RESIGNIFICANDO AS PRÁTICAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DOS FUTUROS EDUCADORES DO CAMPO DO COLÉGIO ESTADUAL PROFª: RAIMUNDO MENDONÇA DE ARAÚJO. Maria Vanuzia Soares dos santos1 Maria Leliana Vieira2 Sandra Santos de Jesus3 EIXO TEMÁTICO: 4. Formação de Professores Memória e Narrativas RESUMO: O presente trabalho objetiva relatar algumas reflexões a partir dos resultados obtidos através do desenvolvimento de uma oficina pedagógica sob a forma de estágio supervisionado com educandos do 3°ano normal “B” (magistério) do Colégio Estadual Profª: Raimundo Mendonça de Araújo, no município de Indiaroba/SE. Refletimos á luz de um ensino de matemática que trabalha com o contexto de vida do educando partindo da sua realidade social, acontecimentos históricos, e culturais. Neste, trabalho ressaltamos a importância de se trabalhar na formação de educadores a educação matemática através do ensino concretos partindo de saberes que fazem parte do contexto social e cultural do educando. PALAVRAS CHAVES: Prática no ensino de matemática; O fazer pedagógico; formação de educadores. RESUMEN: Este trabajo tiene como objetivo informar de algunas reflexiones a partir de los resultados obtenidos a través del desarrollo de un taller educativo en la forma de trabajo supervisado con los alumnos de 3 º año normal "B" (la enseñanza) del profesor State College: Raimundo Mendonça de Araujo, en el municipio de Indiaroba / SE. Nosotros reflejamos la luz de una enseñanza que trabaja con el contexto de la vida del estudiante a partir de sus eventos sociales, históricos y culturales. En este, el trabajo se destaca la importancia de trabajar en la formación de educadores en la enseñanza de las matemáticas mediante la 1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected] 2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected] 3 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe. [email protected] enseñanza de concreto a partir de los conocimientos que forman parte del contexto social y cultural del alumno. PALABRAS CLAVE: Práctica en la enseñanza de las matemáticas; Los procedimientos pedagógicos, la formación de los educadores. INTRODUÇÃO O Presente trabalho objetiva relatar algumas reflexões a partir do desenvolvimento da I oficina em práticas pedagógicas da educação matemática tendo como tema: A Educação Matemática e a Construção do Número sob a forma de estágio supervisionado com educandos do 3°ano normal “B” (magistério) do Colégio Estadual Profª: Raimundo Mendonça de Araújo, localizada na rua vilobaldo s/n no município de Indiaroba/SE, no período noturno, nos dias 12 e 14 de setembro de 2011, com duração de 8 horas, com uma turma de 37 alunos, contando também com a participação da diretora, da coordenadora e dois professores. Trabalhamos com educandos oriundos dos assentamentos e povoados circunvizinhos do município de Indiaroba/SE. A elaboração e desenvolvimento deste trabalho propiciaram também a formação pedagógica do educador do campo a partir da ação – reflexão - ação num movimento dialógico na construção do saber pedagógico na prática. Como afirma Freire (1996, p.17) a nossa “A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. Analisar a importância de propor práticas diferenciadas para a formação de educadores críticos que trabalhem com uma educação matemática de acordo com as vivências e contexto do educando através de objetos concretos exige refletir sobre a seleção de conteúdos no ensino da educação matemática no currículo pelo fato de se constitui num conjunto de conhecimento do currículo que às vezes são trabalhadas como saber pronto e acabado, isolado do mundo como verdades imutáveis e sem questionamentos, desvinculados da realidade social do educando. Desta forma, algumas questões pode nos auxiliar nas reflexões dos relatos das experiências no desenvolvimento da oficina pedagógica da educação matemática e a construção do número na formação de educadores, quais sejam: Como trabalhar a educação matemática a partir do contexto do educando na educação infantil e nas séries iniciais? Que metodologias são adotadas no desenvolvimento das atividades? O porquê de selecionar estes conteúdos e não outros? Como avaliar o processo de ensino aprendizagem dos educandos em 2 formação? Essas reflexões possibilitam pensar na formação de educandos que sejam capazes de incorporar na sua prática pedagógica uma educação matemática que parte da discussão de problemas que dizem respeito á realidade dos alunos. Para tanto, optamos por nos referenciamos em autores que compartilham da idéia de que na educação matemática como afirmar Danyluk ( 2007, p.233) “ o professor deve entender e assumir que a matemática que ele ensina deve ser criativa, viva e significativa ”. II – DESENVOLVIMENTO O intuito da construção e do desenvolvimento da Oficina da Educação Matemática e a Construção do Número ocorreram pelo fato da matemática se constitui num importante componente curricular da educação infantil e das séries iniciais além, de fazer parte da prática educativa de educandos em formação que exigem reflexão para articular os conteúdos escolares às vivências do educando. Podemos destacar que os educandos em formação que participaram da oficina serão futuros educadores que atuarão no campo pelo fato de já residirem em áreas de assentamentos e povoados possivelmente irão desenvolver suas práticas educativas nas comunidades das áreas rurais. A partir do primeiro contato que aconteceu com educandos antes da realização da oficina através de diálogo com a turma percebeu-se que estes tinham muito interesse em participar da oficina, mas, pelo fato de fazerem o estágio na educação infantil tinham muita curiosidade naquele momento de saber como trabalhar a educação matemática na educação infantil. Posto que, diante desses imprevistos dos educandos quererem que inclua na oficina como trabalhar a matemática na educação infantil e de se perceber que era necessário incluir no planejamento exposições teóricas sobre a prática na matemática refletindo a importância da teoria e da prática contextualizada com a realidade social e cultural do aluno após um diagnóstico prévio da turma era necessário fazer algumas mudanças no planejamento da oficina pedagógica. Foi necessário refletir sobre o fazer pedagógico realizando algumas mudanças no planejamento, pois, a turma de futuros professores ainda não tinha a prática pedagógica era necessário repensar e refletir um fazer pedagógico na oficina que envolvesse um movimento dialógico no desenvolvimento das atividades prática – teoria – prática como afirmar Freire “o próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”(1996:18). 3 Ao planejamos a oficina pedagógica que teve como tema“ A Educação Matemática e a Construção do Número” foi necessário selecionar conteúdos da educação matemática que contribuísse no processo de ensino aprendizagem dos educandos em que estes compreendessem e utilizassem na sua prática pedagógica a educação matemática na construção do número de acordo com a historicidade e contextualização da matemática. Partindo da compreensão de que o currículo se constitui num instrumento de poder, enquanto formador da identidade social e política do educando determinando o que se deve aprender, optamos por selecionar conhecimentos da educação matemática que fazem parte da realidade do educando aqueles saberes que se aprende na prática usando no dia – adia e que são marginalizados por não fazerem parte de uma cultura hegemônica o, ou seja, da classe dominante, mas que produzem conhecimento que tem significado e fazem parte da experiência de vida e que produzem conhecimento científico contextualizado. Entendemos como Freire que a educação“além de um ato de conhecimento, a educação é também um ato político. É por isso que não há pedagogia neutra”(1986:17). No primeiro momento de nosso trabalho provocamos os educandos com uma tempestade de idéias sobre os números que fazem parte do cotidiano, ou seja, do contexto de vida deles, para observamos o que educandos conheciam sobre número e seu uso para introduzir o conceito de educação matemática e a construção do número. Esta prática pedagógica foi norteada por Corrêa citado por Moraes e Rolkouski quando afirmar: [...] Educação Matemática na formação de professores deve incentivar os futuros professores a desenvolver uma atitude investigativa frente ao conhecimento e à realidade, sendo concebidos como mediadores das diversas culturas. Essa enunciação se fortalece quando pensamos nas formas próprias de matematizar de cada povo, de cada grupo cultural e de como essa diversidade pode ser colocada numa situação didática em particular, quando alunos e professores pode atuar como pesquisadores de sua realidade em busca de aprofundar conhecimentos da própria cultura e de outras culturas. (Moraes e Rolkouski 2011, p.9) Através da dialogicidade estes expuseram os números que apareciam no contexto deles do campo como quantidade de grãos, venda de mariscos, distância de casa, medição de terra, idade das pessoas entre outros. Essa atividade teve como motivação propiciar práticas de acordo com o contexto do educando e não se fundamentar em conhecimentos matemáticos tradicionais como conteúdos prontos e acabados, mais trabalhar com práticas no ensino da matemática que permita articular conteúdo escolar a vida cotidiana do discente, pois como diz Pozzobon, 4 [...] a educação matemática precisa estar preocupada com o que acontece no dia-a-dia dos sujeitos, pois, o importante não é que aprendam conteúdos sem significados, mas que tenham a ver com o contexto de vida (...) amplamente relacionada com os acontecimentos sociais, históricos e culturais (1996: 21). Dessa maneira compreendemos a importância de um ensino de matemática contextualizado que trabalhe a realidade dos diferentes grupos culturais em diferentes contextos, por isso optamos por trabalhar com a “A educação Matemática na prática pedagógica a partir da Etnomatemática”. Em nosso trabalho, segundo D´Anbrosio a etnomatemática é “a arte ou a técnica de explicitar, de conhecer, de entender nos diversos contextos culturais” (1990:80), o conhecimento do discente dialoga com o conhecimento que ele está estudando, para que ele seja um participante ativo na produção do ensino da matemática. Desse modo, a organização escolar na perspectiva da Etnomatemática, implica em redimensionar o saber escolar, considerando a escola não apenas uma instituição responsável pela difusão do conhecimento científico, mas também um espaço de interlocução entre diferentes saberes, que possibilite a incorporação de um conhecimento recheado de “vida”. Isto é, claro, não exclui o saber científico,apenas o redimensiona, possibilitando nos pensar por que se enfatiza um aspecto e não outro, por que um conhecimento tem mais valor que o outro( MORAES E ROLKOUSKI, 2011, p.7). Entendemos que o ensino da matemática deve partir da realidade social e vivência do educando. Como propõe Moraes e Rolkouski “o homem constrói seus conhecimentos de acordo com a realidade em que vive e nesse conhecimento fica cravada sua história com uma visão própria de mundo, suas crenças,seus rituais,suas noções de tempo e espaço”( 2011:16), uma vez que possuem conhecimentos que fazem parte do seu dia- a – dia e tem significados na sua formação. Para tanto, partimos da exposição oral através de slides para dialogarmos com os educandos sobre a prática pedagógica na educação matemática de forma contextualizada relacionada à vida do educando, para que ele busque soluções dos problemas partindo, da sua vivência e da sua cultura. Compartilhamos da idéia de que o conhecimento contextualizado do ensino da matemática, o que parte da vida real do educando, não exclui o saber científico apenas se torna significante na aprendizagem quando partindo das especificidades do homem do campo, sua cultura, seus saberes, sua produção e sua vivência através de um processo de desconstrução, reconstrução e construção é possível se obter o conhecimento concebido pela ciência. A classe menos favorecida traz para a escola saberes que não são reconhecidos como ciência, são ignorados na academia, dessa maneira é construída uma relação de poder em que 5 a classe dominante é produtora de saber e nega o saber produzido pela classe dominada. Segundo Knijnik citado por Moraes e Rolkouski Saberes que, produzidos pelas camadas populares que vivem no meio rural, por não serem produzidos por aqueles grupos que são legitimados em nossa sociedade como os produtores de ciência, ficam silenciados, num processo de ocultamento que certamente produz relações de poder muito particulares.(2011:8). Partindo desta perspectiva, nosso trabalho com relação à educação matemática, a partir da etnomatemática, foi fazer com que os educandos refletissem que os conhecimentos trabalhados no ensino de matemática produzem relação de poder, por isso é apresentado na forma desconhecimento homogeneizado, prevalecendo nas escolas do campo como um ensino de matemática descontextualizado e sem vida. Assim, enfatizamos através da dialogicidade na troca de conhecimento mútuo, a importância de se trabalhar a educação matemática contextualizada para produzir na educação matemática conhecimento cientifico com significado. Compartilhamos da idéia de Knijnik citado por Moraes e Rolkouski (2011, p.8) , dentro da perspectiva da Etnomatemática a Matemática acadêmica é um tipo de Etnomatemática, pois é produzida por um determinado grupo social e ressalta que não se trata de glorificar o saber popular, mas trazer à cena outras matemáticas que são silenciadas na escola, enquanto produção cultural de grupos não hegemônicos. Desta forma, dialogamos como se trabalhar a construção do número a partir da etnomatemática nas séries iniciais. Enfatizamos que para se trabalhar com os números no ensino de matemática nas séries iniciais o educador deverá apresentar os conteúdos matemáticos de forma historicizada e contextualizada. Ao trabalhar com os números devera contar a história da criação deles contextualizando com os números que aparecem no cotidiano dos educandos como número de casas, idades das pessoas, quantidade de grãos entre outros que tem significado na vida da criança, facilitando assim o processo de ensino aprendizagem. Posto que, é importante que o educador das séries iniciais trabalhe no ensino da matemática com objetos concretos, com situações contextualizadas da realidade do meio social e cultura da criança, experiências concretas e jogos direcionados para se trabalhar com dezenas, centenas, unidades entre outras que proporcionará a criança a se desenvolver participando do processo de aprendizagem. Assim, trabalhamos com os futuros educadores em formação como trabalhar a educação matemática a partir da etnomatemática nas séries iniciais estes sendo mediadores de conhecimentos que tem significado na formação do educando do ensino fundamental de acordo com o seu contexto cultural e social numa formação pedagógica relacionada à dialética da formação humana. Como educadores do campo buscamos contribui na formação de 6 futuros educadores do campo como sendo um“educador democrático que não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar acapacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão ( FREIRE, 1996:13). Como os educandos em formação iriam atuar na educação infantil em forma de estágio supervisionado era necessário trabalhar com eles “o número: sua utilidade e construção” na educação infantil para eles compreenderem e refletirem sobre a sua prática pedagógica no ensino de matemática a partir da educação infantil. Para isto, foi necessário fazer uma exposição oral dialogada através de slides fundamentada no texto “o número sua utilidade e construção” de Frank (1996).A partir disto, dialogamos sobre a importância de contar a história dos números na educação infantil para eles perceberem que os números fazem parte da nossa vida e da nossa história e de se trabalhar com objetos concretos respeitando o estágio mental de cada criança se trabalhará a construção do número no processo de ensino e aprendizagem na educação infantil. Assim, embasado nos fundamentos teóricos de Piaget citado por Frank (1996) trabalhamos a formação do pensamento lógico de matemática que passa pelo conceito de relação lógica entre objetos. Define essas relações como simétricas ou assimétricas. Relações simétricas são as que dão origem á formação da estrutura lógica de classificação e as relações assimétricas constituirão a estrutura lógica da seriação. Ele apontava que a criança constitui os números de acordo com sua sucessão natural pela associação das operações de classificação e seriação, logo,o número seria a síntese operatória da classificação e da seriação. Então era necessário expor e dialogar com os educandos sobre essas questões para eles refletirem que na educação infantil é necessário trabalhar com objetos concretos e significativos que façam parte da vida da criança para ela estabelecer relação de quantidade e depois ser capaz de realizar a síntese. Natividade, ao firmar que “o processo de aprendizagem, muito mais do que a memorização, é resultado de assimilação, associação, acomodação, isto é, assimila-se novo conhecimento através de uma associação a algo já conhecido e isto conduz a nova situação”(2000:22). Se exercitado dessa forma o aluno se tornar sujeito ativo e participativo do processo de ensino aprendizagem. Na educação infantil para trabalhar a construção do número devemos incentivar que os esquemas sejam construídos pela criança, através da associação e acomodação, uma vez que a criança, só atribuirá sentido a uma atividade se o contexto for suficientemente problematizador. Assim procedemos pelos relatos de experiência na prática pedagógica em educação infantil demonstrando através de objetos concretos como bonecos, casas confeccionadas, maquete de aquário de peixes entre outras atividades que era preciso 7 planejar atividades que envolvam classificação e seriação, explorando tamanho, espessura, textura, formas geométricas, comprimento, altura, massa, posição, quantidade, dimensão entre outros objetos concretos que fazem parte do contexto social e cultural da criança. O ensino de matemática na educação infantil precisa trabalhar com objetos concretos para estabelecer relações entre o objeto e o conteúdo trabalhado para o educando construir conceitos matemáticos.A partir do contexto problematizador respeitando os estágios de desenvolvimento de cada educando é que ocorre a construção do número a partir da a síntese operatória da classificação e seriação. Para que os participantes da oficina compreendessem esse princípio foi necessário que eles problematizassem, refletissem sobre o seu fazer pedagógico na educação infantil, em geral e, em particular sobre a construção do número. Eles compreenderam que na sua prática educativa no ensino de matemática na educação infantil era necessário respeitar a criança uma vez que de acordo com Flank, a construção do número “só ocorre por volta dos seis anos a sete anos de idade, quando o raciocínio da criança atinge o nível da operação reversível, isto é atinge a capacidade de incluir, seriar e enumerar começando a ultrapassar o nível pré - lógico inicial (1996:30)”. Para trabalhar a teoria e a prática no processo didático pedagógico na oficina de educação matemática foi necessário articular as reflexões a partir da dialogicidade entre a teoria e o fazer pedagógico, para que eles entendessem a importância de confeccionar materiais concretos que trabalhassem a construção do número através da realidade do educando, apresentando a tabuada de pregos, a fita métrica e o jogo decimal, como sugestão de material concreto e, ensinamos como confeccionar e utilizar, esses materiais para a construção do número no ensino fundamental. Para refletimos e direcionamos o fazer pedagógico na troca mutua entre educador e educandos em formação foi necessário dividir os participantes da oficina em quatro grupos. Cada grupo confeccionou a tabuada de pregos, a fita métrica, o jogo do sistema decimal e as formas geométricas. Para tanto, na tabuada de pregos através desse objeto concreto foi demonstrado como trabalhar as quatro operações na educação matemática ressaltando a importância de se trabalhar com atividades em que o contexto seja problematizador. Para trabalhar medidas com o metro confeccionado de papel madeira partimos da importância de historicização do mesmo demonstrando como ele pode ser utilizado tanto na sala de aula e também no cotidiano do aluno em aulas de campo e nas diversas formas de comprimento partindo do conhecimento informal do aluno para o formal. Assim, compreendemos como Fiorentini (1994, p.14) que 8 “nesse contexto, o aluno terá uma aprendizagem mais significativa e efetiva da matemática se estiver relacionada ao seu cotidiano e á sua cultura”. Foi ensinado como se trabalhara formação de números a partir do sistema decimal através do jogo de cartolina demonstrando como fazia e se trabalhava a construção do número a partir de dezenas, centenas e unidades. Sempre quando estava sendo exposto deixava sempre claro para os educandos que antes de aplicar os jogos com a cartolina é indispensável explicar para aluno o que é sistema decimal de forma contextualizada. Pois, as praticas pedagógicas a partir do repensar a própria prática no ensino de uma matemática viva que tem significado de acordo com o contexto cultural do educando permite ao educador através da “dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos,narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles [...] é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada,enquanto fala ou enquanto ouve (Freire, 1996,p.33)”. Para pensar sobre a própria prática, cada grupo elaborou um plano de aula de acordo com material didático confeccionado direcionando a uma série para apresentar como trabalhar com esse material a construção do número de forma contextualizada. Essa atividade visava que os participantes relacionassem a teoria e a prática a partir da encenação do uso do material concreto. Compreendo que a educação é uma intervenção na sociedade e na escola desta forma a prática pedagógica desenvolvida contribui para que essa intervenção “que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento (Freire, 1996, p.38)”.Nas apresentações percebemos que os alunos refletiram sobre o fazer pedagógico incorporando um ensino de matemática que historicizar e contextualizar num processo dialético numa formação humana e significativa que respeita as especificidades, a cultura, os saberes, e a vivência dos educando no processo de ensino e aprendizagem respeitando o estágio de desenvolvimento de cada aluno individualmente. CONCLUSÕES A prática educativa desenvolvida sob a forma de oficina pedagógica no ensino da matemática tendo como tema “A educação matemática e a construção do número” com educandos do Curso Normal nos permitiu refletir sobre o fazer pedagógico na educação matemática levando em conta a relação teoria e prática; educador e educando. 9 Através da auto – avaliação observamos que a troca de conhecimentos durante as 8 horas de oficina pedagógica,através de metodologias que contextualize a teoria e prática nos distintos momentos do processo pedagógico do ensino da educação matemática, contribuirá com os educandos em formação refletindo sobre métodos e técnicas de ensino da matemática que possibilite trabalhar com objetos concretos partindo de saberes que fazem parte do contexto social e cultural do educando. A partir dos distintos momentos da oficina pedagógica podemos perceber através das discussões, dos trabalhos em grupos, na confecção do material, do planejamento da aula e na apresentação dos trabalhos que os educandos compreenderam e colocaram em prática os saberes pedagógicos da educação matemática viva e significativa no processo de ensino aprendizagem dos educandos da educação infantil e do ensino fundamental. Podemos destacar que o sucesso ou possíveis insucessos do fazer pedagógica esta relacionada à seleção de conteúdos, a metodologia e a reflexão da teoria da prática pedagógica, pois, compreendemos que a pedagogia desenvolvida em sala de aula independente da disciplina não é neutra é um ato político. Desta forma, as nossas práticas educativas como educadores do campo participantes da formação de futuros educadores do campo devem partir da realidade dos diversos sujeitos do campo “não no sentido de apenas colada a necessidade e interesses de um cotidiano linear e de superfície, mas como síntese de múltiplas relações, determinações, como questões da realidade concreta [...]; com sujeitos concretos na diversidade de questões que a “vida real lhe impõe.(CALDART, 2010, p.113 ). Em suma, a execução da oficina pedagógica nos proporcionou como educadoras do campo aprendizagens mútuas entre educando e educador numa formação dialógica. Compreendendo-nos neste processo apenas como mediador no fazer pedagógico com educando do ensino médio, modalidade Normal das áreas de assentamentos e povoados do campo. Foi possivel exercer um trabalho que se preocupava com a emancipação do homem do campo através de uma formação humana e política. Sendo assim, foi uma das experiências de prática pedagógica de suma importância para a formação profissional de um pedagoga da terra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo: Notas Para Uma Análise de Percurso. In: Molina, Monica castagna (org.). Educação do Campo e Pesquisa II: questões para reflexão. Brasília: MDA/MEC, p.113, 2010. 10 DANYLUK, Ocsana. Alfabetização Matemática: as primeiras manifestações da escrita infantil. Editora Sulina, p. 227-235. D`AMBRÓSIOO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática.Campinas, Papirus, 1996. FRANK, Noeli Vione. O número: Sua utilidade e construção. Espaços da Escola, Unijuí ,N°.19, ano 4, 1996. FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Tradução LOPEZ, Adriana.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. FIORENTINI, Dario. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no Brasil.Campianas: FE – UNICAMP. Tese de doutorada, 1994. FREIRE, Paulo. 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