DEFORMAÇÃO PLÁSTICA DOS METAIS • Quando a tensão supera a de escoamento iniciam-se as rupturas das ligações químicas e os movimentos atômicos no interior dos materiais. • Essa deformação é permanente e não modifica o reticulado atômico já que os movimentos são sempre de um número inteiro de parâmetros de rede • Como os átomos tem uma tendência a rolarem uns sobre os outros, são os esforços de cisalhamento os responsáveis pelos movimentos atômicos. • Desta forma mesmo os esforços externos sendo de tração ou compressão, as tensões responsáveis pela deformação plástica serão as de cisalhamento • No caso dessas forças, as tensões de cisalhamento responsáveis pela deformação serão componentes desses valores externos. As tensões de tração e compressão externas se transformam em componentes de cisalhamento no interior dos materiais • • • Observou-se que a força necessária na prática, para se fazer um plano escorregar sobre outro era 20 X menor que o valor teórico calculado. Isso se deve a presença de um defeito em linha que todos os materiais cristalinos possuem chamado de discordâncias As discordâncias são planos incompletos de átomos gerados no momento da cristalização devido a má formação dos planos vizinhos Discordância em cunha ou de aresta: Imperfeição em linha • (a) Um cristal perfeito; • (b) Um plano extra é inserido no cristal (a); • O vetor de Burgers ḃ equivale à distância necessária para fechar o contorno formado pelo mesmo número de átomos ao redor da discordância de aresta. Imperfeições Cristalinas em Linha Discordâncias em Hélice Há dois tipos de discordãncias, a em cunha (a) e a helicoidal (b) ou em espiral. Quando as duas aparecem juntas no material tem-se as discordâncias mistas ou combinadas Características das discordâncias: Geram tensões de tração e compressão no reticulado próximo, além disso podem se repelir (a) ou se anular (b) dependendo da localização dessas forças. Sistemas de escorregamento • As discordâncias se movem preferencialmente em direções e planos de maior densidade atômica entre as existentes no sistema cristalino. Ao lado um plano de escorregamento e suas 3 direções possíveis dentro desse plano para o sistema C.F.C.. Um dos planos de escorregamento e uma direção de escorregamento para o sistema C.C.C. Os 3 sistemas de escorregamento para o sistema hexagonal compacto são os planos basais e o central Número de sistemas de escorregamento e sua influência na deformabilidade dos metais • Os metais com estrutura C.F.C. tem 12 sistemas de alta densidade atômica.Ex:Cu, Al, Pb, Ag Au etc... • Os metais C.C.C. tem 48 sistemas mas com menor densidade atômica. De maneira geral, esses metais deformam menos até a ruptura que os metais C.F.C.Ex:Fe α, Mo, W, Cr Nb • Os metais HC possuem planos de alta densidade atômica mas em número apenas de 3, o que os torna materiais normalmente frágeis. Escorregamento em monocristais • • • O mecanismo de escorregamento e de deformação plástica, pode ser, inicialmente, mais facilmente entendido em monocristais podendo-se depois extrapolá-lo para policristais. As forças causadoras da def. plástica são de cisalhamento mas muitas vezes as forças externas são de tração ou compressão como já foi dito. A intensidade da força de cisalhamento atuante sobre os planos dependerá da força externa e dos ângulos dessa força em relação ao plano e a direção de escorregamento. Quando qualquer dos ângulos forem 90º a força de cisalhamento responsável pelo escorregamento será nula. Se forem de 45º será máxima. A soma dos ângulos não são em geral 90º uma vez que a força e as duas direções não necessitam estar contidas em um mesmo plano. Deformação plástica em materiais policristalinos • • • • O escorregamento é mais complexo devido ao grande número de grãos com orientações diferentes Cada grão possuirá planos e direções de escorregamentos com ângulos distintos dos vizinhos, mesmo se tratando do mesmo sistema de escorregamento. (orientações cristalinas diferentes em cada grão) Quando se supera a tensão de escoamento inicia o movimento das discordâncias nos grãos melhores orientados com a tensão externa aplicada em relação ao sistema de escorregamento preferencial.Os grãos vizinhos, não tão bem orientados, terminam dificultando a deformação do primeiro. Além das dificuldades das discordâncias passarem pelos contornos de grão. Essas restrições fazem dos materiais policristalinos, materiais mais resistentes que os monocristais. A deformação generalizada causa distorções também nos grãos indicando o sentido da deformação. Efeito do contorno de grão na resistência dos materiais • Quando uma discordância encontra um contorno de grão ela tem que mudar de direção já que o sistema de escorregamento também muda. Além disso a região do contorno (de 2 a 10 Å) é conturbada onde os átomos não tem uma organização definida. • Assim quanto menores os tamanhos de grão mais contornos estarão no caminho das discordâncias necessitando de mais força de cisalhamento sobre os planos para realizar a deformação plástica. O material fica mais resistente. Concentração de discordâncias na região adjacente a um contorno de grão. Microscópio eletrônico de transmissão 60.000 vezes Encruamento nos metais • Quando se deforma um metal em baixas temperaturas ( trabalho a frio) ele se torna mais duro e mais resistente ao mesmo tempo em que se torna menos dútil ou mais frágil. • %Tf= (Ao – Af / Ao) x 100 • O encruamento é explicado pela interação dos campos de deformação das discordâncias, que são aumentadas pela deformação, exigindo cada vez mais força para seguir deformando. Movimento das discordâncias em analogia com a movimento de um tapete:Antes e após trabalho a frio INÍCIO DA DEFORMAÇÃO PLÁSTICA A FRIO ENCRUAMENTO, INTERAÇÃO ENTRE UM NÚMERO CRESCENTE DE DISCORDÂNCIAS: A FORÇA NECESSÁRIA AUMENTA Recuperação, recristalização e crescimento de grão • Para anular os efeitos do encruamento e voltar a ter as propriedades anteriores à deformação plástica deve-se fazer um tratamento térmico chamado de recozimento para recristalização que possui 3 etapas: • Recuperação: ocorre um alívio de parte das tensões internas. • Recristalização: (temperatura entre1/3 e 1/2 da temperatura absoluta de fusão, em K ) Nucleiam novos grãos no material com a forma anterior à deformação e as propriedades mecânicas voltam aos valores originais • Crescimento de grãos: Após a recristalização estar completa, os novos grãos continuarão a crescer, prejudicando as propriedades mecânicas e a resistência ao choque Influencia da temperatura de recristalização Influência do percentual de trabalho a frio na temperatura de recristalização Temperatura de recristalização (temperatura em que o material recristaliza em 1 hora) e de fusão para diversos metais e ligas Tipos de conformação mecânica • Deformação a frio: • Deformação a morno: Ocorre em temperatura abaixo da temperatura de recristalização do metal ou da liga. Nesse tipo de conformação há mudanças das propriedades (encruamento). A precisão dimensional e melhor e o acabamento superficial também. • Exemplos: Laminação, trefilação, estampagem • Ocorre a temperatura superior a de recuperação evitando uma parte das tensões residuais geradas pelo processo. No entanto há encruamento. • Deformação a quente: • Ocorre a temperaturas superiores a temperatura de recristalização. Não há encruamento (o material recristaliza instantaneamente) o que permite grandes deformações e com menores esforços. • Exemplos: Laminação, forjamento, extrusão. Vários processos de conformação mecânica que envolvem deformação plástica Forjamento Laminação Extrusão Dobramento Trefilação Matriz Estiramento Embutimento Profundo Cisalhamento Laminação de metais Diversos perfis e barras feitas por conformação por laminação Forjamento em matriz aberta (esquerda) e em matriz fechada (direita)