Universidade Católica de Petrópolis – UCP / Instituto de Pesquisa
Tecnológica – IPETEC
Pós-Graduação lato sensu Cultura Afro-Brasileira e Indígena
Oralidade e Desterritorialização.
Indagações sobre os cânones
literários
Prof. Ricardo Riso
Pseudônimo de Ricardo Silva Ramos de Souza (1974). Mestrando de Relações Etnicorraciais do
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ. Bolsista CAPES.
Pesquisador do Estudos cabo-verdianos: literatura e cultura – Universidade de São Paulo (USP);
Integrante do grupo de pesquisa GELITE/UEMA; Coorganizador do livro Afro-rizomas na diáspora
negra: as literaturas africanas na encruzilhada brasileira (2013). Blog – ricardoriso.blogspot.com
– E-mail: [email protected]
Comerciais da Caixa Econômica Federal com
Machado de Assis
https://www.youtube.com/watch?v=2sN2DQX5MNI
Comercial refeito
https://www.youtube.com/watch?v=GczgFMEM6Sg
CÂNONE
O que é?
Para que serve?
A quem serve?
[o] cânone de uma literatura nacional é o conjunto dos seus textos consagrados,
considerados clássicos e ensinados em todas as escolas do país. O termo “cânone”
tem origem religiosa, e não é empregado por alusão gratuita, mas porque conota a
natureza “sagrada” atribuída a certos textos e autores, que assumem caráter
paradigmático e são considerados píncaros do “espírito nacional” e recolhidos num
“panteão de imortais”. Há uma redução da produção literária de um território a
alguns autores, destes a poucos textos, e destes a determinados trechos; essa
seleção segue critérios de conveniência estrutural, como se os fragmentos fossem
fonemas de uma frase cujo sentido permanece ininteligível para quem os ouve
isoladamente. Conjugam significados que formam uma mentalidade, num espectro
que permanece inexpresso, mas que é tanto mais eficaz quanto menos for
conscientizado.
A pretensão implícita em todo cânone é ser indubitável e absoluto: isso pertence à
sua natureza, na medida em que ele é o poder em forma de texto. O cânone é
formado por textos elevados à categoria de discurso, no sentido de que nele se tem
a palavra institucionalizada pelo poder. O cânone não pretende ter uma estrutura,
mas ser simplesmente a condensação dos textos selecionados da tradição e pela
tradição, por causa de sua qualidade artística superior: o fundamento de sua poética
é, no entanto, política. Embora esteja em todos os conteúdos manifestos, a estrutura
do cânone não se “mostra”, não é visível a quem está engolfado nela. A estrutura do
cânone somente é visível ao olhar distanciado do “herege” (grifos do autor) (KHOTE,
2003, p. 108)
EXEGESE CANÔNICA – é a interpretação do cânone que se torna canônica:
parâmetro para todos os livros didáticos, artigos de revistas e jornais, aulas
dos professores de português e de literatura. (...) serve para delimitar um
elenco de textos considerados imprescindíveis ao ensino, porque
“indubitavelmente consagrados”. Ainda que os autores apresentem algumas
divergências menores e erros maiores, constitui aquilo que todos acabam
dizendo. Todos repetem o que nelas se diz. São consagradas porque
consagram o que o sistema quer que seja consagrado (KHOTE, 2003, p. 111).
EXEGESE CANONIZANTE – é formada por milhares e milhares de variações
em torno dos ditados da interpretação canônica: cada qual a querer
consagrar-se repetindo os consagradores dos já consagrados. Não há maior
senso crítico, ainda que se faça crítica. É uma crítica sem suficiente senso
crítico, incapaz de questionar os textos em seus fundamentos. Faz parte da
ideologia oficial, ainda que seus autores imaginem ser de esquerda ou
vendam essa imagem para fora. É o stablishment literário. Tem condições
espirituais e materiais para a produção e a divulgação cultural, é capaz de
produzir um discurso com certo grau de dignidade, coerência e até
profundidade, mas sempre tem um limite, um non plus ultra, um ponto
onde é incapaz de pensar, sentir e escrever adiante do seu tapa-olho
(KHOTE, 2003, p. 112, grifos do autor).
LINGUAGEM
Dominar a linguagem e a sua forma escrita é uma forma de
manutenção de poder e de consagração de um saber assim
determinado por um grupo social hegemônico, que impõe o seu
discurso, pois “o domínio da norma culta serve como fator de
exclusão e há quem se beneficie com isso. Aqueles que valorizam a
si próprios por saberem usar a norma culta da língua, não têm
interesse em desvalorizar essa vantagem, conquistada, às vezes,
com muito esforço” (DALCASTAGNÈ, 2012, p. 9)
A literatura consolida a hegemonia das elites letradas, o seu lugar
de superioridade e de separação social, por conseguinte, tornando
o discurso de sua classe como discurso de toda a sociedade (REIS,
1992, p. 69). Essas elites letradas são responsáveis para escalar
pessoas autorizadas a selecionar (logo, excluir) obras literárias de
acordo com seus interesses. Dentro dessa perspectiva, o uso
correto da norma culta da língua passa a ser um marcador
diferencial e obrigatório para que determinada obra seja aceita,
desprezando-se assim outras formas de produção textual (REIS,
1992; KHOTE, 2003; DALCASTAGNÈ, 2013).
AUTOR(IA)
A partir dessa autoridade (e autor), não é mera coincidência o
fato da etimologia do latim auctor, “termo que, na Idade
Média, designava o escritor cujas palavras impunham
respeito e credibilidade” (REIS, 1992, p. 73-74). Com isso,
podemos perceber uma gama de exclusões que envolvem
grupos subalternizados por critérios de gênero, raça,
geográficos, etários etc.
QUESTIONAR
O CÂNONE
Homogeneidade do cânone
Hierarquia social
Promover ruptura com os códigos de
valores e ordens hierárquicas estabelecidas
A não concordância com as regras implica avançar
sobre o campo alheio, o que gera tensão e conflito,
quase sempre, muito bem disfarçados. Por isso, a
necessidade de refletir sobre como a literatura
brasileira contemporânea, e os estudos literários,
situam-se dentro desse jogo de forças, observando o
modo como se elabora (ou não se elabora,
contribuindo para o disfarce) a tensão resultante do
embate entre os que não estão dispostos a ficar em
seu “devido lugar” e aqueles que querem manter seu
espaço descontaminado (DALCASTAGNÈ, 2012, p. 7).
LITERATURA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA: UM
TERRITÓRIO CONTESTADO,
Regina Dalcastagnè
Pesquisa com 258 romances publicados de
1990 a 2004 pelas editoras Companhia das
Letras, Record e Rocco.
EU QUERO ESCREVER UM LIVRO SOBRE
LITERATURA BRASILEIRA, infográfico
baseado na pesquisa de Regina
Dalcastagnè.
http://pontoeletronico.me/2013/02/18/euquero-escrever-um-livro-sobre-literaturabrasileira/
Literatura Negro-Brasileira
como rasura do cânone
Por menos que conte a história
Não te esqueço meu povo
Se Palmares não vive mais
Faremos Palmares de novo
(José Carlos Limeira)
“A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para “ninar os
da casa grande” e sim para incomodá-los em seus sonos injustos.”
(Conceição Evaristo)
O CONCEITO
Negro ou Afro não é tanto faz
Literatura Negra
Literatura Afro-Brasileira
Literatura Afrodescendente
Literatura Negro-Brasileira
Características
segundo Eduardo de Assis Duarte
 A Temática
 A Autoria
 O Ponto de Vista
 A Linguagem
 O Público
Silêncio da crítica nacional: brasilianistas que
abordam a questão da autoria e da personagens
negras na literatura brasileira. são os casos de Roger
Bastide (1943) , Raymond Sayers (1958) e Gregory
Rabassa (1965), e David Brookshaw (1983)
Série Cadernos Negros
Coletivos literários Negros
Antologias
Livros de ensaios e Encontro de Escritores Negros
Livros, Antologias, Ensaios, Coletivos Literários
A Literatura Negro-Brasileira
legítimos contestadores da palavra insurreta negra
“nasce na e da população negra que se formou fora da África, e
de sua experiência no Brasil. A singularidade é negra e, ao
mesmo tempo, brasileira, pois a palavra “negro” aponta para um
processo de luta participativa nos destinos da nação e não se
presta
ao
reducionismo
contribucionista
a
uma
pretensa
brancura que a englobaria como um todo a receber, daqui e dali,
elementos negros e indígenas para se fortalecer. Por se tratar
de participação na vida nacional, o realce a essa vertente
literária deve estar referenciado à sua gênese social ativa. O que
há de manifestação reivindicatória apoia-se na palavra ‘negra’.”
(CUTI, 2010, pp. 44-45)
CAROLINA MARIA DE JESUS
“Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circo. Eles me respondiam: - É pena você ser
preta. Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Eu até acho o
cabelo de negro mais iducado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de preto, onde põe, fica.
É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movimento na cabeça ele já sai do lugar. É
indisciplinado. Se é que existe reincarnações, eu quero voltar sempre preta.”
“... Os políticos sabem que eu sou poetisa. E que o poeta enfrenta a morte quando vê o seu povo
oprimido.” (Quarto de Despejo, 1960, p. 40)
“Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que no alcool. Se você achar que eu estou agindo
acertadamente, peço-te para dizer: – Muito bem, Carolina!” (Quarto de Despejo, 1960, p. 73)
“O senhor Manuel apareceu dizendo que quer casar-se comigo. Mas eu não quero porque já estou
na maturidade. E depois, um homem não há de gostar de uma mulher que não pode passar sem ler.
E que levanta para escrever. E que deita com lápis e papel debaixo do travesseiro. Por isso é que eu
prefiro viver só para o meu ideal.” (Quarto de Despejo, 1960, p. 50)
“... Fui na sapataria retirar os papeis. Um sapateiro perguntou-me se o meu livro é comunista.
Respondi que é realista. Êle disse-me que não é aconselhavel escrever a realidade.” (Quarto de
Despejo, 1960, p. 105)
“[...] na África os negros são classificados assim:
- Negro tú.
- Negro turututú.
- Negro sim senhor!
Negro tú é o negro mais ou menos. Negro tutututú, é o que não vale nada. E o negro Sim Senhor é o
da alta sociedade.” (Quarto de Despejo, 1960, p. 52)
Precursores o cânone enegrecido
Cruz e Sousa
Machado de Assis
Lima Barreto
"Não! Não! Não! Não transporás os pórticos milenários da vasta edificação do
Mundo, porque atrás de ti e adiante de ti não sei quantas gerações foram
acumulando, acumulando pedra sobre pedra, pedra sobre pedra, que para aí estás
agora o verdadeiro emparedado de uma raça.
Se caminhares para a direita baterás e esbarrarás ansioso, aflito, numa
parede horrendamente incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se
caminhares para a esquerda, outra parede, de Ciências e Críticas, mais alta do que
a primeira, te mergulhará profundamente no espanto! Se caminhares para a frente,
ainda nova parede, feita de Despeitos e Impotências, tremenda, de granito,
broncamente se elevará ao alto! Se caminhares, enfim, para trás, ah! ainda, uma
derradeira parede, fechando tudo, fechando tudo — horrível! — parede de
Imbecilidade e Ignorância, te deixará num frio espasmo de terror absoluto...
E, mais pedras, mais pedras se sobreporão às pedras já acumuladas, mais pedras,
mais pedras... Pedras destas odiosas, caricatas e fatigantes Civilizações e
Sociedades... Mais pedras, mais pedras! E as estranhas paredes hão de subir, —
longas, negras, terríficas! Hão de subir, subir, subir mudas, silenciosas, até às
Estrelas, deixando-te para sempre perdidamente alucinado e emparedado dentro
do teu Sonho...“
(CRUZ E SOUSA. Emparedado)
HISTÓRIA DE QUINZE DIAS - VIII
De interesse geral é o fundo da emancipação, pelo qual se acham libertados em
alguns municípios 230 escravos. Só em alguns municípios!
Esperemos que o número será grande quando a libertação estiver feita em todo o
império.
A lei de 28 de setembro fez agora cinco anos. Deus lhe dê vida e saúde! Esta lei foi
um grande passo na nossa vida. Se tivesse vindo uns trinta anos antes estávamos
em outras condições.
Mas há 30 anos, não veio a lei, mas vinham ainda escravos, por contrabando, e
vendiam-se às escancaras no Valongo. Além da venda, havia o calabouço. Um
homem do meu conhecimento suspira pelo azorrague.
- Hoje os escravos estão altanados, costuma ele dizer. Se a gente dá uma sova
num, há logo quem intervenha e até chame a polícia. Bons tempos os que lá vão!
Eu ainda me lembro quando a gente via passar um preto escorrendo em sangue, e
dizia: "Anda diabo, não estás assim pelo que eu fiz!" ? Hoje...
E o homem solta um suspiro, tão de dentro, tão do coração... que faz cortar o dito.
Le pauvre homme!
(DUARTE, Eduardo de Assis. Machado afrodescendente. Rio de Janeiro: Pallas, 2007. 2ª ed. p. 3132.)
ESCRAVOCRATAS
Oh!. trânsfugas do bem que sob o manto régio
Manhosos, agachados - bem como um crocodilo,
Viveis sensualmente à luz dum privilégio
Na pose bestial dum cágado tranqüilo.
Eu rio-me de vós e cravo-vos as setas
Ardentes do olhar - formando uma vergasta
Dos raios mil do sol, das iras dos poetas,
E vibro-vos à espinha - enquanto o grande basta
O basta gigantesco, imenso, extraordinário Da branca consciência - o rutilo sacrário
No tímpano do ouvido - audaz me não soar.
Eu quero em rude verso altivo adamastórico,
Vermelho, colossal, d' estrépito, gongórico,
Castrar-vos como um touro - ouvindo-vos urrar!
(CRUZ E SOUSA. O Livro derradeiro. Poesia
completa, p. 201)
Os seus protetores tinham sido abastados; eram descendentes de um
alferes de milícias que tinha terras, para as bandas de S. Gonçalo, em Cubandê.
Pouco depois da maioridade, com a morte do chefe da casa, filhos e filhas se
transportaram para a Corte, procurando aqueles empregaram-se nas repartições
do governo. Um dos irmãos já habitava a capital do Império e era cirurgião do
Exército, tendo chegado a cirurgião-mor, gozando de grande fama. Para a cidade
não trouxeram nenhum escravo. Venderam a maioria e os de estimação libertaram.
Com eles só vieram os libertos que eram como da família. Pelo tempo de
nascimento de Engrácia, havia poucos deles e delas em casa. Só a Babá, sua mãe
e um preto estavam sob o teto patriarcal dos Teles de Carvalho.
Engrácia foi criada com mimo de filha, como os outros rapazes e raparigas, filhos
de antigos escravos, nascidos em casa dos Teles.
Por isso, corria, de boca em boca, serem filhos dos varões da casa. O
cochicho não era destituído de fundamento, naquela família, compostas de irmãs
e irmãos que, ainda bastardos, se compraziam, tanto uns como as outras, em
tratar filialmente aquela espécie de ingênuas que viam a luz do dia pela primeira
vez, em sua casa. As senhoras então eram de uma meiguice de verdadeiras mães.
Engrácia recebeu boa instrução, para a sua condição e sexo; mas, logo que se
casou — como em geral acontece com as nossas moças — tratou de esquecer o
que tinha estudado. O seu consórcio com Joaquim, ela o efetuara na idade de
dezoito anos (LIMA BARRETO, 1949, p. 83-84).
Cadernos Negros
• 1978 – Participam de CN1: Henrique Cunha, Ângela Galvão, Celinha,
Jamu Minka, Eduardo de Oliveira, Cuti, Oswaldo de Camargo e Hugo
Ferreira.
• 1980 – criação Quilombhoje - Cuti, Oswaldo de Camargo, Paulo Colina,
Abelardo Rodrigues e Mário Jorge Lescano.
• 1983 – Quilombhoje – ruptura (Triunvirato) e ampliação (Cuti, Esmeralda
Ribeiro, Jamu Minka, José Alberto (até julho de 1984), Márcio Barbosa,
Miriam Alves, Oubi Inaê Kibuko, Sonia Fátima Conceição e Vera Lúcia
Alves (CUTI, 2010, p. 129). No ano seguinte entra José Abílio Ferreira.
• 1995 – Quilombhoje (Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa, Sônia Fátima
da Conceição); inclusão do subtítulo contos/poemas afro-brasileiros.
• 1999 – Márcio Barbosa e Esmeralda Ribeiro assumem a organização da
série até os dias atuais.
CADERNOS NEGROS 1
A África está se libertando! já dizia Bélsiva, um dos nossos velhos poetas. E nós
brasileiros de origem africana, como estamos?
Estaremos no limiar de um novo tempo. Tempo de África vida nova, mais justa e mais
livre e, inspirados por ela, renascemos arrancando as máscaras brancas, pondo fim à
imitação. Descobrimos a lavagem cerebral que nos poluía e estamos assumindo nossa
negrura bela e forte. Estamos limpando nosso espírito das idéias que nos enfraquecem
e que só querem nos dominar.
‘Cadernos Negros’ marca passos decisivos para nossa valorização e resulta de nossa
vigilância contra as idéias que nos confundem, nos enfraquecem e nos sufocam. As
diferenças de estilo, concepções de literatura, forma, nada disso pode mais ser muro
erguido entre aqueles que encontram na poesia um meio de expressão negra. Aqui se
trata da legítima defesa dos valores do povo negro. A poesia como verdade, testemunha
do nosso tempo.
Neste 1980, 90 anos pós-abolição – esse conto do vigário que nos pregaram – brotaram
em nossa comunidade novas iniciativas de conscientização, e ‘Cadernos Negros’ surge
como mais um sinal desse tempo de África-consciência e ação para uma vida melhor, e
nesse sentido, fazemos da negritude, aqui posta em poesia, parte da luta contra a
exploração social em todos os níveis, na qual somos atingidos. (...)
25 de novembro de 1978.
(ALVES, 2012, p. 222)
SER E NÃO SER
(Oliveira Silveira)
O racismo que existe,
o racismo que não existe.
O sim que é não,
o não que é sim.
É assim o Brasil
ou não?
(RIBEIRO, Esmeralda; BARBOSA, Márcio (Orgs.). Cadernos
Negros: Três Décadas – ensaios, poemas, contos. São Paulo:
Quilombhoje; SEPPIR, p. 108)
PONTO HISTÓRICO
(Éle Semog)
Existe um sol
Cansativo
Não é que eu
Que só os NEGROS
Seja racista...
Resistem.
Mas existem certas
Não é que eu
Coisas
Seja racista...,
Que só os NEGROS
Mas existe uma
Entendem.
História
Existe um tipo de amor
Que só os NEGROS
Que só os NEGROS
Sabem contar
Possuem,
... Que poucos podem
Existe uma marca no
Entender.
Peito
Que só nos NEGROS
(Éle Semog e José Carlos Limeira. O
Se vê,
Arco-Íris Negro. 1978, p. 94)
IDENTIDADE (José Carlos Limeira)
Houve um tempo em que
constava de sua carteira
o dado cor
na minha: pardaescuracabeloscarapinhados.
Diante do espelho, me pergunto
que faço com estes lábios grossos,
este nariz achatado?
Que faço com esta memória
de tantos grilhões,
destas crenças me lambendo as entranhas?
Será que não é demais ter o direito
de ser negro?
Causa espanto?
Pardaescura é o aspecto que vocês deram
à nossa história.
Morra de susto!
Sou, vou sempre ser: NEGRO!
ENE, É, GÊ, ERRE, Ó.
Aqui, Ó!
(In: Atabaques. 1979. p. )
OUTRA NEGA FULÔ
E a mãe-preta chegou bem cretina
(Oliveira Silveira)
Fingindo uma dor no coração.
O sinhô foi açoitar
- Fulô! Fulô! Ó Fulô!!
a outra nega Fulô
A sinhá burra e besta perguntou
- ou será que era a mesma?
onde é que tava o sinhô
A nega tirou a saia,
que o diabo lhe mandou.
a blusa e se pelou.
- Ah, foi você que matou!
O sinhô ficou tarado,
- É sim, fui eu que matou –
Largou o relho e se engraçou.
disse bem longe a Fulô
A nega em vez de deitar
pro seu nego, que levou
pegou um pau e sampou
ela por mato, e com ele
nas guampas doz sinhô.
aí sim ela deitou.
- Essa nega Fulô!
Essa nega Fulô!
Esta nossa Fulô!,
Esta nossa Fulô!
dizia intimamente satisfeito
o velho pai João
(RIBEIRO,
pra escândalo do bom Jorge de Lima,
(Orgs.). Cadernos Negros: Três Décadas –
seminegro e cristão.
ensaios,
Esmeralda;
poemas,
BARBOSA,
contos.
São
Quilombhoje; SEPPIR, p. 109-110)
Márcio
Paulo:
TRADIÇÃO
(Cuti)
sob a vasta bigodeira de machado
os lábios da raça escondidos acho
a lâmina do riso e o discreto
escracho
em cruz fico muito à vontade
para reunir setas de revolta
angústias e cravos
ensaio o arrombamento de portas
com o pé-de-cabra
que me empresta
com o deboche de sua risada
o gama
com o lima afio as facas
entro na trama
solano eu abraço
no boi-bumbado socialistado
num salto a-rap-iado
chego junto com os mano
nossa vida
muito tato e tutano.
(Negroesia, p. 14)
QUEBRANTO (Cuti)
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredicto
às vezes sou o amor que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio
às vezes as migalhas do que sonhei e
não comi
outras o bem-te-vi com olhos vidrados
trinando tristezas
um dia fui abolição que me lancei de
supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição
que me promulgo a cada instante
também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um
eterno começo
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!...
(In: Negroesia – antologia poética. Belo
Horizonte: Mazza Edições, 2007. p. 53-54)
APARTHEID (Jamu Minka)
humanidade vesga
o homem lobo do homem
heresia, branquistudo estúpida
eurhorrores
hipocriazul nos músculos
hitlerismo
hoje
humanidade outra
esperança
ébanidade heroica
azeviche-húmus virando o século
•
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•
Lumumba
Nkrumah
Touré
Mondlane
Cabral
Biko
Mandela
Moloise
Tutu
Neto
(Cadernos Negros 11, p. 42)
Marley
Tambo
Makeba
Nujoma
e
Samora
semente
sempre
AS VOZES-MULHERES NEGRAS
vozes insubmissas do inconformismo contra o sexismo e o racismo
A produção textual das mulheres negras é
relevante,
pois
põe
a
descoberto
muitos
aspectos de nossa vivência e condição que não
estão presentes nas definições dominantes de
realidade e das pesquisas históricas. Partindo de
um outro olhar, debatendo-se contra as amarras
ideológicas e as imposições históricas, propicia
uma reflexão revelando a face de um BrasilAfro
(destaque no original) feminino, diferente do
que se padronizou, humanizando esta mulher
negra, imprimindo um rosto, um corpo e um
sentir
mulher
com
características
(MIRIAM ALVES, 2010, p. 67).
próprias
“E agora apresento um elemento vital na constituição de uma
literatura afro-brasileira – a autoria. (...) Eu sou uma escritora
brasileira, mas não somente. A minha condição de brasileira agrega
outras identidades que me diferenciam: a de mulher, a de negra, a de
oriunda das classes populares e outras ainda, condições que marcam,
que orientam a minha escrita, consciente e inconscientemente. Nesse
sentido, não tenho receio algum em não só afirmar a existência de
uma literatura afro-brasileira, como ainda me encaixar no grupo de
autores/as que criam um texto afro-brasileiro. E ainda asseguro a
existência de um texto feminino negro, ou afro-brasileiro, como
queiram. (...) E, nesse sentido, afirmo que, quando escrevo, sou eu,
Conceição Evaristo, eu-sujeito a criar um texto e que não me
desvencilho de minha condição de cidadã brasileira, negra, mulher,
viúva, professora, oriunda de classes populares, mãe de uma especial
menina, Ainá etc., condições estas que influenciam na criação de
personagens, enredos ou opções de linguagem a partir de uma
história, de uma experiência pessoal que é intransferível (EVARISTO,
2011, p. 114-115)
DE MÃE
(Conceição Evaristo)
O cuidado da minha poesia
aprendi foi de mãe
mulher de pôr reparo nas coisas
e de assuntar a vida.
A brandura da minha fala
na violência dos meus ditos
ganhei de mãe
mulher prenhe de dizeres
fecundados na boca do mundo.
Foi de mãe todo o meu tesouro,
veio dela todo o meu ganho,
mulher sapiência, yabá,
do fogo tirava água
do pranto criava consolo.
Foi de mãe esse meio riso
dado para esconder
alegria inteira
e essa fé desconfiada,
pois, quando se anda descalço
cada dedo olha a estrada.
Foi mãe que me descegou
para os cantos milagreiros da vida,
apontando-me o fogo disfarçado
em cinzas e a agulha do
tempo movendo no palheiro.
Foi mãe que me fez sentir
as flores amassadas
debaixo das pedras
os corpos vazios
rente às calçadas
e me ensinou, insisto, foi ela
a fazer da palavra
artifício
arte e ofício
do meu canto
da minha fala.
(RIBEIRO, Esmeralda; BARBOSA, Márcio
(Orgs.). Cadernos Negros: Três Décadas –
ensaios,
poemas,
contos.
São
Paulo:
Quilombhoje; SEPPIR, p. 120-121)
VOZES-MULHERES
A minha voz ainda
(Conceição Evaristo)
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
A voz de minha bisavó ecoou
e
criança
fome.
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
A voz de minha filha
de uma infância perdida.
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
A voz de minha avó
as vozes mudas caladas
ecoou obediência
engasgadas nas gargantas.
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha filha
A voz de minha mãe
recolhe em si
ecoou baixinho revolta
a fala e o ato.
no fundo das cozinhas alheias
O ontem – o hoje – o agora.
debaixo das trouxas
Na voz de minha filha
roupagens sujas dos brancos
se fará ouvir a ressonância
pelo caminho empoeirado
o eco da vida-liberdade.
rumo à favela
(Cadernos negros 13, p. 32-33)
NÃO VOU MAIS LAVAR OS PRATOS
(CRISTIANE SOBRAL)
Não vou mais lavar os pratos.
Não lavo mais pratos.
Nem vou limpar a poeira dos móveis.
Li a assinatura da minha lei áurea
Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro
escrita em negro maiúsculo,
dia um livro
em letras tamanho 18, espaço duplo.
e uma semana depois decidi. (...)
Aboli.
Ah, esqueci de dizer. Não vou mais.
Não lavo mais os pratos
Resolvi ficar um tempo comigo.
Quero travessas de prata,
Resolvi
ler
sobre
o
que
se
passa
Cozinha de luxo,
conosco.
e jóias de ouro. Legítimas.
Você nem me espere. Você nem me
Está decretada a lei áurea.
chame. Não vou.
De tudo o que jamais li, de tudo o que
(Cadernos
jamais entendi,
brasileiros, 2000)
você foi o que passou
Passou do limite, passou da medida,
passou do alfabeto.
Desalfabetizou. (...)
negros
23:
poemas
afro-
MAHIN AMANHÃ
(Miriam Alves)
Ouve-se nos cantos a conspiração
vestes
vozes
esperanças
baixas
sussurram
frases
resguardam
aguardam a luta
precisas
escorre nos becos a lâmina
coloridas
das
Arma-se a grande derrubada branca
adagas
a luta é tramada na língua dos
Multidão tropeça nas pedras
Orixás
Revolta
há revoada de pássaros
sussurro, sussurro:
“é aminhã, aminhã”
sussuram
Malês
Bantus
“é amanhã, é amanhã.
Mahin falou, é amanha”
A cidade toda se prepara
Malês
geges
nagôs
“é aminhã, Luiza Mahin falô”
Bantus
geges
nagôs
(Cadernos
Negros:
poemas, p. 104)
os
melhores
PARA TODOS OS DIAS
(Ana Cruz)
Nasci onde o rio fazia curva
Para descansar,
O fogo, água e mato.
A certeza, o tempo passando sem
pressa.
A voz dos meninos se
transformando.
Flores nas meninas começando a
nascer.
Cigarra acordou cantando uma
canção diferente
e o céu tá côvado, sinal de chuva
pesada.
Milho, manga formiga cabeçuda,
todo mundo, tudo vida. (...)
As rezadeiras, benzedeiras,
parteiras, milagreiras.
Alegres faladeiras. (...)
História de uma família
que acompanhou o progresso
mas não quis levar
o patuá de identidade.
Desembestaram atrás do progresso,
sem saber que o progresso era
aquele
e para onde ele estava indo.
Daí, o progresso progrediu
só de um lado,
progrediu ainda mais
quem era progredido.
E essas pessoas ficaram
feito folha seca
ao vento...
Arrebatamento...
Juízo final...
Ressucita, minha avó,
para dar jeito
nesse meu mundo.
(E... feito de luz, p. 9-10)
Meu Rosário (CONCEIÇÃO EVARISTO)
Meu rosário é feito de contas negras e
mágicas.
Nas contas de meu rosário eu canto
Mamãe Oxum e falo
padres-nossos e ave-marias.
Do meu rosário eu ouço os longínquos
batuques do meu povo
e encontro na memória mal
adormecida
as rezas dos meses de maio de minha
infância.
As coroações da Senhora, em que as
meninas negras,
apesar do desejo de coroar a Rainha,
tinham de se contentar em ficar ao pé
do altar lançando flores.
As contas do meu rosário fizeram
calos
em minhas mãos,
pois são contas do trabalho na terra,
nas fábricas,
nas casas, nas escolas, nas ruas, no
mundo.
As contas do meu rosário são contas
vivas.
(Alguém disse um dia que a vida é
uma oração,
eu diria, porém, que há vidasblasfemas).
Nas contas de meu rosário eu teço
intumescidos sonhos de esperanças.
Nas contas de meu rosário eu vejo
rostos escondidos
por visíveis e
invisíveis grades
e embalo a dor da luta perdida nas
contas
de meu rosário.
Nas contas de meu rosário eu canto, eu
grito, eu calo.
Do meu rosário eu sinto o borbulhar da
fome
no estômago, no coração e nas cabeças
vazias.
Quando debulho as contas do meu
rosário,
eu falo de mim mesma um outro nome.
E sonho nas contas de meu rosário
lugares, pessoas,
vidas que pouco a pouco descubro reais.
Vou e volto por entre as contas de meu
rosário,
que são pedras marcando-me o corpo
caminho.
E neste andar de contas-pedras,
o meu rosário se transmuta em tinta,
me guia o dedo, me insinua a poesia.
E depois de macerar conta por conto do
meu rosário, me acho aqui eu mesma
e descubro que ainda me chamo Maria.
(Poemas da recordação e outros movimentos. p. 1617)
PIXAIM ELÉTRICO
(Cristiane Sobral)
Quase um caso de polícia em meio à
Naquele dia
pasmaceira da cidade
Meu pixaim elétrico gritava alto
Incomodou
Provocava sem alisar ninguém.
novas cabeças
identidades
e
pariu
Meu cabelo estava cheio de si
Abaixo a demagogia
Naquele dia
Soltei
Preparei a carapinha para enfrentar
qualquer relaxante
a
Assumi as minhas raízes ainda que
monotonia
da
paisagem
da
as
amarras
e
recusei
estrada
brincasse com alguns matizes
Soltei os grampos e segui, de cara
Confrontando o meu pixaim elétrico
pro vento, bem desaforada...
com as cores pálidas do dia.
Sem esconder volumes nem negar
raízes.
(In: Não vou mais lavar os pratos,
2011, p. 81)
Pura filosofia
Meu cabelo escuro, crespo, alto e
grave...
INVASÃO
(Sonia Fátima Conceição)
Energizemos as cidades
(é o momento)
ressoem os atabaques
santo sacrifício
sacrifique
(um bode)
na Santa Eucaristia
santo sangue
nos cubra
a todos
AXÉ
(Finally Us, p. 218)
PLURALISMO DOS TRANSNEGRESSORES
a liberdade inventiva da palavra
Adão Ventura - Arnaldo Xavier
Oliveira Silveira - Paulo Colina
Ronald Augusto - Ricardo Aleixo
Cuti - Edimilson de Almeida Pereira
Henrique Freitas – Ogum´s Toques Negros
TRANSNEGRESSÃO
tenta
dar
conta
–
através
da
justaposição
de
vocábulos
(negro
+
transgressão), ao estilo da montagem cinematográfica – de uma proposta
estética interessada em lesar tanto as ideias feitas que orientam nossas
filosofias de vida quanto à imagem de um cânone totalizante, “universal”,
vantajoso (para quem?) a ponto de poder ser aplicado em qualquer tempoespaço (AUGUSTO, 2010, p. 434).
Poemas visuais de Arnaldo Xavier
Poemas visuais de Arnaldo Xavier
Poema-visual
de
Ronald
AGUSTONI, 2010, p. 483
Augusto.
In:
OLIVEIRA SILVEIRA. “Atabaques”.
In: AUGUSTO, Ronald (Org.). Oliveira Silveira – Poesia Reunida. Porto
Alegre: Instituto Estadual do Livro; CORAG, 2012, p. 154.
1. cada uma das mãos o dividiu
em viagens.
as flores estavam fatigadas com o
desconsolo das declarações de
amor. não havia relógios nem
outras perfurações que os identificassem. lygia enxugou os pratos com o último dos envelopes.
era expressamente proibida a entrada de pessoas de cor naquele
REIcinto de segurança. vendem-se
empregadas domésticas que saibam descascar BACH. ou ainda:
sensacional liquidação de lilases
especializadas em pacto com o
amanhecer. tergal também serve
para encadernações de corpos humanos.
ADÃO VENTURA. Abrir-se um abutre ou
mesmo depois de deduzir dele o azul.
1969. s/p.
eles que são brancos e os que não são eles
que são machos e os que não são eles que
são adultos e os que não são eles que são
cristãos e os que não são eles que são
ricos e os que não são todos os que são mas não
acham que são como os outros que se entendam
que se expliquem que se cuidem que se
Ricardo Aleixo. In: AGUSTONI, 2010, p. 483
LEITURA DOS ARTIGOS
BLOCO 1
“Preconceito Cultural”, de Ferreira Gullar,
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/12790-preconceitocultural.shtml
“A empáfia do poeta Gullar”, de Cuti
http://www.geledes.org.br/em-debate/colunistas/12190-luizsilva-cuti-a-empafia-do-poeta-goulart
BLOCO 2
Marta diz que critério para levar autor nacional
a Frankfurt foi literário, não étnico
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1350634marta-diz-que-criterio-para-levar-autor-brasileiro-a-frankfurtnao-foi-etnico-mas-literario.shtml
Feira de Frankfurt nega racismo em lista de
brasileiros
http://oglobo.globo.com/cultura/feira-de-frankfurt-negaracismo-em-lista-de-brasileiros-10206335
Nota de repúdio pela ausência de escritores
negros na lista dos 70 autores brasileiros feita
pelo Ministério da Cultura do Brasil para a Feira
de Frankfurt 2013
http://www.sul21.com.br/jornal/escritores-convidados-para-afeira-de-frankfurt-literatura-e-emapartheidem-naturalizado/
Leitura complementar
ALVES, Miriam. Brasilafro autorrevelado: literatura brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
_____. Cadernos Negros (número 1): estado de alerta no fogo cruzado. In: FIGUEIREDO, Maria do Carmo Lanna; FONSECA, Maria
Nazareth Soares (Orgs.). Poéticas afro-brasileiras. 2 ed. Belo Horizonte: Mazza; PUC Minas, 2012. p. 221-240.
BERND, Zilá (Org.). Antologia de poesia afro-brasileira: 150 anos de consciência negra. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011.
_____. Poesia negra brasileira: antologia. Porto Alegre: AGE; IEL; IGEL, 1992.
_____. Introdução à literatura negra. São Paulo: Brasiliense, 1988.
BROOKSHAW, David. Raça & cor na literatura brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
CAMARGO, Oswaldo de (Org.). A razão da chama – antologia de poetas negros brasileira. São Paulo: Edições GRD, 1986.
_____. O negro escrito: apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira. São Paulo: Secretaria do Estado da
Cultura, 1987.
COLINA, Paulo (Org.). Axé – antologia contemporânea de poesia negra brasileira. São Paulo: Global, 1982.
CUTI. Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010.
_____. Quem tem medo da palavra negro. Belo Horizonte: Mazza Edições, s/d.
_____. O leitor e o texto afro-brasileiro. In: FIGUEIREDO, Maria do Carmo Lanna; FONSECA, Maria Nazareth Soares (Orgs.).
Poéticas afro-brasileiras. 2 ed. Belo Horizonte: Mazza; PUC Minas, 2012. pp. 19-36.
DALCASTAGNÈ, Regina. Entre silêncios e estereótipos: relações raciais na literatura brasileira contemporânea. Disponível em
http://www.gelbc.com.br/pdf_revista/3105.pdf
______.
A
personagem
do
romance
brasileiro
contemporâneo:
1990-2004.
Disponível
em
http://www.gelbc.com.br/pdf_revista/2602.pdf
DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 1,2 ,3 e 4 . Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2011.
EVARISTO, Conceição. Literatura negra. Rio de Janeiro: CEAP, 2007.
_____. Literatura negra: uma voz quilombola na literatura brasileira. In: PEREIRA, Edimilson de Almeida. Um tigre na floresta de
signos – estudos sobre poesia e demandas sociais no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010.
_____. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. In: Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 17-31, 2º sem. 2009.
_____. Da Grafia – Desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marco Antônio
(Org.). Representações Performáticas Brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007, p 16-21.
FANON, Frantz. Pele negra, máscara branca. Salvador: EDUFBA, 2008.
FIGUEIREDO, Maria do Carmo Lanna; FONSECA, Maria Nazareth Soares. (Orgs.). Poéticas afro-brasileiras. 2 ed. Belo Horizonte:
Mazza; PUC Minas, 2012. pp. 191-220
KHOTE, Flávio R. O cânone colonial. Brasília: Editora da UnB, 2003.
QUILOMBHOJE. Reflexões sobre a literatura afro-brasileira. São Paulo: Quilombhoje 1985.
MUNANGA, Kabenguele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil – identidade nacional versus identidade negra. 3 ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2008.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Um tigre na floresta de signos – estudos sobre poesia e demandas sociais no Brasil. Belo
Horizonte: Mazza Edições, 2010. p. 425-437.
QUILOMBHOJE. Cadernos Negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998.
RABASSA, Gregory. O negro na ficção brasileira. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1965.
REIS, Roberto. Cânon. In: JOBIM, José Luis (Org.). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
RISO, Ricardo. Negras substâncias de conscientização: a literatura negro-brasileira. In: Seminário Internacional Acolhendo As
Línguas Africanas – SIALA – Africanias, Imagens e Linguagens, Universidade do Estado da Bahia – UNEB. 2012. Disponível em: <
http://www.siala.uneb.br/pdfs/2012/ricardo_silva_ramos_de_souza.pdf > Acesso em 27 de novembro de 2013.
SILVA, Jônatas Conceição da. Vozes quilombolas – uma poética brasileira. Salvador: EDUFBA, 2006.
SOUZA, Florentina da Silva. Afro-descendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
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AULA cânone literário - PÓS UCP-IPETEC - 10.2014