CPZG / DB Oficina de Metodologia de coleta de dados em pesquisa qualitativa * Luciano Araujo Pereira, Biólogo, Mestre em Agroecossistemas * Raullyan Borja, Biólogo, Mestre em Biologia Vegetal Oficina de Metodologia de coleta de dados em pesquisa qualitativa 1) Passos importantes para realizar uma pesquisa qualitativa: METODOLOGIA (COMO?) – Objetivos claros (Por quê?). – Escolha do tema (o que?). – Justificativa (Pra quê?). 2) Métodos para pesquisa qualitativa: (responder o que?) 3) Amostragem Técnicas e Métodos de pesquisa Raullyan Borja, Biólogo, Mestre em Biologia Vegetal Doutorando em Desenvolvimento Sustentável TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Metodologia: Como? Com quê? Onde? Quanto? Métodos e Técnicas de Pesquisa Conjunto de etapas a serem cumpridas na busca de um conhecimento Métodos e Técnicas de Pesquisa Forma mais rápida e segura de se atingir um objetivo, utilizando-se de um instrumental adequado. Métodos e Técnicas de Pesquisa Ação metódica para se buscar uma resposta Métodos e Técnicas de Pesquisa Social Métodos e Técnicas de Pesquisa Mercado Métodos e Técnicas de Pesquisa Bibliográfica Métodos e Técnicas de Pesquisa Ensino Métodos e Técnicas de Pesquisa Científica Métodos e Técnicas de Pesquisa TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Instrumento de pesquisa: material utilizado pelo pesquisador para colher dados para a pesquisa. Método: a palavra deriva do grego o quer dizer CAMINHO. TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Metodologia: – Methodo: caminho. – Logia: estudo Metodologia: é o estudo dos caminhos a serem seguidos para se fazer ciência. Métodos e técnicas de coleta de dados Envolve a união teóricas e práticas de várias ciências. Questionários – Questões abertas e / ou fechadas Formulários – Questões abertas e / ou fechadas Entrevistas – Estruturadas – Não estruturada – Semi-estruturada – Entrevista informal Observação participante Métodos e técnicas de coleta de dados Pré-teste dos instrumentos de coleta de dados Diário de campo Gravação dos dados Fotografias Filmagens Métodos e técnicas de coleta de dados A entrevista é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador, verbalmente a informação necessária. entrevista mal conduzidas (vieses) Contaminações de entrevistas – Comportamento do entrevistador; – Forma como as perguntas são direcionadas e formuladas; – Interferência cultural; – Presença de uma terceira pessoa; – Hora e momento da entrevista. Métodos e técnicas de coleta de dados Entrevistas estruturadas – Consiste em levar o entrevistado a responder perguntas previamente estabelecidas, independente de ter havido contato anterior com a população a ser estudada. Entrevistas não-estruturada – Não há perguntas elaboradas em laboratório, a entrevista discorre da forma mais aberta possível. O entrevistador guiará a entrevista obedecendo a uma ordem na descrição dos fenômenos de interesse da pesquisa. Métodos e técnicas de coleta de dados Entrevistas semi-estruturada – É um meio termo entre os dois tipos citados anteriormente, em que as perguntas são parcialmente formuladas pelo pesquisador antes de ir ao campo, apresentando grande flexibilidade, pois permite aprofundar elementos que podem ir surgindo durante a entrevista. Entrevista informal – Para esse tipo de entrevista é essencial que o pesquisador disponha de um diário de campo para que possa ir registrando todos os eventos vistos e ouvidos durante o processo. Métodos e técnicas de coleta de dados Questionários/Formulários – Usados entrevistas semi-estruturadas e estruturadas. nas Formulários – Quando coletados por meio de entrevistas diretas e pessoais, com dados preenchidos pelo entrevistador. Questionários – Quando auto-administrados (preenchidos pelo entrevistado). As questões podem ser divididas em: Abertas (permite maior liberdade ao entrevistado) Fechadas (podem ser dicotômicas, fonte de ‘’bias” (VIESES). Métodos e técnicas de coleta de dados OBS: teste seus instrumentos após a elaboração do seu questionário ou formulário; realizar um rápido pré-teste ou estudo piloto, entrevistando algumas pessoas do universo de sua pesquisa; para avaliar a qualidade, clareza, validade e confiabilidade de seus instrumentos. Métodos e técnicas de coleta de dados Observação participante – Essa técnica utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. – A observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos. Métodos e técnicas de coleta de dados Observação participante – O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os observados. – Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto. A importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais importante e evasivo na vida real (MINAYO, 1994). – Essa técnica é de fundamental importância para comprovação de dados, para o complemento de outros obtidos durante as entrevistas formais e muito mais ainda, para obter dados ainda não citados durante as mesmas. Métodos e técnicas de coleta de dados Para registro das falas dos atores sociais que venham a participara da investigação, pode-se usar um sistema de anotação simultânea da comunicação e/ou gravações. As fotografias e filmagens também são recursos de registros utilizados, pois, esses registros visuais ampliam o conhecimento do estudo porque proporciona documentarem momentos ou situações que ilustram o cotidiano vivenciado. Medidas quantitativas em etnobotânica Linhas de pesquisa: – A importância da vegetação para um grupo humano. – A importância de diferentes vegetações dentro de uma determinada área. – O percentual de uso do ambiente pelas comunidades tradicionais. – Diagnóstico do valor da importância relativa de diferentes plantas para um determinado grupo humano (plantas medicinais, alimentares, aromáticas, tóxicas...)? Medidas quantitativas em etnobotânica ETNOBOTÂNICA QUANTITATIVA: – Permite maior qualidade dos dados gerados. – O uso de quantificação não invalida a descrição ou uso de técnicas qualitativas (base da pesquisa etnobiológica). – Atua como suporte no refinamento da coleta e análise de dados. Pesquisa qualitativa e quantitativa – Não são excludentes – Sim, complementares Medidas quantitativas em etnobotânica Medidas quantitativas em etnobotânica Elaboração do formulário 1. Não incluir jamais uma pergunta sem ter uma idéia clara da forma de utilizar a sua informação e quanto contribuirá aos objetivos da pesquisa. 2. Utilizar vocabulário preciso para perguntar o que realmente se deseja saber. 3. Evitar formular duas perguntas em uma. 4. É preferencial itens curtos. Elaboração do formulário 5. Evitar perguntas negativas. Geralmente esse tipo de pergunta leva facilmente a erro. 6. As perguntas não devem estar direcionadas, nem refletir a posição do pesquisador em relação a determinado assunto. Devem estar objetivamente formuladas de tal forma que o entrevistado não se considere pressionado a dar uma resposta que acredita ser a opinião do pesquisador. 7. Por último, o pesquisador deve ter cuidado com a interpretação que ele faz das respostas dos entrevistados. Regras básicas para condução de entrevistas 1. Contato inicial: falar amistosamente para criar uma atmosfera de cordialidade, e. assim ganhar a confiança do entrevistado, pois o mesmo deve sentir-se absolutamente livre de qualquer coerção, intimidação ou pressão. O entrevistado deve ficar totalmente à vontade. – O nome da entidade que patrocina a pesquisa; – Explicar a finalidade da visita (os objetivos da pesquisa); – Explicar a importância da pesquisa para a comunidade ou grupo pesquisado, e, particularmente, a importância da colaboração pessoal do entrevistado; – Manter durante toda a entrevista a simpatia e o respeito pelo entrevistado. Regras básicas para condução de entrevistas 2. Dispor o formulário sobre uma mesa ou superfície lisa, facilitando assim a anotação das respostas. 3. Situar na mesma linha visual o formulário e o entrevistado, para poder observar a um e outro sem grandes movimentos, centrando a atenção no informante. 4. Fazer uma pergunta de cada vez, e feitas na mesma ordem como estão redigidas no formulário. 5. Manter sempre a consciência ética na aplicação do formulário (não responder pelo entrevistado). Regras básicas para condução de entrevistas 6. Nunca fazer insinuação de respostas, seja com palavras ou com gestos. 7. Conferir as respostas sempre que possível, ou em caso de dúvida. 8. Dispor-se a ouvir mais do que falar, pois o que interessa é o que o informante tem a dizer. 9. Dar tempo bastante para que o entrevistado discorra satisfatoriamente sobre o assunto. 10. Dar ao entrevistado oportunidade para registrar ou delimitar suas próprias declarações ou respostas. Regras básicas para condução de entrevistas 11. Utilizar sempre as mesmas palavras do entrevistado e evitar resumir ou parafrasear as respostas. 12. Anotar alguns aspectos e atitudes do entrevistado que possuam algum significado útil. 13. Ao encerrar a entrevista, ficar alerta para informações adicionais que o entrevistado estava inclinado a oferecer mas não apresentou durante a entrevista. 14. Tanto por razões de ordem ética quanto técnica, a entrevista deve encerrar-se sempre num clima de cordialidade. 15. Manter do início ao fim o controle da entrevista. Regras básicas para condução de entrevistas Dissertação de Mestrado de Raullyan Borja Etnobotânica de Plantas Medicinais na Comunidade Quilombola do Curiaú. Dados quantitativos e qualitativos 5. Resultados e Discussão 5.1. Características dos Entrevistados > Idade e sexo dos entrevistados Faixa etária 20 – 25 26 – 30 31 – 35 36 – 40 41 – 45 46 – 50 51 – 55 56 – 60 61 – 65 66 – 70 71 – 75 76 – 80 Total Curiaú de Dentro Curiaú de Fora Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total (T1) (T2) 2 2 4 1 1 1 3 4 1 1 2 1 4 5 2 2 1 1 2 2 1 4 5 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 2 2 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 9 18 27 9 6 15 T1+ T2 5 6 7 3 6 2 2 3 2 2 2 2 42 Freqüência Relativa (%) 11,90 14,29 16,67 7,14 14,29 4,76 4,76 7,14 4,76 4,76 4,76 4,76 100 5. Resultados e Discussão > Condição do Entrevistado na Unidade Domiciliar * Chefe: 64,29% * Cônjuge: 21,43% 85,72% > Escolaridade dos Entrevistados * Nunca estudou: 7 entrevistados (16,67%) * 2o grau: 10 entrevistados (23,81%) > Origem dos entrevistados Origem Curiaú / AP Macapá / AP Calçoene / AP Jari / AP São Luís / MA Curiaú de Dentro Curiaú de Fora Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total (T1) (T2) T1+ T2 Freqüência Relativa (%) 7 1 1 15 1 1 1 22 2 1 2 3 5 1 - 6 - 9 5 1 - 31 7 1 1 2 73,81 16,67 2,38 2,38 4,76 9 18 27 9 6 15 42 100 5. Resultados e Discussão > Estado Civil dos Entrevistados * 27 (64,29%), vivem com companheiro (a) > Fecundidade dos Entrevistados * 41 (97,62%), já tiveram filhos > Origem da água utilizada nos domicílios Origem da água Rede geral de distribuição Poço amazonas Poço artesiano Total Curiaú de Dentro 20 Curiaú de Fora Total 13 33 Freqüência Relativa (%) 78,57 4 3 27 1 1 15 5 4 42 11,91 9,52 100 5. Resultados e Discussão > Moradores da Unidade Domiciliar > Religião > Alimentos mais consumidos > Características Econômicas das Famílias dos Entrevistados * 20 (47,62%), 1 a 2 SM * 1 a 4 SM > 95,24% * 18 (42,86%), conta própria 5. Resultados e Discussão 5.2. Dados Etnobotânicos e Etnofarmacológicos > 42 (100%), posto médico ou hospital > 34 (80,95%), tratamento com remédios naturais. > Doenças mais comuns nas famílias dos entrevistados Doenças m ais com uns 60 52,38 50 FA e % 50 40 30,95 28,57 30 22 28,57 26,17 % 21 20 13 12 12 11 10 0 Diarréia Gripe FA Vermino ses M ico ses Doenças A nemias M alária 5. Resultados e Discussão 5.3. Aspectos Botânicos e Ecológicos das Plantas Medicinais Utilizadas em Curiaú * 144 espécies * 59 famílias * 121 gêneros > Curiaú de Dentro: 131 espécies / 56 famílias / 109 gêneros. > Curiaú de Fora: 118 espécies / 49 famílias / 100 gêneros. > STIPANOVICH (2001), Curiaú de Dentro: * 58 espécies / 38 famílias / 49 gêneros. 5. Resultados e Discussão 5.4. Famílias mais importantes medidas pelo número de citação 5. Resultados e Discussão 5.6. Habitats das Espécies Medicinais Indicadas pela Comunidade Habitat das espécies m edicinais de Curiaú 5% 4% 2%2%2% Quintal Ro ça 6% Ruderal Ho rta caseira 7% Cerrado 60% 12% Flo resta de várzea Terra firme M ata secundária Ilhas de mata 5. Resultados e Discussão 5.7. Hábito de Crescimento das Espécies Medicinais de Curiaú * Herbáceo: 45,14% * Arbóreo: 29,86% * Arbustivo: 13,19% 5.8. Disponibilidade no Ambiente das Espécies Medicinais Indicadas * Cultivadas: 72,22% * Espontâneas: 13,19% * Cultivadas e Espontâneas: 14,58% 5. Resultados e Discussão * Partes das Plantas Utilizadas 5. Resultados e Discussão * Preparações Terapêuticas Tipo de preparo da Número de preparações Freqüência relativa (%) Chá 390 38,61 Lavagem 93 9,21 Banho 92 9,11 Emplasto 89 8,81 In natura 71 7,03 Sumo 67 6,63 Compressa 45 4,46 Tintura 33 3,27 Gargarejo 32 3,17 Maceração 25 2,48 Suco 22 2,18 Xarope 17 1,68 Outros 34 3,37 1010 100 medicação Amostragem e Bias em Pesquisa Luciano Araujo Pereira, Biólogo, Mestre em Agroecossistemas Chefe da Divisão de Botânica/CPZG/IEPA Amostragem Seleção e escolha dos informantes Informante principal ou chave: Pessoa selecionada dentre todos os informantes Especialistas locais (pessoas reconhecidas em sua comunidade como conhecedoras das plantas da região). Comunidade em geral (100% dos informantes, para refletir a experiência do universo). Amostragem A validade e a confiabilidade da informação – A validade diz respeito à fidedignidade do informante, – A confiabilidade diz respeito à consistência da informação dos informantes. Amostragem Técnicas quantitativas baseadas no que se chama consenso dos informantes – A teoria do consenso cultural assume que: a) existe uma resposta culturalmente correta para uma dada questão; b) cada informante responde independentemente de outro informante; c) a probabilidade que um informante responderá corretamente uma questão em um domínio de conhecimento reflete a competência do informante no domínio. Amostragem Elementos que podem facilitar o contato com os informantes e o trabalho de campo. – Um exemplo é o “rapport” (conversa de casa em casa). – É a conquista da confiança, indispensável na obtenção de informações. – A confiança conquistada vai favorecer a obtenção de informações, uma vez que as pessoas tendem a mentir por receio de serem repreendidas. – Exemplo: Conquista de confiança de um grupo de pessoas que moram próximo de uma Unidade de Conservação e que utiliza de forma clandestina dos recursos. Amostragem O pesquisador pode conquistar obedecendo algumas etapas: – Delimitar a área de estudo; a confiança – Identificar-se como pesquisador; – Convocar uma reunião geral onde seria mostrado todo o processo a ser desenvolvido junto à comunidade. – Se o alvo de sua pesquisa for, por exemplo, os especialistas locais, o “rapport” (visitas aos domicílios). Amostragem Os trabalhos etnobotânicos se debruçam sobre diferentes contextos culturais, Há a necessidade de manter domínio das sutilezas comportamentais de cada comunidade. Para Viertler (2002) a linguagem não-verbal pode ter vários sentidos, desde “timidez e humildade até a discordância ou a reprovação”. Procedimentos de Amostragem Ter critérios na escolha dos informantes. O tamanho da amostra deve ser representativa. Diferentes fatores podem interferir no conhecimento local (plantas, animais etc.) como sexo, idade (data de nascimento), ocupação e etnia. Em estudos com um universo selecionado numeroso (usar técnicas de amostragem). A partir do contato inicial com a comunidade, um primeiro especialista é reconhecido, que passa a indicar outro especialista e assim, sucessivamente, até envolver todos os especialistas da comunidade. Amostragem Probabilística Os elementos da amostra são escolhidos ao acaso. Normalmente usa-se o sorteio com base em tabelas de números aleatórios. O erro é reduzido com o aumento da amostra e maior homogeneidade. Amostragem Probabilística Amostra aleatória simples – – Consiste em numerar todos os elementos do universo – Em seguida, usa-se uma tabela de números aleatórios para selecionar os elementos que farão parte da amostra. (ver mais na frente) Amostra estratificada – Estratificar o universo em categorias com base em critérios estabelecidos pelo pesquisador (sexo, ocupação, etnia, região etc). – A estratificação tem por finalidade garantir a representatividade da amostra (permitir ter uma idéia de erro). Amostragem Probabilística Amostra por conglomerados – – O pesquisador não dispõe de uma lista dos elementos que compõem todo o universo. – Tendo que lidar com categorias mais amplas (conglomerados ou agrupamentos), a população de uma cidade, uma comunidade indígena etc. Amostragem Probabilística Este procedimento implica em duas etapas: Listar e amostrar. – Exemplo: Verificar como a comunidade está estruturada, se por quarteirões, zonas etc. Cada subconjunto é chamado de conglomerado. Um processo de estratificação (resultando em subunidades): Na listagem dos elementos de cada uma destas. Na seleção dos elementos de cada uma destas. Na seleção dos elementos que formarão a amostra, de forma similar a amostragem aleatória simples. Esse processo deve ser feito ao acaso. Amostragem Probabilística Amostra por área – – Quando os elementos da inteiramente desconhecidos. população são – Faz-se uso de mapas ou fotos aéreas para subdivisão em unidades menores – Em seguida um sorteio para seleção das áreas amostrais. – Após o sorteio das áreas, o pesquisador pode pesquisar todos os elementos da área sorteada ou realizar novos sorteios, adotando-se procedimento semelhante. Amostragem Probabilística Tamanho da amostra – Qual o tamanho ideal de uma amostra? – Seleciona uma proporção de elementos de cada conglomerado obtido, ou do universo total (na amostragem aleatória simples, por exemplo). – A tabela a seguir elaborada por Bernard (1988), certamente ajudará no trabalho de campo. – Tabela 1: Tamanhos de amostras exigidos para vários tamanhos de população, considerando um intervalo de confiança de 5%. Reproduzido de Bernard (1988) citado por ALBUQUERQUE e LUCENA (2004). Amostragem Probabilística Tamanho da população Tamanho da amostragem 50 44 100 80 150 108 200 132 250 152 300 169 400 196 500 217 800 260 1000 278 1500 306 2000 322 3000 341 4000 351 5000 357 10.000 370 50.000 381 1.000.000 384 Amostragem Não - Probabilística Às vezes é preciso optar por uma amostra cujos elementos são escolhidos de forma intencional. A grande fraqueza disso reside na limitação em fazer generalizações. Amostragem Não - Probabilística Amostra Intencional ou julgamento, ou de seleção racional – – O pesquisador centra-se em grupos específicos, baseados na sua experiência ou conhecimento do universo. – Exemplo, trabalhar com sacerdotes de cultos afrobrasileiros por estes deterem grande conhecimento sobre o uso ritual e medicinal das plantas. – O método só permite generalizações para o grupo especifico estudado e não para a comunidade como um todo. Amostragem Não - Probabilística Amostra acidental – É um procedimento utilizado em estudos exploratórios (pesquisador ainda não conhece a realidade local). – Pode ser feita como procedimento inicial, para norteamento. – O pesquisador vai ouvindo as pessoas que vão aparecendo no decorrer de seu trabalho de campo, de forma inteiramente livre e acidental, até que se complete o tamanho estabelecido para a amostra. – É raro encontrar esse procedimento em investigações etnobotânicas. – O pesquisador pode adotá-la para conhecer um pouco da comunidade, do universo conceitual e prático, que irá se defrontar. Alguns tópicos de Antropologia úteis à pesquisa qualitativa No seu encontro com representantes de outras culturas, o pesquisador deve evitar uma série de armadilhas ou mal entendidos que podem comprometer os resultados do seu trabalho de investigação. É preciso pedir a cooperação de estudiosos da língua e da cultura da população selecionada. A armadilha maior é representada pela suposição de que o informante possua a mesma atitude que ele frente à palavra, à ação e ao pensamento. Durante o diálogo, a atuação ou o manejo do outro, não é apenas do pesquisador. Alguns tópicos de Antropologia úteis à pesquisa qualitativa Também o entrevistado maneja o pesquisador a seu modo, visando os seus interesses. Os manejos de ambas as partes se encontram criando um determinado resultado: a compilação de certo tipo de dados em detrimento de outros, situação que exige novos manejos de pesquisa a fim de poder construir algumas hipóteses iniciais para dar continuidade ao seu trabalho de verificação empírica. Alguns tópicos de Antropologia úteis à pesquisa qualitativa E nestes outros manejos da situação de pesquisa com novos informantes ou com os mesmos informantes em novas condições sociais, ele poderá ou não ir verificando a validade de suas hipóteses para então expressá-las por meio de uma linguagem científica. Uma questão metodológica crucial ao pesquisador social é representada pela constatação de que as classificações de animais, plantas, doenças etc não são fornecidas espontaneamente pelos informantes, mas são construídas por meio do diálogo destes com o pesquisador. Alguns tópicos de Antropologia úteis à pesquisa qualitativa Respeito a organização social da comunidade estudada. (qualquer grupo mais ou menos duradouro no tempo possui referenciais de uma ordem social que deve ser conhecida e respeitada pelo estudioso). Existem relações sociais baseadas em vários critérios: o sexo, a idade, o parentesco, o prestígio social, a organização econômica, a organização política, as crenças e práticas ligadas ao sobrenatural. Do ponto de vista cognitivo, é importante ter noções sobre as representações ou idéias coletivas que predominam em dada comunidade humana a respeito da vida em geral. Alguns tópicos de Antropologia úteis à pesquisa qualitativa Essas representações sociais constituem o fundo sobre o qual o pesquisador (etnobiólogo, por exemplo) vai construir as taxonomias e classificações do grupo em que investiga. O pesquisador também deve relativizar o conhecimento evidenciado pelos seus informantes de acordo com a sua posição social. Na discussão de espaços físicos é preciso lembrar que “o espaço não é apenas um espaço físico, mas também social”. Exemplos – Existem áreas freqüentadas exclusivamente por homens, assim como outras freqüentadas apenas por mulheres, em outras palavras, os espaços também possuem qualidades simbólicas. – A mata e os rios constituem "espaços masculinos" para as sociedades indígenas; enquanto o mar o é para as sociedades de pescadores. – A casa, seus arredores e os quintais representam "espaços femininos" no contexto de sociedades indígenas e de sociedades camponesas. Exemplos – Existem também os espaços interditados aos vivos, os cemitérios lacustres ou terrestres que, pelo isolamento, funcionam como centros de regeneração de espécies vivas. – Constatam-se igualmente áreas naturais associadas a forças e entidades sobrenaturais, geralmente coincidindo com territórios de reprodução de várias espécies. – Ao morrer um índio Bororo, engendra-se um longo ciclo funerário envolvendo vizinhos, caçadas, pescarias, cantos e danças (ciclo denominado "tempo das almas"), cujos segredos não devem ser revelados às mulheres e às crianças e cujos efeitos se fazem sentir na própria vida cotidiana. Exemplos Conhecer outras culturas envolve selecionar inteligentemente uma amostra, representativa de informantes e distinguir entre aquilo que é acidental ou mera peculiaridade de um único informante para resgatar aspectos mais gerais, padrões sócio-culturais que possam ser eficientes para iluminar uma lógica ou racionalidade para os comportamentos e pensamentos da maioria dos membros da sociedade, grupo ou comunidade estudados. Nem sempre tal diferenciação é fácil de ser resgatada com clareza, razão pela qual há a necessidade de recorrer a uma amostra minimamente representativa da população como um todo. A busca do rigor a ser perseguido na pesquisa qualitativa para evitar o Bias – Dizer não à “ilusão da transparência” (Bourdieu citado por Minayo, 1999) – Afastar os perigos da compreensão espontânea – Tornar-se “desconfiado” relativamente aos pressupostos – Evitar a projeção acrítica da própria subjetividade – Sujeitar a intuição às evidências do “construído – Rejeitar a tentação da sociologia ingênua ; – Despistar as primeiras impressões – Dizer não à sedução da “leitura simples do real” – Não se deixar ludibriar pelos discursos dos informantes – Não falsear a realidade através de generalizações excessivas Toda monografia científica deve ser necessariamente: interpretativa, argumentativa, dissertativa e apreciativa. Pesquisa experimental e reflexão racional completam-se necessariamente na elaboração da ciência. Afinal, o objetivo de uma pesquisa é fundamentalmente a análise e interpretação do material coletado. É na consecução desse objetivo que se podem aferir os resultados da pesquisa e avaliar o avanço que ela representou para o crescimento científico da área.