Estados de espírito de segunda geração António Pedro Dores, CIES/ISCTE, 2004 Estigma de segunda geração Os imigrantes são estrangeiros que decidiram conscientemente lançar as respectivas expectativas para longe, como o pescador à linha que se faz isco para ir pescar. Estigma de segunda geração Os filhos dos imigrantes não são imigrantes. Nem nacionais, nem estrangeiros. Herdam raízes desenraizadas. São sobretudo esses os imigrantes temidos pela ordem social. Estados de espírito Teoria da instabilidade pessoal e social como norma social Centralidade da compreensão não apenas psicológica mas também sociológica da maturação – socializações e potencialidades de sociabilidade Estados de espírito Natureza ambígua e eventualmente polarizada da condição humana Delinquência – como auto mutilação, depressão, stress ou sinistralidade rodoviária - doença pessoal ou anomia social? Estados de espírito Polarização moral social (pelo medo) ajuda a organizar o pensamento – por facilidade de raciocínio – ou reforça desigualdades? Complexidade de análise exige recursos, nomeadamente de intervenção social Estados de espírito de primeira geração Ruptura material com quotidianos e com sistemas institucionais e culturais. Resta apenas disposição, sem rede emocional e ou material Profunda impossibilidade de viver a “sinceridade”, dado trauma da ruptura provocada pela liberdade radical Estados de espírito de segunda geração Incorporação acrítica e inconsciente das consequências humanas da vivência do trauma familiar. Multiculturalismo ajuda. Profunda necessidade de viver a superação dos medos “incompreensíveis” que fizeram com que os pais tivessem aceite ser socialmente inferiores. Só assimilação ajudará. Estados de espírito de segunda geração Hipersensibilidade à xenofobia, que é emoção defensiva existente em qualquer pessoa saudável. Xenofobia quotidiana que não deve ser confirmada institucionalmente, para que não possa ser confirmada como factual pela sociedade. Estados de espírito e segunda geração imigrante Políticas economicistas de exploração de mão-de-obra estrangeira, quando há sedentarização e procriação, criam, a médio prazo, problemas sociais profundos, não apenas para as suas vítimas mas também para a ordem social no seu todo