Parlamento e conhecimento científico: dupla-delegação? Conferência Democracia, Deliberação e Participação Política Tiago Santos Pereira João Arriscado Nunes António Farinhas Rodrigues António Carvalho centro de estudos sociais da universidade de coimbra ISCTE, 23 de Novembro de 2007 ‘Viragem Deliberativa’ Crescente interesse, na teoria política, em deliberação e democracia deliberativa Novos debates sobre práticas da democracia Ênfase no debate racional, público, e aberto Nos ‘Estudos Sociais da Ciência’ os processos deliberativos têm vindo a ganhar destaque, ou mesmo centralidade ISCTE |23.11.07 O contexto de controvérsias socio-técnicas Crise da democracia - crise da participação dos cidadãos - crise da representação Crise da ‘dupla delegação’ (Callon, 2001) - delegação da competência política/administrativa nos eleitos e funcionários do Estado; - delegação da competência técnico/científica nos cientistas e peritos Afastamento dos cidadãos do processo de decisão política e do processo de decisão sobre intervenções científico-técnicas e suas consequências Sociedade de risco e a modernização reflexiva - novas controvérsias sociotécnicas levaram à criação de novos fóruns de debate ISCTE |23.11.07 Processos participativos Criação de novas ‘tecnologias participativas’ - Avaliação participativa de tecnologias (incluindo Conferências de consenso / de cidadãos, júris de cidadãos, painéis de cidadãos e outras formas, ad hoc ou institucionalizadas) - Exercícios de prospectiva ou workshops de cenários - Desenvolvimento participativo de tecnologias e concepção participativa de políticas públicas, incluindo avaliação construtiva de tecnologias, procura de tecnologias ‘apropriadas’, e experiências a nível urbano, como o planeamento e orçamentos participativos Distinguem-se por - organização; inclusão; definição da agenda e âmbito; tempo e processo; procedimentos; impacto na capacitação e vinculação; institucionalização ISCTE |23.11.07 Parlamentos face à delegação cientifíco-técnica Estão os parlamentos efectivamente condicionados pelos peritos? Existe espaço para processos deliberativos em matéria de base científico-técnica? Parlamentos têm vindo a constituir organizações de fronteira – que articulam o espaço político e o espaço da ciência ISCTE |23.11.07 Organizações de fronteira no espaço parlamentar OTA (Office of Technology Assessment), no Congresso americano foi um modelo precursor (1972) Outros modelos têm vindo a instituir-se: - Office Parlamentaire d’Evaluation des Choix Scientifiques et Technologiques (França) - Teknologi-rådet (Dinamarca) – independente, instituída pelo Parlamento - Parliamentary Office for Science and Technology - Science and Technology Options Assessment (Parlamento Europeu) - Rathenau Instituut (Holanda) – independente, instituída pelo Governo ISCTE |23.11.07 Metodologia ISCTE |23.11.07 Case studies ISCTE |23.11.07 Parlamento português Não existe semelhante ‘organização de fronteira’ Têm sido várias as controvérsias recentes a nível nacional de natureza socio-técnica (e.g. BSE, Co-incineração, Reprogenética) Trabalho realizado nas Comissões Permanentes Recentemente criada a ‘Unidade Técnica de Apoio Orçamental’ Compete à UTAO elaborar estudos e documentos de trabalho técnico sobre a gestão orçamental e financeira pública: a) Análise técnica da proposta de lei de Orçamento do Estado; b) Avaliação técnica sobre a Conta Geral do Estado; c) Acompanhamento técnico da execução orçamental; d) Análise técnica às revisões do Programa de Estabilidade e Crescimento; e) Estudo técnico sobre o impacte orçamental das iniciativas legislativas admitidas f) Outros trabalhos que lhe sejam determinados pela comissão especializada que detenha a competência em matéria orçamental e financeira, ou que a esta sejam submetidos pelo ISCTE Presidente da Assembleia da República ou por outras comissões especializadas. |23.11.07 Parlamento português – debates parlamentares De que forma assumem os deputados este processo de delegação de base científico-técnica? Como gerem o seu próprio lugar nesta fronteira entre ciência e política? Análises de debates parlamentares em plenário (oradores, reacções, consenso/dissenso, processo, tipo de enunciados, dimensão de análise, ‘recrutamento’) Debates sobre energia nuclear (EN) e procriação medicamente assistida (PMA) – distintas na dimensão controversa ISCTE |23.11.07 Delegação científico-técnica Processos de recrutamento (‘enrolment’) Multiplicidade de recrutamento técnico e não clara delegação “***” Internacional / Nacional “***” Recrutamento como legitimação e não como contextualização do debate Associação mais clara com outros actores, colectivos “*** Processo de delegação não é evidente ISCTE |23.11.07 Delegação científico-técnica Assessoria técnica como legitimação política? “*** partidos é que têm de assumir as suas responsabilidades” ISCTE |23.11.07 Delegação político-administrativa Deputados posicionam-se (explícita ou implicitamente) face aos temas a debate, como leigos ou peritos Intervenção frequentemente associada a proximidade técnica ao tema “além de técnicos somos colegas de profissão” – EN, 1977 Políticos-cidadãos vs. políticos-peritos ISCTE |23.11.07 Conclusões ISCTE |23.11.07