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Hipersuper - 17 de Março 14
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O ADN da Distribuição
José António Rousseau
C
ada célula deste organismo
vivo chamado Distribuição
contém uma multiplicidade
de pares de cromossomas
que constituem o seu código genético, o seu ADN.
Sem quaisquer preocupações de
seguir um paralelismo rigoroso com
as características científicas do
genoma humano, esta linha de
reflexão sobre a Distribuição, usa-o
apenas como metáfora de enquadramento e análise. A identificação
e selecção dos genes que irão integrar este processo foi totalmente
livre e da minha inteira responsabilidade. A sua ordem é também
aleatória e não segue qualquer critério temporal ou de importância.
Mas podemos começar esta viagem pelo gene EXPANSÃO, o verdadeiro oxigénio da Distribuição
pois sem ele sufoca e estagnará. É
só uma questão de tempo. Na Distribuição parar é realmente morrer.
Temos depois o LIVRE SERVIÇO. O
seu ex-libris, que o carrinho de
compras tão bem simboliza, o sistema que tudo mudou na actividade comercial exercida em lojas.
A seguir a CONCORRÊNCIA o sangue que lhe corre nas veias e que
melhor a evidencia se comparada
com outros sectores da actividade
económica.
Tal como o SORTIDO/VARIEDADE
que forja a sua personalidade e claramente identifica os formatos com
que se apresenta aos consumidores.
E as TECNOLOGIAS/PROCESSOS
cuja adesão da Distribuição é não
só imediata como a partir delas
tudo muda e nada fica como era.
Ou o CRÉDITO nas suas diferentes
formas desde o livro de fiado até à
venda a prestações ou às compras
pagas com cartões.
A multiplicidade de FORMATOS/INSÍGNIAS que com diferentes características e posicionamentos todos os dias estão à disposi-
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ção dos consumidores em qualquer
parte do mundo.
O gene da LOGÍSTICA sem o qual a
Distribuição não existiria e não
seria, como é, um negócio de tostão gerido pela informação.
E a INOVAÇÃO a verdadeira alma
mater, a partir da imaginação e das
necessidades detectadas quer ao
nível da oferta quer dos processos.
A LOCALIZAÇÃO que pode fazer
toda a diferença entre o sucesso e
o fracasso de uma loja e assumir
formas tão variadas sempre com o
objectivo de estar perto e com
FOCO NO CONSUMIDOR, gene
sem o qual a Distribuição não tinha
razão de ser, servir o consumidor é
a sua religião e seu único mandamento.
Para tal, a NEGOCIAÇÃO é fundamental e imprescindível, desde os
seus primórdios quer com os consumidores quer com os fornecedores.
A ORGANIZAÇÃO sem a qual, e
independentemente da sua forma,
não seria possível, dia após dia,
manter a capacidade de abastecer
os mercados com o que eles
necessitam e com a QUALIDADE e
respectivo controlo que os consumidores exigem e a legislação
impõe.
Mas nada disto se conseguiria sem
o CAPITAL HUMANO o factor H,
aquele que por ser constituído por
pessoas faz realmente a diferença
não obstante a sua natureza de
mão-de-obra intensiva.
A INTEGRAÇÃO (DE FUNÇÕES) da
Distribuição é um dos seus mais
recentes genes que lhe permitiu
gerar economias de escala e racionalização de processos.
Uma dessas funções a COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃO
ganhou
autonomia face aos produtores e
saiu para fora das lojas invadindo
os meios de comunicação social
incluindo a televisão.
O VALOR ACRESCENTADO demorou muito tempo a ser reconhecido
como um predicado da Distribui-
ção, que no passado até era vista
como uma actividade parasitária,
mas ninguém hoje o põe em causa.
Tal como a INTERNACIONALIZAÇÃO/GLOBALIZAÇÃO um processo muito lento que até começou
com os portugueses e a sua descoberta do caminho marítimo para a
Índia mas que só no final do século
vinte acelerou de forma imparável.
A ESTRATÉGIA nas diferentes formas com que se assume através
dos preços, do sortido ou dos serviços impactando assim no posicionamento de cada empresa ou
formato no mercado onde concorre.
O gene da EXPERIÊNCIA (DE
COMPRA) tem vindo a ganhar peso
no código genético da Distribuição
por força da evolução nos últimos
anos pois o acto de consumo deixou de ser uma forma de sobrevivência para se transformar num
acto lúdico e de prazer.
De igual modo, a MUDANÇA/TRANSFORMAÇÃO verificada
na Distribuição, ilustra da melhor
forma a famosa Lei de Lavoisier
segundo a qual, na Natureza nada
se cria, nada se perde, tudo se
transforma. Pois, na Distribuição
também assim é.
Três das descobertas mais recentes do código genético da Distribuição são o gene da SUSTENTABILIDADE nas suas vertentes de responsabilidade social e de defesa
ambiental, o gene do WORKING
TOGETHER/PARCERIAS quer com
os fornecedores quer com os seus
próprios concorrentes segundo
modernas formas de cooptição e o
gene do BRANDING cada vez mais
assumido sob a forma de insígnia
ou de produto como a cavalgada
heróica das MDD pela Europa têm
vindo a evidenciar e sem esquecer,
o DESIGN, porventura o mais transversal material genético que existe
e que pode transformar um produto/loja banal numa atracção única e
irresistível.
E por fim, a RESILIÊNCIA, ou seja,
a capacidade de cair e se levantar,
de ir abaixo e voltar para cima, de
errar e de se corrigir, de perder para
voltar a ganhar, de recuar para
poder avançar, de mudar do negativo para o positivo fazendo das fraquezas, forças. !
(Ao longo de dois anos iremos aqui, na Hipersuper, com um ritmo mensal, analisar cada um
destes elementos do código genético da Distribuição constituindo este texto o pontapéde-saída, em jeito de enquadramento e lançamento do tema.)
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