O que você deve saber sobre introdução à teoria dos conjuntos e conjuntos numéricos As noções de conjunto e as diferentes formas de representá-lo são fundamentais para a formalização da Matemática. Por meio da linguagem e das operações entre conjuntos, podem-se resolver problemas do campo da Álgebra e da Estatística. Na Matemática, o termo conjunto refere-se a uma coleção de objetos com características semelhantes que, por isso, podem ser reunidos em um grupo. Representação Um conjunto pode ser representado por uma amostra de seus elementos, com base na qual é possível descrever todos os demais – ou, então, por uma frase que indique alguma característica comum a todos eles. Relações binárias A relação que se pode estabelecer entre elementos e conjuntos é a de pertinência: diz-se que um elemento pertence a dado conjunto se dele fizer parte. Utilizam-se os símbolos (pertence) e (não pertence) para representar esse tipo de relação. A continência é uma relação binária entre conjuntos, semelhante à pertinência. Diz-se que um conjunto A está contido em outro conjunto B se todos os elementos de A também pertencem a B. Utilizam-se os símbolos (está contido) e (não está contido) para representar essa relação. Dois conjuntos são iguais se possuem os mesmos elementos. Representação tabular Os elementos do conjunto são representados entre chaves. Representação por diagrama Representam-se os elementos do conjunto por um modelo chamado Diagrama de Venn. Representação por propriedade Os elementos do conjunto são indicados pela descrição de uma propriedade que é comum a todos eles. Exemplos Seguem três representações possíveis para um mesmo conjunto A: • na forma tabular: A 5 {0, 2, 4, 6, 8} • pelo Diagrama de Venn: A Observação: Para o conjunto vazio, utiliza-se a notação ou { }. A notação {} representa um conjunto unitário cujo único elemento é o conjunto vazio. 4 8 6 Alguns tipos de conjuntos Finito é um conjunto cuja quantidade de elementos é limitada. Infinito é um conjunto cuja quantidade de elementos é ilimitada. Universo é um conjunto ao qual pertencem todos os elementos de um sistema em estudo. Unitário é um conjunto que possui um único elemento. Vazio é um conjunto que não possui elementos. 2 0 • pela descrição de uma propriedade que determina seus elementos: A 5 {x | x é um número par menor que 10} III. Subconjuntos Um conjunto A é denominado subconjunto de B se, e somente se, todos os elementos de A pertencerem a B. Nesse caso, pode-se dizer também que A está contido em B (A B). Também pode-se dizer que B contém A (B A). B II. Formas de representação O nome de um conjunto qualquer será indicado por uma letra maiúscula. Um conjunto pode ser representado de três maneiras diferentes, de acordo com as condições ou as necessidades para representá-lo. 2 A C Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I. Conceitos básicos Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Quantidade de subconjuntos de um conjunto finito Com base em duas propriedades que envolvem os conjuntos, é possível calcular, pela combinação de seus elementos, a quantidade de subconjuntos que um dado conjunto pode formar. As propriedades são: P1: todo conjunto é subconjunto de si mesmo (A A). P2: o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto ( A, A). Com base nessas propriedades, pode-se afirmar que: • o conjunto vazio tem 1 subconjunto: (ou ele mesmo); • o conjunto unitário tem 2 subconjuntos: e ele mesmo; • um conjunto com dois elementos a e b tem quatro subconjuntos: ; {a}; {b}; e ele mesmo; • um conjunto com três elementos a, b e c tem oito subconjuntos: ; {a}; {b}; {c}; {a, b}; {a, c}; {b, c}; e ele mesmo. Assim: Quantidade de elementos Quantidade de subconjuntos 0 1 = 20 1 2 = 21 2 4 = 22 3 8 = 23 ... ... n n 2 Observando a tabela, pode-se generalizar e escrever que um conjunto A qualquer, com n elementos, contém 2n subconjuntos. IV. Complementar de um conjunto Quando se tem um conjunto A contido em B, o complementar de A em relação a B é o conjunto formado pelos elementos de B que não pertencem a A, sendo indicado por: Se A B ] CAB 5 {x | x B e x A} A região colorida indica os elementos de B que não pertencem ao conjunto A, ou seja, o complementar de A em relação a B. Observação: A condição necessária e suficiente para que exista CAB é que A B. Caso contrário, diz-se que não existe o complementar do conjunto A em relação ao conjunto B. V. Operações entre conjuntos União de A e B Essas operações têm como resultado um conjunto C formado por todos os elementos que pertencem ao conjunto A ou ao conjunto B. Em linguagem matemática: C 5 A B 5 {x | x A ou x B} A operação de união está relacionada à utilização da conjunção “ou” na linguagem matemática. Essa conjunção indica a ideia de alternância. Assim, um elemento será resultado de uma operação de união se pertencer apenas ao conjunto A, apenas ao conjunto B ou aos dois conjuntos simultaneamente. Observação: No diagrama representado a seguir, o conjunto A está contido no conjunto B: B A AB5B Nesse caso, a união dos conjuntos A e B é o próprio conjunto B. Intersecção de A e B Essa intersecção tem como resultado um conjunto C formado pelos elementos que pertencem ao conjunto A e ao conjunto B simultaneamente. Em linguagem matemática: C 5 A B 5 {x | x A e x B} A operação de intersecção está relacionada à utilização da conjunção “e” na linguagem matemática. Essa conjunção indica a ideia de simultaneidade. Assim, um elemento será resultado de uma operação de intersecção apenas se pertencer aos dois conjuntos ao mesmo tempo. Exemplo No diagrama representado a seguir, os conjuntos A e B não têm elementos em comum. B A A B AB5 3 Introdução à teoria dos conjuntos e conjuntos numéricos O conjunto A está contido no conjunto B (A B), pois todos os elementos de A pertencem a B. Nesse caso, A é um dos subconjuntos do conjunto B. O conjunto C não está contido no conjunto B (C B), pois nem todos os elementos de C pertencem a B. Nesse caso, diz-se que C não é um subconjunto de B. Observação: No diagrama representado a seguir, o conjunto A está contido no conjunto B. B A AB5A Nesse caso, a intersecção dos conjuntos A e B é o próprio conjunto A. Diferença de A e B Tem como resultado um conjunto C formado pelos elementos que pertencem a A, mas não pertencem a B. A B C 5 A 2 B 5 {x | x A e x B} Observação: Nas operações de união e intersecção, é válida a propriedade comutativa, ou seja: AB5BA AB5BA Já na operação de diferença, essa propriedade não é válida, ou seja: A2BB2A VI. Número de elementos das operações entre conjuntos Em muitos casos, não estamos diretamente interessados nos elementos que formam um conjunto, mas na quantidade de elementos que ele tem. Importa menos a identidade dos elementos do que quantos deles pertencem a um conjunto ou a uma categoria. As operações de união e intersecção têm efeitos diferentes na contagem dos elementos. Sendo os conjuntos A e B, e n(A) e n(B), respectivamente, o número de elementos em A e B, tem-se: 1. n(A B) 5 n(A) 1 n(B) 2 n(A B) 2. n(A B) 5 n(A) 1 n(B) 2 n(A B) 3. n(A 2 B) 5 n(A) 2 n(A B) VII. Conjuntos numéricos a) Conjunto dos números naturais: N 5 {0, 1, 2, 3, ...} b) Conjunto dos números inteiros: Z 5 {..., 23, 22, 21, 0, 1, 2, 3, ...} 4 c) Conjunto dos números racionais: a Q 5 {x | x 5 , com a, b Z e b 0} b d) Conjunto dos números irracionais (I): É o complementar do conjunto dos números racionais em relação ao conjunto dos números reais. Assim, é um subconjunto do conjunto dos números reais, formado por todos os números que não são racionais e que, portanto, não podem ser expressos na forma de uma fração com numerador e denominador inteiros. e) Conjunto dos números reais (R): É formado pela união dos conjuntos dos números racionais e dos irracionais. f) Conjunto dos números complexos (C ): É formado pela união dos conjuntos dos números reais e dos números que possuem parte imaginária. Assim, são estabelecidas as seguintes relações entre os conjuntos numéricos: • NZQRC • QI5R • QI5 Eis a representação desses conjuntos numéricos por Diagrama de Venn: C R Z N I Q VIII. Intervalos reais Um problema que surge quando se trabalha no âmbito do conjunto dos números reais é descrever todos os valores reais contidos no intervalo de 0 a 1, por exemplo. Isso não reside no fato de que são infinitos em quantidade, pois os conjuntos numéricos listados anteriormente também o são, mas no fato de serem não enumeráveis, isto é, de não poderem ser postos em correspondência biunívoca com os números naturais. Utilização dos colchetes Pode-se representar o intervalo dado utilizando o símbolo dos colchetes. Escreve-se B 5 [0, 1]. Nessa notação, o valor à esquerda é o limite inferior do intervalo e o valor à direita, o limite superior. Os colchetes voltados para dentro indicam que os valores dos limites também são elementos do intervalo. Agora, observe o conjunto C 5 ]0, 1]. O colchete voltado para fora, à esquerda, indica que o zero não faz parte do conjunto, mas apenas os valores maiores que zero e menores ou iguais a 1, já que o colchete da direita está voltado para dentro. Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Nesse caso, a intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto vazio. Esses dois conjuntos serão chamados disjuntos. É outra forma de representação muito conveniente, pois por meio dela pode-se visualizar a continuidade de um conjunto numérico. Assim, o conjunto B citado pode ser representado da seguinte forma: B 1 0 Observe que as bolinhas fechadas em ambas as extremidades do intervalo indicam que os valores extremos, reunidos com os pontos intermediários, pertencem ao conjunto B. Veja abaixo a representação do conjunto C citado: IX. Operações entre intervalos reais Podem-se calcular graficamente operações entre conjuntos de intervalos numéricos. Exemplos Considere dois intervalos reais A 5 [22, 5[ e B 5 [4, 7] para calcular as operações descritas a seguir. 1) A B A C 1 Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Nesse caso, a bolinha aberta, à esquerda, indica que esse extremo não pertence ao intervalo; a bolinha fechada, à direita, indica que o outro extremo pertence ao intervalo. O conjunto C é formado por esse ponto e os demais são representados pelo segmento de reta na cor azul. A tabela a seguir resume todas as relações que podem ser estabelecidas a partir de um ou dois números reais a e b quaisquer, tal que a , b. {x R | a < x < b} {x R | a , x , b} {x R | a < x , b} {x R | a , x < b} {x R | x > a} {x R | x . a} {x R | x < a} {x R | x , a} R Símbolo 5 B 0 Subconjunto de R 1 0 2 Nome Intervalo [a, b] fechado de extremos a e b Intervalo ]a, b[ aberto de extremos a e b Intervalo fechado à esquerda e [a, b[ aberto à direita de extremos aeb Intervalo aberto à esquerda ]a, b] e fechado à direita de extremos a e b Intervalo ilimitado [a, 1∞) fechado à esquerda em a Intervalo ilimitado ]a, 1∞) aberto à esquerda em a Intervalo ilimitado (2∞, a] fechado à direita em a Intervalo ilimitado (2∞, a[ aberto à direita em a Intervalo (2∞, 1∞) ilimitado de 2∞ a 1∞ Representação no eixo real a b a b AB 7 7 2 Portanto, A B 5 [22, 7]. 2) A B A 1 0 2 B 5 4 AB 7 4 5 Portanto, A B 5 [4, 5[. 3) A 2 B A a 4 1 0 2 B b 5 4 AB 7 4 2 Portanto, A 2 B 5 [–2, 4[. a b 4) B 2 A A 2 0 1 B a 4 BA a 5 7 5 7 Portanto, B 2 A 5 [5, 7]. 5) (A B) 2 (A B) a AB a 7 2 AB 4 (A B) (A B) 2 4 5 5 7 Portanto, (A B) 2 (A B) 5 [22, 4[ [5, 7]. 5 Introdução à teoria dos conjuntos e conjuntos numéricos Reta real