ROSANE SEGANTIN KEPPKE Dra. em Arquitetura e Urbanismo – FAU - USP GESTÃO PÚBLICA E PLANEJAMENTO URBANO Integrando planos, projetos e pesquisas Colaboradores: André Luiz Casadio Anivaldo Solano Santos Celso Capato Ivan Carlos Maglio Luiz Carlos Merege Luzia Monteiro Araújo Soares Peter Kevin Spink Roberta Clemente Roberto Ogo Sergio Henrique Forini São Paulo Edição do Autor 2012 1 Título: GESTÃO PÚBLICA E PLANEJAMENTO URBANO c 2012 Rosane Segantin Keppke Diagramação: Joyce Francisca da Silva Capa: Joyce Francisca da Silva 2 Dedicatória A minha filha Ellen Sofia Keppke, dedico esta e toda a minha obra, da qual ela é a maior. 3 Agradecimentos Reconhecimento incomensurável aos coautores nos artigos, A aos mentores e incentivadores que seguem. Ivo Segantin, meu pai, microempresário modesto, que me permitiu trabalhar somente após concluir a faculdade, conforto que proporcionou o prazer pelos estudos. E à minha mãe – “Da. Tide”, “in memorian”. Além disso, cuidaram da minha filha até a préadolescência, para que eu pudesse me dedicar à carreira acadêmicoprofissional. Eng. MSc Helmer Walter Keppke, meu esposo, que me incentivou a fazer o “exílio acadêmico”, durante a crise ética da Prefeitura da Cidade de São Paulo, momento que ficou conhecido como “a máfia das propinas” nas Administrações Regionais. Prof. Dr. Luiz Carlos Merege, meu orientador de Mestrado na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor, que abriu oportunidades e horizontes intersetoriais e acadêmicos. Prof. Dr. Alfred Vernis Domenec, meu mentor no Program of International Management junto à Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas de Barcelona, que me contagiou com o profissionalismo e a paixão pelo Terceiro Setor. Prof. Dr. Ricardo Toledo Silva, meu orientador do Doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, entusiasta da interdisciplinaridade e da inter-relação do Planejamento Urbano com a Gestão Pública, grande incentivador da minha carreira acadêmica. . Prof. Dr. Roberto Kanaane, parceiro de outras publicações, que me abriu o caminho da docência em nível de pós-graduação na Fundação de Amparo ao Ensino e Pesquisa, da Universidade de Mogi das Cruzes. Prof. João Francisco Ferreira do Nascimento, Subprefeito de Itaim Paulista, que nela introduziu o Planejamento Estratégico com grande idealismo, dando-nos oportunidade de aplicar os instrumentos de gestão assimilados. 4 Dr. Diógenes Sandim Martins, Subprefeito de Itaim Paulista, que permitiu a continuidade de planos e projetos, indo além nas realizações e no entusiasmo, viabilizando as premiações que tanto nos motivaram. Eng. Aguinaldo Tarso Prieto, Coordenador de Projetos e Obras, pelo singular empreendedorismo no Setor Público, que deu concretude aos planos e projetos mencionados neste trabalho. Prof. Wilson Mendes de Souza, diretor da Escola de Formação do Servidor Público Municipal, que viabilizou a fusão das minhas carreiras profissional e acadêmica no mesmo espaço e tempo. À Prof. Dra. (att.) Marise Miglioli Lorusso, por ter incentivado a publicação deste livro e gentilmente cedido seus serviços de edição e editoração. Por meio das pessoas aqui citadas, agradeço a todos os colegas de trabalho e academia envolvidos nestes planos, projetos e pesquisas. 5 Apresentação Este livro é uma coletânea de planos, projetos, ensaios e pesquisas realizadas simbioticamente pela autora em sua vivência acadêmicoprofissional no Setor Público, com significativa passagem teórica e prática pelo Terceiro Setor. Por isso envolve coautorias nos artigos e muitos parceiros nas realizações técnico-profissionais. O caminho de criação e parceria era “vamos fazer um projeto?” Ee, na sequência, “vamos escrever um artigo?” E uma atividade retroalimentava a outra, partindo para o projeto seguinte, construindo aprendizado contínuo. Compartilham-se agora seus pontos fortes e fracos, expõemse as virtudes e vulnerabilidades dos ciclos de planejamento que influenciaram esta trajetória orientada por objetivos. Para os planos e projetos consta aqui o relato das fases principais vividas pela autora. Especial destaque cabe a três deles: a revisão do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista (2006) que instituiu o Projeto Fluir, o qual recebeu o Prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro em 20081, e a Câmara de Animação Econômica, 2 3 contemplada pelo Prêmio São Paulo Cidade e pelo Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor, também em 2008. Estes planos e projetos continuam sob a responsabilidade de equipes sucessoras e foram replicados em outros lugares, o que é motivo de grande satisfação. Os artigos encontram-se aqui expostos nas versões “working papers” submetidos às conferências, aos congressos e seminários em que foram selecionados e apresentados, por isso a maior parte está em Inglês. Os resumos (abstracts) constam em seus respectivos anais e sítios. “The Dilemmas of the Para-Governmental Arena in Brazilian Local Government: an analysis of innovative practices” Este artigo fez destaque à arena paragovernamental que interage com o Setor Público, de modo a lhe cobrar melhor governança e a participar dela estreitamente. Foi um dos produtos gerados pela linha de pesquisa “Continuidade Administrativa” coordenada pelo Prof. Dr. Peter Spink, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas - EAESP/FGV. Nela observou-se que havia participação direta das organizações da sociedade civil em mais de 70% dos projetos sobreviventes às viradas de gestão, ao mesmo tempo em que havia 6 parceria de outras instâncias de governo com percentual equivalente. A dissertação de Mestrado alavancou o artigo “Como vender projetos sociais sem vender a própria alma: dois casos e um alerta”, em parceria com meu orientador Prof. Dr. Luiz Carlos Merege, que da minha parte é a produção mais citada, embora nunca tenha pretendido ser referência em marketing social ou “fundraising”, pois vinha de outra área de formação. Porém, a sustentabilidade socioambiental almejada pela Arquitetura e Urbanismo é a mesma que passa pela gestão das organizações do Setor Público, do Setor Privado e do Terceiro Setor. “The City of São Paulo Strategic Máster Plan - Retrospect of the Elaboration: from pressure groups to the Non Government Organizations”, escrito em parceria com o colega e Prof. Dr. Ivan Carlos Maglio, então diretor do Departamento de Planos Urbanos da Secretaria Municipal de Planejamento. O conhecimento na gestão do Setor Público e do Terceiro Setor permitiu-nos conhecer as potencialidades e as fragilidades de ambos. Com isso foi possível produzir esse artigo sobre a participação civil no processo dos Planos Regionais Estratégicos. Concluiu-se que a qualidade e a diversidade de participação foram regionalmente assimétricas e não aprofundaram nos parâmetros urbanísticos da regulação propriamente dita. Apontou que nossa sociedade organizada estava mais para os grupos de pressão do que para as Organizações Não Governamentais de defesa da questão urbana. Na sequência produzimos o artigo “Mercado Imobiliário, Desenvolvimento Urbano e Responsabilidade Social: o plano paulistano de conciliação”, preparado e apresentado para o IV Seminário Internacional LARES - Latin América Real Estate Society, 2004, com ênfase nas estratégias de captação de recursos embutidas no Plano Diretor de São Paulo. Reforçou-se a necessidade de política distributiva 1 Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/index. php?p=26512 , acesso em 25/11/2012. 2 Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/itaim_ paulista/noticias/?p=4532 Acesso em 25/11/2012. 3 Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/itaim_ paulista/noticias/?p=4387 Acesso em 25/11/2012. 7 como o terceiro pé do tripé da regulação, nivelando-o à legislação e ao controle urbano-ambiental. “Câmara de Animação Econômica: desenho e implantação de projetopiloto de Arranjos Produtivos Locais e suas oportunidades de geração de ocupação e renda, a experiência do Itaim Paulista e Vila Curuçá ” tratou do projeto desenvolvido pela Subprefeitura Itaim Paulista, juntamente com a Secretaria Municipal do Trabalho, visando a geração de trabalho e renda num território considerado como “cidadedormitório” dentro do município de São Paulo. Suas referências teóricas são a Teoria do Desenvolvimento Sustentável, a Teoria Sistêmica, a Lógica da Ação Coletiva, dentre outras, e suas referências empíricas são o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentado - DLIS e os Arranjos Produtivos Locais. Mais do que uma narrativa, o artigo expôs suas interfaces com o Plano Regional Estratégico e fez uma reflexão crítica da experiência, na visão de técnicos participantes, os colegas MSc Roberto Ogo, da Fundação Escola de Sociologia e Política e MSc Luzia M. A Soares, empreendedora social. “Turning Street Trash pickers into Ecoentrepreneurs” ou “Transformando catadores em ecoempreendedores ”, escrito com o colega Eng. Sergio Henrique Forini, então doutorando da Escola Politécnica, que atuou voluntariamente na Câmara Temática de Reciclagem. Foi um artigo que discutiu a incubação de cooperativas de catadores, fazendo uma abordagem comparativa entre modelos políticos e organizacionais. A questão central era como inserir a Economia Solidária na indústria oligopolizada dos Resíduos Sólidos, e ao mesmo tempo promover a emancipação das cooperativas incubadas. “Dicotomias de Gestão: Regulação e desigualdades territoriais em São Paulo” foi uma sinopse da tese de doutorado apresentada ao XIII Encontro Nacional da ANPUR: Planejamento e Gestão do Território: escalas, conflitos e incertezas, realizado em Florianópolis, em 2009. “Holambra: lessons from the Social Economy for a sustainable city” foi um artigo inspirado pela convivência com a equipe de Holambra na Subprefeitura Itaim Paulista, escrito em parceria com Celso Capato, exprefeito 4 daquela cidade. Pretendeu-se verificar se a Economia Social 8 impactava nos indicadores urbano-ambientais, o que foi comprovado em abordagem comparativa com os demais municípios de São Paulo. Verificou-se ainda que o associativismo teve forte influência no Plano Diretor com relação aos cuidados paisagístico-ambientais que são seu diferencial turístico. “Cross-sector Partnerships in Healthcare: a contribution to the debate around marketization” , escrito com os colegas Anivaldo Solano Santos e Dr. André Luiz Casadio, da Secretaria Municipal de Saúde, discutiu o modelo de parceria público-privada (PPP) na construção ou reforma, aparelhamento e funcionamento de dezesseis novos hospitais e centros diagnósticos na cidade de São Paulo. Trata-se de um modelo inovador, em processo pré-licitatório, em que a construtora concessionária será remunerada por meio de contrato de gestão de serviços não assistenciais (“facilities”). Os serviços assistenciais propriamente ditos serão realizados por Organizações Sociais, que são tradicionais operadoras da Saúde antes mesmo de o poder público reconhecer como sua esta função. Esta proposta abre precedentes importantes de “Project Finance” para a infraestrutura urbana, porque permite remunerar o parceiro privado por meio de contratos de gestão desvinculados do objeto do investimento. Para estes artigos não houve a preocupação com a publicação posterior às apresentações em congressos, conferências e seminários, ato falho para a carreira acadêmica, ou mesmo para a carreira na administração pública, o qual se pretende mitigar com esta pequena obra que funde intersetorialidade, interdisciplinaridade e pesquisa-ação. Como se diz no serviço público, “segue o presente para sua apreciação e melhor juízo”. Rosane Segantin Keppke5 4 Reeleito recentemente para seu terceiro mandato. Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Mestre em Administração Pública, Especialista em Desenvolvimento Urbano na carreira do serviço público municipal. 5 9 10 Sumário Parte I: Planos e projetos 1. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista, Revisão 2006 2. Câmara de Animação Econômica, 2008 3. Projeto Fluir, 2008 4. Projeto Florir, 2009 Parte II: Artigos 1. THE DILEMMAS OF THE PARA-GOVERNMENTAL ARENA IN BRAZILIAN LOCAL GOVERNMENT : AN ANALYSIS OF INNOVATIVE PRACTICE (apresentado à ISTR/ 1998) 2. HOW TO SELL SOCIAL PROJECTS WITHOUT SELLING ONE’S OWN SOUL? Two cases and a need for awareness (apresentado à ISTR/ 2000) 3. THE CITY OF SAO PAULO STRATEGIC MASTER PLAN – RETROSPECT OF THE ELABORATION: FROM THE PRESSURE GROUPS TO THE NON GOVERNMENTAL ORGANIZATIONS (apresentado à ISTR/ 2004) 4. Mercado Imobiliário, Desenvolvimento Urbano e Responsabilidade Social: O plano paulistano de conciliação ( apresentado à lares/ 2004) 11 5. TURNING STREET TRASH PICKERS INTO ECOENTREPRENEURS (apresentado à ISTR/ 2008) 6. DICOTOMIAS DE GESTÃO: REGULAÇÃO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS EM SÃO PAULO (apresentado ao ENANPUR/ 2009) 7. HOLAMBRA: LESSONS FROM THE SOCIAL ECONOMY FOR A SUSTAINABLE CITY (apresentado à ISTR/ 2010) 8. CROSS-SECTOR PARTNERSHIPS IN HEALTHCARE: A CONTRIBUTION TO THE DEBATE AROUND MARKETIZATION (apresentado à ISTR/ 2012) 12 Parte I: Planos e projetos 13 Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista, Revisão 2006 14 PLANO REGIONAL ESTRATÉGICO DA SUBPREFEITURA ITAIM PAULISTA REVISÃO 2006 Rosane Segantin Keppke A revisão do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista – PREIT (lei municipal 13885/04, Livro XXIV) foi resultado de vinte e cinco oficinas de participação direta da população, com a finalidade de tratar do plano como um todo. Semellhante processo participativo já havia acontecido por ocasião do plano original, em 2004. Era o momento de aperfeiçoá-lo. Indo além, o advento da revisão promoveu encontros específicos para tratar dos projetos estratégicos que estavam sendo esboçados concomitantemente ao PREIT: a “Câmara de Animação Econômica” – para o desenvolvimento econômico regional; o “Projeto Fluir” – para drenagem, paisagem, lazer e meio ambiente; o Projeto “Esporte Ambiental” – para apropriação e zeladoria popular do sistema de áreas verdes; o “Projeto Transitaim” – para a mobilidade intrarregional; o “Habitat Cidadão” – para Habitação de Interesse Social; o “Programa de Animação Social” – para organização e empoderamento da sociedade civil e a “Política de Acolhimento” – pela eficiência da administração pública local. Esses projetos tiveram profundos rebatimentos físico-territoriais no replanejamento. O Projeto Fluir estava intrinsicamente relacionado à Rede Hídrica Estrutural. Na versão original do PREIT, a delimitação das Áreas de Intervenção Urbana para fins de parques lineares limitava-se à faixa não edificante de 15 m 6 às margens dos cursos d’água. As calamitosas enchentes que ocorreram na virada dos anos de 2005 e 2006 demonstraram a insuficiência desse parâmetro. Assim sendo, a revisão propôs significativa ampliação dos perímetros indicados para parques lineares. 6 Art. 4º, III da Lei nº 6.766/79, na redação dada pela Lei nº 10.932/2004. V. http://jus. com.br/revista/texto/17914/as-areas-de-preservacao-permanente-em-area-urbana 15 Mapa 1a – Rede Estrutural Hídrica Ambiental PREIT 2004 1b – Rede Estrutural Hídrica Ambiental PREIT/ Revisão 2006 A definição dos perímetros dos parques lineares considerou os pontos de inundação quinquenal indicados pela Carta Geológicageotécnica. Para presevar o Sistema Municipal de Áreas Verdes, a revisão do PREIT instituiu as Áreas de Intervenção Socioambiental (AIU-SA), com as seguintes diretrizes: • Os perímetros de AIU-SA englobam os parques lineares (Mapa 1b), as áreas de remoção prioritária de favelas, as áreas de recepção das unidades habitacionais removidas, os ecopontos e os lotes sob Direito de Preempção. 16 • As áreas de remoção prioritária de favelas são aquelas inseridas dentro dos perímetros inundáveis e da faixa não edificante dos córregos. • Os conjuntos habitacionais existentes ou a construir podem ser adensados para recepção das unidades removidas das favelas retro mencionadas. Nestes casos deve-se elaborar um Plano Urbanístico Específico, sujeito a parâmetros também específicos, a critério do Executivo. • Para tanto, no caso de extrapolar a taxa de ocupação ou de subtrair áreas verdes dos conjuntos habitacionais, deve ser promovida concomitante compensação ambiental, com área equivalente a 1:1, respectivamente área extrapolada, área compensada, dentro do perímetro de qualquer AIU-SA da jurisdição (Fig. 1). • Nos parques lineares, os lotes sujeitos à transferência do Direito de Construir podem transferí-lo para qualquer lote em Zona de Centralidade-ZCs da jurisdição. • No lote ribeirinho, a faixa não edificante é obrigada a ter acesso público. A faixa não poderá ser obstruída por nenhum tipo de construção, mobiliário privado ou muro do proprietário. A área disponibilizada poderá ser acrescida sem ônus ao potencial construtivo do lote. Fig. 1 – Compensação ambiental para fins de remoção de favela ribeirinha 17 Onde: Afvaf =: área de favela subtraída da Área de Preservação Permanente Apvap =: área acrescentada aos conjuntos habitacionais para prover unidades habitacionais às famílias removidas Os conjuntos habitacionais promovidos pelo Setor Público poderão ser adensados, conforme parâmetros estabelecidos no Plano Urbanístico Específico, de caráter menos restritivo. • O instrumento da outorga onerosa foi flexibilizado para fins de regularização edilícia. Os recursos extraorçamentários gerados ficam destinados a recompor o estoque fundiário do sistema municipal de áreas verdes. • O fechamento da malha verde com parques lineares - ao longo de cursos d’água e caminhos verdes - ao longo de determinadas vias. • A implantação de “Fábrica Verde” - programa de agricultura urbana da Secretaria Municipal do Trabalho. • A integração com o programa “Esporte ambiental”, nas áreas de parques lineares, com gestão compartilhada pelas associações de bairro, visando o controle social. • Indicação de locais para ecopontos próximos aos pontos viciados de entulho (Mapa 2) • Dentro das AIU-Socio-ambientais, qualquer espaço livre público, a qualquer tempo, por decisão do Executivo, poderá vir a ser destinada a ecoponto. • Os ecopontos atenderão aos parâmetros gerais de instalação e controle de incômodos em espaços livres públicos. • A permissão de uso dos ecopontos para fins de coleta seletiva e recepção de pequenos volumes de entulho e “bagulho” será concedida às cooperativas ou, na ausência delas, às associações de catadores. 18 Mapa 2 – Georreferenciamento de pontos viciados de entulho Por seu turno, para a Rede Viária Estrutural e o Sistema Estrutural de Transporte Público haverá: • Mudança de paradigma: ao invés de vias de fundo de vale, parques lineares e ciclovias conectadas às novas estações de trem que estavam (em obras). • Reconhecimento das linhas de micro-ônibus para fins de linhas circulares e transporte intrarregional O instrumento urbanístico do Direito de Preempção foi aplicado para recompor a reserva fundiária para Habitação de Interesse Social - HIS, viabilizar incubadoras para fins de animação econômica, ecopontos e Centrais de Triagem. Para a Câmara de Animação Econômica, era crucial compreender a vocação regional. Para tanto, as atividades econômicas foram 7 identificadas e georreferenciadas segundo a base de dados da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, ampliando drasticamente 7 http://www.rais.gov.br/ 19 radicalmente os perímetros de centralidades e flexibilizando o convívio entre para as categorias de uso não residenciais, com vistas a facilitar o desenvolvimento econômico. Mapa 3a – Uso e Ocupação do Solo PREIT 2004 Mapa 3b – Uso e Ocupação do Solo PREIT/ Revisão 2006 20 Anexo XXIV – Livro XXIV Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista – IT LM 13.885/04 - REVISÃO 2006 MINUTA PARA PROJETO DE LEI 8 Dispõe sobre Reti-ratifica o Plano Regional Estratégico vigente, institui o Programa de Desenvolvimento Local com seus Projetos Estratégicos e a revisão dos Zoneamento e da aplicação dos Instrumentos Urbanísticos Sumário Título I – Das Políticas Públicas Regionais. Capítulo I – Do Programa de Desenvolvimento Local Seção I - Da Agência de Animação Econômica Subseção I - Do Conselho de Desenvolvimento Econômico Subseção II - Da Câmara de Animação Econômica Subseção III - Das Câmaras Temáticas Seção II - Do Projeto de Animação Social Seção III - Do Projeto de Acolhimento ao Cidadão Seção IV - Do “Projeto Fluir” Subseção I - Do “Projeto Habitat Cidadão” Subseção II - Do “Projeto Transitaim” Subseção III - Do “Projeto Esporte Ambiental” Título II – Do Plano Urbanístico-Ambiental Capítulo I – Dos Elementos Estruturadores Seção I – Rede Estrutural Hídrica - Ambiental Subseção I – Dos Parques Lineares Seção II – Rede Viária Estrutural e Coletora Seção III – Rede Estrutural de Transporte Público Seção IV – Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade 8 Versão original elaborada sob coordenação da autora, revisada pelo Conselho Municipal de Política Urbana. 21 Título III – Do Uso e Ocupação do Solo Capítulo I - Da Regularização Edilícia e Fundiária Seção I - Da Regularização Edilícia Seção II - Da Compensação Ambiental pela superação Extrapolação de Parâmetros Construtivos Seção III - Da Regularização Fundiária Capítulo II – Da Revisão do Zoneamento Seção I – Da Zona Mista – ZM Seção II – Das Zonas Centralidade – ZC Seção III – Das Zonas Especiais Subseção I – Das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS Capítulo III – Dos Instrumentos de Gestão Urbana Ambiental Seção I – Dos Instrumentos Urbanísticos Subseção I – Do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios Subseção II – Do Direito de Preempção Subseção III – Da Outorga Onerosa do Direito de Construir Subseção IV – Da Transferência do Direito de Construir Subseção V – Das Áreas de Intervenção Urbana Título IV - Das Disposições Finais Título I – Das Políticas Públicas Regionais. Art. 1º.Esta revisão reti-ratifica O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Itaim Paulista – PRE -IT , em consonância com o Plano Diretor Estratégico e os Planos Regionais Estratégicos, institui: aditando ao Livro XXIV da Lei Municipal 13.885 de 24/08/2004: I. O Programa de Desenvolvimento Local e seus Projetos Estratégicos; II. A revisão do Zoneamento; III. A revisão das áreas de aplicação dos instrumentos de gestão urbana e ambiental previstos no Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001; 22 IV. A agenda de melhoramentos da infraestrutura urbanísticoambiental para o período. Capítulo I – Do Programa de Desenvolvimento Local Art. 2º.São Projetos Estratégicos do Programa de Desenvolvimento Local: O Programa de Desenvolvimento Local tem por finalidade visa promover o desenvolvimento sustentável por meio da aplicação estratégica e sistêmica de projetos e ações intersetoriais de caráter sócio-ambiental, compreendendo os seguintes projetos: I. A Agência de Animação Econômica; II. O Projeto de Animação Social; III.O Projeto de Acolhimento ao Cidadão; IV. O “Projeto Fluir”. Parágrafo único: O Programa de Desenvolvimento Local orientará todas as intervenções urbanas e ações adotadas pela subprefeitura no horizonte de tempo deste PRE. Seção I – Da Agência de Animação Econômica Art. 3º.A Agência de Animação Econômica tem por objetivo central a geração de trabalho e renda atendendo as seguintes diretrizes: I. Legitimidade e legalidade ao poder público para induzir o desenvolvimento econômico considerando as potencialidades e as fragilidades do mercado regional; II. Da Iidentificar da a vocação econômica regional, com base em cadeias produtivas informais e semi-artesanais de bens e serviços; III. Fortalecer os empreendimentos econômicos estabelecidos, evitando a evasão das empresas locais; IV. Fortalecer a emancipação dos empreendedores emergentes e latentes; V. Promover o ajuste de conduta da economia informal; 23 VI. Dar sustentabilidade ao projeto, baseada no envolvimento intersetorial e diversificado de instâncias do Setor Público, do Setor Privado, de Organismos Internacionais e do Terceiro Setor; VII. Viabilizar a co-gestão da sociedade local. Art. 4º.São Estratégias da Agência de Animação Econômica: I. Pprospectar, incubar, promover e emancipar os Arranjos Produtivos Locais; II. Instituir uma Câmara Temática para cada Arranjo Produtivo Local a ser incubado; III. Associar tecnologias sociais a tecnologias de produção e a tecnologias de informação; IV.Construir parcerias estratégicas intersetoriais para a implementação e a sustentabilidade do projeto, a fim de consolidálo posteriormente como programa; V.Capacitar lideranças locais para a co-gestão do projeto; VI.Agir em sinergia com as políticas públicas disponíveis em outros setores do estado e da sociedade, de forma complementar e não concorrente; VII. Enfrentar os desafios sociais, antropológicos, econômicos, técnicos e legais para promover o resgate gradual da informalidade para a formalidade. Art. 5º.A Agência de Animação Econômica terá caráter paragovernamental e será composta por no mínimo, cinco parceiros: I. Subprefeitura; II. Secretaria municipal ligada à questão do desenvolvimento econômico; III. Instituição especializada em capacitação; IV. Instituição especializada em microcrédito; V. Sociedade civil local. § 1º. – São considerados parceiros todos os órgãos, organizações e agentes governamentais e não governamentais apoiadores do projeto. 24 § 2º. – São parceiros estratégicos serão todos os órgãos governamentais, os agentes e as organizações mantenedoras do projeto que efetuarem a inversão sistemática de recursos materiais e humanos para compor seu orçamento ordinário, independentemente da adesão dar-se por ocasião da sua fundação ou durante o seu funcionamento, neste caso condicionado à aprovação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Local. Art. 6º.São princípios da Agência de Animação Econômica: I. Cumprir os objetivos, as diretrizes e as estratégias desta lei; II. Observar a gestão participativa da população local no planejamento e no controle, por meio de assembléias periódicas e de representação no Conselho de Desenvolvimento Econômico Local; III. Contar com suporte técnico de uma universidade para fins de observatório de políticas públicas; IV. Orientar suas ações e benefícios preferencialmente para os empreendedores emergentes e latentes, sem preterir os demais segmentos na formação dos Arranjos Produtivos Locais; V. Relacionar-se com pluralidade com todas as instâncias de governo e da sociedade civil; VI. Retro-alimentar o projeto com aprendizado contínuo; VII. Buscar eficiência entre custos e benefícios do projeto, e os demais princípios da Administração Pública. Parágrafo único: Os princípios da Agência de Animação Econômica deverão ser resguardados em seu estatuto. Art. 7º.A Agência de Animação Econômica constituir-se-á: I. Do Conselho de Desenvolvimento Econômico, em nível local; II.Da Câmara de Animação Econômica; III.Das Câmaras Temáticas. Subseção I - Do Conselho de Desenvolvimento Econômico 25 Art. 8º.O Conselho de Desenvolvimento Econômico, em nível local, decidirá sobre o planejamento e o controle das ações da Câmara de Animação Econômica, constituindo-se por: I. Um conselheiro indicado pela Subprefeitura; II. Um conselheiro indicado de cada uma das Secretarias Municipais parceiras estratégicas; III. Um conselheiro indicado de cada um dos demais parceiros estratégicos; IV. Um conselheiro indicado pelo setor da indústria local; V. Um conselheiro indicado pelo setor do comércio local; VI. Um conselheiro indicado pelo setor dos serviços locais; VII.Um conselheiro indicado pelo Terceiro Setor local. § 1º. - Os conselheiros da sociedade civil local serão indicados pelas respectivas dentre cidadãos moradores ou trabalhadores da região. § 2º. - Os conselheiros não poderão ser contratados ou beneficiários do projeto. Subseção II - Da Câmara de Animação Econômica Art. 9º.A Câmara de Animação Econômica será constituída por quadro técnico e executivo que terá a incumbência da operacionalização do projeto, atendendo as seguintes diretrizes: I. Definir organograma e estatuto da Câmara de Animação Econômica em conjunto com os parceiros estratégicos fundadores, conselheiros do Conselho de Desenvolvimento Econômico Local; II. Prover o quadro técnico necessário por meio de contrato ou indicação dos parceiros estratégicos; III Submeter as indicações referidas no inciso II deste artigo à aprovação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Local; IV. promover articulação da Câmara de Animação Econômica com os demais setores da subprefeitura em atuação transversal visando ao atendimento dos objetivos expressos no artigo 3º desta lei. 26 Parágrafo único - Os técnicos e os executivos da Câmara de Animação Econômica não poderão ser beneficiários do projeto. Art. 10. As ações da Câmara de Animação Econômica são orientadas pela “Metodologia 6C” - “caça-talentos”, conscientização, capacitação, crédito, cooperação e comercialização: I. “Caça-talentos”: a busca pró-ativa dos empreendedores locais para envolvê-los na animação econômica; II. Conscientização: a sensibilização para o empreendedorismo e o associativismo; III. Capacitação: o encaminhamento dos empreendedores locais para as políticas públicas de capacitação técnica e administrativa, e o a complemento das lacunas de capacitação de forma personalizada para as células produtivas; IV. Crédito: o encaminhamento dos empreendedores locais para as políticas de micro-crédito; no caso de inelegibilidade devido à exclusão social, a busca de alternativas de captação de recursos; V. Cooperação: o estímulo para as modalidades cooperativas, associativas e consorciadas de produção; VI. Comercialização: o estímulo para as modalidades cooperativas, associativas e consorciadas de comercialização. Subseção III - Das Câmaras Temáticas Art. 11. As Câmaras Temáticas serão constituídas por técnicos especializados nos Arranjos Produtivos Locais e por beneficiários do projeto, cabendo-lhes: I. Elaborar o diagnóstico e o planejamento, promover a implementação e a avaliação das ações de fomento para os Arranjos Produtivos Locais e para as células produtivas beneficiárias do projeto; II.Decidir as etapas do item anterior deverão ser decididas e realizadas com a participação direta dos beneficiários; III.Adotar a metodologia exposta no artigo 10 desta lei; IV.Atuar como facilitadora dos Arranjos Produtivos Locais em suas respectivas cadeias produtivas. 27 Seção II – Do Projeto de Animação Social Art. 12. O Projeto de Animação Social tem por objetivo o fortalecimento da sociedade civil para participar do desenvolvimento local, atendendo as seguintes diretrizes as e estratégias: I.Estímular a construção coletiva do diagnóstico territorial, por meio do acesso universal às informações políticas estratégicas; II.Estimular à construção coletiva e contínua do planejamento e do controle social; III.Promover a capacitação gerencial para as organizações locais do Terceiro Setor; IV.Promover a Assistência Social orientada visando à emancipação dos assistidos; V. Estímular às mídias de comunicação de uso comunitário para os estes fins do projeto; VI.Criar de um fórum governo-sociedade civil local para detalhamento e encaminhamento deste projeto. Seção III – Do Projeto de Acolhimento ao Cidadão Art. 13. O Projeto de Acolhimento ao Cidadão tem por objetivo melhorar a qualidade e a eficiência do atendimento governamental oferecido aos cidadãos locais, atendendo as seguintes diretrizes e estratégias: I.Sensibilizar os servidores da subprefeitura para a cultura gerencial; II.Valorizar os servidores de mérito por meio da aplicação estratégica do plano de cargos da subprefeitura, consoante a LM 13.682/03, e outras ações promotoras de motivação; III.Promover ações intersetoriais entre os órgãos internos da subprefeitura; IV.Promover ações intersetoriais entre a subprefeitura, os demais órgãos municipais, as demais instâncias de governo e as organizações de apoio às políticas públicas; V.Criar conselho interno para detalhamento e encaminhamento deste projeto. 28 Seção IV - Do “Projeto Fluir” Art. 14. O “Projeto Fluir” tem por objetivo promover a qualidade urbanístico-ambiental do território, atendendo aos princípios, diretrizes e estratégias estabelecidas nesta lei, observando as táticas: I.Priorizar obras públicas para as áreas de risco provocado por enchentes; II.Aplicar de forma sistêmica as ações intersetoriais de mitigação de enchentes, promovendo simultaneamente a remoção das moradias das áreas de risco, de solapamento, a realocação das famílias, e a implantação dos parques lineares inclusive ciclovias; III.Implementar o projeto de mitigação de enchentes em módulos integrados, consoante a viabilidade técnica de cada córrego; IV.Promover a otimização da coleta e da triagem de resíduos recicláveis por meio da rede de ecopontos, conforme disposto no artigo 56 desta lei. Art. 15. São projetos setoriais integrantes do “Projeto Fluir”: I. “Projeto Habitat Cidadão” II. “Projeto Transitaim” III. “Projeto Esporte Ambiental” Subseção I - Do “Projeto Habitat Cidadão” Art. 16. O “Projeto Habitat Cidadão” tem por objetivo central prover Habitação de Interesse Social para as famílias removidas das áreas de risco, atendendo aos seguintes princípios, diretrizes e as estratégias: I. Dar prioridade à moradia digna, dentre outros direitos individuais, coletivos e difusos; II. Garantir o acesso da população local às cotas de unidades dos conjuntos habitacionais de promoção pública; III. Viabilizar o adensamento dos conjuntos habitacionais de promoção pública ou privada; IV. Buscar de áreas privadas e áreas dominiais, excepcionalmente os espaços livres públicos, para realocação de moradias, nos casos 29 justificados por compensação ambiental; V. Buscar subsídios para aquisição de pequenos lotes para (auto) construção de vilas, sobrados geminados e habitações sobrepostas; VI. Criar fórum governo-sociedade civil local para tratar deste projeto. Subseção II - Do “Projeto Transitaim” Art. 17. O “Projeto Transitaim” tem por objetivo promover a acessibilidade interna no território atendendo as seguintes diretrizes: I. Priorizar obras de acessibilidade interna para a mobilidade em segurança dos pedestres e para os modos de transporte:, cicloviário, automotivo público e privado, nesta ordem; II. Implantar passarelas para pedestres e bicicletas no máximo a cada 200 m ao longo dos córregos; III. Dar acessibilidade aos pedestres aos equipamentos sociais e centralidades de bairro nos trechos de córrego, por meio de passarelas, inclusive para circulação de bicicletas; IV. Implantar as pontes necessárias para viabilizar o Eixo LesteOeste da Avenida Ipê Roxo; V. Implantar sistema cicloviário nos parques lineares ou nas vias lindeiras aos córregos; VI. Implantar o sistema cicloviário Marechal Tito na faixa de alargamento prevista pelo Decreto 16.708/80; VII. Concluir a pavimentação da malha viária; VIII. Promover a abertura, o alargamento e a retificação de vias coletoras nos bairros de pior acessibilidade. Subseção III - Do “Projeto Esporte Ambiental” Art. 18. O “Projeto Esporte Ambiental” tem por objetivo preservar os “espaços livres públicos” para as finalidades esportivas, culturais e ambientais, atendendo as seguintes diretrizes e estratégias: I. Promover o controle socioambiental dos espaços livres públicos; II. Constituir Centros Desportivos Municipais sob co-gestão 30 das associações de bairro ou de outras entidades representativas dos bairros; III. Buscar parcerias intersetoriais para o aparelhamento e a manutenção destes equipamentos sociais; IV. Estimular o compartilhamento destes espaços para diferentes segmentos e atividades sociais do bairro; V. Estimular o uso destes equipamentos para difundir a educação ambiental, inclusive como posto de entrega voluntária de resíduos recicláveis, reservando parte da área para “ecoponto”, conforme disposto no artigo 56 desta Lei. Capítulo I – Dos Elementos Estruturadores Seção I – Rede Estrutural Hídrica - Ambiental Art. 19. São objetivos e diretrizes da Rede Estrutural Hídrica Ambiental , para atender ao Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao “Projeto Fluir” e seus projetos setoriais; II. Promover a ligação do Sistema de Áreas Verdes por meio de Caminhos Verdes; III. Promover a agricultura urbana nas áreas dominiais da linha de transmissão de energia e em parte das áreas dos parques lineares. Art. 20. A Rede Estrutural Hídrica Ambiental e os parques estão representados no Mapa 1.e descritos no Quadro 1 integrante deste Livro anexo à Parte II desta lei. Subseção I - Dos Parques Lineares Art. 21. O perímetro de cada parque linear define-se pela soma da Área de Preservação Permanente do córrego com os Espaços Livres Públicos lindeiros. Parágrafo único - Considera-se como Área de Preservação Permanente do córrego a faixa não edificante de 15m de cada 31 margem, e os perímetros de inundação qüinqüenal indicados pela Carta Geológica-Geotécnica do município. Art. 22. Ficam obrigados os proprietários de lotes com fundos para o córrego, no caso de parques lineares, a deixar acesso à faixa não edificante para a manutenção pelo poder público § 1º. - A faixa não edificante não poderá ser obstruída por qualquer tipo de construção, mobiliário ou muro da propriedade. § 2º. - Nos casos enquadrados no caput, a área correspondente à faixa não edificante poderá ser acrescida ao coeficiente de aproveitamento do lote sem pagamento da outorga do direito de construir. Seção II – Rede Viária Estrutural e Coletora Art. 23. São objetivos e diretrizes da Rede Viária Estrutural e Coletora, para atender ao Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao “Projeto Fluir” e ao “Projeto Transitaim”; II. Priorizar os parques lineares e o sistema cicloviário às vias de fundo de vale; III. Reconhecer as linhas de microônibus como vias coletoras intrarregionais; IV. Implantar um sistema cicloviário com capilaridade em todo o território; V. Implantar ciclovia ou ciclofaixa nos parques lineares, ou nas vias lindeiras aos córregos; VI. Implantar ciclovia ou ciclofaixa na Avenida Marechal Tito na faixa de alargamento determinada pelo Decreto 16.708/80; § 1º. - A Rede Viária Estrutural e Coletora está representada no Mapa 2 e descritos no Quadro 2 integrante deste livro anexo à Parte II desta lei. 32 § 2º. – Os melhoramentos viários são os delimitados no Mapa 2A e descritos no Quadro 2A integrante deste livro anexo à Parte II desta lei. Seção III – Rede Estrutural de Transporte Público Art. 24. São objetivos e diretrizes da Rede Estrutural de Transporte Público, para atender ao Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao “Projeto Transitaim”; II. Promover articulação intermodal com as novas estações da linha férrea - Jd. Helena e Jd. Romano; III. Facilitar e estimular o uso do transporte cicloviário. Art. 25. A Rede Estrutural de Transporte Público está representada no Mapa 3 e descrita no Quadro 3 integrante deste livro anexo à Parte II desta lei. Seção IV – Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade Art. 26. São objetivos e diretrizes da Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade para atender ao Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao projeto da Agência de Animação Econômica; II. Reconhecer a vocação econômica regional e os parâmetros arquitetônicos e urbanísticos necessários; III. Reconhecer as centralidades intrarregionais emergentes e latentes; IV. Regularizar as atividades econômicas instaladas. Art. 27. A Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade são as delimitadas como zona centralidade polar e linear. Está representada no Mapa 4 e descrita no Quadro 4A integrante deste livro anexo à Parte II desta lei. 33 Título III – Do Uso e Ocupação do Solo Capítulo I - Da Regularização Edilícia e Fundiária Seção I - Da Regularização Edilícia Art. 28. Será passível de regularização toda a edificação que tiver existência conhecida pelas fontes municipais de informação antes da vigência desta lei e que: I. Respeite integralmente os parâmetros urbanísticos determinados pela legislação de uso e ocupação do solo; II. Embora não respeite integralmente a referida legislação, promova a devida compensação ambiental pelos parâmetros urbanísticos extrapolados, consoante a Seção II, do Capítulo I, do Título III deste Livro. Parágrafo único - Não serão passíveis de regularização as edificações que praticarem usos não permitidos na Zona ou que estiverem implantadas em lotes irregulares ou integrantes de loteamentos ou parcelamentos irregulares. Art. 29. A regularização edilícia implicará: I. No pagamento da multa pela execução da obra sem a devida licença; II. Na submissão de projeto de aprovação junto à Subprefeitura, segundo os procedimentos de ofício; III. No pagamento dos tributos e das taxas pertinentes ao licenciamento de projeto, execução e conclusão de obra; IV. No pagamento de outorga onerosa referente à compensação ambiental, consoante a Seção II, do Capítulo I, do Título III deste Livro. § 1º. - Para efeito de emissão da licença, admite-se o parcelamento dos tributos, das multas e do pagamento de outorga onerosa pendentes, mediante acordo da Secretaria Municipal de Finanças. 34 § 2º. - O desvirtuamento do Certificado de Regularidade implicará na cassação da licença e nas conseqüentes penalidades pressupostas em lei. Seção II - Da Compensação Ambiental pela Extrapolação de Parâmetros Construtivos Art. 30. A compensação ambiental será exigida para as edificações passíveis de regularização edilícia que extrapolarem os parâmetros urbanísticos legais e optarem pela não demolição dos excessos construídos. § 1º. - A compensação ambiental será exigida para os casos afins alcançados pela Fiscalização que não optarem pela demolição dos excessos construídos, se não requisitarem regularização até cento e oitenta dias após o início da ação fiscal. § 2º. - Aos casos alcançados pela Fiscalização que não forem passíveis de regularização caberão as penalidades de ofício. Art. 31. A compensação ambiental dar-se-á por meio do pagamento de outorga onerosa referente a cada um dos parâmetros urbanísticos extrapolados, cumulativamente: coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação, invasão de recuos obrigatórios e taxa de permeabilidade, segundo as seguintes fórmulas: Oo = Fs x (Eca+Eta+Ero+Etp), onde: Oo: outorga onerosa, valor a pagar como compensação ambiental pela extrapolação dos parâmetros construtivos Fs: fator social de dedução, segundo a categoria de uso da edificação, conforme especificado no artigo 33º. deste Livro. Eca: extrapolação do coeficiente de aproveitamento Eto: extrapolação da taxa de ocupação Ero: extrapolação da construção sobre os recuos obrigatórios Etp: extrapolação da taxa de permeabilidade I. Extrapolação do coeficiente de aproveitamento 35 Eca = (Acae - Acal) x Vc, onde: Eca: extrapolação do coeficiente de aproveitamento Acal: área equivalente ao coeficiente de aproveitamento legalmente determinado para o lote (unidade m2) Acae: área equivalente ao coeficiente de aproveitamento efetivamente construído no lote (unidade m2) Vc: valor venal do m2 construído no lote, segundo a Planta Genérica de Valores do município (unidade R$) Se Eca < 0, considerar-se-á Eca = 0 II. Extrapolação da taxa de ocupação Eto = (Atoe - Atol) x Vv, onde: Eto: extrapolação da taxa de ocupação Atol: área equivalente à taxa de ocupação legalmente determinada para o lote (unidade m2) Atoe: área equivalente à taxa de ocupação efetivamente construída no lote (unidade m2) Vv: valor venal do m2 do lote, segundo a Planta Genérica de Valores do município (unidade R$) Se Eto < 0, considerar-se-á Eto = 0 III. Extrapolação da construção sobre os recuos obrigatórios Ero = (Arol - Aroe) x Vv, onde: Ero: extrapolação da construção sobre os recuos obrigatórios Arol: área equivalente aos recuos obrigatórios legalmente determinados para o lote (unidade m2) Aroe: área equivalente aos recuos obrigatórios efetivamente respeitados no lote (unidade m2) Vv: valor venal do m2 do terreno, segundo a Planta Genérica de Valores do município (unidade R$) Se Ero < 0, considerar-se-á Ero = 0 IV. Extrapolação da taxa de permeabilidade Etp = (Atpl - Atpe) x Vv, onde: Etp: extrapolação da taxa de permeabilidade Atpl: área equivalente à taxa de permeabilidade legalmente 36 determinada para o lote (unidade m2) Atpe: área equivalente à taxa de permeabilidade efetivamente respeitada no lote (unidade m2) Vv: valor venal do m2 do terreno, segundo a Planta Genérica de Valores do município (unidade R$) Se Etp < 0, considerar-se-á Etp = 0 Art. 32. O Fator Social de dedução incidirá sobre o cálculo do pagamento da outorga onerosa para efeito de compensação ambiental, com o objetivo de tratar com equidade os diversos requerentes da regularização edilícia exposta nesta lei, segundo suas categorias de uso: 37 Fator social de dedução 0 0,25 0,50 0,75 Categorias de uso HIS HMP e usos institucionais Usos residenciais e usos NR1, em geral Usos NR2, em geral Art. 33. Os recursos oriundos da outorga onerosa para compensação ambiental serão destinados exclusivamente para a execução de melhoramentos socioambientais na jurisdição, com prioridade ao “Projeto Fluir” especificado na Seção IV, do Capítulo I, do Título I deste Livro. Seção III - Da Regularização Fundiária Art. 34. Será passível de regularização todo lote objeto de desdobro, desmembramento, remembramento ou parcelamento de solo que tiver existência conhecida pelas fontes municipais de informação antes da vigência desta lei, desde que respeite integralmente os parâmetros fundiários legalmente determinados. § 1º. - Não serão passíveis de regularização os lotes integrantes de loteamentos ou parcelamentos irregulares; § 2º. - A regularização do lote independerá da regularidade edilícia, com exceção dos casos mencionados no parágrafo anterior; § 3º. - Se o desdobro, desmembramento, remembramento ou parcelamento do solo não for conhecido pelas fontes municipais de informação, serão admitidas outras formas de comprovação de anterioridade a esta lei, desde que os documentos tenham fé pública; § 4º. - A regularização fundiária implicará na submissão de projeto de aprovação junto à Subprefeitura, segundo os procedimentos de ofício. Capítulo II – Da Revisão do Zoneamento 38 Art. 35. São objetivos, diretrizes do Zoneamento, para atender ao com o Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente aos projetos estratégicos integrantes do Programa de Desenvolvimento Local, com primazia ao projeto da Agência de Animação Econômica; II. Ampliar as Zonas Centralidades, segundo a vocação econômica regional; III. Promover a convivência entre usos residenciais e não residenciais; IV. Controlar o adensamento construtivo; V. Promover a regularização edilícia e fundiária, porém com responsabilidade socioambiental, conforme exposto na Seção II, do Capítulo I, do Título III deste Livro; VI. Priorizar os objetivos, as diretrizes e as estratégias das Áreas de Intervenção Urbana (AIU) sobre o Zoneamento de fundo; VII. Promover as atividades econômicas nas Zonas Especiais de Interesse Social, inclusive, com parâmetros referenciados pelas AIU; VIII. Viabilizar as atividades de reciclagem de resíduos sólidos em determinados Espaços Livres Públicos e nos equipamentos institucionais públicos para estes fins - a rede de “ecopontos” e Centrais de Triagem e Comercialização. Seção I – Da Zona Mista - ZM Art. 36 – No território desta Subprefeitura esta contido o seguintes tipo de Zonas Mistas- ZM, a saber: I. ZM 2 - Zona Mista com Coeficiente de Aproveitamento - CA -máximo igual a 1,5; Parágrafo único - As características de aproveitamento, dimensionamento e ocupação dos lotes das zonas mistas são as constantes do Quadro 04, com perímetros descritos no Quadro 04A e demarcadas no Mapa 04, integrantes deste Livro. Seção II – Das Zonas Centralidade - ZC 39 Art. 37 - No território desta Subprefeitura ficam definidos os seguintes tipos de Zonas Centralidades – ZC : I. ZCLa - Zona Centralidade Linear com CA máximo igual a 1,5. II. ZCPa - Zona Centralidade Polar com CA básico igual a 1,0 e CA máximo 2.0; III. ZCPb - Zona Centralidade Polar com CA básico igual a 2.0 e CA máximo 2,0; Parágrafo único - As características de aproveitamento, dimensionamento e ocupação dos lotes das zonas centralidades são as constantes do Quadro 04, com perímetros descritos no Quadro 04 A e demarcadas no Mapa 04, integrantes deste Livro. Seção III – Das Zonas Especiais Art. 38– As Zonas Especiais pertencentes à Subprefeitura Itaim Paulista são aquelas que ocupam porções do território, com diferentes características ou com destinação específica e normas próprias de uso e ocupação do solo e edilícias, situadas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, compreendendo : I - as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS Subseção I – Das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS Art. 39 – Este Plano Regional Estratégico, tendo por referência as disposições estabelecidas no artigo 171 do PDE e em função das necessidades de cada distrito da Subprefeitura Itaim Paulista, demarca dois tipos de Zonas Especiais de Interesse Social a saber, ZEIS – 1 e ZEIS – 2, para as quais são estabelecidas as seguintes diretrizes: I. Implantar tipologias arquitetônicas de melhor inserção urbanística no entorno; II. Criar incentivos regionais para a produção de Habitações do 40 Mercado Popular; III. Respeitar as faixas inundáveis tecnicamente especificadas para cada curso d’água existente; IV. Promover a remoção da ocupação existente em áreas de risco e em áreas com solo erosivo cuja declividade seja superior a 25%; V. Executar obras de saneamento básico e de infra-estrutura urbana em áreas críticas; VI. Promover a organização e a mobilização da comunidade, visando à gestão dos planos de urbanização. § 1º - O Plano de Urbanização das ZEIS 1 deverá respeitar as diretrizes apontadas no “caput” deste artigo e na remoção de unidades habitacionais inseridas nas áreas atingidas por melhoramentos urbanos, as quais não possam ser remanejadas dentro do próprio perímetro da ZEIS 1, deverá ser atendida por outro tipo de programa habitacional. § 2º O Plano de Urbanização das ZEIS 2 deverá respeitar as diretrizes fixadas no “caput” deste artigo e localizar as áreas institucionais nas praças internas dos novos conjuntos, de modo a estimular a vivência comunitária e facilitar seu controle como tal. Art. 40 - Na implantação de Planos Urbanísticos das Zonas Especiais de Interesse Social adotar-se-ão os seguintes critérios de hierarquização: I. Viabilidade de regularização fundiária, nos casos que independem de investimento público em infra-estrutura urbana; II. Operação casada com obra de infra-estrutura em andamento; III. Perímetros de ZEIS com maior incidência de áreas de risco de encosta; IV. Perímetros de ZEIS com os mais graves problemas de saneamento e saúde pública; V. Perímetros de ZEIS com maior incidência de áreas de risco de enchente. Parágrafo único – Os perímetros das ZEIS 1 e ZEIS 2 são os 41 constantes do Quadro 04 B e no Mapa 04, integrantes deste Livro. Capítulo III – Dos Instrumentos de Gestão Urbana Ambiental Seção I – Dos Instrumentos Urbanísticos Art. 41– Este Plano Regional Estratégico para o planejamento, controle, gestão e promoção do desenvolvimento urbano ambiental do território da Subprefeitura Itaim Paulista, estabelece a utilização dos instrumentos urbanísticos previstos no artigo 198 do PDE e daqueles constantes da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2.001 – Estatuto da Cidade, observadas as diretrizes contidas na Política Nacional do meio Ambiente, quando for o caso. Art. 42– São aplicáveis na Subprefeitura Itaim Paulista, por este Plano Regional Estratégico, os seguintes instrumentos: I. Parcelamento, edificação e utilização compulsórios; II. Direito de preempção; III. Outorga onerosa do direito de construir; IV. Transferência do direito de construir. Subseção I – Do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios Art. 43. É passível da aplicação do instrumento urbanístico de Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios todo lote autuado pela má conservação de muro, passeio e limpeza há pelo menos doze meses consecutivos. Art. 44 – Aplicam-se o Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios, conforme o artigo 201 do PDE, aos terrenos não edificados ou subutilizados, cujos coeficientes de aproveitamento sejam inferiores ao mínimo estabelecido para a zona de uso em que está localizado, inclusive aqueles ocupados por edificações e atividades irregulares. 42 Parágrafo único - o mapeamento dos imóveis de que trata o “caput” deste artigo deve resultar de estudos e de Planos de Bairro a partir de objetivos urbanísticos. Subseção II – Do Direito de Preempção Art. 45. A aplicação do Direito de Preempção tem por objetivo central constituir reserva fundiária para a implementação das políticas públicas subordinadas ao Programa de Desenvolvimento Local, para as seguintes finalidades gerais: I. Habitação de Interesse Social; II. Atividades fomentadas pela Agência de Animação Econômica; III. Implantação de “ecopontos”; IV. Incorporação ao patrimônio público da Central de Triagem e Comercialização do Distrito Vila Curuçá; V. Implantação de pequenos parques; VI. Implantação de reservatórios sazonais de retenção de águas pluviais - “piscinões”. Art. 46. Para efeito da aplicação do instrumento urbanístico do Direito de Preempção, ficam definidos os imóveis mencionados no Quadro 6 em anexo. Parágrafo único - Revogam-se as disposições do artigo 38 do Livro XXIV da LM 13.885/04 que divirjam da presente Revisão. Art. 47. Os imóveis em que se aplica o Direito de Preempção constam no Mapa 6, descritos no Quadro 6, integrantes deste Livro. . Subseção III – Da Outorga Onerosa do Direito de Construir Art. 48. Aplica-se a Outorga Onerosa do Direito de Construir às: I. Edificações requerentes de regularização que extrapolarem os parâmetros construtivos, em conformidade a Seção II, do Capítulo 43 I, do Título III deste Livro; II. Zonas de Centralidades com coeficiente de aproveitamento máximo maior do que o básico estabelecido para cada zona de uso; III. Áreas a regularizar inseridas nos perímetros de Área de Intervenção Urbana; IV. Construções novas inseridas nos perímetros de Áreas de Intervenção Urbana, com exceção aos lotes lindeiros aos cursos d`água. Parágrafo único - Este artigo substitui o artigo 39 do Livro XXIV da LM 13.885 de 24/08/2004, integralmente revogado. Art. 49. Os perímetros passíveis da aplicação da Outorga Onerosa do Direito de Construir mencionados nos incisos II, III e IV do artigo 43º. 48 deste Livro constam nos Mapas 4 e 5 e descrições perimétricas no Quadro 4A e Quadro 05 , integrantes deste Livro. Subseção IV – Da Transferência do Direito de Construir Art. 50 – Aplica se a Transferência do Direito de Construir, conforme as disposições dos artigos 217, 218 e 219 da Lei nº 13.430, de 13 de setembro de 2002, aos terrenos particulares localizados em: I. lotes e glebas para a implantação de equipamentos urbanos e comunitários; II. ZEIS 1 e ZEIS 2 – Zonas Especiais de Interesse social, visando à regularização fundiária e à implantação dos planos urbanísticos; III. imóveis resultantes de alargamentos de vias objeto de melhoramento viário, que estiverem abaixo das características mínimas estabelecidas para a zona de uso ou impossibilitados de construção, segundo as exigências do Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo e a presente Lei; IV. Aplica-se a Transferência do Direito de Construir aos lotes inseridos nos perímetros de Áreas de Intervenção Urbana Parágrafo único - Os imóveis a que se refere o inciso III deste artigo poderão ser indenizados ou desapropriados pelo valor da área total 44 do imóvel. Art. 51. Admite-se a Transferência do Direito de Construir para qualquer lote inserido em Zona de Centralidade na jurisdição, com área equivalente ao disposto na LM 13.885 de 24/08/2004. Subseção V – Das Áreas de Intervenção Urbana Art. 52. São objetivos, diretrizes e estratégias para as Áreas de Intervenção Urbana, em consonância com o Programa de Desenvolvimento Local: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao “Projeto Fluir” e seus projetos setoriais; II. Viabilizar a implantação dos parques lineares; III. Promover o desadensamento das áreas lindeiras aos córregos, com responsabilidade social; IV. Promover intervenções urbanas e ações intersetoriais de caráter socioambiental; V. Estimular as atividades econômicas de interesse socioambiental; VI. Sobrepor seus parâmetros específicos ao zoneamento de fundo a fim de atingir os objetivos socioambientais perseguidos, inclusive sobre as Zonas Especiais de Interesse Social; VII. Receber prioritariamente os recursos da outorga onerosa oriunda de compensação ambiental pela extrapolação dos parâmetros construtivos das edificações passíveis de regularização, nos termos da Seção II, do Capítulo I, do Título III deste Livro. Art. 53. Inserem-se em perímetros de Áreas de Intervenção Urbana: I. Os parques lineares; II. As favelas localizadas dentro dos perímetros inundáveis, a serem removidas; III. As favelas localizadas dentro das áreas não edificantes junto aos córregos, a serem removidas; IV. Os conjuntos habitacionais a serem adensados com a finalidade de incorporar as moradias removidas; 45 V. A rede de “ecopontos”, conforme conceito disposto no artigo 51º. deste Livro; VI. As Centrais de Triagem e Comercialização dos Distritos Itaim Paulista e Vila Curuçá; VII. Os lotes situados nos perímetros inundáveis, sujeitos a Transferência do Direito de Construir; VIII. Parte dos lotes sujeitos ao Direito de Preempção definidos neste Livro. Art. 54. Cada Área de Intervenção Urbana terá seu Plano Urbanístico Específico, o qual prescindirá de aprovação no Legislativo municipal, desde que respeitados os parâmetros de uso e ocupação do solo pressupostos na Lei, ou nas especificidades dispostas neste Livro. Art. 55. São objetivos, diretrizes e estratégias para os conjuntos habitacionais inseridos nos perímetros de Área de Intervenção Urbana: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente ao “Projeto Habitat Cidadão”; II. Destinar cotas de unidades aos moradores da jurisdição; III. Destinar cotas de unidades de Habitação de Interesse Social para incorporar as moradias removidas das favelas de áreas de risco de solapamento devido a enchentes. § 1º. - Para a finalidade disposta no inciso III, admitir-se-á a implantação de Habitação de Interesse Social nos Espaços Livres Públicos dos conjuntos habitacionais, sob excepcional justificativa, mediante compensação ambiental comprovada em Plano Urbanístico Específico. § 2º. - Para efeito da compensação ambiental disposta no §1º., considerar-se-á a seguinte equivalência de áreas: Aapp = Ael, onde: Aapp = área de favela subtraída da Área de Preservação Permanente, conforme definição do artigo 21º. deste Livro; Ael = área de moradias acrescidas aos Espaços Livres Públicos dos 46 conjuntos habitacionais, sob as condicionantes dispostas neste Livro. Art. 56. Define-se “ecoponto” como o Espaço Livre Público destinado à atividade de coleta e triagem primária de resíduos sólidos recicláveis, em consonância com o Programa de Desenvolvimento Local, segundo os objetivos, as diretrizes e as estratégias de: I. Alinhar-se conceitual e metodologicamente a Agência de Animação Econômica e ao Projeto Fluir; II. Reduzir o volume regional de resíduos sólidos descartados nos aterros sanitários, subtraindo-se os recicláveis; III. Erradicar os pontos viciados de lixo e entulho dispersos no território; IV. Constituir-se em equipamento socioambiental; V. Constituir-se em posto de entrega voluntária de resíduos recicláveis; VI. Constituir-se em posto de recebimento de resíduos de construção civil - entulho, desde que sejam inertes e entregues em volumes inferiores a 1 m3; VII. Constituir-se em posto de descarte de móveis, eletrodomésticos e objetos afins; VIII.Deve-se constituir uma rede de ecopontos, a fim de garantir a cobertura integral da coleta seletiva no território. § 1º. - Os Espaços Livres Públicos poderão destinar-se a ecopontos, a qualquer tempo, a critério do Executivo, desde que inseridos em perímetros de Área de Intervenção Urbana e respeitados os pressupostos estabelecidos no PDE - LM 13.430/02, no PRE - LM 13.885/04 e neste Livro; § 2º. - Os ecopontos deverão respeitar os parâmetros de implantação e controle de incomididades definidos pelo PDE, LM 13.430/02 e pelo PRE, LM 13.885/04; § 3º. - A área mínima do ecoponto será de 1500 m2. § 4º. - A permissão de uso do ecoponto será destinada às cooperativas locais de catadores, conforme pressuposto no artigo 67 da LM 47 13.478 de 30/12/2002. § 5º. - À cooperativa permissionária do ecoponto caberá a coleta seletiva domiciliar de sua respectiva área de abrangência. § 6º. - A rede de ecopontos relacionar-se-á com as Centrais de Triagem e Comercialização da jurisdição, segundo os distritos a que pertencem. § 7º. - As cooperativas permissionárias de ecoponto serão incubadas pela Agência de Animação Econômica. § 8º. - Disposições específicas serão discriminadas em estatuto e regimento definidos pelo Departamento de Limpeza Urbana, em parceria com a subprefeitura. Título IV - Das Disposições Finais Art. 57. Ficam revogadas as disposições em contrário que constam no Livro XXIV da Lei Municipal 13.885 de 24/08/2004. Art. 58. Ficam integralmente revogados os artigos 17, 18, 22, 30 e 39 do Livro XXIV da Lei Municipal 13.885 de 24/08/2004. Art. 59. Ficam alterados pela presente Revisão os Capítulos I ,II e III do Titulo I , o Capítulo II do Título II e o Capitulo I do Título III do Livro XXIV da Lei Municipal 13.885 de 24/08/2004. 48 CÂMARA DE ANIMAÇÃO ECONÔMICA9 DESENHO E IMPLANTAÇÃO DE PROJETO PILOTO DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E SUAS OPORTUNIDADES DE GERAÇÃO DE OCUPAÇÃO E RENDA: A EXPERIÊNCIA DO ITAIM PAULISTA E VILA CURUÇÁ 9 Artigo apresentado em Encontro Intersecretarial da Prefeitura do Município de São Paulo (abril/2007). Iniciativa fomentada pelo Projeto BRA/05/033 - Política de Ocupação e Desenvolvimento Humano Sustentável no Município de São Paulo, parceria celebrada entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Secretaria Municipal do Trabalho, na qualidade de “Agência Executora” e a Fundação Escola de Sociologia e Política, na qualidade de “Agência Implementadora”. A Câmara de Animação Econômica recebeu o Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor/ 2008. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/itaim_ paulista/noticias/?p=4387 Acesso em 25/11/2012. A Câmara de Animação Econômica recebeu o Prêmio São Paulo Cidade/ 2008 Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/itaim_ paulista/noticias/?p=4532 Acesso em 25/11/2012. 49 CÂMARA DE ANIMAÇÃO ECONÔMICA10 DESENHO E IMPLANTAÇÃO DE PROJETO PILOTO DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E SUAS OPORTUNIDADES DE GERAÇÃO DE OCUPAÇÃO E RENDA: A EXPERIÊNCIA DO ITAIM PAULISTA E VILA CURUÇÁ 11 12 13 Rosane Segantin Keppke , Luzia Monteiro Araújo Soares , Roberto Ogo RESUMO Trata-se de um projeto desenvolvido pela Subprefeitura Itaim Paulista, juntamente com a Secretaria Municipal do Trabalho14, visando a geração de trabalho e renda num território considerado como “cidade-dormitório” dentro do município de São Paulo. Suas referências teóricas são a Teoria do Desenvolvimento Sustentável, a Teoria Sistêmica, a Teoria da Escolha Racional, dentre outras, e suas referências empíricas são o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentado - DLIS, e os Arranjos Produtivos Locais. Mais do que uma narrativa, o presente artigo expõe uma reflexão crítica da experiência, na visão de técnicos participantes. I.INTRODUÇÃO O “Projeto Piloto de Arranjos Produtivos Locais e suas Oportunidades de Geração de Ocupação e Renda” nasceu há dois anos, dentro da Câmara de Animação Econômica - CAE, na Subprefeitura que responde pelos Distritos Itaim Paulista e Vila Curuçá. Apropriou-se de uma janela política (KINGDON, 1995) aberta em nível local com o advento do Plano Regional Estratégico de 2004, seguido pela posse de um Subprefeito de formação interdisciplinar entre a Saúde e o Sindicalismo, da estreita relação que ele construiu com a Secretaria Municipal do Trabalho em busca de políticas desenvolvimentistas alternativas, e o potencial de parcerias que o problema do desemprego (RIFKIN, 1995) tem impulsionado em outras instâncias de governo 50 e da sociedade organizada. O modelo adotado persegue os Arranjos Produtivos Locais, embasado em boas práticas correntes, tais como os casos do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentado - DLIS e os “clusters” produtivos regionais que ocorrem globalmente. Para tanto, o primeiro passo foi a “descoberta” da vocação regional, por meio da análise das bases oficiais de dados e da consulta pública aplicada a lideranças comunitárias e aos Agentes Comunitários de Saúde - ACS, em sucessivos grupos focais e entrevistas abertas, que concluíram haver cinco vocações principais, consoante a economia informal que sustenta precariamente o território. Primeiramente, a Confecção, haja vista a presença de remanescentes do Setor Têxtil que evadiu da cidade e do Estado de São Paulo, deixando como legado as costureiras desempregadas, desatualizadas e no ocaso da faixa etária economicamente ativa, porém com a responsabilidade de serem majoritariamente chefes de domicílio (IBGE, 2000). Segundo, a Reciclagem, em face da aproximação de um grupo organizado de catadoras previamente treinadas15 como agentes ambientais, ainda que em estágio incipiente, na expectativa de serem incluídas nas políticas públicas acenadas pelo Plano Diretor de Resíduos Sólidos, institucionalizado na gestão anterior. Terceiro, a 10 Artigo apresentado em Reunião Intersecretarial da Prefeitura do Município de São Paulo (abril/2007). 11 Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, área de concentração em Planejamento Urbano e Regional; Mestre em Administração Pública, área de concentração em Políticas Urbanas; Gerente Geral da Câmara de Animação Econômica de Itaim Paulista e Vila Curuçá. 12 Economista, historiadora, empreendedora social . Administrador, Arquiteto e Urbanista, consultor da Fundação Escola de Sociologia e Política - FESP, a agência implementadora do Projeto BRA/05033. 13 Iniciativa fomentada pelo Projeto BRA/05/033 - Política de Ocupação e Desenvolvimento Humano Sustentável no Município de São Paulo, entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Secretaria Municipal do Trabalho, na qualidade de “Agência Executora” e Fundação Escola de Sociologia e Política, na qualidade de “Agência Implementadora”. 14 (Carta de Acordo 407-1564, Projeto BRA 05/033. Disponível em http://www.pnud.org. br/Projetos.aspx?BRANUM=BRA05033 , acesso em 25/11/2012). 51 Alimentação, por ser uma alternativa imediata de geração de trabalho e renda, fora do emprego formal (SEBRAE), fomentada por cursos difundidos pelas organizações eclesiásticas, pelo próprio estado, p. ex., as “Padarias Comunitárias”, e pelo SENAI, em nível regional, através do Centro Municipal de Capacitação e Treinamento - CMCT. Quarto, a Tecnologia da Informação e sua crescente interação com a Cultura, setores de forte apelo para os jovens que abundam na pirâmide etária e buscam avidamente os poucos telecentros que há na região, porém sem conseguir transformar este aprendizado lúdico em renda. Quinto, os nanonegócios gerados pelos autônomos e pelos nanoempreendedores da economia informal, notadamente os atores da cadeia produtiva da construção civil que predominam na periferia (Sistema de Atendimento Básico da Saúde - SIAB). Nota-se que, exceto esta última, a vocação local é predominantemente feminina ou jovem, pelo que a decisão política de fomentá-la converge com as Metas do Milênio (PNUD) para as regiões de grande vulnerabilidade social, que é o caso. Prosseguindo neste diagnóstico preliminar, elaborado no bojo das então embrionárias Câmaras Temáticas - fóruns de agregação dos “stakeholders” dos setores identificados como vocação regional, flagrou-se a inépcia desses nanoprodutores dentro de suas cadeias produtivas. Perfil empreendedor incipiente e desorientado, falta de capacitação técnica e administrativa, inacessibilidade ao crédito, inacessibilidade às redes de distribuição, total desarticulação com os demais produtores do segmento. Este macrodiagnóstico foi o ponto de partida para as etapas heurísticas da elaboração do projeto, a saber, o planejamento da Câmara de Animação como um todo e das Câmaras Temáticas de Reciclagem e Confecção - com foco nos bordados; a implementação de um Plano de Trabalho para cada grupo incubado; e a avaliação das ações incubadoras mediante o estabelecimento de indicadores qualitativos e quantitativos iniciais e parciais ao projeto. A estratégia geral fundamenta-se na proposta metodológica “dos 6 Cs” e em sua aplicação especializada para cada uma das Câmaras Temáticas: “caçatalentos” - a localização e chamada dos produtores; conscientização - a sensibilização para o empreendedorismo e o associativismo; 52 capacitação - técnica e administrativa; crédito - o microcrédito ou o “fundraising”, para os grupos da base da pirâmide; cooperação - o estímulo às formas cooperativas, associativas ou consorciadas de produção, em direção aos APLs objetivados; comercialização - o estímulo às formas cooperativas, associativas ou consorciadas de distribuição. Quem os aplica são os “animadores” da Câmara, que atuam no papel de facilitador, “mentor” ou “coach”, conforme a condição do grupo incubado e a situação enfrentada em sua cadeia produtiva. A “Metodologia dos 6 Cs” busca complementar as lacunas individuais e coletivas dos pequenos produtores, em direção à animação econômica regional. Recorre a instrumentos e esforços usuais dos programas de fomento e incubação. A inovação da Câmara de Animação Econômica foi agregá-los numa proposta sistêmica, a fim de incubar Arranjos Produtivos Locais de forma pioneira na Região Metropolitana de São Paulo. A iniciativa de designar tais instrumentos como “6 Cs”, mais do que seguir as tendências neologistas, decorreu da necessidade pedagógica de popularizar os conceitos e as ferramentas incubadoras junto aos grupos-alvo, a propósito, até o momento não explicitados, fazse-o agora: os empreendedores emergentes e latentes inseridos nos setores vocacionais regionais mencionados. População total: 359.215 habitantes Fonte: IBGE 2000 Figura 1 DIAGRAMA DE RENDA 15Curiosamente, as Associações de Catadores que se aproximaram do governo local eram majoritariamente compostas por mulheres chefes de domicílio, que buscavam na Reciclagem a última alternativa para geração de renda, dentro de seus cenários pessoais de vulnerabilidade social. Mais do que os homens catadores, elas demonstraram maior interesse na regulamentação da atividade, nas oficinas de capacitação e na adesão a cooperativas formais, pré-requisitos necessários para a inclusão nas políticas públicas estabelecidas pelo Plano Diretor de Resíduos Sólidos. 53 Como toda política pública em seu nascedouro, o processo foi permeado de irracionalidades e não linearidade. Começou em caráter experimental, com um grupo de voluntários, na incerteza de sua sustentabilidade. A simples aproximação da Subprefeitura com os nanoprodutores locais e a participação direta deles no diagnóstico e no planejamento gerou enormes expectativas, como se estivessem diante da panacéia de seu desenvolvimento individual, pelo que muitos se frustraram e abandonaram o processo. A vontade do Subprefeito para que Câmara de Animação Econômica fosse uma política de massa e uma grande porta aberta para qualquer empreendedor interessado teve de ser postergada, diante da insuficiência dos recursos materiais, metodológicos e humanos. Potenciais parceiros aproximavam-se, porém com a oferta de contrapartidas tímidas. E mesmo com a firme sociedade com a Secretaria Municipal do Trabalho, que ocorreu um ano após o início do “laboratório”, apenas as Câmaras Temáticas de Reciclagem e Confecção puderam ser implementadas; as demais câmaras prosseguiram descontínuas e precariamente, ainda sem Planos de Trabalhos definidos. Mas a despeito de suas limitações, a Câmara de Animação Econômica é uma experiência única na cidade de São Paulo, e aponta para impactos socioeconômicos, políticos e acadêmicos significativos em regiões de intensa vulnerabilidade social. II.DESENVOLVIMENTO a. Concepção A Câmara de Animação Econômica é o principal projeto estratégico que integra um projeto político maior, para um horizonte de dez anos: o Programa de Desenvolvimento Local. Este, por seu turno, consistiu no objetivo central da Revisão 2006 do Plano Regional Estratégico16 - PRE, focalizando os piores problemas da região: o desemprego e as enchentes, de acordo com os indicadores apontados pelas bases oficiais de dados, ratificados pela percepção 17 dos cidadãos que freqüentam os eventos participativos de tomada de decisão pública, tais como as plenárias de participação civil - onde foi introduzido o 54 sociodrama, os conselhos setoriais e a própria elaboração do PRE. Entendendo que a promoção do desenvolvimento é um fenômeno sistêmico (MATURANA, 1998; , SACHS, 2002), o Programa de Desenvolvimento Local propõe quatro projetos estratégicos para tratar não apenas dos dois focos selecionados, mas dos problemas socioambientais que esses piores sintomas denunciam. Primeiro, a Câmara de Animação Econômica, o principal deles, com o objetivo específico de geração de trabalho e renda sob um modelo alternativo ao emprego, com base no empreendedorismo e no associativismo, orientado para a incubação de Arranjos Produtivos Locais. Contribuindo para a concepção participativa do modelo, os debates travados nas câmaras temáticas fizeram emergir determinadas premissas: i) o público-alvo seria o segmento intermediário da pirâmide, os 43,05% da população com rendimentos entre 0 - 3 salários mínimos, pois quem estivesse acima desta linha dependeria em menor grau, ou independeria dos esforços públicos e, por contraponto, quem se encontrasse abaixo, necessariamente dependeria de assistência social; ii) ao perfil do público alvo cabiam os Objetivos do Milênio do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (ODM-PNUD); iii) para ser legítimo e sustentável, deveria envolver a participação civil; iv) para ser sustentado, deveria envolver outros parceiros aportadores de recursos materiais e humanos, prospectados em outras instâncias de governo, organismos internacionais, agências multilaterais, universidade, fundações empresariais e empresas com responsabilidade social (SPINK, CLEMENTE E KEPPKE, 2001); v) para oferecer melhor desempenho, deveria especializar-se em cada Arranjo Produtivo Local; vi) para obter melhores resultado e impacto, deveria conectar-se sinergicamente às políticas públicas já disponíveis para capacitação e crédito, de modo não concorrente, nem redundante; 16 Livro XXIV da Lei Municipal 13.885 de 25 de agosto de 2004. 17Recentemente, passou-se a enfatizar a questão da violência, que porém deriva das questões socioeconômicas. 55 vii) porém, para além dessas últimas, deveria promover a facilitação em todos os elos da cadeia produtiva, desde a identificação do potencial em campo - a operação “caça-talentos”, até a comercialização da produção. O segundo projeto estratégico do Programa de Desenvolvimento Local é o Projeto de Animação Social, em contraponto à animação econômica, visando empoderar o cidadão e a coletividade para assenhorear-se do processo de desenvolvimento sustentável pretendido, que depende prioritariamente da componente endógena do capital social regional (PUTNAM, 1996; , FISCHER, 2002). Tem foco na capacitação das organizações do Terceiro Setor e nas lideranças locais, como agentes multiplicadores. Terceiro, o Projeto Fluir para infraestrutura urbana, com foco na mitigação das enchentes e na mobilidade intrarregional. No Itaim Paulista, estes dois problemas socioambientais estão correlacionados, dado o abundante sistema hídrico que impõe barreiras físicas ao sistema viário e, por conseguinte à mobilidade. O projeto envolve, portanto, ações específicas para o sistema de drenagem, vias e transportes públicos, dando prioridade aos parques 18 lineares, às pontes-passarelas e às ciclovias . Envolve ainda a Política Habitacional de Interesse Social, propondo Planos de Ação para remoção e realocação digna para as favelas ribeirinhas que obstruem os córregos, àqueles que mais sofrem com as enchentes. Quarto, o Projeto de Acolhimento ao cidadão e a conjunto de problemas, que demandam proporcional solução sistêmica do poder público, impulsionando-o para promover a intersetorialidade entre as diversas instâncias governamentais, sem preterir as organizações da sociedade civil. Após cinco anos de descentralização, comprovouse empiricamente que buscar a intersetorialidade é uma condição de sobrevivência para o governo local, pois nenhuma Secretaria ou política central apresenta melhores condições de solucionar os problemas territoriais em seu lugar. Um dos conceitos básicos das Ciências Administrativas estabelece que para atender satisfatoriamente o cliente externo, é preciso trabalhar previamente o cliente interno. A Administração Pública 56 está contaminada por um legado gerencial de ineficiência, ineficácia, ingerência, desmotivação 19 , desarticulação, desaparelhamento, tornando gigantesco o desafio a ser superado pela vontade política do acolhimento. Mas à parte as restrições de governabilidade, percebeu-se que é possível maximizar os recursos materiais e humanos disponíveis em direção aos projetos pretendidos. Abstrair a burocracia20 e orientar-se por projetos foi a fórmula encontrada pela Subprefeitura do Itaim Paulista para introduzir a cultura gerencial e as políticas estratégicas. A metodologia do projeto, voltada para resultados concretos estabelecidos para um horizonte de tempo determinado, trouxe motivação aos participantes e os impulsionou à busca intersetorial dos recursos necessários à consecução dos objetivos. O entusiasmo e a qualificação dos atores, o processo efetivamente aberto à participação civil e a consistência técnica com que os projetos foram elaborados atraíram parceiros intersetoriais. Visão sistêmica, intersetorialidade e parceria de compromisso são conceitos que formam o tripé de sustentabilidade do Programa de Desenvolvimento Local e de cada um de seus projetos estratégicos. O Projeto Fluir conquistou a adesão da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, da Secretaria Municipal de Habitação, da Secretaria de Infraestrutura Urbana, da SABESP 21 , de associações comunitárias de favelas ribeirinhas e da ONG “Habitat for Humanity”22- atraídas pelo Grupo de Trabalho da Habitação. Como resultado concreto há o Projeto de Despoluição, do Parque Linear e da Ciclovia do Córrego Itaim, que se encontram nas preliminares licitatórias para as obras que se estimam superar R$ 10 milhões. A Câmara de Animação Econômica conquistou a parceria de compromisso com a Secretaria Municipal do Trabalho, que trouxe o Projeto BRA/05/033 e com isto o suporte técnico da Fundação Escola Sociologia e Política de São Paulo, que por seu turno somou18 A bicicleta é um dos principais modos de transporte complementares no Itaim Paulista, segundo a Pesquisa OD-87. 19 A parte a corrupção e a impunidade, que agravam ainda mais o problema. 20 Faz-se aqui referência à burocracia weberiana, senso estrito, que se ocupa prioritariamente dos processos administrativos, mais do que dos resultados. 57 se a duas outras universidades que monitoram o projeto em caráter de Observatório de Políticas Públicas, a USP Leste e a FATEC-Leste. A CAE inspirou o início das atividades do Banco do Povo Paulista, na cidade de São Paulo, com quem firmou sua segunda parceria de compromisso, e atraiu o SEBRAE para implementar o Projeto Quatro Cantos da Moda no Extremo Leste. Criou a segunda unidade do Centro Municipal de Capacitação e Treinamento - um projeto da Secretaria de Educação/ Coordenadoria de São Miguel Paulista, em parceria com o SENAI. Consorciou-se num projeto de incubação de cooperativas de construção civil com a ACOOMAC - representação estadual da Associação Nacional das Lojas de Materiais de Construção - ANAMACO. Atraiu grande e pequenos empresários, lideranças comunitárias e organizações locais do Terceiro Setor. Os resultados concretos serão expostos adiante, juntamente com a análise de seus pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. b. Território A jurisdição da Subprefeitura de Itaim Paulista situa-se no extremo Leste do município de São Paulo, com uma extensão de 21,7km², compreendendo os Distritos administrativos de Itaim Paulista e Vila Curuçá. Á época do Censo IBGE 2000, contava com uma população de 359.215 habitantes, majoritariamente mulheres - 51,28%, a uma taxa de crescimento demográfico de 2,5% a.a., entre 1991 e 2000. Havia 34 favelas, abrigando 28.332 favelados - 7,89% da população. Sua População Economicamente Ativa era de 236.017 cidadãos, correspondente a 11,22% da PEA do município, para 8.262 empregos - apenas 0,39% do total do município, com os seguintes agravantes: Representava 1 emprego para cada 28,57 cidadãos da PEA local, quase dez vezes pior que a média do Município de São Paulo - MSP, que era de 1 emprego para cada 3,40. Dificuldade de inserção no mercado de trabalho, pela falta de qualificação profissional e de estudo básico, a média local de anos de estudo era de 5,78, quando a média da cidade era de 7,67 anos, a uma taxa de analfabetismo de 7,05% da população, quando no 58 Município de São Paulo - MSP, era de 4,88%. População de perfil jovem - 31,02% menores de 14 anos e 29,54% na faixa etária entre 15 e 29 anos, amadurecendo numa conjuntura desacelerada de crescimento econômico. Tratava-se, e ainda se trata, de uma região marcada pela exclusão social, onde não há expectativa do emprego formal, o aparato educacional é escasso e descolado do mundo do trabalho, e também faltam os equipamentos de cultura e lazer para canalizar a energia jovem, resultando num espaço de alto Índice de Violência IV23de 0,356 e 0,513 respectivamente para o Itaim Paulista e a Vila Curuçá. População de baixíssima renda, havendo 15,42% chefes de família sem rendimentos (MSP 10,43%) e 63,70% com rendimento menor que cinco salários mínimos (MSP 47,55%), portanto em condições de acumulação inibidoras para o empreendedorismo, inclusive. 24 Índice de Exclusão – IEX do Distrito Itaim Paulista de -0,815 e IEX do Distrito Vila Curuçá de -0,777, respectivamente a segunda e a sétima posições no desafortunado ranking dos 96 Distritos paulistanos. O território da Subprefeitura Itaim Paulista é um “dormitório” da cidade de São Paulo, dada a escassez do emprego e da atividade econômica formal, segundo bases oficiais de dados, tais como a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, os informes da Fundação SEADE, ou a Pesquisa Origem e Destino realizada pela EMTU. Herdou este estigma num passado recente, com a expansão da mancha urbana para a franja periférica da Região Metropolitana de São Paulo, como o vetor de crescimento da moradia popular que se deu por meio dos loteamentos precários e dos conjuntos habitacionais de massa. De acordo com Jesus Matias, Rosalina Burgos e Roseli Santaella, historiadores locais, antes deste, há três momentos de inflexão 21 Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 22 Que teve como conselheiro fundador o ex-presidente Jimmy Carter. 59 vocacional do território. Primeiro, em seus primórdios, como sesmaria indígena, à entrada do Rio Tietê na cidade, com a função de proteger São Paulo de Piratininga contra os invasores que chegavam pelas vias fluviais 25 . Segundo, como a Fazenda Biacica, que depois foi desmembrada e apropriada como capital imobiliário pela elite paulistana. Terceiro, como bairro operário satélite à Companhia Nitroquímica, na vizinha São Miguel Paulista. E finalmente o loteamento das terras que hibernaram especulativamente às margens do Rio Tietê e da antiga Estrada São Paulo - Rio de Janeiro, no atual trecho Avenida Marechal Tito, à espera de realizar seu melhor custo de oportunidade com as classes populares, aquém à expectativa dos nobres proprietários - que a propósito, abandonaram seus espólios na região, uma das causas dos terrenos baldios mal conservados, dos desmembramentos irregulares e da grande quantidade de pedidos de usucapião. Longe das vistas do poder de polícia administrativo, proliferaram os loteamentos clandestinos e as construções irregulares, induzindo o território à condição de extralegalidade (SACHS, 2002) desde sua base fundiária – risco que o capital formal evita, de modo que a dinâmica econômica da região ficou prejudicada, senão abortada, em se somando a falta de urbanidade. O Poder Público não realizou suas contrapartes para a infraestrutura logística e os equipamentos sociais de Educação, Saúde, Cultura e Lazer. Os resultados se exibem no quadro retro, que constitui o problema socioambiental a ser mitigado pelo Programa de Desenvolvimento Local nos próximos dez anos, com acréscimo de dificuldades para além da atrofia orçamentária, pois a Subprefeitura perdeu a governança sobre a Educação e a Saúde, que voltaram a se centralizar nas Secretarias. Ainda que precária, uma economia invisível sustenta o território em nível de subsistência, praticamente alheia às bases oficiais de dados, porém conhecida pelos Agentes Comunitários de Saúde 22 Pochmann, Marcio e Amorim, Ricardo (orgs.) Atlas da Exclusão Social no Brasil, 1ª. Ed., São Paulo, Editora Cortez, 2003. 23 Sposati, Aldaíza (org.). Mapa da Exclusão/ Inclusão Social da Cidade de São Paulo 2000, São Paulo, PUC/SP, 2001. 24 Há cartas a respeito no Acervo Padre Anchieta, ele próprio como destinatário ou remetente. 60 – ACS do Programa Saúde da Família - PSF, os agentes públicos que detêm maior conhecimento e capilaridade regional. Conforme comentado, foi através da percepção deles, ou melhor, delas, pois são majoritariamente mulheres, que diagnosticamos a vocação regional e adentramos no universo da semi-formalidade dos poucos empreendimentos com Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ. Por exemplo, no caso da Confecção, há na jurisdição 237 CNPJ com zero empregados declarados ou mais (RAIS/ 1999), porém nas visitas técnicas constatou-se que há muito mais empreendimentos e empregados ocultados na condição de total informalidade. Sem desprezar os efeitos deletérios da economia informal, todavia considerando que, na inóspita ambiência institucional brasileira ao empreendedorismo, a informalidade é um estágio veladamente tolerável, quiçá necessária, como fator de viabilidade para os empreendimentos emergentes. Constatando-se que esta economia responde pela sobrevivência de uma região em condições socioeconômicas tão adversas, a Câmara de Animação Econômica precisou assumi-la como ponto de partida para a incubação de Arranjos Produtivos Locais. c. Institucionalização da CAE-IT A Câmara de Animação Econômica encontra-se institucionalizada como um projeto, por meio das Portarias 12 e 13/SPIT/GAB/2006, destacando integralmente os recursos administrativos da Supervisão de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Subprefeitura para a consecução de seus objetivos, somados aos consultores-animadores contratados por meio do Projeto BRA/05/033, resultante da parceria de compromisso celebrada com a Secretaria Municipal do Trabalho. Porém, perseguindo o tripé de sustentabilidade para o projeto - visão sistêmica, intersetorialidade e parceria de compromisso, a Câmara de Animação Econômica integrou-se ao Programa de Desenvolvimento Local, e foi inserida na Revisão do Plano Regional Estratégico manifestando o objetivo de tornar-se uma Organização Social de Interesse Público - OSCIP, tendo o poder municipal como um de 61 seus acionistas, e não o único. O Projeto de Lei de Revisão do Plano Regional Estratégico, em seu Capítulo I, Seção I, artigos 1 a 11 (v. Anexo), resume os princípios, objetivos, diretrizes e estratégias para a criação da Agência de Animação Econômica pretendida. Em síntese, apresenta-se como um projeto de geração de trabalho e renda, de caráter participativo, sob gestão intersetorial, que visa à incubação de Arranjos Produtivos Locais, tendo como público-alvo os empreendedores emergentes e latentes do território que atuam nos setores identificados como a vocação regional: confecção, reciclagem, alimentação, informação e cultura, e pequenos negócios. Busca integrar as políticas públicas de fomento e o capital social disponíveis, por meio da “Metodologia dos 6 Cs”. Figura 2 Desenho institucional pretendido para a Agência de animaçáo econômica Outro importante rebatimento da Câmara de Animação Econômica na Revisão do Plano Regional Estratégico foi a mudança de Zoneamento, ampliando significativamente as zonas não restritivas às atividades econômica (v. Mapas 1 e 2), a fim de orientar a legislação urbanística para a vocação regional, visando equacionar o problema da extralegalidade do território, para além dos melhoramentos infraestruturais urbanos propostos pelo Projeto Fluir. 62 Mapas 1 e 2 ZONEAMENTO VIGENTE vs. ALTERADO PELA REVISÃO 2006 d. Câmaras Temáticas Estabeleceram-se como objetivos específicos do projeto, a incubação dos Arranjos Produtivos Locais nos setores de: i) Moda - confecção e acessórios, respectivamente o Grupo de Trabalho de Confecção - “237 CNPJ” e o Grupo de Trabalho de Bordados; ii) Reciclagem de Resíduos Sólidos - logística de coleta e triagem com base na economia solidária; iii) Alimentação - foco nas pessoas que realizaram os cursos de panificação e confeitaria do Centro Municipal de Capacitação e Treinamento - CMCT, que difunde regionalmente os cursos profissionalizantes do SENAI; iv) Informação e Cultura voltada aos jovens beneficiários das bolsas-auxílio e programas de alfabetização digital, aproveitando a oportunidade acenada pela Secretaria Municipal de Parcerias, que opera os telecentros; v) Serviços - foco na cadeia produtiva da construção civil, aproveitando a aproximação com a Associação Nacional dos Lojistas de Materiais de Construção - ANAMACO, que está incubando cooperativas de serviços de construção civil, com a finalidade de alongar a cadeia produtiva a partir das lojas associadas. 63 Figura 3 FLUXOGRAMA BÁSICO DAS CÂMARAS TEMÁTICAS O foco de cada uma das Câmaras Temáticas resultou da influência das parcerias. Na Câmara Temática de Moda, por exemplo, houve duas oportunidades, e para cada uma delas foi montado um Grupo de Trabalho. Primeiramente, o GT Bordados, pois atraiu o interesse de confecções finas prospectadas pelos designers da Consultoria STRAAT, com experiência em empreendedorismo social, que por seu turno trouxe o Instituto Europeu de Design, auxiliando-os na capacitação e na comercialização dos produtos. Em segundo vieram os 237 CNPJ apontados pela RAIS, que atraiu o Projeto “Os Quatro Cantos da Moda” do SEBRAE e a Associação de Lojistas do Brás ALOBRAS. Na Câmara Temática de Reciclagem, houve a ação intersetorial com LIMPURB, a Pasta responsável pela regulação dos resíduos no município, além disso, a causa é objeto de interesse de poderosos investidores socioambientais internacionais, que podem equipar os ecopontos que foram regulamentados pela Subprefeitura. O foco da Câmara Temática de Alimentação, recém-iniciada, concentrou-se numa conexão aberta pelo Sistema “S”, a principal política nacional de capacitação, com a qual a Câmara de Animação Econômica ambiciona maior compromisso. O evento “SEBRAE NA RUA” ocorrido em dezembro último significou um grande passo nesta direção, assim como a aproximação com o Departamento de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, uma das principais acionistas deste sistema. 64 A recente definição do foco da Câmara Temática de Informação e Cultura resultou de uma ação intersetorial com a Secretaria Municipal de Parcerias, que opera os telecentros municipais, e ambiciona implantar um grande plano de expansão junto às bibliotecas e outros equipamentos sociais públicos. A idéia é aproveitar os recursos materiais e humanos disponibilizados nestes telecentros para capacitar os jovens para o mercado digital. Há possibilidade, inclusive, de incubar associações de jovens produtores de mídias digitais, tais como pesquisa de mercado, produção gráfica e produção audiovisual, a despeito da baixa escolaridade. O Instituto Lidas especializou-se neste tipo de capacitação junto aos jovens excluídos, e é um dos parceiros do projeto, que está em fase de desenvolvimento. O foco da Câmara Temática de Serviços, também de recente definição, decorreu da aproximação com a Associação Nacional dos Lojistas de Materiais de Construção - ANAMACO, que desenvolve um projeto com denominadores comuns à CAE. O objetivo dela é incubar cooperativas de serviços qualificados de construção civil, para que as lojas associadas vendam produtos instalados e não apenas materiais. Começou um Projeto Piloto com a Rede Okinawa, que tem forte presença na Zona Leste. Em cada Câmara Temática, o papel dos animadores, tendo por referência o “coach” ou “mentor”, consiste em localizar e diagnosticar os produtores, a fim de integrá-los, encaminhá-los às políticas públicas disponíveis, oferecer-lhes capacitação customizada, empoderá-los e facilitar-lhes as relações socioeconômicas em suas cadeias produtivas, aplicando a Metodologia dos “6 Cs”. Figura 3 METODOLOGIA DOS “6 Cs” 65 e. Resultados Obtidos e Balanço Até a presente data, a Câmara de Animação Econômica contabiliza os seguintes resultados quantitativos: Em termos de ganhos de rendimentos, os resultados são ainda incipientes. O caso mais exitoso está na Reciclagem, onde os esforços de incubação realizados pela CAE e por outros parceiros trazidos pela Cooperativa Fênix, resultaram no salto de R$ 0,35 para R$ 1,10 por hora trabalhada pelos catadores. O Banco do Povo Paulista, em atividade há dois meses, realizou 115 atendimentos, porém concedeu apenas três créditos que somam o valor de R$ 8.274,64. A análise de “SWOT”, do inglês strengthens - pontos fortes, weakness - pontos fracos, opportunities - oportunidades, threatens - ameaças, oriunda da metodologia de estudo de caso 26, é uma interessante alternativa para a avaliação de projetos, programas e políticas públicas. Este método de avaliação prioriza a abordagem qualitativa em relação à avaliação dos indicadores quantitativos, um diferencial importante para a Câmara de Animação Econômica, cujo impacto tangível é modesto e por si só não expressaria os benefícios intangíveis, nem justificaria os esforços e os custos do projeto, lembrando que, neste primeiro momento, as Câmaras Temáticas em atividade - Bordados 26 Erskine, James A .; Leenders, Michiel R. ; Mauffette-Leenders, Louise A . Teaching with Cases. London (Canada), University of Western Ontario, 1981. 66 e Reciclagem, trabalharam em regime de “mentoring”, através de oficinas de capacitação integral dirigidas a pequenos grupos, grupos estes compostos por principiantes oriundos dos estratos sociais mais carentes da população local, o que justifica os baixos ganhos quantitativos de geração de trabalho e renda. Pontos fortes, pontos fracos Estes fatores são endógenos ao projeto. PONTOS FORTES Participação civil O processo é efetivamente participativo. O convite para participar sempre foi aberto a todos os interessados, sob forte incentivo a partir das Plenárias de Participação Civil realizadas e, desde as primeiras sessões das então embrionárias Câmaras Temáticas. PONTOS FRACOS Participação civil ...Embora os grupos participantes sejam os mesmos cidadãos de sempre - lideranças empresariais ou líderes comunitários formados pelos movimentos de Reforma Urbana e Políticas Setoriais, além de uma clientela cativa que freqüenta a Subprefeitura, independentemente da legenda partidária no poder municipal, reivindicando serviços públicos para suas comunidades. Resultado disso foi a propositura do Conselho de Desenvolvimento Econômico, na Revisão do Plano Regional Estratégico, que deverá ter representação civil majoritária. ...É difícil romper a expectativa clientelista e paternalista dos beneficiários da CAE, que esperam receber facilidades fora do escopo oferecido, tais como espaços, equipamentos e insumos de produção; houve o caso de uma oficina de confecção que exigiu da CAE a comercialização direta de seus produtos, pois assim havia entendido o projeto. Conhecimento do território Conhecimento do território O projeto forçou a Subprefeitura a vasculhar ...Mas ainda não foi concluído o Mapa as informações a seu respeito, e a aprofundar da Economia Informal Local; nem todas as bases de dados oficiais em nível de setores as informações foram georreferenciadas censitários, a fim de compreender suas e sistematizadas em “layers”, como seria diversidades microrregionais. conveniente ao manuseio dos dados. Na Subprefeitura, há três setores de cadastro e Mais do que isso, o projeto permitiu valorizar planejamento setoriais: na Coordenadoria de a capilaridade e o conhecimento territorial Planejamento e Desenvolvimento Urbano, empírico dos Agentes Comunitários de na Supervisão de Saúde e na Supervisão de Saúde, a fim de localizar a economia invisível Assistência Social. Por quê não unificá-los? que sustenta aquela população. Vontade política Vontade política O governo local ousou abraçar a causa do ...Porém não obteve, até o momento, o desenvolvimento econômico, que não consta devido suporte da Administração Central, nas competências expressas da Lei Orgânica exceto de determinadas secretarias e do Município, e iniciou um processo de departamentos tais como SMTRAB, convencimento intersetorial, visando as LIMPURB e SEMPLA/Planos Urbanos. parcerias que se fazem necessárias. Ousou transformar uma unidade burocrática - a Supervisão de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, no comitê executivo de um projeto orientado por resultados, a CAE. 67 CAE e Programa de Desenvolvimento Local A Câmara de Animação Econômica é parte de um programa maior, que se orienta por um conjunto de fatores sistêmicos que determinam o Desenvolvimento Local. Reconhece que, sem interagir com os projetos de melhoramentos infraestruturais - o Projeto Fluir; de empoderamento e capacitação da sociedade civil - o Projeto de Animação Social; e de melhora na eficiência da gestão - o Projeto de Acolhimento, a CAE não logrará êxito no desenvolvimento socioeconômico pretendido. CAE e Programa de Desenvolvimento Local ...Contudo a Subprefeitura não tem recursos materiais e humanos para formar outros comitês executivos orientados por projetos, a exemplo do que fez na CAE e no Grupo de Trabalho da Habitação, um subprojeto do Projeto Fluir. E, justapondo-se simplesmente às responsabilidades administrativas de rotina, estes projetos “não sairão do papel”. A consistência das propostas da CAE e do Programa de Desenvolvimento Local é um dos principais fatores de credibilidade para os parceiros. ...Mas o projeto da CAE ainda não definiu o fluxo de acolhida, nem o manual de procedimentos e encaminhamentos, devido à ausência de parcerias de compromisso, p. ex., com o SEBRAE. Justificativas à parte, tratase de uma necessidade premente. Recursos humanos ...Entretanto é forte a dependência dos consultores contratados pela Carta de Acordo SMTRAB-PNUD-FESPSP, de caráter temporário. Ainda não se atingiu o objetivo de firmar parcerias que banquem parte dos recursos humanos necessários ao projeto. Recursos humanos A Câmara de Animação Econômica conseguiu atrair profissionais motivados, altamente qualificados e experientes em projetos sociais dentro do quadro efetivo da subprefeitura e de voluntários que foram posteriormente incorporados pela Carta de Acordo SMTRAB-PNUD-FESPSP. O projeto percebeu a afinidade dos Agentes Comunitários de Saúde com os princípios do “Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável”, e a disponibilidade deles para incorporar o papel de multiplicadores e empreendedores sociais. 68 Ademais, a Subprefeitura não tem governabilidade sobre a Saúde e a Educação, questões cruciais para o Desenvolvimento Local, que se encontram centralizadas em suas respectivas Secretarias, e estas, por seu turno, são as que menos interagem com os governos locais. Um outro problema, os consultoresanimadores ainda estão fortemente influenciados por seus próprios métodos de empreendedorismo social, em que protagonizam oficinas de capacitação, e se embaraçam para trabalhar em conjunto com os parceiros. Está acontecendo na CT Confecção, com o projeto “Os Quatro Cantos da Moda” do SEBRAE, e na CT Reciclagem, com o projeto “GEA”, do Ministério do Meio Ambiente. ...Mas encontra resistência em muitos diretores de Unidade Básica de Saúde, que temem que projetos extraordinários para os ACS comprometam suas responsabilidades administrativas e burocráticas ordinárias ao SUS. Intersetorialidade e parcerias O projeto reconhece que sua sustentabilidade depende de travar relações intersetoriais entre o Setor Público, o Setor Privado e o Terceiro Setor. Intersetorialidade e parcerias ...Todavia o Projeto CAE continua demasiadamente polarizado pela Subprefeitura, e os parceiros assumem papéis coadjuvantes. Para fora, o governo local está sendo próativo em direção aos potenciais parceiros de outras instâncias de governo e da sociedade civil, notadamente associações, fundações empresariais e Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento, o que se comprova pelas parcerias com o Banco do Povo Paulista, o SEBRAE - Os Quatro Cantos da Moda, o projeto SENAI - CMCT e a ANAMACO. Neste sentido, o principal denominador comum de interesse dos parceiros com a CAE é a “operação caçatalentos”, pois somente ao governo local é possível localizar os clientes de cada um dos parceiros dentro do território. Ademais, no entendimento deles, a CAE oferece serviços de pré e pós-venda que maximizam o impacto de seus projetos. Seu quadro organizacional está longe de ser preenchido por representantes designados pelos parceiros intersetoriais, conforme pretendido. E os parceiros que se aproximam ficam reticentes em ser acionistas do projeto CAE, limitam-se a justapor seus próprios projetos, atraídos pelos denominadores comuns para ambas as partes, o que por si já significa uma “relação ganha-ganha”. Mas a sustentabilidade da CAE depende de maior equilíbrio de representação intersetoria,l segundo o princípio básico de atar os nós das políticas e dos recursos de desenvolvimento disponíveis, a fim de maximizá-los. Os muitos parceiros que apuseram seus logotipos ao projeto têm um baixo grau de compromisso com a CAE, exceto o Banco do Povo Paulista. As universidades limitaram-se ao papel de observatório de políticas públicas. Os demais parceiros têm tido importante atuação, mas na condição de “acordo de cavalheiros”. Para dentro da prefeitura, o governo local está tecendo relações intersecretariais tal qual nunca houve, a ponto da CAE ser projeto piloto da SMTRAB, e a coleta seletiva baseada no binômio ecopontos/ economia solidária ser um projeto piloto de LIMPURB. Independentemente do grau de compromisso dos parceiros, porém, a CAE E, internamente, o Subprefeito está enfrenta dificuldades para orquestrá-los e promovendo uma intensa integração das cumprir suas próprias contrapartidas. É o Coordenadorias em torno do Programa que acontece, p.ex., entre o GT Confecção de Desenvolvimento Local, com foco “237 CNPJ” e o SEBRAE/ Os Quatro no Projeto de Acolhimento. Para tanto, Cantos da Moda. estabeleceu o Conselho Co-gestor, que reúne todos os chefes e funcionários estratégicos Ademais, enfrenta dificuldades para agir para para a implementação deste programa. dentro, p. ex., LIMPURB esperava maior agilidade da Subprefeitura na implantação dos ecopontos e na incubação das Oportunidades, ameaças Estes fatores são exógenos ao projeto. OPORTUNIDADES AMEAÇAS 69 Programas governamentais afins O crítico crescimento econômico do país está motivando uma intensa movimentação governamental nas três instâncias de governo, atrás da questão do desenvolvimento, aliás, convergindo com programas de organismos internacionais. O governo federal acabou de editar o PAC, com rebatimentos em agências de fomento e pesquisa, p.ex., o BNDES, a FINEP etc., e vários ministérios estão implantando linhas setoriais de investimentos desenvolvimentistas, tais como o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Cidades, No governo estadual, por seu turno, o novo Secretário do Trabalho, um dos empreendedores da nova lei de Micro e Pequenas Empresas, empossou-se com o compromisso de promover o fortalecimento e a desburocratização para os pequenos, um discurso que ratificou por ocasião da inauguração da Unidade Itaim Paulista do Banco do Povo. Em nível municipal, foi editada uma Portaria estabelecendo a Agência de Desenvolvimento Local, cujo presidente é agora o Secretário de Governo. Ademais, é crescente a visibilidade da CAE junto a outras Pastas. Recentemente, o Secretário de Assistência Social aproximou-se com projetos correlatos, visando saltar do assistencialismo para a emancipação socioeconômica de sua clientela. Novas parcerias O projeto CAE tem um desenho institucional constantemente aberto para novas parcerias, e possui vários denominadores comuns com organismos governamentais e não governamentais que perseguem o desenvolvimento local. Além disso, o suporte do governo local funciona como uma âncora para o projeto, o que é um fator atrativo para os investidores socioambientais. 70 Descontinuidade administrativa ...Sem dúvida, é a pior ameaça (Spink, Clemente, Keppke, 2001), pois o projeto continua num estágio incipiente, fortemente concentrado no governo local, personalizado nas figuras do subprefeito e do Secretário Municipal do Trabalho, onde a mudança de cadeiras é comum, inclusive dentro de uma mesma gestão municipal. Ademais, restam apenas dois anos para a gestão em exercício, pouco tempo para a CAE consolidar as parcerias intersetoriais externas ao governo municipal, que são aquelas que efetivamente poderiam sustentar o projeto nas viradas políticas. Rompimento de parcerias ...Todavia, os turnos de gestão, os investimentos e os humores dos parceiros são fatores imponderáveis à CAE, e o rompimento de parcerias, a qualquer tempo, não é uma hipótese descartada. Por exemplo, com a mudança de reitor, a parceria com a USP-Leste e o Núcleo de Ação Social, Cultural e Educativa - Nasce, ficou paralisada. Como conseqüência disso, o espaço que a Subprefeitura tinha preparado para este parceiro, dentro da Casa de Cultura, nem chegou a ser ocupado. “Venda” do projeto para um acionista forte A exemplo do que acontece no Setor Privado, um empreendimento social de êxito pode mudar de “dono”, ou de acionista majoritário. A adoção do projeto CAE por um dos atuais parceiros, ou algum outro por vir, é uma possibilidade. Monopólio da Subprefeitura É uma ameaça possível, em se tratando da preferência dos sucessivos gestores por vir, ou da habilidade deles em celebrar parcerias. Esta situação também poderá acontecer na próxima transição de governo municipal, uma vez que há pouco tempo para consolidar parcerias externas, conforme comentado. Neste caso, a continuidade do Neste sentido, tanto o Banco do Povo projeto dependerá do empenho e persuasão Paulista quanto o SEBRAE têm ações dos funcionários efetivos da CAE, com o direcionadas para a promoção do desenvolvimento local e, em algumas cidades, apoio dos beneficiários e das comunidades simpatizantes. adotam o modelo dos Arranjos Produtivos Locais. Como são organizações especializadas na questão desenvolvimentista, com larga expertise acumulada e lastro institucional, têm amplas condições de incorporar a CAE, mais do que a Subprefeitura, inclusive. 71 III.CONCLUSÕES Em dois anos de atividade, sendo que o primeiro ocorreu sob caráter experimental, a Câmara de Animação Econômica tornou-se uma experiência emblemática na cidade de São Paulo, ainda que tenha sido baixo o impacto tangível de geração de trabalho e renda, e a efetiva formação de Arranjos Produtivos Locais. Teve o mérito de enfrentar os piores indicadores econômicos da Região Metropolitana, sem contar com as ferramentas macroeconômicas da União, e tampouco com o emprego formal, orientando-se tão somente para as ações que um governo local poderia fazer a fim de fomentar o empreendedorismo e o associativismo, em se imbuindo da estratégia da intersetorialidade e da articulação de políticas públicas. Mais que isso, visando o Desenvolvimento Local, de forma sistêmica. Evidentemente, porém, poderia ser melhorada em muitos aspectos, conforme apontado na análise de “SWOT”. Ademais, falta detalhamento ou cumprimento ao projeto, por exemplo, do organograma e seus papéis, do fluxograma de acolhida aos interessados, do estabelecimento e monitoramento de indicadores viáveis de avaliação, tanto da Animação Econômica, quanto do Desenvolvimento Local pretendidos. Indo além, falta implementar efetivamente a incubação, com os devidos subsídios e incentivos à produção, não apenas de Arranjos Produtivos Locais, antes disso, porém, de células produtivas, pois é latente a atividade econômica no território. É um projeto em processo, e deve ser avaliado como tal. Por isso, uma melhor análise precisaria da implementação integral das Câmaras Temáticas propostas, com métodos customizados de incubação, o que ainda não houve, embora justifique-se pela insuficiência de recursos e de parceiros de compromisso. Mas seguramente, é um ponto de partida para pensar o Desenvolvimento Local das regiões estagnadas da cidade e da Região Metropolitana de São Paulo. 72 IV. REFERÊNCIAS AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Ministério das Relações Exteriores/Gab (Port. 29/07/94, versão em português). Brasília, DF, Imprensa Oficial, DOU de 01/08/94 (Suplemento ao no. 146). Camargo, C. P. F. de et al. São Paulo 1975 Crescimento e Pobreza. São Paulo: Ed. Loyola, 1977. Fernandes, Rubem César. Privado porém Público: O Terceiro Setor na América Latina. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1994. Fischer, T. Gestão do Desenvolvimento e Poderes Locais: marcos teóricos e avaliação. Salvador, Casa da Qualidade, 2002. Gaebler, Ted e Osborne, David. Reinventando o Governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público. Tradução de Sérgio F. G. Balth e Ewandro Magalhães Jr. São Paulo, Ed. Comunicação, 1994. GOVERNO FEDERAL. 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Habitação e Cidade. São Paulo, Atual, 7ª. Ed., 2004. 73 Maricato, Ermínia. Reforma urbana: limites e possibilidades uma trajetória incompleta. In: Ribeiro, Luiz Cesar de Queiroz e SANTOS JR., Orlando Alves dos, organizadores. Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana: o Futuro das Cidades Brasileiras na Crise. Rio de Janeiro, RJ, Ed. Civilização Brasileira S/A, 1994, Terceira Parte, p. 309-325. ____________ Metrópole na Periferia do Capitalismo: ilegalidade, desigualdade e violência. São Paulo: Hucitec, 1996. Maturana, H. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 1998. Olson, Mancur. The Logic of Collective Action: Public Goods and the Theory of Groups. Cambridge, Harvard University, 1971. Prefeitura do Município de São Paulo. Código de Obras e Edificações, Lei Municipal 11.228/92, regulamentada pelo Decreto 32.329/92. ____________. Plano Diretor Estratégico, Lei 13.430 de 13 de Setembro de 2002. www.prefeitura.sp.gov.br ____________. 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Video promocional do Projeto Fluir disponível em http://www.youtube.com/ watch?v=dPifNcxWleo, acesso em 16/12/2012. 77 PROJETO FLUIR28 Rosane Segantin Keppke A Subprefeitura Itaim Paulista faz parte da Administração Direta da Prefeitura da Cidade de São Paulo. Segundo o IBGE (2000), tem 533.317 habitantes. Compõe-se pelos Distritos Vila Curuçá e Itaim Paulista, que ocupam respectivamente o 7o. e o 10o. lugar no ranking da Exclusão Social. A região urbanizou-se a partir de loteamentos clandestinos implantados sobre a várzea do Alto Tietê, no Extremo Leste da cidade de São Paulo. A malha viária caótica foi o resultado agregado desses loteamentos descomprometidos com o interesse coletivo. A presença de seis afluentes do Rio Tietê e suas respectivas microbacias complica a contigüidade da malha viária. Como agravante, os fundos de vale foram ocupados por favelas que, por seu turno, agravam e tornam freqüentes as enchentes. Por isso, o Projeto Fluir visa dar, ao mesmo tempo, tratamento às microbacias hidrográficas e às microbacias de tráfego. O Projeto Fluir foi criado para mitigar os problemas socioambientais relacionados a esse meio físico e antrópico. Foi proposto por ocasião do Plano Regional Estratégico29, que envolveu vinte e cinco oficinas e audiências públicas, expressando que “as enchentes e a falta de mobilidade são os piores entraves para o desenvolvimento do Itaim Paulista”. O projeto recebeu apoio e recursos intersetoriais graças aos esforços políticos do então Subprefeito30 . Foi concretizado graças ao empreendedorismo excepcional da Coordenadoria de Infraestrutura e Obras 31, que liderou o enfrentamento técnico, orçamentário e logístico colocado por essa situação desafiadora. 28 Este relatório seguiu o formulário tutorial da organização Mais Projeto, responsável pela realização do ciclo de premiação “Benchmarking Ambiental Brasileiro/ 2008”, no qual o Projeto Fluir obteve a segunda colocação, ficando atrás apenas da empresa Angloamericana. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/index. php?p=26512 , acesso em 25/11/2012. 29 Coordenado pela Arq. Rosane Segantin Keppke. 30 Diógenes Sandim Martins. 31 Coordenada pelo Eng. Aguinaldo Tarso Prieto. 78 O Projeto Fluir enfoca os recursos hídricos, mais do que isso, porém, dá tratamento integrado às favelas ribeirinhas, à mobilidade das “bacias de tráfego” e aos equipamentos sociais das microbacias, culminando com os parques lineares às margens dos Córregos e a implantação dos coletores-tronco. Empiricamente, a oportunidade para o primeiro piloto do Projeto Fluir veio em meio à crise provocada pelas enchentes excepcionais da virada de 2005 para 2006 (v. foto 1) O vulto das enchentes do Córrego Itaim obrigou os departamentos a trabalharem juntos - Defesa Civil, Ação Social, Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Infraestrutura e Obras, e Finanças: este foi o primeiro aprendizado. O tamanho da crise e a ambição do projeto obrigaram a Subprefeitura a buscar parcerias intersetoriais em outras Secretarias da própria Prefeitura, do Estado, apoio de órgãos do Governo Federal e do Terceiro Setor. O mero assistencialismo foi superado pela existência de um Plano Diretor que apontava para a solução sistêmica da Habitação e do desenvolvimento socioambiental. Foto1: Após as enchentes Fonte: Subprefeitura Itaim Paulista/ Assessoria de Imprensa A partir do acolhimento às famílias ribeirinhas pela Defesa Civil e Coordenadoria de Assistência Social teve início a mobilização administrativa e política em direção às parcerias intersetoriais, a fim de prover habitação de interesse social, infraestrutura, saneamento e o parque linear. 79 Tabela 1: Parcerias Para além de “planejar”, comprovou-se a necessidade de desenvolver, checar e agir continuamente32, envolvendo a comunidade na concretização e no controle das metas. Ainda durante a obra, foi realizada a campanha em “Defesa da Vida e do Meio Ambiente da Microbacia do Córrego Itaim” (fotos 2ª e 2b). Ao final, foram capacitados jovens e lideranças comunitárias para compor o Conselho Gestor da Microbacia, em formação. 32 Ciclo PDCA, de Demming. V. MOEN, R.; CLIFFORD, N. [ ]. Evolution of the PDCA Cycle. Disponível em http://pkpinc.com/files/NA01MoenNormanFullpaper.pdf , acesso em 16/12/12. 80 Com o Projeto Fluir a ocorrência de enchentes caiu de 876 eventos (2005) para 250 (até julho/2008). Foram removidas e realocadas pacificamente 339 famílias de áreas de risco de enchentes. O parque linear, com aproximadamente 50 mil m2, está beneficiando diretamente toda a população do Itaim Paulista com equipamentos de esporte e lazer. Com isso acrescentou-se em torno de 0,48 m2 de área verde por habitante. Os três principais Córregos do Itaim Paulista estão no programa de implantação de coletores-tronco. Foram extintos os pontos viciados de entulho das margens. A Polícia Civil vem apurando diminuição nos índices de criminalidade no entorno dos parques lineares. Fotos 3a, 3b: Córrego Itaim 2006 vs. 2008 Fonte: Fonte: Subprefeitura Itaim Paulista/ Assessoria de Imprensa O parque linear foi dotado de ciclovia que se conecta à estação de trem do Jardim Romano. Pontes e passarelas estão sendo acrescentadas para melhorar a mobilidade e o acesso aos equipamentos sociais antes separados pelos córregos. Os indicadores intangíveis são o aumento da qualidade urbanístico-ambiental da região e a satisfação do cliente-cidadão. 33 Matéria disponível em http://www.saomiguelpaulista.com.br/portal/index. php?secao=news&subsecao=4&id_noticia=731 , acesso em 16/12/2012. 81 O sucesso do piloto no Córrego Itaim Paulista motivou a implantação de um segundo parque linear no Córrego Água Vermelha (foto 4). Foto 4: Córrego Água Vermelha (2008) Fonte: Fonte: Subprefeitura Itaim Paulista/ Assessoria de Imprensa A iniciativa atraiu a atenção da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que pretende replicar o projeto no Córrego Três Pontes, na divisa com Itaquaquecetuba, Poá e Ferraz de Vasconcelos. Com isso, em quatro anos está sendo feita a metade da meta de 20 anos prevista no Plano Regional Estratégico. A metodologia foi incorporada pela Secretaria Municipal de Planejamento juntamente com outras pastas e subprefeituras . Técnicos de universidades e outros municípios brasileiros estão vindo conhecer o Projeto Fluir, com o interesse de replica-lo. O principal desafio-inovação do Projeto Fluir foi implantar uma política socioambiental sistêmica para as várzeas de córregos. Transpor as barreiras político-partidárias e juntar num mesmo projeto quase todas as instâncias de governo, tornou-se a missão central da subprefeitura. 82 A implantação do Projeto Fluir impactou a arcaica cultura da Administração Pública, introduzindo modernos princípios gerenciais: planejamento estratégico, parcerias, ações orientadas por resultados, participação civil e controle social 34 . 34 Os nomes que seguem representam parte dos 53 participantes diretos do Projeto Fluir: Aguinaldo Tarso Prieto (SPIT/ Coordenador de Infraestrutura e Obras), Andre Cassanti Filho (SPIT), Cid Luiz de Campos (SPIT), Damaris C. Binati (SEHAB/HABI), Diogenes Sandim Martins (SPIT/ Subprefeito), Eduardo Jorge (SVMA/ Secretário do Verde e Meio Ambiente), Felinto C. F. Da Cunha (SEHAB/HABI), Helio Neves(SVMA/ Chefe de Gabinete), Iracema A. H. Fechio (SPIT), Manoel A. De Barros (SPIT/ Defesa Civil), Marcia Cassiana Rosa (SPIT), Maria Silvia de A. Ferraz (SVMA), Marta Amélia de Oliveira Campos(SABESP), Mirna O. S. Nogueira (SPIT), Paula F. P. Lopes (SVMA), Rogelio Nogueira Salgado (SPIT/ Chefe de Gabinete), Rosane Segantin Keppke (SPIT/ Coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento Urbano), Sandra de Castilho (SPIT), Sergio G. Higa (SPIT). 83 PROJETO FLORIR 2009 84 PROJETO FLORIR Rosane Segantin Keppke 1. Apresentação O Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde são propostas da Subprefeitura Itaim Paulista para a Agenda 2012 local. A Subprefeitura Itaim Paulista encontra-se num processo contínuo de melhoria de gestão e, desde sua implantação, em 2001, suas ações são orientadas pelo planejamento estratégico. O Plano Regional Estratégico/ Revisão 2006-09 estabeleceu grande ênfase às questões socioambientais. Desde 2007, a Subprefeitura se inspira no Modelo de Excelência em Gestão, da Fundação Nacional da Qualidade, a fim de implantar seus projetos e ações com eficiência e efetividade. Resultados desses esforços foram o Prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro/ 2008, conquistado pelo Projeto Fluir e o Prêmio SEBRAE Prefeito Empreendedor/ 2008, conquistado pela Câmara de Animação Econômica. Ao longo de seu histórico, a Subprefeitura Itaim Paulista acumulou expertise, capital humano e um legado de gestores comprometidos com a excelência de gestão. Neste contexto, no início deste ano foi elaborada a Agenda 2012 local, com foco na zeladoria urbana, e foram concebidos o Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde. O Projeto Florir visa melhorar a qualidade paisagística local e estabelecer um marco visual de excelência em zeladoria urbana. Na mesma direção de qualidade urbanístico-ambiental, o Projeto Itaim mais Verde visa promover a arborização do território, a fim de mitigar o processo de “ilha de calor”. Ambos os projetos são avanços do Projeto Fluir, que sintetiza as propostas urbanísticas e ambientais para melhorar a rede hídrica estrutural e a malha viária, no Plano Regional Estratégico/ Revisão 2006-09. 85 Fig. 1 – Inter-relação de projetos estratégicos. 2. O cenário A Subprefeitura Itaim Paulista localiza-se no Extremo Leste da Prefeitura do Município de São Paulo. Compõe-se pelos Distrito Itaim Paulista e Vila Curuçá, atualmente com 399.623* habitantes (estimativa do SEADE, 2009), apresentando os indicadores que seguem: Indicador População Renda média/ chefe domicílio Índice de Exclusão Índice de Violência Indicador Composto Juvenil Distrito Itaim Paulista Distrito Vila Curuçá 399.623* R$ 524,91 -0,815 -0,777 0,356 0,513 0,25 0,28 Município de São Paulo 10.434.252 R$ 1.325,43 Varia de -1 a 1 Varia de 0 a 1 Varia de 0 a 1 Os indicadores revelam que se trata de uma subprefeitura periférica, com alto Índice de Exclusão e vulnerabilidade social; “cidade dormitório” que se formou por loteamentos irregulares ou clandestinos. Como tal, o território apresenta atrofia da malha viária, desenho urbano conflitante com a rede hídrica, insuficiência dos equipamentos públicos, alta densidade populacional, que resultou numa paisagem construída monolítica – densa e horizontal, onde o verde é escasso. As áreas verdes representam somente 6,4% do território; mas as 89 “áreas ajardinadas” cadastradas encontram86 se em mau estado de conservação e sob alto risco de invasão por favelas. De acordo com o Atlas Ambiental do Município (2002), a densidade arbórea é de apenas 4 árvores/ hectare e o território se constitui em uma “ilha de calor” devido à falta de árvores. Estima-se que aproximadamente 3,39 m2 é a área verde/ habitante, quando a Organização Mundial de Saúde recomenda 12 m2/ hab Fotos 1 e 2 - Diagnóstico de “baseline” Fonte: SPIT/ Gabinete/ Assessoria de Imprensa 3. Justivicativa: por que fazer? Diante de tantos problemas infraestruturais ainda por resolver, por que introduzir a questão paisagístico-ambiental? As últimas gestões concentraram seus esforços na diminuição do déficit de infraestrutura urbana: a) Instalação de equipamentos de Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Lazer; b) Melhoria do transporte público; c) Implantação de parques lineares e obras de combate à enchente; d) Conclusão da pavimentação da malha viária; e) Conservação da infraestrutura instalada. A Subprefeitura coordenou a realização destas três últimas políticas públicas, conforme suas competências específicas, não lhe cabendo a governança sobre as políticas setoriais (as duas primeiras). A Agenda 2012 local, em andamento, está alinhada com o Plano Regional Estratégico/ Revisão 2006-09 e a Agenda 2012 do município. Em suas competências ordinárias, a Subprefeitura Itaim 87 Paulista está buscando a excelência em zeladoria urbana, por isso percebeu a importância de investir na questão paisagístico-ambiental. A “Teoria da Janela Quebrada35”, de Phillip Zimbardo, demonstra o papel central da zeladoria na prevenção dos atos de vandalismo contra os bens públicos, e em favor da civilidade e da cidadania. Jaime Lerner elevou Curitiba à categoria de “Cidade Mundial”, graças ao salto de qualidade alavancada pelos investimentos urbanísticoambientais, os quais foram realizados em rede, abrangendo grandes e pequenos espaços públicos, numa tática que ele chamou de “Acupuntura Urbana”. A pequena cidade de Holambra, com 9.719 habitantes, adotou a estratégia de investir em seus espaços públicos e transformá-los em cartões postais coerentes com sua vocação econômica, baseada na cadeia produtiva das flores. Introduziu a “Expoflora” – feira que atrai 250 mil pessoas/ ano, que se tornou famosa no calendário nacional. Consolidou-se como cidade turística, além de ser a maior exportadora de flores da América Latina. Seu IDH encontra-se entre os dez melhores do país. Seu PIB per capta – R$ 45.052,66/ hab. supera a média de São Paulo, o estado mais rico da federação, com R$ 19.547,86/ hab. (SEADE, 2009, dados de 2006). Além da importância em si mesmas, as ações de cunho urbanísticoambiental podem contribuir para o desenvolvimento socioeconômico, uma vez que criam oportunidades de trabalho e renda para a mãode-obra e os microempreendedores locais. 35 Nos anos 70, P. Zimbardo promoveu uma pesquisa comportamental. Deixou um carro velho num bairro degradado, o qual foi totalmente “depenado” em poucas horas. Ao mesmo tempo, deixou um carro semelhante num bairro nobre, que em princípio, permaneceu intocado. Os pesquisadores experimentaram quebrar uma das janelas do carro, que na seqüência, também foi “depenado” em poucos dias. A partir daí, concluiu-se que os atos de vandalismo ocupam as brechas do zelo público. Giuliani, ex-prefeito de Nova York, inspirou-se nesta teoria para formular o Programa de Tolerância Zero contra os crimes e delitos que denegriam a qualidade de vida da cidade. 88 4. Objetivos: o que se pretende fazer? O Projeto Florir pretende melhorar a qualidade da paisagem urbana com o uso de espécies que florescem alternadamente durante todos os meses do ano, de modo a estabelecer uma identidade paisagística marcante, que evoque a excelência em zeladoria urbana e demonstre o cuidado que o Poder Local dispensa para os seus cidadãos. A implantação se difundirá a partir das vias estruturais e coletoras, e daí para as vias locais, no esteio do “Cidade Limpa” – o programa que promoveu a despoluição visual de São Paulo, resgatando não apenas a paisagem paulistana, como também a autoridade da Prefeitura e a aprovação da população. Por seu turno, o Projeto Itaim mais Verde pretende dobrar a quantidade de árvores durante esta gestão, a fim de reverter o processo de formação de “ilha de calor” devido à desertificação arbórea nas ruas. Vantagens no plantio de árvores * Purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; * Melhoria do microclima da cidade, pela retenção da umidade do solo e do ar e pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; * Redução da velocidade do vento; * Influência no balanço hídrico, favorecendo infiltração da água no solo e provocando evapo-transpiração mais lenta; * Abrigo à fauna, propiciando uma variedade maior de espécies, o que influencia no maior equilíbrio das cadeias alimentares e na diminuição de pragas e agentes vetores da doença; Box 1 – Vantagens no plantio de árvores 5.Público-alvo: quem são os beneficiários do projeto? O Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde trarão benefícios diretos para 100% da população habitante da Subprefeitura Itaim Paulista. 6.Metas: como fazer para alcançar os objetivos? 89 Ao longo desta gestão, pretende-se implantar o Projeto Florir em 100% das 89 áreas ajardinadas reconhecidas pelo cadastro municipal, bem como identificar novas áreas, inclusive “bicos” de ruas e pequenos cantos, seguindo o conceito de “pocket squares” ou “praças de bolso”. Mapa 1 – Projeto Florir, Lote I, 64 praças com implantação planejada para 2009-10 De acordo com o Mapa 1, observa-se que o Projeto Florir tem ampla capilaridade no território, priorizando as áreas mais carentes e desprovidas de jardins públicos, de modo a alcançar toda a população. Quanto ao Projeto Itaim mais Verde, ao longo desta gestão, pretendese dobrar o número de árvores do território, o que significa plantar 20 mil novas árvores. A implantação seguirá critérios técnicos de largura de passeio, fiação, mobiliário urbano, espécies apropriadas, anuência do cuidador etc.; a distribuição será capilarizada por todo o território, priorizando as áreas inseridas no foco do perímetro de “ilha de calor”, de acordo com o Atlas Ambiental do Município de São Paulo (2002). 7. Metodologia: como fazer? O Projeto Florir começou com um diagnóstico mapeado e 90 fotografado do Sistema de Áreas Verdes do território. Em seguida, foi implantado um projeto piloto, situado na Avenida Marechal Tito, em frente à Subprefeitura, cuja concepção artístico-paisagística foi elaborada e gentilmente cedida pelo Paisagista Jan Willem van der Boon, o principal paisagista responsável pela Expoflora. Fotos 5, 6, 7, 8 – Projeto Piloto na Avenida Marechal Tito Fonte: SPIT/ Gabinete/ Assessoria de Imprensa Dois técnicos de Holambra foram contratados pela Subprefeitura para dar prosseguimento ao padrão de projeto e implantação orientados pelo referido paisagista. Foto 9 – Praça Lions Fonte: SPIT/ Gabinete/ Assessoria de Imprensa Foto 10 - Praça das Mães 91 Além da presença constante de flores, os novos jardins públicos serão valorizados pelo mobiliário urbano. Neste sentido, além dos playgrounds de eucalipto, haverá a “Academia da Terceira Idade” – com equipamentos específicos para a atividade física deste segmento. Planeja-se implantar 25 unidades até fevereiro de 2010. No momento, estão em projeto, contratação ou obras as 64 áreas priorizadas pelo Lote I (Mapa 1). A maior parte dessas áreas será executada com “equipes-padrão” contratadas para serviços de jardinagem, e o restante será licitado no mercado de empresas especializadas. Matrizes de Holambra foram doadas para o Viveiro do Carmo, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, a fim de suprir parte da demanda, a médio prazo. Mas se faz necessária a implantação de um viveiro local, que está em planejamento. O projeto piloto e as primeiras obras estão sendo supridas com espécies adquiridas no mercado, por meio de Pregão Eletrônico. As equipes-padrão estão sendo capacitadas pelos técnicos contratados de Holambra. Também se pretende incubar uma cooperativa de prestadores de serviços de jardinagem, por meio da Câmara de Animação Econômica e do SEBRAE. A idéia da cooperativa visa fomentar o microempreendedorismo local, assim como a capacitação das floriculturas locais e a interface com o Projeto Fábrica Verde de agricultura urbana, de modo a alongar a cadeia produtiva das flores na região. Outra fonte de mão-de-obra e oportunidades de geração de trabalho e renda são os “Zeladores de Praça”. O projeto é resultado da parceria entre as Secretarias Municipais do Trabalho, do Verde e Meio Ambiente e da Subprefeitura Itaim Paulista. O objetivo é garantir a limpeza e fazer manutenção diária nos jardins, canteiros e praças. Os “zeladores” são bolsistas temporários contratados e capacitados para estes fins. 92 Foto 11 – Formatura dos 20 primeiros “Zeladores de Praça” Fonte: SPIT/ Gabinete/ Assessoria de Imprensa Para contribuir com a manutenção e a ampliação do projeto, pretende-se incorporar a adesão da iniciativa privada, no bojo do Decreto 50.077/08, que oferece direito a publicidade em troca de investimentos econômicos ou financeiros nas áreas verdes públicas. Mas pessoas físicas e jurídicas – com ou sem fins lucrativos, poderão celebrar compromisso simbólico com os jardins públicos, com base em contrapartidas intangíveis, p. ex. engajando-se em campanhas de sensibilização ambiental. A aplicação da arte floral nos jardins públicos será uma tática disseminada também em parques existentes e no Parque Encosta Norte, planejado pela Agenda 2012 local. As flores já foram introduzidas em pontos estratégicos do Parque Linear Água Vermelha. Foto 12 – Pq. Linear Água Vermelha Fonte: SPIT/ Gabinete/ Assessoria de Imprensa 93 O Projeto Itaim mais Verde foi motivado pelas informações do Atlas Ambiental do Município de São Paulo/ 2002, que coloca o Itaim Paulista entre as quatro piores Subprefeituras quanto ao índice de arborização. As visitas em campo confirmam a falta de qualidade paisagístico-ambiental devido a ausência de árvores. Mas a tipologia urbana local é inóspita até mesmo para elas, devido aos motivos apontados na Introdução: atrofia da malha viária, passeios estreitos, lotes exíguos, hiper-adensamento construtivo, mobiliário urbano inadequado e redes concessionárias concorrem pelo mesmo solo e espaço aéreo. Todas estas variáveis são consideradas no plano de ação, que tem início nas visitas em campo, quando tais interferências são anotadas na planta da quadra fiscal. A partir daí são deduzidos os pontos indicados para o plantio. Sob coordenação do agrônomo, a equipe técnica indica as espécies apropriadas, em harmonia com o Projeto Florir. A assessoria política faz o trabalho de conscientização ambiental e convencimento dos moradores para que se tornem responsáveis 36 e cuidadores das árvores recém-plantadas. Este trabalho é previamente facilitado pelo Programa Ambientes Verdes Saudáveis, realizado pelos Agentes Comunitários de Saúde que atuam na região. O fornecimento das árvores provém dos viveiros municipais e dos Termos de Ajuste de Conduta – TACs encaminhados pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente. 8.Avaliação do projeto-piloto: o que está mudando? A exemplo de Curitiba e Holambra, pretende-se dar um novo retrato para o Itaim Paulista, com base na valorização dos espaços públicos. O Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde visam agregar valor paisagístico-ambiental àquele território precário. Com a excelência em zeladoria urbana – atribuição principal de uma subprefeitura, 36 A responsabilidade pela árvore plantada no passeio público cabe ao proprietário do lote em frente ao mesmo. Há leis que incentivam e até obrigam o plantio de árvore, por exemplo, a lei 10.940/91 condiciona o licenciamento de projetos ou regularização edilícia ao plantio de pelo menos uma árvore no passeio em frente ao lote; na mesma direção, a lei 10.948/91 determina constar a arborização de vias no plano de parcelamento de solo. 94 o governo local quer sinalizar o quanto está comprometido em oferecer qualidade urbanística para os cidadãos, sem preterir suas demais competências ordinárias. O projeto piloto e sua replicação inicial já estão conquistando a opinião pública. Havia uma preocupação quanto ao furto de flores e atos de vandalismo, porém, a comunidade vizinha espontaneamente contribui para a vigilância e o zelo dos novos jardins. Estes beneficiários diretos tem expressado seu apreço e agradecimento. Na Praça das Mães – um local estritamente residencial, a comunidade celebrou uma missa no dia da inauguração dos novos jardins, porque a pracinha transformou num pequeno cartão postal o antigo fundo de vale degradado, escoadouro de esgoto esquecido na divisa do município. A intervenção promoveu a auto-estima coletiva e, seguramente, a valorização dos imóveis. 9.Como medir os resultados? Para o processo de avaliação do projeto, estamos estabelecendo os seguintes indicadores: I. Índice de satisfação Trata-se de um questionário de opinião focado na qualidade da zeladoria urbana, antes e depois das intervenções paisagísticoambientais. A amostragem abrange os locais diretamente beneficiados pelo Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde, num raio aproximado de 1 km. II. Índice de utilização Trata-se da medição da quantidade de freqüentadores das praças e áreas ajardinadas, antes e depois das intervenções paisagísticoambientais. III. Índice de adesão Computa e analisa a quantidade de atores direta e espontaneamente envolvidos no processo de conscientização paisagístico-ambiental. Pessoas jurídicas que celebrarem Termo de Cooperação com a prefeitura (Dec. 50.077/08); pessoas físicas e jurídicas que celebrarem Termo de Compromisso com a Subprefeitura 95 (contrapartida intangível); pessoas que aceitarem plantar uma árvore em sua calçada; Agentes Comunitários de Saúde que colaborarem na campanha de sensibilização; outros agentes que venham a colaborar nessa campanha. IV. Índice de vandalismo Mede as ocorrências de furto, atos de vandalismo, depredação e depósito de entulho nas praças e áreas ajardinadas objeto de intervenção paisagístico-ambiental. 10.Quem são os parceiros ? 37 A implantação do Projeto Florir está envolvendo os seguintes parceiros: a)O prefeito O prefeito empenha-se pessoalmente na replicação da experiência paisagística de Holambra na Cidade de São Paulo como estratégia para consolidar e ampliar o escopo do exitoso Programa Cidade Limpa. A Subprefeitura Itaim Paulista foi selecionada como território-piloto em função de seu desempenho no Projeto Fluir – o primeiro parque linear da cidade que envolveu desadensamento e urbanização de favelas. b)Técnicos de Holambra Jan Willem van der Boon realizou a concepção artístico-paisagística para o projeto-piloto na Avenida Marechal Tito, de modo a estabelecer o padrão a ser seguido. Dois técnicos de Holambra fazem parte da Assessoria de Gabinete da Subprefeitura, a fim de gerenciar os trabalhos. c)Secretaria de Coordenação das Subprefeituras Apóia a Subprefeitura Itaim Paulista na realização da experiênciapiloto, fazendo a interface intersecretarial para obter os recursos necessários. Seu núcleo de projetos está desenvolvendo o projeto do Parque Encosta Norte. d)Secretaria do Verde e Meio Ambiente 37 Equipe interna: Celso Capato, Subprefeito (ex-prefeito de Holambra), coordenador do projeto Eng. Aguinaldo Tarso Prieto, Coordenador de Projetos e Obras (CPO)– a unidade técnica que implanta as obras. 96 Disponibiliza as espécies dos viveiros municipais para o Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde, para este último, encaminha o fornecimento de mudas provenientes dos Termos de Ajustes de Conduta – TACs. Está dando prosseguimento ao Projeto Fluir, estendendo-o aos Córregos Água Vermelha (2ª. Etapa) e Tijuco Preto. Mantém os parques e parques lineares já implantados. e)Secretaria Municipal do Trabalho É parceira na contratação e remuneração dos “Zeladores de Praça”. f)Sociedade Civil Local O Projeto Itaim mais Verde depende da anuência dos cidadãos para o plantio das árvores. O Projeto Florir depende do envolvimento da comunidade na preservação dos novos jardins. A sociedade civil local pode oferecer contribuições econômico-financeiras celebrando Termos de Cooperação (Dec. 50.077/08), ou ainda assumir compromisso na campanha de conscientização ambiental. g)Agentes Comunitários de Saúde São importantes multiplicadores da campanha em prol do Projeto Itaim mais Verde. 11.Comunicação do projeto: como contar a história? O Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde atraíram a atenção da mídia de bairro. O portal www.itaimpaulista.com.br envolveuse espontaneamente na disseminação das ações e da campanha ambiental que alimenta os projetos. 12.Onde obter os recursos necessários Arq. Rosane Segantin Keppke, Coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (CPDU), planejamento, facilitação dos projetos e relatoria. José Luiz Duzzi, assessor técnico, paisagista, co-gestor do projeto. Bento Eusébio Tobias, assessor técnico, paisagista. Eng. Domingos Rodrigues Pereira, técnico integrante da CPO. Eng. Everton Felix Teixeira, agrônomo, técnico integrante da CPO. Benedito de Oliveira, encarregado geral de operações da CPO. 97 Tabela 2 – Parcerias, ações e investimentos 13. Quanto custa? O orçamento estimativo para as 64 áreas do Lote I do Projeto Florir indica o preço médio de R$ 44,41/ m2 para as áreas objeto de intervenção paisagístico-ambiental. Nesta amostragem, houve variação de R$ 5,39/ m2 a R$ 717,26/ m2 dependendo da proporção da reforma e das espécies aplicadas. Algumas áreas exigem a realização de muro de arrimo, por exemplo, e em outras áreas estratégicas estão sendo aplicadas espécies de alto valor, tais como as palmeiras formadas e as mudas em processo de florescência. Os serviços de implantação propriamente ditos são executados pelas equipes-padrão, ao custo mensal de R$ 36.000,00, já incluído na estimativa anterior. O Projeto Itaim mais Verde também utilizará as equipespadrão para o plantio. O fornecimento das mudas de árvore terá custo zero para as subprefeituras, uma vez que provem dos viveiros municipais ou dos Termos de Ajuste de Conduta. 14. Cronograma de atividades: o que e quando faremos? No projeto-piloto e suas primeiras replicações observamos que uma equipe-padrão é capaz de realizar em 15 dias a reforma de uma praça com até 2.000 m2, se não envolver construção civil. Portanto, o cronograma físico-financeiro depende da complexidade das reformas e da quantidade de equipes-padrão contratadas. 98 O Projeto Itaim mais Verde planeja plantar 5 mil mudas/ ano, até o final desta gestão, de modo a completar a meta plurianual de 20 mil árvores. O desenvolvimento do projeto é acompanhado por meio do cronograma físico-financeiro e dos indicadores de avaliação – antes, durante e depois da realização das intervenções paisagísticoambientais. 15. Sustentabilidade do projeto: como dar continuidade? Em termos financeiros, o Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde são compatíveis com o orçamento local para executar serviços de zeladoria urbana. Em termos institucionais, o Projeto Florir e o Projeto Itaim mais Verde fazem parte da Agenda 2012 local, que tem relação com a Agenda 2012 municipal – oficializada pelo art. 30 da Lei Orgânica do Município, e com o Plano Regional Estratégico/ Revisão 200609, oficializado como Projeto de Lei encaminhado à Câmara de Vereadores. Mas quem melhor pode garantir a continuidade do projeto na próxima transição política será a sociedade civil local e os atores diretamente envolvidos, tais como os técnicos municipais – que estão sendo capacitados para realizar serviços paisagístico-ambientais com o padrão de qualidade estabelecido, os “zeladores de praça” e a cooperativa de jardineiros a ser incubada. 99 100 PARTE II - ARTIGOS 101 The dilemmas of the para-governmental arena in Brazilian local government : an analysis of innovative practice Rosane Keppke Roberta Clemente Peter Spink Public Management and Citizenship Programme Sao Paulo School of Business Administration Getulio Vargas Foundation Paper prepared and presented for the Third International Conference of the International Society for Third-Sector Research, Université of Genève, Geneva, Switzerland July 8 - 11, 1998 http://www.istr.org/?GenevaAbstracts 102 THE DILEMMAS OF THE PARA-GOVERNMENTAL ARENA IN BRAZILIAN LOCAL GOVERNMENT : AN ANALYSIS OF INNOVATIVE PRACTICE Rosane Keppke Roberta Clemente Peter Spink In 1996, the Fundação Getulio Vargas - Sao Paulo and the Ford Foundation joined together to develop a programme to identify and disseminate initiatives in sub-national government that are in some way breaking new ground in relation to previous practices. The programme’s objectives are: to encourage Brazilian states, municipalities and the autonomous organisations of the indigenous peoples to share with others the approaches they are using to solve public issues and respond to community needs; to evaluate and identify the key features of these innovations and to create mechanisms for the widespread dissemination of potentially practical approaches to effective government. Annually, invitations are circulated through a mailing list of some 20,000 people and institutions to stimulate members of sub-national governments to write about and submit those programs, projects and activities that they consider to be innovative. They can be run by any public sector sub-national organisation either independently or together with other agencies, jurisdictions and civil organisations. All entrants have to have at least one year of effective operation and : - introduce qualitative or quantitative changes in relation to previous practices - have an impact on the quality of life of the target population - be able to be repeated by others - increase or consolidate dialogue between civil society and public agents - use resources in a responsible manner The programme under the title of Public Management & Citizenship 103 does not seek to identify best practices but, on the contrary, to demonstrate the variety and potential of ideas and solutions that are available and have been attempted. The emphasis is on supporting what could be termed an invisible college of innovation; within which administrators, technicians, community leaders, politicians and academics can search for ideas, debate and companionship. Committees whose membership is drawn from practitioners, scholars and NGOs select from the entrants a group of one hundred programs that are considered semi-finalists from which, after further information is provided, twenty are chosen as the program’s annual finalists. The information gathered is compiled into a freely available data base and a number of publications produced to describe experiences and discuss overall tendencies (FarahFARAH 1997, SpinkSPINK and ClementeCLEMENTE 1997). So far, some 1,500 programmes, projects and activities have been registered in the three years of the initiative. The activities cover most known policy areas from health, welfare, education, through environmental controls and waste management to security, employment and economic activities. Some are small scale whilst others involve major areas of state and municipal actions. Whilst the number involved are significant, it has to be recognised that they represent only part of the sub-national governmental arena and probably do not cover those jurisdictions that may be locked into more traditional models of action and service provision. At the same time, the number of entrants over these three years does point towards the presence of jurisdictions which are attempting to improve on service provision and, given the frequently commented tendency of natural innovators to not consider their local strategies of problem resolution as innovative, most certainly under-estimates the extension of the tendency as a whole. The programme began in 1996, during the last year of the four year Brazilian municipal government cycle. Some 600 experiences were received, many of which from local governments. As this was also only at the beginning of the second year of the State level government mandates, which run in an alternate four year cycle, most of those involved in the evaluation of the entrants saw this 104 as consistent with the conventional wisdom on governments in the country. Namely, that when mandates change, many actions - especially the more visible - tend to be halted either directly or as a result of the change of staff involved. The assumption of administrative discontinuity is a reference to personalist styles of government in which administrative and technical breaks occur not because of policy re-direction but because of the wish to reward electoral loyalty and other rent seeking activities. At times it may also be because the incoming administration merely wishes to do things their way or what they consider the right way. The result, however is the same. As the innovation programme moved into the second year it was expected that on this basis that the reverse would occur. For now it was the third year of the state governments and only the first months of the new municipal governments. (Given that the indigenous peoples have their own governance patterns there was no change and a small yet significant and important number of strategies for service provision have been brought forward by their representatives in each of the three years). Surprisingly however, the pattern remained relatively constant. There were less entries overall - in part a consequence of a fewer and more selective number of entries being made by those jurisdictions involved - but again the municipalities were a stronger presence than the states. In both overall terms and within the more restricted group of the hundred semi-finalists, the municipal programs and projects continued to stand out. At first, the reaction was to suggest that it must have taken place because of political continuity - that is the presence of the same party in power - or because one or another of the parties was trying to reap political advantage through focusing on its effective municipalities and encouraging them to submit entries. (As from the 1998 Federal and State elections, the Brazilian Constitution will allow, for the first time, the president, governors and mayors to submit themselves for re-election.) However the variety of municipalities continued to be considerable, with different parties, sizes and geographical insertions. State level programs were also present, but there was no mistaking the consistent and constant 105 nature of local level innovation. A similar pattern repeated itself in 1998 ( Fig. 1). Figure 1: The distribution of the 100 semi-finalists between type of jurisdiction Year Municipal Indigenous 1996 1997 1998 74 66 71 2 1 3 Inter municipal 2 3 2 State 22 30 24 At the same time, another theme was making itself present within the entrants - the high proportion in which mention was made of the involvement of non-governmental organisations in the organisation and delivery of the innovative practices. Some seventy percent of the1996 semi-finalists, seventy-five percent in1997 and seventyseven percent in 1998 had partnerships with what could be loosely described as civil society organisations. For a number of people within the international development community and for some third sector enthusiasts, the above results would fit comfortably within the current discourse around the importance of decentralisation and partnerships with new forms of social organisation. However, as part of a linked research programme, these and other themes are now being placed under more closer investigation. The results are suggesting that there may be more myth than substance within these and other rather global and convenient suppositions. One study has taken all the municipal entrants in the 1996 cycle and through follow-up procedures using telephone interviews - because of the distance - has investigated the survival rate through the 1996 municipal elections. The use of the telephone as a research method may seem strange in a European context where it might be judged to be an impersonal instrument, lacking in rapport. However in Brazil, again perhaps because of the distances, the telephone is a common medium for contact and informal conversation. Whereas questionnaire studies may be lucky if the achieve a double figure response rate, it is rare for someone to refuse to talk about a topic on the telephone, providing that both the topic and the other party 106 are seen as legitimate. In the case of the follow-up study, interviews quickly turned into chats and conversations. Data was registered in an open framework of items and responses that could, if necessary be sent in advance. Contrary to expectations, at least within the discontinuity assumption, some eighty-eight percent of the municipal projects, programs and activities had survived the 1996 elections and been continued into the next administration, independently of the party involved ( Figure 2). Figure 2: Relationship between Program and Political Continuity Same Party Different Party Survived 43 45 Not Survive 2 10 (N= 274, total =100%) Respondents, many of whom were the program team leaders, gave as the main reasons for the continuity the fact that incoming administrations had liked the activity and had empathy with it because it was working and being useful. In some fifty-seven percent of cases the technical staff themselves had been an active lobby as had been partnership organizations (thirty-five percent) and pressure from the community as a whole (thirty-six percent). The impact of the program in terms of result was another factor mentioned in a setting in which it appears that whilst incoming administrations have the power of veto, it was seen as more advantageous to continue an activity that was making an effective contribution. In only seventeen percent of cases, program managers felt that their activities had decreased with the change of government, in the other cases it was either stable or was increasing (forty-three percent). Similar to the data already gathered from the semi-finalists, some seventy-nine percent were working in conjunction with other organizations. However whilst non-governmental organizations were present, so were also other governmental agencies, both at the municipal, state, regional and federal levels. Indeed a similar picture 107 also emerged on examining the semi-finalists in more detail (figure 3). Figure 3: forms of partnership amongst the one hundred semifinalists Partnership with other government agency no yes no yes Partnership with civil society organisation no no yes yes 1996 8 22 17 53 1997 12 13 16 59 1998 10 13 12 65 Figure 3 demonstrates well the danger of not drawing a wide enough sweep around the organisational complexity of service provision or, to use the popular expression, of not standing far back enough to see the elephant. For indeed it was the case, as the current development discourse would suggest, that some seventy percent of the more effective programs did have civil society organisation involvement but also, and equally important, so did a similar number in relation to the involvement of other public agencies. More importantly, a growing number ( from 53% - 65%) are counting on both. Thus, the shift that is taking place may not just be that towards the involvement of non-governmental organisations but in fact towards a broader multi-organisational framework for service provision; a mid range para-governmental lattice work of organisational and social linkages and actions (SPINK 1997). Certainly the roles involved are not similar. Whereas the partnerships from the governmental side tended to be, in order of importance, for financial, technical, implementation, operational and finally co-management reasons, virtually the reverse was the case for the non-governmental sector (operational, implementation, comanagement, technical and, finally, financial). Despite the presence of financial contributions, the respondents reported that some seventy-five percent of the activities were being directly financed by the municipalities concerned. Federal and State contributions were present in 24% of the cases as to a lesser extent were private donations and non-governmental contributions. (International aid 108 was present in only seven percent of the cases). As could be expected in activities, projects and programs that were submitted under a Public Management and Citizenship heading, the presence of the community was relatively constant with some kind of involvement in sixty-five percent of the cases. However when the pattern of partnerships and the types of non-governmental actors were considered the results were again different from those expected within the civil society = new emergent actors = NGOs version of development discourse. The word NGO has indeed permeated the local space but it was used by respondents to refer to a wide variety of class and neighbourhood associations, clubs and groups that included traditional church organisations, business clubs and commercial bodies, local charities, political parties and thematic support groups as well as the more visible advocacy and development NGOs and new philanthropic agencies (fig. 4). The latter however are more likely to be present in the larger towns and cities. In many places and cases it was much more the presence of the former more traditional civic organisations, that express some form of community responsibility and concern, that will characterise the partnerships between public and non-public organisations; a phenomena that lends support to the discussion of community competence sparked off by Putnam’s studies (1988, 1993). Figure 4: types of non-public organisations involved in joint service provision nursery and baby minding groups ecological movements residents associations neighbourhood committees rural area committeescentres for human rights women’s defence councils church agencies children’s defence councils local churches health users groups trades unions (urban and rural) co-operatives local bus companies sports clubs 109 local commerceinsurance companies banks universities research centres community councils indigenous councils indigenous action groups lawyers associations mothers clubs and groups Lions and Rotary school PTA social movements chambers of commerce farm owners associations rural producers groups voluntary bodies church philanthropic groups service and advocacy NGOs international - Caritas multilateral -Unicef, Fao, Undp Whilst the numbers involved are heavily skewed towards continuity and therefore turn other analyses somewhat difficult, it was possible to examine the role played by the lattice work of different partnerships and linkages in aiding this process. Whereas of those projects that did continue, some seventy-eight percent had partnerships, the reverse was the case with those that did not continue after the change of government. Here some sixty-five percent did not have any significant form of partnership (fig.5). No partnership(s) With partnership(s) Continuity 22 78 (100%) No Continuity 65 35 (100%) The preliminary results of the study, whilst clearly biased towards innovators rather than the more traditional forms of local government, do indicate that at least in some parts of the country changes are taking place and that municipal and state administrations are beginning to be concerned with informing and being judged on 110 those things that they are capable of doing. Self financed attempts at solving problems, the use of multi-organisational partnerships, bi-partisan support for social and technical programmes, and the emergence of clear areas of professional competence that utilise but are not dependent on federal support, are suggesting new processes at sub-national governmental levels in which staff and public agency practitioners are exercising both leadership and action skills. A recent sample study by a leading São Paulo State newspaper ( O Estado de São Paulo, 23rd March 1988) showed that for the majority of those interviewed, it was the municipal level of government that was seen as providing the better services, that should be given the greater share of funds and that was seen as most important in the day to day. Tendler’s (1997) study of sub-national government in the State of Ceara also pointed to a very simple but real conclusion - give capable people the space to work and the encouragement to seek solutions and they will usually find a way through. The many examples that the Public Management and Citizenship program has registered and is disseminating are neither the exception nor the norm. They represent elements of a competing discourse within the development debate (SACHS, 1992). They are not taking place because of formal policies of decentralisation, or through any clear mechanisms of transference of skills and resources. They are happening because the municipality is the last line of hope and whilst any square meter of public ground is at the same time municipal, state and federal, it is the first that is ultimately responsible. The various innovations and examples of possible practices should not be interpreted within an idealistic harmonious framework of unanimous social support. Actions are taking place but local governments are changing hands and leaders are being criticised. Civic organisations can also be class organisations and civic virtue too is more complex when seen in the light of both exclusion and social solidarity. Pragmatically, more people appear to be having a say and more people seem to be having a try at reaching solution; that may be not much, especially when considering the over five thousand municipalities in Brazil, but it is a step in some direction. 111 References Farah, M.F.S. 1997 Governo Local e novas formas de provisão de serviços públicosno Brasil. Revista de Administração Pública, vol. 31 n.º 3 maio/junho Putnam, R.D. with Leonardi, R. and Nanetti R.Y. 1988 Institutional Performance and Political Culture: some puzzles about the power of the past. Governance 1, 3, 221 - 242 Putnam, R. D. 1993 Making Democracy Work : civic traditions in modern Italy. Princeton: Princeton University Press Spink, P.K. 1997 Paths to solidarity: some comments on “identification with the human species” Human Relations 50, 8, 1005 -1014 Spink, P.K. and Clemente, R. 1997 Vinte Experiencias em Gestão Publica eCidadania Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas Tendler, J. 1997 Good Governance in the Tropics Baltimore: Johns Hopkins Press 112 HOW TO SELL SOCIAL PROJECTS WITHOUT SELLING ONE’S OWN SOUL? Two cases and a need for awareness http://www.istr.org/?DublinAbstracts 113 HOW TO SELL SOCIAL PROJECTS WITHOUT SELLING ONE’S OWN SOUL? Rosane Segantin Keppke Luiz Carlos Merege 1. Introduction This research indicates that by themselves, gains in efficiency obtained by introducing professional management are not sufficient to conquer external stakeholders’ empathy in the Third Sector. In parallel, outsiders must be made more sensitive to the concept of social efficiency, as today the concept of economic efficiency predominates. This is what emerged from a sample comprised of professional people interested in the Third Sector who participated in the Management Course for Non-Profit Organizations in the Continued Education Program at the Fundação Getulio Vargas in São Paulo. To our surprise, on presenting two case studies for their analysis, we were able to detect the influence of a Private Sector mindset in their proposals, albeit in an inadequate fashion. This went as far as placing in a secondary position certain values that were fundamental to the two organizations studied, in order to stimulate outsiders’ empathy. Therefore, we consider that if practitioners and new entrants interested in management within the Sector make these errors, outsiders will also fall into this trap. 1.1. Hypothesis People are not yet sufficiently sensitive to be able to identify with Third Sector organizations’ values. 2. Research methodology The intention was, through sampling, to examine values that are a part of the mindset of professional people who are interested in managing organizations in the Third Sector. In this regard, participants in the 114 previously mentioned course were presented with two case studies for analysis. During the last two years, 225 participants analyzed the case – Arrels Fundació pels Sense Sostre (Roots Foundation for the Homeless) and 196 analyzed the case - AssociaçãoComunitária Monte Azul, ACOMA (the Monte Azul Community Center). I. Case “Roots Foundation for the Homeless” Arrels Fundació Pels Sense Sostre or Raízes Fundação para os Sem Teto, Roots Foundation for the Homeless, is a medium-sized organization that assists street people in the city of Barcelona. The question of the Fourth World is a paradox within the rich European Union, in view of its high level of development and notable ongoing economic growth. Society rejects members of this segment labeling them beggars, alcoholics and drug addicts. Of these, 90% held a steady job but a grave personal crisis culminated in their becoming homeless. The street accentuates the process of degradation and 70% now are found to suffer from psychiatric or psychological problems. “Prevent and tolerate degradation” – this is the mission of an organization which provides a means of personal recovery, building on each individual’s best points. Roots, as an organization, recently became independent of the Foundation St. Pere Claver. It obtained its independence thanks to the high quality and volume of services it has provided over a10 year period. Its human resources are comprise of 150 volunteers, almost all of whom are members of the Parish of St. Pere, and 11 staff members, all of whom took up their positions with the intention making management more professional. Its councilors are all leading members of the community but they have only had marginal involvement with matters within the organization. In 1997 and 1998, Christmas Campaigns were launched, but results were below those expected, partly due to the lack of an appropriate communication plan and partly due to the lack of global strategies for fundraising. 115 4% 12% 39% private givings 45% public sector F.S.P. Claver Others Chart 1 – Source of Funds, 1997 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 Chart 2 – Beneficiaries II. Case “Monte Azul Community Center, ACOMA” The Monte Azul Community Center – ACOMA, is a medium-sized organization, in the Southern Region of São Paulo City, which promotes community development in the shantytowns (Favela) of Monte Azul, Peinha and Horizonte Azul. This is achieved by providing recreational, cultural and educational activities and it is so well known in São Paulo and even abroad that the organization receives international cooperation. Promote love for a human being, independent of nationality, race, religion, political beliefs and social and physical conditions. Provide opportunities through education, cultural and health activities, 116 principally for underprivileged people to develop materially, socially and spiritually, giving them the ability to act conscientiously and with love. ACOMA has an intensely horizontal organizational model – an inverted pyramid, in which members of the community are very close to the final decision. This feature reflected on the process of preparing a strategic plan because the range of objectives which resulted was so broad and diversified that it precluded the organization from focusing efforts on priority areas. Group of Aims Group of Aims Monte Azul Peinha Group of Aims Horizonte Azul Group of Aims ACOMA Board Council Diagram 1 – Organizational Model 7% 12% 1% Public Sector Foundations Kindernothilf 20% 60% Private givings Own resources Chart 3 – Source of Funds, 1997 117 3. Participants’ Reaction One of the participants’ reactions especially called for reflection. Some of the organizations’ fundamental values were placed in a secondary position on the pretext of facilitating outsider’s empathy. This was the reaction of 61% of the participants in the Roots case and 83% in the ACOMA case. In Roots, the participants embraced the proposal of reintegrating the Homeless to normal life but this is a false hope, in that 70% of them are limited by psychological or psychiatric problems. The organization’s mission is clearly stated as regards “preventing and halting the degradation process”, and therefore is based on values of tolerance, accepting them exactly as they are, independent of the possibility of resuming normal behavioral standards. The feasible possibility does not appeal to the outsider in that it is difficult to see beneficiaries’ progress. In ACOMA the participants embraced the possibility of eradicating the shantytown in parallel with creating employment and income for its dwellers. However, the organization does not propose to start changing the physical environment but rather changing people internally, giving them skills as individuals and citizens. Certainly, to outsiders, the first proposal has more visibility but empiric reality shows that when a shantytown is transformed into a low-income housing estate, the community continues behaving as shantytown dwellers. In both Roots and ACOMA, the participants started from the principle that objectives adopted would not cause visible impacts on outsiders, however great the organizational efficiency and the beneficiaries’ satisfaction. 118 Analysis 4. It was seen that the participants’ position was oriented towards “external clients”. The implied logic is that: • Sustainability is a weakness in non-profit organizations and is vital for them to be able to function; • Sustainability is directly proportional to contributions received in material and human resources; • If performance and even existence of the organization depends directly or indirectly on third party contributions, external stakeholders are the priority clients. • Such logic indicates the presence of values borrowed form the Private Sector but there is a conflict with specific values of a philanthropic nature held by organizations in the Third Sector. We deduce that this behavior is related to the nature of the causes, to the profile of the participants and to the predominant ideology, guided by a Private Sector mindset. 5. The nature of causes A. Both Roots and ACOMA work for causes related to social exclusion. Reintegrating the Homeless in the Roots and promoting the eradication of shanty towns in the ACOMA cases would be the most visible indicators of social inclusion. This, however, would be a false expectation given the limitations imposed on the beneficiaries: the situation of the Homeless certainly improved but within confines of their psychological and psychiatric problems; the shantytown community developed a great deal in relation to others but was not able to break through the poverty barrier. In both cases, the progress made was not clearly perceptible and therefore naturally offered little appeal to outsiders. 6. Profile of the participants Approximately half the participants already had effective experience in the Third Sector, but the rest not (chart 4). 119 6% 11% Public Sector Private Sector Third Sector No information 36% 47% Chart 4 – Sectors which the Participants Came from Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99. 7% 16% 14% 20-30 30-40 40-50 >50 NOT INDICATED 23% 40% A third of the participants held business administration degrees (chart 5). 28% 33% Business Admin Social Sciences Public Health. Engineering 8% Others 10% 21% Chart 5 – Participants’ Degree Areas Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99. Considering the participants age range and the fact that the Third Sector is booming is relatively recent, one assumes that participants’ professional backgrounds were predominantly in the Private Sector (chart 6). 7% 14% 16% 20-30 30-40 40-50 >50 NOT INDICATED 23% 40% Chart 6 – Participants Age Range Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99. The great majority of the participants held management positions in large or small-sized organizations while there were no representatives from medium sized organizations 120 4% 11% 7% 50% 28% POSITIONS HELD BY PARTICIPANTS SELF EMP/VOLUNT. COUNCILOR CONSULTANT DIRECTOR SUB-DIRECTOR Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99.. Chart 7 – Positions held by the participants Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99. Chart 8 – Size of the Organizations the Participants Represented Source: Management Course for Third Sector Organizations, Programs 1997-99. For this reason, we considered as an hypothesis that the Private Sector mindset prevails: • Participants from the Public Sector are already interacting with the Third Sector. This is the consequence of reforms undertaken by the state which has started to hire social services in the expectations of market efficiencies, in a manner similar to that employed in contracts with the Private Sector; • Participants from the Private Sector naturally transfer the business mindset to the Third Sector; • Participants from the Third Sector – predominantly those holding management positions - suffer the greatest pressure to make management more professional. This management is based on the Private Sector and has features that mimic business management 121 practice. 7. The Private Sector mindset The policy window that opened a little over ten years ago causing a boom in the Third Sector coincided with the policy window that opened for neo-liberal coalitions (Kingdon), which introduced its system of values into the predominant ideology. The state faced one of its greatest crises, corroborating the Private Sector’s claim to be an efficiency paradigm for the other sectors. In order to solve the crisis in the Public Sector, transnational agencies disseminated the principles of New Public Management. Efficiency, management by results, management models and other concepts borrowed from the Private Sector became buzzwords for reforms of the state, encouraged by the World Bank. Faced with this crisis, society projected its efficiency expectations on to non-profit organizations which sought to meet them satisfactorily. Guides of Peter Drucker and Phillip Kotler’s caliber, as well as less known although no less important authors, are diligently seeking to adapt Private Sector methods to non-profit organizations. The objectives are similar, to increase efficiency by means of management training. As a result, they attract the largest stakeholder investments and attain the so-eagerly-desired state of self-sustainment. 8. Conclusions But in spite of management’s growing professionalism in the Third Sector, the two cases presented show that returns may occur asymmetrically. Good technical practices do not appear to be sufficient, at least in those cases connected with social exclusion. Detailed communication plans, however well prepared, appear to be insufficient to cause huge changes in mindset. Both cases show the need to make people more sensitive to the concept of social efficiency - a value that with the rise of neo-liberalism was overshadowed by the concept of economic efficiency. The problem is neither in the method nor, much less, in the objectives disseminated by theorists of management, which are highly commendable. The controversial question is which efficiency 122 concept outsiders support. The efficiency of public services, whether rendered by the First or the Third Sector, is reflected by social indicators, many of which are intangible as shown by the two cases. Outsiders must be made sensitive to this. It is insufficient to improve Independent Sector’s management, society needs to become sensitive enough to accept its philosophic values and give them due support. Just as there are thought streams dedicated to developing management theory, there is a need for thought streams dedicated to developing instruments capable of increasing society’s sensitivity. The need for awareness that emerges from studying the cases is that society must become more sensitive as a necessary offset to increasingly professional management in the Third Sector. But a change in mindset can only take place through an Advocacy Coalition Framework (Sabatier and Jenkins-Smith), favoring assimilation of the social efficiency concept. In this regard, the academic establishment could be a powerful guide and publicist. And the moment should be now, in order to influence the coalitions that will dominate the public sphere throughout the world in the next political cycle. 123 REFERENCES Drucker, Peter Ferdinand. Administração de Organizações Sem Fins Lucrativos: Princípios e Práticas. São Paulo, Pioneira, 1994. Kingdon, John W. Agendas, Alternatives and Public Policies (revised 2nd. Edition). New York, Harper-Collins, 1995. Kotler, Philip; Ferrell, O . C.; Lamb, Charles. Strategic Marketing for Nonprofit Organizations. Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall, 1987. Sabatier, Paul A .; Jenkins-Smith, Hank C. Policy Change and Learning: an Advocacy Coalition Approach. Boulder, Westview, 1993. Tenório (org.), Fernando G. Gestão de ONGs – Principais Funções Gerenciais. Rio de Janeiro, Editora Fundation Getúlio Vargas, 1997 Vernis, Alfred et alli. La Gestión de las Organizaciones No Lucrativas. Bilbao, Deusto, 1998. 124 THE CITY OF SAO PAULO STRATEGIC MASTER PLAN – RETROSPECT OF THE ELABORATION: FROM THE PRESSURE GROUPS TO THE NON GOVERNMENTAL ORGANIZATIONS Article presented at the 6th Conference of the International Society for Third Sector Research – Toronto, July 11 to 14, 2004 http://www.istr.org/?TorontoAbstracts 125 THE CITY OF SAO PAULO STRATEGIC MASTER PLAN – RETROSPECT OF THE ELABORATION:FROM THE PRESSURE GROUPS TO THE NON GOVERNMENTAL ORGANIZATIONS 1.Introduction Ivan Carlos Maglio Rosane Segantin Keppke The city of Sao Paulo - the second largest city in Latin America in terms of political-economic significance – produces by itself 8.66% of Brazil’s GDP1, reflecting the extreme regional unbalance that characterizes Brazil. Concentration of the city’s income2 has induced a segregation in its territory of a few small high-quality urban clusters surrounded by a sea of socio-environmental degradation. One third of its 96 regional subdistricts3 are located on the fringe of the city under the territorial exclusion line. Over the last decade, as exclusion from consolidated areas increased, the population of the degraded areas tripled4. A type of phenomenon that up to a certain point can be found in almost all Latin American mega cities. The lack of financial resources impeded the local government from carrying out urbanization. Even maintenance is being threatened by paucity. As a result, together with the central government policy of restraining financial resources, the resultant global economic policy caused an unemployment rate of 20% in the city5. Shanty towns, slums tenement-house, the homeless and hawkers, all together contribute to endemically degrade the city as a whole as well as to jeopardize the high-quality pattern of consolidated Districts. In such an adverse scenario the local city government faced the challenge of proposing a new Strategic Master Plan for the city after 30 years had elapsed since the previous one had been enacted– a period in which the country changed from a dictatorial political regime to a democratic one marked by emerging civil society 126 associations claiming for housing, urban infrastructure, social equipment and public policies for a solidarity economy. Recently, the empowerment of more progressive groups has resulted in the election of the country’s President in office, as well as the Mayor of the city, committed to undertake actions aiming at social inclusion. Innovative, because it was the first city in the country to adopt the Statute of the City – a complementary law to the country’s Constitution, which focuses on instruments designed to acknowledge the social function of property. These are: a) compulsory utilization of unoccupied private property; b) by payment grant a permit to build over the allowed limit, in order to channel to degraded areas, financial resources that formerly were appropriated by the real estate; c) transfer of the right to build from one property to another in order to preserve properties that are considered the city’s heritage. It is innovative insofar as it is an incentive for the participation of civil society in decision-making. It also brings the sectors of society excluded to date up to the same level as the traditional real estate sectors – the elite that have always been preferably favored by Plans and Laws. Design of the Strategic Master Plan (SMP) focused firstly on achieving a macro-regional diagnosis; defining public policies; designing structural urbanization axes and regulating the social function of property at the local level. Finally, at decentralization through the design of the Strategic Regional Plans (SRP), together with a new zoning and land use law for the city, based upon the city’s requirements and upon the demands of organized society. The Plan, which was discussed and enacted in the years 2001-2002, recognizes the social function of both the city and property and takes into account as its main principles: the generation of income and employment; the supply of social equipment as well as other opportunities for social inclusion; protection of green areas and environmental revitalization; strengthening of actions by the public sector for planning and regulating; and recovery of the urban added value to invest on sustainable urban development. Design of the Strategic Regional Plans focused on a methodology based on participation. Between October 2002 and July 2003, almost 127 360 activities in the 31 Regional Districts were carried out by 350 persons. Discussion engaged almost 10,000 participants from 2,175 civil organizations in regional seminars, workshops and deliberative meetings. This paper focuses on this methodology as the subject of the analysis presented here. A proposal that empowers a Representative Council for decisionmaking – the foundation for the participation civil society in urban matters - has been suffering strong resistance from the City Council members and the traditional lobbyists who are against its implementation. The demands of the city’s excluded population have also contributed to increase the conflict between civil society and the private sector. For the purpose of this work the following are worth mentioning. a) Resistance to instruments aimed at controlling real estate speculation based on Constitutional claims related to the rights of individual property; b) Attempts to preserve the privilege of an elite resident in high quality urban areas through measures aimed at clustering such areas under an environmentalist banner that in fact is focused only on territorial segregation to the point of trying to block main axes of public transportation as well as development of regional centers; c) Resistance of functionalist urban planners against the adoption of: a) a non-segregationist land use policy aimed at enabling a mix of residential and non-residential uses of the same plot or building; and b) separation of the rules of land use from those of building potential and development of new regional centers as a basis for economic, environmental and urban sustainability; d) Struggle of high-income neighborhood associations against the implementation of exclusive buses lines for systems of public mass transportation crossing their residential areas; e) Resistance of traditional economic sectors against the inclusion of emerging sectors of an economy focused on solidarity, for instance the transportation companies versus the new cooperatives, as well as that of the traditional mall areas against the regulation of hawkers; 128 f) Recognition of shanty towns, slum tenement-houses and illegal land parceling by meeting the more significant demands of their inhabitants, even if in a precarious mode that disregards the socio-environmental issues of general interest; g) Struggle in the low-income neighborhoods against squatters on public land reserved for implementation of social equipment, parks and infrastructure facilities; h) Decentralization of urban planning as well as development of new institutional means for regional participation in decisionmaking, for instance the Representative Council of Regional Districts; i) Implementation of an Urbanization Fund, based on the permit to build over an allowed limit through payment that generated resources to be used in the poorer or more demanding urban areas. This includes other instruments such as urban operation projects aimed at reurbanizing specific territories in which the real estate market is interested. The Strategic Regional Plans’ participative events were attended mainly by the popular sectors of civil society, through NGOs or socially organized movements. On the other hand, apparently the elite and the traditional economic sectors ignored these events insofar as they prefer acting through their established lobbies mainly in the City Council where Plans are to be officially approved and enacted. Such conflicts and their actors led us to reflect on the distinction between self-centered pressure groups and those really representative NGOs acting collectively. In this case, both could not be simply labeled without an analysis of each one’s point of view regarding the above mentioned conflicts and demands. Thus the main purpose of the work presented here is the assessment of findings and the management of new public policies and instruments designed by the Strategic Master Plan, especially in terms of the degree and the quality of participation in the decisionmaking process focusing on conflict analysis. 129 2. The participative process of the Strategic Regional Plans 2.1.Methodology After the sanctioning of the City of São Paulo Strategic Master Plan, Law No. 13,430 of September 13, 2002, the Municipal Urban Planning Office (SEMPLA) and the Sub-city Halls launched the elaboration of the Strategic Regional Plans as a complementary stage of their propositions and to recognize the peculiarities of each region. The Regional Plans were developed for each one of the 31 Sub-city Halls strengthening the process of managerial decentralization and making use of planning activities as one of the first steps for their consolidation, with reactions on the qualification of the local teams. Thus, the Strategic Regional Plans were developed together with the implementation of the Sub-city Halls from October of 2002 to July of 2003, reckoning with the technical support of contracted companies, universities, foundations and of the Offices’ local representatives. Participation of the citizen at all stages of the elaboration starting with a methodology ensuring that preparation of plans became a communitarian democratic process. For this purpose electronic recording was developed for all stages of the process for implementation of an internal and external network for communicating and publicizing the needed information and the outcome of each stage of the work. Standardized procedures were established for each of the activities: time schedules, summons, reports and communications of results as well as directions, guidelines and technical recommendations for the elaborations of Regional Plans. Four moments marked the unfolding of the procedures. The first, in which technicians of the Sub-city Halls were qualified as multiplying agents for moderation and leading of meetings, workshops and plenary assemblies and techniques for mediation of conflicts. The second when the workshops for elaboration of a Situational Panel were carried out, This Panel comprises the identification of the 130 main issues, trends, demands and conflicts of the region striving to elaborate each Strategic Regional Plan. Next, the “verbal maps” of each region were prepared (schematically expressing the different suggestions of the workshops) and conclusions were reached regarding the socio-economical and environmental aspects. This included the urban-environmental aspects stressing breakdowns related to: the Structural Environmental Water Network, the Structural Roadway Network, the Structural Transportation Network and the Network of Centralities. The issues and conflicts existing in relation to the land parceling legislations, land use and occupation, shanty towns and existing illegal occupations were identified; the macro-areas, the special zones, the areas of use as well as the areas of urban interventions. The Situational Panel had as a starting point a series of materials supplied by SEMPLA, such as: thematic maps of the SDP, cartographic support, maps on clustering, on trips per transportation mode by district, among others. Furthermore, overall data arranged by district related to demography, economy, health, urban infrastructure, education, supply and social welfare. This data was processed and organized by the teams of the Sub-city Halls and respective bodies for technical support of the presentations and public discussions carried out in the “planning workshops”. At the same time thematic meetings were held on the environment, transport, land use, housing and infrastructure with the participation of the Municipal Offices, technicians from the Sub-city Halls and technical teams hired so as to supply information for the development of the planning work. At the third moment workshops were held to elaborate the proposals to solve the previously identified problems of each region. The Subcity Halls prepared material so that residents and those interested could voice proposals and suggestions. As such, maps and tables were prepared with the main problems and expectations of solutions as viewed by the population. Once results of the workshops and the systematic preparation of the written proposals – part of them sent by resident associations, the Sub-city Halls produced the preliminary Panel of Propositions that 131 had been presented and discussed in the workshops and subsequently in the plenary assembly to include adjustments and addition of new contributions made by society. New proposals turned up and conflicts of interest were identified and then registered and submitted to negotiation. Work was directed to reach a consensus at specific meetings organized by the Sub-city Halls. In the lack of consensus, decisions were arbitrated by the Executive Power. In the fourth moment technicians of SEMPLA and the Sub-city Halls made the Panel of all SRP Propositions compatible among themselves and transformed into a bill of law together with the respective maps and tables. These results were once again presented in plenary assemblies aiming to improve and separate the proposals These proposals outlined the urban regional development policy in accordance with the structural and integrating elements, with the areas of urban intervention, urban operations and projects of the Strategic Master Plan. Finally the bill of law was analyzed by the Municipal Council of Urban Policy (CMPU) and sent to the City Council to initiate the legislative proceedings in August of 2003. During the staging of Public Hearings of the legislative proceeding, this was interrupted by the Prosecuting Counsel to request an amendment in the article of the decree that permitted a dubious interpretation concerning the participations of NGOs in the debates. This intermission created an opportunity to improve the law. New meetings were held in the 31 Sub-city Halls, and the document was again forwarded by the Executive Power to the City Council. Some 380 workshops and plenary assemblies were held throughout the entire city during this process, involving more than 10,000 participants, 2,175 entities and 350 technicians in about 18 months of elaboration and public debates. To conclude the methodology, the government and civil participants were interviewed in an opinion survey seeking to assess the efficacy of the participative process. Some of the results stress that 94% of the civil participants viewed their participation as being “very important” 87% believe that their region will improve with the 132 Regional Plan and 84% believe that some of the proposals made by the people will be carried out. 2.2. Profile of the Participant Civil Organizations The attendance list and information of the 31 Sub-city Halls permitted registry of all the organizations of civil society present at the workshops and plenary assemblies during the elaboration of the Strategic Regional Plans. In order to identify the overall profile we divided them into five major categories. I. Were considered as philanthropic entities those dedicated to the excluded in terms of gender, race and age – women and senior citizens, children, adolescents and also the entities for cultural, sport and leisure purposes. II. Neighborhood associations are the movements, the committees and the organizations established to defend regional urban interests. III. Trade associations are those related to interests of economic sectors, owners and employees. IV. The movements in favor of sectorial policies are the informal or formal associativism established to claim for political priority for the metropolitan issues of housing, safety, health, environment, transportation development and participative budget issues, which already have their own forums and councils. With regard to the latter, they have played a pioneer and leading role in civil participation in decision making. This was culminated with its institutionalization in the Federal Statute of the City and in the Strategic Master Plan of São Paulo. V. The political or technical representatives of government bodies at all levels, of the spokesmen and of the political parties that were classified separately. A second classification made according to the Map of the Socioeconomical Profile by District, based upon the Human Development Index (HDI) and the ranking of each one above or below the Line 133 of Social Exclusion (page 19). Thus, the dichotomy between the Included Sub-city Halls and Excluded Sub-city Halls becomes clear, with their respective stakeholders present at the workshops and plenary assemblies. OVERALL PROFILE OF THE CIVIL ORGANIZATIONS (%) 600 500 400 300 200 100 0 489 431 314 234 Philanthropic entities (745) 208 147 71 117 Neighborhood Trade associations Movements for associations (723) (355) sectorial policies (188) INCLUDED (918) 91 73 Politicians, executives and spokesmen (164) EXCLUDED (1236) Chart 1 – Overall Profile of the Civil Organizations OVERALL PROFILE OF THE CIVIL ORGANIZATIONS (%) Philanthropic entities (745) Neighborhood associations (723) 9% 8% 34% 16% 33% Trade associations (355) Movements for sectorial policies (188) Politicians, executives and spokesmen (164) Chart 2 –Overall Profile of the Civil Organizations The participative process essentially attracted the civil organizations of the excluded Sub-city Halls. They are the same social actors of the Movement of Urban Renewal that pressured public power for the creation of the Federal Statute of the City, to make legitimate the instruments of civil participation and the policies of social inclusion for the settlement of the low income population. In the workshops and plenary assemblies of the Strategic Regional Plans the discourse was practiced by neighborhood associations, each defending the urban interests of their region. The Excluded Subcity Halls mobilized the greater absolute number of associations, demonstrating their enthusiasm and optimism with the opportunity 134 to participate, thereby placing trust in the progressive proposals of the Statute of the City and of the SDP. The Included Sub-city Halls presented a greater relative number of associations according to population density. However they championed conservative urban policies as opposed to the general guidelines of the SDP thus disclosing a growing discontentment with the unfolding and end product of the regional plans. Powerful and influent they used the media, the Chamber of Representatives and the Prosecuting Counsel in an endeavor to change the plan according to their interests. In the entire municipality there was extensive participation of the philanthropic entities –present in all participative events to fully exercise citizenship and attract attention in favor of public policies directed towards their causes. Typical of the excluded regions, the movements involved with sectorial policies, although having their own specific councils and forums, participated to ensure their prominent position in the Strategic Regional Plans. It is noteworthy that in the excluded Sub-city Halls the philanthropic entities and the movements in favor of sectorial policies have regional dimensions, act conjointly and often are branches of the neighborhood associations. The trade associations present had a direct interest in urban matters. Representatives of the companies were present in large numbers and in general did not speak out. But through the lobbies and specialized press it is clear that they claim a more favorable urban-environmental regulation. This is because the current regulation is viewed as one of the major bureaucratic impediments against the development of São Paulo, whose perverse effects are the prevalent non-licensed functioning, corruption, informal economy and flight of companies. Political representatives of all government levels, spokesmen and parties were present for the follow-up and to opinion. Evidently, mostly there were town councilors and the party coalition which is in the City Council Executive Power. The opponents later on manifested their contrary position at the legislative stage of the Chamber of Representatives, so as to change or not sanction the plan. 135 SECTORIAL POLICIES 44 9 Environmental (30) Health (31) Security (38) 19 INCLUDED (71) 5 3 9 4 5 Participative budget (9) 11 9 Development (12) 22 13 10 Transportation (14) 25 Housing (54) 50 40 30 20 10 0 EXCLUDED (117) SECTORIAL POLICIES 44 19 9 INCLUDED (71) 5 3 9 4 5 Participative budget (9) 11 Environmental (30) Health (31) Security (38) 9 Development (12) 22 13 Transportation (14) 25 10 Housing (54) 50 40 30 20 10 0 EXCLUDED (117) Chart 3a, 3b – Sectorial Policies In the excluded Sub-city Halls there was a marked presence of groups, commissions and organizations that patronize sectorial, housing, security, health, environment, transportation, development policies and participative budget. It is estimated that in the city there are 400 thousand precarious dwellings located in shantytowns, slums and illegal land parcels6, spurring intense mobilization of NGOs and pressure groups for housing policies. Violence has assumed alarming proportions in the whole municipality and has brought about a growing civil mobilization for Security which is viewed as first priority in the middle class neighborhoods. Traditionally, Health has one of the largest representations of the Third Sector within the metropolis. It shows a great capillarity, social efficiency and organizational qualification. That it why, it is the public policy which achieved the greatest budgetary advantages 136 established by the Federal Constitution. Civil organizations linked to the subject are among the most assiduous at all participative events. Unfortunately, the macro-environmental issue still remain in the hands of the elite, among intellectuals and persons with more schooling than most. There are few local and transnational NGOs engaged in this cause, which is concentrated in a few good quality urban districts. It is fortunate that the survey pointed out the presence of environmentalists in the water shed protection areas occupied by shanty towns and illegal land parceling. The chaos of the road system and of municipal transportation brought out the participation of regional transportation councilors. It was one of the more relevant and disputed issues discussed by the Strategic Regional Plans of the elite districts, as classification of the roads influences land use rules. The economic situation and growing unemployment led to proliferation of the number of civil organizations engaged in matters of development, even more so in the excluded regions known as “ bedroom districts”. From them the population travels to work places located in the noble regions of the municipality, spending an average of three hours in transit due to the poor public transport system7 . Councilors of the Participative Budget were present to articulate the priorities drawn from this forum, with the guidelines of investment established by the Strategic Regional Plans. SECTORIAL POLICIES 44 19 9 INCLUDED (71) 5 3 9 4 5 Participative budget (9) 11 Environmental (30) Health (31) 9 Development (12) 22 13 Security (38) 10 Transportation (14) 25 Housing (54) 50 40 30 20 10 0 EXCLUDED (117) 137 SECTORIAL POLICIES 44 19 9 INCLUDED (71) 5 3 9 4 5 Participative budget (9) 11 Environmental (30) Health (31) Security (38) 9 Development (12) 22 13 Transportation (14) 25 10 Housing (54) 50 40 30 20 10 0 EXCLUDED (117) Chart 4a, 4b – Trade Associations Trade Associations prevailed at the workshops and plenary assemblies of the Sub-city Halls of the included regions. The participative events attracted a significant representation of the business corporations, of professionals and of the trade associations to follow-up and influence the new mark regulating to urban-environmental licensing for economic activities. They were seeking greater flexibility because in relation to the land use and Zoning legislation, 2/3 of the establishments are in an illegal situation8. Tradesmen irregularly located in the noble regions of the city demand the regulating of new commercial corridors provoking major difficulties with the neighborhood associations. The regional trade associations proposed the renewal of the neighborhood centers as an alternative for the upgrading of local economy. Unions and professional councils that were present were directly interested in urban issues. They were engineers, architects and lawyers, owners and employees of hotels, restaurants and builders. Large owners of urban land and The Union of Realtors in Civil Construction elected representatives in the Chamber of Representatives and in the City Council on Urban Policy who chose to promote their interests. Although few, they have great power in opinion making and influence in the decision taking. The most visible sector of informal economy in São Paulo is that of hawkers. They congregate in only a few organizations, which however have large critical mass and a strong influence on the decision levels of the Executive Power and of the Chamber of Representatives. Their pretext is unemployment and the claim for 138 policies of a economy of solidarity, however some are connected to smuggling. II.3. The main group conflicts that occurred during the process In the elaboration of the Regional Strategic Master Plans participation of civil society entailed revolutionary innovations. Excluded segments were granted a decision power, until then a privilege of the elite that had access to the Executive Power and the Chamber of Representatives. Public policies and the regulation of land use were opened to public discussion, previously restricted to the technocrats, town councilors and real estate lobbies. The increased number of participants, of course, brought about new conflicts. Of the conflicts cited in the introduction, those that more strongly mobilized the media and the Chamber of Representatives were three: I. Pressure groups related to the real estate sectors. The principal claim of these sectors was the maintenance and gratuity of the building potential in force in the areas having the greater added value in land plots due to the existing urban infrastructure. The purpose was to prevent implementation of the principle of recuperation of investments by the Public Power, resulting from the increased value of urban real estate, in an effort to reduce payment of the “encumbrance”. The principle as well as the new instrument of urban management were instituted by Federal Law 10,257 of July 10th 2001 – Statute of the City which sets forth the overall guidelines of national urban policies. The instrument of the encumbrance, implemented for the first time in the country by the Strategic Master Plan of São Paulo foresees the gratuity of the floor area coefficients, only for use of the basic floor area coefficients set forth in the plan in (1) one time the area of the land plots, for the greater part of the city and the need for payment of additional amounts corresponding to building potential above the maximum limits defined for each zone of land use. The compensations resulting from this process that provide for the Fund for Urban Development of the Municipality 139 also created by the Plan are intended for application in the excluded areas and in infrastructure, environment, housing and transportation. II. The elite community associations trying to keep up the urban constraints that hinder expansion of the transport and commerce axes. Resistance of the elite neighborhood associations and functionalist urban planners against the mixed land use and the creation of centralities as a principle of economic, urban and environmental sustainability of the territories. The zoning law in force in São Paulo sanctioned in 1972, even when amended by many specific laws, maintains urban constraints that hinder the expansion of the transport and commerce axes along exclusively residential quarters. These are the so-called “Garden-Quarters” located in the southwestern region of the city surrounding the downtown area, which are noted for their vegetation and urban quality. With the spreading of the city this region endowed with unquestionable urban quality where the elite is located, started to become stranded between urban polarities and major arteries of the roadway system that jeopardized its maintenance in the original standards. In the enclosing roadways and important axes commerce and high standard service activities settled during the last 30 years. They essentially cater to the high purchasing power population, by-passing the urban legislation in force, creating a major conflict between the residential and non-residential activities. The search for covenant and specific solutions by means of a new instrument to negotiate conflicts was a mechanism implemented by the Master Plan to find criteria and conditions of sociability and location of the activities in these territories, since maintenance of the exclusivity of the residential use and of its urban characteristics had been elected. This mechanism has been tested with relative success and has induced the groups of interest related to the sectors of commerce and services to voice in an organized manner their points of view. In general, those are proposals of centralities of commerce and services to cater to these quarters however the difficulties related to the high volume of traffic that circulates in the city including on the roadways of the gardenquarters still remain. 140 III. The legal recotnition of the shantytowns, slums and “clandestine” land parceling, with regard to the meeting of urban development and housing demands and the comprehensive address of the long term socio-environmental issues of general interest. Most of the city, known as the illegal city, was built by-passing the traditional urban legislation which did not acknowledge the universality of the right to housing and the devastating aftermath of social discrimination on the quality of life for the majority of the city’s population. Some three million inhabitants live in shanty towns, irregular land parcels and slums mostly located in the fringe suburbs of the city but also in the remaining areas and in slum tenements within the downtown areas and quarters9 . The phenomenon of marginal expulsion may be observed in the rates of population growth. The central districts loose population and suffer from emptying, while the peripheral districts grow at rates ranging from 5% to 13% per year, in a scenario of low overall population growth (page 20). In this context the associations for protection of housing and the movements of the homeless exert a strong pressure in the sense of acknowledging areas to be allocated for the creation of Special Zones of Social Interest – ZEIS and the utilization of instruments that would recognize rights and urban development plans. About 15% of the net area of the city is intended for such zones, viewed as mixed zones and subject to participation in the market by the building of social housing, with differentiated subsidies by the Master Plan. IV. Civil participation clearly brought to light the conflicts of interest existing between the elite and those excluded. Notwithstanding that both sides present consistent arguments, and legitimate claims, in conflicting situations the government took decisions oriented by a social and developmental approach towards a sustainable urban development because demand is preponderant, urgent and imperative. V. The government believed that the interest of specific groups of the elite cannot be met to the detriment of meeting basic universal rights. In this process of urban renewal underway, significant 141 advances were made, such as decentralization of public management, application of the Statute of the City, by utilizing the main principles related to the city’s social function and to urban property and even more so by the introduction of the encumbrance as a mechanism for funding from the urban added value and the recognition of the illegal city, through the ZEIS and their outcomes . It should be noted that the progressive decisions taken by the Strategic Master Plan were not an award of the government, but the outcome of the Movement of Urban Renewal that has been pressing the public power for the last 30 years through thousands of civil organizations. Furthermore, it must be recalled that these associations were the cradle of the Third Sector in Brazil during the authoritarian regime (Fernandes). Diagram 1 – Piramid of rights According to Boaventura S. Santos (1994), the Law follows a sequence of complexity and fine tuning towards the full attainment of citizens, starting from basic universal rights, going to the collective rights until fulfilling the diffuse rights – case of the Brazilian minoritie elite. Empirically, there is no way to practice the advanced rights without contemplating the previous stages, due to the absence of an array of factors such as legitimacy, capability of the state and control. They may even exist on paper, however they are not effectively implemented and become void. Brazilian legislation has many such examples. Relating to the universe of the Strategic Master Plan leads to the following reading of São Paulo – an emblematic portrait of Brazil 142 which is still at the stage of providing for universal rights such as: housing, social equipment, accessibility and minimum infrastructure. Therefore it is natural that the basic individual and collective requirements have had priority over the diffuse demands. In accordance with this principle the economic function of the land has been neglected in favor of the social function of property and of the city, using part of the urban added value for the Municipality’s Urbanizing Fund in order to provide for the excluded regions and the strategic urban projects. At the same time when faced with the need to extend the economic axes, flexibility of the urban constraints of the wealthy districts located on the Southeast vector of the city was favored, thereby opposing even more those that might have environmental merit or reason. Social pressure resulting from the enormous housing shortage motivated the policy of the Special Zones of Social Interest, to regularize shanty towns in noble areas, contrary to the interests of the elite. Pressure of the informal economy on public transportation means was channeled to cooperatives of micro-busses included in the new Strategic Plan of the sector going against the interest of the large companies. On this issue, the new land use regulation privileged the regularization of the informal facilities such as neighborhood commerce, the garage shop and the backyard factory. The socio-environmental option led to the quest for a new urban structure emphasizing sustainability. The importance of the environment was acknowledged in the network of rivers and green areas of the city and the protection of most of the territory. This is perceived in the urban structure proposed for the city. Which in addition to the traditional elements in the structuring of cities, roadway and transportation networks, in our case also complex because networks are already built and insufficient, the identification of the importance of creating poles of centralities in the city, balanced from the point of view of jobs and housing means a polycentric city decentralized into units – the Sub-city Halls. Acknowledging the importance of the environmental water network of the city as a structuring element, not only in the sense of renewal but also as a 143 protection of this water network and creation of the sub-basis they represent. Added to these structuring elements is a working plan with the integrating elements of urban structure, re-qualification and qualification of the urban grid with social equipment, green areas and public spaces in the city. Therefore new principles of urban sustainability were adopted to face the causes bringing about impacts of the real city that is: a) Render flexible the occurrence of diversified uses all over the city, through control of activities next to exclusively residential areas in accordance with the level of admissible nuisance; b) Reduce the travel distance between work and home, shopping, education and leisure; c) Rationalize the use of installed infrastructure and of public transportation to avoid overload or idle capacity and completing its basic network; d) Protect, preserve and renew the natural and built environment, of the cultural, artistic, landscaping, archeological and urban heritage; e) Reduce the excessive imperviousness of the soil; f) Control the activities that affect the neighborhood, by the inclusion of environmental parameters for control of nuisances in grouping of activities: noise, vibration, dusts and particles, among others; g) Articulate the discipline of land use with the roadway and urban transport, ensuring the flow and safety of the structural and collecting routes of the roadway network, giving priority to the flow of public passenger transportation. In this aspect, noteworthy is a new environmental perception related to the communities’ sense of identification with places of the city and the emergence of environmental values in the pressure groups. Within this ensemble of innovations there are discontented sectors and powerful groups that have been opposed which use stalling measures in an endeavor to annul the democratic process of 144 making Regional Plans. They belittle the participation of people’s organizations and of the non organized sectors by using the media as well as sectors of the Prosecuting Counsel, the Legal Power and the Chamber of Representatives aiming to hinder sanctioning of the Bill of Law of the Strategic Regional Plans. Frequent efforts arise to weaken the public hearings by means of powerful, specific, differentiated requests to the representatives of traditional entities and also the use of formal resources and legal maneuvers. The merit of the SMP and of this management was to finally institutionalize civil participation in the advisory domain, progressing to the deliberative domain by proposing three civil councils: the Municipal Council for Urban Policies (CMPU), the Urbanizing Fund of the Municipality (FUNDURB) and the Council of Representatives – bodies comprised by the elected civilians with quotas destined to members of the Third Sector organizations. The Council of Representatives, both at regional and municipal level, the most powerful body of civil representation, intends to approximate the Third Sector to the Executive Power and to the people’s spokesmen with decision power. Certainly, that is why for its legal implementation it is facing such strong opposition among the politicians of the Executive Power and of the Chamber of Representatives. 145 4. Final Considerations Analyzing the profile of civil participation in the Strategic Regional Plans, two major demarcation axes figure out according to the stakeholders and the values of each association represented there. The level of citizenship shown by the various civil organizations defines the first demarcation axis by which on the one side associativism acting in the interest of each member is shown – the pressure groups; and on the other side the associativism which acts in benefit of the common interest – the NGOs. Social unbalances define the second demarcation axis which differentiates the elite organizations from those of the excluded. Without the pretension of setting forth a model, this illustration permits a better understanding of the conflicts of interest that arose from the participative process with enough intensity to jeopardize the legislative proceeding which was expected to take place in the Chamber of Representatives. Diagram 2 – Synoptic Profile of organizations 146 From a theoretical point of view, it must be taken into account that there are grey zones of merit regarding the level of public interest and citizenship in the different quadrants. Oscillating between the common interest and the individual one, the participant NGOs as well as the pressure groups could not be categorically ranked as heroes or villains of citizenship because all share one parcel of self-interest and another of public interest. Such is the case of neighborhood associations, of the elite or of the disclaimed, that advocate communitarian interest, but whose members participate to achieve urban quality for the surroundings of their own home. It suggests the hypothesis that in urban affairs there may not be anymore pure NGOs in São Paulo, with the exception of the bodies representing the more disclaimed categories related to gender, race or age. Contrariwise there are sectors driven by self interest, notably those from the informal economy practiced by the excluded that play a role of job and income generation of fundamental public interest for development; although they are not NGOs nor citizen companies. Exception is made to some sub-sectors of the informal economy linked to smuggling that demand caution. In this sense public power is at the preliminary stage of separating the wheat from the chaff to promote an economy of solidarity and not organized crime. The segments of the elite could not be viewed as villains of citizenship because the urban claims they submitted were legitimate and pertinent, notwithstanding that most of the time they were in conflict with the prevailing interests of the excluded and of development. Such is the case of the regional environmental movements of elite origin, whose guidelines for urban environmental protection are opposed by the expansion of the circulation and commerce axes needed for development. Further opposition comes from the guidelines of the Popular Housing Movement, demanding a less restrictive land use regulation and a lesser urban quality as an ultimate alternative to minimize the housing shortage, considering that there are no resources to implement a better public policy. This analysis was made possible thanks to the civic participation prompted by the Strategic Regional Plans. Generally speaking this 147 participation seemed to be organized by neighborhoods or segments of interest and there were no organizations advocating more comprehensive interests. Outstanding examples are the absence of interest in regulatory measures to combat the overwhelming floods that take place in the city and the lack of civil organizations that claim for socio-environmental policies to retrieve the extensive areas of the water sheds that are illegally and densely occupied by shanty towns to the point of seriously endangering the water supply of the metropolis. As a paradox, the strongest Brazilian ecological militance for the flora and fauna of the tropical forests is concentrated in São Paulo. In the majority of cases the interests do not include solidarity guidelines with social and environemntal values. In their majority they are dissociated. The protection of the water sheds is defended by use constraints but the right to housing and income distribution or vice-versa are not under discussion There are no integrating policies of a social environemental nature. It is noteworthy that the organizations of civil society dedicated to urban causes are more prone to self-interest of the pressure groups at regional or sectorial level and less towards the public interest of the NGOs, showing themselves to be immature from a citizenship point of view when compared to the organizations linked to other causes such as philanthropy, education and health. However it must be taken into account that in the excluded segments associativism moved by self-interest is a matter of survival be it through the NGOs or other pressure groups so as to assure being included in the public agenda. This work intends to call attention to the urban interest associations’ lack of socio environmental efficiency. Our utopia would be to see the elite joining the excluded on behalf of distributive and housing policies because as an environment the city is a unique organism, the aggregated product of all its builders. Until we bridge the gap of the socio-environmental abyss existing between the two faces of São Paulo, we probably will not solve such severe issues as unemployment, violence, urban degradation, floods and the threat of a shortage of drinking water. All these issues are related 148 to precarious housing, lack of schools, sport and leisure facilities, due to the absence of roadway and sanitary infrastructure, poor transportation, lack of incentives for industrial settlement, which are deeply intertwined with the physical-territorial issues and the urban policy addressed by the Strategic Master Plan. We believe that the presentation of this subject for international debate may permit a comparative approach with the urban associations of countries in a similar or more favorable situation as well as a discussion of the participative methodology developed in São Paulo to democratically deal with urban policy. 149 Notes 1. GINI´s São Paulo Parameter: 0,5857. Brazilian Institute of Geography, 1991. 2. São Paulo City. Social an Environmental Map. Environmental Secretary of Green and Environment. 2.000. 3. National Census. Brazilian Institute of Statistic Geography, 2.000 4. Inter- Syndicates Department of Statistic Studies. August 2003 5. São Paulo Strategic Master Plan. Municipal Law. No 13,430. September 2002 6. SEHAB, Housing Plan, 2003 7. Survey Origin- Destination, 1997 8. Finance Office, 2002 9. SEHAB, Housing Plan, 2003 Bibliography and References Fernandes, Rubem César. Privado porém Público: O Terceiro Setor na América Latina. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1994. Fisher, Julie. Nongovernments: NGOs and the political development of the Third World. West Hartford, Connecticut, Kumarian Press, 1998. Harvey, David. Spaces of Hope. Berkeley and Los Angeles, CA, University of California Press, 2000. _____________. Justice, Nature and the Geography of Difference. Blackwell Publisher, 1996. Jacobs, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. 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Member of The International Association Of Environmental Impact Assessment. Faculty of the São Paulo School of Sociology and Politics. Email: [email protected]; [email protected] Rosane Segantin Keppke. Doctor (att.) in Urban Planning at the Universidade de São Paulo. MSC in Public Management by the Getulio Vargas Foundation. Chief of Strategic Regional Plan of Itaim Paulista and Collaborator of The City Council Commission for Strategic Regional Plans. Third Sector Organizations Consultant. Email: [email protected]; [email protected] 151 Mercado Imobiliário, Desenvolvimento Urbano e Responsabilidade Social: O plano paulistano de conciliação Artigo apresentado ao IV Seminário Internacional da Latin América Real Estate Society São Paulo, Instituto de Engenharia, 26 e 27 de agosto/2004 Ivan Carlos Maglio Rosane Segantin Keppke Artigo completo disponível no sítio http://www.lares.org. br/2004/B2/maglio%20e%20rosane%20keppke.pdf , Acesso em 16/121/2012 152 Mercado Imobiliário, Desenvolvimento Urbano e Responsabilidade Social: O plano paulistano de conciliação Artigo apresentado ao IV Seminário Internacional da Latin América Real Estate Society São Paulo, Agosto/2004 Ivan Carlos Maglio Rosane Segantin Keppke O Plano Diretor Estratégico de São Paulo (PDE) teve como desafio central o combate às desigualdades sócio-ambientais do município. Amparado no Estatuto da Cidade, formulou políticas que visam socializar o valor agregado urbano – compromisso ratificado junto as 10 mil pessoas e às 2.175 organizações da sociedade civil que participaram da elaboração dos Planos Regionais. Indo além, o PDE propôs um “layer estratégico” para o desenvolvimento urbano. Distribuiu projetos âncoras por todo o município considerando graus diferenciados de sustentação financeira junto ao mercado imobiliário. São 233 Áreas de Intervenção Urbana (AIU)1, 15 Operações Urbanas Consorciadas (OUC)2, 997 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)3 que invocam maior dinamismo e diversificação do setor. As Áreas de Intervenção Urbana perseguem projetos estratégicos auto-sustentados dentro do próprio perímetro de influência. Por exemplo, os parques lineares liberam as margens dos cursos d’água transferindo4 potencial construtivo para as bordas das respectivas AIUs. As Operações Urbanas – tradicional modalidade de AIU aplicada às regiões de grande apelo imobiliário, alcançaram também as regiões emergentes, no esforço de criar novos vetores de desenvolvimento. A Jacu-Verde é particularmente inovadora, pois se volta ao desenvolvimento econômico do extremo Leste oferecendo incentivos de localização para novas cadeias produtivas. As Zonas Especiais de Interesse Social pagam uma dívida histórica 153 para com os Movimentos de Moradia. Os imóveis inseridos em ZEIS têm destinação obrigatória para Habitação de Interesse Social, de promoção pública. São compensados pelo potencial construtivo não oneroso, pela flexibilização da regularização fundiária, pelo fomento das Parcerias Público-Privadas (PPP) e pelos incentivos à Habitação do Mercado Popular. Além das PPP, o PDE estimula a concessão urbanística5, o consórcio imobiliário6 e outros instrumentos que contam com o empreendedorismo do setor imobiliário para espraiar o desenvolvimento urbano, porém com responsabilidade social, evitando a expulsão dos excluídos. Analisar esta possibilidade é o objetivo da presente reflexão. 1. O PDE e os desafios da promoção do desenvolvimento urbano São Paulo, a segunda maior cidade da América Latina em importância político-econômica, produz 13,6 %7 do PIB brasileiro, revelando o exacerbado desequilíbrio regional que caracteriza o país. E, dentro da cidade, a concentração de renda8 segrega o território em pequenas ilhas de qualidade urbanística num mar de degradação sócio-ambiental. Dos 96 Distritos Regionais, 649 encontram-se abaixo da linha de exclusão. Localizada na periferia da cidade, a população dessas áreas precárias triplicou na última década, ao receber os novos excluídos das áreas consolidadas. As metrópoles latinoamericanas apresentam o mesmo fenômeno, em maior ou menor intensidade. O governo não consegue concluir a urbanização do município, e até mesmo os serviços básicos de manutenção encontram-se ameaçados pela escassez de recursos. Além do arrocho do orçamento público, a 154 1 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 221-223. 2 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 225-234. 3 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 171-181. 4 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 217-220. 5 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 239. 6 PDE, Lei Municipal 13.430 de 13/09/2002, art. 246. 7 Fonte: Moreto e Pochman, 2003, 33-4. 8 Coeficiente de Gini de São Paulo: 0,5857 (IBGE/91) 9 Fonte: Mapa Sócio-Ambiental da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, 2002 política econômica global resultou em 20%10 de taxa de desemprego. Favelas, cortiços, sem teto e ambulantes degradam endemicamente toda cidade, e ameaçam a qualidade dos Distritos consolidados. Neste cenário adverso a prefeitura encarou o desafio de elaborar um novo Plano Diretor Estratégico, após 30 anos de emendas ao anterior – intervalo de tempo em que se restaurou o regime democrático no país, proliferando as associações reivindicatórias por moradia, infraestrutura urbana, equipamentos sociais e políticas públicas para a economia social. Num passado recente, a corrente progressista conquistou direitos, elegeu o atual presidente e, um pouco antes, a prefeita de São Paulo, aumentando as expectativas de inclusão social. São Paulo inovou por ser a primeira grande metrópole a aplicar o Estatuto da Cidade – lei complementar à Constituição que criou instrumentos para validar a função social da propriedade, tais como: i) a utilização compulsória dos imóveis ociosos; ii) a aplicação de outorga onerosa sobre o potencial construtivo adicional a fim de socializar recursos anteriormente apropriados exclusivamente pelo mercado imobiliário e investi-los nas áreas carentes; iii) a transferência do direito de construir aplicada aos imóveis e áreas de interesse público com fins de preservação ambiental e cultural. Inovação, por estimular a participação civil no processo decisório e parear os segmentos excluídos ao lado dos setores tradicionais sempre representados nos planos e nas leis. A elaboração do Plano Diretor Estratégico iniciou-se com a construção do diagnóstico macroregional; a definição das políticas públicas; a formulação dos eixos estruturadores da urbanização e a regulamentação da função social da propriedade em nível municipal. Depois, descentralizou-se para os Planos Regionais, o Plano de Habitação e o Plano de Transporte, concomitantemente à elaboração da nova lei de uso e ocupação do solo, tendo como premissas a cidade real e as demandas da sociedade organizada. O PDE, debatido e aprovado no período 2001-2002, reconhece a função social da cidade e da propriedade e tem como princípios norteadores: a geração de emprego e renda, a oferta de equipamentos sociais e outras oportunidades de inclusão social; a proteção 155 das áreas verdes e a recuperação ambiental; o fortalecimento da função reguladora e das iniciativas de planejamento do setor público; e a captura de parte da mais valia urbana para aplicação no desenvolvimento urbano sustentável. Nos Planos Regionais aplicou-se a metodologia participativa. Entre outubro de 2002 e julho de 2003 realizaram-se 360 atividades nas 31 Subprefeituras, organizadas por 350 facilitadores – técnicos municipais ou contratados. Foram reuniões distritais, reuniões temáticas, plenárias, oficinas e assembléias regionais que envolveram cerca de 10.000 participantes, a maioria agremiada às 2.175 organizações civis representadas. Gráfico 1 – Perfil das Organizações Civis participantes nas Subprefeituras 10 Fonte: Censo IBGE/2000. 11 Entidades filantrópicas: organizações da sociedade civil que advogam pelo interesse de grupos sociais em função de gênero, etnia, idade e problemas comuns, bem como aqueles que se agregam por objetivos culturais e afins. Associações de bairro: organizações da sociedade civil voltadas paraos interesses territoriais. Movimentos pró-políticas setoriais: organizações civis regularmente constituídas ou comissões temáticas informais que advogam por determinadas políticas setoriais, tais como habitação, transporte, saúde, segurança pública, orçamento participativo. Políticos e executivos municipais: militantes partidários, representantes parlamentares, representantes do Executivo de todas as instâncias de governo – políticos ocupantes de cargos em comissão ou técnicos. 156 O gráfico acima expõe que nos eventos participativos dos Planos Regionais compareceram predominantemente os setores populares articulados em organizações ou movimentos sociais – reflexo da demanda reprimida dos Movimentos Urbanos embrionários durante o regime autoritário. A elite e os setores consolidados observaram à distância, preferindo influenciar por meio da imprensa ou de seus representantes na Câmara de Vereadores – a instância soberana nos processos de formulação e aprovação das leis. Evidentemente, o envolvimento de diferentes interesses e atores exacerbou conflitos antes latentes dentro da sociedade e do estado. 1. A resistência do mercado imobiliário contra o impacto da outorga onerosa, com base em seu tradicional poder de influência nas tomadas de decisão pública. 2. A resistência em prol das restrições urbanísticas e segregacionistas das áreas nobres – as Zonas Estritamente Residenciais (Z-1), sob a bandeira ambientalista, a ponto de obstruir eixos importantes do transporte público e do crescimento do comércio. 3. A crítica de urbanistas funcionalistas contra a adoção do uso misto do solo; a desvinculação entre uso do solo e potencial construtivo; a assunção de centralidades que concorrem com as áreas residenciais nobres e outras iniciativas orientadas pelo princípio da sustentabilidade econômica e da equidade urbanística e ambiental dos territórios. 4. Os movimentos das associações de bairro contra os corredores de transporte coletivo de alta capacidade. 5. A resistência de setores econômicos consolidados contra a incorporação dos setores emergentes da economia informal, por exemplo, as tradicionais concessionárias de transporte coletivo contra as novas cooperativas de micro-ônibus; o comércio tradicional contra a regulamentação dos ambulantes. 6. A polêmica quanto ao reconhecimento legal, a urbanização e a fixação dos moradores nas próprias favelas, em cortiços e loteamentos clandestinos como diretrizes da política habitacional e do tratamento integrado das questões sócio-ambientais. 157 7. Nas áreas pobres, as reivindicações contundentes por equipamentos de educação, saúde, cultura, esporte e lazer, porém as áreas públicas encontram-se quase totalmente ocupadas por moradias, todas inseridas em ZEIS, boa parte em processo de desafetação para concessão real de uso, sendo que o poder público não tem recursos para formar nova reserva fundiária. 8. O desafio de recuperar a capacidade reguladora do poder público, a qual foi enfraquecida com a pressão neoliberal pela diminuição do estado e a ausência de recursos para os investimentos estratégicos e para o planejamento, com o agravo da prevaricação nos aparatos de controle. 9. A descentralização do planejamento urbano e a criação de novas instâncias de representação e participação civil: os conselhos de gestão das subprefeituras e o Conselho de Representantes concorrendo com o poder parlamentar. 10. A competição entre o Fundo de Urbanização do Município e as Operações Urbanas Consorciadas pelos recursos da outorga onerosa gerados nas regiões de maior apelo imobiliário, o primeiro, de caráter subsidiário voltado para as áreas carentes, as últimas com inversão de recursos dentro dos próprios perímetros, pouco rompendo o ciclo da concentração territorial dos investimentos. Estas e outras questões polêmicas observadas por ocasião da elaboração dos Planos Regionais Estratégicos podem ser resumidas em um conflito geral – a luta pelo desenvolvimento urbano. As regiões conservadoras tentaram preservar o desenvolvimento e a qualidade urbanística alcançada, enquanto as regiões progressistas reivindicaram a urbanização e o desenvolvimento que não têm. Nas regiões excluídas, no início, as assembléias dos Planos Regionais foram confundidas com o Orçamento Participativo e a população esquivava-se das discussões sobre o uso do solo, exceto o tema da regularização fundiária. Diferentes atores com interesses antagônicos, na difícil conciliação da questão social com a questão ambiental; do interesse econômico com o interesse social, todos importantes para o desenvolvimento sustentável perseguido pelo Plano Diretor. 158 2.O “layer” estratégico, uma utopia? Num cenário de profundas desigualdades sócio-ambientais e de estagnação econômica; com participação majoritária de segmentos populares excluídos; sob pressão da imprensa, do parlamento e do Ministério Público em prol de argumentos da elite; sob conflito vertical e horizontal de interesses inerente à diversidade social envolvida; com perspectivas orçamentárias e administrativas adversas para desempenhar sua função reguladora de planejamento e controle, o governo municipal finalmente conseguiu concluir o Plano Diretor Estratégico ao aprovar os Planos Regionais na Câmara de Vereadores. No momento restam a sanção da Prefeita e o decreto regulamentador para definir como opera-lo. Um plano de eficácia e eficiência imperfeitas se observadas do ponto de vista social de cada um dos “stakeholders”, ou se isoladamente avaliadas sob a ótica técnica, econômica e política. Ineficiências entrópicas à democracia, de bom grado toleradas no Ocidente em prol das liberdades (Prezworski), pois é um regime favorável para gerar demandas sociais e negociar os dissensos, mas desfavorável para a racionalidade do orçamento público. Imperfeições inerentes à envergadura do passivo urbano legado, das dificuldades técnicooperacionais para elaborar e compatibilizar os 31 Planos Regionais e os 3 planos setoriais durante o exercício de uma gestão. Por isso, sua eficiência reside em sua orientação pelo Ótimo de Pareto, que considera o todo, e seu esforço conciliador perante as contradições que enfrenta, a despeito do risco de tornar- se também um instrumento contraditório. Cada Subprefeitura e o conjunto delas orquestrado pela Secretaria Municipal do Planejamento mapearam as intervenções urbanas necessárias ao desenvolvimento regional, sem barreiras orçamentárias impostas durante a etapa das proposituras. Todas propuseram livremente um grande rol de projetos e melhoramentos urbanos. A única certeza presente é de que haverá recursos públicos para uma restrita minoria deles, cuja seleção dependerá da vontade política das gestões futuras, a despeito da parcela de poder deliberativo atribuído 159 aos conselhos civis criados com o PDE. Portanto, a sustentação orçamentária da maioria dos melhoramentos propostos pelos Planos Regionais Estratégicos depende da captação da mais valia urbana por meio da outorga onerosa, daí o “Estratégico”. Por conseguinte os fundos de financiamento estão à mercê da dinâmica do mercado imobiliário ou das Parcerias Público-Privadas – variáveis exógenas que dependem da capacidade de regulação do Setor Público em nível local e nacional, e da confiabilidade que inspira no Setor Privado. A necessidade de captação de fundos junto ao Setor Privado gerou o “layer” estratégico que se assenta sobre o Zoneamento, tanto mais explícito no traçado das Áreas de Intervenção Urbana e das Operações Urbanas Consorciadas, demonstrando a clara intenção de alavancar o desenvolvimento urbano por meio de projetos estratégicos distribuídos por toda a cidade, perseguindo equidade sócio-ambiental. Seguramente têm mais chances de êxito as AIU e as OUC localizadas nas regiões de maior apelo imobiliário, nichos consagrados do mercado. Os desafios estão em convencer o mercado imobiliário a inovar, diversificar territórios e público-alvo, ousar e praticar responsabilidade social: 1. Convencendo-o a protagonizar e bancar a revitalização de áreas urbanas por meio das concessões urbanísticas, às próprias expensas e riscos, de modo análogo aos loteamentos pioneiros que no século passado vetorizaram o desenvolvimento de São Paulo (Simoni). A diferença é que os investimentos necessários na atualidade são proporcionalmente maiores em função do valor agregado aos terrenos, dos custos transacionais para remembra-los, demolir e remover o passivo existente, para então construir. Além do mais, a partir do Estado Novo o governo inverteu a cultura da iniciativa privada, tomando iniciativa ele próprio ao oferecer a infraestrutura para os setores econômicos e os projetos de interesse estratégico, para depois chamar o Setor Privado a complementar a seqüência das respectivas cadeias produtivas. Hoje, após os 80 – a década perdida, sem capacidade de investimento, o estado pouco pode fortalecer os capitalistas, que por seu turno também estão relativamente mais fracos e menos ousados em função da conjuntura 160 econômica. 2. Oferecendo segurança jurídica e “relações ganha-ganha” para os consórcios imobiliários, o que depende da atualização mercadológica da base de cálculo para as contrapartidas que recebem – o valor venal. Esta é o requisito mínimo para este tipo de PPP, sem o qual o Setor Privado não faria sua adesão. Este instrumento é de particular interesse para as projetos estratégicos que dependem do terreno privado para tornarem-se viáveis – necessidade comum às AIU, às OUC e às ZEIS. a. As Zonas Especiais de Interesse Social representam aproximadamente 15% do território, sobre o qual o Poder Público não têm recursos para empreender nem desapropriar. Motivo de preocupação comum a todos os “stakeholders” da política habitacional, o futuro dos microincorporadores em ZEIS ainda é uma incógnita frente à destinação obrigatória de 50 a 70% para as Habitações de Interesse Social – de promoção pública ou consorciada com o Poder Público. Há situações em que a possibilidade de consórcio com o Poder Público os protegeria das ocupações irregulares e da desvalorização inerente a essas áreas: este é o caminho pelo qual as ZEIS podem vingar. Mas há situações que poderiam ser consideradas como desapropriação indireta e acabariam relegadas ao conluio entre loteador e adquirentes clandestinos. A mão invisível do mercado orientará os “stakeholders” e o futuro das ZEIS para uma ou outra opção: todos torcemos para que seja a socialmente melhor. 3. Induzindo o mercado imobiliário para as regiões emergentes de públicos B e C, por meio do estabelecimento de potencial construtivo maior, com fatores menores para o cálculo da outorga onerosa, ou pelo recebimento de potencial construtivo oriundo da aplicação de transferência do direito de construir. a. Seguindo esta diretriz, a Operação Urbana Jacu-Verde inova duplamente por alcançar uma região emergente e por estruturar o Programa de Desenvolvimento da Zona Leste com foco em usos incômodos – indústria, comércio e serviços. Ela suplementa os 161 atrativos citados anteriormente com o financiamento público da infraestrutura urbana – melhoramentos viários, ambientais e equipamentos de ensino superior; com incentivos fiscais seletivos sobre o imposto predial, o imposto sobre serviços e o imposto sobre as transações imobiliárias; com suporte técnico e facilitação da implantação para determinadas cadeias produtivas; com regularização edilícia e fundiária sem ônus para os assentamentos empresariais existentes. Além de enfrentar os desafios de convencer o mercado imobiliário para as propostas progressistas, no substitutivo de lei aprovado pela Câmara de Vereadores, PL 139/04, o “layer” estratégico sofreu a subtração da outorga onerosa das Zonas Mistas, as quais correspondem a 55% do território. A emenda ao projeto original permite alcançar o coeficiente máximo 2 sem pagamento de contrapartidas, desde que seja proporcionalmente reduzida a taxa de ocupação – é a perpetuação da fórmula de Adiron, que não permite a socialização da mais valia. 3. Empreendedores defensivos e pró-ativos Um pesquisador acompanhou o comportamento das companhias aéreas britânicas após a desregulamentação do setor ocorrida na Era Tatcher. Com a livre competição as companhias assumiram duas posturas diferentes a fim de se manterem lucrativas. O grupo pró-ativo criou estratégias baseadas em diferenciais de serviço e prospecção de novos mercados. O grupo defensivo concentrou-se no corte de custos – e foi o que apresentou o melhor desempenho econômico. Por analogia, o mercado imobiliário é naturalmente defensivo. Aos proprietários de terra sempre bastou aguardar para valorizar. Os empresários da construção civil manejam um setor de grande inércia, de grande vulnerabilidade ao humor econômico, que exige grandes investimentos para os quais não há liquidez, não há economia de escala, não há avanços tecnológicos, não há margem para corte de custos, não há informações confiáveis para fazer projeções, 162 simulações e inovações no mercado. Mas a pró-atividade é a condição necessária para a realimentação do capitalismo, segundo a Economia Clássica, pois é a única alternativa para ampliar mercados saturados ou para transcender margens de lucro após o esgotamento do corte de custos. Nessas condições, vencem as empresas que são pró-ativas. O mercado da construção civil está dando sinais de saturação no segmento de público A em que atua. O SECOVI, no Balanço do Mercado Imobiliário 2003 registra: Diferentemente do que ocorreu no ano passado (predominância de demanda por imóveis de alto padrão – 4 dormitórios), a procura em 2003 concentrou-se no segmento de apartamentos novos de 2 e 3 dormitórios. Pelo menos 65% da demanda buscou esse tipo de unidade. Também são as estatísticas do SECOVI que apontam a tendência de diversificação regional para além do quadrante Sudoeste da cidade, onde se concentra a riqueza, a infraestrutura e o maior valor agregado urbano de São Paulo. Gráfico 2 – Plantas aprovadas (2004) Fonte: PRODAM Portanto, é com base na própria racionalidade econômica, nas estatísticas do mercado da construção civil, nas recentes restrições legais aos especuladores de terra e na pressão crescente pela responsabilidade social que o “layer” estratégico poderá vingar em algumas regiões emergentes, e romper o ciclo de concentração de investimentos públicos e privados no quadrante Sudoeste, e tornar possível o desenvolvimento urbano, senão com a equidade sócio163 ambiental desejada, ao menos com melhor distribuição espacial. Referências Bibliográficas: Gottdiener, M. The new urban sociology. New York: McGraw-Hill, 1994. Harvey, David. Spaces of Hope. Berkeley and Los Angeles, CA, University of California Press, 2000. Jacobs, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo, Martins Fontes, 2001. Przeworsky, Adam. Democracia e Mercado. São Paulo, ReluméDumará, 1994. Simoni, Lucia. Arruamento em São Paulo. Tese de Doutorado apresentada à FAUUSP, 2003. Ivan Carlos MAGLIO. Doutorando junto à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Mestre em Saúde Ambiental; Engenheiro Civil; Diretor de Planos Urbanos da Secretaria Municipal de Planejamento – SEMPLA; [email protected]; tel./fax 55-113105-6710. Rosane Segantin KEPPKE. Doutoranda junto à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP; Mestre em Administração Pública; Arquiteto e Urbanista; Coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Subprefeitura de Itaim Paulista; [email protected]; tel./fax 55-11-6963-1666. 164 TURNING STREET TRASH PICKERS INTO ECOENTREPRENEURS TRANSFORMANDO CATADORES EM ECOEMPREENDEDORES (Paper Version/ portuguese) English version presented at the VIII International Conference of the International Society for Third Sector Research – Barcelona July/912/2008 http://www.istr.org/?BarcelonaAbstracts TRANSFORMANDO CATADORES EM ECOEMPREENDEDORES 38 Rosane Segantin Keppk , Sergio Henrique Forini 39 INTRODUÇÃO São Paulo é uma metrópole latino-americana com 10.995.08240 milhões de habitantes geradores de 9,7 milhões de toneladas anuais de lixo, ao custo de R$ 490 milhões (Ruberg). A cidade experimenta os problemas mundialmente comuns do distanciamento e da saturação crescentes dos aterros sanitários. Há um “mainstream” técnico e político que reluta aderir à alternativa da incineração - altamente emissora de carbono, considerando-se a extensão continental do país e a possibilidade de reduzir significativamente o volume inservível através da coleta seletiva de materiais recicláveis, que representam 28% do volume total (idem). 165 Composição média dos RSD - São Paulo - 2004 1% 2% 7% 3% 15% 61% 11% Matéria orgânica Papéis Plásticos Metais Vidros Diversos Perdas na triagem Gráfico 1 – Composição Média dos Resíduos Sólidos 38 Rosane Segantin Keppke é Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo e é gerente geral da Câmara de Animação Econômica, a qual pertence a Câmara Temática de Reciclagem. 39 Sergio Henrique Forini é Doutorando em Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo e foi um dos técnicos voluntários que atuaram junto às quatro cooperativas analisadas. Para o presente trabalho, devemos citar as contribuições da Dra. Claudia Ruberg (Universidade de São Paulo), Diógenes S. Martins - Subprefeito de Itaim Paulista (SPIT), Wilson Gutemberg Costa (SPIT), Roberto Ogo (MSc, Fundação Escola de Sociologia e Política), Fernanda Bandeira de Mello - ex-diretora de LIMPURB, Paulo Roberto de Souza - ex-diretor de LIMPURB/ Coleta Seletiva, Valdecir Papazissis (LIMPURB), Rina Nemenz (SPIT), Terezinha Theodoro (SPIT), Instituto Lidas e Instituto GEA. 40 Fonte: http://sempla.prefeitura.sp.gov.br acesso em 19/06/2008. Fonte: São Paulo (cidade). Secretaria de Serviços e Obras – SSO. Departamento de Limpeza Urbana – LIMPURB. Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares do Município de São Paulo – 2004. São Paulo:PMSP/SSO/LIMPURB,2004. 166 Porém, pouco se empreendeu efetivamente nesta direção, a despeito das intenções expressas em seu Plano Diretor de Resíduos Sólidos (Lei Municipal 13.478/02). Este plano orientou-se pela Agenda 21 e adotou uma alternativa socioambiental para a coleta seletiva. Em síntese, São Paulo passou a conceder a exploração deste nicho de mercado para a economia solidária, ao invés de fazê-lo com as oligarquias empresariais do lixo, como seria de praxe. De acordo com o plano, a concessão da coleta seletiva seria endereçada às cooperativas de catadores (art. 67 da Lei). A figura do catador de rua surgiu nas grandes metrópoles brasileiras. Eles eram desempregados estruturais (Rifkin), senhores ou senhoras com mais de 30 anos, baixo grau de escolaridade ou analfabetos estruturais, moradores de cortiços, loteamentos clandestinos, favelas ou “sem teto”, para os quais a coleta informal de materiais recicláveis no lixo urbano se tornou a única alternativa de sobrevivência. Eles foram os legítimos fundadores da coleta seletiva no Brasil (Ruberg), quando a questão da Reciclagem de Resíduos Sólidos ainda não havia emplacado na agenda pública (KINGDON, 1995). Ao longo das duas últimas gestões foram incubadas 15 cooperativas de triagem e comercialização de materiais recicláveis, que foram organizadas sob forte paternalismo governamental, junto aos catadores que já realizavam informalmente essa atividade. Até hoje, a prefeitura subsidia todas as despesas fixas das Centrais de Triagem e Comercialização em que tais cooperativas se instalaram, pois não foi estabelecido um plano de emancipação. A elas compete apenas realizar a triagem dos materiais que lhes chegam. A logística de coleta continua sendo realizada pelas grandes concessionárias de Limpeza Pública, sob um prejuízo mensal de R$ 2 milhões 41 . Apesar de sua implementação ter sido parcial, os seis anos de vigência do Plano Diretor de Resíduos Sólidos apontam para algumas inconsistências. Predomina, nos meios técnicos e políticos, a conclusão de que o custo dos Resíduos Sólidos em São Paulo permanece dentre os mais altos do mundo e que a ineficiência da coleta seletiva é apontada como uma das principais causas. Por este motivo, a concessão para a economia solidária vem sendo colocada em xeque, e as grandes concessionárias do lixo estão 167 pleiteando de volta este nicho de mercado. É importante destacar que antes do Plano Diretor de Resíduos Sólidos a concessão integral da coleta de resíduos sólidos cabia a essas grandes concessionárias, porém nada se fazia com relação à seleção de materiais, pois a reciclagem não tinha valor expressivo de mercado e a preocupação ambiental era ainda incipiente no Brasil. Foi a economia informal quem descobriu o valor de mercado dos materiais recicláveis. Depois dos catadores vieram os microempreendedores informais e agora as grandes empresas de Limpeza Urbana demonstram crescente interesse neste segmento, consoante as tendências globais. No calor deste embate foi sendo formado um grupo de voluntários, técnicos e políticos em favor da continuidade do modelo solidário do Plano Diretor de Resíduos Sólidos. Sua militância não se deu com “lobbies”, nem manifestações públicas. Juntos, eles analisaram e revisaram as falhas do modelo, trabalhando empiricamente com três proto-cooperativas que spiravam tornar-se concessionárias de coleta seletiva, e uma cooperativa que já havia conseguido obter sua concessão pública. O grupo defendia a hipótese central de que a causa da ineficiência era justamente a ausência de um Plano de Emancipação para as cooperativas concessionárias. Mas havia outras hipóteses secundárias que comprometiam o modelo. Da parte da prefeitura, ao mesmo tempo em que não havia preocupações emancipatórias, não havia efetivos investimentos para concluir o modelo solidário de coleta seletiva extensivo à cobertura integral do território. Da parte das cooperativas, havia sérios problemas de gestão e eficiência, que se acomodavam sob o aparente sucesso político do modelo. A experiência da Cooperjuta A Cooperjuta, situada no Distrito Sapopemba, foi a primeira protocooperativa a receber “coaching” dos técnicos voluntários, entre 2005 e 2006. 41 168 Fernanda B. Mello, ex-diretora de LIMPURB, informação verbal, 2006. Os voluntários ofereceram-lhes capacitação técnica, com a finalidade de organizar a logística de coleta, o layout do canteiro de triagem e a separação inteligente dos materiais, de modo a agregar valor aos processos e produtos. O “coaching” contribuiu para que o grupo se consolidasse e identificasse seus líderes, até o ponto em que se formalizaram como cooperativa. A Cooperjuta nunca recebeu suporte governamental, mas tornouse uma referência de boas práticas socioambientais em São Paulo. Apenas recentemente candidatou-se junto ao Departamento de Limpeza Urbana - LIMPURB a fim de receber uma concessão distrital de coleta seletiva, obter segurança jurídica para sua atuação e melhor aparelhar-se para as suas funções ambientais. As experiências da Subprefeitura Itaim Paulista Diferentemente das outras 30 subprefeituras da cidade, a Subprefeitura Itaim Paulista ofereceu apoio especial às proto-cooperativas de catadores, dentro de seus limites de governabilidade, uma vez que esta questão competia a LIMPURB. A Subprefeitura Itaim Paulista convidou os voluntários que haviam assistido a Cooperjuta para atuar junto com os técnicos municipais. Deu-se início à “Câmara Temática de Reciclagem”, que tinha a participação direta das proto-cooperativas de catadores da região. Neste fórum foram levantadas as falhas do modelo vigente, resultando na proposta de um modelo alternativo, que mantinha as diretrizes solidárias do Plano Diretor de Resíduos Sólidos. O modelo Itaim Paulista buscava assegurar a cobertura integral da coleta seletiva no território, com a máxima inclusão de catadores organizados em cooperativas, e com a mínima dependência governamental. O território foi subdividido em 20 microáreas de coleta seletiva, cada uma com aproximadamente 5000 domicílios e 1 km2 de extensão - dimensão que permitiria substituir o caminhão por bicicletas, de modo a enxugar os custos de logística e tornar-se um modelo autosustentado e sustentável. Em cada microárea haveria um ponto de transbordo diário dos materiais coletados - o ecoponto. E haveria 169 duas Centrais de Triagem e Comercialização que juntariam e comercializariam todo o volume coletado. Este Plano de Negócios baseava-se em ganhos mensais de 1,5 salários mínimos por cooperado, e tinha a capacidade de inclusão de 400 catadores. Isso promoveria a inclusão da metade do total de catadores informais que atuavam no território, que tem alto índice de exclusão social e grande procura por esta atividade no âmbito da informalidade, mas os resíduos gerados não sustentariam a todos com um nível mínimo de dignidade. Com este modelo, a Subprefeitura Itaim Paulista ofereceria segurança jurídica para atuação de 20 células cooperativas a que se filiariam os 400 cooperados. Nesta direção, contratou os antigos voluntários para ministrar capacitação técnica, a exemplo da que foi oferecida à Cooperjuta. Indo além, contratou-lhes capacitação gerencial e “fundraising”, a fim de auxiliar as proto-cooperativas em seu processo de consolidação, aparelhamento e emancipação. Os esforços da Subprefeitura Itaim Paulista contribuiram para formalizar duas proto-cooperativas: a Caminho Certo e a Fênix, e fortaleceram a Cooperativa Nova Conquista, que já era a detentora da Central de Triagem e Comercialização do Distrito Curuçá, que passou a ser referência para as demais centrais concessionárias de LIMPURB. Assim sendo, indiretamente foram beneficiados 200 cooperados. Desafortunadamente, também este modelo alternativo não teve a sua implementação concluída e surgiram falhas diferentes do modelo praticado por LIMPURB. A segurança jurídica advogada pelo modelo Itaim Paulista depende de um Projeto de Lei que ainda não foi aprovado. A infraestrutura de ecopontos e centrais está no começo da implantação. Oficialmente, há apenas uma Central de Triagem e Comercialização, concedida para a Cooperativa Nova Conquista, e há outra em processo de oficialização, a ser concedida para a Cooperativa Fênix. A Cooperativa Caminho Certo tem expectativa de obter concessão para ser uma terceira central no território, mas não há sustentabilidade para tanto, sob a análise de ambos os modelos. Fênix e Caminho Certo continuam operando numa zona cinza formalidade. Há dois ecopontos instalados, porém 170 inoperantes: Subprefeitura, LIMPURB e cooperativas trocam responsabilidades mútuas a respeito, sem sinais de solução de curto prazo. Seguramente, a principal falha foi a rejeição das cooperativas contra o modelo consorciado dos ecopontos, pois todas almejavam ter o status independente de Central de Triagem e Comercialização: um impasse para o qual a Subprefeitura não tinha instrumentos de regulação. Estávamos, portanto, diante de um novo ponto de inflexão, porém agora mais próximos da resposta para a pergunta central: a economia solidária pode dar conta da coleta seletiva de uma cidade com 10 milhões de habitantes? Quanto ao modelo LIMPURB, ele continua operando, porém com base numa Medida Liminar em favor das 15 cooperativas concessionárias das Centrais de Triagem e Comercialização. De acordo com LIMPURB, a ineficiência da maioria das concessionárias justificava o cancelamento das concessões, a fim de dar lugar ao redesenho dos instrumentos regulatórios e a um novo processo licitatório de concessões. Isso deu início a um litígio entre prefeitura e concessionárias que ainda não obteve uma sentença judicial definitiva, daí então a medida liminar em favor dessas últimas. Principais diferenças entre o Modelo LIMPURB e o Modelo Itaim Paulista. Modelo LIMPURB (Lei 13.478/02 e Decreto 42.290/02) para toda a cidade de São Paulo (10,9 milhões de habitantes) • Baseado em Centrais de Triagem e Comercialização - CTC, a princípio, uma por Subprefeitura (31), o que não foi concluído. Assim sendo, o modelo não se restringiu ao território, ocorrendo “importação/ exportação” de resíduos entre subprefeituras. • Set up totalmente subsidiado pelo Poder Público. Modelo Itaim Paulista para os Distritos Itaim Paulista e Vila Curuçá (400 mil habitantes) • Baseado em uma rede de ecopontos vinculados a uma CTC por Distrito. Neste caso, a CTC exerce o papel de uma cooperativa de segundo grau, ou consórcio das cooperativas permissionárias dos ecopontos. Aqui, a coleta é totalmente restrita ao território local, em que pese a implantação também não ter sido concluída. • Set up baseado em 171 • Despesas fixas mantidas pelo Poder Público, sem prazo determinado para emancipação. • A logística de coleta permanece subsidiada pelo Poder Público, realizada pelas grandes concessionárias de limpeza urbana, com base em caminhões. fundraising realizado junto a parceiros diversificados. O papel do Poder Público limita-se a regular territórios, oferecer segurança jurídica e espaço físico. • Despesas autofinanciadas: prevalece o princípio da autogestão. • A logística de coleta compete às próprias cooperativas de catadores, com base num mix entre o modo pedestre ou ciclista e automotivo (pequenos veículos utilitários). Embora constituam uma amostragem muito limitada, as quatro 42 cooperativas acompanhadas apontam para determinadas tendências e diferentes graus de viabilidade de resposta à pergunta central. Por meio de indicadores, o quadro seguinte resume as impressões de 43 técnicos que as acompanharam. COOPERATIVA COOPERJUTA 172 PERFIL PARCERIAS Iniciou-se informalmente em 2005, com 4 catadores, que hoje são 20. Formalizou-se como cooperativa em 2006. Neste período, recebeu suporte técnico dos voluntários. Inovaram a logística de coleta domiciliar, atuando numa área compacta (normalmente os catadores atuam de forma dispersa), fazendo um mix entre os modos pe- O “setting up” desta cooperativa se deu de forma autônoma. Todos os equipamentos foram adquiridos às próprias expensas, com recursos gerados a partir de “bingos” organizados na vizinhança. Apenas uma parte da quantidade de bags GESTÃO A Cooperjuta tornou-se uma referência de autogestão, eficiência e autonomia. Entre 2005 e 2008 aumentou a produtividade de coleta de 0,3 para 15 ton./mês. Em 2006, cada um dos cooperados recebeu uma pequena bolsa do governo, destre e automotivo de coleta, o que enxugou custos sem tornar o trabalho penoso para o catador. Criaram o serviço “delivery”. Maximizaram o layout e o uso do canteiro de triagem, pois seu espaço físico é mínimo – é o menor dentre as quatro cooperativas analisadas. É o único espaço adquirido às próprias expensas, o que é um indicador de sua autonomia e super-bags foram doados por um grande cliente B/B do Setor Privado, e um empresário local, simpatizante da causa, doou-lhes R$ 2.800,00. Buscaram apoio de LIMPURB somente após a formalização e a consolidação de seu modelo de (auto)gestão, e estão no aguardo do convênio. LIMPURB os aproximou da Cooperativa Nova Conquista, com quem se consorciaram para realizar a comercialização que juntaram para adquirir um veículo utilitário (usado). Para tanto, privaram-se dos gastos essenciais próprios, o que é um comportamento raro neste segmento social. Com apenas este veículo dão cobertura a 3000 domicílios. Foram crescendo na medida exata para pagar dívidas e investimentos estratégicos. Hoje, seu plano de metas é aumentar a renda de cada cooperado, que ainda é muito baixa. 42 Agradecimentos especiais aos diretores que foram entrevistados para o presente trabalho: Ivanildo M. Silva (Cooperativa Nova Conquista), Vanda I.L.Santos (Cooperativa Caminho Certo), Francisca C.Rabelo (Cooperativa Fênix) e Rosana C.Catenace (Cooperativa Cooperjuta). 43 O processo foi permeado por descontinuidades. Alguns técnicos voluntários afastaram-se do processo. Em LIMPURB e nos demais órgãos municipais passaram diferentes políticos e técnicos, com diferentes graus de compromisso com o modelo solidário. A Câmara Temática de Reciclagem do Itaim Paulista encontra-se em “stand by”, diante de circunstâncias recentes, momento em que os autores permanecem na condição de observadores. 173 COOPERATIVA NOVA CONQUISTA 174 PERFIL PARCERIAS GESTÃO A Nova Conquista é uma das 15 concessionárias de Centrais de Triagem e Comercialização (CTC), incubadas por LIMPURB, em 2003, por ocasião do Plano Diretor de Resíduos Sólidos. Resultou da associação de 7 núcleos de catadores - dentre os quais a atual Fênix e a Caminho Certo. A princípio eram 22 catadores, hoje são 106, mas já foram 125. Das quatro cooperativas analisadas é a mais equipada, em função dos subsídios inicialmente recebidos de LIMPURB, que agora estão sendo diminuídos. Dispõe de uma frota de 11 caminhões, e destes, hoje, apenas 4 são subsidiados por LIMPURB. De acordo com esta última, é a concessionária mais eficiente dentre as 15 CTC. A Nova Conquista orientou suas parcerias para o Setor Privado, para grandes geradores/ fornecedores de materiais recicláveis. Ela coloca catadores em uma grande rede metropolitana de supermercados. Com isso, por si mesma, estabeleceu um plano de emancipação de LIMPURB. Buscou outras fontes de financiamento, por exemplo, no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social, provendo-se de todos os equipamentos necessários para alongar sua cadeia de valor. Firmou parcerias de comercialização com diversas cooperativas e núcleos de catadores em toda a cidade, dentre as quais a Cooperjuta e a Caminho Certo, pois juntas obtêm maior poder de negociação. Das quatro cooperativas analisadas a Nova Conquista é a que mais se aproxima do modelo empresarial, o que explica sua reconhecida eficiência e seu maior rendimento por cooperado. Mantém uma relação harmoniosa entre diretoria e demais cooperados. Porém, não há outras lideranças igualmente capacitadas que possam assumir a diretoria nos processos sucessórios. Seu maior mérito foi agir de forma pró-ativa em direção à emancipação de LIMPURB. Graças a isso sobreviveu ao corte de grande parte dos caminhões subsidiados. Desde sua incubação, sua média mensal de triagem saltou de 0 para 60 ton., embora já tenha chegado a 200 nos picos de subsídios. COOPERATIVA FÊNIX PERFIL PARCERIAS GESTÃO Iniciou atividades em 2000, com 5 catadores. Formalizou-se como cooperativa em 2005. Hoje, sob seu guarda-chuva organizacional há 22 cooperados que representam 6 núcleos ligados a associações de bairro. A Fênix nasceu e ainda exerce a vocação de associação de bairro, por isso oferece um mix diversificado de serviços comunitários. Pratica uma excelente abordagem de educação ambiental e realiza inclusão de catadores “sem teto”. Das quatro cooperativas analisadas é a que possui maior número de lideranças capacitadas. Porém, foi a cooperativa que mais demorou em equipar-se. Das quatro cooperativas analisadas, a Fênix é a mais engajada em movimentos e diversificação de parcerias do III Setor. Envolve-se intensamente nos fóruns de catadores em nível local e nacional. Participou ativamente do Plano Diretor de Resíduos Sólidos, que destinou a concessão da coleta seletiva para as cooperativas de catadores. Possui parceiros governamentais de diferentes instâncias. Recebeu “coaching” de duas ONGs de desenvolvimento, e da agência bilateral Brasil-Canadá. Adquiriu sua sede e seus equipamentos por meio dessas parcerias, com muita dificuldade e morosidade pois, no Brasil, os “sponsors” concentram seus investimentos em capacitação. Tantas parcerias e tantos investimentos em capacitação fizeram da Fênix uma cooperativa diferenciada em termos de liderança e educação ambiental. Suas diretoras tornaram-se conferencistas ambientais. Por seus trabalhos comunitários, é a que menos enfrenta conflitos de vizinhança. Mas a diversificação dos serviços para além do “core business” e a dependência dos parceiros atrasaram seu desenvolvimento. Sua sede - um espaço público, foi concedido em 2006 e somente em 2008 adquiririu seu primeiro veículo utilitário. No começo coletava 2 ton./mês. Hoje, coleta 9, e dá cobertura a 4500 domicílios. 175 COOPERATIVA CAMINHO CERTO PERFIL PARCERIAS GESTÃO A Caminho Certo teve início em 2003. Formalizou-se como cooperativa no mesmo ano. Eram participantes do Programa “Começar de Novo” de geração de trabalho e renda, voltado para pessoas em torno de 40 anos, com baixo grau de empregabilidade. Sem capital inicial nem crédito, restou-lhes a coleta seletiva como alternativa de micro-empreendimento, e o engajamento ao Plano Diretor de Resíduos Sólidos que efervescia. Isso facilitou-lhes o acesso a um terreno público para que se instalassem. Submeteram projetos de “fundraising”. Foram premiados pela Universidade sediada na mesma região, com o que edificaram sua sede e adquiriram um caminhão. As universidades protagonizaram o “set up” da Cooperativa Caminho Certo. A UNICSUL ofereceu-lhe o prêmio em dinheiro e um acordo de fornecimento de materiais recicláveis. A Associação Nacional de Trabalhadores de Empresas de Autogestão (ANTEAG), fomentada pela UNICAMP, ofereceulhe assistência jurídica, capacitação gerencial e aproximação de potenciais parceiros. A Câmara Temática de Reciclagem ofereceu-lhe capacitação técnica. As escolas foram seu público-alvo de fornecedores, mas hoje se orienta preferencialmente para o Setor Privado. É parceira da Cooperativa Nova Conquista, com quem comercializa seu material, e onde realiza sua triagem. Para o seu “set up”, a Cooperativa Caminho Certo desenvolveu expertise e diversificação em “fundraising”, habilidade que aproveita para conquistar novos fornecedores. Pratica uma combinação eficiente entre os modos pedestre e automotivo de coleta, com os 2 caminhões próprios que conquistou, de modo a coletar 18 t/m. Percebendo que não tinha proporcional eficiência na triagem, buscou a parceria da Nova Conquista. Das quatro cooperativas analisadas, é a segunda que obtém maior renda por cooperado. Dá especial atenção aos fundos de reserva para novos investimento e previdência. Porém, enfrenta dificuldades com o absenteísmo e a formação de lideranças sucessoras. 176 CONCLUSÕES Por um lado, as quatro cooperativas acompanhadas têm importantes denominadores comuns. Por outro lado, esses casos apresentam a diversidade característica das associações de catadores da cidade de São Paulo. Portanto, trata-se de uma amostragem mínima que nos legitima a especular sobre a pergunta central: a economia solidária daria conta da coleta seletiva de uma cidade de 10 milhões de habitantes? Nota-se que as conquistas socioambientais obtidas com o Plano Diretor de Resíduos Sólidos foram fundamentais para o crescimento do setor. Ao longo do período, as cooperativas acompanhadas apresentaram aumento significativo de produtividade - 44,35 vezes foi a média de crescimento das quatro juntas, o que representa importante redução do volume final depositado em aterros sanitários. Em termos sociais, a renda dos cooperados triplicou, permitindolhes ultrapassar a linha de exclusão. Em comum, o crescimento das cooperativas pautou-se na expansão da quantidade de domicílios por elas fidelizados. O êxito da coleta seletiva depende da sensibilização de cada domicílio para a causa ambiental, o que os catadores demonstraram fazer com competência superior às grandes concessionárias do lixo comum. Além disso, a separação manual realizada pelos catadores obtém maior valor agregado do que a separação mecânica. Portanto, há razões técnicas para manter a coleta seletiva nas mãos dos próprios catadores. Resta equacionar dois gargalos para que eles maximizem sua função socioambiental. Evidentemente, um deles é concluir o “setting up” das instalações físicas, a fim de que operem com eficiência e dignidade. Antes, porém, é preciso gerenciar as limitações e os conflitos humanos inerentes ao perfil dos catadores e suas associações. Em maior ou menor intensidade, as quatro cooperativas analisadas apresentaram problemas de gestão em função dessas limitações e conflitos. Primeiro, o baixo grau de empreendedorismo. De acordo com pesquisas do SEBRAE, apenas 1% dos brasileiros possui espírito empreendedor, e 9 dentre 10 empresários tornam-se empreendedores 177 por falta de melhor opção. Além destas estatísticas desfavoráveis, pesam contra os catadores a baixa escolaridade e a baixa autoestima, que se manifestam sob suas expectativas assistencialistas. Nas cooperativas analisadas, tornaram-se líderes aqueles catadores dotados de maior vocação empreendedora, ou os mais preparados, em detrimento dos demais, que se acomodaram em comportamentos subordinados. As relações de liderança nem sempre se estabeleceram de forma consensual, muitas vezes motivando o “turn over” de cooperados, sob a hegemonia de uma diretoria fixa. Isto provocou outros problemas comuns às cooperativas analisadas. Por um lado, vicelíderes insatisfeitos montaram suas próprias proto-cooperativas e passaram a disputar o mesmo território de coleta com a matriz. Este foi o caso da Fênix e da Caminho Certo: ambas originaram-se a partir da Cooperativa Nova Conquista, após a primeira fase do Plano Diretor dos Resíduos Sólidos. Por outro lado, exceto a Fênix, as cooperativas não possuem cooperados preparados para a sucessão dos atuais diretores. A alternância periódica da diretoria administrativa é uma condição exigida pela lei brasileira de cooperativismo, além de ser um indicador de boas práticas de gestão, em se tratando de economia solidária. Um segundo gargalo da gestão das cooperativas é a falta sistêmica de controle. Isso tem relação com a falta de formação e a inexperiência empreendedora. Plano de Negócio, Fluxo de Caixa, Gestão de Contratos, Planejamento e Controle de metas de longo prazo são conceitos e práticas gerenciais que as cooperativas desenvolvem com amadorismo e precariedade. Boa parte dos parceiros das cooperativas analisadas dedicou-se a complementar o processo de incubação e “coaching” iniciado a partir do Plano Diretor de Resíduos Sólidos, de modo a mitigar esses gargalos. As experiências do Itaim Paulista focaram-se em capacitação e mediação de conflitos, fazendo uso, inclusive, da ferramenta do sociodrama. Os resultados quantitativos comprovam o impacto positivo dessas parcerias. Mas, a despeito dos esforços do Poder Público e do Terceiro Setor, as cooperativas foram unânimes em apontar a arrogância na abordagem realizada pelos stakeholders 178 da economia solidária, o que registramos, aqui, para a nossa própria reflexão, na intenção de fundir regulação e coaching nos mesmos agentes e no mesmo serviço socioambiental. Curiosamente, sem subsídios e apenas com o “coaching” dos voluntários, a Cooperjuta foi a cooperativa que apresentou maior desempenho na relação entre recursos e produtividade. Em termos absolutos, o melhor desempenho econômico coube à Nova Conquista, aquela que mais se espelhou no modelo empresarial convencional. A Cooperativa Caminho Certo foi o segundo melhor desempenho econômico, onde a universidade demonstrou sua importância para a incubação e a sistematização de tecnologias socioambientais. Na Cooperativa Fênix, o Terceiro Setor ratificou seu papel de formação cidadã, embora tenha faltado agilidade para responder ao desempenho econômico que é esperado também da Economia Solidária. Seguramente, os indicadores alcançados foram bons e seriam ainda melhores se fosse concluído o processo de incubação orientado por um plano de emancipação. Mas faltou tempo, recursos e orquestração das ações de todos os parceiros. Ao Poder Público, além disso, faltaram-lhe instrumentos reguladores de direitos e deveres das proto-cooperativas aspirantes às concessões de coleta seletiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS As quatro cooperativas analisadas animam as expectativas depositadas sobre a economia solidária, ainda que sob ressalvas. A concessão da coleta seletiva para catadores de rua implica necessariamente em um processo de incubação orientada por um plano de emancipação de longo prazo. Envolve investimentos de set up, capacitação e coaching. Depende de ações intersetoriais e de um conjunto diversificado e orquestrado de parceiros. Em termos socioambientais, foram arriscadas as iniciativas inconclusas de São Paulo, embora tenham sido inovadoras e meritórias. As propostas de ambos os modelos - LIMPURB e Itaim Paulista, implicam, evidentemente, em altos custos transacionais que pesam sobre sua eficiência econômica. Contudo, sob a ótica do tripé da 179 sustentabilidade - ambiental, social e economicamente sustentável, a inclusão da economia solidária nas grandes concessões de serviços públicos pode avançar em direção ao Ótimo de Pareto. REFERÊNCIAS KINGDON, J. W. Agendas Alternatives and Public Policies. (revised 2nd. Edition). New York, Harper-Collins, 1995. KOTLER, Philip. Marketing for nonprofit organizations. London, Prentice-Hall, 1975. MATURANA, Humberto R.; GARCIA, F. J. V. De máquinas e seres vivos: autopoiese; a organização do vivo. 3ª. ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997. RIFKIN, J. O Fim dos Empregos. São Paulo, Makron Books, 1995. RUBERG, Claudia. A destinação final dos resíduos sólidos domiciliares em megacidades: o caso de São Paulo. Tese de Doutorado. FAUUSP, 2005. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro, Garamond, 2000. SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente : contra o desperdício da experiência. Para um novo senso comum. Vol. 1, 5ª. ed. São Paulo, Cortez, 2005. 180 DICOTOMIAS DE GESTÃO: REGULAÇÃO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS EM SÃO PAULO Apresentado ao XIII Encontro Nacional da ANPUR: Planejamento e Gestão do Território: escalas, conflitos e incertezas (Sessão ST2.1) Florianópolis, 25 a 29 de maio de 2009. Resumo disponível em http://www.xiiienanpur.ufsc.br/site/index. html, acesso em 16/12/2012 181 DICOTOMIAS DE GESTÃO: REGULAÇÃO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS EM SÃO PAULO 182 Dicotomias de Gestão: Regulação e desigualdades territoriais em São Paulo Apresentado ao XIII Encontro Nacional da ANPUR: Planejamento e Gestão do Território: escalas, conflitos e incertezas (Sessão ST2.1) Florianópolis, 25 a 29 de maio de 2009. http://www.xiiienanpur.ufsc.br/site/index.html 183 4.PROBLEMÁTICA A São Paulo oficial que aparece nos cartões postais está ilhada entre os territórios irregulares da exclusão social. Foto 1 - Bairro (nobre) do Morumbi e Favela Paraisópolis. Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo, 2002. A cidade reflete a imagem do crescente descontrole de parcelamento, uso e ocupação do solo, que se sedimentou ao longo do tempo (Gráfico 1), sobretudo nas regiões excluídas, conforme exposto adiante. 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 COVAS JÂNIO QUADROS ERUNDINA MALUF PITTA Gráfico 1 - Produtividade fiscal Fonte: Keppke, 2007 184 MARTA SUPLICY 5.OBJETIVOS A legislação incide uniforme sobre o território, acumulando 756 leis e decretos reguladores de parcelamento, uso e ocupação do solo. Mas os técnicos da prefeitura estimam que 90% dos domicílios apresentam alguma infração contra essas leis. A diversidade da imagem paulistana reflete que o controle se afrouxou segundo o Mapa da Exclusão Social. A pesquisa visou demonstrar as dicotomias desse sistema de regulação e gestão. 6.METODOLOGIA Os sistemas gerenciais da Companhia de Processamento de Dados do Município - PRODAM apresentam 37 variáveis relevantes sob a ótica de controle do parcelamento, uso e ocupação do solo. O horizonte de tempo da pesquisa tem início no advento da informatização dos dados de controle (1983), e término nos Planos Regionais Estratégicos (2004), promovidos após o Estatuto da Cidade. A produtividade fiscal é mensurada pela quantidade de multas lavradas. A unidade territorial de análise é a subprefeitura. Além disso, foram entrevistados 213 técnicos de Fiscalização e Aprovação de Plantas em 28 das 31 subprefeituras. De acordo com a opinião desses técnicos, foram atribuídos pesos às variáveis. 185 Aplicou-se análise fatorial às variáveis, agregando-as em três indicadores parciais: I. II. Indicador de Oferta de Controle – IO: é mensurado pela quantidade de multas geradas, segundo as matérias fiscais. I. III. Indicador de Demanda de Controle – ID: é mensurado pelas solicitações e reclamações registradas junto aos canais de interlocução com a prefeitura. II. IV.III. Indicador de Condições de Contorno – ICC: avalia recursos ativos e passivos pertinentes ao exercício da fiscalização, tais como população, quantidade de domicílios e Perfil Socioambiental (São Paulo/ Cidade - SPC). Neste indicador, todas as variáveis têm no quociente a quantidade de agentes vistores (fiscais) lotados na subprefeitura. Ao final, agregando-se os três indicadores parciais obteve-se o Indicador Geral de Controle de Uso e Ocupação do Solo – ICUOS, regionalizado por subprefeitura. 5.7.RESULTADOS Nas regiões excluídas (v. Mapa 1), é pior o Indicador de Oferta de Controle – IO (Mapa 2): 186 187 Mapa 1 Perfil Socioambiental Mapa 2 – Indicador de Oferta de Controle Fonte: Keppke, 2007 188 Mapa 3 – Indicador de Demanda por Controle Fonte: Keppke, 2007 189 Mapa 4 – Indicador de Condições de Contorno Fonte: Keppke, 2007 Paradoxalmente, a quantidade de demandas (Mapa 3) é menor nas regiões excluídas (Mapa 1), a despeito do maior descumprimento da legislação e da pior qualidade urbanístico-ambiental. Os mais pobres reclamam menos, de acordo com o Indicador de Demanda - ID Conforme deduzido, o Indicador de Condições de Contorno - ICC (Mapa 4) também é pior nas regiões excluídas. 190 Mapa 5 – Indicador Geral de Controle de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Keppke, 2007 Por conseguinte, o Indicador Geral de Controle de Uso e Ocupação do Solo – ICUOS (Mapa 5) reflete as piores condições de contorno e oferta de serviços de fiscalização nas regiões excluídas: 191 6.8.CONCLUSÕES O Mapa da Exclusão Social é também o mapa do maior ou menor descumprimento da legislação de uso e ocupação do solo. As subprefeituras em piores condições de gestão territorial são as periféricas, socialmente excluídas e novas (implantadas a partir de 2002). Essas condições refletem processos históricos. As regiões excluídas compõem a “cidade clandestina” que se agigantou à margem da legislação de parcelamento do solo (Grostein). A regularidade fundiária é a condição primeira para a regularidade de uso e ocupação do solo. Indigência fundiária: as multas incidem sobre coordenadas de setor-quadra-lote, sem elas, um infrator torna-se imune ao poder de polícia municipal. Apenas a instância judicial alcança as pessoas físicas, mas a esta pouco se recorre, em função do acúmulo de casos mais importantes e urgentes na Secretaria de Negócios Jurídicos (Keppke). Seria esta uma omissão fiscal consentida? Seria uma compensação pela ausência de Política Habitacional? Mas a “cidade clandestina” sempre foi legalmente impedida de receber melhoramentos urbanos, gerando uma pressão cíclica para haver regularização, que se tornou uma prática administrativa periódica em São Paulo (Grostein). A regularização fundiária teve sua viabilidade consolidada e encorajada pelo Estatuto da Cidade de 2001, em complemento à CF/88. Porém, em se tratando de zonas de proteção ambiental, os novos instrumentos urbanísticos são implementados pontualmente. No geral, permanece uma inércia tecnocrática em sentido contrário, a despeito das possibilidades técnicas e legais de mitigação de impactos e reparação de danos ambientais (Martins). 192 A propósito, as barreiras tecnocráticas tendem a exacerbar as barreiras legais. De acordo com os sistemas da PRODAM, apenas 0,15% dos processos de licenciamento culminaram em alvarás, no período analisado. O comportamento legalista ignora a impotência fiscal e a cidade real que cresce infringindo as leis (MARICATO, 1994). Em uníssono, os pensadores do urbanismo paulistano concluem que os improvisos urbanos e, portanto, as infrações que os acompanham são conseqüentes da ausência de políticas habitacionais para os excluídos. De acordo com Boaventura de Sousa Santos, a cobrança de deveres civis é inócua quando aplicada em desproporção aos direitos conquistados pelos segmentos sociais. Um indivíduo não se subordina ao interesse coletivo enquanto não conquista seus direitos universais básicos, e a moradia é um deles (Fig.1). Figura 1 - Pirâmide de Direitos Fonte: Santos, 1994, in Keppke, 2007. 193 Por contraste, as regiões incluídas são auto-reguladas pelo mercado (PORTER, 1989). Os incluídos reclamam maior controle de parcelamento, uso e ocupação do solo (ID). Eles ocupam as regiões com os melhores recursos urbanístico-ambientais e administrativos (ICC), e a prefeitura lhes oferece a maior produção fiscal (IO). A princípio, sem documento de regularidade não há financiamento imobiliário (KEPPKE, 2007). O mercado imobiliário é orientado pelos interesses de localização, qualidade e controle de incômodos demandados pela elite (VILLAÇA, 2001). Prevalece a “soberania do cliente”. Para esse mercado está implícito um código de qualidade, antes mesmo da regulação (PORTER, 1989). Desde as primeiras leis higienistas, a legislação veio estabelecer os padrões mínimos de qualidade para os segmentos excluídos. Mas sempre acabou indevidamente apropriada pelos segmentos sociais acima, com a finalidade de maximizar a mais valia fundiária urbana (Grostein). Observando a impunidade para com as práticas socioespaciais dos excluídos, também os incluídos passaram a desafiar mais e mais a legislação. Esse comportamento é explicado pela “Teoria da Janela Quebrada” (ZIMBARDO, 1969). Para além da omissão está a prevaricação, que se tornou uma ocorrência freqüente, sobretudo nos territórios de inclusão social, de acordo com os Relatórios da Ouvidoria Geral. Os indicadores parciais e o indicador final – ICUOS não estão perfeitamente alinhados com os indicadores das desigualdades socioespaciais. 194 Por um lado, o desempenho fiscal das regiões incluídas sofre refração para pior diante da maior carga de demandas, do legalismo e da prevaricação. Por outro lado, o desempenho das regiões excluídas sofre refração para melhor diante dos motivos opostos, bem como da excepcional produtividade fiscal alcançada por algumas subprefeituras periféricas. Ou seja, a gestão exerce influencia sobre o controle de parcelamento, uso e ocupação do solo. Porém, antes dos atributos de gestão, a pesquisa aponta que a omissão fiscal está atrelada à omissão da macropolítica habitacional para com os segmentos excluídos. Uma solução sustentável para os problemas paulistanos não escapará do enfrentamento desse passivo. Nesta direção, ou destruiremos e reconstruiremos extensos tecidos urbanos degradados, ou faremos maior uso do instrumento da regularização fundiária acompanhada de mitigação de impactos e reparação de danos urbanístico-ambientais. REFERÊNCIAS GROSTEIN, M. D. A Cidade Clandestina: os ritos e os mitos: o papel da “irregularidade” na estruturação do município de São Paulo, 1900-1987. São Paulo, 1987. Tese- Doutorado – FAUUSP. Orientador: Cândido Malta Campos Filho. KEPPKE, R. S. São Paulo, as desigualdades sociais e o descontrole de uso e ocupação do solo. São Paulo, 2007. Tese - Doutorado FAUUSP. Orientador: Ricardo Toledo Silva. MARICATO, E. Reforma urbana: limites e possibilidades uma trajetória incompleta. In: Ribeiro, L. C. Q.; Santos Jr., O. A. dos, organizadores. Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana: o Futuro das Cidades Brasileiras na Crise. Rio de Janeiro, RJ, Ed. Civilização Brasileira S/A, 1994, Terceira Parte, p. 309-325. 195 MARTINS, M. L. R. Moradia e mananciais. Tensão e diálogo na metrópole. São Paulo, FAUUSP/ FAPESP, 2006. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Tradução: Pinho, M..E. Rio de Janeiro, Campus, 1989. SANTOS, Boaventura S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Lisboa, Ed. Afrontamento, 1994. SÃO PAULO (CIDADE), 2002. Atlas Ambiental do Município de São Paulo. VILLAÇA, F. Espaço Intra-urbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel, 2ª. Ed., 2001. ZIMBARDO, Phillip. G.; EBBESEN, E. B. Influência em Atitudes e Mudança de Comportamento. São Paulo, Edgard Blercher, 1969. 196 HOLAMBRA: lessons from the Social Economy for a sustainable city Rosane Segantin Keppke, Celso Capato Paper prepared for the INTERNATIONAL SOCIETY FOR THIRD SECTOR RESEARCH , ISTR’s 9th International Conference July 7-10, 2010 Kadir Has University Istanbul, Turkey Abstract available in http://www.istr.org/?IstanbulAbstracts 197 HOLAMBRA: lessons from the Social Economy for a sustainable city 44 45 Rosane Segantin Keppke , Celso Capato 1.Rationale & Background Holambra is a town in the state of São Paulo with only 9,719 inhabitants. It ranks 155 in the Human Development Index (HDI) among the 5,565 Brazilian municipalities. Its per capita GDP is R$ 45,052.66 Brazilian reais (roughly USD 26,354.21), which is more than twice the state average of R$ 19,547.86 Brazilian reais (roughly USD 11,434.80); São Paulo being the richest state of the Brazilian federation, and Brazil being among the top ten global GNP (World Bank, IMF). The city’s name blends the words Netherlands (“Holanda”, in Portuguese), America and Brazil. The city itself originated in a migration flow encouraged by the Dutch government in the face of post-war desolation. In 1948, about 500 Dutch catholics migrated to the state of São Paulo, bought a farm, and founded a cooperative of dairy cattle. Years later, after some administrative and financial failures, the cooperative shifted its business to the flower industry supply chain. Today, Holambra is the largest flower exporter in Latin America, accounting for a market share of 80% of the exports and 30% of the production of the Brazilian flower industry. It appears that this economic health was attained through the persistence and spread of the cooperative business model. The original cooperative still exists and, alongside its socio-own economic growth, other large 44 45 Doctor in Urban Planning, MsC in Public Management. Former mayor of Holambra. 198 cooperaives have formed in the city, that included nationals and immigrants of other ethnic descents. Veilling (“auction” in Dutch) is the cooperative responsible for the marketing of its approximately 300 small farmers and, despite the global economic crisis, in 2009 it is sustaining the trend of about 10% growth in annual revenues. Associations is intrinsical to the founding and history of the city. Holambra gained the status of city only in 1993. Before then, its land belonged to four other cities but its needs were not addressed in the agenda of any of them. Urban facilities such as road paving and water treatment were provided by the cooperatives themselves. Public services were offered by the community, which was organized in committees for education, health, culture, and sports in order to make them accessible to the entire population. Holambra has important differences in comparison to the other rural cities in the country. The model that prevails in Brazil is based on monoculture, large landowners, and the agribusiness industry. Holambra was established on polyculture, family farming, the cooperative business model, and small farms. It is the Brazilian city with the smallest area per farmer that meets the criteria for high productivity and high added value. Throughout Brazil, the agricultural cities have economically stagnant urban centers. Holambra has a significant urban economy based on tourism and the exhibition calendar of flowers, coordinating with the rural economy. The Brazilian cities – be them urban or rural - have significant social inequalities. Holambra, however, nourished its socioeconomic development with equity, hence its privileged ranking in the HDI for Brazilian cities. Therefore, Holambra seems to be an interesting case study “toward eco-social economics” (SACHS, 2007), validating the theory of sustainable development. Its success lies less in public policy and subsidies and more in endogenous community factors underlying the concept of social capital (Putnam, Lin, Cook, Burt). This study investigates the correlation between high levels of human 199 development and the peculiar cooperative spirit of Holambra, that established a social, economic, and political environment favorable to sustainability. Within a methodology, this hypothesis can be investigated through the analysis of its history, its official data, and interviews with who participated directly or indirectly in this process. 2. Aims & Objectives The objective of this research is to conclude whether associations developed and maintains the city’s social capital (PUTNAM, 1996). The aim is to evaluate how much this influenced favorably the three dimensions of sustainability – economic, social, and ecological. 3. Methodology This document presents a case study built on news and academic readings, few in number due to the fact that this case still is hardly studied, complemented by unstructured interviews with co-ops businessmen and women, politicians, government employees, journalists, and local historians. The essence of this methodology lies on the comparative analysis of performance indicators, over time and geographical space. Unfortunately, the definition of indicators is a recent practice in Brazil, and the measuring time intervals are long. Só the limitation is set from the start with the fact that the census – the basis of every indicator – takes place every ten years and the data derived in the time in-between is thus based on estimates. Our base line is the 2000 Census and the end point will be the 2010 census, which is in progress. For the economic dimension, the city GNP is evaluated, being complemented by a qualitative approach to the diversity and behavior of the economic sectors, with emphasis on the co-op phenomenom and its key players. For the social dimension, traditional indicators are evaluated: 200 the HDI; the Gini Coefficient; the São Paulo State State Index of Social Responsibility (IPRS), which is a state-level comparative indicator that emphasizes the dimensions of wealth, longevity, and level of education, and the São Paulo State Index of Social Vulnerability (IPVS), which is a state-level comparative indicator that emphasizes the social, financial, and family factors in relation to social inequalities. A qualitative approach tests the strenght of the social capital and its potential for accumulation and inclusion. For the ecological dimension there are no specific indicators as those aforementioned. Therefore, this will be a qualitative evaluation measured against that of the other cities in the state. 4.Findings 4.1. The Economic Dimension In a period shorter than ten years, Holambra’s GNP more than doubled, growing 239.73% and thus raising the per capita GNP from BRL 25,451.58 (1999) to BRL 50,978.46 (SEADE, 2007). GNP DEVELOPMENT 500 450 400 millions (U$) 350 300 250 200 150 100 50 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 year Chart 1 – GNP DEVELOPMENT Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/pibmun/tab_ xls/tabelas_pib_municipal.xls) This fact relates to two key factors that took place in this period: the 201 growth of co-ops and the results of political emancipation. In 2001, the co-op originally founded by the dutch immigrants went through a profound restructuring, splitting into three other co-ops: the Veiling Holambra Co-op, the Holambra Raw Material Farm Co-op, and the Holambra Cattle Raising Co-op. The restructuring resulted from the financial and administrative crisis born out of conflicts of interest between the three prevailing economic sectors of the main co-op, all of which opted for the split. In fact, through this division and specialization the co-ops originated were able to reach higher growth levels, specially Veiling, for gathering local and regional producers and taking part first-hand in the blooming national and international flowers market, as mentioned previously. The original co-op, in addition to originating other co-ops, also inspired the launch of several others. “The city of Holambra is small, with about 10 thousand inhabitants, yet has over 20 co-ops, trade unions, and associations. The city offers over 10 thousand jobs”, says Leo Rietjens, who was the president of the original co-op when it split. To its merit, political emancipation helped link the flower supply chain to tourism, generating new economies and jobs. Civil society, through co-ops, has been organizing EXPOFLORA – an annual flower expo - since 1981. This event still happens today and brings in about 280 thousand tourists each year. To this end, the mayor’s office partnered with civil society organizations and made efforts to become a tourist resort in fact and by right, implementing several urbanization and landscaping improvements and thus becoming a picture-perfect city. It also increased the proximity between urban and rural economies; aided the incubation of a chain that includes hotels, restaurants, handmade goods, events, and tourist attractions, with the technical support of the Brazilian Service in Support of Extra Small and Small Businesses (SEBRAE), a national private not202 for-profit organization financed by private business confederations, state-owned enterprises, and the federal government. Picture 1 – EXPOFLORA 2009 Source: author’s picture Currently, in addition to EXPOFLORA, which is made for tourists, there are other annual events for business: ENFLOR (National Florist Meeting), HORTITEC (Horticulture, Protected Culture Farming, and Intensive Agriculture Technology Expo), and the GARDEN FAIR (Gardening and Landscaping Technology Expo). It’s important to note that Holambra became a research and development center for flower gardening, involving high-profile universities and transnational high-tech businesses of this sector. The main economic activity in Holambra is farming and, through the co-op system, the major activities are in the flower industry (the main one), as well as in horticulture, citrus farming, exotic plant gardening, the farming of pig, chicken, and dairy products, as well as other products from small farmers. 203 GNP DISTRIBUTION BY ECONOMIC SECTOR (%) 20% 17% 63% Farming Industry Trade & Services Chart 2 – GNP DISTRIBUTION BY ECONOMIC SECTOR (%) Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php) The urban lifestyle is increasing the GNP contribution from industries, trade, and services. Thus was created a virtuous cycle of diversification and economic development sustained by the business models of cooperatives and of associations. 4.2 The Social Dimension POPULATION GROWTH 12000 10000 inhabitants 8000 6000 4000 2000 0 1996 2000 2007 year 204 2009 Chart 3 – POPULATION GROWTH Source: IBGE (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) Despite its small size, Holambra has had a significant population growth, with annual rates between 2 and 3%, a growth accompanied by high social indicators, in urban areas as well as rural ones. In fact, in one decade its HDI raised 10 percent, a signifcant amount for an indicator that ranges from 0 to 1 to evaluate 5,564 Brazilian cities. 1991 2000 HDI 0.746 0.827 Table 1 – HUMAN DEVELOPMENT INDEX (HDI) 1991 - 2000 Source: PNUD (http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%20 91%2000%20Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20 de%202000).xls) Since the creation of the São Paulo State State Index of Social Responsibility (IPRS), in 2000, Holambra has remained in “Group 1 – Cities with high levels of wealth and good levels in social indicators”, which is the top group. And it is noticeable that there is a strong trend of improvement in the three dimensions this indicator focuses on: wealth, longevity, and level of education. IPRS - WEALTH IPRS - LONGEVITY IPRS – LEVEL OF EDUCATION 2004 49 70 64 2006 51 78 93 Table 2 – IPRS 2000: São Paulo State State Index of Social Responsibility Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php) These indicators for Holambra are better than those of its neighboring cities of São Paulo state, which is the wealthiest state in Brazil, even when compared to the metropolitan region of Campinas, which is the wealthiest region of its countryside. 205 HOLAMBRA Infant mortality rate (per 1000 0 inhabitants) SÃO PAULO STATE 13.07 Mortality rate of people between ages 15 and 34 (per 100 thousand inhab.) Homes with a comfortable amount of space (%) Per capita income (minimum wages – m.w.) Per capita income of up to ¼ of the m.w. (%) Gini Index 59.16 127.5 90.57 83.22 3.13 2.92 0.91 5.16 0.43 0.59 Table 3 - FAVORABLE COMPARATIVE INDICATORS Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php) The table above shows that the infant/child mortality rate is zero. The mortality of the young population is half of the average of the state of São Paulo, which is plagued by homicides in this age group. The homes have a comfortable ratio of area per resident. The average monthly income is higher than the state´s, and in Holambra the population segment living below the poverty line is smaller. Social inequalities are smaller than the state average, according to the Gini coefficient. 206 Map 1 – GINI INDEX MAP FOR THE STATE OF SÃO PAULO Poverty and inequality map – Brazilian cities 2003 Poverty rate (%) Source: IBGE (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) But on the other hand, summary indicators can conceal some specific unfavorable indicators. Illiteracy Rate (%) Average years of studies Population with less than 8 years of studies (%) Population of high school graduates (%) Average earnings under formal employment contracts (BRL) Mortality rate of people aged 60 or older (per 100 thousand inhab.) Access to water supply (%) HOLAMBRA 8.05 6.57 64.87 SÃO PAULO STATE 6.64 7.64 55.55 29.53 41.88 873.2 1524.67 4096.05 3750.8 88.91 97.38 Table 4: UNFAVORABLE COMPARATIVE INDICATORS Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php) This table shows that the illiteracy rate in Holambra is greater than the state average and that its population has lower levels of education. The salaries are lower than the São Paulo state average. The elderly population is more vulnerable to to an earlier death. The public water supply is below the state percentage. These indicators show that there still are weaknesses in the provision of public policies and services, só there is much to be done. Such gaps are noticeable in the São Paulo State Index of Social Vulnerability (IPVS), as shown in the chart below: São Paulo State Index of Social Vulnerability - IPVS 35 32,1 percentage of population (%) 30 28,7 25 23,3 22,2 20,2 20 17,6 16,1 15,5 15 9,8 10 6,9 7,5 5 0 0 very good good low vulnerability average high vulnerability very high level of vulnerability São Paulo State Holambra city Note: Populational distribution, according to the grouping in the São Paulo State Index of Social Vulnerability – IPVS (2000) 207 Table 5 – COMPARATIVE IPVS FOR HOLAMBRA VS. SÃO PAULO STATE Source: SEADE (http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php) Paradoxically, Holambra has a high São Paulo State Index of Social Responsibility (IPRS), which is at once tainted by a significantly high São Paulo State Index of Social Vulnerability (IPVS). This shows that, despite great summary indicators, Holambra does have hotspots of inequality and social vulnerability. The co-ops certainly distributed wealth horizontally to their members, their employees, and, indirectly, to a wide portion of the economically active population of the city. But is not the universal panacea for social inclusion and equity. On the one hand, Holambra is a popular destination for regional migration flows, due to its economic opportunities, quality of life, and easy access to housing. On the other hand, employability and wage relations are governed by the law of supply and demand, which is driven by regional standards that favor the employer at the expense of the salaries of the city locals, who now feel threatened by the labor reserve made up of new immigrants Unfortunately, sociospatial inequalities and their relationships linger on in Brazil, with the state of São Paulo being its leading stage for over a century. In the view of the former president of the Holambra and Veiling Farming Co-Op: Cooperation does not entail a communist approach to the sharing of the economic activity, employment, and the means of production. Cooperation is, in fact, about promoting mutual help in order to join activities when doing so leads to economic advantage. (...) For the city, cooperation entailed a gain that led to better economic efficiency and improved human behavior. Through the system of co-ops, there is better income distribution in our society. There is a better distribution of assets that, in Holambra, led to the emergence of small land ownership, for example (...) 208 This city has shown the country that cooperation provides better social, sociopolitical, legal and economic prospects. FInally, cooperation and development go hand in hand in Holambra. (Leo Rietjens for Setembro Magazine/2008, year X, no. 10, p. 26, Special Issue “60 years: Dutch immigrantion in Holambra) 4.3. The Ecological Dimension Holambra displays relevant differences in its social and ecological practices in comparison to the rest of Brazil. It was mentioned that Holambra differs in that it has very small farms, mixed farming, and high land yield in rural areas, thanks to the model introduced and strengthened by the Holambra Farming Co-op. In the rest of Brazil, in contrast, what prevails is monoculture and deforested land with low yields, legacies of the colonial model centered on the large landowner and the export monoculture cycles. The urban areas, too, differ from other Brazilian cities, for the size of the land plots, with their gardens and houses, and for there being more squares, and public parks and lakes, so that the marketing of the city is based on the green that frames the flowers. The embryo of this urban typology is a model adopted by the Holambra Farming Co-Op, that built houses for its members and employees, and then created land plots. The model for an anthropic environment was primarily a consensus of civil society, later ractified into law in the current Master Plan. This involved the City Council for Urban Development, comprised of representatives of NGOs, organizations, co-ops, technicians from the local government, associations, and unions, all of which apply their controls permanently. Holambra has no areas of contamination, or environmental liabilities, but there are some areas vulnerable to floodings, landslide, and erosion. The city does not yet have the tools for inspections, water resources management, environmental management, or environmental permits. And, according to CETESB - the environmental agency of São 209 Paulo State), on a scale ranging from 0 to 10, the Quality Index for Household Waste Landfill (IQR) decreased from 8.7 to 6.8 between 1997 and 2004, though it remains within the range of “controlled situation”. Note, therefore, that public service is struggling to keep up with the population growth and to position itself at the forefront of environmental management. 4.4 Closing Considerations Holambra has the co-op model at its origin. The Dutch immigrants who founded it were already members of one in their homeland: the Katholieke Nederlandse Boeren-in Tuinsdersbond - KNBTB (Catholic Farmers and Horticulturists Organization of Holland). Once established in Brazilian territory, they kept the co-op model, overcame severe crises, got over dissent, included native coop members, reinvented themselves, and created thousands of jobs bringing income to the region, while preserving the sense of solidarity, but without breaking apart from economic efficiency and never selling an image of utopian socialism. Community growth led to the creation of a city. The local and vicinity paths became streets and roads. Community initiatives came before the public services infrastructure for health, education, sports, culture, and leisure. The Holambra Community - the “town hall” of the original co-op - empowered the politicians responsible for the emancipation of the city. The cooperative model brought about other forms of association and civil society organization. The Community created the Tourism Council, which arranged for the city´s legal status as tourist resort. Later on they created the City Council for Urban Development, which applies the social controls of the town hall. The co-ops are no longer the “town hall” of the city, but they lead the organization of its intense business and tourism events calendar. To this end, they are partners with the town hall in maintaining their 210 picture-perfect landscaping. They support community projects and have social responsibility practices. Cooperation certainly has planted the seed in Holambra for civic virtue (Putnam) and has accumulated social capital (PUTNAM, 1996; LIN, COOK., BURT, 2001). This is the basis of its sustainable process for development (Sachs), one which apparently not even the surrounding socio-spatial inequalities threaten to destroy. Key References: CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, last visit on June 5th, 2010 http://www.cetesb.sp.gov.br/Noticias/004/05/21_lixo.asp EMPLASA – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano Sociedade Anônima, last visit on June 5th, 2010 http://www.emplasa.sp.gov.br/portalemplasa/UITs/Campinas/ Holambra.pdf HDI – Human Development Index, last visit on June 5th, 2010 http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%2091%2000%20 Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).xls HOLAMBRA –oficial site, last visit on June 5th, 2010 www.holambra.sp.gov.br IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, last visit on June 5th, 2010 http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 211 IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social, last visit on June 5th, 2010 http://www.seade.gov.br/produtos/iprs/pdf/metodologia.pdf IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, last visit on June 5th, 2010 http://www.seade.gov.br/produtos/ipvs/pdf/metodologia.pdf LIN, N., COOK, K., BURT, R. (2001, eds.): Social Capital – Theory and Research. Hawthorn, NY: Aldine de Gruyter. PNUD (UNDP) – United Nations Development Program/ Brazil, last visit on June 5th, 2010 http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%2091%2000%20 Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).xls PUTNAM, R. D. (1996): Comunidade e Democracia: a experiência da Itália Moderna. Rio de Janeiro: FGV. Revista Setembro (2008), Ano X, No. 10. “60 Anos: Imigração holandesa em Holambra”. Holambra: Editora Setembro. RIETJENS, L. (2008): A Arte de Cooperar. Curitiba: Juruá. SACHS, I., VIEIRA, P. F. (2007, eds.): Rumo à Ecossocioeconomia – Teoria e Prática do Desenvolvimento. São Paulo: Cortez. SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, last visit on June 5th, 2010 www.seade.sp.gov.br 212 CROSS-SECTOR PARTNERSHIPS IN HEALTHCARE: A contribution to the debate around marketization Paper presented at the 10th INTERNATIONAL CONFERENCE SIENA, ITALY – july/ 10-13, 2012 Democratization, Marketization, and the Third Sector http://www.istr.org/?SienaAbstracts Rosane Segantin Keppke, Anivaldo Solano Santos, André Luiz Araújo Casadio [email protected]; [email protected]; [email protected] 213 214 CROSS-SECTOR PARTNERSHIPS IN HEALTHCARE: A contribution to the debate around marketization (Paper presented at the 10th INTERNATIONAL CONFERENCE SIENA, ITALY – july/ 10-13, 2012 Democratization, Marketization, and the Third Sector) http://www.istr.org/?SienaAbstracts Rosane Segantin Keppke, Anivaldo Solano Santos, André Luiz Araújo Casadio [email protected]; [email protected]; [email protected] 1.INTRODUCTION Brazil, as a developing country, has faced a crucial problem: its economic growth generates high expectations for increasing development and improved welfare policies. To reach these goals as quickly as expected, the growth of public resources would have to exceed the emerging economic growth. The public-private partnerships have been an attractive strategy for project finance in order to improve or create physically infrastructure, specifically, such as roads, seaports, airports, and utilities (BRESSER-PEREIRA & SPINK, 1998); But how should social policies be financed? Differently from the developed countries, developing countries did not implement the welfare state. Consequently, there was and there is much to be done for the lack of public policies. Since the managerial reform, in 1995, in order to expand services and improve their quality, government has engaged Third Sector Organizations (TSOs) to implement health, education, sports, arts and social policies. Throughout Brazil, people perceive the healthcare system as the weakest link of the public sector. The most economically important state in the country, São Paulo, has contracted TSOs to change this unfavorable perception on health policies. The gains in efficiency and effectiveness should happen in the long term. However, in the short term, the expansion of public policies has clearly increased the 215 public budget. Nonetheless, after that policy, the TSOs’ performance indicators have been favorable in comparison to the previous model, which relied on government provision (SEIXAS, 2003; SANO & ABRUCIO, 2006). 2.THE CASE STUDY Nowadays, inspired by the Spanish model, São Paulo city - the capital of São Paulo state is encouraging the Private Finance Initiative (PFI) for building and managing facilities for provision of health infrastructure, hopeful to decrease the startup investments. The private partners finance buildings and their complete set of equipments, in exchange they are contracted to provide facilities management in the coming years or decades, depending on the investments. The new or upgraded health infrastructure is placed under the management of the TSOs, that follow targets and performance indicators set by the government. These targets and indicators are monitored by the City Health Board, a kind of Civil Society Organization (CSO) for social control. With this institutional design, the public sector can focus on governance, in accordance with the New Public Management and its influences. This case study discusses the risks and opportunities found in this model, contributing to the debate around marketization in its many trends The research is based on the government bidding for publicprivate partnerships for the building or modernization of 16 health infrastructure units (hospitals and diagnostic centers) in the city of São Paulo, in order to benefit part of its 11 million inhabitants. The project is still in the implementation phase, so the analysis is limited to the making of and to the previous experiences that yielded such innovations in São Paulo´s health policies model. In this model (fig. 1), the private partner finances the hospital and diagnostics center infrastructure, and holds the contract of facilities management services as reward: laundry, cleaning, sterilization, hotel, nutrition, information technology, laboratory equipments and 216 their maintenance. In its turn, the health TSOs develop the medical assistance services. The payment for facilities management services are based on: a) Availability Quota: payment that is insured for the infrastructure financed by the private partner, plus payment for variables of services as per bed occupancy and exams performed. Fig. 1 – Cross-sector model diagram Source: City Health Department, 2012 217 b) Performance Quota: performance quantified by inelastic supply of facilities services, plus performance qualified as per the volume and quality of facilities services provided. There are 300 quality indicators, and non-conformity to any of them results in financial penalties. The medical assistance services provided by the TSOs are paid according to costs estimated for human and material resources, medicines, and other clinical supplies. The Management Contract is not based on individual costs per procedure, but on productivity and quality goals set, which, if not met, have consequence ranging from financial penalties to contract voidance. The model in issue (Table 1, Model C) will co-exist with legacy models and other new cross-sector models: Project Finance Medical Assistance Services Facilities Management Services Model A Public Public Model B Public TSO Public TSO Public Health Model Model C D Private Private TSO Public Private Private Private Health Model E Private Private Private Private Private Private Table 1 - Current cross-sector roles Source: City Health Department, 2012 Facilities Management Services: (laundry, cleaning, sterilization, hotel, nutrition, information technology, laboratory equipments) Legacy models New models This is the first Public Private Initiative (PPP) to finance health infrastructure in the city of São Paulo, where there are 12 health TSOs operating and eligible to manage new hospitals and diagnostic centers. 218 Map 1: Area of operation of TSOs Source: City Health Department, 2012 Map 2: Public Private Partnerships (PPPs) Source: City Health Department, 2012 219 According to the regulatory agency, some of the units will stay purely public. The diversity of cross-sector models will allow for benchmarking, which entails the standardization of productivity indicators and the recognition of better price-performance evaluations of public health services. Benchmarking can also reduce the problems of agency, the adverse selection of information, and the moral hazards involved in management practices (ARROW, 1985). Delegating the hospital care to the private or third sector has been a trend. Historically, the Third Sector has been at an advantage for being a pioneer in this “market”. After all, it exists since before healthcare was provided by the public or private sectors. Nowadays, even the private health sector (supplementary) relies on TSO hospitals (Fig. 2a, 2b). According to the City Health Department, in 5 years of working with health TSOs, the following improvements were noticed: • Incoming of over 12 thousand healthcare professionals • Increased supply of primary, secondary and tertiary medical care • 25% increase in the supply of secondary and tertiary medical care (hospital bed utilization levels) • Decrease in wait time and increase in the efficiency of network reach in primary care • High level of customers’ satisfaction according to surveys According to the health department, PPPs don’t “privatize the health care system”, but rather “publicize the health care system”, since that private investment is transferred to public health infrastructure. To this end, a fair return on investment is foreseen, slightly more attractive than traditional investments. 220 Fig. 2a, 2b - Prevailing functional/ sector arrangements 221 The new models confirm the trend in the third generation of managerial reform in Brazil: I. First generation (90’s): emphasis on privatizations and public concessions, in order to decrease public debt. II. Second generation (starting in 2000): emphasis on publicprivate partnerships, as a strategy for infrastructure project finance. III.Third generation (current): emphasis on private management, as strategy for efficiency gains in providing public goods and services. o Evidence that private and non-governmental management has been preferred over management by the public sector: The Brazilian Development Bank (BNDES), a public bank, will finance the private partner at lower interest rates Management contracts could be developed into the public agencies themselves, as it is done in France. However, this option was not chosen, and management contracts are addressed to TSOs (DI PIETRO) 3. RISKS AND OPPORTUNITIES STAKEHOLDERS Government OPPORTUNITIES Delegate service provisions focused on strategic management; cross-sector benchmarking; decreased cost in the long-term (due to market efficiency) Private Sector Market growth Third Sector Growth in management contracts Growth in service supply; improved quality; social control Become contract managers Society Public Servants 222 RISKS Inefficient regulation; problems of agency; high transactional costs; administrative discontinuity; contracts involving corruption; cross-sector demoralization Economic, managerial and legal instability Economic, managerial and legal instability Omissions in social control Sharp decrease in the quantity of public servants, impacting their retirement plan negatively Table 2 - Summary of risks and opportunities for stakeholders In general terms, the opportunities found in this model are: the feasibility to finance health infraestructure through public-private partnerships; management excellence through highly credible health TSOs; and public sector gains in governance, efficiency and effectiveness (SALOMON, 1987; ZIMMER, 2010). But to attain this cross-sector efficiency and effectiveness, the model has to survive the inertia that comes with changes in political leadership, discontinuity of public policies, government inefficiency, and corruption, given that the government and parliament are highly vulnerable to said risks (TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2006; MURPHY, 2010). Moreover, the international crisis pushes against the broadening of public policy and, consequently, this project. Cross-sector partnerships can benefit most stakeholders (Fig. 4). However, they require stronger efforts to achieve good multi-level governance on the part of the public, private and third sectors, else the transactional risks and costs can surpass the gains. For this reason, the effectiveness of social control is a key premise for the success of the new models. According to SANO & ABRUCIO (2006), there is a strong tradition of societal participation into the city health boards. But the accountability, responsibility and information system is fragile. Also, there is weak parliamentary control. However, said frailties were even worse when the public sector was single-handedly operating the healthcare system. Therefore, the preference for one or other sector is not justified by these frailties. They do, however, justify a comparative approach, especially with international experience of those who led cross-sector innovation, the ideological mainstream and theoretical framework. 223 4. REFERENCES ARROW, K. J. (1985) Principal and agents: the structure of American business. Boston: Harvard Business School Press. BRESSER PEREIRA, L. C., SPINK, P. K. (eds.), (1998). Reforma do Estado e administração pública gerencial [State reform and managerial public administration]. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas. DI PIETRO, M. S. Z. Contratos de Gestão: contratualização do controle administrativo sobre a administração indireta e sobre as organizações sociais. [Management contracts: the contracting of the administrative control of indirect administration and social organizations] In http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/ revistaspge/revista2/artigo9.htm (06/06/2012) MURPHY, J (2010). The Dark Side. In R. TAYLOR (ed.). Third Sector Research, New York: Springer Publications, (pp. 253 – 268). SALOMON, L. (1987). Partners in public service: The scope and theory of government – nonprofit relations. In W. W. Powell (ed.), The Nonprofit Sector: A Research Handbook, New Haven: Yale University Press, (pp. 99 – 117). SAO PAULO CITY HEALTH DEPARTMENT (2012). In http:// www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/ (06/06/2012) SANO, H., ABRUCIO, F. L. (2006). Promessas e resultados da Nova Gestão Pública no Brasil: o caso das Organizações Sociais de Saúde em São Paulo [Promises and results of the New Public Management in Brazil: the case of Health TSOs in São Paulo]. Revista de Administração de Empresas – RAE, (48) 3 (ISSN 00347590), pp. 64 – 80. SEIXAS, P. H. D. (2003). As Organizações Sociais de Saúde em São Paulo, 1998-2002: uma visão institucional. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV/EAESP Área de Concentração: Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Malik. [The 224 Health TSOs in São Paulo, 1998-2002: the establishment view. Dissertation presented to the FGV/EAESP Continuing Education course. Focus: Hospital and Healthcare System Administration, as a requirement for the attainment of the title of Masters in Administration. Advisor: Prof. Dra. Ana Maria Malik] TRANSPARENCY INTERNATIONAL (2006). Informe Global de la Corrupción 2006: corrupción y salud. [Global Report on Corruption 2006: corruption and health] In http:// www.transparency.org/publications/gcr/gcr_2006#download (06/06/2012) ZIMMER, A. (2010). 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