ID: 50745448 12-11-2013 Tiragem: 38650 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,02 x 30,68 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 DANIEL ROCHA O call center da saúde recorre a mais de 350 enfermeiros para serviços diversos prestados todo o ano Concurso para escolher gestor da Linha Saúde 24 concluído esta semana Saúde Alexandra Campos Recusa de visto do Tribunal de Contas obrigou a mudar critérios. Portugal Telecom escolhida por ser candidato mais rápido a concorrer O concurso para a selecção da empresa que vai passar a explorar a Linha Saúde 24, o chamado call center da saúde, foi reformulado, relançado e vai ficar concluído esta semana, soube o PÚBLICO. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) alterou os critérios que tinham sido contestados pelo Tribunal de Contas (TC). O novo concurso foi lançado depois de o TC ter recusado, primeiro em Janeiro e de novo em Maio, o visto ao contrato entre a DGS e o consórcio do grupo Portugal Telecom (PT) que foi seleccionado no ano passado para a exploração desta linha telefónica de aconselhamento e triagem de saúde pública. A escolha de uma nova empresa para gerir o call center da saúde por um período de três anos tem estado envolta em polémica e, enquanto o problema não se resolve, continua a ser a Linha de Cuidados de Saúde, do grupo Caixa Geral de Depósitos (uma parceria público-privada), a assegurar o serviço. Um dos motivos que levou à recusa de visto do Tribunal de Contas à selecção do consórcio da PT (PT Comunicações e PT Contact – Telemarketing e Serviços de Informações) foi o facto de este ter sido escolhido por ter sido o mais rápido a apresentar a candidatura, apenas cerca de 15 minutos após a colocação do anúncio na plataforma electrónica do Governo. A ordem de entrega era o último critério de escolha em caso de empate neste concurso internacional. Contra a concorrência Em Janeiro, na primeira decisão, os juízes-conselheiros do TC puseram em causa o facto de se ter impedido ou desvalorizado a possibilidade de apresentação de propostas de valor inferior a 17,8 milhões de euros. A Direcção-Geral da Saúde recorreu desta decisão, alegando que o contrato representava uma poupança de 47% face ao actual e que o critério de selecção da proposta entregue em primeiro lugar é “um critério pragmático”. Mas os juízes-conselheiros do TC não concordaram. “A adjudicação de um contrato público de significativa importância financeira foi efectuada com base num critério puramente formal e aleatório”, criticam, no acórdão de Maio em que rejeitam o recurso apresentado pela DGS e voltam a recusar dar visto ao contrato com a PT. Os juízes-conselheiros alegam também que o modelo fixado para a avaliação das propostas “obstou ao correcto funcionamento da concorrência”. “Se o modelo de avaliação das propostas fosse ajustado, fosse legal e não limitasse a valorização de preços mais baixos, é provável que os concorrentes os tivessem proposto e isso poderia produzir poupanças significativas num contrato financeiramente tão relevante”, defendem. Lançado em Dezembro de 2011 por se entender que a Linha Saúde 24 podia ser gerida por um valor muito mais baixo do que o inicialmente negociado, alterando-se o modelo para um regime de cedência de exploração, o concurso acabou por ser ganho pelo consórcio da PT, em Setembro de 2012. O prazo de exploração passou a ser de três anos e estava prevista a introdução de um novo serviço, o de marcação de consultas. O call center da saúde (808 24 24 24) funciona 24 horas por dia e os serviços, assegurados por mais de 350 enfermeiros, incluem a triagem, aconselhamento e encaminhamento dos utentes, assistência em saúde pública e informação geral, como horários de unidades de saúde e de farmácias.