3. Problemas práticos de concepção e implementação do
questionário
3.1. Operacionalização do plano de concepção do questionário
3.2. Planeamento, concepção e integração das variáveis
MEDIR PARA QUÊ?
•
•
•
•
•
•
•
•
1. Estimar certas grandezas “absolutas”.
Ex.º: percentagem de pessoas com uma certa opinião
2. Elaborar uma estimativa das grandezas “relativas”.
Ex.º:
estimativa
sobre
alunos
de
diferentes
nacionalidades em escolas portuguesas
3. Descrever uma população.
Ex.º: determinar as caraterísticas dos alunos que
frequentam ISOP
4. Verificar hipóteses sob a forma de relações entre
duas ou mais variáveis.
Ex.º: analisar se certo comportamento varia com a
idade
Modelo de análise
• Os itens devem ser formulados tendo em mente o
modelo de análise escolhido para a investigação.
• O modelo de análise é “composto por conceitos e
hipóteses estreitamente articulados entre si, para
em conjunto, formarem um quadro de análise
coerente” (Quivy, Campenhoudt, 1992: 151).
MODELO DE ANÁLISE
• Exemplo: Estudo sobre fenómeno religioso católico
• Objetivo / Problema: verificar se a prática e os
sentimentos religiosos se transformaram desde há
duas gerações.
• Hipótese 1: Os jovens católicos de 16 e 20 anos são
menos religiosos que as gerações mais velhas
• Conceitos a operacionalizar: religião, juventude e
velhice
Questionário – Que cuidados?
“Todo questionário deve ter uma extensão e um
escopo limitados. Toda entrevista não deve
prolongar-se muito além de meia hora, inclusive esta
duração é difícil de se obter sem cansar o
informante. Os questionários, que a pessoa responde
por si mesma, não devem exigir mais de 30 minutos,
e são de exigir um tempo mais curto.”
•Goode e Hatt
Questionário – Que cuidados?
• “Todo aspecto incluído no questionário constitui uma hipótese, isto é, a
inclusão de todos e cada um dos pontos deve ser possível de defender
que está trabalhando.”
• Revisão da literatura sobre o tema e a experiência do pesquisador.
• É recomendável estabelecer uma relação entre a necessidade de
abordar um tema e o pedido a especialistas que o revejam.
• De acordo com as novas posições ante a Pesquisa Social, é importante
discutir os aspectos a incluir, no questionário, com pessoas-chave, como
líderes da população-alvo.
• Tal permitirá a participação dessa população no processo de pesquisa
e, assim, trará, ao pesquisador, melhor conhecimento sobre as suas
caraterísticas e interesses, e também um melhor entrosamento entre
ambos.
Vantagens do questionário
•a) possibilita atingir um grande número de pessoas, mesmo que estejam
dispersas numa área geográfica muito extensa;
•b) implica menores gastos com recursos humanos, posto que o
questionário não exige o treino ou um treino exigente dos pesquisadores;
•c) garante o anonimato das respostas, possibilitando uma resposta
sincera;
•d) rapidez na obtenção das respostas;
•e) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem
mais conveniente (inquérito por correio);
•d) pode não expor os “pesquisados” à influência das opiniões e do
aspecto pessoal do inquiridor (no caso de inquérito por correio).
Limitações do questionário
• a) envolve, geralmente, um número relativamente pequeno de perguntas, porque é
sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem
respondidos;
• b) coletores de informação superficial, que prejudica a profundeza das matérias;
• c) proporciona resultados críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter
significado diferente para cada sujeito pesquisado.
• Inquérito por correio:
• a) exclui as pessoas que não sabem ler e escrever. O que, em certas circunstâncias,
conduz a graves deformações nos resultados da investigação;
• b) impede o auxílio ao informador quando este não entende corretamente as instruções
ou perguntas;
• c) impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser
importante na avaliação da qualidade das respostas;
• d) não oferece a garantia de que a maioria dos indivíduos o devolvam devidamente
preenchido. Tal pode implicar a significativa diminuição da representatividade da
amostra.
ELABORAÇÃO Do QUESTIONÁRIO
Contemplação da totalidade dos objetivos
da pesquisa
Elaboração
de formulário
para coleta
de dados
Para cada objetivo, deve haver, no
mínimo, uma pergunta no formulário.
Assim: é necessário especificar inicialmente, e com muita clareza, os
objetivos da pesquisa e, então depois, elaborar o formulário / questionário
para a recolha dos dados.
10
O Processo de Desenvolvimento de Questionário
10.Implementar a
Pesquisa
2.Determinar o(s) método(s)
de coleta de dados
3.Determinar o formato
das perguntas e
respostas.
9.Preparar
o texto final
1.Determinar os objetivos
da pesquisa,
recursos e restrições
4.Decidir sobre a
redação das perguntas
8.Pré-teste e revisão
7.Obter aprovação
de todos os
responsáveis
envolvidos.
5.Estabelecer o fluxo do
6.Avaliar o questionário questionário e o layout
e o layout
11
Preparação do questionário
• Operações:
• 1 . Determinação dos aspetos de interesse para a pesquisa (relação de assunto).
• 2. Revisão das hipóteses e dos questionários.
• 3. Estabelecimento de um plano de perguntas a ser incluído nos questionários e
sua ordem.
• 4. Redação das perguntas.
• 5. Preparação dos elementos complementários ao questionário: tratamento do
layout, a sua apresentação – que inclui a solicitação da colaboração do
entrevistado e o agradecimento pela sua participação –, e as instruções
suplementares. Estas referem-se à forma de preenchimento do questionário e
incluem indicações sobre a maneira de responder a certas perguntas.
•
REGRAS DE OURO:
Cada item do questionário deve ter um sentido preciso e responder a uma
necessidade relacionada com os objetivos da pesquisa.
Deve-se evitar perguntas não diretamente ligadas aos fins do trabalho.
A CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
• Consiste basicamente em traduzir os objetivos
específicos da pesquisa em itens bem redigidos.
• É necessário que a fixação dos objetivos tenha sido
efetuada no sentido de garantir sua operacionalização.
• A maior parte do que se sabe a respeito da elaboração
de questionários decorre da experiência. Resulta daí
que grande parte do que se dispõe nesse domínio é
constituída por receitas baseadas no senso comum,
sem maior apoio em provas científicas rigorosas ou em
teorias.
PERGUNTAS
• Evitar ambiguidades.
• Ao planear o questionário, deve-se considerar o tipo de
análise que será efetuado com os dados obtidos.
• O pesquisador deve estabelecer as possibilidades de
medição de determinada variável, de maneira tal que
possa realizar a análise estatística desejada.
Por exemplo, se o problema de pesquisa requerer uma análise de
regressão, o pesquisador não deverá incluir, no questionário,
perguntas que apenas proporcionem dados dicotómicos.
Recomendações para a redação das perguntas
•1. Não incluir uma pergunta sem ter uma ideia clara da forma como utilizar a sua
informação e do seu contributo para os objetivos da pesquisa.
•2. Utilizar vocabulário preciso. Evitar palavras confusas e termos técnicos que não
sejam do conhecimento da população a ser inquirida.
•3. Evitar formular duas perguntas numa única.
•Exemplo:
- Está de acordo ou em desacordo com a seguinte afirmação: "Os alunos
superdotados deveriam ser colocados em grupos separados dos outros alunos e em
escolas especiais.”
Os respondentes a esta pergunta podem ter uma opinião favorável quanto à
separação dos alunos superdotados para dar-lhes uma instrução mais adequada.
Mas podem não concordar com a sua inscrição em escolas especiais.
Recomendações para a redação das perguntas
• 4. As perguntas devem ajustar-se às possibilidades
de resposta dos sujeitos. Não devem ser
concebidas
perguntas
difíceis
de
serem
respondidas de forma precisa.
Exemplo:
- Em que idade teve sarampo?
É possível que o entrevistado não se lembre da
idade.
Recomendações para a redação das perguntas
• 5. É preferível usar itens curtos. O entrevistado deve ler a
pergunta sem dificuldade, compreendê-la rapidamente e
responder ou escolher a alternativa adequada da maneira
mais fácil possível.
• Os itens devem ser precisos e claros, evitando a possibilidade
de serem mal interpretados.
Exemplo:
- A vida na cidade é boa?
1. ( ) Sim.
2. ( ) Não.
A que cidade se refere? A uma pequena (Machico) ou a uma
grande (Lisboa / Porto)? À cidade em que mora ou a outra?
Atenção à possibilidade de a pergunta poder ser mal
interpretada.
Recomendações para a redação das perguntas
• 6. Evitar perguntas negativas. Geralmente, este tipo
de pergunta leva a erro fácil.
Exemplo:
É partidário de não controlar a natalidade?
1.( ) Sim.
2. ( ) Não.
Recomendações para a redação das perguntas
• 7. As perguntas não devem estar direcionadas, nem refletir a posição do pesquisador
sobre certo assunto. Devem ser objetivamente formuladas de tal forma que o entrevistado
não se considere pressionado a dar uma resposta que acredita ser a opinião do
pesquisador. As alternativas de resposta não devem ser muito categóricas, no sentido de
o entrevistado se sentir obrigado a decidir-se por alguma, ainda que esteja em desacordo
com ela.
• Por exemplo:
• Quantas vezes por mês discute com a sua esposa? A pergunta está mal formulada. Pois,
por um lado, supõe que o entrevistador esteja casado. Por outro, se casado, que discute
com a mulher.
Forma mais adequada de formular a pergunta é a seguinte:
- Está casado?
1. ( ) Sim.
2. ( ) Não.
Em caso de resposta positiva:
- Discute com a sua esposa?
1. ( ) Sim.
2.( ) Não.
Em caso de responder sim:
- Com que frequência?
1 . ( ) Frequentemente.
2. ( ) Ocasionalmente.
3. ( ) Raramente.
Recomendações para a redação das perguntas
8. O pesquisador deve ter cuidado com a interpretação que
faz das respostas dos inquiridos.
Exemplo:
Com que frequência vai à missa?
1. ( ) Não vou.
2. ( ) Uma ou duas vezes por mês.
3. ( ) Três ou quatro vezes por mês.
4. ( ) Mais de quatro vezes por mês.
A ida à missa não reflete a religiosidade ou crença. Fazer
inferência a partir de um fato (assistir à missa) das atividades ou
da crença de um indivíduo é um assunto difícil e cuidadoso.
Recomendações para a redação das perguntas
9. Evitar perguntas tão óbvias que mais de 80% dos entrevistados respondam a uma
mesma categoria.
Exemplo:
•Nível de escolaridade do pai
•Frequência
•Ensino Primário
•10%
•Ensino Secundário
•5%
•Ensino Superior
•85%
_____
•100%
Não há uma variabilidade, pois a grande maioria dos casos optou pela alternativa
"terceiro grau". Tem-se uma constante. Que fazer para se obter uma informação mais útil e
que permita comparação entre grupos? Uma solução é suprimir a pergunta, pois a
informação não aponta nada novo.
Recomendações para a redação das perguntas
• Outra solução é reformular a pergunta, desdobrando-a:
• Nível de escolaridade do pai
• Frequência
• Ensino Primário
• 10%
• Ensino Secundário
• 5%
• Ensino Superior
• 40%
• Mestrado
• 30%
• Doutoramento
• 15%
______
• 100%
Recomendações para a redação das perguntas
• O exemplo anterior:
Demonstra que a utilização das categorias numa
pergunta fechada supõe um conhecimento das
caraterísticas gerais da população indicada na
pesquisa.
Supõe-se que, numa população operária, as
categorias não serão as referidas. Pois a maioria
dos trabalhadores não foi além do Ensino Primário /
Ensino Secundário.
Recomendações para a redação das perguntas
• 10. Categorias outros e não sabe, das perguntas fechadas: se muitos responderem
a estas categorias, a pergunta deve ser reformulada ou as alternativas mudadas
(verificar-se
no
pré-teste):
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
- Que programas de televisão prefere?
Frequência
Noticiários
10%
Desportivos
15%
Humorísticos
20%
Outros
55%
_______
100%
Evidentemente, devem acrescentar-se outras categorias, como: telenovelas, séries
policiais, filmes, etc.
Recomendações para a redação das perguntas
No questionário definitivo, a categoria outros deve estar reduzida a uma
frequência mínima:
•- Que planos tem para 2016?
•Frequência
•1. Ficar neste lugar
•20%
•2. Sair deste lugar
•10%
•3. Não sabe
•70%
•_____
•100%
•A pergunta deve ser reformulada. Pois é demasiado precoce exigir que se
saiba o que se vai fazer daqui a quatro anos.
A DISPOSIÇÃO DAS PERGUNTAS
•
A preocupação básica: montar o questionário de tal forma que constitua um instrumento facilmente
aplicável.
Para isso, existem normas precisas que podem auxiliar na coleta de dados e, posteriormente, na análise
da informação.
•
No questionário existem dois aspectos importantes a serem considerados:
(a) a distinção entre instruções, perguntas e respostas:
Recomenda-se a seguinte distinção tipográfica:
•perguntas: Letras maiúsculas; e
•respostas: Letras minúsculas; e
•instruções: (entre parênteses).
(b) a ordem das perguntas:
Problema de ordem dinâmica. Qualquer coleta de dados, escrita ou oral, é um processo de
interação entre pessoas. Portanto, deve-se procurar uma ordem de perguntas que facilite a
interação.
Assim, não convém passar bruscamente de um tema a outro.
Não convém fazer e refazer a pergunta em diferentes partes do questionário.
O leitor deve lembrar-se que a coleta de dados é uma conversa entre duas ou mais pessoas que
visam solucionar um problema. Portanto, devem ser respeitadas as normas de uma conversa desse
tipo.
A DISPOSIÇÃO DAS PERGUNTAS
• Sugestões:
• (1) Introduzir o questionário com perguntas que não formulam problema.
• Exemplo: itens sociodemográficos: idade, sexo, estado civil, etc.
• (2) Em continuação, incluir perguntas sobre a problemática, mas em termos
gerais.
• Exemplo: se o questionário se refere a fatores que intervêm no aproveitamento
escolar, incluir-se perguntas de opinião sobre a escola, os professores, os estudos
etc.
• (3) Como passo seguinte, incluir perguntas que formam o núcleo do questionário,
as mais complexas ou emocionais. Pois supõe-se que o entrevistado esteja num
estado de ânimo que compreenda esse tipo de perguntas.
• (4) Na última parte, incluem-se perguntas mais fáceis que possam proporcionar ao
entrevistador e entrevistado uma situação de comportabilidade. É importante
considerar, como última pergunta, uma que permita ao entrevistado expressar os
seus sentimentos relacionados com o processo de coleta de dados. Esse tipo de
pergunta permite analisar o questionário e o processo de entrevista.
A DISPOSIÇÃO DAS PERGUNTAS
• Diversas pesquisas demonstram a ocorrência de
contágio das respostas umas pelas outras. Por essa
razão, torna-se conveniente dispersar perguntas
suscetíveis de contágio.
• Também
têm
sido
observados
problemas
decorrentes de mudanças bruscas do tema. Para
evitá-los, torna-se conveniente marcar nitidamente
uma pausa e recomeçar a preparação para a
fase
seguinte,
fornecendo
as
explicações
necessárias.
A DISPOSIÇÃO DAS PERGUNTAS
• Regra de Ouro:
Tal como num diálogo, primeiro produz-se a
aproximação gradual ao tema. Depois, insere-se o
tema central. Quando este tiver sido discutido
suficientemente, não se termina de imediato: findase com uma conversa genérica antes de se
despedir.
A sequência das perguntas
ORGANIZAÇÃO TÍPICA
SEQUÊNCIA
TIPO
FUNÇÃO
EXEMPLO
Quebrar o gelo e
Perguntas
iniciais
Próximas
perguntas
Perguntas
posteriores a
um terço do
questionário
Abrangentes
e genéricas
Simples e
diretas
Perguntas
específicas
criar empatia
com o
respondente
Tem aparelho de DVD?
Assegurar ao
respondente que
o questionário é
muito simples e
fácil de
responder.
Em que marcas de
aparelho de DVD
pensou quando comprou
o seu?
Relacionadas ao
objetivo da
pesquisa para
conduzir o
respondente à
área de interesse
do estudo
Quais as caraterísticas
que considera quando
vai comprar um aparelho
de DVD?
30
A sequência das perguntas
ORGANIZAÇÃO TÍPICA
SEQUÊNCIA
TIPO
Parte
principal do
questionário
Perguntas
específicas;
algumas
podem ser
difíceis e
complexas
Últimas
perguntas
Perguntas
pessoais
que podem
ser
encaradas
pelo
respondente
como
delicadas
FUNÇÃO
EXEMPLO
Obter a maioria
das informações
almejadas pela
pesquisa.
Classifique em ordem
de importância as
seguintes caraterísticas
de um aparelho de
DVD?
Obter informações
demográficas e
classificatórias
sobre o
respondente
Qual o seu nível de
escolaridade?
31
A forma das perguntas
Categorias:
•Perguntas fechadas: são aquelas para as quais todas as respostas
possíveis são fixadas de antemão. Há casos em que são previstas
apenas as respostas "sim" ou "não" (dicotómicas). Mas há também
casos em que as perguntas admitem número relativamente
grande de respostas possíveis (escolha múltipla).
•Perguntas abertas: o interrogado responde com as suas próprias
palavras, sem qualquer restrição. Em virtude das dificuldades para
tabulação e análise, as perguntas deste tipo são pouco
recomendadas em estudos descritivos ou explicativos. Cumprem,
no entanto, importante papel nos estudos formuladores ou
exploratórios.
•Perguntas duplas, semi-abertas ou semi-fechadas: reúnem uma
pergunta fechada e outra aberta, sendo esta última
frequentemente enunciada pela forma "por quê?"
A FORMA DAS PERGUNTAS
-
Perguntas dicotómicas: apresentam duas opções de respostas. Admite-se a
inclusão de terceira alternativa: “não sei” ou “nenhum”.
Exemplos:
1) sexo: (1) Masculino
(2) Feminino
2) Encontra o café da sua preferência em todos os lugares em que faz compras
regulares? (1) Sim (2) não
Perguntas de múltipla escolha: trazem três ou mais alternativas de resposta.
Exemplo:
1) Qual a marca de sumo que acabou de comprar?
(1) Compal (2) Santal (3) Frisumo (4) Pingo Doce (5) Continente
A FORMA DAS PERGUNTAS
Escala de Likert: o entrevistado deve expressar o seu grau de concordância ou
discordância com afirmações.
Exemplo: A qualidade de um café solúvel está em: (mostrar escala)
Item
Concordo
totalmente
• Sabor
2. Pureza
3. Rendimento
4. Solubilidade
5. Variedade
6. Preço
7. Embalagem
8. Outro atributo: (especificar)
Concordo
parcialmente
Indiferente
Discordo
parcialmente
Discordo
Totalmente
A FORMA DAS PERGUNTAS
Escala de importância: o entrevistado deve classificar itens em importância.
Exemplo: Qual o grau de importância que atribui a cada um dos itens abaixo ao
comprar café solúvel (mostrar escala)
Item
• Qualidade
2. Variedade da
linha
3. Composição
do produto
4. Tradição da
marca
5. Embalagem
6. Disponibilidade
7. Preço
Totalmente
importante
Muito
importante
Indiferente
Pouco
importante
Nada
importante
A FORMA DAS PERGUNTAS
VER:
http://www.gifted.uconn.edu/siegle/research/Instrument%2
0Reliability%20and%20Validity/Likert.html
http://dataguru.org/ref/survey/responseoptions.asp
A FORMA DAS PERGUNTAS
Diferencial semântico: o respondente escolhe um ponto entre duas palavras
opostas.
Exemplo: O café solúvel Mocambo é:
Excelente _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Medíocre
Caro _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Barato
Puro _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Impuro
Disponível _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Indisponível
Escala de intenção de compra: pergunta-se ao entrevistado se compraria um
produto/serviço, dadas certas condições (preço, disponibilidade, mudanças na
composição, etc.).
Exemplo: Estando o café solúvel Mocambo disponível em diversos pontos de
venda ao preço de 5€ a embalagem de 100g, o que faria:
(1) Certamente compraria
(2) Provavelmente compraria
(3) Provavelmente não compraria (4) Certamente não compraria
(5) Não sei
A forma das perguntas
TIPOS DE PERGUNTAS
1) PERGUNTAS FECHADAS
Nas perguntas fechadas são fornecidas as possíveis respostas ao
entrevistado, sendo que apenas uma alternativa de resposta é
possível.
Exemplo
Em que freguesia de Lisboa mora?
( ) Alvalade ( ) Sacramento ( ) Benfica ( ) São Nicolau
(enumerar todas as freguesias)
2) PERGUNTAS ABERTAS
Neste tipo de pergunta, o entrevistado responde livremente o que
pensa sobre o assunto.
38
Exemplo
Qual a sua opinião sobre o bairro onde mora?
____________________________________
A forma das perguntas
3) PERGUNTAS SEMI-ABERTAS
A pergunta semi-aberta é a junção de uma pergunta fechada a
uma aberta em que, num primeiro momento, o entrevistado
responde a uma das opções das alternativas e depois justifica ou
explica a sua resposta.
Exemplo
Em que freguesia de Lisboa mora?
( ) Alvalade ( ) Sacramento ( ) Benfica ( ) São Nicolau
(enumerar todas as freguesias)
Por quê?
_____________________________________
4) PERGUNTAS DICOTÓMICAS
É a pergunta que tem como respostas Sim ou Não ou duas
possibilidades excludentes.
Exemplo
Mora em casa própria?
( ) Sim ( ) Não
39
A forma das perguntas
5) PERGUNTAS ENCADEADAS
A segunda pergunta depende da resposta da primeira.
Exemplo
Mora em casa própria financiada?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual a entidade financiadora?
( ) Banco privado ( ) Construtora
( ) Outros
6) PERGUNTAS COM ORDEM DE PREFERÊNCIA
É dada ao entrevistado a possibilidade de escolha do 1.º, 2.º e 3.º
lugares:
Exemplo
Caso fosse mudar de casa, que freguesia escolheria em 1.º,40
2.º e
3.º lugares?
( ) Alvalade ( ) Sacramento ( ) Benfica ( ) São Nicolau ( ) Outro
A forma das perguntas
QUESTÃO ESCALONADA
ESCALA DE LIKERT – uma declaração com a qual o respondente
mostra o seu grau de concordância
“Geralmente, as pequenas empresas aéreas prestam melhor
serviço que as grandes:”.
Discordo
totalmente
Discordo
Nem concordo
Nem discordo
Concordo
Concordo
41
totalmente
A forma das perguntas
QUESTÃO ESCALONADA
DIFERENCIAL SEMÂNTICO – o inquirido é confrontado com duas
palavras antagónicas e assinala o ponto que representa a sua opinião
“American Airlines:”
Grande
1 2 3 4 5 6 7
Experiente 1 2 3 4 5 6 7
Moderna
1 2 3 4 5 6 7
Pequena
Inexperiente
Antiquada
42
A forma das perguntas
QUESTÃO ESCALONADA
ESCALA DE IMPORTÂNCIA – classifica a importância de algum atributo;
“Para mim, o serviço de alimentação das linhas aéreas é:”
Extremamente
Muito
Não muito
Pouco
Sem
importante
importante
importante
importante
importância
43
A forma das perguntas
QUESTÃO ESCALONADA
ESCALA DE AVALIAÇÃO – avalia algum atributo de medíocre a excelente
“Para mim, o serviço de alimentação da American Airlines é:”
Excelente
Muito Bom
Bom
Regular
Medíocre
44
A forma das perguntas
QUESTÃO ESCALONADA
ESCALA DE INTENÇÃO DE COMPRA OU DE USO
“Se fosse possível ter acesso a meios eletrónicos como
notebooks e telemóveis a bordo durante o voo a um certo
custo, eu:”
Seguramente
Provavelmente
Não tenho
usaria
usaria
certeza
Provavelmente Seguramente
Não usaria
45
Não usaria
O conteúdo das perguntas
• a) Perguntas sobre factos
Referem-se a dados concretos e fáceis de precisar,
como:
idade,
sexo,
habilitações
literárias,
residência, estado civil, número de filhos,
nacionalidade, etc.
De modo geral, estas perguntas são respondidas
com sinceridade, salvo quando o inquirido possa
supor que, das suas respostas, derive uma
consequência negativa sobre ele, tal como
aumento de impostos, desprestígio social, etc.
O conteúdo das perguntas
• b) Perguntas sobre crenças
• Referem-se às experiências subjetivas das pessoas.
• Ou seja, do que as pessoas acreditam que sejam
os fatos. São muito utilizadas em questionários cuja
finalidade é fornecer dados sobre preconceitos,
ideologias e convicções religiosas.
O conteúdo das perguntas
• c) Perguntas sobre sentimentos
• Referem-se às reações emocionais das pessoas
perante fatos, fenómenos, instituições ou outras
pessoas.
• Medo, desconfiança, desprezo, ódio, inveja,
simpatia e admiração são alguns dos sentimentos
mais pesquisados mediante questionários.
O conteúdo das perguntas
• d) Perguntas sobre padrões de ação
• Referem-se, genericamente, aos padrões éticos
sobre o que deve ser feito, mas podem envolver
considerações práticas a respeito das ações que
são praticadas.
• O interesse destas perguntas está em que podem
oferecer um reflexo do clima predominante de
opinião, bem como do comportamento provável
em situações particulares.
O conteúdo das perguntas
• e) Perguntas dirigidas a comportamentos presentes
ou passados
• O comportamento passado ou presente de um
indivíduo é um tipo de fato que pode reportar de
uma posição privilegiada.
• Este tipo de fato é, aqui, isolado em virtude do
valor que pode ter para a predição do
comportamento futuro. O comportamento anterior
de uma pessoa em determinada situação constitui
sempre
indicador
expressivo
do
seu
comportamento futuro em situações similares.
O conteúdo das perguntas
• f) Perguntas referentes a razões conscientes de
crenças,
sentimentos,
orientações
ou
comportamentos
• Formuladas com o objetivo de descobrir os
"porquês". Embora sejam perguntas simples de
serem formuladas, há que se considerar que as
respostas obtidas referem-se apenas a uma
dimensão
desses
"porquês":
a
dimensão
consciente.
A escolha das perguntas
• Fatores de condicionamento: a natureza da informação
desejada, o nível sociocultural dos interrogados, etc.
Algumas regras:
• a) devem ser incluídas apenas perguntas relacionadas com o
problema pesquisado;
• b) não devem ser incluídas perguntas cujas respostas podem
ser obtidas de forma mais precisa por outros procedimentos;
• c) deve-se considerar as implicações da pergunta com os
procedimentos de tabulação e análise dos dados;
• d) devem ser incluídas apenas as perguntas que possam ser
respondidas sem maiores dificuldades;
• e) devem ser evitadas perguntas que penetrem na
intimidade das pessoas e as embaracem.
A formulação das perguntas
• O conteúdo da resposta relaciona-se diretamente com
a maneira como a pergunta foi formulada.
Algumas normas já consagradas:
• a) as perguntas devem ser formuladas de maneira
clara, concreta e precisa;
• b) deve-se levar em consideração o sistema de
referência do interrogado e o seu nível de
informação/conhecimentos;
• c) as perguntas devem possibilitar uma única
interpretação;
• d) as pergunta não devem influenciar/condicionar
respostas;
• e) as perguntas devem referir-se a uma única ideia de
cada vez. Regra de ouro: uma pergunta uma ideia.
O número de perguntas
• Para definir o número adequado de perguntas, é
preciso considerar o possível interesse dos
respondentes pelo tema pesquisado.
• Alguns autores estabelecem, como regra geral,
que o número de perguntas de um questionário
não deve ultrapassar o 30.
A prevenção de deformações
• Na
elaboração
do
questionário,
torna-se
necessário considerar os mecanismos de defesa
social. Estes, de maneira inconsciente, intervêm na
situação de resposta a um questionário. O redator
do questionário deverá, portanto, estar atento a
isso.
A prevenção de deformações
• a) A “defesa de fachada”
• Quando o respondente desconfia estar a ser julgado, reage
oferecendo
respostas
defensivas,
estereotipadas
ou
socialmente desejáveis, encobrindo a sua real percepção
acerca do fato
teoria da espiral do silêncio: diz-se o
que se percepciona ser a opinião/tendência dominante
• Para minimizar tal efeito, convém evitar que o questionário
seja iniciado por questões que possam gerar respostas de
fachada.
• Convém, ainda, formular respostas articuladas, a fim de que
se possa verificar a autenticidade de uma resposta a partir de
outra. Ou chegar à resposta sincera por inferência, por via de
questões que, isoladamente, não trazem o risco de provocar
uma resposta defensiva.
A prevenção de deformações
• b) A defesa contra a pergunta personalizada
• As perguntas personalizadas, diretas, que geralmente se
iniciam por expressões do tipo "O que pensa a respeito
de...”; "Na sua opinião...”, etc. tendem a provocar
respostas de fuga.
• Nessas circunstâncias, são frequentes as recusas ou
hesitações em respostas "Não sei", "Não estou seguro" e
"Não tenho opinião".
• Para evitar essas defesas, convém não iniciar o
questionário por perguntas que provoquem esse tipo de
reação. Deve-se, também, preferir a inclusão de
perguntas indiretas, quando o tema for delicado.
A prevenção de deformações
• c) A deformação conservadora
• É natural que se ofereça certa resistência à
mudança. Esta manifesta-se pela tendência a
responder "sim" de preferência a "não” à
manutenção da ordem e também a oferecer
respostas indicadoras de conformismo.
• Cuidados especiais devem ser tomados na
formulação das questões. Deve-se estar atento,
sobretudo, ao "tom" das perguntas, mesmo na sua
expressão escrita simples.
A prevenção de deformações
• d) O efeito de palavras estereotipadas
• Certas palavras, quando colocadas numa
pergunta, predispõem a uma resposta preferencial.
• Palavras como: comunista, nazista, vermelho,
crente, burguês são possuidoras de carga
emocional suficiente para provocar distorções. Por
esta razão, na redação das perguntas, devem ser
evitadas
palavras
chocantes,
afetiva
ou
socialmente carregadas. Devem ser substituídas
por equivalentes mais neutros.
A prevenção de deformações
• e) A influência da referência a personalidades de
destaque
• A simples referência a uma personalidade de
destaque pode ser suficiente para influir nas
respostas, tanto num sentido positivo quanto
negativo.
• Assim, devem ser evitadas, nas questões,
referências a pessoas que suscitem simpatia,
antipatia, autoridade moral ou desprezo público.
A apresentação do questionário
• CUIDADOS ESPECIAIS:
• a) Apresentação gráfica
• Estes cuidados envolvem o tipo de papel, os caracteres, o grafismo, o espaçamento das
questões, a apresentação dos quadros a preencher, dos quadradinhos a assinalar, etc.
Estes cuidados são facilitadores do preenchimento e das operações de modificação e
tabulação.
• b) Instruções para preenchimento
• O questionário deve conter instruções acerca do correto preenchimento das questões,
preferencialmente com caracteres distintos. Quando se passa de uma parte a outra,
deve-se imprimir fórmulas de transição.
• c) Introdução do questionário
• O questionário deve conter uma introdução. Essa introdução deverá mostrar
informações acerca do objeto de estudo, seus objetivos e entidade patrocinadora. A
introdução deverá ainda servir para explicar o quão essencial é as respostas do
consultado e para lembrar acerca do anonimato da pesquisa.
O PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO
• Depois de redigido e antes de ser efetivamente
aplicado, o questionário deverá passar por uma
prova preliminar.
• A finalidade desta prova – geralmente designada
como pré-teste –, é evidenciar possíveis falhas na
redação do questionário, tais como: complexidade
das
questões,
imprecisão
na
redação,
desnecessidade das questões, constrangimentos
ao informante, exaustão, etc.
O PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO
• É realizado mediante a aplicação de alguns questionários (de 10 a 20) a
elementos que pertencem à população pesquisada.
• Para que seja eficaz, é necessário que os elementos selecionados sejam
típicos em relação ao universo, e que aceitem dedicar, para responder
ao questionário, maior tempo que os respondentes definitivos. Isto
porque, depois de responderem ao questionário, os inquiridos deverão
ser entrevistados a fim de se obterem informações acerca das
dificuldades encontradas.
• O pré-teste de um instrumento de coleta de dados visa assegurar-lhe
validade e precisão. Deve garantir que o questionário esteja bem
elaborado, sobretudo no referente a:
• a)
clareza
e
precisão
dos
termos;
b)
forma
das
questões;
c)
desmembramento
das
questões;
d)
ordem
das
questões;
e) introdução do questionário.
Pré-teste
• Em geral, é um momento muito útil para rever o processo de pesquisa, que não
deve ser aproveitado para fazer do questionário um instrumento de
monopolização do saber.
• Existem pesquisadores que, acreditando conhecer muito bem as características
de uma população, planeiam todo o trabalho, inclusive os instrumentos de coleta,
sem uma discussão inicial com representantes dessa população.
• Viciar o estudo: Assim, utilizam o pré-teste para "traduzir" na linguagem da
população as suas ideias, sem se preocuparem com os interesses e necessidades
das pessoas.
• É uma posição que não contribui ao diálogo entre pesquisador e "pesquisado".
Indubitavelmente, à medida que se reforça esse diálogo, o pré-teste do
instrumento servirá para uma discussão mais aprofundada dos temas pesquisados.
• Assim, tanto o pesquisador quanto o "pesquisado" experimentam um processo de
aprendizagem. Tal é muito importante sobretudo quando se fazem pesquisas com
populações de nível cultural e social diferente do pesquisador.
BIBLIOGRAFIA
• RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social;
métodos e técnicas. São Paulo, Editora Atlas, 1985.
Capítulo 9. Construção dos questionários. p. 146157.
• GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de
pesquisa social. São Paulo, Editora Atlas, 1987.
Capítulo II. O questionário. Conceituação.
Vantagens e limitações do questionário. A
construção do questionário. p. 124-132.
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A forma das perguntas