no momento de troca com o outro, partilhando experiências e histórias
de vida, aprendendo sobre nós mesmos na medida que o outro é nosso espelho.
A criança é vista como sujeito histórico, capaz de participar do processo de
criação cultural.
Ainda que a escola seja um ambiente diferente do familiar, as relações
"sociais" e neste sentido encontro uma das maiores justificativas para a educação
infantil:
possibilitar a criança esse contato com o outro permitindo que ela possa construirse neste contato.
" As relações entre desenvolvimento e aprendizagem proposta por Vygotsky,
podemos dizer, em primeiro lugar, que desenvolvimento e aprendizagem são
processos intimamente relacionados: imerso em um contexto cultural que lhe
fornece a 'matéria prima' do funcionamento psicológico, o indivíduo tem seu
processo de desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem
acionados externamente. Por outro lado, embora processos de aprendizagem
ocorram constantemente na relação do indivíduo com o meio, quando existe a
intervenção deliberada de um outro social nesse processo, ensino e aprendizagem
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passam a fazer parte de um todo único, indissociável, envolvendo quem ensina,
quem aprende e a relação entre essas pessoas (Oliveira,1995, p.580).
Antes de iniciarmos esse capítulo, sobre psicomotricidade na educação
infantil, sinalizaremos a seguinte definição:
“É a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento em relação
ao seu mundo interno e externo, e suas possibilidades de perceber, atuar, agir
com o outro, com os objetos e com si mesmo. Está relacionada ao processo de”.
Maturação onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas.”(S.B.P. 1999)
A psicomotricidade envolve toda ação realizada pelo indivíduo, permitindo
sua relação com o meio e com os demais.
De uma maneira estática, a motricidade pode ser definida como resultado
da ação do sistema nervoso sobre a musculatura, como resposta à estimulação
sensorial.
Enquanto o psiquismo poderia ser considerado como conjunto de
sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, etc.
Na escola de educação infantil recebemos crianças de 1 ano aos 6 anos de
idade e é fundamental que se perceba a função psicomotora como uma unidade
onde se integram a incitação, a percepção, a organização temporal, a memória,
a motivação, a atenção entre outros aspectos.
Cada elemento da motricidade deve ser considerado no conjunto e na
história que lhe dá significação. Por isso, a psicomotricidade deve ser
compreendida em sua integridade, partindo de fenômenos o desejar e o querer.
Através do seu corpo em movimento a criança realiza as suas experiências,
organiza a sua personalidade, toma consciência e conhecimento de si própria,
estabelece relação com o meio e com os outros.
O indivíduo evolui da maturação motora e da organização perceptiva para a
linguagem e para o progresso cognitivo.
Assim o gesto antecede a palavra, o ato antecede o pensamento e a
inteligência sensório-motora antecede a inteligência reflexiva.
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Na escola encontramos vários materiais que possibilitam expressões,
favorecem afetividade e prazer.
Durante a fase de educação infantil, é na sala de aula, no pátio ou refeitório
que o aluno busca um espaço para o seu corpo, vivendo e experimentando cada
momento. Se inibido de imediato haverá bloqueio psicomotor, levando ao
isolamento, ele passa a simplesmente observar e teme praticar, explorar com
receio de não conseguir.
A esta inibição dependerá seu desenvolvimento em inúmeras matérias
prejudicando seus avanços cognitivos.È importante chamar atenção ao que Piaget
já antecipava, com a preocupação de estimular as crianças de forma adequada,
em cada fase do seu desenvolvimento.Assim, ele redimensiona as questões da
psicomotricidade e não a limita apenas a uma primeira instância educativa.
“A educação psicomotora deve ser considerada como uma”.
Educação de base na pré-escola. Ela condiciona todos os
aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situação no
espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilidades de
coordenação de seus gestos e movimentos “. (Oliveira,
1997:35)”.
As atividades propostas pelos professores devem ter como objetivo atender a tudo
isso de forma harmônica e integrada, para que a criança assuma sua
corporeidade dentro de uma realidade que possibilite a livre expressão de um
sujeito pensante e questionador e evite distorções no processo de sua evolução.
A educação psicomotora é básica e o corpo deve ser instrumento mediador
entre o meio e o objeto numa relação vivencial adequada.Para isto é primordial
que se saiba que o desenvolvimento psicomotor tem como objetivo central na
educação o
movimento, é contribuir com o desenvolvimento psicomotor da criança, de quem
depende, ao mesmo, tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso
escolar.
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A imagem do corpo não é uma função, mas um conceito útil no plano
teórico, na medida em que serve de guia para compreender melhor o
desenvolvimento psicomotor através das diversas etapas.
Não se pode falar de imagem do corpo enquanto o EGO não está unificado.
Realidade interior e realidade exterior e Corpo percebido – corpo representado –
corpo operatório – corpo imaginário.Ajuriaguerra chama de “diálogo tônico” e
estabelece o equilíbrio entre duas forças: o ímpeto pulsional, tradução das
necessidades do indivíduo e a pressão do mundo exterior, das quais dependerá a
satisfação ou frustração.
Orientação espaço corporal – organização espaço corporal – lateralidade
membros inferiores e superiores.
Orientação temporal, ordem e sucessão – ordem e sucessão – ritmo –
Organização espacial
.È importante que a escola de educação infantil e os professores que atuam com
essas crianças tenham em mente que o desenvolvimento se dá não só com a
formação do pensamento e do conhecimento, mas a construção da
pessoa como um todo.
CAPÍTULO II
ATIVIDADES PSICOMOTORAS
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O movimento influencia a maturação do Sistema Nervoso da criança que é,
no seu acabamento e formação individual, função das relações e correlações
entre a ação e a sua representação.
A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades
que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio
do seu próprio corpo.
Por isso, psicomotricidade é um fator essencial e indispensável ao
desenvolvimento global e uniforme da criança. A Estrutura da Educação
Psicomotora é a base fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem
da criança. O desenvolvimento evoluiu do geral para o específico; enquanto uma
criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do problema, em geral,
está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor.
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com freqüência.
O desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, Estruturação
espacial, Orientação corporal e pré-escrita são fundamentais na aprendizagem;
um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
A criança cujo desenvolvimento psicomotor é mal construído poderá
apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de
letras, na ordenação de sílabas, na abstração, na análise gramatical, entre outras.
Através de estudos e pesquisas verificou-se que o corpo tem que ser visto
como um todo e pode- se observar a sua importância como um instrumento
para o desenvolvimento
e seu comportamento por muito tempo este não foi
valorizado, sendo fragmentado e deixado de lado.
Para Pavão deve-se pensar no corpo como um todo e que para o
desenvolvimento humano e a formação do Eu dependemos não só de uma
estrutura biológica, como também do que este corpo capta, percebe, vivencia e
troca com o meio ao seu redor.
Para melhor entender Pavão cita Vitor da Fonseca: (...) Como mapa a noção
do corpo é indispensável para “navegar” no espaço como alfabeto, é indispensável
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para comunicar e aprender. Ponto de referência espacial, instrumento de
realização e de criação, alicerce de estrutura do Eu, etc...
O corpo é uma construção biopsicossocial, um produto final das experiências
agradáveis e desagradáveis da vida.
Assim, para Vitor da Fonseca, “Psicomotricidade é a evolução das relações
recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos
e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento
humano”.
Existem outros teóricos da área, que falam da importância do desenvolvimento
motor como precursor de todas as demais áreas.
É durante a fase pré escolar/ E. Infantil, que a criança desenvolve grande
parte das habilidades que irá utilizar ao longo de sua vida e o professor tem papel
fundamental nesse processo de desenvolvimento e construção.
A psicomotricidade está presente desde a fase uterina e após o nascimento, o
bebê tende a usar o corpo para se comunicar e sentir o novo mundo que o cerca.
Quando a criança então inicia seu processo de verbalização aumentam as
possibilidades do professor interagir e estimular expressões, sentimentos e toda a
área cognitiva, a essa altura o conhecimento da psicomotricidade será base para
uma orientação correta e fundamentada em estudos e conhecimentos onde a
prática educativa deve ser antes de tudo, séria e consciente.
Porém, a partir da orientação em uma pré escola é que se pode constatar a
abrangência do significado de todas as definições.
A escola deve conhecer psicomotricidade não apenas por sua dimensão
cognitiva e sim por sua dimensão psicoafetiva e questionar qual seria a
importância da psicomotricidade nas relações entre aprender e apreender.
O professor precisa saber que através das brincadeiras, dos jogos, do contato
corporal, a criança tem liberdade de se expressar e manifestar suas angústias e
emoções.
O papel do jogo e das brincadeiras na evolução infantil e, sobretudo a sua
função para a representação mental do indivíduo deve permear todo e qualquer
planejamento pedagógico.
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Os professores que não tem conhecimentos específicos de psicomotricidade
ficam prejudicados em termos de fundamentação teórica e prática específica
dessa área que é fundamental na Ed. Infantil.
O estudo da importância da psicomotricidade enriqueceria seus planejamentos,
e assim o professor teria condições de auxiliar com maior competência todo
desenvolvimento de seu aluno.
2.1 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS
As brincadeiras infantis é um fator fundamental ao desenvolvimento das
aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta
estabeleça
vínculos
sociais
com
os
seus
semelhantes,
descubra
sua
personalidade, aprenda a viver em sociedade e preparar-se para as funções que
assumirá na idade adulta.
O objetivo é correlacionar o lúdico, a brincadeira de infância, com recursos
capazes de contribuir para o desenvolvimento das funções cognitivas da criança,
bem como fazer associação da atividade nervosa à cognição, objeto de estudo da
neuropsicologia.
O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente
agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de
várias habilidades. Em Psicologia, aprendizagem é o processo de modificação da
conduta por treinamento e experiência, variando da simples aquisição de hábitos à
técnicas mais complexas. A brincadeira infantil é um importante mecanismo para
o desenvolvimento da aprendizagem da criança.
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou
entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Ele afirma:
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“O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensóriomotor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a
esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades
múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem
todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando,
elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem
exteriores à inteligência infantil.( Piaget 1976, p.160).”
A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode
realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e
também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem
duas equipes antagônicas. (p.210)
O vocábulo "brinquedo"não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos de
jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Como
objeto é sempre suporte de brincadeira. E brincadeira? É a ação que a criança
desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica.
Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir"e, nesse
contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um
transmissor. A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou
transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Seu
interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem, suas
experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um gerador
de situações estimuladoras e eficazes. É nesse contexto que o jogo ganha um
espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe
estímulo ao interesse do aluno. O jogo ajuda-o a construir suas novas
descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um
instrumento pedagógico que leva o professor a condição de condutor, estimulador
e avaliador da aprendizagem.
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Pode-se perceber a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o
desenvolvimento intelectual e social da criança, mas faz-se necessário também
associar os mecanismos da aprendizagem com a integridade do sistema
nervoso.Crianças com algum tipo de problema neurológico ou motor necessitam
de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas atividades pedagógicas.
Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos
de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional, distante de
uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único
momento de exercício aeróbio para quem pretende ganhar maior mobilidade
física, e em segundo lugar, uma grande quantidade de jogos reunidos em um
manual somente terá validade efetiva, quando rigorosamente selecionados e
subordinados à aprendizagem que se tem em mente como meta.
CAPÍTULO III
VIVÊNCIAS QUE FORMAM E TRANSFORMAM A PRÁTICA
DOCENTE
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Por ser uma ciência ainda em busca de bases mais sólidas, o
psicomotricista ainda não têm todos os seus papeis definidos. Ele pode atuar em
conjunto com outras especificidades, mais também percebe-se sua atuação clínica
e institucional.
O psicomotricista é o profissional da área de saúde e educação que
pesquisa, ajuda, previne e cuida do homem na aquisição, no desenvolvimento e
nos tributos da integração soma psíquica.
A razão dos insucessos de experiências educacionais pode estar na
dificuldade das escolas e professores criarem espaços/ambientes educativos que
promovam desempenho global das crianças. Não basta recursos materiais, é
preciso ter um grande profissional capaz de usá-los e explorá-los e de interferir
nas práticas diárias.
Um bom trabalho de pscomotricidade na ed.infantil precisa de uma junção
de fatores: concepção, comportamento, compromisso, matérias e espaços .
-Concepção: todo trabalho precisa ser primeiramente planejado.Se não houver
planejamentos organizados e objetivos claros, se não houver uma linha de
pensamento pra seguir o professor, poderá se perder e não chegar ao seu objetivo
final.Técnicas sozinhas não transformam.
É imprescindível que se construa concepções, estas sim são perenes e
verdadeiras.Quando existe uma concepção na cabeça do professor, ele irá
encontrar no seu cotidiano uma forma de executar seu trabalho diante da
realidade.
No entanto, o contrário é sempre mais triste.O professor, apenas com suas
mãos comprometidas executa muito, mais sem a menor concepção do que está
fazendo.
-Comportamento: O professor que quer trabalhar com piscomotricidade deve ser
observador, afinal á nas atividades diárias que ele vai introduzindo práticas com
objetivos psicomotores. Não se podem dissociar as execuções. Motricidade deve
viver sempre acompanhada de afetividade. Todo movimento executa pela criança
em espaços diversificados e toda relação entre crianças, objetivos e outros
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indivíduos devem ser considerados riquezas. O aluno deve encontrar o outro
aluno nas relações diárias. E este encontro que possibilitará a socialização e a
humanização das relações.
Dinâmicas, brincadeiras e jogos educativos favorecem a construção do
conhecimento por meio de atividades lúdicas e um desafio para a maioria dos
profissionais da educação.
A utilização dos recursos de expressão corporal, verbal, não verbal e
especialmente lúdica, nas atividades escolares ainda é feita, muitas vezes, de
forma equivocada, sem preparo e projeto pedagógico, o que dificulta o intercâmbio
com outras áreas do conhecimento.Tais recursos não contêm, ainda, linguagem
acessível e elementos do dia-a-dia criança, como brinquedos e histórias.
É conveniente que o professor apresente um planejamento dinâmico, com
atividades que promovam movimentos e interações com o meio, objetivo e com
outros alunos, estabelecendo uma prática nos diferentes espaços disponíveis,
principalmente em sala de aula.
Tudo com intenção de aproximar o olhar do professor, sinalizar e
redirecionar para aspectos psicomotores.
Para essa afirmativa cito Lê Boulch:
" Le Boulch (1982) defende que a educação psicomotora deve ser considerada
como uma educação de base da escola primária. Ela condiciona todos os
aprendizados pré escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de
seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir
habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação
psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com
perseverança. permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando
estruturadas."
3.1-AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
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A avaliação psicomotora é fundamental para obtenção de dados da pessoa
que recorre a seus serviços.Essa avaliação contém alguns itens tais como:
histórico familiar, características do ambiente familiar dados pessoais e do seu
desenvolvimento motor e dificuldades na área motora.
O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de
todo o corpo e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em
vários fatores psicomotores. Segundo Fonseca (1995), apresenta 7 fatores, os
quais são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a
estruturação espácio-temporal e praxias fina e global.
Tonicidade
A tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no
desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, a mímica, as
emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas .
Equilíbrio
O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e
dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento
das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de
equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de
manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido
com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de
sustentação.
Lateralidade
A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da
mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo.
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A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo,
capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço.
O que geralmente acontece é a confusão da lateralidade com a noção de
direita e esquerda, que esta envolvida com o esquema corporal. A criança pode ter
a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou
vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a
lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação
espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e
incapacidade de seguir a direção gráfica.
A lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas só se
estabelece fisicamente por volta dos 4-5 anos.
Noção Corporal
A formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o
desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma
consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio.
Ajuriaguerra citado por Fonseca(1995), relata que a evolução da criança é
sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu
corpo, e através dele que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda
a sua personalidade.
A noção do corpo em psicomotricidade não avalia a sua forma ou as suas
realizações motoras, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo
da sua representação psicológica e lingüística e nas suas relações inseparáveis
com o potencial de alfabetização.
Este
fator
resume
dialeticamente
a
totalidade
do
potencial
de
aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo polissensorial
complexo, como também por integrar e reter a síntese das atitudes afetivas vividas
e experimentadas.
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Estruturação espaço-temporal
A estruturação espácio-temporal decorre como organização funcional da
lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a
conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial
somatognósico no espaço exterior (Fonseca, 1995).
Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados
no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações
integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal.
A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da
situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe
conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às
pessoas e coisas.
Praxia Global
Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação
voluntária pré-estabelecida com forma de alcança um objetivo. A praxia global esta
relacionada com a realização e a automação dos movimentos globais complexos,
que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de
vários grupos musculares.
Praxia Fina
A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a
função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e
durante a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual,
além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das
atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas.
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Crianças que têm transtornos na coordenação dinâmica manual
geralmente têm problemas visomotores, apresentando inúmeras dificuldades de
desenhar, recortar, escrever, ou seja, em todos os movimentos que exijam precisão
na coordenação olho/mão.
CONCLUSÃO
As escolas devem estabelecer finalidades educativas tendo o cuidado de
“ver” as crianças como sujeito do conhecimento e suas interações com o contexto
social. A criança ao mesmo tempo em que constitui o mundo, torna-se constituída
25
por ela, sofrendo dialeticamente estas interferências.
Os professores exercem um dos papeis mais importantes e lindos ao
participarem do crescimento de um ser que deverá ser participativo, questionador
e capaz interagir emocionalmente e comprometido com o bem estar do outro.
Acredito que a brincadeira, o brinquedo e os jogos contribuem fundamentalmente
para ampliar a comunicação, o afeto e as relações englobadas em um universo
maior.
O brincar é o meio de expressão da criança, por isso, não pode ser
reduzido apenas a brincadeiras pedagógicas, mas ser forma de liberdade de
criação, liberdade de expressão, afetividade e emoções.
O professor psicomotricista é anfitrião de novos desafios, doador de
emoções, ele percebe seus alunos como seres únicos, diferentes, com vivências
diversas e deverá estar preparado para explorar todo e qualquer acontecimento
que surgir em seu cotidiano escolar com planejamentos adequados à sua clientela
e a realidade em que estão inseridos.
A Harmonia do desenvolvimento infantil está diretamente relacionada ao
seu emocional, suas habilidades de leitura do mundo, sua segurança em transpor
obstáculos e para tanto a psicomotricidade deve ser cada vez mais estudada e
valorizada nas escolas, deve ser ponto de referência para todo planejamento. O
professor com olhar especial às atividades psicomotoras estará inserido de fato
com seu grupo de alunos, preocupado não apenas com a parte cognitiva mais se
comprometendo seriamente com o emocional de seus alunos.
A psicomotricidade é ferramenta fundamental na construção de pessoas
seguras, sensíveis, capazes de lidar com o mundo e com os outros, por tanto faz
parte da vida.
È inegável o trabalho da psicomotricidade nas escolas, o professor que ao
invés de ensinar e simplesmente transmitir conhecimentos já estabelecidos,
assuma o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender
dando a criança tempo para sua próprias descobertas promovendo e
26
proporcionando experiências concretas e vividas com o corpo inteiro, o professor
não deverá esquecer que seu trabalho deve ser focado no aluno.
BIBLIOGRAFIA
FONSECA,
V.
Manual
de
Observação
psicomotora:
Significação
psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
27
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de janeiro 2005.
PEREIRA. Mary Sue,A descoberta da criança(Introdução à Educação Infantil) 2ª
edição Ed.WaK Rio de janeiro 2005.
ALMEIDA.Geraldo Peçanha, Teoria e prática em psicomotricidade, jogos,
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de janeiro 2003.
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PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa
Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976
SANTOS, Santa Maria Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes
contextos. (org). Petrópolis, R.J.: Vozes, 1999
28
INDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÒRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
29
SUMÁRIO
8
INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO I
A psicomotricidade na Educação Infantil
10
CAPÌTULO II
Atividades psicomotoras
2.1-A importância dos jogos e brincadeiras
14
16
CAPÌTULO III
ViVências que formam e transformam a prática docente
3.1-Avaliação psicomotora
19
21
CONCLUSÃO
25
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
27
ÍNDICE
29
30
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:Universidade Cândido mendes
Título da Monografia: A importância da psicomotricidade no cotidiano da
Educação Infantil
Autor:Cristiane Perereira de Souza Nascimento
Data da entrega: 03/02/2007
Avaliado por:
Conceito:
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