UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A importância da psicomotricidade no cotidiano da Educação Infantil Por: Cristiane Pereira de souza Nascimento Orientador Prof.ªMs Fabiane Muniz Niterói 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Desenvolvimento psicomotor, um olhar pedagógico Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em psicomotricidade. Por Cristiane Pereira de Souza Nascimento 3 AGRADECIMENTOS Aos amigos e pessoas que, direta e indiretamente, contribuíram confecção desse trabalho. para a 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos amigos professores que lutam com amor, alegria e esperança por uma educação de qualidade e respeitando as diversidades encontradas em seus espaços de trabalho. 5 RESUMO Este trabalho define o que é psicomotricidade e qual o seu papel na escola de educação infantil. É uma proposta de leitura para sinalizar aos professores como planejar suas aulas, valorizar materiais e espaços retirando deles todas as riquezas para a formação e crescimento de seus alunos. Através dessa leitura aprendemos que cada criança é única e é através da exploração que ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida, de maneira contínua e as instituições de ensino devem promover subsídios para o desenvolvimento psicomotor de seus alunos. O fato é a total falta de preparo de alguns professores que não percebem ou não sabem como valorizar espaços e materiais pedagógicos. Desprezam as experiências de vida de seus alunos e por muitas vezes não consideram importante o envolvimento emocional com seus alunos e familiares. É fundamental que o professor pesquise, estude e conheça o que é psicomotricidade, planejando atividades com olhar direcionado e conhecendo sua importância contribuição para o desenvolvimento de seu aluno. 6 METODOLOGIA A expressão “pesquisa qualitativa” é bastante usada por apresentar abrangência suficiente para englobar múltiplas variantes e por ser mais frequentemente encontrada na literatura. No entanto, deve-se destacar o inconveniente de sugerir uma falsa oposição entre qualitativo e quantitativo: a questão é de ênfase e não de exclusividade. Esta abordagem parte do pressuposto de que as pessoas agem em função de suas crenças, costumes, valores e sentimentos e seu comportamento tem sempre um motivo, um significado que não se dá a conhecer de modo imediato, precisando ser desvelado. Patton (1986) indica três características que considera essenciais aos estudos qualitativos: visão holística, abordagem indutiva e investigação naturalista. A visão holística parte do princípio de que o significado de um comportamento e/ou evento só é possível a partir da compreensão das interrelações que emergem de um dado contexto. A abordagem indutiva é aquela que as dimensões e categorias de interesse aconteçam progressiva e naturalmente durante o processo de coleta e análise dos dados. Por fim investigação naturalista é aquela em que o pesquisador intervem ao mínimo no contexto de sua observação. Por estas características podemos destacar o fato de se considerar o pesquisador como principal instrumento de investigação e a necessidade de contato direto e prolongado com o campo. Daí ocorre a natureza predominante dos dados qualitativos: “Descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interações e comportamentos observados; citações literais do que as pessoas falam sobre suas experiências, atitudes, crenças e pensamentos; trechos de documentos, correspondências, atas ou relatórios de casos” (Patton, 1986, p.22). Para os “qualitativos” a realidade é uma construção social onde o pesquisador participa e, portanto os fenômenos só serão compreendidos através de uma dada 7 situação em suas interações e influências recíprocas, o que se impossibilita de relações lineares de causa e efeito assim como generalizações de tipo estatístico. Por isso, para os “qualitativos” conhecedor e conhecido estão sempre em interação e a influência dos valores é inerente ao processo de investigação. Partindo desse pressuposto, não se pode deixar de valorizar a imersão do pesquisador no contexto, em total interação com os participantes, procurando apreender o significado por eles atribuídos aos fenômenos estudados. Na verdade, as pesquisas qualitativas diferem entre si mais pelo grau de estruturação imposto ao desing que pela discordância quanto à presença das características citadas. As pesquisas qualitativas podem, assim, ser melhor descritas se situadas num continuum que, embora ocupado graus inferiores nas duas dimensões citadas, admitem grande variabilidade interna, em termos do grau da estruturação prévia imposta ao estudo. È observado que as pesquisas qualitativas nem sempre trabalham no “contexto da descoberta”, podendo também ser usadas para verificar se relações observadas com outras metodologias se confirmam em ambientes naturais. De fato, instrumental e técnicas são freqüentemente usadas por pesquisadores operando num e noutro paradigma. Entretanto, uma metodologia não se define por uma coleção de técnicas e instrumentos, e sim, pela lógica que orienta o processo de investigação; lógica esta que por sua vez, é determinada pelos pressupostos teórico-epistemológico que caracterizam um dado paradigma. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I - A psicomotricidade na educação infantil 10 CAPÍTULO II-Atividades psicomotoras 14 2.1-A importância dos jogos e brincadeiras CAPÍTULO III – ViVências que formam e transformam a prática docente 3.1-Avaliação psicomotora 16 19 21 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27 ÍNDICE 29 FOLHA DE AVALIAÇÃO 30 9 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é mostrar que ao longo da história, o corpo foi marcado por significações diversas, atribuídas pela ciência, cultura e pelas diversidades sociais, movidas por suas crenças e mitos onde os atributos ao corpo estavam presentes em monumentos representativos aos deuses e impressos em obras de arte. Poetas faziam do corpo representações de dramas e comédias esboçando um ensaio para transformá-lo em órgão do espírito. Como objeto de estudo, o corpo a partir do séc.XIX passou a ser considerado objeto, sujeito a estudos sistemáticos e profundos no âmbito da experimentação. Inicia-se por interesse da ciência diversos estudos. A Neuropsicologia e a Neurologia foram as primeiras a estudá-lo, na tentativa de compreender a estrutura e funcionamento cerebral, bem como suas patologias. Mais tarde,o corpo passou a ser estudado pela Psicologia e pela Psicanálise a fim de compreender a evolução da inteligência e suas perturbações. As dificuldades enfrentadas pela Neurologia para explicar perturbações motivaram Dupré (1909) a buscar uma relação entre o sintoma e a localização cerebral. Nesse momento, ele cria pela primeira vez o termo Psicomotricidade, que significa a relação entre movimento, pensamento e a afetividade. O autor conclui que as perturbações psicológicas tinham estreitas relações com as perturbações motoras. Os estudos ligados à Psicomotricidade continuam e a pesquisa ganha força, dando lugar à publicações de inúmeros trabalhos, com variados pensamentos alusivos ao tema. Segundo Carvalho (2000), a psicomotricidade é um meio de intercâmbio e contato com o exterior. O que importa não é a maturialidade de um gesto, mas sim o sistema integrada que ele pertence e representa no instante em que se manifesta. 10 CAPÍTULO I PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL. A educação infantil, como conceito de "infância", passou e passa por várias concepções de acordo com a realidade sócio histórico de cada grupo de cada época. durante muito tempo a educação passou por várias vertentes, historicamente assumindo funções: assistencialista, compensatória, de promover o desenvolvimento global e harmônico da criança e de instrumentalizar as crianças. Hoje a escola entende sua função social, pois entende que nos tornamos "humanos" no momento de troca com o outro, partilhando experiências e histórias de vida, aprendendo sobre nós mesmos na medida que o outro é nosso espelho. A criança é vista como sujeito histórico, capaz de participar do processo de criação cultural. Ainda que a escola seja um ambiente diferente do familiar, as relações "sociais" e neste sentido encontro uma das maiores justificativas para a educação infantil: possibilitar a criança esse contato com o outro permitindo que ela possa construirse neste contato. " As relações entre desenvolvimento e aprendizagem proposta por Vygotsky, podemos dizer, em primeiro lugar, que desenvolvimento e aprendizagem são processos intimamente relacionados: imerso em um contexto cultural que lhe fornece a 'matéria prima' do funcionamento psicológico, o indivíduo tem seu processo de desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem acionados externamente. Por outro lado, embora processos de aprendizagem ocorram constantemente na relação do indivíduo com o meio, quando existe a intervenção deliberada de um outro social nesse processo, ensino e aprendizagem 11 passam a fazer parte de um todo único, indissociável, envolvendo quem ensina, quem aprende e a relação entre essas pessoas (Oliveira,1995, p.580). Antes de iniciarmos esse capítulo, sobre psicomotricidade na educação infantil, sinalizaremos a seguinte definição: “É a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e externo, e suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e com si mesmo. Está relacionada ao processo de”. Maturação onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.”(S.B.P. 1999) A psicomotricidade envolve toda ação realizada pelo indivíduo, permitindo sua relação com o meio e com os demais. De uma maneira estática, a motricidade pode ser definida como resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura, como resposta à estimulação sensorial. Enquanto o psiquismo poderia ser considerado como conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, etc. Na escola de educação infantil recebemos crianças de 1 ano aos 6 anos de idade e é fundamental que se perceba a função psicomotora como uma unidade onde se integram a incitação, a percepção, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção entre outros aspectos. Cada elemento da motricidade deve ser considerado no conjunto e na história que lhe dá significação. Por isso, a psicomotricidade deve ser compreendida em sua integridade, partindo de fenômenos o desejar e o querer. Através do seu corpo em movimento a criança realiza as suas experiências, organiza a sua personalidade, toma consciência e conhecimento de si própria, estabelece relação com o meio e com os outros. O indivíduo evolui da maturação motora e da organização perceptiva para a linguagem e para o progresso cognitivo. Assim o gesto antecede a palavra, o ato antecede o pensamento e a inteligência sensório-motora antecede a inteligência reflexiva. 12 Na escola encontramos vários materiais que possibilitam expressões, favorecem afetividade e prazer. Durante a fase de educação infantil, é na sala de aula, no pátio ou refeitório que o aluno busca um espaço para o seu corpo, vivendo e experimentando cada momento. Se inibido de imediato haverá bloqueio psicomotor, levando ao isolamento, ele passa a simplesmente observar e teme praticar, explorar com receio de não conseguir. A esta inibição dependerá seu desenvolvimento em inúmeras matérias prejudicando seus avanços cognitivos.È importante chamar atenção ao que Piaget já antecipava, com a preocupação de estimular as crianças de forma adequada, em cada fase do seu desenvolvimento.Assim, ele redimensiona as questões da psicomotricidade e não a limita apenas a uma primeira instância educativa. “A educação psicomotora deve ser considerada como uma”. Educação de base na pré-escola. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos “. (Oliveira, 1997:35)”. As atividades propostas pelos professores devem ter como objetivo atender a tudo isso de forma harmônica e integrada, para que a criança assuma sua corporeidade dentro de uma realidade que possibilite a livre expressão de um sujeito pensante e questionador e evite distorções no processo de sua evolução. A educação psicomotora é básica e o corpo deve ser instrumento mediador entre o meio e o objeto numa relação vivencial adequada.Para isto é primordial que se saiba que o desenvolvimento psicomotor tem como objetivo central na educação o movimento, é contribuir com o desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende, ao mesmo, tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. 13 A imagem do corpo não é uma função, mas um conceito útil no plano teórico, na medida em que serve de guia para compreender melhor o desenvolvimento psicomotor através das diversas etapas. Não se pode falar de imagem do corpo enquanto o EGO não está unificado. Realidade interior e realidade exterior e Corpo percebido – corpo representado – corpo operatório – corpo imaginário.Ajuriaguerra chama de “diálogo tônico” e estabelece o equilíbrio entre duas forças: o ímpeto pulsional, tradução das necessidades do indivíduo e a pressão do mundo exterior, das quais dependerá a satisfação ou frustração. Orientação espaço corporal – organização espaço corporal – lateralidade membros inferiores e superiores. Orientação temporal, ordem e sucessão – ordem e sucessão – ritmo – Organização espacial .È importante que a escola de educação infantil e os professores que atuam com essas crianças tenham em mente que o desenvolvimento se dá não só com a formação do pensamento e do conhecimento, mas a construção da pessoa como um todo. CAPÍTULO II ATIVIDADES PSICOMOTORAS 14 O movimento influencia a maturação do Sistema Nervoso da criança que é, no seu acabamento e formação individual, função das relações e correlações entre a ação e a sua representação. A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso, psicomotricidade é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A Estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evoluiu do geral para o específico; enquanto uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do problema, em geral, está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor. Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência. O desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, Estruturação espacial, Orientação corporal e pré-escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem. A criança cujo desenvolvimento psicomotor é mal construído poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras, na ordenação de sílabas, na abstração, na análise gramatical, entre outras. Através de estudos e pesquisas verificou-se que o corpo tem que ser visto como um todo e pode- se observar a sua importância como um instrumento para o desenvolvimento e seu comportamento por muito tempo este não foi valorizado, sendo fragmentado e deixado de lado. Para Pavão deve-se pensar no corpo como um todo e que para o desenvolvimento humano e a formação do Eu dependemos não só de uma estrutura biológica, como também do que este corpo capta, percebe, vivencia e troca com o meio ao seu redor. Para melhor entender Pavão cita Vitor da Fonseca: (...) Como mapa a noção do corpo é indispensável para “navegar” no espaço como alfabeto, é indispensável 15 para comunicar e aprender. Ponto de referência espacial, instrumento de realização e de criação, alicerce de estrutura do Eu, etc... O corpo é uma construção biopsicossocial, um produto final das experiências agradáveis e desagradáveis da vida. Assim, para Vitor da Fonseca, “Psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano”. Existem outros teóricos da área, que falam da importância do desenvolvimento motor como precursor de todas as demais áreas. É durante a fase pré escolar/ E. Infantil, que a criança desenvolve grande parte das habilidades que irá utilizar ao longo de sua vida e o professor tem papel fundamental nesse processo de desenvolvimento e construção. A psicomotricidade está presente desde a fase uterina e após o nascimento, o bebê tende a usar o corpo para se comunicar e sentir o novo mundo que o cerca. Quando a criança então inicia seu processo de verbalização aumentam as possibilidades do professor interagir e estimular expressões, sentimentos e toda a área cognitiva, a essa altura o conhecimento da psicomotricidade será base para uma orientação correta e fundamentada em estudos e conhecimentos onde a prática educativa deve ser antes de tudo, séria e consciente. Porém, a partir da orientação em uma pré escola é que se pode constatar a abrangência do significado de todas as definições. A escola deve conhecer psicomotricidade não apenas por sua dimensão cognitiva e sim por sua dimensão psicoafetiva e questionar qual seria a importância da psicomotricidade nas relações entre aprender e apreender. O professor precisa saber que através das brincadeiras, dos jogos, do contato corporal, a criança tem liberdade de se expressar e manifestar suas angústias e emoções. O papel do jogo e das brincadeiras na evolução infantil e, sobretudo a sua função para a representação mental do indivíduo deve permear todo e qualquer planejamento pedagógico. 16 Os professores que não tem conhecimentos específicos de psicomotricidade ficam prejudicados em termos de fundamentação teórica e prática específica dessa área que é fundamental na Ed. Infantil. O estudo da importância da psicomotricidade enriqueceria seus planejamentos, e assim o professor teria condições de auxiliar com maior competência todo desenvolvimento de seu aluno. 2.1 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS As brincadeiras infantis é um fator fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua personalidade, aprenda a viver em sociedade e preparar-se para as funções que assumirá na idade adulta. O objetivo é correlacionar o lúdico, a brincadeira de infância, com recursos capazes de contribuir para o desenvolvimento das funções cognitivas da criança, bem como fazer associação da atividade nervosa à cognição, objeto de estudo da neuropsicologia. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades. Em Psicologia, aprendizagem é o processo de modificação da conduta por treinamento e experiência, variando da simples aquisição de hábitos à técnicas mais complexas. A brincadeira infantil é um importante mecanismo para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma: 17 “O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensóriomotor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.( Piaget 1976, p.160).” A criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas. (p.210) O vocábulo "brinquedo"não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos de jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Como objeto é sempre suporte de brincadeira. E brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir"e, nesse contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um transmissor. A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva o professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. 18 Pode-se perceber a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o desenvolvimento intelectual e social da criança, mas faz-se necessário também associar os mecanismos da aprendizagem com a integridade do sistema nervoso.Crianças com algum tipo de problema neurológico ou motor necessitam de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas atividades pedagógicas. Existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento de exercício aeróbio para quem pretende ganhar maior mobilidade física, e em segundo lugar, uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente terá validade efetiva, quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em mente como meta. CAPÍTULO III VIVÊNCIAS QUE FORMAM E TRANSFORMAM A PRÁTICA DOCENTE 19 Por ser uma ciência ainda em busca de bases mais sólidas, o psicomotricista ainda não têm todos os seus papeis definidos. Ele pode atuar em conjunto com outras especificidades, mais também percebe-se sua atuação clínica e institucional. O psicomotricista é o profissional da área de saúde e educação que pesquisa, ajuda, previne e cuida do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos tributos da integração soma psíquica. A razão dos insucessos de experiências educacionais pode estar na dificuldade das escolas e professores criarem espaços/ambientes educativos que promovam desempenho global das crianças. Não basta recursos materiais, é preciso ter um grande profissional capaz de usá-los e explorá-los e de interferir nas práticas diárias. Um bom trabalho de pscomotricidade na ed.infantil precisa de uma junção de fatores: concepção, comportamento, compromisso, matérias e espaços . -Concepção: todo trabalho precisa ser primeiramente planejado.Se não houver planejamentos organizados e objetivos claros, se não houver uma linha de pensamento pra seguir o professor, poderá se perder e não chegar ao seu objetivo final.Técnicas sozinhas não transformam. É imprescindível que se construa concepções, estas sim são perenes e verdadeiras.Quando existe uma concepção na cabeça do professor, ele irá encontrar no seu cotidiano uma forma de executar seu trabalho diante da realidade. No entanto, o contrário é sempre mais triste.O professor, apenas com suas mãos comprometidas executa muito, mais sem a menor concepção do que está fazendo. -Comportamento: O professor que quer trabalhar com piscomotricidade deve ser observador, afinal á nas atividades diárias que ele vai introduzindo práticas com objetivos psicomotores. Não se podem dissociar as execuções. Motricidade deve viver sempre acompanhada de afetividade. Todo movimento executa pela criança em espaços diversificados e toda relação entre crianças, objetivos e outros 20 indivíduos devem ser considerados riquezas. O aluno deve encontrar o outro aluno nas relações diárias. E este encontro que possibilitará a socialização e a humanização das relações. Dinâmicas, brincadeiras e jogos educativos favorecem a construção do conhecimento por meio de atividades lúdicas e um desafio para a maioria dos profissionais da educação. A utilização dos recursos de expressão corporal, verbal, não verbal e especialmente lúdica, nas atividades escolares ainda é feita, muitas vezes, de forma equivocada, sem preparo e projeto pedagógico, o que dificulta o intercâmbio com outras áreas do conhecimento.Tais recursos não contêm, ainda, linguagem acessível e elementos do dia-a-dia criança, como brinquedos e histórias. É conveniente que o professor apresente um planejamento dinâmico, com atividades que promovam movimentos e interações com o meio, objetivo e com outros alunos, estabelecendo uma prática nos diferentes espaços disponíveis, principalmente em sala de aula. Tudo com intenção de aproximar o olhar do professor, sinalizar e redirecionar para aspectos psicomotores. Para essa afirmativa cito Lê Boulch: " Le Boulch (1982) defende que a educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base da escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança. permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando estruturadas." 3.1-AVALIAÇÃO PSICOMOTORA 21 A avaliação psicomotora é fundamental para obtenção de dados da pessoa que recorre a seus serviços.Essa avaliação contém alguns itens tais como: histórico familiar, características do ambiente familiar dados pessoais e do seu desenvolvimento motor e dificuldades na área motora. O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários fatores psicomotores. Segundo Fonseca (1995), apresenta 7 fatores, os quais são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espácio-temporal e praxias fina e global. Tonicidade A tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, a mímica, as emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas . Equilíbrio O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação. Lateralidade A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo. 22 A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço. O que geralmente acontece é a confusão da lateralidade com a noção de direita e esquerda, que esta envolvida com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e incapacidade de seguir a direção gráfica. A lateralidade manual surge no fim do primeiro ano de vida, mas só se estabelece fisicamente por volta dos 4-5 anos. Noção Corporal A formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio. Ajuriaguerra citado por Fonseca(1995), relata que a evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, e através dele que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua personalidade. A noção do corpo em psicomotricidade não avalia a sua forma ou as suas realizações motoras, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo da sua representação psicológica e lingüística e nas suas relações inseparáveis com o potencial de alfabetização. Este fator resume dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo polissensorial complexo, como também por integrar e reter a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas. 23 Estruturação espaço-temporal A estruturação espácio-temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior (Fonseca, 1995). Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal. A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e coisas. Praxia Global Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida com forma de alcança um objetivo. A praxia global esta relacionada com a realização e a automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares. Praxia Fina A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas. 24 Crianças que têm transtornos na coordenação dinâmica manual geralmente têm problemas visomotores, apresentando inúmeras dificuldades de desenhar, recortar, escrever, ou seja, em todos os movimentos que exijam precisão na coordenação olho/mão. CONCLUSÃO As escolas devem estabelecer finalidades educativas tendo o cuidado de “ver” as crianças como sujeito do conhecimento e suas interações com o contexto social. A criança ao mesmo tempo em que constitui o mundo, torna-se constituída 25 por ela, sofrendo dialeticamente estas interferências. Os professores exercem um dos papeis mais importantes e lindos ao participarem do crescimento de um ser que deverá ser participativo, questionador e capaz interagir emocionalmente e comprometido com o bem estar do outro. Acredito que a brincadeira, o brinquedo e os jogos contribuem fundamentalmente para ampliar a comunicação, o afeto e as relações englobadas em um universo maior. O brincar é o meio de expressão da criança, por isso, não pode ser reduzido apenas a brincadeiras pedagógicas, mas ser forma de liberdade de criação, liberdade de expressão, afetividade e emoções. O professor psicomotricista é anfitrião de novos desafios, doador de emoções, ele percebe seus alunos como seres únicos, diferentes, com vivências diversas e deverá estar preparado para explorar todo e qualquer acontecimento que surgir em seu cotidiano escolar com planejamentos adequados à sua clientela e a realidade em que estão inseridos. A Harmonia do desenvolvimento infantil está diretamente relacionada ao seu emocional, suas habilidades de leitura do mundo, sua segurança em transpor obstáculos e para tanto a psicomotricidade deve ser cada vez mais estudada e valorizada nas escolas, deve ser ponto de referência para todo planejamento. O professor com olhar especial às atividades psicomotoras estará inserido de fato com seu grupo de alunos, preocupado não apenas com a parte cognitiva mais se comprometendo seriamente com o emocional de seus alunos. A psicomotricidade é ferramenta fundamental na construção de pessoas seguras, sensíveis, capazes de lidar com o mundo e com os outros, por tanto faz parte da vida. È inegável o trabalho da psicomotricidade nas escolas, o professor que ao invés de ensinar e simplesmente transmitir conhecimentos já estabelecidos, assuma o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender dando a criança tempo para sua próprias descobertas promovendo e 26 proporcionando experiências concretas e vividas com o corpo inteiro, o professor não deverá esquecer que seu trabalho deve ser focado no aluno. BIBLIOGRAFIA FONSECA, V. Manual de Observação psicomotora: Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995. 27 ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 2ª edição Ed.WaK Rio de janeiro 2005. PEREIRA. Mary Sue,A descoberta da criança(Introdução à Educação Infantil) 2ª edição Ed.WaK Rio de janeiro 2005. ALMEIDA.Geraldo Peçanha, Teoria e prática em psicomotricidade, jogos, atividades lúdicas expressão corporal e brincadeiras infantis. 2ª edição Ed.WaK Rio de janeiro 2007. RAMOS.José Ricardo, Dinâmicas, brincadeiras e jogos educativos.Ed.DP&A Rio de janeiro 2003. MEYER.Ivanise Corrêa, Brincar & viver (Projetos em Educação Infantil). . 3ª edição Ed.WaK Rio de janeiro 2007. ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8ª ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2000. WALLON, Henri. Psicologia e Educação da criança. Lisboa: Vega/Universidade, 1979 PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976 SANTOS, Santa Maria Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. (org). Petrópolis, R.J.: Vozes, 1999 28 INDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÒRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 29 SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I A psicomotricidade na Educação Infantil 10 CAPÌTULO II Atividades psicomotoras 2.1-A importância dos jogos e brincadeiras 14 16 CAPÌTULO III ViVências que formam e transformam a prática docente 3.1-Avaliação psicomotora 19 21 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27 ÍNDICE 29 30 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição:Universidade Cândido mendes Título da Monografia: A importância da psicomotricidade no cotidiano da Educação Infantil Autor:Cristiane Perereira de Souza Nascimento Data da entrega: 03/02/2007 Avaliado por: Conceito: