Rolamento Torque Momentum angular ROLAMENTO, TORQUE E MOMENTUM ANGULAR Fı́sica Geral I (1108030) - Capı́tulo 08 I. Paulino* *UAF/CCT/UFCG - Brasil 2012.2 1 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Sumário Rolamento Rolamento como rotação e translação combinados e como uma rotação pura Energia cinética de rolamento e forças do rolamento Torque Torque revisado Momentum angular Momentum angular, 2a Lei de Newton na forma angular, Momentum angular de um sistema de partı́culas e de um corpo rı́gido Conservação do momentum angular 2 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento como rotação e translação combinados Rolamento Pode-se definir o rolamento, como o movimento que um roda faz ao se deslocar. Por exemplo, uma roda de bicicleta. Este movimento pode ser entendido do ponto de vista fı́sico de duas formas: (1) Como uma combinação do movimento de translação e rotação da roda ou (2) apenas como o movimento de rotação pura. O movimento de rolamento pode ser observado de duas maneiras diferentes. No caso da roda deslizando suavemente, o centro da roda descreve um movimento uniforme, enquanto que um ponto na periferia da roda, descreverá um movimento mais complexo como pode ser visto na Figura abaixo: 3 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento como rotação e translação combinados Imagine o movimento de uma roda de bicicleta que rola suavemente sem deslizar conforme ilustra a figura ao lado. O centro de massa O da roda se move para frente com velocidade de constante de módulo vcm que permanece sempre a mesma distância do ponto P, que é o ponto de contato da roda com o solo, em relação à vertical. Durante um intervalo de tempo ∆t um observado afastado da bicicleta vê o os pontos P e O se moverem para frente a uma distância s. Já o ciclista, olhando para o pneu, vê a roda girar um ângulo θ em torno do eixo da roda. O comprimento de arco s está relacionado com o ângulo θ pela seguinte expressão: s = Rθ em que R é o raio da roda. O módulo velocidade linear do centro de massa é dada por: vcm = d ds = θR = ωR. dt dt 4 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento como rotação e translação combinados Na figura acima pode ser visto que o movimento de rolamento (c) pode ser entendido como a soma do movimento de rotação pura (a) com o movimento de translação pura (b) da roda A figura ao lado mostra mostra a fotografia de uma roda de bicicleta rolando. Esta imagem comprova o que foi explicado acima porque os raios próximos a superfı́cie estão nı́tidos enquanto que os raios da parte superior estão borrados. 5 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento como rotação pura O rolamento também pode ser enxergado como uma rotação pura em torno do ponto P A figura ao lado mostra a distribuição dos vetores velocidades em diversos pontos da roda. A velocidade angular do movimento em relação à esse novo eixo de rotação visto por um observador estacionário é exatamente igual a velocidade angular que o ciclista atribui a roda quando observa o movimento de rotação pura. Desta maneira, o módulo da velocidade no ponto mais alto da roda, será: valto = ω2R = 2ωR = 2vcm , que concorda com o que foi discutido para o caso do rolamento como combinação da rotação e da translação. 6 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Energia cinética de rolamento Para calcular a energia cinética da roda em movimento por um observador estacionário, Combinando essas duas equações, tem-se: considere o rolamento como o caso da rotação pura em torno do ponto P. A energia cinética é 1 1 K = Icm ω 2 + MR 2 ω 2 dada por: 2 2 K = 1 IP ω 2 , 2 1 1 2 K = Icm ω 2 + Mvcm . no qual, ω é o módulo da velocidade angular da 2 2 roda e IP é o momentum de inércia em relação ao eixo que passa por P. Um objeto rolando possui dois tipos de energia Do teorema do eixo paralelo tem-se que cinética: Um termo devido a rotação em torno do seu centro de massa e outro devido ao IP = Icm + MR 2 , movimento de translação do seu centro de na qual M é a massa da roda, Icm é o massa. momentum de inércia para o eixo que passa pelo centro de massa da roda de raio R. 7 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Forças do rolamento Se uma roda rola com velocidade constante, nenhuma força atua sobre ela e não existe força de atrito que se oponha ao movimento. Entretanto, se uma força resultante atuar sobre a roda para aumentar ou diminuir sua velocidade, então, a força resultante provoca uma aceleração do centro de massa. Ela também faz a roda gira mais rapidamente ou mais lentamente, o que significa que que ela provoca uma aceleração angular α em torno do centro de massa. Essas acelerações tendem fazer a roda deslizar em torno do ponto P. Assim, uma força de atrito surge para se opor essa tendência. Se a roda não deslizar, a força de atrito será uma força de atrito estática fs e o movimento de rolamento será suave. A aceleração linear do centro de massa neste caso será: acm = αR . Se a roda deslizar quando a força resultante atuar sobre ela, a força de atrito é dita cinética fk e o rolamento não é suave. Neste curso serão estudados apenas rolamentos suaves. 8 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento numa rampa A figura ao lado mostra um corpo uniforme redondo de massa M e raio R rolando suavemente para baixo numa rampa inclinada de ângulo θ ao longo do eixo x. Escrevendo a componente x da segunda lei de Newton, tem-se fs − Mg sin θ = Macm . Usando a segunda lei de Newton para sua forma angular fica Icm α = Rfs . Agora α = a − cm,x fs , logo fs = −Icm acm,x . R2 9 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Rolamento numa rampa Substituindo a última expressão do slide anterior na segunda lei de Newton para as variáveis lineares, tem-se g sin θ 1 + Icm /MR 2 que é a equação que pode ser utilizada para calcular a aceleração linear do centro de massa de qualquer corpo que esteja rolando sobre um plano inclinado de ângulo θ. acm,x = − Para um ioiô que desliza verticalmente num cordão a expressão para a aceleração linear do centro de massa pode ser calculada analogamente por (ver figura ao lado): acm = − g , 1 + Icm /MR02 em que Icm é a inércia à rotação do ioiô em torno do seu centro e M é a sua massa. IOIÔ 10 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Torque O torque pode ser escrito de uma forma mais ampla, por exemplo para qualquer partı́cula descrevendo qualquer trajetória e não apenas para o movimento circular como havı́amos discutido no capı́tulo anterior. A Figura acima ilustra essa forma mais geral que pode ser escrita matematicamente por: 11 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Torque ~ . ~τ = ~r × F A direção e o sentido do vetor torque pode ser dada pela regra da mão direita e sua intensidade é definida por τ = rF sin φ , ~ . Isto implica, que neste caso, φ é o ângulo entre os vetores ~r e F apenas a componente perpendicular à força aplicada contribui para o torque, logo, o módulo do torque também pode ser expresso por: τ = r ⊥F , ou τ = rF ⊥. 12 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Momentum angular Da mesma forma que a quantidade de movimento linear e o princı́pio de conservação do momentum linear foram importantes para os movimentos de translação. Existe uma grandeza fı́sica equivalente na rotação chamada de momentum angular. O momentum angular é uma grandeza vetorial definida por: 13 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Momentum angular ~` = ~r × ~p = m(~r × ~v ) . neste caso, ~r é o vetor posição da partı́cula em relação ao ponto O que é ilustrado na figura do slide anterior. A intensidade do vetor momentum angular é dado por: ` = rmv sin φ , em que φ é o ângulo entre ~r e ~p . A direção e o sentido do vetor ~l é dada pela regra da mão direita. Da mesma maneira que o torque, o módulo do momentum angular pode ser calculado por ` = r ⊥mv , ou ` = rmv ⊥ . MOMENTUM ANGULAR 14 / 21 Rolamento Torque Momentum angular 2a lei de Newton na forma angular Para demonstrar a expressão para a segunda lei de Newton na forma angular, parte-se da definição de momentum angular, ou seja, ~` = m(~r × ~v ) , derivando com relação ao tempo tem-se d~v d~r d ~` = m ~r × + × ~v dt dt dt agora, d~v dt = ~a e d~r dt = ~v . Portanto, d ~` = m (~r × ~a + ~v × ~v ) dt mas, ~v × ~v = 0, logo d ~` = (~r × m~a) dt Por fim, pode-se escrever d ~` ~ = ~τ , = ~r × F dt que é a segunda lei Newton considerando movimento de rotação e em função do momentum angular. 15 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Momentum angular de um sistema de partı́culas Se for necessário calcular o momentum angular devido a um sistema de partı́culas, utiliza-se o princı́pio da superposição, ou seja: ~L = `~1 + `~2 + `~3 + · · · + `~n = n X `~i , i=1 o ı́ndice “i” identifica as partı́culas. A variação temporal do momentum angular total do sistema devido à mudanças do momentum angular de um ou mais partı́culas pode ser escrito por: neste caso, τres,i ~ é o torque resultante que age sobre a i-ésima partı́cula. Então, a variação temporal do momentum angular é igual a somas dos torques que atuam sobre as partı́culas que compõe o sistema. Porém, torques internos são compensados e apenas torque devido à forças externas são capazes de modificar o momentum angular do sistema, desta forma pode-se se escrever: n X d `~i d ~L = . dt dt i=1 Utilizando a segunda lei de Newton na forma angular, tem-se d ~L = dt n X i=1 τres,i ~ , τ~res = d ~L , dt isto é: O torque externo atuando sobre um sistema de partı́culas é igual à taxa de variação do momentum angular total do sistema. 16 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Momentum angular de um corpo rı́gido Para o esquema da figura ao lado, o corpo rı́gido gira com velocidade angular ω constante em torno de um eixo fixo. O módulo do momentum linear do elemento de massa ∆mi pode ser calculado por: `i = ri pi sin α = ri pi sin π 2 `i = ri pi = ri ∆mi vi É de interesse, para este caso apenas a componente z, logo `iz = `i sin θ = ri sin θ∆mi vi . `iz = r⊥i ∆mi vi . 17 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Momentum angular de um corpo rı́gido Somando para todos os elementos de massa ∆mi , tem-se Lz = n X `iz = i=1 Lz = n X ∆mi vi r⊥i i=1 n X 2 ∆mi ωi r⊥i , i=1 mas I = n X 2 ∆mi r⊥i , então i=1 L = Iω . L é o módulo do momentum angular em torno do eixo fixo z e I é o momentum de inércia do sistema calculando em torno deste mesmo eixo. 18 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Conservação do momentum angular Se o torque externo que atua sobre um sistema for nulo, da segunda lei de Newton, tem-se: d ~L τ~res = =0, dt logo Se o torque resultante que atua sobre um sistema for nulo, o momentum angular do sistema ~L permanece constante e não importa as mudanças que ocorrem dentro do sistema. ~L = constante ⇒ ~Li = ~Lf . isto implica que o sistema está isolado, ou seja, nenhuma força externa atua sobre o mesmo. Este o o princı́pio de conservação do momentum angular que ainda pode ser escrito da seguinte forma: O momentum angular é uma grandeza vetorial. Porém, se o torque resultante em uma das componentes do sistema for nula, o momentum angular desse se conservar naquela direção. 19 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Conservação do momentum angular EXEMPLO 1 EXEMPLO 2 EXEMPLO 3 20 / 21 Rolamento Torque Momentum angular Exercı́cios LIVRO: Fundamentos de Fı́sica AUTORES: Halliday e Resnick 8a Edição. Volume 1 - Mecânica CAPÍTULO 11 - ROLAMENTO, TORQUE E MOMENTUM ANGULAR - Pág. 318-324. Problemas 06, 08, 22, 24, 30, 35, 41, 55, 59, 66. 21 / 21