FILOSOFIA MODERNA I
CARLA G. MEASSI
2º BIMESTRE DE 2010
Origens do pensamento moderno
• Filosofia moderna é toda a filosofia que se desenvolveu durante os
séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX; começando pelo Renascimento e
se estendendo até meados do século XX, mas a filosofia
desenvolvida dentro desse período está fragmentada em vários
subtópicos, e escolas de diferentes períodos, tais como:
• Filosofia da Renascença
• Filosofia do século XVII
• Filosofia do século XVIII
• Filosofia do século XIX
• Na modernidade passou-se a delinear melhor os limites do estudo
filosófico. Inicialmente, como atestam os subtítulos de obras tais como
as Meditações de René Descartes e o Tratado de George Berkeley,
ainda se fazia referência a questões tais como a da prova da existência
de Deus e da existência e imortalidade da alma. Do mesmo modo, os
filósofos do início da modernidade ainda pareciam conceber suas
teorias filosóficas ou como fornecendo algum tipo de fundamento para
uma determinada concepção científica (caso de Descartes), ou bem
como um trabalho de "faxina” necessário para preparar o terreno para a
ciência tomar seu rumo (caso de John Locke), ou ainda como
competindo com determinada conclusão ou método científico (caso de
Berkeley, em The Analyst, no qual ele criticou o cálculo newtonianoleibniziano – mais especificamente, à noção de infinitesimal – e de
David Hume com o tratamento matemático do espaço e do tempo).
• Gradualmente, contudo, a filosofia moderna foi deixando de se voltar ao
objetivo de aumentar o conhecimento material, de buscar a descoberta
de novas verdades – isso é assunto para a ciência – bem como de
justificar as crenças religiosas racionalmente.
• Em obras posteriores, especialmente a de Immanuel Kant, a filosofia
claramente passa a ser encarada antes como uma atividade de
clarificação das próprias condições do conhecimento humano:
começava assim a chamada "virada epistemológica".
Conceito de modernidade
• A modernidade é uma ruptura com a tradição, oposição entre o
antigo e o novo, valorização do novo, ideal de progresso, ênfase na
individualidade, rejeição da autoridade institucional (Igreja)
• Costuma ser entendida como um ideário ou visão de mundo que
está relacionada ao projeto de mundo moderno, empreendido em
diversos momentos ao longo da Idade Moderna e consolidado com
a Revolução Industrial. Está normalmente relacionada com o
desenvolvimento do Capitalismo.
O humanismo renascentista
Filosofia da Renascença é o período da História da Filosofia que na
Europa está entre a Idade média e o Iluminismo. Isso inclui o século XV;
alguns estudiosos a estendem até os princípios do ano de 1350 até os
últimos anos do século XVI, ou o começo do século XVII, sobrepondo as
Reformas religiosas e os princípios da idade moderna. Dentre os
elementos distintivos da Filosofia da renascença está a renovação
(renascença significa "renascimento") à civilização clássica e o seu
aprendizado; um parcial retorno de Platão sobre Aristóteles, que havia
predominado sobre a Filosofia Medieval.
O renascimento: seu pensamento que começou na Itália com o
Renascimento Italiano se espalhou por toda a Europa. O renascimento
Inglês inclui geralmente em seus pensadores Shakespeare, mesmo no
tempo em que a Itália estava passando pelo maneirismo para o Barroco.
Como um movimento importante do Século XVI ele foi suscetível para
várias divisões. Alguns historiadores observam que as Reformas e as
contra-Reformas são marcos do final da renascença e os mais
importantes para a Filosofia, enquanto outros a vêem como um único e
extenso período.
• O Humanismo pode ser apontado
como o principal valor cultivado no
Renascimento. Baseia-se em diversos
conceitos associados: Neoplatonismo,
Antropocentrismo, Hedonismo,
Racionalismo, Otimismo e
Individualismo. O Humanismo, antes
que um corpo filosófico, é um método
de aprendizado que faz uso da razão
individual e da evidência empírica
para chegar às suas conclusões,
paralelamente à consulta aos textos
originais, ao contrário da escolástica
medieval, que se limitava ao debate
das diferenças entre os autores e
comentaristas.
• O Humanismo afirma a dignidade do
homem e o torna o investigador por
excelência da natureza. Na
perspectiva do Renascimento, isso
envolveu a revalorização da cultura
clássica antiga e sua filosofia, com
uma compreensão fortemente
antropocentrista e racionalista do
mundo, tendo o homem e seu
raciocínio lógico e sua ciência como
árbitros da vida.
A Reforma Protestante
• A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no
século XVI por Martinho Lutero, que, através da publicação de suas 95
teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica,
propondo uma reforma no catolicismo. Lutero foi apoiado por vários
religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa,
iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países
Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu,
principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja
Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou
Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.
• O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do
Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes,
originando o Protestantismo.
• Um dos pontos de destaque da reforma é o fato de ela ter possibilitado um
maior acesso à Bíblia, graças às traduções feitas por vários reformadores
(entre eles o próprio Lutero) a partir do latim para as línguas nacionais.
• Tal liberdade fez com que fossem criados diversos grupos independentes,
conhecidos como denominações. Nas primeiras décadas após a Reforma
Protestante, surgiram diversos grupos, destacando o Luteranismo e as
Igrejas Reformadas ou calvinistas (Presbiterianismo e
Congregacionalismo). Nos séculos seguintes, surgiram outras
denominações reformadas, com destaque para os Batistas e os
Metodistas.
A Revolução Científica
Na história da ciência, revolução científica é o período que se dá a partir
de quando Galileu, Kepler, entre outros pensadores do século XVII
iniciam suas descobertas. A partir desse período, a Ciência, que até então
estava atrelada à Filosofia, separa-se desta e passa a ser um
conhecimento mais estruturado e prático.
Houve muitas teorias revolucionárias que diferem na intensidade com que
influenciaram o pensamento humano. Algumas representaram profundas
modificações na forma do homem examinar a natureza, como por
exemplo, a introdução de um tratamento matemático na descrição dos
movimentos dos planetas, introduzida pelos babilônios e depois
aperfeiçoada pelos gregos. Outras representaram micro-revoluções,
como o sistema de classificação de seres vivos, introduzida por
Aristóteles. A maior revolução científica de todos os tempos ocorreu no
início do século XV e modificou a estrutura da ciência, o que poderia
explicar sua grande influência no pensamento humano. As causas
principais da revolução podem ser resumidas em: renascimento cultural, a
imprensa, a reforma protestante e o hermetismo.
Com a referida revolução, a ciência mudou sua forma e sua função,
passando a ser repensada nos moldes na nova sociedade que estava
emergindo nesta época. Os objetivos do homem da ciência e da própria
ciência acabaram sendo redirecionados para uma era livre das influências
místicas da idade média.
• O maior senso crítico exigido pelo humanismo permitiu ao homem
observar mais atentamente os fenômenos naturais em vez de renegá-los à
interpretação da Igreja Católica.
• A imprensa, inventada neste mesmo período, desempenhou um papel
fundamental na revolução científica. Assim, desapareciam os erros de
interpretação e cópia que acabavam por deturpar as traduções. A
impressão em língua vernácula permitiu uma maior divulgação de material
se comparado aos escritos em latim, que eram compreendidos apenas
pelos estudiosos desta língua.
• A reforma religiosa participou de modo decisivo do desencadeamento da
revolução científica. Os reformistas pregavam que uma forma de se
apreciar a existência de Deus era através das descobertas na ciência e
por isto estas foram incentivadas, proporcionando uma propulsão ao
desenvolvimento da revolução científica.
• Finalmente, o hermetismo selou a revolução, na medida em que
representava um conjunto de ideias quase mágicas, mas que exaltavam a
concepção quantitativa do universo, encorajando o uso da matemática
para relacionar grandezas e demonstrar verdades essenciais. A difusão da
matemática criou um ambiente propício para o desenvolvimento de um
método científico mais rigoroso e crítico, o que modificou a forma de fazer
ciência.
FILOSOFIA MODERNA II
• A FILOSOFIA DE RENÉ
DESCARTES
• Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho
revolucionário na filosofia e na ciência, mas
também obteve reconhecimento matemático por
sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato
que gerou a geometria analítica e o sistema de
coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim,
ele foi uma das figuras-chave na Revolução
Científica.
• Descartes, por vezes chamado de "o fundador da
filosofia moderna" e o "pai da matemática
moderna", é considerado um dos pensadores mais
importantes e influentes da História do Pensamento
Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias
gerações de filósofos posteriores; boa parte da
filosofia escrita a partir de então foi uma reação às
suas obras ou a autores supostamente
influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam
que a partir de Descartes inaugurou-se o
racionalismo da Idade Moderna.
• O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade
feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era
muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção
de conhecimento". Aristóteles tinha deixado um legado intelectual
que o clero se encarregava de disseminar.
• Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas
entre Protestantes e Católicos na Europa - a Guerra dos Trinta
Anos. Viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças
diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por
verdadeiro, é considerado ridículo, disparatado e falso em outros
lugares.
• Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua
tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam
naquilo em que acreditam.
• A sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às
ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou no seu
desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o
método e Meditações as bases da ciência contemporânea.
• O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - que nada tem
a ver com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e
distinta. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que
acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir,
ou porque assim deve ser etc., Descartes instituiu a dúvida: só se pode
dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de duvidar
indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar a existência do
próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - ego cogito ergo
sum- eu que penso, logo existo) e de Deus.
• Também consiste o método de quatro regras básicas:
• verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno
ou coisa estudada;
• analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais
simples e estudar essas coisas mais simples;
• sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um
todo verdadeiro;
• enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a
ordem do pensamento.
O Projeto Cartesiano
•
O projeto de Descartes é maior do que simplesmente reconstruir a
filosofia. Ele quer fornecer um fundamento racional para as crenças
das pessoas comuns bem como para a ciência que começava
naquela época, da qual foi um defensor e para a qual fez
contribuições importantes.
• Um indivíduo (seja ele uma pessoa comum ou um cientista)
desenvolve muitas de suas crenças antes de chegar à idade da
razão. Mesmo depois da idade da razão, frequentemente adquire
crenças através do exercício não-crítico de sua atividade sensorial,
de testemunhos não confiáveis de outros, de apelo a autoridades
indignas de crédito. Quem pretende ser racional em suas convicções,
tem, mais cedo ou mais tarde, de limpar a sua mente de todas as
suas crenças, duvidando de tudo aquilo que é incerto e passível de
dúvida, e reconstruindo suas crenças sobre um novo fundamento,
certo e indubitável
• Descartes resume seu projeto:
• “Muitos anos atrás percebi quantas opiniões falsas vinha aceitando como
verdadeiras desde minha infância, e quão dúbio tudo o que eu nelas
baseava deveria ser. Decidi, então, que, se realmente quisesse estabelecer
algo de sólido e duradouro nas ciências, teria que, deliberadamente, me
livrar de todas as opiniões que até então aceitara e começar a construir tudo
de novo, a partir do zero. . . Não seria necessário, para os meus propósitos,
mostrar que todas minhas convicções eram falsas -- tarefa que poderia
nunca vir a concluir. Como a razão já me havia persuadido de que deveria
deixar de acreditar tanto nas coisas que parecem ser manifestamente falsas
como naquelas que não são inteiramente certas e indubitáveis, o menor
fundamento para uma dúvida seria suficiente para me fazer rejeitar qualquer
de minhas opiniões. Por isso, não precisei examinar cada uma de minhas
convicções, individualmente, o que seria um trabalho interminável, mas
apenas os fundamentos em que se baseavam, pois a destruição da
fundação faz com que todo o edifício venha a ruir”
• O objetivo de Descartes é, portanto, examinar o fundamento que existe para
as várias categorias de crença que possuía. Se o fundamento de toda uma
categoria de crenças pode ser questionado, as crenças baseadas nesse
fundamento não podem ser tidas como inteiramente certas. Pode até ser
que as crenças sejam verdadeiras, mas é também possível que sejam
falsas, e, se é possível que sejam falsas, elas não podem ser consideradas
indubitáveis. Quando encontrar fundamentos certos e indubitáveis para
suas crenças, Descartes possa voltar a aceitar algumas das crenças
abandonadas e mostrar que são verdadeiras. Por enquanto, porém, ele as
colocará de lado como suspeitas e indignas de credibilidade (Aune, 10).
O RACIONALISMO CARTESIANO
• Teoria que defende que o nosso conhecimento deriva da razão e
que a razão é capaz de conhecer verdadeiramente as coisas.
• Considera que o único instrumento adequado ao conhecimento
verdadeiro é a razão: é ela que fornece as ideias normativas (que
seguem aquilo que é regra) e os princípios por meio dos quais
conhecemos.
• Defende a existência de ideias inatas
• É baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração,
sustentados por um conhecimento a priori, ou seja, que não vêm da
experiência e são elaborados somente pela razão.
•
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