Índices de inflação dos Custos de Produção e da Receita dos produtores do RS. RS. Com o intuito de contribuir com a compreensão da evolução dos custos de produção e também dos preços recebidos pelo produtor rural do Rio Grande do Sul, o Sistema Farsul então cria dois índices de inflação relacionados ao setor: o Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) e o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos Produtores Rurais (IIPR). O primeiro visa apurar a variação no custo de produção e o segundo apurará as variações dos preços recebidos pelos produtores. 1. Aspectos metodológicos A metodologia de cálculo utilizada será o Índice de Laspeyres, idêntica ao cálculo do IPCA e do INPC apurados pelo IBGE. =ܫ ܲ ∗ ܳ ∗ 100 ܲ ∗ ܳ A série será mensalmente atualizada iniciando em Janeiro de 2010, sendo que os preços e os custos-base serão informados pelo CEPEA, com exceção do preço do Leite que será informado pela Emater. A área de abrangência será somente o Estado do Rio Grande do Sul, já que tanto os custos de produção quanto aos preços serão aqueles praticados dentro do Estado. 97% da área plantada no RS. Pressupõe-se, pela natureza das atividades agropecuárias, que as demais culturas não enquadradas diretamente no índice seguem uma distribuição normal, sendo assim, a evolução dos custos dessas culturas deve se aproximar da tendência central do índice. Como ponderadores serão utilizados os resultados das áreas plantadas de cada um dos produtos-objeto da análise no ano de 2014, já que o custo de produção é medido em hectares, a mesma unidade, portanto, da medida da área. 1.2. Índice de Inflação dos Preços Recebidos Pelos Produtores Rurais (IIPR) O IIPR apura a variação dos preços dos seguintes produtos: arroz, milho, soja, trigo, boi gordo, suíno, frango e leite. Esses produtos representam 80% do Valor Bruto da Produção de 2014. Acredita-se que os 20% restantes também sigam uma distribuição normal e sejam representados pelo índice. Como ponderadores serão utilizados como proxy o faturamento de cada atividade. 2. O RESULTADO DO IICCP E DO IIPR EM 2014 E A RELAÇÃO RELAÇÃO COM O IPCA O gráfico a seguir compara a inflação acumulada nos custos de produção (IICP), a inflação dos preços recebidos (IIPR) e o valor acumulado do IPCA e do IPCA Alimentos e Bebidas. Gráfico 1 - Comparação entre os índices de inflação de Custo de Produção (IICP), dos Preços Recebidos (IIPR) com o IPCA e o IPCAIPCA-Alimentos e Bebidas acumulados em 2014. 10,00% 7,72% 8,00% 8,03% 6,41% 6,00% 4,00% 1.1. Índice de Inflação dos Custos de Produção 2,00% 0,00% Os custos de produção são levantados anualmente pela CNA/Farsul em parceria com o Cepea, através de painéis. Os produtos anualmente levantados são: arroz, milho, soja, trigo, Bovinocultura de Corte (cria, recria e ciclo completo) e Bovinocultura de Leite. Serão corrigidos pelos preços mensais dos insumos componentes do Custo Operacional Total que, por sua vez, tem seus coeficientes técnicos levantados em painéis anuais das seguintes culturas: arroz, milho, soja e trigo, sendo essas as culturas utilizadas para a construção do IICP pois são as únicas atualizadas mensalmente, além dos mais, elas representam -2,00% -4,00% -6,00% -8,00% IICP IIPR -6,64% 1 IPCA Alimentos e Bebidas IPCA Fonte: Farsul (IICP e IIPR) e IBGE (IPCA e IPCA-Alimentos e Bebidas), Os dados nos mostram, em primeiro lugar, que os custos de produção (IICP) aumentaram 7,72% em 2014, valor acima do IPCA que foi de 6,41%. Acreditamos que em 2015 deverá se Tabela 1 – Variação percentual dos preços agropecuários que compõem o IIPR, acumulados em 2014. Produto Soja Milho Trigo Arroz Boi Gordo Suino Frango Leite Var.(% ) 2014/2013 -10% 8% -28% 6% 27% 9% -1% -4% Fonte: Cepea e Emater (leite) Além da Soja e do Trigo, registramos também a queda do Leite e do Frango. Já as elevações foram puxadas pelo Boi Gordo que apresentou variação de 27% que junto ao aumento dos Suínos (9%) garantiu a alta do grupo Carnes. Já os grãos tiveram alta o Arroz (6%) e o Milho (8%), entretanto, altas insuficientes para que o grupo grãos apresentasse alta. 3. COMPORTAMENTO HISTÓRICO DOS ÍNDICES Conforme pode ser visto no gráfico a seguir, durante um longo período entre janeiro de 2010 e março de 2012 o IICP cresceu mais do que o IIPR, o que denota queda na renda do produtor no período, uma vez que os custos aumentaram em maior velocidade do que a receita. A partir de maio de 2012 o IIPR acumulado não apenas esteve acima do IICP como também esteve acima do IPCA acumulado no período. Houve, entretanto, a estiagem de 2012 que ceifou 50% da safra gaúcha e os produtores, apesar dos preços em alta, não dispuseram de produto para comercialização neste período em que os preços estavam em forte crescimento. GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DO IICP, IIPR E IPCA ENTRE JAN/2010 E JAN/2015. /2015 IICP IIPR jan/15 ago/14 mar/14 out/13 dez/12 mai/13 jul/12 fev/12 set/11 abr/11 jun/10 nov/10 170,00 150,00 130,00 110,00 90,00 70,00 jan/10 manter essa relação de distância, pois se por um lado deveremos ter fortes aumentos de custos de produção em razão dos aumentos da energia elétrica, diesel, taxa de câmbio, etc., por outro, esses aumentos também pegarão em cheio a maioria das atividades econômicas, logo a elevação desses insumos fará com que tenhamos índices elevados de inflação para todos os segmentos, fazendo com que o IICP se eleve e o IPCA se eleve como um todo. Outro ponto importante de comparação é a inflação dos preços recebidos pelos produtores (IIPR) com o IPCA e IPCA Alimentos e Bebidas. Os dados nos revelam que em 2014 houve deflação de -6,64% nos preços recebidos pelos produtores mas, ao mesmo tempo, o IPCA Alimentos e Bebidas disparou 8,03%, tendo crescido acima, inclusive, do IPCA geral. Essa relação nos mostra que o aumento do preço dos alimentos não depende do aumento dos produtos agrícolas ao produtor. Ainda que de maneira geral as pessoas julguem que os preços ao produtor e dos alimentos andem juntos isso não é verdade. Entre o produto que sai da propriedade rural até chegar à mesa do consumidor há dezenas de processos em nível industrial e de varejo. Temos verificado que os preços dos alimentos são fortemente influenciados pelas variações no custo da mão-de-obra, no preço da energia elétrica, preço dos combustíveis, custo dos aluguéis – que encarecem o preço do produto na prateleira -, no custo dos serviços prestados às empresas, etc. Ainda que fisicamente os alimentos e bebidas sejam compostos em sua maioria pelos produtos. A queda do índice de preços recebidos ao produtor devese principalmente à queda da soja que, mesmo tendo desvalorização menor que o trigo (-28%), devido ao seu peso na composição ela é a maior responsável pela queda. IPCA Fonte: Farsul (IICP e IIPR) e IBGE (IPCA) O primeiro ciclo de elevação dos preços durou até março de 2013, quando IIPR esteve próximo do IPCA, mas ainda com margem sobre o IICP. Em abril, junto com a colheita iniciou o segundo ciclo de crescimento dos preços que durou até julho de 2014.