RITOS SAGRADOS “Cada ser humano possui o direito de escolher a sua própria maneira de servir o sagrado e deve fazê-lo sem perseguições e/ou discriminações, com liberdade”. Encantaria Cigana Sirlei Groff Zanini Prece de Gandhi – Video e-mail. Trabalho se divide em: 4 momentos 1º DCE 2º Caderno pedagógico 3º Pe Eliomar 4º Livro Descobrindo Universo Religioso RITOS segundo DCE- Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino Religioso. Ritos São celebrações das tradições e manifestações religiosas que possibilitam um encontro interpessoal. Podem ser compreendidas como a recapitulação de um acontecimento sagrado anterior. Servem à memória e à preservação da identidade de diferentes tradições e manifestações religiosas. Os ritos são um dos itens responsáveis pela construção dos espaços sagrados. Destacam-se: Ritos de passagem; Os mortuários; Os propiciatórios; Exemplos: A dança (Xire); O Candomblé; O Kiki (kaingang, ritual fúnebre); A via Sacra; O festejo indígena de colheita; Ritos segundo o caderno pedagógico do ensino fundamental: SEED-Pr “O sagrado no ensino religioso”. Ritos Os ritos vêm para dar movimento e sentido prático à ideia de Sagrado. Mantêm integrada a união dos seguidores de uma tradição ou organização religiosa. Os rituais são imagens refletidas das tradições culturais e religiosas. Ou seja, o ritual é um sistema cultural de comunicação simbólica, constituído de sequências ordenadas e padronizadas de palavras e atos, em geral expressos por múltiplos meios que possuem conteúdo e arranjo caracterizados por graus variados de formalidade (convencionalidade), estereotipia (rigidez), condensação (fusão) e redundância (repetição). A palavra rito é originada do latim ritus, equivalente ao grego thesmós, cujo significado no plural é “tradições ancestrais, regras, ritos”. O rito é o aspecto mais característico da religião. O ritual por meio de seus gestos, manipulação de objetos e recitação de fórmulas e relatos, por partes de pajés, xamãs e sacerdotes, trata de conservar e recuperar a situação original íntegra que abrange a conduta, o pensamento e a vontade dos deuses. O rito carrega a sacralidade e põe em ação o sentimento de fé ao Sagrado e seu sentido de condução do espírito humano. Os ritos podem ser caracterizados como: Ritos de passagem (nascimento, puberdade, casamento, morte); Ritos de participação da vida divina (oração, sacrifício, consagração de pessoas ou lugares); Ritos de propiciação (que podem ser agrários, purificatórios ou expiatórios). Há também os ritos de ambulatórios, ritos cuja função é tirar a comunidade e os instrumentos sagrados ou símbolos de adoração dos templos. Incluem peregrinações, procissões, entre outras manifestações do sagrado em vias públicas. Resumindo, o rito é uma sequência temporal de ações, compostas por diversas partes. Na estrutura teológica Com meio simbólico O rito comporta os valores, comportamentos e hábitos éticos para sua eficácia e realização. O rito comporta a transformação de locais e objetos em imagens, que darão sentido aos atos que, com a sensibilidade, transformar-se-ão nos objetos da realidade sagrada ao qual se referem. Como sistema de comunicação A estrutura do rito comporta as mensagens e sinais transmitidos através de códigos estabelecidos, sobre o significado de cada um dos objetos presentes. Tipologia dos Ritos Ritos apotropaicos Ritos eliminatórios Ritos de purificação Ritos de repetição do drama divino Ritos de transmissão da força sagrada Ritos ligados ao ciclo da vida Ritos de fundo sociocultural e religioso Ritos com conotação mística Ritos Apotropaicos Criam afastamento das forças sobrenaturais. Têm sentido de proteção. Defumações Incensos Bênçãos Ritos Eliminatórios São a comprovação de que já houve a “infestação” do mal. Portanto, sua função clara é se utilizar do poder da divindade para “mandar embora o mal ou o pecado”. Ritos de Purificação Partem do princípio que a pessoa faltou com alguma responsabilidade com o sagrado ou tem alguma culpa ou “mancha”, da qual precisa se libertar. Ritos de Repetição do Drama Divino Buscam o resgate dos mitos divinos e sua atualização, com o efeito de identificação e participação do homem no evento divino de forma atemporal. Encenação da Via Sacra Ritos de transmissão de força sagrada Englobam os ritos de consagração e a imposição de mãos, como modo de receber força e energia divinas. Ritos ligados ao ciclo da vida São chamados Ritos de Passagem Causam grande modificação do status do indivíduo perante a sociedade, pois é capaz de integrá-lo (nascimento, adolescência) ou separá-lo da mesma (morte). Também englobam os ritos cíclicos, cuja importância é essencial em todas as religiões, e em torno dos quais se organizam os calendários. Incluem as festas da natureza (passagem das estações, colheita, plantio, entre outros) e também as festas de salvação, como Natal e Páscoa. Ritos com conotação mística Ritos de fundo sociocultural e religioso Incluem os ritos de gracejo e rebelião. São tentativas de se ridicularizar e contestar, a sociedade e suas condutas culturais e tradições. São os ritos de meditação e transe, com ampla utilização em religiões mais primitivas, como a Santeria, o Vodu, o Xamanismo, entre outros. Ritos de Passagem Remete a uma mudança de estado de consciência. Os ritos se tornam um espécie de código de acesso a nova fase da vida. É preciso se submeter às condições para que o indivíduo demonstre simbolicamente sua intenção e merecimento sobre a passagem requerida, esperada ou necessitada. Ritos mortuários O enfoque dos ritos varia: Se concentra em “ensinar” o caminho da salvação ao morto, em direção a algum paraíso (como os egípcios); Se preocupa em mantê-lo junto de seus descendentes (nações indígenas); Busca os aconselhamentos dos mortos (tradições africanas); Procura afastar os mortos, como fantasmas ou seres indesejáveis no curso da vida (crenças que praticam o exorcismo) Ritos modernos Os ritos que simbolizam passagem foram perdendo seu sentido, outros foram simplesmente ressignificados, ou esquecidos. Exemplo é o Trote dos Calouros, representa uma porta de entrada do calouro na sociedade fechada do grupo de veteranos (tem as características da iniciação religiosa de diversas religiões e seitas antigas): O calouro é testado em sua força e capacidade física, mental e psíquica, e precisa passar por diversas provações para demonstrar que merece um lugar naquela sociedade. O Rito segundo o livro Redescobrindo o Universo Religioso, Volume 7 de Everson Araujo Nauroski. Os ritos presentes na vida O rito pode ser entendido como um conjunto de gestos preestabelecidos, que são repetidos tendo em vista a realização de um objetivo ou tarefa. Quando levantamos de manhã realizamos um conjunto de ritos: despertamos, vestimos nossa roupa, realizamos nossa higiene, alimentamo-nos, etc. Os Rituais Religiosos Têm o objetivo de tornar presente ou de relembrar um acontecimento sagrado original. O sacerdote católico consagra o pão e o vinho, tornandoos corpo e sangue de Jesus; O rabino faz as orações e proclama as santas palavras de seu livro sagrado; Um religioso hindu celebra o amor e a beleza da vida com a dança especial; Um monge budista, através da meditação, contempla o mistério da natureza; Nas religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda), nas quais os rituais são profundamente solidários, todos podem participar com igualdade, ao som dos tambores e atabaques, ou quando realizam suas cerimônias de oferenda na virada para um novo ano indo à praia para apresentá-la à Iemanjá, um dos Orixás do candomblé; Entre as tradições indígenas, o xamã, feiticeiro encarregado de celebrar a vida e a morte, “reza” pedindo chuva; também realiza as cerimônias espirituais e aconselha sobre os destinos da tribo; Entre os índios que vivem no Brasil, o pajé, que desempenha praticamente as mesmas funções do feiticeiro xamã, exerce a liderança e o governo da tribo, guiando-a espiritualmente. Outros Rituais Religiosos Matrimônio Batismo Crisma Rituais Culturais e Religiosos Alem dos ritos religiosos, que acontecem durante as cerimônias religiosas, existem também práticas de rituais que englobam elementos culturais e religiosos. São divididos em: Ritos de Iniciação; Ritos de Adivinhação; Ritos de Expiação ou Purificação; Ritos de Iniciação Marcam o início de uma fase na vida da pessoa, na qual, ela passa a integrar a comunidade e recebe certos privilégios e obrigações, conforme as normas e crenças de um determinado grupo, ou comunidade. Um exemplo é o Batismo, onde a pessoa passa a participar da comunidade como membro legítimo, o qual deverá observar fielmente a doutrina e os preceitos de sua igreja. Ritos de Adivinhação Estão ligados ao profundo desejo que as pessoas têm de conhecer e influenciar os acontecimentos futuros. Exemplos são gurus, feiticeiros e videntes. Nas religiões xamânicas, o xamâ, líder espiritual da tribo, ingere certas ervas, faz suas orações e entra em êxtase. Como em estado hipnótico, tomado por espíritos ancestrais, realiza suas curas e prevê acontecimentos que poderão afetar a sua tribo. Há também a incorporação mediúnica (espiritismo), em que o médium incorpora o espírito, e este se comunica com seus parentes e amigos e dá conselhos sobre o passado e o presente. Um exemplo de médium é o Chico Xavier. Na tradição cristã, existe uma firme confiança na providência divina e na oração. Portanto, o cristão coloca seu futuro unicamente em seu Deus. Ritos de Expiação ou Purificação Têm o objetivo de purificar uma pessoa ou comunidade de seus pecados e faltas. Na religião judaica, realizava-se este rito uma vez por ano e durante essa ocasião o líder espiritual da comunidade preparava uma cerimônia em que transferia para um animal, quase sempre um bode, todos os pecados de seu povo. Depois, levavam o bode até o alto de uma montanha e o jogavam de lá. Se o bode morresse ao cair, era um sinal de que Deus havia perdoado o povo. Muitas tradições religiosas orientais defendem a meditação e a mortificação corporal – submeter o corpo a certos sacrifícios a fim de purificá-lo – como forma de apagar e superar os erros cometidos. Entre os católicos, a confissão representa um rito de purificação muito usual. O fiel procura o sacerdote e, arrependido, conta-lhe seus pecados. O sacerdote ouve em nome de Deus e concede-lhe a absolvição, o perdão. Por fim, o sacerdote lhe dá a penitência que geralmente se constitui em fazer orações ou obras de caridade. Explicitação de “O Rito na Vida e nas Religiões” de Eliomar Ribeiro, padre jesuíta, assessor da Pastoral da Juventude, pároco na periferia de Fortaleza, CE. RITOS O RITO é uma sucessão de gestos, palavras, atos, cantos, sinais e repetições presentes numa cerimônia, na maioria das vezes, religiosa. No campo antropológico, considera-se rito uma série de práticas sociais, coletivas ou individuais que marcam a entrada do indivíduo num outro ambiente. Ritos e Rituais O rito surge da necessidade da cultura de manterse viva. O rito é explicitado nos rituais que os povos promovem para garantir a sobrevivência na terra e para entrar em contato com o Absoluto. Cada povo busca relacionar-se com a divindade que sustenta a vida do universo. A Necessidade dos Ritos O ritual é um conjunto de práticas que se concretizam no mundo do sagrado e é um caminho de crescimento humano. Tantos outros rituais da tradição afro, indígena, oriental e cristã fazem parte do nosso caldeirão cultural. E nenhum povo, nenhuma cultura sobrevive sem ritos, sem elementos que possam unificar suas vidas, suas expressões, sua organização. Na explicitação de Eliomar Ribeiro, os ritos podem ser divididos em: Ritos obsessivos; Ritos de interação; Ritos instituídos; Ritos Obsessivos Aparecem como expressões supersticiosas: Jogar uma pitada de sal nos quatro pontos cardeais; Fazer o sinal da cruz no início de uma partida de futebol; Bater três vezes no ferro ou na madeira. Ritos de Interação Abrangem a grande área das relações interpessoais, ou seja, tudo aquilo que o sujeito, na presença de outros, é obrigado a viver para garantir a comunicação e a convivialidade: Boas maneiras; Ordem de precedência; Regras para entrar em contato com outras pessoas; Ritos Instituídos Possuem uma organização autônoma. São compostos de várias sequências rituais e giram em torno de um ato unitivo. Ritos de passagem; Ritos de iniciação; Ritos sacrificiais; Ritos de adivinhação. Exemplos Ritos de Passagem São cerimônias que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Podem ter caráter religioso ou não. Cada religião tem seus ritos de passagem. Geralmente é representado pelo início da puberdade – a passagem de uma faixa de idade a outra. Há também ritos de passagem no nascimento, no casamento e na morte. Após o parto o bebê é considerado vivo; O recém-casado abandona o grupo dos celibatários para participar do grupo dos chefes de família; Ritual do Quarup Palavra Kamayurá, que designa a mais importante festa indígena do Brasil, realizada entre povos do Alto Xingu, MT. É o rito de celebração dos ancestrais, ligado ao ciclo mitológico da morte e ressurreição do herói Kamayurá, Mavotsinin. Durante o ritual, troncos de árvores, simbolizando os antepassados, são homenageados pelos xamãs. No final realiza-se o torneio huka-huka, uma espécie de sumo indígena. Ritual das Tucandeiras É realizado entre os índios sateré-maués, habitantes da Amazônia brasileira. Marca a passagem da fase adolescente para a adulta de jovens à partir de 11 ou 12 anos. Eles colocam a mão em uma luva de palha repleta de formigas tucandeiras. É o ritual da coragem. Trata-se de uma cerimônia ligada à iniciação masculina: quem consegue superá-la pode ser admitido na comunidade dos adultos. Na véspera da festa que reúne toda a tribo, são localizadas as formigas vivas e, por meio de uma varinha, elas são forçadas a entrar num bambu. No dia seguinte, prepara-se um recipiente cheio de água misturada com folha de cajueiro. Pouco a pouco, as formigas são colocadas no recipiente, onde ficam até serem colocadas numa espécie de luva. Com esse rito, o índio está certo de poder afastar as doenças e tornar mais forte o corpo e o espírito. Ritual da Circuncisão É a remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pênis. O termo circuncisão significa literalmente “cortar ao redor”. No Antigo Israel, deve ser realizada no 8º dia do nascimento. Tem o sentido de um sinal de aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes e um rito de inserção no povo eleito. Além de ser um requisito obrigatório na Lei dada a Moisés. Ano Velho – Ano Novo Nesta noite, há festejos estrondosos, euforias e loucuras, e as sociedades permitem excessos no comer, no beber e até de ordem sexual. A noite de passagem do ano ritualiza o mito das origens. As sociedades precisam dar lugar à expansão das forças caóticas, para que, em seguida, tudo regresse à ordem. É o mito de renovação e, de algum modo, do eterno retorno: tudo vai e tudo volta. Patuás Patuá é um saquinho de pano preenchido com algum elemento de acordo com o seu significado. RAMINHOS DE ARRUDA, GUINÉ OU ALECRIM: Essas plantas são consideradas fontes de sorte da própria natureza. Elas também ajudam a abrir os caminhos e fazem com que a pessoa que as cultiva tenha mais felicidade e dinheiro no lar. ARROZ E FEIJÃO: Para os brasileiros, isso é sinônimo de barriga cheia, prosperidade e fartura. Então, montar um patuá com pano branco e grãos de arroz e feijão é uma boa pedida para quem deseja que nunca falte nada no lar. MOEDAS E NOTAS DE DINHEIRO: Uma moedinha ou uma nota de pequeno valor cai bem num patuá feito para atrair mais sorte nas finanças. PEDRINHAS DE SAL GROSSO: O sal é um elemento que ajuda a neutralizar as energias ruins que lançam contra a sua vida. Além disso, afasta maus espíritos e ajuda a abrir caminhos. TALISMÃS: Todo tipo de talismã, desde que seja uma miniatura, algo bem pequeno, serve para compor o patuá. Figas, imagens de estrela, lua, santo, anjo. Qualquer elemento, quando colocado num saquinho de um patuá, tem sua energias aumentadas. SEMENTES DE ROMÃ: Elas são muito usadas na crendice popular para atrair sorte em tudo, principalmente na virada do ano e dia de Reis. Cultura Kaingang Metades tribais dividem-se em: Kam (Lê-se camé, significa ‘comprido’). Kajru (Lê-se cairu, significa ‘redondo’). Nos casamentos só podem se juntar os indígenas de metades tribais diferentes. Na morte a despedida do corpo e espírito é feita pela pessoa mais velha, da mesma metade tribal. Batismo Kaingang A criança é lavada pelos padrinhos, com algumas espécies de plantas escolhidas por eles, segundo características com as quais desejam que seja conformada a personalidade dela. Planta como unha de gato (virningru) para que seja “bom trepador”, isto é, que suba em árvores com facilidade, que “derrube pinhas para sua mãe”. Chá da folha do imbu, para crescer e engordar, mas fica mole (como o imbuzeiro), fácil de se quebrar. Chá de jabuticaba deixa “miúdo, calmo e muito doce”. A tuneira – “que dá no perau”(penhasco) – mole e espinhenta, mole e espinhenta, deixa o batizado ruim e violento (para ir pra guerra). Lavar os olhos com determinada erva para enxergar as abelheiras do mato. Vida e Morte Há dois momentos comuns importantes na vida de cada um de nós. O dia em que familiares e amigos se juntam para acompanhar o nascimento para esta vida. O dia em que tantos outros se juntam para nos despedir desta vida para um novo nascimento para a Vida. A Iniciação dos Xamãs Os xamãs das tribos: Eram geralmente pessoas que passaram por uma experiência traumática, que poderia ter provocado a sua morte. (Como estados semicomatosos induzidos por doenças, picada de animais peçonhentos, etc). Eram treinados até um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinamento comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus próprios limites físicos e mentais. (Isolamento, frio, fome, etc). Essa forma de rito não depreendia uma idade ou ocasião específica, e nem ao menos uma cerimônia específica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha própria. E tinha um cunho de transformação de personalidade mais profundo após a iniciação. Tradições Ameríndias Cada tribo desenvolveu ao longo dos séculos rituais para cada situação, como: Para festejar a colheita; Para novos chefes da tribo; Para ir a guerra; À mudança de estações; À caça; À pesca; Aos espíritos da floresta; A seres da natureza em geral Todos os rituais eram sagrados em seu significado. Assim preservavam sua origem e continuavam a difundir suas tradições para as próximas gerações. Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferentes. Mas todas acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Faziam rituais, cerimônias e festas para deuses e espíritos. O pajé: É o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses; É o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças; Faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura; O cacique faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O fumo é a planta sagrada e é a sua fumaça que cura as doenças, proporcionando o êxtase, dá poderes sobrenaturais, põe o pajé em comunicação com os espíritos. Quando os primeiros conquistadores europeus chegaram à América, traziam consigo padres, missionários, jesuítas, etc. que passaram a combater o modo de vida e as manifestações religiosas dos indígenas. Houve uma mistura das crenças e costumes nativos com os ritos e histórias cristãs, além das divindades e orixás dos escravos trazidos da África. Catimbó O Catimbó É um conjunto de práticas religiosas brasileiras, oriundas de raiz indígena e com diversos elementos do cristianismo e, dependendo do lugar onde é praticado, tem influências africanas. Cultua símbolos e santos católicos, tem como principal elemento a árvore da Jurema e todos os Mestres têm uma erva de fundamento. É uma reunião alegre e festiva, mas pela falta da corrente doutrinária formal, pode haver práticas bem sombrias. O Canibalismo É um ritual entre algumas tribos como os tupinambás, que habitavam o litoral da região sudeste do Brasil. Acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos dele. Então não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. A prática do canibalismo era feita em rituais simbólicos. A Festa da Moça Nova É um ritual de iniciação feminino Tukúna. É feito para proteger a menina das influências maléficas de certos espíritos demoníacos da floresta que atacam durante a puberdade das meninas. Assim que ocorre a primeira menstruação, a menina é introduzida no compartimento superior de sua casa: uma plataforma situada bem abaixo do teto, com vedação de esteiras ou cortinado de pano. Aí ficará durante três meses em reclusão, invisível e silenciosa, estabelecendo contato apenas com a mãe e com a tia paterna, saindo raramente quando nenhum homem estiver na casa. Os três meses de reclusão constituem a fase da margem (ou de transição) do ritual. Durante esse período, a jovem deve dedicar-se ao aprendizado dos afazeres femininos, como a fiação do algodão e o preparo de cestas, redes e esteiras, além do comportamento de uma Tukúna adulta. A fase de integração da menina-moça na categoria das mulheres adultas é realizada durante uma grande festa, da qual participa toda a comunidade e aldeias vizinhas. O ritual de iniciação encerra-se com a depilação da moça-nova, que simboliza a sua passagem da infância para a idade adulta. A jovem agora pode casar-se e tornar-se membro ativo da comunidade. Festa da Colheita É considerada a mais antiga festa conhecida. Existe desde tempos pagãos, quando os homens agradeciam aos deuses a chegada das colheitas que garantiam alimento para o ano vindouro. Festa Indígena da colheita O batismo do milho é um ritual muito sagrado onde os caciques rezam para terem uma boa colheita e para que a próxima plantação de milho não tenha problemas. A festa do milho durava três dias, e havia a xixa que é uma bebida preparada com o milho colhido da roça. Mas a maioria das gerações de hoje não preserva mais a sua cultura e rituais como esse estão ficando muito raros. Colheita das Tribos Guaranis Entre os kaiowa, duas cerimônias têm destaque: Avati Kyry – milho novo, verde. Mitã Pepy ou Kunumi Pepy – realizada em várias comunidades no Paraguai; no Brasil apenas uma comunidade a mantém. A primeira é celebrada em época de plantas novas (fevereiro, março) e tem no Avati Moroti (milho branco), planta sagrada que rege seu calendário agrícola e religioso, a referência principal. Na cerimônia bebem o kãguy, uma bebida fermentada feita com o milho branco e preparada pelas mulheres. A cerimônia, dirigida por um líder religioso, tem início ao cair do sol e finda na aurora do dia seguinte. Este xamã deve conhecer o Mborahéi Puku ou ‘canto comprido’, cujos versos, que não se repetem, não podem ser interrompidos depois de iniciada a cerimônia. A cada verso entoado pelo Ñanderu a comunidade o repete, sempre acompanhados pelos Mbaraka (usado pelos homens) e os Takuapu (usado pelas mulheres). Ao amanhecer, terminado o canto comprido, há o batismo da colheita, que permaneceu depositada no altar. Os Povos Ameríndios do Brasil A cerimônia do ajucá ou jurema, praticamente desapareceu do Brasil e é um dos rituais que combina elementos cristãos, indígenas, espíritas e afro-brasileiros. O nome jurema é originário de uma árvore (acácia jurema), cujas raízes os pajés faziam uma bebida alucinógena capaz de produzir sonhos adivinhatórios. O antigo ritual realizado pelos indígenas, supunha que os guerreiros poderiam viajar ao mundo dos espíritos tomando a poção. Os índios sonhavam, mas eram somente as mulheres que interpretavam tal sonhos e podiam revelar o passado e o futuro. Existe a crença de que os mortos se encarnam em algumas árvores, especialmente na jurema. Por isso, estas árvores são sagradas no nordeste do Brasil. Em torno delas acende-se velas e costuma-se rezar. A jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsáveis pelos efeitos. “...Durante a preparação dos guerreiros tabajaras para a guerra com os pitiguaras, Iracema lhes serve o vinho da jurema e, enquanto os guerreiros deliram, ela...” José de Alencar Rituais Afro-Brasileiros A língua utilizada nos rituais das comunidades-terreiro é um iorubá antigo. Dizem que “esta é a língua falada pelos orixás”. É nessa língua ancestral que são entoados os cantos litúrgicos, importantes fontes na compreensão dos rituais. Nas comunidades, a orquestra ritual é composta por instrumentos de percussão, três atabaques, agogô e gã e campânulas de ferro percutidas por baquetas de metal. É inconcebível pedir aos orixás em silêncio. Os desejos devem ser pronunciados em voz alta. “A fala deve reproduzir o vai-vém, que é a essência do ritmo”. Os enunciados orais entoados possuem diversas formas de apresentação correspondentes às finalidades a que se destinam no contexto ritual: Orikis – Evocações; Orin – Cantos de louvação; Adura – Preces; Iba – Saudações; Ofó – Encantamento das espécies vegetais. Características dos Cânticos Rituais: Marcação do ritmo; Estilo responsorial; Tonalidade bem definida; Candomblé: Ogãs e Atabaques Os tambores expressam a consagração espiritual. Ligam os iniciados às divindades, o profano ao SAGRADO. Atabaques e Ogãs são sempre encontrados nos terreiros de candomblé. Ogãs são os padrinhos do culto africano ou brasileiro, ou seja, homens que tocam os atabaques sagrados, cuja missão é a de chamar as divindades para que os seus adeptos entrem em transe. Os atabaques simbolizam respeito e passam por uma série de estágios: purificação, preparação e conservação, feitos por Ogãs. Os sons produzidos possuem qualidades especiais, já que representam o caminho, a voz que invoca os orixás a saírem do seu universo para incorporarem nos seus adeptos. • Muitos acreditam que o som produzido por eles seja a própria voz das divindades. O Ogã passa por um ritual de iniciação que se inicia aos 8 a 10 anos, perdurando por toda a vida. No dia da festa, ele passa por um processo de purificação antes de tocar seu instrumento sagrado: toma um banho com ervas próprias, além de respeitar algumas proibições alimentares. Também solicita a proteção do seu orixá protetor, colocando no altar as oferendas que agradam ao seu deus pessoal. Exú É o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixás. O Ipadé de Exú é executado antes de qualquer cerimônia interna ou pública do Candomblé, para que o Exú seja sempre o primeiro homenageado. O Ipadé é celebrado por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a Dagã e a Sidagã. Ele comporta cantiga aos mortos ou para os antepassados do Candomblé. Xirê – A dança dos orixás Os Xirês são a parte pública dos rituais de candomblés. Acontecem nos barracões ou salas, em momentos que os leigos podem ter acesso. É chamado de Brincadeira dos Orixás, momento em que durante a execução dos toques e cantos específicos, cada orixá, ao ser saudado, pode comparecer incorporando-se em seus iniciados, desenvolvendo seus atos rituais com gestos e comportamentos próprios. Neste Xirê, o Abaçaí procurou criar o clima funfun, em que se destaca a cor branca, de Oxalá, predominante nas casas votadas a este orixá. Apetrechos de Rituais AfroBrasileiros Vela – Ilumina os caminhos. Dependendo das cores, é oferecida aos Orixás, Égun e Exú. Pólvora – Afasta malefícios ou limpa caminhos. É usada no início dos trabalhos de candomblé. Charutos – Os caboclos costumam usar quando estão fazendo consultas. Defumadores – Incenso, ativador da vida. Mistura de ervas e resinas odoríferas para purificar o ambiente ou o adepto. Cachimbo – Os pretosvelhos costumam usar também nas consultas. Pemba – Giz ritual de várias cores para traçar sinais chamados pontos riscados (umbanda). Oferenda e Obrigações – Dependem do objetivo e da época como, por exemplo, reconhecimento do benefício alcançado e cumprimento do ritual a que se propôs. Ritos Mortuários Começam com a agonia que coincide nas sociedades urbanas com o acompanhamento do corpo e continuam com o velório, as exéquias, as condolências, o luto público e social e se prolongam com o culto aos mortos, como a visita ao cemitério. Têm o efeito de retardar a separação. Dependem dos costumes das civilizações. Ritos Fúnebres dos Celtas Os celtas consagravam grandes cuidados aos seus mortos, como as tumbas dos príncipes com magníficos tesouros. A etapa anterior ao enterro era uma longa cerimônia que incluía o sacrifício de homens ou de animais que deveriam acompanhar o senhor em sua viagem à eternidade. Uma vez concluídos os rituais dirigidos pelos druidas, o corpo do príncipe era transportado ao sepulcro, onde era depositado em meio às oferendas, além de suas armas e jóias. Em épocas mais antigas, os chefes militares e os cavaleiros não eram enterrados: seus corpos eram cremados e as cinzas depositadas dentro de grandes urnas de bronze ou argila, junto com a espada, o escudo e as jóias do senhor. Atividades 1. Para compreender melhor o significado desses ritos precisamos dominar o significado de certas palavras. Por isso, vamos pesquisar e elaborar um pequeno glossário, para explicar as palavras: Arrependimento Mortificação Perdão Libertação Iniciação Expiação Crenças 2. Que rito humano você acha mais importante e por quê? 3. Pesquise quais rituais são realizados na sua religião. 4. Em grupo partilhem o que descobriram e selecionem um dos ritos pesquisados para encenar (teatro)em sala de aula. 5. Encenados os ritos por todos os grupos, identifiquem os aspectos culturais e religiosos no rito selecionado pelo seu grupo. PLANO DE TRABALHO DOCENTE RITOS: VALOR CULTURAL E RELIGIOSO Nome: Sirlei Groff Zanini Disciplina: Ensino Religioso Colégio: Eleodoro Ébano Pereira – Ensino fundamental e Médio Série: 6º série (fundamental) Período: 1º Semestre 2010 Conteúdo Estruturante: Universo Simbólico Religioso Conteúdo Básico: Ritos Conteúdo Específico: Ritos de passagem, mostruários e propiciatórios. Ritos obsessivos, de interação e instituídos. Ritos de iniciação, de adivinhação e de expiação ou purificação, entre outros. Horas/aula: 10 h/a Justificativa Justifica-se o desenvolvimento desse plano de trabalho docente, por ser conteúdo básico desta disciplina e tendo em vista o grau de interesse dos nossos alunos referente a um tema encantador, por ser carregado de símbolos e significados um tanto desconhecidos, e ao mesmo tempo instigante para os estudantes. Para o desenvolvimento desse Plano de Ação, serão considerados os seguintes conteúdos: Ritos Tipologia dos Ritos Encaminhamento Didático e Recursos Metodológicos As atividades serão desenvolvidas com alunos da 6ª série do Ensino Fundamental que freqüentam a disciplina de Ensino Religioso. Os recursos empregados serão: Laboratório de informática, textos de apoio, atividades resolvidas em grupo e peça teatral. Serão oferecidas aulas expositivas, leituras de textos, debates e vídeos relacionados ao tema. Para o desenvolvimento desse Plano de Ação, estão previstos 10 h/s (aula de trabalho com os alunos ). Primeiramente, serão feitas aulas expositivas com apresentação do conteúdo “Ritos”, em seguida faremos a pesquisa na internet sobre o conteúdo, depois os exercícios escritos para verificação do entendimento, por fim, a escrita e produção de peças teatrais dos ritos escolhidos pelos estudantes, levando-os ao conhecimento empírico e conceitual das funções e aplicabilidade dos ritos religiosos e culturais. Encaminhamento Didático e Recursos Metodológicos Para conclusão serão apresentadas as peças teatrais para os alunos das 5ª séries do colégio. Com esse trabalho, espera-se que o aluno desenvolva hábitos de respeito às diferenças religiosas e culturais e construa uma consciência de valorização dos ritos e rituais para a sociedade, em especial na sua comunidade. Avaliação (Critérios e Instrumentos) Pesquisa no Laboratório de informática; Atividades em grupos e individuais (Apresentação dos exercícios e pesquisa); Análise do texto escrito para a peça teatral; Teatro. Bibliografia DCE – Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2008 “O Rito na Vida e nas Religiões” de Eliomar Ribeiro NAUROSKI, Everson Araújo, Redescobrindo o Universo Religioso, ensino fundamental,Volume 7, Petrópolis: Vozes, 2001. BIANCA, Valmir et al – O Sagrado no ensino religioso – Cadernos pedagógicos para o ensino fundamental. - Curitiba: SEED – PR, 2006. Vídeos: Trecho de “O pequeno príncipe” – fala da visita do príncipe à raposa – “É preciso ritos”. Trecho de “Cavalo de Oxumaré” – filme que mostra a iniciação no candomblé – sangue derramado na cabeça raspada. Besouro Colocar o slide das orquídeas no final do trabalho, está no meu e-mail.