Marco Regulatório de Acesso a Patrimônio Genético, Conhecimento Tradicional Associado e Repartição de Benefícios Mobilização Empresarial pela Inovação São Paulo 29 de novembro de 2013 Francisco Gaetani Secretário-Executivo O ponto de partida do processo em 2012 • Baixo número de acessos • Problemas de reputação em função de multas – 444 multas – R$ 204 milhões • Situação de judicialização crescente 2 O ponto de partida do processo em 2012 • Baixo êxito na repartição de benefícios – Apenas 30 contratos de RB anuídos até 2011 – Quase 80 anuídos desde 2012 – Ainda muito aquém do potencial • Frustração dos potenciais beneficiários • Projeto – relativamente “raso” - parado na CC • Situação de impasse e descrédito 3 Problemas da regulação atual • Paralisia do sistema devido a: – Burocratização excessiva de procedimentos; • Acesso e remessa • Certificação de produto/processo • Anuência de contratos de RB – Falta de regras claras para RB; • Situações esdrúxulas que geram distorções e inconsistências. 4 Problemas da regulação atual • Paralisia do sistema devido a: – Insegurança conceitual e jurídica; – Desconfiança mútua de todos os atores do sistema: • • • • Estado Pesquisadores Indústrias Povos indígenas e comunidades tradicionais 5 Encaminhamento adotado • Reabertura da discussão ampliando o número e a qualidade dos interlocutores • Rediscussão do projeto em bases diferentes: – Condução de conversas bilaterais com Ministérios – Negociações cadenciadas, porém consistentes – Processo de sucessivas rodadas de conversas – Busca contínua do enriquecimento (não do detalhamento) da proposta 6 Norte da Reforma regulatória • Ênfase na regulação de resultados, não de meios; • Ou seja, ênfase na RB, não na regulação de procedimentos para acesso e remessa; • Essa forma de regulação atende melhor aos preceitos de Nagoya; 7 Principais preocupações do MMA • • • • Atualizar a legislação, favorecendo aderência Incentivar o acesso e a bioprospecção Focar na garantia da rastreabilidade Propor regimes de repartição de benefícios que sejam factíveis e facilmente operacionalizáveis • Reduzir custos de transação e não comprometer a competitividade de setores chave • Remeter para normas infra-legais o que for possível para não enrijecer a legislação e favorecer adaptações 8 Principais preocupações do MMA em relação ao setor produtivo (MDIC e MAPA)I • Buscar uma legislação com a maior aderência e legitimidade possível • Evitar aumentos excessivos de custos de transação que onerem a viabilidade dos negócios • Reconhecer idiossincrasias setoriais e criar mecanismos para lidar com elas • Atentar para a questão da competitividade da indústria e agricultura brasileira 9 Principais preocupações do MMA em relação ao setor produtivo (MDIC e MAPA)II • Atentar para a questão da competitividade da indústria e agricultura brasileira • Atuar de forma antecipatória (preemptive) em relação às negociações internacionais • Criar regras de transição favoráveis para o estabelecimento de arranjos institucionais que sejam possibilitadores (enablers) de um novo formato de exploração do patrimônio genético 10 Principais preocupações do MMA em relação à pesquisa (MCTI e EMBRAPA) • Presumir que P&D precisam ser incentivados e não inibidos pela legislação • Favorecer a bioprospecção e assegurar que seus custos sejam mínimos • Apoiar as atividades de P&D vinculadas a universidades, empresas e institutos • Atentar para a importância das coleções, das “feiras”, intercâmbios e sua desoneração • Assegurar a discussão sobre repartição de benefícios a partir de mecanismos de rastreabilidade, que não sejam inibidores da bioprospecção 11 Principais preocupações do MMA em relação povos indígenas e comunidades tradicionais • Cuidados com especulações sobre o valor potencial do CTA • Desenhar mecanismos que propiciem um ambiente de confiança entre povos e comunidades, pesquisadores e indústria para: – Facilitar o acesso a CTA e posterior P&D – Garantir rastreabilidade – Propiciar a RB com povos e comunidades que divulgam seus conhecimentos e conservam biodiversidade. 12 Aproximações sucessivas • Abrir um processo de discussão aberto a contribuições dos principais envolvidos (Ministérios, Setor Produtivo, Mov. Sociais) • Explicitar contraditórios e procurar processá-los da forma mais abrangente possível • Construir uma proposta a mais inclusiva possível com base nas contribuições recebidas • Devolver as versões para compartilhamento e aprimoramento na medida do andamento 13 Reforma regulatória – 7 pontos 1. Revisão dos conceitos principais 2. Simplificação de procedimentos para acesso, remessa e exploração econômica 3. Regras e parâmetros para RB 4. Instituição de Fundo e da Política Nacional de RB 5. Regras de regularização e transição 6. Recepção de tratados internacionais (Nagoia, TIRFAA e os demais que vierem no futuro) 7. Incentivos fiscais para quem realizar acesso e RB 14 Revisão conceitual • Patrimônio genético: – CGEN definirá o que é nacional • VRTLC: exóticas • CTA: origens identificada e não identificada • Acesso: Pesquisa ou Desenvolvimento Tecnológico • RB: será cobrada quando um dos elementos principais de agregação de valor do produto final for oriundo de acesso 15 Revisão conceitual • • • • Amplia o escopo de aplicação da lei; Limita a discricionariedade do fiscal na ponta; Diminui os custos de transação Diminui insegurança jurídica 16 Simplificação de procedimentos • Acesso, remessa e exploração econômica dependem apenas de informação declarada pelo usuário; – Sujeitas a fiscalização; • Importante para rastreabilidade; – Preocupação dos mercados consumidores; • Facilita relação com outras instituições (INPI, CNPq, financiadores, etc); • Desafio é minimizar os custos regulatório para o Estado e de compliance para o usuário. 17 Repartição de Benefícios • Clareza de onde incide: – Produto final – Produção de material reprodutivo, para agricultura • Regra subótima, mas de clara incidência, fiscalização e accountability • Parâmetro definido previamente – 1% da RL; – Acordos setoriais podem diminuir esse percentual a até 0,1% – Sujeitos a “abertura de planilhas” • RB monetária exclusiva com a União; • Incentivo à RB direta não monetária – desconto de 75% – Credenciamento de instituições validadoras da RB não monetária. 18 Repartição de Benefícios e CTA • CTA de origem não identificável: – RB monetária com o fundo - 1% da RL • CTA de origem identificável – RB direta e livremente negociada com o povo indígena ou comunidade tradicional – RB monetária com o Fundo para contemplar codetentores daquele CTA – metade da RB monetária que seria devida • Esse arranjo diminui os custos de transação e a insegurança jurídica do usuário 19 Regras de Regularização e Transição • Incentivo para que usuários venham ao sistema – Prazo: 12 meses • Baseado num termo de ajustamento de conduta; • Validação dos CURBs já celebrados • Alívio significativo das multas administrativas; • Cobrança de RB passada no limite de 5 anos 20 Discordâncias do MCTI • Autorização de acesso para estrangeiros é competência do MCTI, não deve ser do CGEN • Recursos de RB oriunda de acesso ao PG devem ser alocados no FNDCT • Todas as infrações passadas devem ser anistiadas – Não deve haver RB passada • Exploração econômica de acessos ocorridos antes de 2000 devem ser isentas de RB 21 Discordâncias do MDIC • Não existe CTA de origem não identificável – RB por CTA deve ser livremente negociada com o povo indígena ou comunidade tradicional • Isentar de RB os produtos exportados devido a problemas de controle alfandegário • Todas as infrações passadas devem ser anistiadas – Não deve haver RB passada • Exploração econômica de acessos ocorridos antes de 2000 devem ser isentas de RB 22 Discordâncias do MAPA • Na proposta do MMA, direitos dos agricultores não estariam corretamente expostos – Potencial confusão com CTA – Dessa forma, impossível incluir VRTLCs na Lei • Todas as infrações passadas devem ser anistiadas – Não deve haver RB passada • EE de acessos ocorridos antes de 2000 devem ser isentas de RB 23 Discordâncias da Coalizão • Percentual de incidência para RB – 0,2% deve ser o teto • RB para CTA de origem identificável – Co-detentores de CTA devem receber até 10% do negociado com o provedor; – Proposta do MMA é de 0,5%, ou, caso haja acordo setorial, um valor entre 0,05% e 0,5% da RL • Espécies exóticas, ainda que domesticadas, não devem ser contempladas pela Lei • Auditoria sobre RB não monetária aumenta demasiadamente a burocracia 24 Discordâncias de Comunidades Tradicionais • Todo PG contém CTA • Portanto, RB deve ser realizada prioritariamente com povos indígenas e povos e comunidades tradicionais • Percentual de incidência deve ser 2% da RL • Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais devem ter assento no CGEN 25 Principais desafios • Construir confiança entre os atores de um processo que será longo e que pode demandar ajustes posteriores (eventualmente após aprovação) • Superar a situação atual que produz prejuízos para o setor produtivo e não viabiliza a repartição de benefícios • Lidar com a desinformação, preconceitos, originalidade, complexidade e dificuldades operacionais 26 Principais desafios • Avançar nas discussões em conjunto, a despeito de visões distintas, de modo a se favorecer o andamento dos trabalhos de forma concatenada • Lembrar que não há custo maior do que o da inação 27 Próximos passos • Enviar a proposta para a Casa Civil para que se inicie a discussão estruturada com o conjunto do governo (inclusive MF, AGU, MS etc) • Manutenção do ambiente e do esforço de busca de soluções para gargalos conhecidos, em paralelo (seja para lei, seja para decreto ou resolução do CGEN) • Atuação no sentido de desconstrução de posturas polarizadoras e de práticas disseminadoras da desinformação em relação ao processo 28 Balanço do processo no MMA • Processo rico e contendo lições para todos envolvidos no Ministério, em especial devido à exposição a argumentos e ao convívio com os diversos atores envolvidos • Compreensão das dificuldades relacionadas à operacionalização de legislações aspiracionais no plano concreto, com gargalos objetivos e complexos 29 Balanço do processo no MMA • Confiança de que o resultado final possui boas condições de se constituir em uma legislação aderente, equilibrada e adequada ao país • Noção de que é importante gerar massa crítica para discussões afetas ao assunto que digam respeito a: – Tramitação no Congresso – Regulamentação posterior – Discussões de longo prazo à luz das negociações internacionais 30 Resultados Esperados • Incentivar a pesquisa e desenvolvimento tecnológico sobre a biodiversidade brasileira • Pegar o trem da próxima revolução tecnológica propiciada pela biotecnologia • Angariar instrumentos para: – Conservar o patrimônio genético brasileiro – Possibilitar P&D no futuro – Efetivar uma importante política pública para cidadãos historicamente marginalizados 31 OBRIGADO! [email protected] (61) 2028 1205 (61) 2028 1224 32