UERJ CRR FAT Disciplina Tópico 7A CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Deformação plástica nos metais policristalinos Movimentos de discordâncias em soluções sólidas Quando um átomo de impureza está presente num metal, a energia associada a uma discordância é menor que no caso de um metal puro. Assim, quando uma discordância encontra átomos estranhos, seu movimento é restringido porque se torna necessário fornecer energia de forma a liberá-la para o deslizamento. Daí resulta que uma solução sólida metálica tem sempre maior resistência que os metais puros, fenômeno conhecido como endurecimento por solução. Propriedades dos metais deformados plasticamente A deformação plástica deforma a estrutura interna de um metal, logo espera-se que ela também mude as propriedades de um metal. Evidências disto podem ser obtidas em medições de resistividade. A estrutura distorcida reduz o livre caminho médio dos elétrons e, portanto, aumenta a resistividade. Isto pode ser visto na figura 07.1 a seguir. Uma segunda mudança importante nas propriedades de interesse para a engenharia é a resistência mecânica. Os metais deformados plasticamente se tornam mais fortes, devido ao fenômeno do encruamento. Figura 07.1 Resistividade elétrica versus trabalho a frio (redução de área em %) 1 UERJ CRR FAT Disciplina CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Encruamento Embora as discordâncias contribuam para a deformação plástica, elas interferem no movimento de outras discordâncias. Os entrelaçamentos de discordâncias aumentam a tensão crítica de cisalhamento, c e, portanto, a resistência do material. A figura 07.2 dá uma idéia dessa situação. Figura 07.2 Discordâncias em aço inoxidável deformado plasticamente mostrando o entrelaçamento de discordâncias que caracteriza o encruamento. Aumento de 30.000 vezes em microscópio eletrônico (MET). O aumento de dureza decorrente da deformação plástica é denominado encruamento. Ensaios de laboratório mostram que o aumento de dureza é acompanhado por um aumento nos limites de resistência e ao escoamento. Por outro lado, o encruamento reduz a ductilidade. Isto pode ser visto na figura 07.3. 2 UERJ CRR FAT Disciplina CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Figura 07.3 Trabalho a frio versus propriedades mecânicas em latões. Recristalização A recristalização é um processo de crescimento de novos cristais a partir de cristais previamente deformados. Os cristais deformados plasticamente, como os da figura 07.4 a seguir, têm mais energia do que os não-deformados, pois estão carregados de discordâncias e defeitos puntuais. Havendo oportunidade, os átomos irão se deslocar visando um arranjo mais perfeito e sem deformação. Tal oportunidade aparece quando os cristais são submetidos a temperaturas elevadas, através de um processo denominado recozimento. As elevadas vibrações térmicas do reticulado em altas temperaturas permitem um rearranjo dos átomos em grãos menos distorcidos. A figura 07.5 mostra o progresso dessa recristalização. 3 UERJ CRR FAT Disciplina CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Figura 07.4 Cobre policristalino deformado plasticamente, observado em microscópio ótico, com aumento de 25 vezes. Notar os traços dos planos de deslizamento. Figura 07.5 Recristalização de latão encruado, vista ao microscópio ótico com aumento de 40 vezes. 4 UERJ CRR FAT Disciplina CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Temperaturas de recristalização Na figura 07.6 notamos uma queda acentuada da resistência do aluminio numa amostra mantida por uma hora a 300ºC. Com uma deformação inicial de 75%, esta amostra foi quase totalmente recristalizada naquele período. Em contraste, amostras aquecidas durante uma hora a 200ºC retêm, quase que inteiramente, sua resistência máxima obtida durante a deformação a frio de 75%. A figura mostra um exemplo de temperatura de recristalização, TR, neste caso de aproximadamente 270ºC, onde a microestrutura e a resistência variam drasticamente. A temperatura de recristalização é determinada por vários fatores. Em geral, ela está situada entre 0,3 e 0,6 Tm, onde Tm é a temperatura absoluta de fusão do material. Figura 07.6 Limite de escoamento versus temperatura de recozimento para o aluminio. 5 UERJ CRR FAT Disciplina CIÊNCIA DOS MATERIAIS A. Marinho Jr Trabalho a quente e trabalho a frio nos metais Nas operações de produção distingue-se trabalho a quente de trabalho a frio, não apenas pela temperatura, mas pela relação entre as temperaturas de processamento e de recristalização. O trabalho a quente refere-se aos processos de conformação realizados a temperaturas acima da de recristalização. O trabalho a frio, os realizados abaixo daquela temperatura. Comportamento de metais policristalinos Os metais policristalinos deformam-se de modo diferente dos monocristalinos. O monocristal HC da figura 06.10 vista anteriormente não foi afetado por cristais adjacentes. Ao contrário, na figura 07.4 fica evidente que o grão central de cobre não escoou independentemente de seus grãos vizinhos. Revisão 00 Março de 2009 6