Discursos que educam: representações das cotas raciais na Veja
Adélia Maria Leal da Cruz
Esta dissertação analisa as representações das cotas raciais produzidas nos
textos da revista Veja, desde que as primeiras universidades públicas do
Brasil implementaram essa política de ação afirmativa em concursos
vestibulares. O objetivo geral desta pesquisa é investigar/tensionar as
representações das cotas raciais presentes nos discursos da Veja, pois
admitimos o quanto essa mídia se apresenta como um grande espaço
pedagógico, nos ensinando diferentes formas de viver, de nos relacionar
com o outro e de discutir sobre as temáticas atuais que nos dizem respeito.
Para isso, encontro suporte teórico nos Estudos Culturais para a
compreensão de dados a serem analisados aqui, envolvendo conceitos de
cultura, representação, discurso, poder, raça e racismo. A pesquisa foi
realizada a partir da leitura das revistas Veja publicadas no período de 2003
a 2008, onde foram selecionados excertos para análise. Os dados coletados
foram organizados em categorias analíticas, de acordo com as recorrências
das representações das cotas raciais. Assim, ao final da pesquisa, encontro,
nos discursos da Veja, um grande número de representações que apontam
aspectos negativos das cotas raciais, tais como: ameaçam a democracia
racial e estimulam o racismo; é impossível a identificação de raça no país;
são imitações de outros países; ferem a Constituição Brasileira;
desconsideram o mérito acadêmico e ainda que a melhoria do ensino
público dispensa a necessidade de cotas. Também foi possível encontrar
algumas representações positivas, destacando: as cotas são alternativas
interessantes para inclusão do negro na universidade, se acompanhadas de
outras medidas que garantam a permanência do negro na universidade.
Palavras-chave: educação, cotas, representações, Revista Veja, Estudos
Culturais.
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