COTAS RACIAIS Lab. 11 Cotas Raciais • Sistema de cotas, ou cotas raciais: medida governamental que cria uma reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para classes sociais mais desfavorecidas. • É considerada uma forma de ação afirmativa, segundo conceito surgido nos Estados Unidos na década de 1960. Cotas nas Universidades • Nas universidades, a adoção de reserva de vagas começa em 2000, com a aprovação da lei estadual 3.524/00, de 28 de dezembro de 2000. Esta lei garante a reserva de 50% das vagas, nas universidades estaduais do Rio de Janeiro, para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino. • Início: 2004 - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). • Posteriormente: Universidade de Brasília (UNB) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB), etc.: aderiram a com critérios como indicadores socioeconômicos, cor ou etnia do indivíduo. Distorções Os gêmeos Alex e Alan Teixeira da Cunha, 18 anos, filhos de pai negro e mãe branca. A decisão da banca da Universidade de Brasília que determina quem tem direito ao privilégio da cota mostra o perigo de classificar as pessoas pela cor da pele. X Já foi secretário geral do Conselho da Comunidade Negra do governo do estado de São Paulo e atuou na Comissão de Assuntos da OAB/SP Antidiscriminatórios. Já foi secretário de governo no estado de São Paulo e atua como diretor acadêmico da Faculdade Zumbi dos Palmares e do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Contra • Iluminismo: todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos X Tese da desigualdade natural: se os homens não são iguais, não devem receber coisas iguais (Aristóteles). • Desde a primeira Constituição do Brasil, de 1824, a igualdade é declarada e reiterada. • Raízes do Brasil (1936): Sérgio Buarque de Holanda saúda a mistura de genes de três povos fundadores da nação: o nativo, o europeu e o africano, edificando no Brasil um ser miscigenado, o ser nacional. • Pesquisa em 2008: 63% dos afro-brasileiros são contra a segregação de direitos raciais. • A questão em julgamento não são as políticas públicas de inclusão de afro-brasileiros nas universidades públicas, o que poderá ser contemplado pelo critério de cotas sociais ampliando as oportunidades aos mais pobres, dos quais 70% são pretos e pardos. • O que se disputa é a possibilidade da segregação de direitos raciais pelo Estado. Confere validade à tese racista da classificação racial, que nós repudiamos. • A deliberação do julgamento histórico sobre as cotas raciais influenciará a harmonia social de futuras gerações. • Ortega y Gasset, o filósofo espanhol, diz da responsabilidade da atual geração entregar à futura um ambiente social melhor do que a recebido. A nossa geração recebeu uma sociedade sem direitos e sem ódios raciais. Como vamos entregá-la? Favorável • 1931 (Getúlio Vargas): aprovação da primeira lei de cotas nas Américas: a Lei da Nacionalização do Trabalho, ainda hoje presente na CLT - dois terços dos trabalhadores das empresas devem ser nacionais. • Na vigência da Constituição de 1988, o país adotou cotas para portadores de deficiência no setor público e privado, cotas para mulheres nas candidaturas partidárias e instituiu uma modalidade de ação afirmativa em favor do consumidor: dada a presunção de que fornecedores e consumidores ocupam posições materialmente desiguais, estes últimos são beneficiados com a inversão do ônus da prova em seu favor, de modo que em certas hipóteses ao fornecedor cabe provar que ofereceu um produto em condições de ser consumido. • 1. o Brasil poderia tranquilamente orgulhar-se de exibir cotas e outras políticas de ação afirmativa como um produto genuinamente nacional; • 2. não é mera casualidade o fato de jamais ter havido qualquer questionamento quanto à adoção de cotas para quaisquer outros segmentos, mas, no momento em que este mesmo princípio jurídico passa a ser invocado para favorecer a população negra, emerge uma oposição colérica e incapaz de enfrentar o contraditório, o debate público, aberto. • Os alunos cotistas apresentam o mesmo desempenho de seus colegas; • As universidades ganharam em criatividade e desempenho e não há registro de incidente mais sério de intolerância. • Há dez documentos públicos nos quais os brasileiros são classificados racialmente desde tempos imemoriais, funcionando bem até a classificação racial ser invocada para a fruição – e não a violação – de direitos.