POLITICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS: O PUBLICO ALVO TEM CONHECIMENTO? Silvia Caroline Vieira Alves¹ Profa. Dra. Maria Nilza da Silva (orientadora) GT 4: “Racismo, intolerância e políticas publicas”. RESUMO Em meio à realidade social, o debate da questão racial na conjuntura atual já superou o dilema: “ser contra ou a favor” das cotas; hoje o que se busca são políticas públicas que tornem viáveis a implementação das cotas. A questão é: será que estas são divulgadas? Os alunos do ensino médio público, foco maior (se não único) das ações, sabem como funcionam programas de cotas? Os professores destes alunos tem conhecimento para direcioná-los nas inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ou para que sejam cotistas sociais e/ou raciais nas universidades públicas? A cota é uma forma de reparar determinados problemas que por outros canais serão mais lentos, assim sendo, garantido por um período até que sejam reduzidas a disparidades ou problemas levantados. Os trezentos e oitenta e oito anos de escravidão do Brasil deixaram uma dívida racial muito forte. Ao africano e seus descendentes foram negadas a educação e a oportunidade de ascensão social, entre outras. E mesmo depois da Lei Aurea (1888), os negros continuaram estigmatizados: a margem social, continuando a ser desfavorecidos juridicamente, culturalmente e de várias outras maneiras. Foi libertado para viver, muitas vezes, em mendicância. São eles vistos como o perfil do “meliante”. Os negros foram tirados da senzala, mas o Estado não traçou politicas que colaborariam para que eles tivessem oportunidades. O trabalho que a ele poderia ser atribuído, passou muitas das vezes para as mãos dos imigrantes europeus. Os negros eram considerados inaptos ao trabalho, mesmo depois de tantos anos de servidão. Se junta a tal condição as ciências de eugenia (embranquecimento), que estavam em desenvolvimento nos países estrangeiros e que influenciam o âmbito nacional. Tais ciências denominavam as raças como superiores ou inferiores. Sendo esses, somente exemplos, de fatos que deram inicio a segregação racial referente aos negros no Brasil. Se com vulnerabilidade financeira já é difícil manter-se na escola, tendo a pele escura é uma missão duplamente complicada. Em um pensamento geral antigo, mas não tão distante, o negro não é capaz de desenvolver nem atividades de trabalho, logo o que levaria a pensar que ele tem capacidade de adentrar em algum curso de nível superior? Dados estatísticos nos mostram que o afro descente tem uma média de dois anos a menos estudados quando comparado a brancos. O ingresso nas universidades acaba se tornando muito difícil devido às condições geradas para com 1 - Graduanda do curso de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaboradora desde 01/05/2012 no projeto de pesquisa, cadastrado sob o nº 7915, intitulado: "A POPULAÇÃO NEGRA EM LONDRINA: MEMÓRIA E REALIDADE SOCIAL", vinculado ao Laboratório de Cultura e Estudos Afro-Brasileiros (LEAFRO). E-mail: [email protected]. eles no Brasil. A concorrência entre o negro e o branco era desleal, e isso se reflete nos dias de hoje. Pois, a maioria dos negros está concentrada na parte pobre da sociedade. A elitização do ensino superior se torna nítida, sendo essa elite composta em grande maioria por pessoas brancas. Todos naturalizaram a situação do negro na nossa sociedade, o que pode ser caracterizado como racismo institucional e não há um responsável, aparentemente. É quando se inicia as políticas de Ação Afirmativa, políticas que pretendem diminuir essa discrepância ao acesso, de forma que as possibilidades aumentem para os que são desfavorecidos, não só historicamente, mas na atualidade, principalmente. O que se conseguiu até hoje com estas políticas compensatórias é, com certeza, muito ínfimo, mas cabe ao Estado, frente a esta demanda civil, fazer cumprir os direitos sociais e dar oportunidades aos discriminados raciais. A pesquisa presente está em andamento desde março de 2013 e pretende-se concluí-la em abril de 2014. Além da pesquisa bibliográfica sobre o tema, com revisão teórica, é pretensão buscar dados estatísticos oficiais junto às escolas selecionadas dos alunos negros, da sua permanecia na escola e de sua possível inserção nas universidades públicas; aplicar um questionário com alunos de quatro escolas distintas das redes públicas de ensino médio na cidade de Londrina/ PR, em uma tentativa de traçar o nível de proximidade que estes têm com as cotas universitárias, além de observar a aceitação ou não da prática em questão e mensurar o que vem sendo feito para divulgá-las. Há o desejo de se fazer entrevista semi estruturada com pelo menos quatro alunos (um de cada escola) para “dar voz e ouvidos” a estes atores. Pretende-se, por fim, com esta pesquisa promover debates e conhecimentos sobre as cotas sociais e, principalmente, as cotas raciais. PALAVRAS-CHAVE: Politicas de ação afirmativa; cotas raciais; racismo.