A ContabilidadeCriativa e a Gestãode Resultados" Dr. Mário JoséMacedoMarques* na A contabilidadecriativa e a gestãode resultadostransformaram-se, essencialmente última década,num dos fenómenos mais e melhor documentadostanto em publicações académicas, como na imprensafinanceiral. A gestãode resultados(GR) ocone quandoa gestãoutrhza o conhecimentoque tem financeirase dasoperaçõesestruturantesda empresaparamodificar acercadasdemonstrações a informação financeira produzida, com o objectivo de influenciar as decisões de determinadosstakeholders(Healy e Whalen, 1999). O estudoe discussãodestatemáticatem permitido, por um lado, identificar e analisar os diversosincentivosà GR e, por outro, advertirgovemose organismosnormalizadorespara estarealidadee para a necessidade de desenvolvernormativosque mitiguem estaspráticas. A GR e possível,em grandeparte, por causada flexibilidade do próprio normativo contabilísticoe concretamentepela (a) possibilidadede adopção de diferentes criterios e políticas contabilísticas, (b) frequente necessidadede elaboração de estimativas e (c) possibilidade de determinadastransacçõesserem realizadas de forma a dar a imagem pretendida. A identificaçãodos incentivosà GR tem sido feita tendo por base,principalmente,a No contextodestespaísessão realidadeeconómico-empresarial dos paísesanglo-saxónicos. referidoscomo principais incentivos o mercadode capitais,os planos de compensaçãodos gestores, os convéniosde dívidae os custospolíticos. Todavia, estes incentivos não são os que estão na origem do desenvolvimentode práticasde GR noutros contextosempresariais(v.g. pequenasempresase sistemasonde a contabilidadee fiscalidade estão estreitamenteinterligadas)e económicos (v.g. paísesem desenvolvimento).Tem surgido, por isso, nos últimos anos um crescentenúmero de publicaçõesque analisam este fenómeno nestes contextos. Os estudos desenvolvidosem Espanha,Grécia e França referem a poupançafiscal e a manutençãoda principal fonte de financiamentodasempresascomo os incentivosmais determinantes. Em Portugal, nos últimos anos, este assuntotem sido objecto de alguns estudos, o de Moreira (2006). Nesta investigaçãoo autor identificou os dois principais nomeadamente ' Para muitos autoresos dois conceitosreferem-scao mesmo fenómeno.pelo que este será o entendimentoadoptadono presenteartigo. incentivos à GR que se apresentamàs estruturaspredominantesno tecido empresarial português, as pequenas empresas.Assim, o primeiro incentivo está relacionado com a diminuiçãodo imposto sobreo rendimentoatravésda manipulaçãono sentidodescendente, o segundodecorreda dependênciadestasempresasrelativamenteao sistemabancário.Perante estarealidadeas empresastenderãoa manipular os seusresultadosno sentidoascendentede forma a criar uma percepçãode risco mais baixo. O autor concluiu que as empresascom maior necessidadede financiamentoexterno tenderãoa gerir os seus resultadosadoptando medidas que os aumentem, ao passo que as empresas com menor naaarridud. da financiamentotenderãoa centrara atençãona minimizaçãoda facturafiscal. E importanteainda notar que, salvo rarasexcepções,os efeitosda GR sãoreversíveis, isto é, quandouma empresamanipula o nível de resultadosnum determinadoexercício,por via de decisõesreais ou de naturezafinanceira,verifica-sesempreuma variaçãoem sentido inversonos resultadosem exercíciosfuturos. Pelo expostoconclui-seque a GR é um fenómenotransversaldado que surgeem todos os sistemascontabilísticoscom os mais diversoscontomos,divergindo as circunstâncias concretasque incentivamo desenvolvimentode tais práticas. Brst-rocRAnra HEaLy, P. E V/aHlEN, J. (1999): "A review of the earningsmanagementliteratureand its implicationsstandards settings",AccountingHorizons.vol. 13,n. 4, pp. 365-383. MoRptRR,J. (2006):"Earningsmanagement to avoid losses:Evidencefor portuguese private firms", Working Paper,Faculdadede Economia,UP, Junho. *Licenciado em Gestãode Empresaspela lJniversidadedo Minho e aluno do Mestradoem Contabilidadee Auditoria na mesmaljniversidade