Fontes de Informação Sociológica – Sociologia
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE PESQUISA
Adaptado de
Carmo, Hermano e Ferreira, Manuela Malheiro (1998), "O projecto e o relatório de
investigação" in Hermano Carmo e Manuela Malheiro Ferreira, Metodologia da
investigação - guia para auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta, 266271.
Marconi, Marina de Andrade e Lakatos, Eva Maria (1996), Técnicas de pesquisa.
São Paulo: Atlas.
QUIVY, Raymond; Luc Van Campenhoudt (1998), Manual de investigação em
ciências sociais. Lisboa: Gradiva.
Silva, Edna Lúcia e Menezes, Estera Muszkat (2001), Metodologia da pesquisa e
elaboração da Dissertação. Universidade Federal de Santa Catarina: Programa de
pós-graduação em engenharia de Produção.
PESQUISAR É…
Encontrar respostas, através da pesquisa documental e da consulta de fontes,
para a pergunta de partida.
Encontrar soluções para uma curiosidade intelectual.
Testar e promover uma aproximação progressiva com determinada realidade,
fomentando o confronto entre teoria e dados.
Descobrir respostas para problemas através do uso de procedimentos
Científicos e metodológicos.
A PESQUISA ENCARADA A PARTIR DE
VÁRIOS CRITÉRIOS
De acordo com a sua NATUREZA, a pesquisa pode ser:
Fundamental: quando persegue objetivos que resultam num avanço do
conhecimento científico, ainda que os mesmos não tenham aplicação prática.
Nesta vertente o conhecimento resultante da pesquisa reveste-se de um carácter
universal.
Aplicada: quando visa alcançar conhecimentos destinados a ter uma aplicação
prática. O conhecimento resultante da pesquisa aplicada tende a ser mais
contingente e localizado.
De acordo com a PERSPETIVA DE ABORDAGEM GERAL, a pesquisa pode ser:
Quantitativa: Baseia-se em técnicas quantitativas e visa uma caraterização extensiva
e generalista da realidade estudada.
Qualitativa: Tem um caráter descritivo e indutivo. Baseia-se numa análise intensiva e
pormenorizada da realidade estudada.
A PESQUISA ENCARADA A PARTIR DE
VÁRIOS CRITÉRIOS
De acordo com os OBJETIVOS, a pesquisa pode ser:
Descritiva: quando tem por objetivo enumerar e descrever as caraterísticas de
determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento
de relações entre variáveis ou conceitos. Envolve o uso de técnicas padronizadas
de recolha de dados de modo a facultar um levantamento de especificidades:
questionário ou observação.
Explicativa: assumindo a forma de pesquisa experimental, procura identificar os
fatores que estão na origem da ocorrência de determinados fenómenos. É mais
frequente no domínio das ciências naturais, baseando-se no método experimental.
No campo das ciências sociais baseia-se no método observacional.
Exploratória: quando procura assegurar uma maior familiaridade com o problema
de modo a torná-lo explícito ou a facilitar a elaboração de hipóteses de trabalho.
Passa por realizar um levantamento bibliográfico, entrevistas exploratórias
com indivíduos diretamente envolvidos em práticas que tenham a ver com o
problema estudado, análise de casos exemplares que fomentem a compreensão.
Assenta em Pesquisas Bibliográficas e em Estudos de Caso.
A PESQUISA ENCARADA A PARTIR DE
VÁRIOS CRITÉRIOS
De acordo com a PERSPETIVA DE ABORDAGEM TÉCNICA, a pesquisa pode ser:
Bibliográfica: Realizada a partir de material já publicado (livros, artigos de periódicos,
material publicado na internet).
Documental: Realizada a partir de materiais que não foram alvo de tratamento
analítico.
Estudo de caso: Baseia-se no estudo aprofundado e exaustivo de um objeto de modo
a permitir o seu conhecimento pormenorizado.
Experimental: Visa testar o efeito de determinadas variáveis sobre o objeto de
estudo, através do seu isolamento e controlo minucioso.
Investigação-ação: A pesquisa é realizada no âmbito da resolução concreta de um
problema coletivo e conta com a participação e cooperação dos investigadores.
Levantamento: Exige que sejam diretamente ouvidas (por inquérito ou entrevista) os
indivíduos cujos comportamentos se querem conhecer.
Observação participante: Assenta na interação entre investigadores e
indivíduos/comunidade estudados.
OS MÉTODOS DA PESQUISA
Dedutivo: Defendido pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz postula que só
a razão pode conduzir ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o
objetivo de explicar o conteúdo das premissas em que se baseia. Recorrendo a uma
cadeia de raciocínio em ordem descendente, do geral para o particular, chega a uma
conclusão. Usa a lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira
decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. (Ex: Premissa 1 – Todos
os humanos são mortais; Premissa 2 – Ana é humana; Conclusão – Ana é mortal).
Dialético: Usado na pesquisa qualitativa, baseia-se na dialética de Hegel. As
contradições são ultrapassadas dando origem a novas contradições que exigem uma
solução. É um método de interpretação dinâmica e globalizante da realidade. Postula
que os factos não podem ser considerados fora de um contexto social, político,
económico.
Fenomenológico: Usado na pesquisa qualitativa, sustentado por Husserl, o método
fenomenológico baseia-se na descrição direta da experiência tal como ela é, não
sendo nem dedutivo nem indutivo. A realidade é socialmente construída e entendida
como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Desse modo, a realidade não é
única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O
sujeito/ator é incontornável no processo de construção do conhecimento.
OS MÉTODOS DA PESQUISA
Hipotético-dedutivo: Sugerido por Popper, assenta no princípio que quando os
conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são insuficientes para que
um fenómeno possa ser explicado, então surge um problema. Para o resolver são
sugeridas hipóteses ou são formuladas conjecturas que têm de ser testadas ou
falseadas. Ao contrário do método dedutivo, que procura a todo o custo confirmar a
hipótese, o método hipotético-dedutivo, procura evidências que derrubem a hipótese.
Indutivo: Defendido pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Postula que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios
predefinidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de
casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações. (Ex: Ana é mortal; Lia é mortal; Ema é mortal. Ana, Lia e Ema são
humanas. Logo, todos os humanos são mortais).
OBJETIVOS E PONTOS DE PARTIDA
DA PESQUISA
Antes de ser dado início a uma pesquisa bibliográfica ou documental há quatro
questões particularmente relevantes a resolver.
1) Delimitar, o mais possível, a finalidade da consulta a realizar, definindo os
objectivos a alcançar e o tipo de utilização que a pesquisa vai ter. Uma pesquisa
bibliográfica efetuada no âmbito da execução de um trabalho escolar e uma pesquisa
bibliográfica utilizada no âmbito da realização de um projecto de investigação
científica estão, em termos daquilo que são os objectivos e a utilização que a
pesquisa vai ter, muito longe de estar sujeitos ao mesmo grau de exigência.
2) Uma segunda questão importante a resolver é definir exatamente aquilo que já se
sabe sobre o tema a pesquisar. Esta tarefa é fundamental na medida em que permite
identificar um ponto de partida para dar início à pesquisa exploratória e à pesquisa
bibliográfica. Por outro lado, a importância desta tarefa revela-se ainda no facto de
permitir evitar a duplicação de esforços desnecessários à compilação de informação
que já é conhecida.
OBJECTIVOS E PONTOS DE PARTIDA
DA PESQUISA
3) Em terceiro lugar, para otimizar a pesquisa bibliográfica, é de toda a conveniência
separar os aspetos do tema em que se tem um interesse particular daqueles que, no
âmbito da pesquisa, não são importantes.
4) Finalmente, uma última questão a resolver consiste em elencar as relações do
tema a pesquisar com outros temas, de modo a diferenciá-lo e a evitar confusões.
A ter em conta…
Ao dar sequências às etapas a pesquisar, deve ter-se em conta que, na fase inicial é
crucial não perder de vista a necessidade em responder à pergunta: “O que pretendo
abordar?”. Tal como disposto nesta unidade curricular, o tema é apenas uma
dimensão de um assunto mais vasto. Escolher o tema, é optar entre dimensões
possíveis a serem estudadas, estabelecendo limites à pesquisa.
Para delimitar o tema é necessário proceder-se a uma rigorosa revisão da literatura.
Para que este objetivo seja devidamente cumprido torna-se necessário responder a
perguntas como: que autores já escreveram sobre este assunto? O que foi e quando
publicado sobre o tema? Quais os aspetos ou dimensões que já foram devidamente
analisados e quais os que merecem ser analisados neste momento? A revisão da
literatura deve permitir concretizar o “estado das artes”.
OBJETIVOS E PONTOS DE PARTIDA
DA PESQUISA
De seguida, é essencial concluir de modo a justificar o tema relativamente a outros
possíveis (dizer porque é relevante, que abordagens permite desenvolver, que
vantagens decorrem da sua abordagem).
Delimitado o tema, torna-se necessário afinar a pergunta de partida, de modo a
verificar se existe ou não um problema intelectual e científico e se vale ou não a pena
encontrar-lhe uma solução.
Estabilizada a pergunta de partida devem ser elencados os objetivos a alcançar com
a pesquisa. Esses objetivos devem manter uma coerência adequada com a
justificação do tema e com o problema fixado na pergunta de partida. Tanto quanto
possível, deve procurar fazer-se uma distinção entre o objetivo geral e os objetivos
específicos da pesquisa. Os objetivos devem clarificar a razão ou razões da pesquisa
e os resultados que se pretende alcançar por seu intermédio.
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