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ESTA PARTE É EDITADA
ELETRONICAMENTE
DESDE 1º DE JULHO DE
2005
PARTE II
PODER LEGISLATIVO
ANO XL - Nº 204
QUINTA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2014
EDUCAÇÃO PROJETO PREVÊ ACESSO GRATUITO A CURSOS DE MESTRADO, DOUTORADO E ESPECIALIZAÇÃO
Alerj discute cotas para pós-graduação
Vítor Soares
Gabriel Deslandes
P
assados 12 anos desde
as primeiras experiências com medidas
afi rmativas em universidades
públicas no Rio de Janeiro, a
política de cotas poderá passar
para uma nova fase — a extensão do sistema de ingresso para
a pós-graduação. A proposta
consta no projeto de lei 694A/11, do deputado Zaqueu
Teixeira (PT). A ideia é permitir que estudantes carentes
façam gratuitamente cursos
de mestrado, doutorado, especialização e aperfeiçoamento.
A proposta engloba negros;
indígenas; fi lhos de policiais,
bombeiros e agentes penitenciários; além de graduados do
Programa Universidade para
Todos (ProUni) e do Programa
de Financiamento Estudantil
(Fies).
Segundo o deputado, a
exigência da especialização
pelo mercado de trabalho esbarra na alta concorrência por
mestrados e doutorados e nas
mensalidades cobradas pelas
universidades privadas por
um curso de pós-graduação.
“Este projeto é importante
para dar mais chances a quem
está entrando no mercado de
trabalho, o que resulta em
crescimento profissional e pessoal, uma vez que as pessoas
se sentirão valorizadas, além
de promover o crescimento
das empresas e fortalecer a
economia”, afi rmou.
Pioneira no Brasil na distribuição de vagas para graduação por classificação social e
racial, a Universidade Estadual
Guilherme Alves está prestes a se formar em jornalismo e planeja cursar o mestrado em comunicação social. Ele reclama dos altos custos dos cursos de especialização
do Rio de Janeiro (Uerj) lançou
o projeto em 2002, com 20%
das matrículas para negros,
20% para estudantes da rede
pública e 5% para deficientes
físicos. Em uma década, 8.759
universitários se formaram
atavés desse sistema, sendo
4.484 por cotas sociais.
O estudante de jornalismo
Guilherme Alves é um dos
graduandos que ingressaram
na Uerj por nível socioeconômico. Ele conta que, tão logo
se forme, pretende fazer um
mestrado em comunicação e
alerta para o fato de os cursos
de especialização, mesmo nas
universidades públicas, serem
IDEIA ABRANGE
NEGROS, ÍNDIOS
E BOLSISTAS DO
PROUNI E DO FIES
pagos, chegando a R$ 15 mil:
“Esses cursos são feitos por
fundações que têm convênios
com a faculdade. É preciso nivelar pela condição econômica
os cursos de menor duração e
a bolsa de estudo pode fazer
com que o estudante se dedique mais”.
Além da questão socioeconômica, há o aspecto racial.
Na Uerj, por exemplo, 4.146
cotistas negros já concluíram a
faculdade, desde 2002, graças
ao sistema de cotas. Estudos
da universidade apontam que
as notas dos negros é, em
média, superior à dos nãocotistas — 6,41 e 6,37 pontos,
respectivamente.
Mas os bons resultados
na Uerj ainda não foram suficientes para mudar o panorama racial em áreas como
o Poder Judiciário, com a
aprovação por concurso público de magistrados negros
em seus quadros. “Quantos
desembargadores negros tem
o Tribunal de Justiça do Rio?
Essa Instituição não pode ficar
omissa”, questiona frei David
Santos, diretor-executivo da
Educafro, ONG cujo objetivo
é permitir o ingresso de jovens
negros em universidades que
forneçam bolsas de estudo.
Fabiano Veneza
IMPRESSO
ONG quer mais professores negros na universidade
Se o acesso a um curso de pós-graduaçao
é difícil, Frei David lamenta também a
baixa presença de professores negros nas
universidades — menos de 5% do corpo
docente, segundo ele — e crê na ampliação das cotas para a pós-graduação para
inverter esse quadro. Para ele, a ampliação
do sistema de cotas faria justiça social na
disputa em pé de igualdade por um lugar ao
sol no mercado de trabalho: “O mercado de
Zaqueu Teixeira: mais chances e justiça social no mercado de trabalho
trabalho está cada vez mais exigente e, só
com a graduação, não vamos longe”.
Animado com a proposta em discussão
na Alerj, o diretor-executivo do Educafro
conta que pretende se reunir com o governador Luiz Fernando Pezão para tratar do
assunto. “Assim que o governador sancionar
a lei, correremos atrás do prejuízo”, comemora frei David, contando com a aprovação
do projeto pelos deputados.
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