ISSN: 1645-4774
revista 001
Outubro 2003
Preço 5€
EduSer
daInvestigação
daEducação
daSer
daMulticultura
daMemória
daCidadania
daInterdisciplinaridade
EduSer
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Tiragem: 750 exemplares
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ISSN:1645-4774
Marca e publicação registadas no
Instituto Nacional de Propriedade
Industrial e no Instituto de
Comunicação Social em Maio de 2002.
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Índice
Editorial
_________________________________________
7
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos em Ambientes
com Comunicação Suportada pela Internet ____________________ 13
Carlos Morais
Resumo, Key Words, Palavras Chave ___________________________
13
1. Introdução ______________________________________________
13
2. Questões de investigação e enquadramento teórico _____________
14
3. População e amostra ______________________________________
17
4. Metodologia _____________________________________________
17
5. Reflexão sobre a complexidade dos conceitos matemáticos _______
19
28
8. Considerações Finais ______________________________________
31
Bibliografia
32
______________________________________________
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
Relatos de vida profissional sobre o maior êxito
e o maior fracasso ________________________________________
Francisco Cordeiro Alves
35
Resumo, Palavras Chave, Key Words ___________________________
35
Introdução
______________________________________________
35
I. Breve enquadramento conceptual ____________________________
36
Índice
1
EduSer nº1
7. Interacção entre os alunos em ambientes de aprendizagem
com comunicação síncrona mediada por computador __________
Outubro 2003
6. Resultados da classificação dos conceitos matemáticos relativamente à
sua complexidade ________________________________________
24
1. Para uma aproximação ao estudo do êxito
e do fracasso docente ____________________________________
37
2. Um pouco sobre as histórias ou relatos de vida ______________
39
II. Pesquisa Empírica _________________________________________
43
1. Objectivos do estudo ____________________________________
43
2. Os sujeitos do estudo ___________________________________
43
3. Metodologia de Pesquisa ________________________________
45
3.2. Tratamento de dados ___________________________
46
3.3. As hipóteses do estudo __________________________
46
4. Apresentação, análise e interpretação dos dados ____________
47
4.1. O Corpus dos Relatos dos professores ______________
47
4.2. Condições prévias para o trabalho em AQD __________
47
4.3. A codificação e operações consequentes ____________
48
4.4. A prova das hipóteses ___________________________
53
III. Considerações finais_______________________________________
59
Bibliografia
______________________________________________
62
A formação de Professores para a Educação Básica ____________
Henrique Ferreira
65
Resumo, Résumé ___________________________________________
65
Palavras-­Chave, Mots-­clés ____________________________________
65
1. Introdução ______________________________________________
65
2. Modelos actuais de Professor quanto aos níveis de ensino leccionados _
66
3. Alternativas ao modelo organizacional do ensino no 1º Ciclo ______
68
4. O modelo mais possível ____________________________________
70
5. A formação dos professores para os três ciclos do ensino básico __
70
5.1. O âmbito da Formação ________________________________
70
5.2. Orientações a considerar na formação de professores
para o ensino básico ______________________________________
70
6. Conclusão ______________________________________________
74
Bibliografia
______________________________________________
74
Legislação referenciada ______________________________________
77
Notas
______________________________________________
78
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores do
1.º Ciclo: Uma aposta na formação do profissional______________
Maria Isabel Alves Baptista
83
Resumo, Palavras-­chave, Keywords _____________________________
83
Introdução
______________________________________________
83
1. Enquadramento teórico ____________________________________
85
2
EduSer – Revista da Escola Superior de Educação de Bragança
2. Modelo Organizativo da Prática Pedagógica ____________________
91
3. As disciplinas: formas de organização e funcionamento __________
95
4. Supervisão e Acompanhamento _____________________________
99
5. Preparação das práticas ___________________________________
101
Conclusão
______________________________________________
103
Bibliografia
______________________________________________
108
A Avaliação na Educação Pré-­escolar:
alguns dilemas e perspectivas _______________________________ 111
Maria Angelina Sanches
Resumo, Palavras-­Chave. Keywords ____________________________
111
1. Introdução ______________________________________________
111
2. Conceito de avaliação ______________________________________
112
3. O que observar e avaliar no pré-­escolar _______________________
112
4. Dimensões da Avaliação____________________________________
114
4.1. A avaliação numa dimensão diagnóstica __________________
114
4.2. A avaliação numa dimensão formativa ____________________
115
4.3. A avaliação numa dimensão sumativa ____________________
116
5. O envolvimento da família na avaliação ________________________
117
6. Procedimentos e instrumentos de recolha de informação ________
117
6.1. A observação ________________________________________
118
6.1.1. Registos de incidentes críticos ___________________
118
6.1.2. Listas de verificação ___________________________
118
6.1.3. Escalas de classificação ________________________
119
6.1.4. Grelhas de observação _________________________
119
6.2. Entrevistas __________________________________________
119
6.3. Portfólios ___________________________________________
119
7. Dilemas na avaliação pré-­escolar ____________________________
120
8. Conclusão ______________________________________________
123
Bibliografia
______________________________________________
123
Legislação referenciada ______________________________________
124
A inspecção nas primeiras etapas do ensino básico: da nova concepção
à melhoria da qualidade nos contextos _______________________ 125
Aníbal Augusto Jerónimo Rodrigues
Palavras-­chave, Key Words ___________________________________
125
Introdução
______________________________________________
125
1. A avaliação externa e sua evolução ___________________________
126
1.1. Origem e finalidades da IGE após os anos 70 ______________
127
Índice
3
1.2. Evolução normativa da avaliação externa
através da IGE nos anos 90 ________________________________
127
2. A avaliação externa na educação pré-­escolar ___________________
128
2.1. O papel do estado no controlo da qualidade________________
128
2.2. Objectivos da IGE e atribuições da Segurança Social_________
128
2.3. A avaliação externa e os critérios subjacentes _____________
129
3. Novas orientações na actividade inspectiva ____________________
129
3.1. O papel da IGE no contexto actual ________________________
130
3.2. A auditoria pedagógica: Nova forma de avaliação ___________
131
3.3. Os procedimentos da auditoria __________________________
132
Conclusão
______________________________________________
133
Bibliografia
______________________________________________
135
A mulher e o lugar
Apontamento sobre Vale Abraão de Agustina Bessa-­Luís ________ 137
Helena Maria Lopes Pires Genésio
Resumo, Palavras Chave, Mots-­Clés ____________________________
137
1. Ema: a mulher e o lugar ____________________________________
137
2. Poética do espaço ________________________________________
139
3. A Casa
______________________________________________
141
3.1 As Casas de Vale Abraão _______________________________
143
3.1.1 O Romesal ___________________________________
143
3.1.2 Vale Abraão _________________________________
144
3.1.3 O Vesúvio ____________________________________
147
Bibliografia geral ____________________________________________
149
Bibliografia passiva __________________________________________
149
Bibliografia activa ___________________________________________
149
Notas
150
______________________________________________
Efeitos das aulas de educação física na mudança na aptidão física,
capacidade de coordenação corporal e habilidades motoras em grupos
extremos.
Um estudo em crianças do 1º ciclo do ensino básico. ___________ 151
Vítor Pires Lopes
4
Palavras chave, Keywords ____________________________________
151
1. Introdução ______________________________________________
151
2. Material e Métodos _______________________________________
153
EduSer – Revista da Escola Superior de Educação de Bragança
2.1. Amostra ____________________________________________
153
2.2. Delineamento Experimental_____________________________
153
2.3. Avaliação da aptidão física______________________________
154
2.4. Avaliação da capacidade de coordenação corporal__________
154
2.5. Avaliação das habilidades motoras _______________________
154
2.6. Procedimentos estatísticos_____________________________
155
3. Apresentação dos Resultados _______________________________
155
4. Discussão ______________________________________________
160
5. Conclusões ______________________________________________
164
6. Bibliografia ______________________________________________
165
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta
de abordagem durante a adaptação ao meio aquático __________ 167
Tiago Manuel Cabral dos Santos Barbosa
Telma Queirós
Resumo
______________________________________________
167
Palavras-­chave, Key words ____________________________________
167
1. Introdução ______________________________________________
167
2. Determinantes mecânicas _________________________________
168
3. Alterações comportamentais _______________________________
170
4. Sub-­habilidade ___________________________________________
171
5. Sequência metodológica ___________________________________
173
Bibliografia
175
______________________________________________
A competição desportiva para crianças e jovens _______________ 177
João do Nascimento Quina
Resumo:
______________________________________________
177
Palavras-­Chave, Key Words ___________________________________
177
1 -­ Introdução ______________________________________________
177
2 -­ A competição para crianças e jovens:
algumas características relevantes __________________________
178
3 – A competição para crianças e jovens:
um modelo adequado e possível ____________________________
183
4– Considerações finais ______________________________________
184
Bibliografia
______________________________________________
186
Nota Editorial ______________________________________________
186
Índice
5
Estatuto Editorial _________________________________________ 187
Regulamento
_________________________________________ 189
Normas de publicação de artigos ____________________________ 193
1. Estrutura do artigo ________________________________________
193
2. Normas de publicação _____________________________________
194
Patrocínios
6
_________________________________________ 197
EduSer – Revista da Escola Superior de Educação de Bragança
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Editorial
7
EduSer nº1
Volvido um demorado percurso, que muito nos agradaria que tivesse œ’˜ȱ –Š’œȱ Œž›˜ǰȱ Ž–˜œȱ ꗊ•–Ž—Žȱ ˜ȱ ™›Š£Ž›ȱ Žȱ Š™›ŽœŽ—Š›ȱ ˜ȱ ™›’–Ž’›˜ȱ
número da EduSer.
1 – Fomos corresponsáveis pela publicação dos dois primeiros nú-­‐‑
meros da Revista BENQUERENÇA do Instituto Politécnico de Bragança (1990 e 1991), projecto que, ao não ter tido continuidade, —˜œȱœŽ›Ÿ’žȱ™Š›Šȱ›ŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱ›Š£äŽœȱšžŽȱ–˜’ŸŠ›Š–ȱŠȱœžŠȱ’—-­‐‑
terrupção e transferir esse conhecimento para o lançamento deste novo projecto – a EduSer. O Instituto Politécnico de Bragança conta, no momento, com 5 escolas, vocacionadas para realidades distintas, sendo, em nosso Ž—Ž—Ž›ǰȱ–ž’˜ȱ’ÇŒ’•ȱŽ—Œ˜—›Š›ȱž–ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ›ŽŸ’œŠȱŒ’Ž—Çꌘ-­‐‑
Ȭ™ŽŠà’ŒŠǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱŠŽ—Ž›ȱŠ˜œȱ’Ž›Ž—Žœȱ’—Ž›ŽœœŽœǰȱœŽ–ȱšžŽȱ
a mesma fosse demasiadamente generalista e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, redutora. Generalista, na medida em que o inte-­‐‑
resse colectivo inter-­‐‑escolas poderia não favorecer o desenvolvi-­‐‑
mento das dinâmicas de investigação, adequadas aos objectivos Žœ™ŽŒÇꌘœȱŽȱŒŠŠȱŽœŒ˜•ŠDzȱ›Žž˜›Šǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱŒŠŠȱŽœŒ˜•ŠȱŽ–ȱ
e deverá desenvolver a sua identidade própria, a partir da qual se possa constituir como uma unidade sistémica, com crescentes graus Žȱ Šž˜—˜–’Šȱ Œ’Ž—ÇꌘȬ™ŽŠà’ŒŠǯȱ —Ž—Ž–˜œǰȱ ™˜›ȱ ’œœ˜ǰȱ šžŽȱ
cada escola deverá ter e sustentar as suas dinâmicas investigativas Žœ™ŽŒÇꌊœǰȱŒŠ‹Ž—˜ǰȱŽ—›Žȱ˜ž›Šœǰȱ¥ȱ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱŽȱž–Šȱ›ŽŸ’œŠǰȱ˜ȱ
papel de as motivar, expressar, divulgar e partilhar.
2 – EduSer foi a palavra que encontrámos para nomear a presente Revista da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança, vocacionada para temas de Formação de Professores, de ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ȱŽȱŽȱžŒŠ³¨˜ȱŽ–ȱŽ›Š•ǯȱ›ŠŠȬœŽȱŽȱž–ȱ
—Ž˜•˜’œ–˜ȱȮȱžŽ›ȱȮǰȱŒž“Šȱ›Š’£ǰȱŽžȱŽȱŽžŒŠ³¨˜ǰȱ™›˜Œž›Šȱ›ŽĚŽŒ’›ȱ
Outubro 2003
Editorial
os dois principais sentidos antinómicos em que, habitualmente, a ŽžŒŠ³¨˜ȱ·ȱŒ˜–™›ŽŽ—’ŠDZȱ˜ȱŽȱŽžŒŠ›ŽǰȱšžŽȱšžŽ›ȱ’£Ž›ȱŠ•’–Ž—Š›ȱ
Žȱ˜ȱŽȱŽžŒŽ›ŽǰȱšžŽȱšžŽ›ȱ’£Ž›ȱœŠ’›ȱŽȱœ’ǰȱŒŠ–’—‘Š›ǯȱ
ȱ ˜ȱŠŒ›ŽœŒŽ—Š›–˜œȱ˜ȱœžę¡˜ȱŽ›ǰȱŠȱę–ȱŽȱœŽȱŒ˜–™•ŽŠ›ȱ˜ȱ—Ž˜•˜’œ–˜ȱ
ȮȱžŽ›ȱȮǰȱ™›˜Œž›Š–˜œȱ›ŽĚŽŒ’›ȱŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱŽȱž–ȱ•žŠ›ȱŽȱ
œÇ—ŽœŽȱǻžĢŽ‹ž—ǼǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱ›Žœ˜•ŸŽ›ȱŠȱ˜™˜œ’³¨˜ȱŽȱŠȱŒ˜—›Š’³¨˜ȱŠȱ
antinomia entre a dimensão heterónoma do educare e a dimensão autónoma do educere. Obviamente, nessa síntese, é o Ser de cada ’—’ŸÇž˜ȱ‘ž–Š—˜ǰȱšžŽȱŽœ¤ȱŽ–ȱŒŠžœŠȱ—˜ȱ‘˜›’£˜—ŽȱŽžŒŠ’Ÿ˜ȱ˜ȱ
seu sempre inacabado desenvolvimento pessoal.
3 – Se o passado século XX foi marcadamente paradoxal e nos legou ž–Šȱ‘Ž›Š—³ŠȱŒ˜—›˜ŸŽ›œŠȱŽ–ȱ–ø•’™•Šœȱ’›ŽŒ³äŽœǰȱŠ–‹·–ȱ·ȱŸŽ›Š-­‐‑
de que se atingiu um acordo, praticamente unânime, de que a única Š›–ŠȱŒŠ™Š£ȱŽȱŸŽ—ŒŽ›ȱ˜œȱŽœŠę˜œȱ˜ȱ—˜Ÿ˜ȱœ·Œž•˜ȱȱ·ȱŠȱŽžŒŠ³¨˜ǰȱ
especialmente pela via da qualidade efectiva dos processos educa-­‐‑
tivos. Nesse enquadramento, com ou sem reconhecimento político do facto, os professores detêm, obviamente, um papel crucial na construção do futuro colectivo, tal como o refere Federico Mayor, no IV Relatório Mundial de Educação: ȱȱ ȃȱž—˜ȱšžŽȱŽ’¡Š–˜œȱ¥œȱ—˜œœŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽ™Ž—ŽȱŽ–ȱ›Š—Žȱ
parte das crianças que deixarmos ao nosso mundo. As esperanças que o mundo deposita no futuro residem nos jovens de hoje e na œžŠȱ’œ™˜œ’³¨˜ȱ™Š›ŠȱŠŒŽ’Š›ȱ˜œȱŽœŠę˜œȱ˜ȱ™›à¡’–˜ȱœ·Œž•˜ǯȱ˜ȱ•’–’Š›ȱ
do século vinte e um, a educação da juventude nunca teve tanta necessidade do nosso empenho e recursos. Os professores nunca tiveram um papel tão crucial no nosso futuro colectivo” (Mayor, 1998).
ȱ Ž›Š—Žȱ˜ȱ‘˜›’£˜—ŽȱŽȱž–ȱžž›˜ȱŒ˜•ŽŒ’Ÿ˜ȱšžŽȱŠȱ˜˜œȱ—˜œȱŽŸŽ›¤ȱ
comprometer, a Educação, como nos referia pertinentemente um colega, é, no quadro do mundo actual, um «valor seguro», em que, certamente, será imperioso investir de modo rigoroso e objectivo.
4 – Ainda que entendida na sua multiplicidade de sentidos, a Educa-­‐‑
ção é, por estrutura, predominantemente da ordem da acção, pelo que, para além de complexa e difícil, é, nesse âmbito, uma tarefa ou mesmo uma arte impossível. Esta dupla conceptual – arte im-­‐‑
™˜œœÇŸŽ•ȱȮȱ™›Žœœž™äŽǰȱ™˜›ȱž–ȱ•Š˜ǰȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱŽȱž–ȱŒŽ›˜ȱ˜–ǰȱ
que vai para lá de toda a previsão objectivista que as ciências po-­‐‑
Ž–ȱŠŒž•Š›ȱǻ˜ȱšžŽȱ˜›—Šȱ—¨˜ȱŽœ™›Ž£ÇŸŽ’œȱŠœȱŠšž’œ’³äŽœȱŠȱŸŽ•‘Šȱ
pedagogia) e, por outro, a categoria do impossível, que coloca a ŽžŒŠ³¨˜ȱ—ŠȱŒ•ŠœœŽȱŠœȱŠŒ³äŽœȱ•’ŠŠœȱ¥ȱ’–Ž—œ¨˜ȱ˜ȱ›’œŒ˜DzȱŽœŽǰȱ
bem como a consciência que dele é necessário deter, ao contrário 8
EduSer
de se erguer como obstáculo, deverá constituir, não só um estímu-­‐‑
lo, mas também uma fonte de coragem, prudência, e humildade. Sendo a educação, por estrutura, da ordem da acção e se educar é Š››’œŒŠ›ǰȱ—ž—ŒŠȱœŽȱ™˜Ž›¤ȱŠę›–Š›ȱšžŽȱŠœȱŽŒ’œäŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱœ¨˜ȱ
boas ou más, mas apenas saber se foram boas ou más. A vertente do impossível, na acção educativa, implica sempre a tomada de uma decisão num tempo presente, de que só o tempo futuro, retroacti-­‐‑
vamente, constitui o conveniente critério de validação. É necessário ter bem consciente essa diferenciação temporal. Quando se toma ž–ŠȱŽŒ’œ¨˜ǰȱ—¨˜ȱŽ–˜œȱŠȱ•ž£ȱ˜ȱžž›˜ȱšžŽȱ›Ž›˜œ™ŽŒ’ŸŠ–Ž—Žȱ·ȱ
™›˜“ŽŒŠŠȱœ˜‹›Žȱ˜ȱ™ŠœœŠ˜ǯȱ˜›·–ǰȱ·ȱœŽ–™›ŽȱŒ˜–ȱŽœœŠȱ•ž£ǰȱŸ’—Šȱ
a posteriori, que os educadores são julgados, condenados e, rara-­‐‑
mente, enaltecidos. Esta aquisição é válida para todos os domínios da acção humana. A título elucidativo, diremos que o mesmo acontece até no futebol. Quando um treinador decide mudar um jogador em pleno jogo, œàȱ˜ȱžž›˜ȱ›Š›¤ȱŠȱŒ•Š›Ž£ŠȱœŽȱ˜’ȱ˜žȱ—¨˜ȱž–Šȱ‹˜Šȱ˜™³¨˜ǯȱ˜›·–ǰȱ˜ȱ
›Ž’—Š˜›ȱ·ȱœŽ–™›Žȱ“ž•Š˜ȱ™Ž•˜ȱŠŒ˜ȱšžŽȱ™›Š’Œ˜žǰȱ–ŠœȱŒ˜–ȱŠȱ•ž£ȱ
posterior, que a sequência temporal do desenvolvimento dos factos trouxe.
ȱ žŒŠ›ǰȱ ™˜›Š—˜ǰȱ ’–™•’ŒŠȱ šžŽȱ œŽȱ ˜–Ž–ȱ ŽŒ’œäŽœȱ —ž–ȱ Ž–™˜ȱ
presente, sabendo-­‐‑se só a posteriori se elas foram bem ou mal to-­‐‑
madas, já que o momento real da decisão não pode coincidir com o momento da avaliação. Daí a inevitável dimensão do risco, própria do jogo. A consciência desta diferencial idade temporal, entre o momento da decisão e o momento da avaliação, é, para nós, de primordial importância, exigindo do professor e do educador em geral uma formação muito peculiar, desde o ponto de vista cien-­‐‑
Çꌘǰȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ‘ž–Š—˜ȱŽȱ·’Œ˜ǯȱ˜˜ȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱ˜žȱ™›˜Žœœ˜›ȱ
Ž›¤ȱŽȱŠŒŽ’Š›ȱšžŽȱŠȱœžŠȱŠŒ³¨˜ǰȱ’›ŽŒŠȱ˜žȱ’—’›ŽŒŠ–Ž—Žǰȱ™›˜ž£ȱ
ŽŽ’˜œȱ—˜ȱŽžŒŠ—˜ǰȱŽ›’ŸŠ—˜ǰȱŽœœŠȱ’—Ěž¹—Œ’Šǰȱž–Šȱ’—Š•’Ž—¤ŸŽ•ȱ
responsabilidade, tutelada pelo imperativo ético da sua consciência ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ
śȱȮȱ1ȱ˜ȱŠŒ˜–ŽŽ›ȱŽœœŠȱŠ›ŽŠȱ’–™˜œœÇŸŽ•ȱšžŽȱ›Š£ȱ™›˜‹•Ž–ŠœǰȱŸŠŒ’-­‐‑
•Š³äŽœȱ Žȱ øŸ’Šœȱ Š˜ȱ ŽžŒŠ˜›ǰȱ šžŠ—˜ȱ Œ˜—œŒ’Ž—Žȱ Žȱ šžŽȱ ·ȱ ž–ȱ
˜œȱ ™›’—Œ’™Š’œȱ ›Žœ™˜—œ¤ŸŽ’œȱ —Šȱ ˜–ŠŠȱ Žȱ ŽŒ’œäŽœȱ ›Ž•Š’ŸŠœȱ Š˜ȱ
processo de transformação do educando, cujo Ser está situado num ‘˜›’£˜—ŽȱŽȱ™ŠœœŠ˜ǰȱ™›ŽœŽ—ŽȱŽȱžž›˜ǯȱœœŠœȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽœȱ
œ¨˜ȱŠŒ›ŽœŒ’ŠœȱšžŠ—˜ȱŽœŠ–˜œȱŽ–ȱ’—œ’ž’³äŽœȱ–Š’˜›’Š›’Š–Ž—Žȱ
vocacionadas para a formação de professores, a quem mais tarde irá ser acometida a tarefa de se ocuparem das crianças que iremos Editorial
9
deixar ao nosso mundo.
Longe de querermos sustentar que a acção educativa se circuns-­‐‑
Œ›ŽŸŽȱ Š™Ž—Šœȱ Š˜ȱ ™Š™Ž•ȱ Žȱ ž—³¨˜ȱ ˜ȱ ŽžŒŠ˜›Dzȱ Šȱ ŠŒ³¨˜ȱ ŽžŒŠ’ŸŠȱ
™›Žœœž™äŽȱšžŽȱŽ¡’œŽǰȱŽȱ˜›–Šȱœž‹“ŠŒŽ—ŽȱŽȱ’››ŽžÇŸŽ•ǰȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱ
expressiva ao nível da autonomia e da criatividade do educando, o que deverá ser sempre despertado e jamais inibido. O homem, œŽ—˜ȱž–ȱœŽ›ȱŽžŒ¤ŸŽ•ǰȱ—¨˜ȱ·ȱž–ȱœŽ›ȱ˜Š•–Ž—ŽȱŒ˜—›˜•¤ŸŽ•DzȱŽžŒŠ›ȱ
implica também que se deixe em aberto e se estimule o campo da Ž¡™›Žœœ¨˜ȱŽȱŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŠœȱ’Ž›Ž—³Šœȱ’—’Ÿ’žŠ’œȱ˜ȱŽžŒŠ—˜ǯȱ
Nessa linha, resta ao educador a sabedoria de convocar o educando ™Š›Šȱ˜ȱ–˜–Ž—˜ȱ›ŽŠ•ȱŠȱ˜–ŠŠȱŽȱŽŒ’œäŽœǰȱ—¨˜ȱœàȱ™˜›šžŽȱŠœœ’–ȱ
se divide a responsabilidade do referido arriscar, mas também porque, ao aproveitar o momento fértil da decisão, se reforça o desenvolvimento autónomo do educando, sempre em causa e šžŽœ¨˜ǯȱ›ŠŠȬœŽǰȱŽ–ȱ—˜œœ˜ȱŽ—Ž—Ž›ǰȱŠȱ˜›–Šȱ–Š’œȱ›Š£˜¤ŸŽ•ȱŽȱ
Ž›’›ȱ˜ȱ™˜Ž›ȱŽȱŽžŒŠ›ǰȱ“¤ȱšžŽǰȱŽœœŽȱ–˜˜ǰȱ™›Žœœž™äŽȱŠȱ™Š›’•‘Šȱ
construtiva da responsabilidade.
6 – A educação do Ser, segundo o conhecido esquema do saber, do œŠ‹Ž›ȬŠ£Ž›ȱ Žȱ ˜ȱ œŠ‹Ž›ȬœŽ›ǰȱ ’–™•’ŒŠȱ Šȱ ‘Š›–˜—’£Š³¨˜ȱ ’—Ž›Š’ŸŠȱ
desses três planos e a consecução dos três correspondentes graus Žȱ Šž˜—˜–’Šȱ ǻŠž˜’Š¡’Šǰȱ Šž˜˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ Šž˜—˜–’£Š³¨˜ȱ ˜ȱ
Š’›ǼDzȱ™˜›·–ǰȱ—˜ȱŒŠœ˜ȱŠœȱ™›’—Œ’™Š’œȱŒ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ǰȱŽœœŽȱ
«esquema é incompleto. O professor não pode ter a competência do ‘saber-­‐‑ser’ como a mais elevada a que acede. Há uma outra, ŽœœŽ—Œ’Š•DZȱ ȁœŠ‹Ž›ȱ Š£Ž›ȬœŽ›Ȃǯȱ ˜–™ŽŽȱ Š˜ȱ ™›˜Žœœ˜›ǰȱ Œ˜–ȱ ŽŽ’˜ǰȱ Šȱ
’ÇŒ’•ȱŽȱ›ŠŸŽȱŠ›ŽŠȱŽȱŠ£Ž›ȬœŽ›ǯȱ¨˜ȱž–ȱŠ£Ž›ȬœŽ›ȱ·Œ—’Œ˜ǰȱ–Šœȱ
ž–ȱŠ£Ž›ȬœŽ›ȱ·’Œ˜ǯȱ•Žȱ—¨˜ȱŠ£ȬœŽ›ȱȁŒ˜’œŠœȂDzȱŽ•ŽȱŠ£ȬœŽ›ȱȁ™Žœœ˜ŠœȂȎȱ
(Patrício, 1993).
Lidar com o outro na sua dimensão de potencial saber-­‐‑ser, não é o mesmo que lidar com objectos inertes, submissos e previsíveis, Œ˜–˜ȱšžŽ–ȱŠ£ȱ™˜—Žœȱ˜žȱŽ’ÇŒ’˜œǰȱŠ’—ŠȱšžŽȱŽœŽœȱŠ–‹·–ȱ™˜œ-­‐‑
sam cair. A dimensão predominantemente humana dos educandos ’–™äŽǰȱœàȱ™˜›ȱœ’ǰȱž–Šȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱŠŒ›ŽœŒ’ŠȱŠȱ˜˜ȱ˜ȱŽžŒŠ-­‐‑
˜›Dzȱ™˜›·–ǰȱŽœœŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱ·ȱŠ’—Šȱ–Š’˜›ȱ—Šȱœ’žŠ³¨˜ȱŽȱ
formação de futuros professores, de formadores e de educadores Ž–ȱŽ›Š•ǰȱŠ•ȱŒ˜–˜ȱ·ȱŠȱž—³¨˜ȱ–Š’œȱŽœ™ŽŒÇꌊȱŽœŠȱœŒ˜•Šǯ
ŝȱ Ȯȱ ›ŠŠ—˜ȬœŽȱ Žȱ ž–Šȱ ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱ ž™•Š–Ž—Žȱ ŠŒ›ŽœŒ’Šǰȱ
estamos cientes que só o investimento na investigação continuada, ›ŽĚŽŒ’Šǰȱ Š™›˜ž—ŠŠȱ Žǰȱ œ˜‹›Žž˜ǰȱ ™Š›’•‘ŠŠǰȱ ™˜Ž›¤ȱ ›Š£Ž›ȱ
–Š’œȬŸŠ•’ŠœǰȱŠȱę–ȱŽȱšžŽȱœŽȱ™˜œœŠȱŠ£Ž›ȱž–ȱ›Š‹Š•‘˜ȱ˜ȱ–Š’œȱ™›˜ÇŒž˜ȱ
possível com os educandos que nos cabe ajudar a desenvolverem-­‐‑
10
EduSer
ȱ
ȱ
-­‐‑se e a assumirem, com plena consciência, o seu papel de futuros ŽžŒŠ˜›ŽœȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱšžŽȱŒ˜–ȱŽ•ŽœȱœŽȱ’›¨˜ȱŒ›ž£Š›ȱŒŽ›Š–Ž—Žǯ
É um dos objectivos desta Revista começar por divulgar a produ-­‐‑
ção que, pronta e generosamente, alguns docentes-­‐‑investigadores ’œ™˜—’‹’•’£Š›Š–ǰȱŠȱę–ȱŽȱœŽȱŽœ’–ž•Š›Ž–ȱ˜ž›Šœȱ™›˜ž³äŽœȱ’—Ž›-­‐‑
—ŠœȱŽȱŽ¡Ž›—Šœǯȱ•Š›˜ȱšžŽȱ˜ȱ™›’—Œ’™Š•ȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜ȱŽ–ȱ™˜›ȱ‘˜›’£˜—Žȱ
Œ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›ŠȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱž–ŠȱœŒ˜•ŠȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŠ‹Ž›Šǰȱ
mais rigorosa, mais partilhada e mais consciente da sua identidade. ¨˜ȱŠ’Š—Š›¤ȱꌊ›ȱŠȱŽœ›’–’›ȱ’–Š’—Š›’Š–Ž—ŽȱšžŽȱ—àœȱœ˜–˜œȱ˜œȱ
melhores, ou um pouco abaixo dos melhores, porque os factos, ain-­‐‑
ŠȱšžŽȱœŽ–™›ŽȱŒ˜—œ›žÇ˜œȱŒ˜–ȱ–Š’˜›ȱ˜žȱ–Ž—˜›ȱŠ–˜›ȱ¥ȱŸŽ›ŠŽǰȱ
são sempre os factos. O importante é partir da realidade que somos, mais rica ou pobre, não será isso o importante, mas sim a vontade ŽȱŠȱ™˜Ž—Œ’Š›ǰȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱŽȱŠ£Ž›ȱŒ›ŽœŒŽ›ȱœžœŽ—ŠŠ–Ž—ŽǰȱœŽ–ȱ
esquecermos que a guerra do nosso tempo é a guerra da qualidade. Ž—œŠ–˜œȱ—ž–ŠȱœŒ˜•ŠȱšžŽǰȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽȱ™›˜œœŽž’›ȱ™Ž•˜ȱ’œ˜•Š–Ž—-­‐‑
to individual e departamental, se desenvolva a partir de uma complementaridade necessária e indispensável entre os diversos Œ˜—›’‹ž˜œȱ Žȱ ™Š™·’œȱ Ž¡Ž›Œ’˜œȱ ™Ž•Šœȱ ’Ž›Ž—Žœȱ ¤›ŽŠœȱ Œ’Ž—Çꌊœȱ
que a constituem. A Escola apenas poderá ser e crescer saudavel-­‐‑
mente, sob o ponto de vista quantitativo e qualitativo, enquanto ž–ȱœ’œŽ–Šȱ˜—ŽȱŠœȱŸ¤›’Šœȱ¤›ŽŠœȱŒ’Ž—ÇꌊœȱŒ˜—œ’žŠ–ȱ™Š›ŽȱŽȱ
um todo em interacção, sem que umas se pensem mais importan-­‐‑
ŽœȱšžŽȱ˜ž›ŠœDzȱ·ȱŽœœŽ—Œ’Š•ȱšžŽȱŒŠŠȱ¤›ŽŠȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱŒŠŠȱ˜ŒŽ—Žȱ
individualmente cumpram o seu papel em relação a um todo, de modo a que o desenvolvimento integrado da qualidade do ensino Žȱ Šȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ œŽ“Šȱ ž–Šȱ ŽŽŒ’ŸŠȱ ›ŽŠ•’ŠŽȱ Ž–ȱ ™Ž›–Š—Ž—Žȱ
construção.
A revista pretende desempenhar um papel relevante nessa con-­‐‑
vergência, na medida em que ela deverá espelhar e motivar a investigação (condição necessária a todo o ensino, dito, superior), abrindo canais de comunicação para o estabelecimento efectivo de uma verdadeira rede de interparticipação interna e externa, tutela-­‐‑
Šȱ™Ž•ŠȱŒ˜–ž—’ŠŽȱŒ’Ž—Çꌊȱ•˜ŒŠ•ǰȱ—ŠŒ’˜—Š•ȱŽȱ’—Ž›—ŠŒ’˜—Š•ǯȱœŽȱ
·ȱ˜ȱ›Š—ŽȱŽœŠę˜ȱšžŽȱ˜ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŠȱ™›ŽœŽ—Žȱ›ŽŸ’œŠȱ—˜œȱ’–™äŽȱŽȱ
ŠȱšžŽȱ™›˜Œž›Š›Ž–˜œȱœŽ›ȱ•ŽŠ’œǰȱ—˜ȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱŠœȱž—³äŽœȱŽȱ’›ŽŒ³¨˜ȱ
de que estamos investidos.
ȱ Ž›–’—Š–˜œȱŒ˜–ȱžŠœȱ™Š•ŠŸ›ŠœDZȱŠȱ™›’–Ž’›Šȱ·ȱŽȱœ’—ŒŽ›˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’-­‐‑
–Ž—˜ȱŠȱ˜˜œȱšžŠ—˜œȱŒ˜•Š‹˜›Š›Š–ȱ—ŠȱŒ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ȱŽœŽȱ™›˜“ŽŒ˜Dzȱ
ŠȱœŽž—Šȱ·ȱŽȱŽœ™Ž›Š—³ŠȱšžŽȱŽœŠȱ’—’Œ’Š’ŸŠȱ’—ŒŽ—’ŸŽȱŽȱ™˜•Š›’£Žȱ
Editorial
11
todos os discentes e docentes-­‐‑investigadores no desenvolvimento de uma Escola e de uma comunidade educativa, onde seja cada ŸŽ£ȱ–Š’œȱ›Š’ęŒŠ—Žȱ›Š‹Š•‘Š›ǯ
J. M. Rodrigues Alves
12
EduSer
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos em Ambientes com
Comunicação Suportada pela Internet
Carlos Morais
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
ŽœŽȱŠ›’˜ȱŒ˜—Ÿ’ŠȬœŽȱ¥ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–Š-­‐‑
Ž–¤’Œ˜œǰȱœžŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ™˜›ȱŠ•ž—˜œȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱŽȱ™˜›ȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
ŽȱŠŽ–¤’ŒŠȱŽȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŠȱ
Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ȱ—˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
gem de conceitos matemáticos considerados muito complexos.
ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱšžŽȱ˜ȱŠ›’˜ȱ™›˜™äŽȱŽ›¤ȱŒ˜–˜ȱœž™˜›Žȱž–Šȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱ
no distrito de Bragança, no âmbito de uma dissertação de Doutoramento em Educação na Especialidade de Metodologia do Ensino da Matemática da Universidade do Minho. Sobre a investigação será apresentada uma breve ›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ ¥œȱ šžŽœäŽœȱ Žȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ǰȱ Š˜ȱ œŽžȱ Ž—šžŠ›Š–Ž—˜ȱ Žà›’Œ˜ǰȱ ¥ȱ
™˜™ž•Š³¨˜ȱŽȱŠ–˜œ›Šǰȱ¥ȱ–Ž˜˜•˜’Šȱž’•’£ŠŠȱŽȱŠ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱ
mais relevantes.
˜œȱŠœœž—˜œȱŠȱŠ—Š•’œŠ›ȱŽœŠŒŠ–ȬœŽDZȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤-­‐‑
ticos em muito complexos, complexos e pouco complexos, por alunos do řķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱŽȱ™˜›ȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠŽ–¤’ŒŠDzȱŠȱŒ˜–™Š›Š³¨˜ȱ
Ž—›Žȱ Šȱ Œ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ ˜œȱ Œ˜—ŒŽ’˜œǰȱ ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ ¥ȱ œžŠȱ Œ˜–™•Ž¡’ŠŽǰȱ
ŽŽŒžŠŠȱ™Ž•˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœDzȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ˜ȱ’™˜ȱ
Žȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŽ—›ŽȱŽ•ŽœȱšžŠ—˜ȱŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜œȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ
–ŠŽ–¤’Œ˜œȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱ—ž–ȱŠ–‹’Ž—ŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽ—›’šžŽŒ’˜ȱ
com comunicação síncrona mediada por computador.
Key Words
Complexity, computer mediated communication, collaborative teaching/learning strategy, and interaction.
Palavras Chave
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
13
EduSer nº1
1. Introdução
˜–ȱŽœŽȱŠ›’˜ȱ™›ŽŽ—ŽȬœŽȱ™›˜–˜ŸŽ›ȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱŠ—¤•’œŽȱŠȱŒ˜–-­‐‑
plexidade dos conceitos matemáticos, ao nível do ensino básico, a partir ŠȱœžŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ™˜›ȱŠ•ž—˜œȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱŽȱ™˜›ȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ
ŠŽ–¤’ŒŠǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱŠȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŽȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱ
Šȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ Šȱ Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ –Ž’ŠŠȱ ™˜›ȱ Œ˜–™žŠ˜›ȱ —˜ȱ ™›˜ŒŽœœ˜ȱ
ŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǯ
ȱŒ˜—œ›ž³¨˜ǰȱŠȱž’•’£Š³¨˜ǰȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’-­‐‑
ŒŠȱŒ˜—œ’žŽ–ȱž–ȱ™Ž›–Š—Ž—ŽȱŽœŠę˜ȱŠ—˜ȱ™Š›Šȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠ•ž—˜œǰȱ
Œ˜–˜ȱ™Š›Šȱ˜ŠȱŠȱœ˜Œ’ŽŠŽȱšžŽȱ™›ŽŽ—Šȱ‹Ž—ŽęŒ’Š›ǰȱ˜ȱ–Š’œȱ™˜œœÇŸŽ•ǰȱ
das potencialidades da Matemática para a sua evolução. Os fracos re-­‐‑
sultados de desempenho em Matemática, obtidos por muitos dos jovens que frequentam o ensino formal, continuam a ser uma amarga realidade Outubro 2003
Complexidade, comunicação mediada por computador, estratégia colaborativa de ensino e aprendizagem, interacção.
que é necessário inverter. Neste sentido, das muitas variáveis que podem afectar o desempenho dos alunos em Matemática considera-­‐‑se, como ™˜—˜ȱ Žȱ ™Š›’Šȱ ™Š›Šȱ Šȱ ›ŽĚŽ¡¨˜ǰȱ šžŽȱ Šȱ Œ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ Šœœ˜Œ’ŠŠȱ Š˜œȱ
conceitos matemáticos e o modo como essa complexidade é entendida pelos alunos e pelos professores podem ser das mais importantes.
Aceitando que o aluno deve ser o principal interessado na sua apren-­‐‑
’£ŠŽ–ǰȱŽŽ—ŽȬœŽȱž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱ™Š›ŠȱŠȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
gem, que de acordo com Fosnot (1999: 9), esta perspectiva “sugere uma abordagem do ensino que oferece aos alunos a oportunidade de uma Ž¡™Ž›’¹—Œ’ŠȱŒ˜—Œ›ŽŠȱŽȱŒ˜—Ž¡žŠ•–Ž—Žȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠǰȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱšžŠ•ȱŽ•Žœȱ
™˜Ž–ȱ™›˜Œž›Š›ȱ™Š›äŽœǰȱ•ŽŸŠ—Š›ȱŠœȱœžŠœȱ™›à™›’ŠœȱšžŽœäŽœȱŽȱŒ˜—œ›ž’›ȱ
os seus próprios modelos, conceitos e estratégias”. Assim, considerou-­‐‑
-­‐‑se que a percepção da complexidade dos conceitos, tanto pelos alunos como pelos professores, pode contribuir para o desenvolvimento de tal perspectiva.
Assume-­‐‑se que a Matemática é uma ciência complexa, no sentido de estar em permanente evolução, as suas estruturas e os elementos que a Œ˜—œ’žŽ–ȱœ¨˜ǰȱ˜žȱ™›˜Œž›ŠȬœŽȱšžŽȱœŽ“Š–ǰȱ˜›Š—’£Š˜œȱŒ˜–ȱ›Ž›Šœȱ‹Ž–ȱ
Žę—’ŠœǰȱŒ˜–ȱŒ˜—œ’œ¹—Œ’Šȱ’—Ž›—ŠȱŽȱŒŠŠȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱ–ŠŽ–¤’Œ˜ȱŠ–’Žȱ
–ø•’™•Šœȱ’–Ž—œäŽœǰȱ›Ž•Š³äŽœȱŒ˜–ȱ˜ž›˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œǰȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœǰȱ’—Ž›-­‐‑
™›ŽŠ³äŽœȱŽȱž’•’£Š³äŽœǯ
ȱ ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ šžŽȱ ˜ȱ Š›’˜ȱ ™›˜™äŽȱ Ž›¤ȱ Œ˜–˜ȱ œž™˜›Žȱ ž–Šȱ ’—ŸŽœ’Š-­‐‑
³¨˜ȱ ›ŽŠ•’£ŠŠȱ —˜ȱ ’œ›’˜ȱ Žȱ ›ŠŠ—³Šǰȱ —˜ȱ ¦–‹’˜ȱ Žȱ ž–Šȱ ’œœŽ›Š³¨˜ȱ
de Doutoramento em Educação, na Especialidade de Metodologia do Ensino da Matemática, da Universidade do Minho, acerca da qual será Š™›ŽœŽ—ŠŠȱž–Šȱ‹›ŽŸŽȱ›ŽŽ›¹—Œ’Šǰȱ¥œȱšžŽœäŽœȱŽȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱŽȱŠ˜ȱœŽžȱ
Ž—šžŠ›Š–Ž—˜ȱŽà›’Œ˜ǰȱ¥ȱ™˜™ž•Š³¨˜ȱŽȱŠ–˜œ›Šǰȱ¥ȱ–Ž˜˜•˜’ŠȱœŽž’Šȱ
e aos resultados considerados mais relevantes.
Dos assuntos a analisar, e sobre os quais serão apresentados alguns ›Žœž•Š˜œǰȱ ŽœŠŒŠ–ȬœŽDZȱ Šȱ Œ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ Žȱ Œ˜—ŒŽ’˜œȱ –ŠŽ–¤’Œ˜œȱ Ž–ȱ
muito complexos, complexos e pouco complexos, por alunos do 3º ciclo ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱǻřķǼȱŽȱ™˜›ȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠŽ–¤’ŒŠDzȱŠȱŒ˜–™Š›Š³¨˜ȱ
Ž—›ŽȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œǰȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱœžŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽǰȱ
ŽŽŒžŠŠȱ™Ž•˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœDzȱ˜ȱ’™˜ȱŽȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŽ—›Žȱ
˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱŠœȱœžŠœȱ˜™’—’䎜ȱšžŠ—˜ȱŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜œȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱ
Œ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱ—ž–ȱŠ–‹’Ž—ŽȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
gem enriquecido com comunicação síncrona mediada por computador, Š›ŠŸ·œȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŽȱž–ȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱŒ‘Šȱ—Šȱ—Ž›—Žǯ
2. Questões de investigação e enquadramento teórico
Š›’—˜ȬœŽȱ Žȱ ž–Šȱ ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱ Œ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱ Šȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ
ŠœœŽ—Žȱ —˜ȱ ™Š›Š’–Šȱ Šȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ ŒŽ—›ŠŠȱ —˜ȱ Š•ž—˜ǰȱ Œ˜—œ’Ž-­‐‑
rando-­‐‑se que é o aluno o construtor do seu conhecimento a partir das 14
Carlos Morais
œžŠœȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœǰȱ˜ȱœ’—’ęŒŠ˜ȱšžŽȱŠ›’‹ž’ȱŠȱŽœœŠœȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠœȱŽȱŠȱ
œžŠȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱŒ˜•ŽŠœǰȱŒ˜–ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽȱŒ˜–ȱ˜ȱ–Ž’˜ȱŽȱšžŽȱŠ£ȱ
™Š›ŽǰȱŽȱŠȱ’Ž’ŠȱšžŽȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽ–ȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱ—Šȱ
œžŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ™›˜™žœŽ›Š–ȬœŽǰȱŽ—›Žȱ˜ž›ŠœǰȱŠœȱœŽž’—ŽœȱšžŽœäŽœȱ
de investigação: – quais são os conceitos matemáticos que os alunos consideram mais complexos?
– quais são os conceitos matemáticos que os professores consideram mais complexos?
Ȯȱ Œ˜–˜ȱœŽȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œǰȱ›Ž•Š-­‐‑
’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱœžŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽǰȱŽŽŒžŠŠȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŒ˜–ȱŠȱ
efectuada pelos alunos?
– que tipo de interacção desenvolvem os alunos entre si quando lhes é dada a possibilidade de comunicarem através do computador?
– quais são os principais aspectos em que os alunos reconhecem ŸŠ—ŠŽ—œȱ ¥ȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ Žȱ Žœ›Š·’Šœȱ Žȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
baseadas em comunicação mediada por computador?
Ȯȱ šžŽȱ’™˜ȱŽȱ˜™’—’䎜ȱ–Š—’ŽœŠ–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠœȱŠž•ŠœȱŽœŽ—-­‐‑
Ÿ˜•Ÿ’ŠœȱŒ˜–ȱž–ŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ‹ŠœŽŠŠȱ
em comunicação mediada por computador?
œȱ›Žœ™˜œŠœȱŠȱŽœŠœȱšžŽœäŽœȱ™˜Ž–ȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›ŠȱŠ•Ž›Š›ȱ˜ȱ™Š™Ž•ȱ
da Matemática no futuro dos alunos, pois, constata-­‐‑se que nem sempre tem sido favorável para o sucesso de alguns alunos. Esta ciência não pode continuar a ser um factor de segregação social, mas sim, um elo de complementaridade entre os vários conhecimentos e competências šžŽȱŒ˜—œ’žŽ–ȱ˜ȱ™Š›’–à—’˜ȱŒ’Ž—ÇꌘȱŽȱŒž•ž›Š•ȱŽȱŒŠŠȱœž“Ž’˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱ
šžŠ’œȱ™›ŽŽ—ŽȱŠ›ȱ›Žœ™˜œŠȱ¥œȱœžŠœȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱŽȱŠœ™’›Š³äŽœȱ—˜ȱ’ŠȱŠȱ
’Šǰȱ™›˜™˜—˜ȬœŽȱž–Šȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŠŒŽ—žŠŠȱŽ—›Žȱ™›˜Žœ-­‐‑
sores e alunos e entre os próprios alunos, no sentido de os encaminhar ™Š›ŠȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱŠȱ’œŒžœœ¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱŠȱ™Š›’›ȱŠȱœžŠȱ
complexidade e da interpretação dada a essa complexidade.
ȱ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱŒ˜–ȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠȱ
também se relaciona com o facto de se considerar a Matemática como uma actividade humana e, como tal o número de variáveis que interferem Ž–ȱŒŠŠȱœ’žŠ³¨˜ȱŠȱ›Žœ˜•ŸŽ›ȱ·ȱ–ž’ŠœȱŸŽ£Žœȱ’—ŽŽ›–’—Š˜ǰȱŠ•·–ȱ’œœ˜ȱ
™›’Ÿ’•Ž’ŠȬœŽȱž–ŠȱŠ™›˜¡’–Š³¨˜ȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ
ŠȱšžŠ•ȱ™›Žœœž™äŽȱŠ›ȱ›Š—Žȱ¹—ŠœŽȱŠ˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱšž˜’’Š—˜ǰȱšžŽȱ
œŽž—˜ȱ˜›•¤—ȱǻŗşşŞDZȱśŞǼȱŽœ¤ȱŒŠ››ŽŠ˜ȱŽȱœ’—’ęŒŠ˜œȱ™Žœœ˜Š’œȱšžŽȱ
ŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ›Žœ™Ž’Š˜œȱŽȱŸŠ•˜›’£Š˜œǯ
ȱŠŽ–¤’ŒŠȱ·ȱž–ŠȱŒ’¹—Œ’ŠȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠŠǰȱ–ž’ŠœȱŸŽ£Žœǰȱ™Ž•ŠȱŒ˜–-­‐‑
™•Ž¡’ŠŽȱšžŽ›ȱ—ŠȱœžŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱšžŽ›ȱ—ŠȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ
que a constituem. Procurar saber em que consiste essa complexidade e Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
15
šžŠ’œȱœ¨˜ȱ˜œȱœŽžœȱŽŽ’˜œȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠ‹›Ž–ȱŒŠ–’—‘˜ȱ
¥ȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ˜ȱŽ–ŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŽȱ–˜’ŸŠ–ȱŠȱŠ˜™³¨˜ȱŽȱ—˜ŸŠœȱ
Žœ›Š·’Šœȱ Žȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ šžŽȱ Ž—‘Š–ȱ Ž–ȱ Œ˜—Šȱ ˜ȱ –˜˜ȱ
Œ˜–˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱœŽ—Ž–ȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱ•’Š–ȱŒ˜–ȱ
a complexidade dos conceitos matemáticos que são objecto de estudo.
ȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŽȱŒŠŠȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱŽŸŽȱŒ˜—ž£’›ȱ¥ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱ
›Ž•Š³äŽœȱŽ—›ŽȱŽœŽȱŽȱ˜ž›˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽ–ȱŒŠŠȱŒ˜—Ž¡˜ǰȱŽ—›ŽȱŠœȱœžŠœȱ
partes e, entre estas e o todo que constitui o conceito. Vidiella (1999) considera que a função social do ensino é a de formar para compreender a realidade e intervir nela, e que tal função é conseguida se o ensino for orientado para a complexidade. Sugere, ainda, que quanto maior é o ›ŠžȱŽȱž—Š–Ž—Š³¨˜ȱŽȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱŒŠžœŠœȱŠœȱŒ˜’œŠœǰȱ–Š’˜›ȱ
e mais rigorosa é a capacidade de intervir nelas.
ȱ™›˜Œž›ŠȱŽȱ›Ž•Š³äŽœȱŽ—›Žȱ˜ȱ˜˜ȱŽȱŠœȱ™Š›Žœȱ·ȱœŽ–™›Žȱž–ŠȱŽ¡ŒŽ•Ž—Žȱ
actividade de raciocínio, considerando-­‐‑se raciocínio, como a capacidade ™Š›ŠȱœŽȱŽœŠ‹Ž•ŽŒŽ›Ž–ȱ—˜ŸŠœȱ›Ž•Š³äŽœȱŽ—›ŽȱŠœȱž—’ŠŽœȱŽȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ
que constituem cada conceito (Rico, 1997). O mesmo autor refere que o raciocínio é a forma usual de processar os conceitos, ou seja, de derivar uns conceitos a partir dos outros ou de implicar uma nova relação tendo ™˜›ȱ‹ŠœŽȱ›Ž•Š³äŽœȱ“¤ȱŽœŠ‹Ž•ŽŒ’ŠœǰȱŠŒ›ŽœŒŽ—Š—˜ȱšžŽȱŽ–ȱŠŽ–¤’ŒŠȱŠœȱ
˜›–ŠœȱŽȱ›ŠŒ’˜ŒÇ—’˜ȱ–Š’œȱž’•’£ŠŠœȱœ¨˜ȱ˜ȱ›ŠŒ’˜ŒÇ—’˜ȱ’—ž’Ÿ˜ǰȱ˜ȱŠ—Š•à’Œ˜ȱ
e o lógico-­‐‑dedutivo.
A análise da complexidade dos conteúdos matemáticos e da sua Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ Žȱ ŠŒ˜›˜ȱ Œ˜–ȱ ž–Šȱ Š‹˜›ŠŽ–ȱ Œ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱ ™Š›Šȱ Šȱ
Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽœŒ˜•Š›ȱ–˜’Ÿ˜žȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ
™˜›ȱ Œ˜–™žŠ˜›ȱ Œ˜–˜ȱ ž–Šȱ Žœ›Š·’Šȱ Žȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ Šȱ
ŠŽ–¤’ŒŠȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱ’›ȱŽȱŽ—Œ˜—›˜ȱ¥œȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ
tais como, caminhar ao seu próprio ritmo e interagir com os colegas da œŠ•ŠȱŽȱŠž•ŠȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱœŽžœȱ’—Ž›ŽœœŽœȱŽȱ–˜’ŸŠ³äŽœǯȱœȱŽ˜›’Šœȱ
construtivistas centram-­‐‑se no que os alunos aprendem e nos processos ™Ž•˜œȱ šžŠ’œȱ Ž•Žœȱ Š™›Ž—Ž–ȱ ǻ˜‹‹ȱ Žȱ Š•ǯǰȱ ŗşşŞǼǰȱ Œ˜–˜ȱ ŒŠŠȱ Š•ž—˜ȱ Ž–ȱ
˜ȱœŽžȱ™›à™›’˜ȱ™Š›¨˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŠœȱœžŠœȱ™›à™›’ŠœȱŽœ›Š·’Šœȱ
ŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱœž›ŽȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽŽ›–’—Š›Ž–ȱ
quais são as estratégias que os alunos dominam para posteriormente as poderem desenvolver (Sutherland, 1996: 207). As salas de aula, com recursos mediadores, nas quais o aluno tenha acesso a fontes de informação tais como livros, bases de dados e materiais impressos ou acesso a ferramentas como processadores de texto, folhas de cálculo, e-­‐‑mail, chat, fóruns de discussão e outros serviços suportados pela Internet, permitem a negociação entre os diversos entendimentos ˜œȱ’—Ž›ŸŽ—’Ž—Žœȱ—ŠȱœŠ•ŠȱŽȱŠž•ŠǰȱŒ˜—œ’ž’—˜ȱŠ–‹’Ž—ŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
Ž–ȱŒ˜–ȱŒ˜—’³äŽœȱ™Š›ŠȱšžŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ™˜œœŠ–ȱŽ¡™•˜›Š›ȱ—˜ŸŠœȱœ’žŠ³äŽœǰȱ
Š’—’›ȱ–ŽŠœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱœŽžȱ›’–˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•ǰȱ
16
Carlos Morais
construir o conhecimento de forma fundamentada e apoiada a partir da sua experiência e da actividade colaborativa.
Essa negociação entre professor e alunos e entre os próprios alunos, Œ˜—ž£ǰȱŒ˜–˜ȱ›ŽŽ›Žȱ˜›•¤—ȱǻŗşşŞDZȱŞşǼǰȱŠȱšžŽǰȱŠ•ȱŒ˜–˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ
os alunos comecem a ser reconhecidos como transformadores activos do conhecimento e como construtores de esquemas conceptuais alterna-­‐‑
’Ÿ˜œǯȱ˜–˜ȱœŠ•’Ž—Šȱ˜’ȱǻŗşşŞǼǰȱ™›ŽœŠ—˜ȱ–Š’œȱŠŽ—³¨˜ȱ¥ȱšžŠ•’ŠŽȱ
Šȱ —Ž˜Œ’Š³¨˜ȱ ˜œȱ œ’—’ęŒŠ˜œȱ –ŠŽ–¤’Œ˜œȱ —Šȱ œŠ•Šȱ Žȱ Šž•Šȱ ™˜ŽȬœŽȱ
melhorar o interesse pela Matemática.
ȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱ™Š›ŠȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŠȱ¹—ŠœŽȱŠŠȱ
Š˜œȱŠ–‹’Ž—ŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠœœ˜Œ’Š˜œȱ¥ȱœŠ•ŠȱŽȱŠž•Šǰȱ“žœ’ęŒŠȬœŽǰȱ
ainda, pelo facto da sala de aula continuar a ser o espaço físico onde, pre-­‐‑
˜–’—Š—Ž–Ž—ŽǰȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱœŽȱ™›˜ŒŽœœŠǰȱ
implicando consequências duradoiras e vinculativas para a maioria dos alunos que frequentam a escola.
3. População e amostra
Šȱ™Š›ŽȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›Ž•Š’ŸŠȱ¥ȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–Š-­‐‑
temáticos a população foi constituída pelos alunos que frequentavam os 7º, 8º e 9º anos de escolaridade no ano lectivo de 1997/98 nas Escolas Secundárias e EB2,3/S do distrito de Bragança e pelos professores que leccionavam Matemática, nesse ano lectivo, nessas escolas. A população, distribuída por 13 escolas, foi de 103 professores e de 4268 alunos, sendo 1387 de 7º ano, 1370 de 8º e 1511 de 9º ano. A amostra de professores foi de 71 e a de alunos de 727, sendo 238 de 7º ano, 249 de 8º e 240 de 9º ano.
Šȱ™Š›ŽȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›Ž•Š’ŸŠȱ¥ȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
Ž–ȱ‹ŠœŽŠŠȱŽ–ȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
gem de conceitos muito complexos, participaram 63 alunos, matriculados —ŠȱœŒ˜•ŠȱŽŒž—¤›’ŠȱŽȱ’žŽ•ȱ˜›ŠȱŽȱ›ŠŠ—³Šǰȱ—˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱŽȱ
1998/99, sendo 25 de 7º ano, 16 de 8º e 22 de 9º ano.
4. Metodologia
A investigação referida decorreu no distrito de Bragança, desde Se-­‐‑
tembro de 1996 até Novembro de 2000, tendo-­‐‑se estudado dois temas ™›’—Œ’™Š’œǰȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱ
ǻŽ–ŠȱǼȱŽȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱ
conceitos matemáticos muito complexos (tema II).
Ȯȱ Šȱ ™Š›Žȱ Šȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ ›Ž•Š’ŸŠȱ Š˜ȱ Ž–Šȱ ȱ Œ•Šœœ’ęŒŠ›Š–ȬœŽȱ ˜œȱ
conceitos matemáticos em pouco complexos, complexos e muito complexos e seleccionaram-­‐‑se os conceitos que a maioria dos alunos Žȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŒ˜—œ’Ž›˜žȱŒ˜–˜ȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œDz
– Na parte da investigação relativa ao tema II, desenvolveram-­‐‑se œŽœœäŽœȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱŠ‹˜›Š—˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŒ•Šœœ’-­‐‑
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
17
ꌊ˜œȱŒ˜–˜ȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱ—Šȱ™Š›ŽȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›Ž•Š’ŸŠȱ
ao tema I.
Na investigação relativa ao tema I, o principal instrumento de recolha de dados foi um questionário. A construção do questionário obedeceu a diversas fases de validação. A validação foi efectuada por professores de Matemática e por especialistas em Educação.
™àœȱŠœȱœžŒŽœœ’ŸŠœȱŠœŽœȱŽȱŸŠ•’Š³¨˜ǰȱ˜ȱšžŽœ’˜—¤›’˜ȱꌘžȱŒ˜—œ’žÇ˜ȱ
™˜›ȱžŠœȱšžŽœäŽœȱŽȱ›Žœ™˜œŠȱ•’Ÿ›ŽȱŽȱŜŜȱŽȱŽœŒ˜•‘Šȱ–ø•’™•ŠǯȱŠ›ŠȱŽœŠœȱ
ŜŜȱšžŽœäŽœǰȱ›Ž•Š’ŸŠœȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
de conceitos matemáticos, convencionou-­‐‑se que o nível de complexidade —ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŒŠŠȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱŠž–Ž—ŠȱŽȱŗȱŠȱśǰȱ›Ž™›ŽœŽ—Š—˜ȱŗȱ
o nível de complexidade mínima e 5 o nível de complexidade máxima.
Š›ŠȱœŽȱ›Šž£’›Ž–ȱŠœȱ’Ž’ŠœȱŽ¡™›ŽœœŠœȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠ•ž—˜œǰȱ
ŠŒŽ›ŒŠȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œǰȱŒ˜’ęŒŠ›Š–ȬœŽȱ˜œȱ
—ÇŸŽ’œȱŽȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱŽ–ȱ
“pouco complexos”, “complexos” e “muito complexos”, correspondendo aos níveis 1 e 2 “pouco complexos”, ao nível 3 “complexos” e aos níveis 4 e 5 “muito complexos”.
œȱ’Ž—œȱŽœœŠœȱŜŜȱšžŽœäŽœȱŽȱŽœŒ˜•‘Šȱ–ø•’™•Šȱ˜›Š–ȱ˜‹’˜œȱŒ˜–ȱ
‹ŠœŽȱ—˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŒ˜—œŠ—Žœȱ—˜œȱ™›˜›Š–ŠœȱŽȱŠŽ–¤’ŒŠȱ˜ȱřķǰȱ
ž’•’£Š—˜ȬœŽȱž–ȱŸ˜ŒŠ‹ž•¤›’˜ȱ¨˜ȱ™›à¡’–˜ȱšžŠ—˜ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱ˜ȱŠ™›ŽœŽ—-­‐‑
Š˜ȱ—˜œȱ›ŽŽ›’˜œȱ™›˜›Š–ŠœǯȱŽ—Š—˜ȬœŽȱŒ˜‹›’›ȱ˜˜œȱ˜œȱ’Ž—œȱ›Ž•ŠŒ’˜-­‐‑
nados com o tema números e cálculo dos programas de Matemática do řķǰȱ›Žœž•Š›Š–DZȱž–ȱšžŽœ’˜—¤›’˜ȱŒ˜–ȱŘŞȱšžŽœäŽœȱ˜ȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱŝķȱ
Š—˜ǰȱ˜ž›˜ȱŒ˜–ȱŗŝȱ˜ȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱŞķȱŠ—˜ȱŽǰȱŠ’—Šǰȱ˜ž›˜ȱŒ˜–ȱŘŗȱšžŽœäŽœȱ
do programa de 9º ano. Estes questionários foram respondidos por todos os professores da amostra e pelos alunos da amostra correspondente ao ano curricular do respectivo programa.
Šȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ǰȱ ›Ž•Š’ŸŠȱ Š˜ȱ Ž–Šȱ ǰȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ Šȱ Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ
mediada por computador, procedeu-­‐‑se a uma experiência de ensino e Š™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱ™Ž•Šȱ–Š’˜›’Šȱ
˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱž’•’£Š—˜ȬœŽȱŒ˜–˜ȱ™›’—Œ’™Š•ȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠȱ
Šȱ Žœ›Š·’Šȱ Žȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ Šȱ Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ –Ž’ŠŠȱ ™˜›ȱ
computador, através de um programa de chat na Internet. Dos principais procedimentos efectuados, no âmbito do tema II, salientam-­‐‑se:
– selecção, numa escola da cidade de Bragança, de três turmas de alunos do Ensino Básico, uma de 7º ano, uma de 8º e outra de 9º Š—˜Dz
Ȯȱ ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ǰȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽœŠœȱž›–ŠœȱŽȱ™Ž•˜ȱŠž˜›ȱŠȱ’—ŸŽœ-­‐‑
tigação, de 12 aulas de 50 minutos cada, nas quais foram tratados ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽšžŠ³äŽœȱŽȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽ–ȱŽšžŠ³äŽœǰȱŠŠ™-­‐‑
tados a cada ano curricular. Dessas aulas, seis foram administradas 18
Carlos Morais
numa sala sem recursos informáticos e as outras seis numa sala com recursos informáticos, com os quais foi possível atribuir um Œ˜–™žŠ˜›ǰȱŠȱŒŠŠȱ˜’œȱŠ•ž—˜œǰȱ•’Š˜ȱŽ–ȱ›ŽŽȱŽȱ¥ȱ—Ž›—ŽȱŽȱŒ˜–ȱ
ž–ȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱŒ‘ŠȱŠŒ’ŸŠ˜Dzȱ
Ȯȱ Š–’—’œ›Š³¨˜ǰȱ™Ž•˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽȱŒŠŠȱž›–ŠǰȱŠœȱŠž•Šœȱ™•Š—’ęŒŠŠœǰȱ
apresentando em cada aula uma proposta de trabalho, escrita em ™Š™Ž•ǰȱ Œ˜–ȱ ŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ œ˜‹›Žȱ ŽšžŠ³äŽœȱ Žȱ ™›˜‹•Ž–Šœȱ šžŽȱ Ž—Ÿ˜•-­‐‑
ŸŽ–ȱŽšžŠ³äŽœǯȱ™àœȱŠȱ’œ›’‹ž’³¨˜ȱŽœŠȱ™›˜™˜œŠȱŽȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ
o professor solicitou, oralmente, que cada grupo resolvesse as actividades propostas e que solicitasse, sempre que necessário, a Œ˜•Š‹˜›Š³¨˜ȱ˜œȱŒ˜•ŽŠœȱŠȱœŠ•ŠȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱ˜ȱ™›˜›Š–Šȱ
de chat.
A recolha dos dados sobre a interacção, desenvolvida entre os alunos ž›Š—ŽȱŠœȱŠž•ŠœȱšžŽȱŽŒ˜››Ž›Š–ȱŒ˜–ȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŽȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž-­‐‑
’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱŽ£ȬœŽȱ’›ŽŒŠ–Ž—Žȱ—ž–ȱ˜œȱŒ˜–™žŠ˜›ŽœȱŠȱ
œŠ•Šȱ˜—Žȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ›Š‹Š•‘Š›Š–ǯȱȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱŒ‘Šȱž’•’£Š˜ȱ™Ž›–’’žȱ
que em cada um dos computadores onde trabalharam os alunos, pudesse œŽ›ȱžŠ›ŠŠȱ˜ŠȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽœŒ›’Šȱ™›˜ž£’ŠȱŽ–ȱŒŠŠȱŠž•Šȱ™Ž•Šȱ
actuação dos grupos de alunos que participaram na aula.
Š›Šȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠœȱŠž•ŠœȱšžŽȱŽŒ˜››Ž-­‐‑
ram com comunicação mediada por computador o professor solicitou em ŒŠŠȱŠž•ŠǰȱŽȱ˜›–Šȱ˜›Š•ǰȱšžŽȱŒŠŠȱ›ž™˜ȱ–Š—’ŽœŠœœŽȱŠœȱœžŠœȱ˜™’—’䎜ȱ
™˜›ȱŽœŒ›’˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŠž•ŠǯȱŽ›–’—ŠŠȱŒŠŠȱŠž•Šǰȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽ£ȱŠȱ›ŽŒ˜•‘Šȱ
Šœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱ˜™’—’䎜ǯ
5. Reflexão sobre a complexidade dos conceitos matemáticos
A educação para a complexidade permite analisar, entre outros, os ’™˜œȱŽȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱšž˜’’Š—˜ǰȱŒ’Ž—ÇꌘȱŽȱŽœŒ˜•Š›ȱŽȱŠœȱœžŠœȱ›Ž•Š³äŽœǯȱ
Vidiella (1999) defende que não se deve ter como objectivo a coexistência de conhecimentos diversos, nem a substituição de um conhecimento por outro, mas o enriquecimento do conhecimento das pessoas mediante a melhoria e a reconstrução do conhecimento existente.
As diversas perspectivas a partir das quais pode ser estudada a Ma-­‐‑
Ž–¤’ŒŠȱŠ£ȱŽ•Šȱž–ŠȱŒ’¹—Œ’ŠȱŒ˜–™•Ž¡ŠǯȱŠœȱŸ¤›’Šœȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱšžŽȱ™˜-­‐‑
deriam ser apresentadas, referem-­‐‑se apenas as destacadas por McMullin (2001) (cit. por Veloso (2001)): a numérica, a analítica, a geométrica ou ›¤ęŒŠȱ Žȱ Šȱ ŸŽ›‹Š•ǯȱ ¨˜ȱ œŽȱ ™›ŽŽ—Ž—˜ǰȱ —˜ȱ Œ˜—Ž¡˜ȱ ŽœŽȱ Š›’˜ǰȱ Š›ȱ
Ž–Šœ’ŠŠȱ¹—ŠœŽȱŠȱŠ’œȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœǰȱœŽ›¨˜ȱž’•’£ŠŠœȱ™Š›ŠȱŽŸ’Ž—Œ’Š›ȱ
Š•ž–ŠœȱŠœȱ’–Ž—œäŽœȱšžŽȱ’•žœ›Š–ȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠǰȱ
Šȱ šžŠ•ȱ ™˜Ž›¤ȱ ŽœŠ›ȱ Šœœ˜Œ’ŠŠȱ ¥ȱ ’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱ ŠŠȱ Šȱ ŽœŠœȱ ™Ž›œ™ŽŒ’-­‐‑
vas. Neste sentido, tais perspectivas poderão ajudar a compreender a adequação do processo de resolução de cada problema ao sujeito que o pretende resolver. Apresenta-­‐‑se como exemplo, a análise de possíveis Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
19
processos de resolução para o problema “quantas patas têm 32 coelhos?”, ™›˜™˜œ˜ǰȱ¥ȱžÇœŠǰȱž–ŠȱŒ›’Š—³ŠȱŽȱŜȱŠ—˜œǯ
Em que consiste a complexidade do problema proposto? Na selecção da perspectiva a adoptar para o resolver? No contexto onde foi colocado? No nível de conhecimentos matemáticos da criança que o deseja resolver? Na importância do problema para uma criança de seis anos? Muitas ˜ž›ŠœȱšžŽœäŽœȱ™˜Ž›’Š–ȱœŽ›ȱ•ŽŸŠ—ŠŠœǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱŽœœŠœȱšžŽœäŽœȱŽȱŠœȱ
™˜œœÇŸŽ’œȱ›Žœ™˜œŠœȱŽ’¡Š–ȬœŽȱŠ˜ȱŒž’Š˜ȱ˜ȱ•Ž’˜›ȱŽȱ›ŽĚŽŒŽȬœŽȱŠ™Ž—Šœȱ
Ž–ȱŠ•ž–ŠœȱŠœȱšžŽœäŽœȱŠ™›ŽœŽ—ŠŠœǯ
ŠŠȱž–ŠȱŠœȱšžŽœäŽœȱŒ˜•˜ŒŠŠœȱ™˜ŽȱœŽ›ȱ˜ȱ’—ÇŒ’˜ȱŽȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱ
resolução, que vão depender do contexto e do nível de conhecimentos de cada pessoa que o tenta resolver. Se for ultrapassada a fase de se ’Ž—’ęŒŠ›ȱ–Ž—Š•–Ž—ŽȱŠȱœ˜•ž³¨˜ȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–ŠȱŽȱŽȱœŽȱŒ˜—œ’Ž›Š›ȱšžŽȱŠȱ
questão proposta não é um problema mas um simples exercício rotineiro, surgem modos de sentir a Matemática que mostram algumas vertentes que é interessante explorar.
Segue-­‐‑se a análise de processos de resolução, segundo uma possível interpretação das perspectivas de McMulin:
– considerando-­‐‑se a perspectiva numérica, a solução do problema é dada pelo produto 32×4, ou seja, os 32 coelhos têm 128 patas. Mas ŠȱŒ›’Š—³ŠȱŽȱœŽ’œȱŠ—˜œȱ—¨˜ȱœŠ‹Žȱ˜ȱšžŽȱœ’—’ęŒŠȱřŘƼŚDz
Ȯȱ ™˜Ž›ȬœŽȬ’ŠȱŽ›ȱž’•’£Š˜ȱž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱŸŽ›‹Š•ǰȱŽ¡™•’ŒŠ—˜ȱšžŽȱ
32 é igual a 30 mais 2, e como a 30 coelhos correspondem 120 patas e a 2 correspondem 8, então bastaria calcular o valor da expressão ŗŘŖƸŞȱ™Š›Šȱ˜‹Ž›ȱŠȱœ˜•ž³¨˜ȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–ŠǯȱœŠȱ“žœ’ęŒŠ³¨˜ȱŠ–‹·–ȱ
’ęŒ’•–Ž—Žȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŽ—Ž—’Šȱ™˜›ȱž–ŠȱŒ›’Š—³ŠȱŽȱŜȱŠ—˜œDz
Ȯȱ ˜ž›Šȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱœŽ›’Šȱž’•’£Š›ȬœŽȱŠȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱŠ•·‹›’ŒŠǰȱŠ–’-­‐‑
tindo a expressão designatória 4c como um modelo que permite determinar o número de patas de qualquer conjunto de coelhos, ›Ž™›ŽœŽ—Š—˜ȱ™˜›ȱŒȱ˜ȱŒŠ›’—Š•ȱ˜ȱŒ˜—“ž—˜ȱŠ˜Dz
– mas, das três perspectivas anteriores qual delas pode contribuir para que uma criança, que embora já saiba contar ainda ignora as ˜™Ž›Š³äŽœȱŽȱŠ’³¨˜ȱŽȱŽȱ–ž•’™•’ŒŠ³¨˜ȱŽȱ—ž—ŒŠȱ˜žŸ’žȱŠ•Š›ȱŽ–ȱŽ¡-­‐‑
™›ŽœœäŽœȱŽœ’—Šà›’Šœǰȱ™˜œœŠȱ›Žœ˜•ŸŽ›ȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–Šȱ™›˜™˜œ˜ǵȱŽœŠȱ
apenas, das quatro perspectivas referidas, considerar a perspectiva Ž˜–·›’ŒŠǰȱ šžŽȱ ™Š›ŽŒŽȱ œŽ›ȱ Šȱ ž’•’£ŠŠȱ ™Ž•Šȱ Œ›’Š—³Šȱ —˜ȱ ™›˜ŒŽœœ˜ȱ
de resolução do problema. Esta, de modo intuitivo apresentou, ao adulto que propôs o problema, dois processos distintos que a Œ˜—ž£’›’Š–ȱŒ˜–ȱ¹¡’˜ȱ¥ȱœ˜•ž³¨˜ǯȱœœ’–ǰȱ˜ȱ™›’–Ž’›˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱšžŽȱ
efectuou, consistiu em construir uma sequência de 32 riscos numa ˜•‘Šǰȱ Ž™˜’œȱ Œ˜–Ž³˜žȱ ™˜›ȱ ™ŠœœŠ›ȱ ˜ȱ •¤™’œȱ šžŠ›˜ȱ ŸŽ£Žœȱ —˜ȱ ›’œŒ˜ȱ
–Š’œȱ¥ȱŽœšžŽ›ŠȱŠȱ˜•‘ŠȱŽǰȱŠȱŽœšžŽ›Šȱ™Š›ŠȱŠȱ’›Ž’Šǰȱ™Ž›Œ˜››Žžȱ
20
Carlos Morais
˜˜œȱ˜œȱ›’œŒ˜œǰȱ™ŠœœŠ—˜ȱ˜ȱ•¤™’œȱšžŠ›˜ȱŸŽ£ŽœȱŽ–ȱŒŠŠǰȱŠ·ȱšžŽǰȱ
Š˜ȱ›Ž™Ž’›ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱřŘȱŸŽ£Žœǰȱ˜‹ŽŸŽȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŗŘŞǯȱȱœŽž—˜ȱ
processo que a criança sugeriu foi “ainda poderia ter feito de outra –Š—Ž’›ŠǰȱŽœŒ›ŽŸ’ŠȱšžŠ›˜ȱŸŽ£ŽœȱřŘȱ›’œŒ˜œȱŽȱŽ™˜’œȱŽ›ŠȱœàȱŒ˜—Š›Ȅǯ
Este episódio permite, por um lado, questionar a prática docente, Ž–ȱŽ›–˜œȱŠȱ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱšžŽȱ·ȱ—ŽŒŽœœ¤›’˜ȱŽ›ȱŒ˜–ȱŠœȱ™Ž›ŒŽ™³äŽœȱ˜œȱ
alunos, fundamentais quando se deseja fomentar uma perspectiva cons-­‐‑
›ž’Ÿ’œŠȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ™˜›ȱ˜ž›˜ǰȱ–˜’ŸŠ›ȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠ•ž—˜œȱŠȱ
analisarem cada situação matemática de vários pontos de vista, procuran-­‐‑
˜ȱŠ™›˜ž—Š›ȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŠœœ˜Œ’ŠŠȱŠȱŒŠŠȱŒ˜—ŒŽ’˜ǯ
Glasersfeld (1999: 20) refere que a orientação construtivista poderá ȃ›Š£Ž›ȱ¥ȱœž™Ž›ÇŒ’ŽȱŠȱŒ˜–™›ŽŽ—œ¨˜ȱŽȱšžŽȱ˜œȱŽœžŠ—Žœȱ™Ž›ŒŽ™Œ’˜—Š–ȱ
o seu ambiente de modos que podem ser bastante diferentes daqueles que os educadores pretendiam”. O mesmo autor acrescenta que “ (...) a Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ·ȱž–ŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱŒ˜—œ›ž’ŸŠȱšžŽȱ˜œȱ™›à™›’˜œȱŠ•ž—˜œȱ¹–ȱ
Žȱ›ŽŠ•’£Š›ǯȱŽœŽȱ™˜—˜ȱŽȱŸ’œŠǰȱŠȱŠ›ŽŠȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱ—¨˜ȱ·ȱŠȱŽȱ’œ™Ž—-­‐‑
sar o conhecimento, mas sim a de proporcionar aos alunos oportunidades Žȱ’—ŒŽ—’Ÿ˜œȱ™Š›Šȱ˜ȱŒ˜—œ›ž’›ȄǯȱœŠȱ’Ž’ŠȱŠ–‹·–ȱ·ȱ›Šž£’Šȱ™˜›ȱŽœŽ›ȱ
ǻŗşşşDZȱŘŖşǼȱšžŠ—˜ȱŠę›–ŠȱȄ™Šœœ˜ȱŠȱŸ’ŠȱŠȱ™Ž—œŠ›ȱœ˜‹›Žȱ˜ȱšžŽȱ·ȱšžŽȱŽžȱ
quero que, as crianças aprendam e acabo por elaborar uma questão ou um problema que vai engendrar a construção desse conceito”.
˜—œ’Ž›Š›ȱšžŽȱž–ȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱ·ȱŒ˜–™•Ž¡˜ȱ·ȱ’Ž›Ž—ŽȱŽȱŒ˜—œ’Ž›¤Ȭ•˜ȱ
Œ˜–™•’ŒŠ˜ǯȱ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ—¨˜ȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŒ˜—ž—’ŠȱŒ˜–ȱŒ˜–™•’ŒŠ³¨˜ǰȱ
Ž—šžŠ—˜ȱšžŽȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ™›Žœœž™äŽȱ›Ž•Š³äŽœȱ‹Ž–ȱŽœ›žž›ŠŠœȱŽ—›Žȱ
Šœȱ™Š›ŽœȱŽȱ˜ȱ˜˜ǰȱŽ–‹˜›Šȱ—Ž–ȱœŽ–™›ŽȱœŽ“Š–ȱ™˜œœÇŸŽ’œȱŽȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱ˜žȱ
Œ˜–™›ŽŽ—Ž›ǰȱŠȱŒ˜–™•’ŒŠ³¨˜ȱ™›Žœœž™äŽȱ›Ž•Š³äŽœȱŠ•ŽŠà›’ŠœȱŽȱ™˜žŒ˜ȱŽœ›ž-­‐‑
ž›ŠŠœȱŽ—›ŽȱŠœȱ™Š›ŽœȱŽȱ˜ȱ˜˜ȱŽȱ’–™˜œœÇŸŽ’œȱŽȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱ˜žȱŽœŒ›ŽŸŽ›ǯ
Outra situação que evidencia a preocupação que se deve ter com a complexidade dos conceitos matemáticos prende-­‐‑se com a interpretação šžŽȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŠŠȱ¥ȱŽ¡™›Žœœ¨˜DZȱȃŘ¡ȱDZȱŘ¡ȱƽȱŗȄǯȱ›’Ž—ŠȬœŽȱŠȱ’œŒžœœ¨˜ȱŠȱ
partir da questão: quais são os números reais que transformam a condição numa proposição com o valor lógico verdade?
Se encontrou para solução da condição anterior mais do que dois números, questione-­‐‑se. Pois, em ℜǰȱŠ™Ž—ŠœȱŗȱŽȱȮŗȱœŠ’œŠ£Ž–ȱŠȱŒ˜—’³¨˜ǯȱ
Para além dos dois números salientados, qualquer que seja o valor real atribuído a x, dá origem a uma proposição com valor lógico falsidade, por exemplo, substituindo x por 5 na expressão 2x :ȱŘ¡ȱƽȱŗǰȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱ
šžŽȱœŽȱ˜‹·–ȱŠȱ™›˜™˜œ’³¨˜ȱŘśƽŗǯ
Šœȱ–ž’ŠœȱšžŽœäŽœȱšžŽȱ™˜Ž–ȱœŽ›ȱ˜›–ž•ŠŠœȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱŽšžŠ³¨˜ȱ
referida, sugerem-­‐‑se as seguintes:
– a omissão do sinal “×”, embora seja uma convenção correcta e Œ’Ž—’ęŒŠ–Ž—ŽȱŠŒŽ’ŽǰȱœŽ›¤ȱœŽ–™›ŽȱŠŽšžŠŠǵ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
21
Ȯȱ ˜ȱœ’—Š•ȱȃDZȄȱ™Š›Šȱ›Šž£’›ȱŠȱ’Ÿ’œ¨˜ȱœŽ›¤ȱŠŽšžŠ˜ȱŽ–ȱ˜˜œȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱ
de ensino?
Ȯȱ Šȱ˜›Ž–ȱŠœȱ˜™Ž›Š³äŽœǰȱšžŠ—˜ȱꐞ›Šȱ–Š’œȱ˜ȱšžŽȱž–Šȱ˜™Ž›Š³¨˜ȱ
—Šȱ–Žœ–ŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ǰȱŽœ¤ȱŠȱœŽ›ȱŒ˜—ŸŽ—’Ž—Ž–Ž—ŽȱŽ—Š’£ŠŠǵ
Ȯȱ ˜ȱ–˜˜ȱŒ˜–˜ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȱŠœȱšžŽœäŽœȱŠ˜œȱŠ•ž—˜œȱŒ˜—’Œ’˜—ŠȱŠœȱ
suas respostas?
œŠœȱ Žȱ ˜ž›Šœȱ šžŽœäŽœȱ ™˜Ž›¨˜ȱ ŽœŠ›ȱ —Šȱ ˜›’Ž–ȱ Žȱ –ž’˜œȱ ˜œȱ
aspectos considerados óbvios em matemática mas que, para além de o não serem, podem condicionar toda a carreira académica de muitos estudantes.
¨˜ȱœŽȱŽŽ—ŽȱŠȱŒ›’Š³¨˜ȱ˜žȱž’•’£Š³¨˜ȱŽȱŠ›–Š’•‘Šœȱ™Š›ŠȱŽ—œ’—Š›ȱ
ŠŽ–¤’ŒŠǰȱ–ŠœȱŠ™Ž—Šœȱž–Šȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŠ™›˜ž—ŠŠȱ—˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œǰȱŽ¡-­‐‑
traindo deles o maior número possível, em cada momento e em cada Œ˜—Ž¡˜ǰȱŽȱ›Ž•Š³äŽœȱŽ—›ŽȱŠœȱ™Š›ŽœȱŽȱ˜ȱ˜˜ȱŽȱŽ—›ŽȱŽœŽœȱŽȱ˜ž›˜œȱŒ˜—-­‐‑
ceitos, ou seja, defende-­‐‑se que cada conceito seja estudado no seio da complexidade que o envolve.
Enquanto que, tanto no problema proposto como na equação apre-­‐‑
œŽ—ŠŠȱ œŽȱ ›ŽĚŽŒ’žȱ œ˜‹›Žȱ ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱ Žȱ ’—Ž›™›ŽŠ³äŽœǰȱ ŠœœŽ—Žœȱ Ž–ȱ
™˜—˜œȱŽȱŸ’œŠȱŠŒŽ’ŽœȱŒ˜–˜ȱŒ˜Ž›Ž—Žœȱ¥ȱ•ž£ȱŠœȱ›Ž›ŠœȱŒ’Ž—’ęŒŠ–Ž—Žȱ
aceites, que permitem compreender a Matemática em função da sua Œ˜–™•Ž¡’ŠŽǰȱŽ¡’œŽ–ȱ˜ž›ŠœȱŽ¡™›ŽœœäŽœȱšžŽȱœ¨˜ȱŠ™›ŽœŽ—ŠŠœȱŽȱž’•’-­‐‑
£ŠŠœȱŠȱ™Š›’›ȱŽȱž–ŠȱŠ™Š›Ž—Žȱœ’–™•’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱšžŽȱšžŠ—˜ȱœŽȱ›ŽĚŽŒŽȱ
—Ž•Šœȱ™˜žŒ˜ȱ–Š’œȱ›ŽœŠȱ˜ȱšžŽȱž–Šȱ’—ę—¤ŸŽ•ȱŒ˜–™•’ŒŠ³¨˜ǯ
›˜™äŽȬœŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱȃŽȦ˜žȄȱšžŽǰȱ™Ž•˜ȱŽ¡ŒŽœœ˜ȱŽȱ
uso, não parece representar qualquer ambiguidade, mas que se consi-­‐‑
Ž›Šǰȱ¥ȱŠ•ŠȱŽȱ–Ž•‘˜›ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ǰȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŒ˜–™•’ŒŠŠǰȱ
ŽȱœŽȱ˜›ȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£ŠŠȱ–ŠŽ–Š’ŒŠ–Ž—ŽȱŠ™Ž—Šœȱ™Š›ŽŒŽȱœŽ›ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱ
Œ•Šœœ’ęŒ¤Ȭ•ŠȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱœŽ–ȱœ’—’ęŒŠ˜ǯ
A Matemática não pode ser considerada uma ilha isolada, pois se os Œ˜—ŒŽ’˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œȱ—¨˜ȱ™žŽœœŽ–ȱœŽ›ȱž’•’£Š˜œȱ—˜ȱ’ŠȱŠȱ’ŠǰȱŽŸŽ›’Šȱ
ser questionado o valor formativo e utilitário da Matemática. Assim, “e” Žœ¤ȱŠœœ˜Œ’Š˜ȱ¥ȱŒ˜—“ž—³¨˜ǰȱŽ—šžŠ—˜ȱšžŽȱȃ˜žȄȱŽœ¤ȱŠœœ˜Œ’Š˜ȱ¥ȱ’œ“ž—³¨˜ȱ
ŽȱȃȦȄȱ¥ȱ’Ÿ’œ¨˜ǯȱŽœŽȱœŽ—’˜ǰȱŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱȃŽȦ˜žȄȱŽŸ’Ž—Œ’Šǰȱ™Ž•˜ȱ–Ž—˜œǰȱ
Šȱ Œ˜’ęŒŠ³¨˜ȱ Žȱ ›¹œȱ ˜™Ž›Š³äŽœȱ ’œ’—Šœǯȱȱ Œ˜–™•’ŒŠ³¨˜ȱ –Š—’ŽœŠȬœŽȱ
—ŠœȱšžŽœäŽœǰȱ™Š›ŠȱŠœȱšžŠ’œȱ—¨˜ȱ™Š›ŽŒŽȱŽ›ȱœŽ—’˜ȱ™›˜Œž›Š›ȱ›Žœ™˜œŠDZȱ
qual é a operação que prevalece na expressão? Que sentido se atribui ¥ȱ™›˜™˜œ’³¨˜ȱšžŽȱ›Žœž•ŠȱŠȱŠœœ˜Œ’Š³¨˜ȱŽȱžŠœȱ™›˜™˜œ’³äŽœȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ
expressão “e/ou”? Mas em Matemática a conjunção tem propriedades distintas da disjunção. E no uso da língua o que acontece?
˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š›ȱŠȱ˜™’—’¨˜ȱŠ—Ž›’˜›ǰȱŠ™›ŽœŽ—ŠȬœŽȱ—Šȱꐞ›Šȱ
ŗǰȱž–Šȱ™˜œœÇŸŽ•ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ǰȱŽ–ȱŽ›–˜œȱ–ŠŽ–¤’Œ˜œǰȱŠœȱŽ¡™›ŽœœäŽœǯ
Ž•˜ȱŽ¡™˜œ˜ǰȱŠ•ŸŽ£ȱœŽȱŽŸŠȱ›ŽĚŽŒ’›ȱ—˜ȱœ’—’ęŒŠ˜ȱŠȱŠ›’‹ž’›ȱ¥ȱŽ¡-­‐‑
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Carlos Morais
™›Žœœ¨˜ȱȃŽȦ˜žȄǰȱ™Š›ŽŒŽ—˜ȱŠŽšžŠ˜ȱŽŸ’Š›ȱŠȱœžŠȱž’•’£Š³¨˜ǯȱ›˜™äŽȬœŽȱ
em sua substituição a expressão “ou”.
Expressões
•Šœœ’ęŒŠ–ȬœŽȱŽ–
¡™›ŽœœäŽœȱŒ˜–ȱȱȱ
’—’ęŒŠ˜ȱȱȱȱ
¡™›ŽœœäŽœȱœŽ–ȱȱ
’—’ęŒŠ˜ȱȱȱȱ
Podem Ser
¡™›ŽœœäŽœȱŒ˜–ȱȱȱ
Variáveis ¡™›ŽœœäŽœȱœŽ–ȱ
Variáveis •Šœœ’ęŒŠ–ȬœŽȱŽ–
•Šœœ’ęŒŠ–ȬœŽȱŽ–
¡™›ŽœœäŽœȱ
Proposicio-­‐‑
nais
˜žȱŒ˜—’³äŽœȱ
¡™›ŽœœäŽœȱ
Designatórias Žœ’—Š³äŽœ
Podem ter o valor lógico
•Šœœ’ęŒŠ–ȬœŽȱŽ–
Impossíveis Possíveis Universais ›˜™˜œ’³äŽœ
Verdade Falsidade Não Universais
Figura 1 – Classificação das expressões.
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
23
6. Resultados da classificação dos conceitos matemáticos relativamen-­
te à sua complexidade
Admitindo-­‐‑se que a complexidade de cada conceito pode interferir no œŽžȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ™Š›’žȬœŽȱŠȱ’Ž’Šȱ’—ž’’ŸŠȱšžŽȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜-­‐‑
›ŽœȱŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ¹–ȱ˜ȱŽ›–˜ȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ™Š›Šȱ›Š£Ž›ȱ™Š›Šȱ˜ȱŒ˜—Ž¡˜ȱ
˜ȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠȱ˜™’—’䎜ȱŽȱ’œŒžœœäŽœȱšžŽȱ
favorecem a negociação entre o conhecimento da complexidade dos conceitos sentida pelos alunos e pelos professores.
Da análise das respostas aos questionários referidos resultou a iden-­‐‑
’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱŽ—¹—Œ’Šœȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’-­‐‑
dade dos conceitos sobre números e cálculo do programa de Matemática ˜ȱřķǰȱŽ—˜ȱŒŠŠȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱœ’˜ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ˜ȱŽ–DZȱ™˜žŒ˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜ǰȱ
complexo e muito complexo.
Šȱꐞ›ŠȱŘǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ›ŠęŒŠ–Ž—ŽȱŠœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ™Ž›ŒŽ—-­‐‑
tagens das respostas dos alunos de 7º ano (a7) e as dos professores (p7) ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽ–ȱ™˜žŒ˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼǰȱ
Œ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼȱŽȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼǯȱȱȱ
Figura 2 – Distribuições das percentagens das respostas, dos alunos de 7º ano ŽȱŠœȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ›Ž•Š’ŸŠœȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽȱŝķȱŠ—˜ǯ
œȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱŽȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜œȱ
Š•ž—˜œȱ–˜œ›Š–ȱ›Š—Žœȱ’Ž›Ž—³ŠœȱŽ—›ŽȱŠœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³äŽœȱ
dos conteúdos, enquanto que apenas 18% dos alunos de 7º ano conside-­‐‑
ram os conteúdos de 7º ano como muito complexos, tais conteúdos são considerados como muito complexos por 45% dos professores. As per-­‐‑
ŒŽ—ŠŽ—œȱ›Ž•Š’ŸŠœȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽ–ȱ™˜žŒ˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱ
também reforçam a ideia de que os professores consideram os conceitos –Š’œȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱ˜ȱšžŽȱ˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ™˜’œȱ¥ȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱŽȱ
śŘƖȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ—ŽœŽȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱŒ˜››Žœ™˜—Žǰȱ
apenas, 20 % das respostas dos professores.
A tendência dos professores considerarem os conteúdos mais com-­‐‑
™•Ž¡˜œȱ˜ȱšžŽȱ˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱŠ—˜ȱ—Šȱ’œ›’‹ž’³¨˜ȱ
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Carlos Morais
Šȱ˜Š•’ŠŽȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱŒ˜–˜ȱŽ–ȱšžŠœŽȱ˜ŠœȱŠȱœ’žŠ³äŽœȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱ
comparam as percentagens de respostas, questão a questão, como se evi-­‐‑
Ž—Œ’Šǰȱ—Šȱꐞ›Šȱřǰȱ—Šȱ›Ž™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱŠœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ
Šœȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱŝķȱŠ—˜ǰȱœ˜‹›ŽȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ
dos conteúdos em muito complexos.
Figura 3 -­‐‑ Distribuições das percentagens de respostas dos alunos de 7º ano (MCa7) e das dos professores (MCp7) relativas à classificação dos conteúdos de 7º ano em muito complexos.
œȱšžŽœäŽœȱŽȱ›Žœ™ŽŒ’Ÿ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽȱŝķȱŠ—˜ȱšžŽȱ˜›Š–ȱŒ˜—œ’Ž›Š-­‐‑
dos muito complexos pela maioria dos professores, mais de 50%, foram: ŗǯŖśȱȬȱ™˜¹—Œ’ŠœǰȱŗǯŖŝȱȬȱ›Š’£ȱŒø‹’ŒŠǰȱŗǯŖŞȱȬȱŽ¡™›ŽœœäŽœȱŒ˜–ȱŸŠ›’¤ŸŽ’œǰȱŗǯŗśȱ
-­‐‑ subtracção de números inteiros relativos, 1.16 -­‐‑ adição de números ›ŠŒ’˜—Š’œǰȱŗǯŗŝȱȬȱœ’–™•’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱŽ¡™›ŽœœäŽœȱŒ˜–ȱ•Ž›ŠœǰȱŗǯŗşȱȬȱ’Ÿ’œ¨˜ȱ
Žȱ—ø–Ž›˜œȱ›ŠŒ’˜—Š’œǰȱŗǯŘŖȱȬȱž’•’£Š³¨˜ȱŽȱ™Š›¹—ŽœŽœǰȱŗǯŘŗȱȬȱ™˜¹—Œ’Šœȱ
Žȱ—ø–Ž›˜œȱ›ŠŒ’˜—Š’œǰȱŗǯŘŝȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱŒ˜–ȱ™Š›¹—ŽœŽœȱŽȱŗǯŘŞȱȬȱ›Žœ˜•ž³¨˜ȱ
Žȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽ–ȱŽšžŠ³äŽœǯȱŽœŽœȱ˜—£ŽȱŒ˜—Žø˜œǰȱŠ™Ž—Šœȱ
˜œȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š˜œȱ™˜›ȱŗǯŖŝǰȱŗǯŗśȱŽȱŗǯŗŝȱ—¨˜ȱꐞ›Š–ȱ—˜œȱ˜—£ŽȱŒ•Šœœ’ęŒŠ˜œȱ
Œ˜–˜ȱ –ž’˜ȱ Œ˜–™•Ž¡˜œǰȱ Œ˜››Žœ™˜—Ž—Žœȱ ¥œȱ ˜—£Žȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ –Š’œȱ
Ž•ŽŸŠŠœȱŽȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱꐞ›Š—˜ȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽœŽœǰȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱ
ŗǯŖŚȱȬȱŒ›’·›’˜œȱŽȱ’Ÿ’œ’‹’•’ŠŽǰȱŗǯŘřȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱ˜ȱ’™˜ȱŠƸ¡ƽ‹ȱŽȱŗǯŘŚȱȬȱ
ŽšžŠ³äŽœȱ˜ȱ’™˜ȱŠ¡ƽ‹ǯ
Analisando as respostas dos alunos de 8º ano, de 9º ano e as dos pro-­‐‑
Žœœ˜›Žœǰȱ›Ž•Š’ŸŠœȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱ˜œȱ™›˜›Š–ŠœȱŽœŽœȱ
Š—˜œǰȱ˜‹¹–ȬœŽȱ›Žœž•Š˜œȱ’¹—’Œ˜œȱŠ˜œȱ˜‹’˜œȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŒ•Šœœ’ę-­‐‑
ŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽȱŝķȱŠ—˜ǯȱŠȱꐞ›ŠȱřǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ›ŠęŒŠ–Ž—Žȱ
Šœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱŞķȱŠ—˜ȱŽȱŠœȱ
˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽ–ȱ™˜žŒ˜ȱ
Œ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼǰȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼȱŽȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼǯ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
25
Figura 4 -­‐‑ Distribuições das percentagens das respostas dos alunos de 8º ano e das dos professores relativas à classificação dos conteúdos de 8º ano
œȱ ’œ›’‹ž’³äŽœȱ Šœȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ Žȱ ›Žœ™˜œŠœȱ ˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Žȱ
as dos alunos de 8º ano, também mostram diferenças acentuadas entre Šœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³äŽœȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œǰȱ¥ȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱŽȱŘşƖȱ˜œȱ
alunos de 8º ano que considera os conteúdos de 8º ano como muito com-­‐‑
plexos corresponde a percentagem de 56% das respostas dos professores.
Šȱꐞ›ŠȱśǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱŠœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱ™›˜-­‐‑
Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱŞķȱŠ—˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱ
em muito complexos.
Os conteúdos do programa de Matemática de 8º ano, considerados como muito complexos por mais de 50% dos professores foram: 1.35 -­‐‑ –ž•’™•’ŒŠ³¨˜ȱŽȱž–ȱ–˜—à–’˜ȱ™˜›ȱž–ȱ™˜•’—à–’˜ǰȱŗǯřŝȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱ•’Ž›Š’œǰȱ
1.38 -­‐‑ multiplicação de polinómios, 1.39 -­‐‑ casos notáveis da multiplicação Žȱ™˜•’—à–’˜œǰȱŗǯŚŖȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱŽȱŘķȱ›ŠžǰȱŗǯŚŗȱȬȱ•Ž’ȱ˜ȱŠ—ž•Š–Ž—˜ȱ˜ȱ
™›˜ž˜ǰȱŗǯŚŘȱȬȱŠŒ˜›’£Š³¨˜ȱŽȱ™˜•’—à–’˜œǰȱŗǯŚřȱȬȱŠ™•’ŒŠ³äŽœȱŠȱŠŒ˜›’-­‐‑
Figura 5 -­‐‑ Distribuições das percentagens de respostas dos alunos de 8º ano (MCa8) e das dos professores (MCp8) relativas à classificação dos conteúdos de 8º ano em muito complexos
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Carlos Morais
£Š³¨˜ȱŽȱ™˜•’—à–’˜œǰȱŗǯŚŚȱȬȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱŠȱ•Ž’ȱ˜ȱŠ—ž•Š–Ž—˜ȱ˜ȱ™›˜ž˜ȱŽȱ
ŗǯŚśȱȬȱ›Žœ˜•ž³¨˜ȱŽȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽ–ȱŽšžŠ³äŽœȱŽȱŘķȱ›ŠžǯȱŽœŽœȱ
Œ˜—Žø˜œǰȱŠ™Ž—Šœȱ˜ȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š˜ȱ™˜›ȱŗǯŚŚȱ—¨˜ȱŒ˜—œŠȱ—˜œȱŽ£ȱŒ˜—Žø˜œȱ
Œ•Šœœ’ęŒŠ˜œȱŒ˜–˜ȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱŒ˜››Žœ™˜—Ž—Žœȱ¥œȱŽ£ȱ™Ž›ŒŽ—Š-­‐‑
Ž—œȱ–Š’œȱŽ•ŽŸŠŠœȱŽȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŒ˜—œŠ—˜ȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽœŽȱ˜ȱ
Œ˜—Žø˜ȱŗǯřŘȱȬȱ˜™Ž›Š³äŽœȱŒ˜–ȱ–˜—à–’˜œȱŽȱ™˜•’—à–’˜œǯ
Šȱꐞ›ŠȱŜǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ›ŠęŒŠ–Ž—ŽȱŠœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱ
˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱşķȱŠ—˜ȱŽȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱ
Œ˜—Žø˜œȱŽ–ȱ™˜žŒ˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼǰȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱǻǼȱŽȱ–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱ
ǻǼǯ
œȱ ’œ›’‹ž’³äŽœȱ Šœȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ Žȱ ›Žœ™˜œŠœȱ ˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Žȱ
dos alunos de 9º ano, também evidenciam diferenças acentuadas entre Figura 6 -­‐‑ Distribuições das percentagens de respostas dos alunos de 9º ano e das dos professores relativas à classificação dos conteúdos de 9º ano
Šœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³äŽœȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œǰȱŘŘƖȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱşķȱŠ—˜ȱ
considera os conteúdos de 9º ano como muito complexos, enquanto que Šȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱšžŽȱŽ£ȱ’¹—’ŒŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜’ȱŽȱŚŗƖǯ
Šȱꐞ›ŠȱŝǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱŠœȱ’œ›’‹ž’³äŽœȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱ™›˜-­‐‑
Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱşķȱŠ—˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱ
em muito complexos.
ȱŽ—¹—Œ’ŠȱŸŽ›’ęŒŠŠȱ—˜œȱŝķȱŽȱŞķȱŠ—˜œȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ
dos conteúdos em muito complexos, manteve-­‐‑se no 9º ano, ou seja, a percentagem de professores que considera os conteúdos de 9º ano como –ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œȱ·ȱ–ž’˜ȱœž™Ž›’˜›ȱ¥ȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǯ
ȱ›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ¥œȱšžŽœäŽœȱŽȱŠ˜œȱ›Žœ™ŽŒ’Ÿ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽȱşķȱŠ—˜ȱŒ˜—-­‐‑
siderados como muito complexos pela maioria dos professores, mais Žȱ śŖƖǰȱ ˜›Š–DZȱ ŗǯŚşȱ Ȭȱ ›Žœ˜•ž³¨˜ȱ ›¤ęŒŠȱ Žȱ œ’œŽ–Šœǰȱ ŗǯśŖȱ Ȭȱ ›Žœ˜•ž³¨˜ȱ
Žȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽ–ȱœ’œŽ–ŠœȱŽȱŽšžŠ³äŽœǰȱŗǯŜŘȱȬȱ›Žœ˜•ž³¨˜ȱŽȱ
™›˜‹•Ž–Šœȱ šžŽȱ Ž—Ÿ˜•ŸŽ–ȱ ’—ŽšžŠ³äŽœǰȱ ŗǯŜřȱ Ȭȱ Œ˜—“ž—˜œȱ Žę—’˜œȱ ™˜›ȱ
Œ˜—’³äŽœǰȱŗǯŜŚȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱ’—Œ˜–™•ŽŠœȱŽȱŘķȱ›ŠžȱŽȱŗǯŜŜȱȬȱ›Žœ˜•ž³¨˜ȱŽȱ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
27
Figura 7 -­‐‑ Distribuições das percentagens de respostas dos alunos de 9º ano (MCa9) e das dos professores (MCp9) relativas à classificação dos conteúdos de 9º ano em muito complexos
™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽ–ȱŽšžŠ³äŽœȱŽȱŘķȱ›ŠžǯȱŽœŽœȱŒ˜—Žø˜œǰȱŠ™Ž—Šœȱ
˜ȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š˜ȱ™˜›ȱŗǯŚşȱ—¨˜ȱŠ£ȱ™Š›Žȱ˜œȱœŽ’œȱŒ˜—Žø˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱ
–ž’˜ȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱŒ˜››Žœ™˜—Ž—Žœȱ¥œȱœŽ’œȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ–Š’œȱŽ•ŽŸŠŠœȱ
Žȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱşķȱŠ—˜ǰȱŒ˜—œŠ—˜ȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽœŽǰȱ˜ȱŒ˜—Žø˜ȱ
ŗǯŜśȱȬȱŽšžŠ³äŽœȱŒ˜–™•ŽŠœȱŽȱŘķȱ›Šžǯ
˜—“žŠ—˜ȱ Šœȱ Œ•Šœœ’ęŒŠ³äŽœȱ ŽŽŒžŠŠœȱ ™Ž•˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Œ˜–ȱ Šœȱ
efectuadas pelos alunos nos níveis pouco complexo, complexo e muito Œ˜–™•Ž¡˜ǰȱ ŸŽ›’ęŒŠȬœŽǰȱ Ž–ȱ šžŠ•šžŽ›ȱ ž–ȱ ˜œȱ Š—˜œȱ Œ˜—œ’Ž›Š˜œǰȱ ž–Šȱ
forte tendência para os professores considerarem os conteúdos mais complexos do que os consideram os alunos.
7. Interacção entre os alunos em ambientes de aprendizagem com co-­
municação síncrona mediada por computador
A comunicação síncrona mediada por computador suportada pela —Ž›—Žȱœž›Žȱ—˜ȱŠ–‹’Ž—ŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱ
Ž—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠŠȱ™Ž•Šœȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱŠȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱ
de cada aluno com os colegas e com o professor, proporcionando a cons-­‐‑
›ž³¨˜ȱ˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŠȱ™Š›’›ȱ˜ȱœ’—’ęŒŠ˜ȱŠ›’‹žÇ˜ȱ¥ȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šȱ
individual de cada aluno e ao esforço em compreender e interpretar o conhecimento dos colegas e o do professor.
Š›Šȱ’•ŸŠȱǻŘŖŖŗDZȱŞśŝǼȱȃŠœȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱŠœȱŠŒžŠ’œȱȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š–ȱ
um espaço de profunda renovação da escola, permitindo pensá-­‐‑la como ž–ŠȱŸŽ›ŠŽ’›ŠȱŒ˜–ž—’ŠŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱŠ›Šȱ˜ȱœ’œŽ–ŠȱŽžŒŠ’Ÿ˜ȱ
ŽȱœŽžœȱŠŽ—Žœȱ›Žœ’ŽȱŠšž’ȱ˜ȱ›Š—ŽȱŽœŠę˜DZȱŒ˜–™›ŽŽ—Ž›ȱŠȱŒ‘ŽŠŠȱ˜ȱ
tempo destas tecnologias que permitem passar de um modelo que privi-­‐‑
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Carlos Morais
•Ž’ŠȱŠȱ•à’ŒŠȱŠȱ’—œ›ž³¨˜ǰȱŠȱ›Š—œ–’œœ¨˜ȱŽȱ–Ž–˜›’£Š³¨˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ
para um modelo cujo funcionamento se baseia na construção colaborativa ŽȱœŠ‹Ž›Žœǰȱ—ŠȱŠ‹Ž›ž›ŠȱŠ˜œȱŒ˜—Ž¡˜œȱœ˜Œ’Š’œȱŽȱŒž•ž›Š’œǰȱ¥ȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱ
˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŠ˜œȱœŽžœȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œǰȱŽ¡™Ž›’–Ž—Š³äŽœȱŽȱ’—Ž›ŽœœŽœȄǯ
Os resultados relativos ao tema II, comunicação síncrona mediada por computador, incidem na interacção desenvolvida pelos alunos durante ŠœȱœŽœœäŽœȱšžŽȱŽŒ˜››Ž›Š–ȱŒ˜–ȱŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
baseada na comunicação mediada por computador através de um progra-­‐‑
–ŠȱŽȱŒ‘Šȱ—Šȱ—Ž›—ŽȱŽȱ—Šœȱ˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŽœœŠœȱœŽœœäŽœǯ
A interacção escrita, entre os alunos, agrupou-­‐‑se em duas categorias: ž–ŠȱŒ˜—œ’žÇŠȱ™Ž•Šœȱ’—Ž›ŸŽ—³äŽœȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱŒ˜–ȱŠȱŠ›ŽŠȱ™›˜™˜œŠȱ
pelo professor, designada por “interacção relacionada com a tarefa” e a ˜ž›ŠǰȱŒ˜—œ’žÇŠȱ™Ž•Šœȱ’—Ž›ŸŽ—³äŽœȱšžŽȱŠ™Š›Ž—Ž–Ž—Žȱ—¨˜ȱŽœŠŸŠ–ȱ
relacionadas com as actividades propostas pelo professor, designada por “interacção não relacionada com a tarefa “.
Šȱ ꐞ›Šȱ Şǰȱ Š™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ Šœȱ ’œ›’‹ž’³äŽœȱ Šœȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ Žȱ
’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŽ—›Žȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱŒ˜–ȱŠȱŠ›ŽŠȱǻǼȱŽȱ
’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱ—¨˜ȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱŒ˜–ȱŠȱŠ›ŽŠȱǻ—Ǽǯ
As percentagens de interacção relacionadas com a tarefa diminuem do 7º para o 9º ano. Enquanto que no 7º ano 60 % da interacção entre os alunos foi relacionada com a tarefa, no 8º foi 43 % e no 9º ano apenas ŘśȱƖǯȱ’ŒŠȱŽ–ȱŠ‹Ž›˜ȱ’—ŸŽœ’Š›ȱŠœȱŒŠžœŠœȱšžŽȱ’—ĚžŽ—Œ’Š–ȱŠȱ’–’—ž’³¨˜ȱ
do 7º para o 9º ano das percentagens de interacção relacionada com a Š›ŽŠǰȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠǰȱ’—’Œ’Š—˜ȱšžŽȱ¥ȱ–Ž’ŠȱšžŽȱ
o nível etário dos alunos aumenta, também aumenta o seu afastamento em termos de conversação sobre as tarefas que lhe são propostas na aula. Esta investigação exibe indicadores que permitem admitir que grande parte da discussão que se desenvolve nas aulas, entre os alunos, pode não estar relacionada com os assuntos previstos, pelo professor, para a aula.
Figura 8 -­‐‑ Distribuições das percentagens de interacção entre os alunos
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
29
Após a constatação do tipo de interacção desenvolvida entre os alunos —˜ȱŠ–‹’Ž—ŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ›ŽŽ›’˜ǰȱ™›˜Œž›˜žȬœŽȱŒ˜—‘ŽŒŽ›ȱšžŽȱ˜™’—’-­‐‑
䎜ȱ–Š—’ŽœŠ–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱŽœ›Š·’Šȱž’•’£ŠŠǯȱŽœŽȱœŽ—’˜ǰȱŠœȱ
˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱœ˜‹›ŽȱŒŠŠȱœŽœœ¨˜ȱšžŽȱŽŒ˜››ŽžȱŒ˜–ȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ
–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱ˜›Š–ȱŒŠŽ˜›’£ŠŠœȱŽ–ȱȃ˜™’—’䎜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȄǰȱ
šžŽȱ’—Œ•žŽ–ȱ˜ŠœȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱŽȱŠ›Š˜ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱ
Ž—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ‹ŠœŽŠŠȱ—Šȱž’•’£Š³¨˜ȱŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ
™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱŽȱȃ˜™’—’䎜ȱ—¨˜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȄȱšžŽȱ’—Œ•žŽ–ȱ˜ŠœȱŠœȱ˜™’-­‐‑
—’䎜ȱ—¨˜ȱ’—Ž›ŠŠœȱ—ŠȱŒŠŽ˜›’ŠȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œǯ
œȱ ˜™’—’䎜ȱ Œ˜—œ’Ž›ŠŠœȱ ŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ ’—Œ’’›Š–ȱ Ž–ȱ Šœ™ŽŒ˜œȱ ›Ž•Š-­‐‑
Œ’˜—Š˜œȱ Œ˜–DZȱ ˜ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ •˜‹Š•ȱ Žȱ ŒŠŠȱ œŽœœ¨˜ǰȱ Šȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ
˜ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠȱŽȱŠȱ™›à™›’Šȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱ
entre os alunos.
Šȱ ꐞ›Šȱ şȱ Š™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ Šœȱ ’œ›’‹ž’³äŽœȱ Šœȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ Šœȱ
˜™’—’䎜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠœȱœŽœœäŽœȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱšžŽȱ
ŽŒ˜››Ž›Š–ȱŒ˜–ȱŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ‹ŠœŽŠŠȱ—ŠȱŒ˜-­‐‑
–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱ˜™’—’䎜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱǻǼȱŽȱ˜™’—’䎜ȱ
não favoráveis (OnF).
œȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱŽȱ˜™’—’䎜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ˜›Š–ȱ—˜œȱŝķǰȱŞķȱŽȱşķȱŠ—˜œǰȱ
respectivamente, 92%, 94% e 85 %, enquanto que as percentagens de ˜™’—’䎜ȱ—¨˜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ˜›Š–ȱ—˜œȱŝķǰȱŞķȱŽȱşķȱŠ—˜œǰȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠ–Ž—ŽȱŞƖǰȱ
6% e 15 %.
ȱ Ž¡’œ¹—Œ’Šȱ Žȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ ¨˜ȱ Ž•ŽŸŠŠœȱ Žȱ ˜™’—’䎜ȱ ŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ
’—’Œ’ŠȱšžŽȱŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ȱœž™˜›-­‐‑
tada pela Internet é muito bem aceite pelos alunos em contexto formal ŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ™˜Ž—˜ȱŽœŽȱ–˜˜ǰȱŠ•ȱŽœ›Š·’ŠȱŒ˜—œ’ž’›ȱ
um bom meio para a criação, enriquecimento ou complementaridade ˜œȱŠ–‹’Ž—ŽœȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠǯ
30
Carlos Morais
8. Considerações Finais
O conhecimento da complexidade dos conceitos e a procura de consensos sobre tal complexidade entre os professores e os alunos pode Ž›ǰȱ Ž—›Žȱ ˜ž›Šœǰȱ Šœȱ œŽž’—Žœȱ ŸŠ—ŠŽ—œDZȱ ™Š›’•‘Šȱ Žȱ ˜™’—’䎜ȱ Ž—›Žȱ
os professores e os alunos, reciprocidade entre o conhecimento dos alunos e o dos professores, estabelecimento de sequências de ensino e Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—ŒŽ’˜œǰȱŽę—’³¨˜ȱ
de estratégias adequadas aos interesses dos alunos para abordar cada conceito, selecção dos temas mais adequados para serem desenvolvi-­‐‑
˜œȱŽȱ˜›–ŠȱŒ˜•Š‹˜›Š’ŸŠȱ˜žȱ’—’Ÿ’žŠ•–Ž—Žǰȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱ™›˜“ŽŒ˜œȱ
que envolvam conceitos com níveis de complexidade conhecidos pelos intervenientes no projecto.
Ž›’ęŒŠȬœŽȱšžŽȱ—˜œȱ›¹œȱŠ—˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱŝķǰȱŞķȱŽȱşķȱŠœȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ
Žȱ›Žœ™˜œŠœȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ—ŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽ–ȱ–ž’˜ȱ
Œ˜–™•Ž¡˜œȱ œ¨˜ȱ –ž’˜ȱ œž™Ž›’˜›Žœȱ ¥œȱ Œ˜››Žœ™˜—Ž—Žœȱ ™Ž›ŒŽ—ŠŽ—œȱ Žȱ
respostas dos alunos, o que indicia uma forte tendência para os profes-­‐‑
sores considerarem os conteúdos dos programas curriculares analisados mais complexos do que os consideram os alunos.
O tipo de interacção desenvolvida pelos alunos, nas aulas que decorre-­‐‑
›Š–ȱŒ˜–ȱŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ‹ŠœŽŠŠȱ—ŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ
mediada por computador suportada pela Internet, indicia que esta estra-­‐‑
tégia permite conhecer o envolvimento do aluno nas tarefas propostas Žȱ™›˜™˜›Œ’˜—ŠȱŒ˜—’³äŽœȱŒ˜–ȱŠœȱšžŠ’œȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ™˜Ž–ȱŒž•’ŸŠ›ȱ—˜ŸŠœȱ
formas de estar, de aprender e de se relacionarem.
Šȱ–Š—’ŽœŠ³¨˜ȱŠœȱ˜™’—’䎜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱŠŒŽ›ŒŠȱŠœȱŠž•ŠœȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’-­‐‑
ŠœȱŒ˜–ȱŠȱŽœ›Š·’ŠȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ‹ŠœŽŠŠȱ—ŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ
–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǰȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱž’•’£Š›Š–ȱŒ˜–ȱ–ž’Šȱ›Žšž¹—Œ’Šȱ˜œȱ
termos importantes, úteis, divertidas e inovadoras, o que reforça a ideia Šȱ‹˜ŠȱŠŒŽ’Š³¨˜ȱŠȱŽœ›Š·’Šȱ›ŽŽ›’ŠǯȱŠ’œȱ˜™’—’䎜ȱ›Šž£Ž–ȱšžŽȱ˜œȱ
Š•ž—˜œǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱŽȱŽ›Ž–ȱ˜œŠ˜ȱŠœȱœŽœœäŽœȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
gem com comunicação suportada pela Internet, também sentiram que Š’œȱœŽœœäŽœȱ˜›Š–ȱ’—˜ŸŠ˜›ŠœȱŽȱøŽ’œȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ǯȱœŠȱŽœ›Š-­‐‑
tégia teve, entre outras, a vantagem de manter os alunos motivados e ’—Ž›ŽœœŠ˜œǰȱŒ˜–ȱ˜™’—’䎜ȱ–ž’˜ȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱŠŒŽ›ŒŠȱŽȱ˜ŠœȱŠœȱœŽœœäŽœǰȱ
˜ȱšžŽȱ™Ž›–’ŽȱŠ–’’›ȱšžŽȱŠȱœžŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŠ‹›Žȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱšžŽȱ™˜Ž–ȱ
Š•Ž›Š›ȱŠœȱŠ’žŽœȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠŒŽȱ¥ȱŠŽ–¤’ŒŠȱŽȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›ŠȱšžŽȱ
–Ž•‘˜›Ž–ȱ˜ȱœŽžȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ—ŠȱœžŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
31
Bibliografia
•–Ž’Šǰȱǯǰȱ’Šœǰȱǯǰȱ˜›Š’œǰȱǯǰȱǭȱ’›Š—ŠǰȱǯȱǻŘŖŖŖǼǯȱ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
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˜œ—˜ǰȱǯȱǯȱǻŗşşşǼǯȱConstrutivismo e educação: Teoria, perspectivas e prática. Lisboa: Instituto Piaget.
•ŠœŽ›œŽ•ǰȱǯȱǯȱǻŗşşşǼǯȱ—›˜ž³¨˜DZȱœ™ŽŒ˜œȱ˜ȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œ–˜ǯȱ—ȱǯȱ
ǯȱ ˜œ—˜ȱ ǻ›ǯǼǯȱ Construtivismo e educação: Teoria, perspectivas e prática, pp. 15 -­‐‑ 21 . Lisboa: Instituto Piaget.
ŽœŽ›ǰȱǯȱǯȱǻŗşşşǼǯȱȱŠ•˜›’–˜ȱ·ȱž˜ȱšžŽȱŽ¡’œŽǯȱ—ȱǯȱǯȱ˜œ—˜ȱǻ›ǯǼǯȱ
Construtivismo e educação: Teoria, perspectivas e prática, pp. 209 -­‐‑ 220 . Lisboa: Instituto Piaget.
’›Š—Šǰȱǯǰȱ˜›Š’œǰȱǯǰȱ’Šœǰȱǯǰȱǭȱ•–Ž’ŠǰȱǯȱǻŘŖŖŗǼǯȱ–‹’Ž—ŽœȱŽȱ
Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ—Šȱ Ž‹DZȱ–ŠȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠȱŒ˜–ȱà›ž—œȱŽȱ’œŒžœœ¨˜ǯȱ
—ȱ ǯȱ ’Šœȱ ǭȱ ǯȱ Žȱ ›Ž’Šœȱ ǻ›œǯǼǰȱ Actas do Challenges 2001, II Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educaçãoǰȱ™™ǯȱśŞśȱȮȱśşřǯȱ›ŠŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱ˜–™Ž¹—Œ’Šȱà—’˜ȱ
da Universidade do Minho.
˜›Š’œǰȱǯȱǻŗşşŚǼǯȱTecnologia hipermedia no ensino recorrente de adultos em tarefas de transferência e aplicação de informaçãoǯȱŽœŽȱŽȱŽœ›Š˜ȱ
em Educação na Especialidade de Informática no Ensino. Braga: Universidade do Minho.
˜›Š’œǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŖǼǯȱ Complexidade e comunicação mediada por computador na aprendizagem de conceitos matemáticos: Um estudo no 3º ciclo do ensino básicoǯȱŽœŽȱŽȱ˜ž˜›Š–Ž—˜ȱŽ–ȱžŒŠ³¨˜ȱȮȱ›ŽŠȱ˜ȱ
˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱŽ˜˜•˜’Šȱ˜ȱ—œ’—˜ȱŠȱŠŽ–¤’ŒŠǯȱ›ŠŠDZȱ
Universidade do Minho.
˜›Š’œǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱ Šȱ Œ˜–™•Ž¡’ŠŽȱ ˜œȱ Œ˜—ŒŽ’˜œȱ –ŠŽ–¤’Œ˜œȱ ¥ȱ
ž’•’£Š³¨˜ȱŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ–Ž’ŠŠȱ™˜›ȱŒ˜–™žŠ˜›ǯȱ—ȱ˜–’œœ¨˜ȱ
˜›Š—’£Š˜›Šȱ ˜ȱ ›˜Šȱ ŘŖŖŗȱ Ȭȱ ȱ —Œ˜—›˜ȱ ŠŒ’˜—Š•ȱ Žȱ
Professores de Matemática -­‐‑ Associação dos Professores de Matemática (Eds.), Actas do ProfMat 2001, pp. 53 -­‐‑ 60. Vila Real: Associação dos Professores de Matemática.
˜›Š’œǰȱ ǯǰȱ•–Ž’Šǰȱ ǯȱ ǭȱ ’Šœǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŖǼǯȱ —Ž›ŠŒ³¨˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
ŽȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱ—ž–·›’Œ˜œȱŒ˜–™•Ž¡˜œǯȱ—ȱǯȱ˜—Ž’›˜ǰȱǯȱŠŸŠ›Žœǰȱ
32
Carlos Morais
ǯȱ•–’›˜ǰȱǯȱ˜—ŽǰȱǯȱŠ˜œȱǭȱǯȱŽ—Ž£Žœȱǻ›œǯǼǰȱInteracções na aula de Matemática, pp. 107 – 114. Viseu: Sociedade Portuguesa de ’¹—Œ’ŠœȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱȮȱŽŒ³¨˜ȱŽȱžŒŠ³¨˜ȱŠŽ–¤’ŒŠǯ
˜›Š’œǰȱǯǰȱ’›Š—Šǰȱǯǰȱ’Šœǰȱǯǰȱǭȱ•–Ž’ŠǰȱǯȱǻŗşşşǼǯȱŽŒ—˜•˜’ŠœȱŽȱ
’—˜›–Š³¨˜ȱ—ŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱŠ–‹’Ž—ŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱ—ȱǯȱ
’ŠœȱǭȱǯȱŽȱ›Ž’Šœǰȱǻ›œǯǼǰȱActas do Challenges‘99, pp. 221 – 231. ›ŠŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱ˜–™Ž¹—Œ’Šȱà—’˜ȱŠȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱ˜ȱ’—‘˜ǯ
Ponte, J. (1997). As novas tecnologias e a educaçãoǯȱ’œ‹˜ŠDZȱŽ¡˜ȱ’˜›Šǯ
Porlán, R. (1998). Constructivismo y escuela (5th ed.). Sevilla: Díada Editora S. L..
’Œ˜ǰȱ ǯȱ ǻŗşşŝǼǯȱ ˜—œ’Ž›ŠŒ’˜—Žœȱ œ˜‹›Žȱ Ž•ȱ Œž››ÇŒž•˜ȱ Žȱ –ŠŽ–¤’ŒŠœȱ
™Š›ŠȱŽžŒŠŒ’à—ȱœŽŒž—¤›’Šǯȱ—ȱž’œȱ’Œ˜ȱǻ˜˜›ǯǼǰȱLa educación matemática en la enseñanza secundáriaȱǻ™™ǯȱŗśȱȬȱřŞǼǯȱŠ›ŒŽ•˜—ŠDZȱȱ
/ HORSORI, Universitat de Barcelona.
’•ŸŠǰȱǯȱǻŘŖŖŗǼǯȱȱŽŒ—˜•˜’Šȱ·ȱž–ŠȱŽœ›Š·’Šǯȱ—ȱǯȱ’ŠœȱǭȱǯȱŽȱ›Ž’Šœǰȱ
(Orgs.), Actas do Challenges 2001, II Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, pp. 839 – 859. ›ŠŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱ˜–™Ž¹—Œ’Šȱà—’˜ȱŠȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱ˜ȱ’—‘˜ǯ
Sutherland, P. (1996). O desenvolvimento cognitivo actual. Lisboa: Instituto Piaget.
Ž•˜œ˜ǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱ ŽŒ—˜•˜’Šœȱ —Šȱ ŽžŒŠ³¨˜DZȱ Šȱ ’œŒžœœ¨˜ȱ —¨˜ȱ Žœ¤ȱ
esgotada… Algemética, Lin McMullin. Educação e Matemática, nº 62, pp. 21-­‐‑22.
Vidiella, A. (1999). Enfoque globalizador y pensamiento complejo: Una respuesta para la comprensión e intervención en la realidad. Barcelona: Editorial GRAÓ, de Serveis Pedagògics.
˜’ǰȱǯȱǻŗşşŞǼǯȱ‘ŽȱŒž•ž›Žȱ˜ȱ–Š‘Ž–Š’ŒœȱŒ•Šœœ›˜˜–DZȱŽ˜’Š’—ȱ‘Žȱ
mathematical meaning of empirical phenomena. In Falk Seeger, 㛐ȱ˜’ȱǭȱŽȱŠœŒ‘ŽœŒ’˜ȱǻ›œǯǼǰȱThe culture of the mathematics classroomǰȱ™™ǯȱŗşŗȱȮȱŘŘŖǯȱŽ ȱ˜›”DZȱŠ–‹›’Žȱ—’ŸŽ›œ’¢ȱ›Žœœǯ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
33
34
Carlos Morais
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
Relatos de vida profissional sobre o maior êxito e o maior fracasso
Francisco Cordeiro Alves
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
˜—œŒ’Ž—ŽœȱŽȱž–ŠȱŽ–¤’ŒŠȱ™›Š’ŒŠ–Ž—Žȱ’—Œ’™’Ž—Žȱ—˜ȱ–ž—˜ȱŠȱ’—ŸŽœ’-­‐‑
Š³¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŸ’Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜ŒŽ—ŽǰȱŒ˜–˜ȱ·ȱŽœŠȱ˜ȱ¹¡’˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ˜œȱ
professores, procurámos, dentro do paradigma interpretativo, e servindo-­‐‑
Ȭ—˜œȱŠȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱ˜œȱ›Ž•Š˜œȱŽȱŸ’Šǰȱ’—ŠŠ›ȱŠœȱ›Ž™›ŽœŽ—Š³äŽœȱŽȱž–ȱ
grupo voluntário de professores sobre essa faceta de vida. Os testemunhos, trabalhados pelo Programa AQUAD (Analysis Qualitative Data), vieram Ž–˜—œ›Š›ǰȱ™Ž•ŠȱŸŽ›’ęŒŠ‹’•’ŠŽȱŽȱ‘’™àŽœŽœȱŠŽšžŠŠœǰȱšžŽȱ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱŽȱ
o êxito não dependem de um fenómeno educativo isolado, mas da conjuga-­‐‑
ção de várias vertentes desenroladas no processo educativo e seu contexto. Assim, como fontes fulcrais do êxito docente detectámos o sucesso dos alunos, o bom relacionamento com o aluno, as expectativas sobre o êxito ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱœ˜Œ’Š•ȱŽȱ˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱŸ˜ŒŠ³¨˜ȱ™Š›Šȱ
˜ȱŽ—œ’—˜ǯȱ˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŒ˜–˜ȱŽŽ›–’—Š—ŽœȱŽœœŽ—Œ’Š’œȱ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ǰȱ˜’ȱ™˜œ-­‐‑
œÇŸŽ•ȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱŠȱŽœ–˜’ŸŠ³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŠȱŠ•ŠȱŽȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šȱ˜ŒŽ—Žȱ
ŽȱŠȱŠ•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ǰȱ˜ŠœȱŽ•ŠœȱŠœœ˜Œ’ŠŠœȱ¥ȱ
indisciplina do aluno, e, com destaque, a necessidade de recursos mate-­‐‑
›’Š’œǰȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œȱ™ŽŠà’Œ˜œȱŽȱŠȱŽęŒ’Ž—Žȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱ
Ministério da Educação. Palavras Chave
3¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱž˜‹’˜›ŠęŠǰȱ
’œà›’ŠœȦŽ•Š˜œȱŽȱŸ’Šǰȱ
˜£ȱ ˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ ›˜›Š–Šȱǰȱ ˜ŽęŒ’Ž—Žȱ Žȱ Š—’–˜˜ǰȱ ˜’ęŒŠ³¨˜ǰȱ
˜’ŸŠ³¨˜ǰȱ˜—’³äŽœȱ–ŠŽ›’Š’œǰȱ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœǰȱ¡™ŽŒŠ’ŸŠœȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱ
ŽœŽ“˜ȱŽȱ–žŠ—³ŠǰȱŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ǯȱ
Key Words
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
35
EduSer nº1
Introdução
O presente estudo, versão abreviada de uma investigação mais ampla Ž–ȱŒž›œ˜ǰȱ’—œŽ›ŽȬœŽȱ—ž–ȱ™Š›Š’–Šȱ’—ŸŽœ’ŠŒ’˜—Š•ȱŽȱ—Šž›Ž£Šȱ’—Ž›™›Ž-­‐‑
tativa, socorrendo-­‐‑se de técnicas de análise qualitativas e enquadrando-­‐‑
ȬœŽȱ—Šȱ–˜Š•’ŠŽȱŽȱŽœž˜œȱŠž˜‹’˜›¤ęŒ˜œǰȱ–Š’œȱŒ˜—Œ›ŽŠ–Ž—Žȱ—Šœȱ
histórias ou relatos de vida.
›ŽŽ—Ž–˜œȱ›ŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›ŽȱŠȱ™›¤’ŒŠȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽǰȱœŽȱ™˜œœÇŸŽ•ǰȱ
Œ˜—›’‹ž’›ȱ ™Š›Šȱ ž–Šȱ –Š’œȱ ˜›Žȱ Œ˜—œŒ’Ž—’£Š³¨˜ȱ ˜œȱ œŽžœȱ ™›˜‹•Ž–Šœǰȱ
—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŠšžŽ•ŽœȱšžŽȱœŽȱ™›Ž—Ž–ȱŒ˜–ȱ˜ȱ¹¡’˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœ-­‐‑
sionais. E, dado que os professores objecto deste estudo são em número Outubro 2003
›˜Žœœ’˜—Š•ȱ žŒŒŽœœǰȱ ›˜Žœœ’˜—Š•ȱ Š’•ž›Žǰȱ ’˜›Š™‘¢ǰȱ ’Žȱ ˜›’Žœǰȱ ŽŠŒ‘Ž›Ȃœȱ
˜’ŒŽǰȱȱ ›˜›Š–ǰȱ Š—’–˜˜ȱ ˜ŽĜŒ’Ž—ǰȱ ˜’ęŒŠ’˜—ǰȱ ˜’ŸŠ’˜—ǰȱ ‘¢œ’Œȱ
˜—’’˜—œǰȱœ¢Œ‘˜•˜’ŒŠ•ȱ˜—’’˜—œǰȱ›˜Žœœ’˜—Š•ȱ¡™ŽŒŠ’˜—œǰȱŽœ’›Žȱ˜ȱŒ‘Š—Žǰȱ
ŽŒ˜—’’˜—ǯ
›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ›Žž£’˜ǰȱ—¨˜ȱŽœŠ›Ž–˜œȱ™›Ž˜Œž™Š˜œȱŒ˜–ȱŠ—¤•’œŽœȱšžŠ—’-­‐‑
Š’ŸŠœǰȱŽ–ȱž—³¨˜ȱŽȱž–Šȱ™˜œœÇŸŽ•ȱŽ—Ž›Š•’£Š³¨˜ǰȱ–ŠœȱœŽž’›Ž–˜œȱŠ—Žœȱ
˜œȱŽ™˜’–Ž—˜œȱ™Žœœ˜Š’œǰȱŸŽ›Ç’Œ˜œȱŽȱŠ‹˜—Šà›’˜œȱŽȱœ’žŠ³äŽœȱŸ’Ÿ’Šœǰȱ
šžŽǰȱŒ˜–ȱŠœȱŽŸ’Šœȱ›ŽœŽ›ŸŠœǰȱ™˜Ž›¨˜ȱ›Šž£’›ȱž–Šȱ™˜œž›ŠȱŒ˜•ŽŒ’ŸŠȱŽȱ
ž–Šȱ™˜™ž•Š³¨˜ȱ˜ŒŽ—Žȱ’Ž—’ęŒŠŠȱŒ˜–ȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱ—œ’—˜ȱŽŒž—¤›’˜ȱ
Žȱřǯķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ǯ
ȱ ™›˜‹•Ž–Šǰȱ Ž–ȱ œ’ǰȱ ›Šž£’›ȬœŽȬ¤ȱ ™˜›ȱ ŽœŠȱ ’—Ž››˜Š—ŽDZȱ ‘ŠŸŽ›¤ȱ Žȱ
ŠŒ˜ȱž–ȱ–Š’˜›ȱ¹¡’˜ȱŽȱž–ȱ–Š’˜›ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ’Ž—’ęŒŠ˜œǰȱ
respectivamente, pelos professores como um fenómeno unitário, ou ’Ž—’ęŒŠ˜œȱŠ—ŽœȱŒ˜–˜ȱž–Šȱ•˜‹Š•’ŠŽȱŒ˜—œ’žÇŠȱŽȱŸ¤›’ŠœȱŽȱ’œ-­‐‑
tintas determinantes?
Š•ȱ™›˜‹•Ž–Šȱ•ŽŸ˜žȬ—˜œȱ¥ȱŠ–’œœ¨˜ȱŽȱ‘’™àŽœŽœȱ™›Ž’Œ’ŸŠœǰȱšžŽȱ˜ȱ
›˜›Š–Šȱȱ—˜œȱ’œ™˜—’‹’•’£˜žȱŽȱšžŽǰȱŠȱœŽžȱŽ–™˜ǰȱŠ™›ŽœŽ—Š›Ž-­‐‑
mos. O mesmo faremos para o delineamento dos procedimentos metodo-­‐‑
lógicos, após o que desenharemos a apresentação, análise e interpretação ŽȱŠ˜œǰȱ™Š›Šǰȱꗊ•–Ž—Žǰȱ™ŠœœŠ›–˜œȱ¥œȱŒ˜—œ’Ž›Š³äŽœȱꗊ’œǯ
ŽœŽȱ“¤ȱŠ’Š—Š–˜œȱšžŽȱ˜ȱžŠ›˜ȱŽà›’Œ˜ǰȱ™˜›ȱ’–™˜œ’’ŸŠœȱ•’–’Š³äŽœȱ
ŽȱŽœ™Š³˜ǰȱꌊ›¤ȱŒ˜—ę—Š˜ȱŠȱž–ŠȱŸ’œ¨˜ȱœžŒ’—ŠǰȱœŽ“Šȱ—˜ȱšžŽȱ›Žœ™Ž’Šȱ¥ȱ
Œ˜—ŒŽ™žŠ•’£Š³¨˜ȱ˜ȱ¹¡’˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱœŽ“Šȱ—˜ȱšžŽȱŒ˜—ŒŽ›—Žȱ
¥ȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱŠž˜‹’˜›¤ęŒŠȱȮȱ›Ž•Š˜œȱŽȱŸ’ŠǯȱŠÇȱšžŽȱŠ›Ž–˜œȱ›Ž•ŽŸ¦—-­‐‑
cia ao emergir do pensamento dos professores, embora sob uma forma œ’œŽ–Š’£ŠŠȱŽȱŒ˜—Ž—œŠŠȱǻŒ˜’ęŒŠŠǼǰȱŠȱ—˜œœ˜ȱŸŽ›ȱ’—’œ™Ž—œ¤ŸŽ•ȱ™Š›Šȱ
a ordenação de dados colhidos inferencialmente.
O tratamento de dados apoiou-­‐‑se, e agradecemos aos Autores, em distintas componentes do programa AQUAD (Analisis Qualitative Data), face ao qual também assumimos uma atitude didáctica, perceptível ao longo deste modesto percurso. I. Breve enquadramento conceptual
Seguiremos duas linhas de fundamentação desta problemática. Uma, ›Žœ™Ž’Š—Žȱ¥ȱȱŒ˜—ŒŽ™žŠ•’£Š³¨˜ȱ˜ȱ¹¡’˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǯȱȱ˜ž›Šǰȱ
voltada para a perspectivação metodológica do estudo, relevando o uso Šœȱ Š‹˜›ŠŽ—œȱ Šž˜‹’˜›¤ęŒŠœȱ Žœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ Šœ›’Šœȱ ¥œȱ ‘’œà›’Šœȱ
ou relatos de vida.
Sentimos que a nossa explanação teórica terá que ser limitada, pelo que os marcos de referência nem poderão multiplicar-­‐‑se, nem sobre eles tecer-­‐‑se um comentário crítico demasiado extenso.
36
Francisco Cordeiro Alves
1. Para uma aproximação ao estudo do êxito e do fracasso docente
Nunca tive, e ainda não tenho, a percepção do sentimento da minha identidade pessoal. Apareço perante mim mesmo como o lugar onde há coisas que acontecem, mas não há o “Eu”, não há o “Mim”. Cada um de nós é uma espécie de encruzilhada onde acontecem coisas.
Claude Lévi-­‐‑Strauss (1979: 14)
œȱ™˜œ’³äŽœȱ’—ŸŽœ’Š’ŸŠœȱœ˜‹›Žȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜ŒŽ—Žǰȱ‹Ž–ȱ
como sobre o fracasso, decorrem mais de estudos feitos sobre proble-­‐‑
–¤’ŒŠœȱŠę—œȱ˜ȱšžŽȱ™›˜™›’Š–Ž—ŽȱŽȱŽœž˜œȱŒŽ—›Š˜œȱ’›ŽŒŠ–Ž—Žȱ
—ŽœœŠœȱ›ŽŠ•’ŠŽœǯȱœœ’–ǰȱ™˜Ž›Ž–˜œȱ’£Ž›ȱšžŽȱŠȱ•’Ž›Šž›ŠȱŽœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱ
Š‹˜›Šǰȱ–ŠœȱœŽž—˜ȱž–Šȱ•’—‘ŠȱŽȱ›Š—œŸŽ›œŠ•’ŠŽǰȱŽœŠœȱšžŽœäŽœȱŠ˜ȱ
emitir os seus considerandos sobre outro tipo de fenómenos. Assim, e a propósito da temática curricular, podemos constatar que o professor se Šž˜™Ž›ŒŽ™Œ’˜—ŠȱŒ˜–˜ȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŠŽŒŠ˜ȱ™Ž•Šȱ’Ž’ŠȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ǰȱ
quando observa que, face a um “currículo uniforme tamanho único pron-­‐‑
to a vestir”, os alunos são marcados pelo insucesso escolar (Formosinho, J., 1987). Pelo contrário, e neste contexto curricular, quando os professores deparam com um elevado índice de sucesso dos alunos, a sua sensação Žȱ¹¡’˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱ·ȱ—˜à›’ŠǰȱŒ˜–˜ȱ’ŸŽ–˜œȱ˜ŒŠœ’¨˜ȱŽȱŸŽ›’ęŒŠ›ȱŽ–ȱŽœž˜ȱ
Žœ™ŽŒÇꌘȱœ˜‹›ŽȱŠȱœŠ’œŠ³¨˜ȱ˜ŒŽ—Žȱǻ•ŸŽœǰȱǯǰȱŗşşŗDzȱŗşşŝǼǯ
Žȱ™Ž›Œ˜››Ž›–˜œȱŠ•ž–Šœȱ’—ŸŽœ’Š³äŽœȱ›ŽŒŽ—ŽœǰȱšžŽǰȱ™˜›ȱŒ˜—’ž’Š-­‐‑
de, abordam os temas em análise, deparamo-­‐‑nos sempre com indicadores œ’—’ęŒŠ’Ÿ˜œȱ™Š›Šȱ˜œȱ˜’œȱŒŠ–™˜œǯȱŽ–‹›Ž–˜œȱ˜ȱŽœž˜ȱŽȱ›Š³ŠȱŽŒ˜ȱ
(2000), sobre a satisfação na actividade docente, tese de doutoramento Š™›ŽœŽ—ŠŠȱ¥ȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱ˜’–‹›ŠǰȱŽ–ȱŒž“ŠœȱŠ—¤•’œŽœȱœŽȱŸŽ›’ęŒŠǰȱ
entre outros vectores, que os professores que se percepcionam com maior ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱœ¨˜ǰȱ™˜›ȱ›Ž›Šǰȱ™Žœœ˜Šœȱ–Š’œȱŒ˜—œŒ’Ž—ŽœȱŠȱœžŠȱŠ›ŽŠǰȱ
mais emotivamente controlados. De resto, na génese do sentimento de ¹¡’˜ȱ˜žȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŸŠ–˜œȱŽ—Œ˜—›Š›ǰȱŠȱ–˜—Š—Žǰȱ’Ž›Ž—Žœȱ
modelos de formação inicial, que aquela Autora (idem: 404-­‐‑405) expli-­‐‑
cita em modelo normativo e modelo de índole relacional. No primeiro, ’›Ž–˜œǰȱ¥ȱ‹ŠœŽȱŽȱ’—Œž•ŒŠ³¨˜ǰȱŽ’¡Š—˜ȱ—˜ȱžž›˜ȱ™›˜Žœœ˜›ǰȱŽȱŽȱ˜›–Šȱ
‘ansiógena’, a necessidade de se comparar com o modelo de formação proposto, apegado ao professor ideal, facto que poderá ditar “uma re-­‐‑
lação directa entre a personalidade do professor e o êxito na docência, Š›’‹ž’—˜ǰȱŠœœ’–ǰȱ˜ŠȱŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱŽȱŽęŒ¤Œ’Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŠ˜ȱžž›˜ȱ
professor”. Já no modelo de índole relacional se perspectiva a hipótese do êxito no ensino como dependente do “ajustamento entre o compor-­‐‑
Š–Ž—˜ȱ˜ȱžž›˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽȱ˜ȱŒ˜—“ž—˜ȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱšžŽȱŽŽ›–’—ŠȱŠœȱ
œžŠœȱ›Ž•Š³äŽœȱŒ˜–ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŠ–’’—˜ȬœŽǰȱŽ—¨˜ǰȱŠȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱŸ¤›’˜œȱ
Žœ’•˜œȱ˜žȱ˜›–ŠœȱŽȱŒ˜—›˜—˜ȱŽęŒŠ£ŽœȱŒ˜–ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȄǯȱ
˜›ȱ˜ž›Šœȱ™Š•ŠŸ›Šœǰȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–Šȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ™˜Ž›¤ȱœŽ›ȱŸ’œ-­‐‑
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
37
˜ȱŒ˜–˜ȱ˜ȱ›Žœž•Š˜ȱŽȱž–Šȱø—’ŒŠȱŽŽ›–’—Š—ŽȱȮȱŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ
da pessoa do professor, ou como o resultado de várias determinantes conjugadas, desde o comportamento do professor, relacionamento com Š•ž—˜œǰȱŒ˜—›˜—˜ȱŒ˜–ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœǯȱ•Š›˜ȱšžŽȱ˜ȱ™˜—˜ȱŽȱŸ’œŠȱ
ø•’–˜ǰȱŠ•·–ȱŽȱŸ’Š‹’•’£Š›ȱ˜ȱŒŠ–’—‘˜ȱ™Š›Šȱž–ŠȱœŠ’œŠ³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ
permite aos professores, depois de vivenciarem os primeiros insucessos Žȱ’ęŒž•ŠŽœǰȱ˜ȱ™˜Ž›ȱŽȱȃŠ—Š•’œ¤Ȭ•˜œȱŽȱŽ—Š›ȱ–Ž•‘˜›Š›ǰȱŽ–ȱ•žŠ›ȱŽȱœŽȱ
colocarem logo em questão” (idem: 405).
Ainda que voltado para o campo dos gestores de escolas secundárias ™ø‹•’ŒŠœǰȱšžŽǰȱ—ŠȱšžŠ•’ŠŽȱŽȱ›Žœ’Ž—Žœȱ˜œȱ˜—œŽ•‘˜œȱ¡ŽŒž’Ÿ˜œǰȱ
também são professores, J. Silva (2001: 50-­‐‑51) indaga que, numa escala Žȱ ŸŠ•˜›’£Š³¨˜ȱ ˜œȱ ›Š‹Š•‘Š˜›Žœȱ šžŽȱ •’Ž›Š–ȱ ˜ȱ œžŒŽœœ˜ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ
˜ȱŠŒ˜ȱŽȱœŽȱœŽ›ȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ‹Ž–ȱœžŒŽ’˜ȱŽŽ›–’—ŠȱšžŽȱŸŠ•˜›Žœȱ
œ˜Œ’Š’œȱŽȱ™˜•Ç’Œ˜œǰȱ™Ž›ŒŽ™³äŽœȱŽȱŒ›Ž—³Šœȱœ˜‹›Žȱ˜ȱŒŠ›˜ǰȱ™›˜“ŽŒŽ–ǰȱ™˜›ȱ
representação social, um estado de satisfação. Ou seja, o êxito ou sucesso anda associado, por intermédio de factores axiológico-­‐‑representativos, ¥ȱœŠ’œŠ³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
¤ȱ™Š›Šȱ˜œŽȱŽȱŠ›ŸŠ•‘˜ȱǻŘŖŖŖDZȱŝŗǼǰȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽęŒ’Ž—Žǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱ
de outros atributos, reconhece-­‐‑se pelo seu sucesso no plano da relação pedagógica, isto é, temos o êxito, num contexto pedagógico-­‐‑relacional, Žȱ–¨˜œȱŠŠœȱŒ˜–ȱŠȱŽęŒ’¹—Œ’Šȱ˜ŒŽ—Žǯ
Poderemos também equacionar o êxito, bem como o fracasso, pela à™’ŒŠȱŽȱž–ŠȱŠ’žŽȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ™Š›ŠȱŒ˜–ȱŠȱœžŠȱ™›˜ęœœ¨˜ǯȱŠȱ›ŽŠ•’-­‐‑
dade, segundo refere Ph. Perrenoud (1993: 199), “uma parte dos profes-­‐‑
œ˜›ŽœȱŒ˜—œ’Ž›ŠȱŠȱœžŠȱ™›˜ęœœ¨˜ȱž–ȱŠ—‘ŠȬ™¨˜ǰȱž–ŠȱŠ›ŽŠȱŽȱ›˜’—Šǯȱœȱ
seus interesses são outros! A sua principal preocupação não é atingir os objectivos pedagógicos, nem lutar contra o insucesso escolar, mas sim ˜ȱŽȱœŽȱŽœ˜›³Š›Ž–ȱŠ™Ž—Šœȱ˜ȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›ŠȱšžŽȱŠȱ’—œ’ž’³¨˜ȱ˜œȱŽ’¡Žȱ
Ž–ȱ™Š£Ȅǯȱ’›Ž–˜œȱšžŽȱŽœŽȱ’™˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽžȱŠœȱ–¨˜œȱŠ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ǰȱ
Š‹Š—˜—Š›Š–ȱ Šȱ ȃ•žŠȄǰȱ ŠŒ˜–˜Š›Š–ȬœŽȱ Š˜ȱ —¨˜Ȭ¹¡’˜ȱ Žȱ Š˜ȱ ™ŠŒ’ęœ–˜ȱ
inconsequente.
1ȱœžŽœ’ŸŠȱŠȱŠ•žœ¨˜ȱŽȱǯȱ
Š››ŽŠŸŽœȱǻŗşşŞDZȱřŚǼȱ¥ȱŽ’˜•˜’Šȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ
e do fracasso dos professores com base na distinção entre o “Eu” não constrangido e inovador e o “Mim” dirigido para os outros e socialmente regulado, diferença que aproveita de Herbret Mead. De facto, partindo dessa distinção, Hargreaves considera que “alguns professores foram bem sucedidos na manutenção do seu Eu e alguns encontraram mesmo Š–‹’Ž—ŽœȱŽ¡ŒŽ™Œ’˜—Š’œȱ—˜œȱšžŠ’œȱœŽȱ™âŽȱ̘›ŽœŒŽ›ǯȱž’˜œȱ’ŸŽ›Š–ȱŽȱ
›ŽŸŽ›ȱ˜œȱœŽžœȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱ—ž–ȱœŽ—’˜ȱ–Ž—˜œȱŠ–‹’-­‐‑
Œ’˜œ˜ǰȱŠȱę–ȱŽȱœŽȱŠŠ™Š›Ž–ȱŒ˜–ȱ›ŽŠ•’œ–˜ȱ¥œȱ˜™˜›ž—’ŠŽœȱ•’–’ŠŠœȱ
oferecidas pelas suas escolas”. E, acrescenta o Autor (ibidem), “por volta Šȱ ŠœŽȱ ’—Ž›–·’Šȱ ˜žȱ ꗊ•ȱ Šȱ œžŠȱ ŒŠ››Ž’›Šǰȱ –ž’˜œȱ ˜ž›˜œȱ Žœ’œ’›Š–ȱ
™ž›ŠȱŽȱœ’–™•Žœ–Ž—ŽȱŽȱ˜‹Ž›ȱŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱ—˜ȱ•˜ŒŠ•ȱŽȱ›Š‹Š•‘˜ȱ
38
Francisco Cordeiro Alves
Žȱ˜›—Š›Š–ȬœŽȱŒÇ—’Œ˜œȱŽȱŽœŽ—ŒŠ—Š˜œǰȱ›Žœ’œ’—˜ȱ¥ȱ–žŠ—³Šȱ—ŠȱœŠ•ŠȱŽȱ
professores e baixando os seus níveis de empenhamento e de desempe-­‐‑
—‘˜ȱ—ŠȱœŠ•ŠȱŽȱŠž•ŠȄǯȱȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š³¨˜ȱŠ•Šȱ™˜›ȱœ’ǰȱŽ’¡Š—˜ȱ˜ȱž˜›ȱ
bastante notório que o sentimento de fracasso acompanhará de perto a •’—‘Šȱ˜ȱŽœ’—ŸŽœ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
Em boa verdade, e na esteira do pensamento straussiano, o profes-­‐‑
sor, que de si mesmo não terá um conhecimento total, move-­‐‑se numa Ž—Œ›ž£’•‘ŠŠȱ˜—ŽȱŠŒ˜—ŽŒŽ–ȱ›ŽŠ•’ŠŽœǰȱŽ—›ŽȱŽ•Šœȱ¹¡’˜œȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜œǯȱ
ȱŽœŠȱŽ—Œ›ž£’•‘ŠŠȱ·ȱ’—Žœ–Ž—’ŸŽ•–Ž—ŽȱœŽ—’Šǯ
ŠœœŠ›Ž–˜œȱŽȱ’–Ž’Š˜ȱ¥ȱœŽž—ŠȱŠœȱŸŽ›Ž—ŽœȱŽà›’ŒŠœǰȱŒŽ—›ŠŠȱ
nos relatos de vida.
2. Um pouco sobre as histórias ou relatos de vida
As memórias autobiográficas são as nossas recordações das circunstâncias e episódios das nossas próprias vidas.
Robert S. Feldman (2001: 240)
Šȱ˜™’—’¨˜ȱŽȱ•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ȱǻŗşŞřŠDZȱŗŘŖǼǰȱŠȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱ‹’˜›¤ęŒŠȱ
™Š›ŽŒŽȱœŽ›ȱž–ŠȱŽ—Š’ŸŠȱ™Š›ŠȱœŽȱœ’žŠ›ȱȃ—ŠȱŽ—Œ›ž£’•‘ŠŠȱŠȱ™Žœœ˜ŠȱŽȱ
da sociedade que é a vida de todos os dias”. Efectivamente, esclarece a A. (ibidemǼǰȱŠœȱ’¹—Œ’Šœȱ
ž–Š—Šœȱ—¨˜ȱ™Š›ŽŒŽ–ȱ™˜Ž›ȱ˜Œž•Š›ȱ™˜›ȱ–Š’œȱ
tempo a vida quotidiana, essa vida familiar que vemos surgir sob todas Šœȱ˜›–Šœȱ—Šȱ™›˜•’Ž›Š³¨˜ȱ˜ȱ·—Ž›˜ȱŠž˜‹’˜›¤ęŒ˜ǰȱŽœŽȱŠȱ•’Ž›Šž›Šȱ˜ȱ
ŽœŽ–ž—‘˜ȱ¥ȱ›Ž—˜ŸŠ³¨˜ȱ˜ȱ’—Ž›ŽœœŽȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱŠ˜œȱ˜Œž–Ž—˜œȱ™Žœœ˜-­‐‑
Š’œǯȱŠȱŸŽ›ŠŽǰȱŠœœ’œ’–˜œȱŠ˜ȱŽ—à–Ž—˜ȱŽȱŠ£Ž›ȱŠ•Š›ȱȃos silenciosos da história”, assistimos a um regresso ao “vivido”. Em suma, “a abordagem ‹’˜›¤ęŒŠȱŒ˜—œ’œ’›’Šȱ—Šȱ›Ž’—Ž›Š³¨˜ȱ˜ȱŸ’Ÿ’˜ȱŽȱŠȱ™›Š¡’œȱ—Šȱšž˜’’Š-­‐‑
neidade (...) sustentada pela trajectória individual e pelo que se poderia chamar uma lógica social” (ibidem). ¤ȱŠ—Žœȱ˜ȱ›Ž•Š˜ȱ‹’˜›¤ęŒ˜ȱ˜›ŠȱŸ’œ˜ȱŒ˜–˜ȱž–ȱȃ•žŠ›ȱŠȱ™Š•ŠŸ›ŠȄǰȱ
situando-­‐‑se na aproximação ao Outro (Lapeyre, M., 1981: 44), ao mesmo Ž–™˜ȱšžŽȱ–Ž’˜ȱŸ’Š‹’•’£Š˜›ȱŽȱž–ŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱȃŽ–ȱŽœ™Ž•‘˜ȄǯȱŠȱŸŽ›Š-­‐‑
Žǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱŠȱŸ’Šȱšž˜’’Š—Šȱ·ȱŸ’Ÿ’Šȱ’Ž›Ž—Ž–Ž—ŽȱœŽž—˜ȱŠœȱ
idades e as personalidades, o relato de vida é um verdadeiro espelho do sujeitoȱŽ—šžŠ—˜ȱŠŒ˜›ǰȱœŽ›ȱœ˜Œ’Š•ȱŽȱœŽ›ȱŒ˜–ž—’ŒŠ’Ÿ˜ȱǻ•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ǰȱ
idem: 133).
Admitindo uma distinção conceptual entre ‹’˜›ŠęŠ e Šž˜‹’˜›ŠęŠ, ™˜Ž›Ž–˜œȱœžœŽ—Š›ȱšžŽȱ˜ȱ’—’ŸÇž˜ǰȱŠ›ŠŸ·œȱ˜œȱ›Ž•Š˜œȱǻŠž˜Ǽ‹’˜›¤ę-­‐‑
cos redescobre o lado agradável de falar de si e explorarǰȱœŽ–ȱŠ™›ŽŽ—œäŽœǰȱ
mais um passadoȱ›ŽŒ˜—œ’žÇ˜ȱꎕ–Ž—Žȱ˜ȱšžŽȱž–ȱžž›˜ȱ’—ŒŽ›˜ǯȱ˜Žȱ
–Žœ–˜ȱ ’£Ž›ȬœŽȱ šžŽȱ ˜ȱ ‘˜–Ž–ȱ ˜Œ’Ž—Š•ȱ ˜ȱ œ·Œǯȱ ǰȱ šžŽȱ œŽȱ ™›ŽŽ—Žȱ
voltado para um futuro, o homem do computador, o homo oeconomicus A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
39
et politicusǰȱ Žœ¤ȱ Šȱ Š£Ž›ȱ ž–ȱ Ž•’Œ’˜œ˜ȱ ›Ž›Žœœ˜ȱ ¥ȱ ’—›˜œ™ŽŒ³¨˜ȱ Žȱ ™Š›Žǰȱ
Œ˜–ȱ™Š’¡¨˜ǰȱ¥ȱŽœŒ˜‹Ž›ŠȱŠœȱœžŠœȱraízesȱǻ•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ǰȱidem: 130).
Se procurarmos situar a origem remoto-­‐‑histórica dos relatos ou histó-­‐‑
rias de vida, poderemos evocar, segundo a mesma Autora (1983: 103), o precedente mais ilustre do autotestemunho, o De Bello Gallico de Júlio ·œŠ›ǰȱŠ£Ž—˜ȱ’žŠ•–Ž—Žȱ–Ž—³¨˜ȱŠœȱ˜—ęœœäŽœ de S.to Agostinho e dos relatos de viagens de Marco Pólo. Porém, procurar os pais fundadores dos relatos de vida implicaria ter em conta a polivalência do género ‹’˜›¤ęŒ˜ǰȱšžŽǰȱŠȱ™Š›’›ȱŠȱ˜‹›ŠȱVidas Paralelas de Plutarco, se desenvol-­‐‑
veu, no contexto histórico-­‐‑literário europeu, segundo diferentes formas.
ž–Šȱ ·™˜ŒŠȱ Œ˜—Ž–™˜›¦—ŽŠǰȱ ™˜›ȱ œžŠȱ ŸŽ£ǰȱ ·ȱ ™˜œœÇŸŽ•ȱ ŽŽŒŠ›ȱ ›¹œȱ
grandes impulsos para a produção sistemática de relatos de vida, en-­‐‑
quanto método de pesquisa, nomeadamente: a Auto-­‐‑análise de Freud, a Escola de Chicago e a Tradição Antropológicaȱǻ•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ǰȱŗşŞřDZȱŗŖśȬ
109). M. Huberman (1989: 9-­‐‑10) considera como fontes constitutivas da Ž•ŠȱŽȱž—˜ȱ˜ȱŽœž˜ȱ‹’˜›¤ęŒ˜ȱŽ–ȱŽ›Š•ȱŽȱ˜ȱŽœž˜ȱ‹’˜›¤ęŒ˜ȱ˜ȱ
ensino em particular: – A literatura psicodinâmica (Freud, Murray, Allport, Erikson, White, Š’••Š—ȱŽȱŽŸ’—œ˜—ǼDz
– a Literatura SociológicaȱȬȱœŒ˜•ŠȱŽȱ‘’ŒŠ˜ȱǻŠ›”ǰȱŽŠǰȱ˜˜•Ž¢ǰȱ
‘˜–Šœǰȱ•ž–Ž›ǼDz
– os Estudos da Série “Life-­‐‑span Developmental Psychology”, a partir dos anos 70.
˜Ž›ȬœŽȬ’ŠȱœžœŽ—Š›ȱšžŽȱž–ȱ˜œȱŽ•Ž–Ž—˜œȱž—’ęŒŠ˜›ŽœȱŽȱ™›ŽœŽ—Žœȱ
—Šœȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱ’–™ž•œ’˜—Š˜›Šœȱ˜ȱžœ˜ȱ˜ȱ›Ž•Š˜ȱ‹’˜›¤ęŒ˜ȱ˜žȱ‘’œà›’Šȱ
de vida reside no facto de este constituir, antes de mais, uma “linguagem, ...um dizer e, como toda a linguagem, pintura de uma realidade. Por outras ™Š•ŠŸ›Šœǰȱ˜œȱ›Ž•Š˜œȱ‹’˜›¤ęŒ˜œȱŒ˜—œ’œ’›’Š–ȱ—ž–Šȱreconstrução (Diamond, ǯǰȱŗşşŗDZȱşřǼȱšžŽȱŽ—Ÿ˜•ŸŽȱž–ŠȱŒ˜—œŒ’Ž—ŽȱŽȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱŽ•Š‹˜›Š³¨˜ȱŽȱ›Š—Žȱ
™Š›ŽȱŠȱŸ’Šȱ˜ȱŠž˜›ǰȱ’—Œ•ž’—˜ȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœȱ™Žœœ˜Š’œȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱ
ao mesmo tempo que fornece uma interpretação dos episódios vitais e da relação que o autor tem com eles. ŠȱŽœŽ›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŽ–ȱŽœ™ŽŒ’Š•ǰȱŠȱ‹’˜›ŠęŠȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ™Š›Šȱ
Š•·–ȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱŒ˜–ž—’ŒŠ’ŸŠȱŽȱŠȱŒ˜—ŒŽ™žŠ•’£Š³¨˜ȱ˜ȱœŽžȱ–ž—˜ǰȱ
›ŽŸŽ•Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠ–Ž—Žȱ˜ȱœŽžȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱsocialização, isto é, aquilo que ˜œȱ’—ĚžŽ—Œ’˜žȱŽȱŠšž’•˜ȱšžŽȱŽ•Žœȱ˜›Š–ȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ’—ĚžŽ—Œ’Š›ȱǻžœ›ŠŸŽǰȱ
P.,1984: 207). Efectivamente, enquanto desenvolvem “histórias de vida”, os professores podem ser envolvidos num trabalho que iluminará e ŠŸŠ•’Š›¤ȱŠœȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱŒ˜–™›ŽŽ—œ¨˜ȱŠœȱœžŠœȱŸ’Šœȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱ’›¤ȱ
I. Goodson (1988: 114).
Nóvoa (1988: 14-­‐‑15) crê que o “paradoxo epistemológico fundamental ˜ȱ–·˜˜ȱ‹’˜›¤ęŒ˜ȄȱŒ˜—œ’œŽȱ—Šȱunião do mais pessoal com o mais uni-­‐‑
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Francisco Cordeiro Alves
versalǰȱŒ˜—œ›žŒ˜ȱšžŽȱ’–™ž•œ’˜—˜žȱȃŠȱž’•’£Š³¨˜ȱ›ŽŒŽ—ŽȱŠœȱabordagens ǻŠž˜Ǽ‹’˜›¤ęŒŠœǯǯǯǰȱ—˜ȱšžŠ›˜ȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ—Šȱ¤›ŽŠȱŠœȱ’¹—Œ’Šœȱ˜Œ’Š’œȱ
e Humanas, num esforço de produção de um outro conhecimento sobre o homem social e sobre o seu comportamento”. A este propósito, é sig-­‐‑
—’ęŒŠ’ŸŠȱŠȱ›ŽŽ›¹—Œ’ŠȱšžŽȱàŸ˜ŠȱœŠ•’Ž—ŠȱŽȱǯȱŽ››Š›˜Ĵ’DZ
O homem é o universal singular.
Se nós somos, se todo o indivíduo é, a reapropriação singular do universal social e histórico que o rodeia, então podemos conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma praxis individual
(Ferrarotti, F.,1988, pp. 26-­‐‑27, cit. por A. Nóvoa, 1988: 15)
Ž—˜ȱ Šœœ’–ǰȱ —˜ȱ ™Ž—œŠ–Ž—˜ȱ Žȱ ˜Œ‘˜—ȱ ǻŗşşŘDZȱ ŗŖŖǼǰȱ Šȱ ™Žœšž’œŠȱ
—Š››Š’Ÿ˜Ȭ‹’˜›¤ęŒŠȱ’–™•’ŒŠȱž–Šȱ›Ž›˜ŠŒ³¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱ‘’œà›’Šȱ˜ȱœž“Ž’˜ǰȱ
convida ao feed-­‐‑back, ela é fortemente uma “história a dois”, uma cola-­‐‑
boração de pesquisa em pensamento sobre o vivido.
ȱ Š‹˜›ŠŽ–ȱ ‹’˜›¤ęŒŠȱ Ž–ȱ ŽžŒŠ³¨˜ȱ ›Ž™›ŽœŽ—Šȱ ȃž–Šȱ ŽœŒ˜•‘Šȱ
epistemológica, ao mesmo tempo que uma aposta metodológica” (Do-­‐‑
–’—’Œ·ǰȱǯǰȱŗşŞŚDZȱŝŞǼǰȱ™˜’œȱŠȱ’—Ž—³¨˜ȱšžŽȱ™›Žœ’Žȱ¥ȱž’•’£Š³¨˜ȱŠȱ‹’˜›ŠęŠȱ
educativa não reside nem no facto de ela constituir uma simples técnica de investigação, nem em ser considerada uma técnica de animação, mas reside sim na sua adequação, enquanto abordagem metodológica, ao objecto que nos propomos pesquisar. Realmente, “numa época que redescobre o valor do quotidiano, do local, do singular, não nos espanta que a história de vida exerça um poder de fascinação sobre todos aqueles šžŽȱŠȱž’•’£Š–Ȅǯ
Dirá P. Diamond (1991: 91) que a característica essencial em cada uma das nossas histórias individuais é o self e ele é mais do que uma Œ˜•ŽŒ³¨˜ȱŠ•ŽŠà›’ŠȱŽȱŠ˜œȱŠž˜‹’˜›¤ęŒ˜œǰȱ—Šȱ–Ž’ŠȱŽ–ȱšžŽȱŽ•Žȱ·ȱ˜ȱ
que nós próprios acreditamos ser, “a história de nós que a nós próprios —˜œȱŒ˜—Š–˜œȄǰȱŠȱȃœ’—’ęŒŠ³¨˜ȱœž™Ž›˜›Ž—ŠŠȱ˜žȱ—žŒ•ŽŠ›ȄȱšžŽȱ•’Š–˜œȱ
¥œȱ—˜œœŠœȱŸ’Šœǯȱ
ž‹Ž›–Š—ȱǻŗşşŘDZȱŗśŞDzȱŗşŞşDZȱřśǼȱŠ£ȱ›ŽœœŠ•Š›ȱšžŽȱ˜œȱŠ˜œȱ™›˜ŒŽŽ–ȱ
das proposições dos indivíduos sobre os factos e não dos factos em si, que o objecto da sua análise se situa ao nível das percepções e representações ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱœ˜‹›Žȱ˜ȱŒ’Œ•˜ȱŽȱŸ’Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ˜ŠŸ’ŠǰȱŠŒ›ŽœŒŽ—Šȱ
(ibidemǼǰȱŠœȱ’—ŸŽœ’Š³äŽœȱœ˜‹›ŽȱŠȱꊋ’•’ŠŽȱ˜œȱ›Ž•Š˜œȱ‹’˜›¤ęŒ˜œȱ˜›—Ž-­‐‑
cidos com intervalos de alguns meses, ou mesmo 2-­‐‑3 anos, são bastante optimistas, e, se aceitamos a importância de um relato na primeira pessoa, devem igualmente assumir-­‐‑se as contingências dele decorrentes. Ora uma dessas contingências situa-­‐‑se a nível do funcionamento da memória, que, Ž–ȱŸŽ£ȱŽȱ›Ž™›˜ž˜›Šǰȱ·ȱ–Š’œȱŒ›’Š˜›Šǰȱ–Š’œȱž–Šȱ›Ž’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱ˜ȱ
šžŽȱž–ȱ›Ž•Š˜ǯȱ˜–˜ȱž•›Š™ŠœœŠ›ȱŠ•ȱ’ęŒž•ŠŽǵȱ
ž‹Ž›–Š—ȱǻŗşşŘDZȱśşǼȱ
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
41
™›˜™äŽȱšžŽȱȃ˜ȱšžŽȱ‘¤ȱŽȱ–Š’œȱœ’–™•ŽœȱŠȱŠ£Ž›ȱ·ȱŽœŠ›ȱŒ˜—œŒ’Ž—ŽȱŽœŽœȱ
limites, assinalá-­‐‑los no início do trabalho, tal como nas análises em causa, e, de modo geral, trabalhar o mais objectivamente possível com dados, que são, para o melhor e para o pior, o fruto de uma subjectividade rica e complexa”.
ŽŒ˜››Ž›ȱ¥ȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱ‹’˜›¤ęŒŠȱœž™äŽȱ›Žœ˜•Ÿ’Šȱž–ŠȱšžŽœ¨˜ȱ™›·Ÿ’ŠDZȱ
ŠȱšžŽȱꗊ•’ŠŽȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱŒ˜››Žœ™˜—ŽȱŠȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱž–ŠȱǻŠž˜Ǽ‹’˜-­‐‑
›ŠęŠǵȱ–ŠȱŠ•ȱŽę—’³¨˜ȱ™›·Ÿ’ŠȱŠȱꗊ•’ŠŽȱŠȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱ‹’˜›¤ęŒŠǰȱ
levanta o problema do seu autêntico valor, que, na visão de Ph. Malrieu (1981: 34), radica na aptidão, ignorada por outros métodos investigativos Šœȱ’¹—Œ’Šœȱ
ž–Š—Šœǰȱ™Š›ŠȱœŽȱŒ˜•˜ŒŠ›ȱŠ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱŠȱšžŽœ¨˜ȱž—Š–Ž—Š•DZȱ
“não quem sou eu?, mas quem posso eu vir a ser?”, isto é, o seu valor reside na prerrogativa de ser um método verdadeiramente genético e histórico.
L. Valli (1993: 117) conclui que as histórias de vida sobre professores principiantes são importantes para que os formadores de professores desenvolvam relevantes e auxiliares programas de estudos em ordem ¥ȱ™›Ž™Š›Š³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŠšžŽ•ŽœǰȱŽ–ȱ˜–Ç—’˜œȱŒ˜–˜DZȱŽœ¨˜ȱŠȱŠž•Šǰȱ
™•Š—’ęŒŠ³¨˜ǰȱ›Ž•Š³äŽœȱŒ˜–ȱȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŽœ›Š·’Šœȱ’—œ›ž’ŸŠœȱšžŽȱŒ˜—ž-­‐‑
£Š–ȱŠ˜ȱ¹¡’˜ȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯ
Se nos detivermos, particularmente, sobre o mundo do desenvolvimento dos professores, as suas histórias de vida ganham especial importância, na medida em que o ingrediente principal que vem faltando para a com-­‐‑
preensão daquele, na opinião de Goodson (1992: 69), é precisamente a voz do professor, quando se tem dado tanta ênfase ao professor enquanto “prático”. Š›Šȱ ›Ž–ŠŠ›ȱ Š’œȱ Œ˜—œ’Ž›Š³äŽœȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ’–™˜›Š—Žȱ šžŽȱ ·ǰȱ ™Š›Šȱ Šȱ
investigação e formação, ouvir a voz dos professores, não queremos deixar ŽȱŽŸ˜ŒŠ›ȱŠœȱ™Š•ŠŸ›ŠœȱŽȱǯȱ˜Œ‘˜—ȱǻŗşşŘDZȱŗŖŖǼǰȱšžŠ—˜ȱ›ŽŽ›ŽȱšžŽȱŠȱ‘’œ-­‐‑
à›’ŠȱŽȱŸ’Šǰȱ—Šȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ‹’˜›¤ęŒŠǰȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’ŠȱœŽž—˜ȱ
uma orientação pessoal ou segundo uma orientação social crítica, mas, Ž–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱŒŠœ˜œǰȱ˜ȱę–ȱ·ȱŠ›ȱŠȱ™Š•ŠŸ›ŠȱŠ˜œȱ™›¤’Œ˜œǰȱdar voz ao seu pensamento. A este propósito destaquem-­‐‑se as palavras de A. Bolívar et al. (2001: 36), que explicitamente relevam a dimensão social, pois “se ›ŽŠ•–Ž—Žȱ˜œȱ›Ž•Š˜œȱŽȱŸ’ŠȱœŽ–™›ŽȱŠ£Ž–ȱ›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ¥ȱœ’—ž•Š›’ŠŽȱ
de uma vida, não têm que ser individualistas. De facto, aparece como ›ŽŽ›Ž—Žȱ˜˜ȱž–ȱ›ž™˜ȱœ˜Œ’Š•ȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱšžŽǰȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱŽ–™˜ǰȱ
foi entretecendo e incidindo nessa vida”.
ǰȱŽ™˜’œȱŠȱŠ‹›ŽŸ’ŠŠȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š³¨˜ȱŽà›’ŒŠǰȱŽ’¡Ž–˜œȱšžŽȱŠȱ˜£ȱ
dos professores seja ouvida.
42
Francisco Cordeiro Alves
II. Pesquisa Empírica
O presente estudo insere-­‐‑se numa linha de investigação qualitativa, socorrendo-­‐‑se de dados obtidos a partir de relatos de vida, por sinal de —Šž›Ž£Šȱ™˜œ’’ŸŠȱŽȱ—ŽŠ’ŸŠǰȱŽ–ȱŒ˜—˜›–’ŠŽȱŒ˜–ȱ˜ȱ™˜›ȱ—àœȱœ˜•’Œ’Š˜ǯ
–™äŽȬœŽǰȱ™˜›ȱ’œœ˜ǰȱšžŽȱŽę—Š–˜œȱ˜œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ–Ž˜˜•˜’Šȱ˜ȱ
trabalho, para, de seguida, apresentarmos, analisarmos e interpretarmos os dados conseguidos:
1. Objectivos do estudo
Pretendemos, em síntese, com este breve trabalho de campo:
ŠǼȱŽœŒžŠ›ȱŠȱŸ˜£ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœDz
‹ǼȱŒ˜’ęŒŠ›ȱ ˜œȱ œŽžœȱ ȃŽœŠ‹Š˜œȄȱ ™Š›Šȱ –Ž•‘˜›ȱ Œ˜–™›ŽŽ—Ž›–˜œȱ ˜œȱ
œŽžœȱ–˜’Ÿ˜œȱŽȱ¹¡’˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜Dz
c) comparar o êxito e o fracasso docente, cingindo-­‐‑nos ao testemunho ‹’˜›¤ęŒ˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ›Žœ™˜—Ž—ŽœDz
d) testar, objectivamente, os pontos-­‐‑chave dessas duas realidades dos professores em análise.
2. Os sujeitos do estudo
É interessante ouvir os professores aquando, por exemplo, de uma acção de formação, ou nos debates após uma conferência ou encontro. De ŠŒ˜ǰȱŽ–Ž›Ž–ȱŠÇȱŸ¤›’˜œȱ’—’ŒŠ˜›Žœǰȱ™˜›ȱŸŽ£Žœȱ’œœ˜—Š—Žœǰȱ–ŠœȱŽ–ȱšžŽȱ
um ponto parece consensual: “a nós, professores, ninguém nos ouve”, “o ME não ouve os nossos pontos de vista”, “os teóricos nada sabem da nossa vida, pois não ouvem os práticos no terreno”, etc., etc., etc. ˜—ž˜ǰȱ’ŸŽ–˜œȱ—ŽœŽȱ›Š‹Š•‘˜ȱž–ŠȱŽ¡ŒŽ•Ž—Žȱ˜ŒŠœ’¨˜ȱŽȱ™›˜™˜›-­‐‑
cionar aos professores, que admiramos como colegas do mesmo ofício, um veículo de expressão dos seus problemas, angústias, mal-­‐‑estar, bem como das suas alegrias, bem-­‐‑estar e sonho! Resultado? Vejamos:
˜—ŠŒ¤–˜œǰȱŽ–ȱ˜ŸŽ–‹›˜ȱŽȱŘŖŖŖǰȱŸ’Šȱ˜—œŽ•‘˜œȱ¡ŽŒž’Ÿ˜œǰȱŠœȱ
śȱ›Š—ŽœȱǻǃȱŞŖȱ™›˜Žœœ˜›ŽœǼȱœŒ˜•ŠœȱŽŒž—¤›’ŠœƸřȱ˜ȱ’œ›’˜ȱŽȱ›Š-­‐‑
Š—³ŠDZȱřȱŠȱŒ’ŠŽȱŽȱ›ŠŠ—³ŠǰȱŗȱŠȱŒ’ŠŽȱŠŒŽ˜ȱŽȱŠŸŠ•Ž’›˜œȱŽȱŗȱ
da cidade de Mirandela, todas, então, com um total de 596 professores. O convite dirigido aos professores ia no sentido de poderem, voluntaria-­‐‑
mente, escreverem dois relatos, breves, um sobre o seu maior sucesso e ˜ž›˜ǰȱœ˜‹›Žȱ˜ȱœŽžȱ–Š’˜›ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǯȱžŠ—˜œȱ›Žœ™˜—Ž›Š–ǰȱ
até 18.12.2000? Apenas 9!
¨˜ȱ·ȱ—˜œœ˜ȱ’—Ž—˜ȱ“žœ’ęŒŠ›ȱŠȱŠžœ¹—Œ’ŠȱŽȱž–Šȱ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱŽ•Ž-­‐‑
vada de respostas, pois seriam os destinatários os que melhor saberiam Š›ž–Ž—Š›Dzȱ˜ŠŸ’Šǰȱ˜–˜œȱouvindoȱ˜œȱ˜—œŽ•‘˜œȱ¡ŽŒž’Ÿ˜œȱšžŽȱ˜œȱ
professores “não gostam de escrever coisas da sua esfera pessoal”, “mais ˜œŠ–ȱŽȱšžŽœ’˜—¤›’˜œȱŽȱŒ›ž£’—‘ŠȄǰȱȃŽœ¨˜ȱ™˜žŒ˜ȱ‘Š‹’žŠ˜œȱŠ˜ȱŽœ’•˜ȱ
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
43
‹’˜›¤ęŒ˜ȄǰȱȃœŽ—’–˜œȱ–ž’˜ǰȱ–ŠœȱŽ•ŽœȱŽœšžŽŒŽ–ȬœŽȄǰȱȃ—¨˜ȱ‘¤ȱ–Š—Ž’›ŠȱŽȱ
os professores colaborarem nestas coisas”, etc., etc.. Por estes ou outros motivos, o grupo de respondentes, ou amostra resultante de voluntariado, é limitado a 9 elementos. Daí, e também porque se trata de um estudo qualitativo que aposta na profundidade e não na extensão de dados, os resultados obtidos dirão, estritamente, respeito apenas a este grupo, sem šžŠ’œšžŽ›ȱ™›ŽŽ—œäŽœȱŽȱŽ—Ž›Š•’£Š³¨˜ǯȱŽȱŠ•ž–Šȱ’—Ž›¹—Œ’Šȱ–Š’œȱŸŠœŠȱ
™žŽ›ȱœŽ›ȱŽ’ŠǰȱœŽ›¤ȱŠ™Ž—ŠœȱŸ’Š‹’•’£ŠŠȱ™Ž•ŠȱŠ—Š•˜’ŠȱŽȱœ’žŠ³äŽœǰȱ˜žȱ
™Ž•Šȱ‘˜–˜•˜’Šȱ˜ȱ™Š›’Œž•Š›ȱž—’ŸŽ›œŠ•ȱŽȱšžŽȱŠ•ŠȱŽ››Š›˜Ĵ’ǰȱ–Šœȱ—ž—ŒŠȱ
pela representatividade de um discurso de 9 docentes pertencentes a uma população de 596 professores. žŽ–ȱœ¨˜ȱŠ’œȱŸ˜•ž—¤›’˜œǵȱ˜–˜ȱ·ȱ’–™˜œ’’Ÿ˜ȱž–ȱœ’’•˜ȱ’—ŸŽœ’Š-­‐‑
Œ’˜—Š•ǰȱ—˜ȱŽŒž›œ˜ȱ˜ȱŽœž˜ȱœŽ›¨˜ȱŠ’œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ’Ž—’ęŒŠ˜œȱ™Ž•˜œȱ
códigos P1 ... até P9, seja para os dados relativos ao Sucesso, seja para os referentes ao Fracasso. Sob esse anonimato, fomos reunindo elementos que julgámos pertinentes para constituirmos a tipologia deste grupo de voluntários.
œœ’–ǰȱŒ˜—œ›žÇ–˜œȱŠȱŠ‹Ž•ŠȱǰȱŠȱ™Š›’›ȱŠȱšžŠ•ȱ·ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱŸŽ›’ęŒŠ›ȱŠȱ
œžŠǰȱŠ’—ŠȱšžŽȱ‹›ŽŸŽǰȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š³¨˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱŽȱ–Žœ–˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
˜–˜ȱ·ȱ—˜à›’˜ǰȱ›Žœ™˜—Ž›Š–ȱŜȱ™Žœœ˜Šœȱ˜ȱsexo feminino e 3 do sexo masculino, com idades distribuídas pelas classes de 21-­‐‑30 a 51-­‐‑60 anos, apresentando uma Amplitude de 34 anos de serviço (1 a 35), facto que aponta para uma relativa heterogeneidade de percursos, mas situando-­‐‑
-­‐‑se a média dos anos de carreira em 9.44, o que nos indicia tratar-­‐‑se de um conjunto de professores bastante jovens.
A œ’žŠ³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŠ–‹·–ȱ·ȱ›Ž™›ŽœŽ—Š’ŸŠȱŽȱ™˜œ’³äŽœȱ’œ’—Šœȱ
—Šȱ ŠœŒŽ—œ¨˜ȱ ™Žœœ˜Š•ȱ —Šȱ ŒŠ››Ž’›Šǰȱ ŸŽ›’ęŒŠ—˜ȬœŽȱ šžŽȱ śȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ œ¨˜ȱ
›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱžŠ›˜ȱŽȱ˜–ŽŠ³¨˜ȱŽę—’’ŸŠǰȱȱŗȱ™›˜Žœœ˜›ȱœŽȱŽ—Œ˜—›Šȱ
colocado como Professor do Quadro de Nomeação Provisória, 2 pro-­‐‑
Žœœ˜›Žœȱœ¨˜ȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ›˜ęœœ’˜—Š•’£Š˜œȱ˜—›ŠŠ˜œȱŽȱ˜ž›˜œȱŘǰȱœ¨˜ȱ
ainda Professores Estagiários.
Quanto ao Grupo disciplinar a que pertencem, 1 professor não o indi-­‐‑
cou, e, dos restantes, 3 pertencem ao 11.º Grupo B, (Biologia e Geologia), e 5 distribuem-­‐‑se individualmente pelos Grupos disciplinares: 5.º (Artes ’œžŠ’œǼǰȱŗŖǯķȱȱǻ
’œà›’ŠǼǰȱŗŗǯķȱȱǻŽ˜›ŠęŠǼǰȱşǯķȱǻ—•¹œȦ•Ž–¨˜ǼȱŽȱŚǯķȱ
B (Química-­‐‑Física).
44
Francisco Cordeiro Alves
Š‹Ž•ŠȱȱȮȱOs professores respondentes e sua caracterização bio-­‐‑profissional
Siglas:
P. Q. N. D. = Professor do Quadro de Nomeação Definitiva
P. Q. N. P. = Professor do Quadro de Nomeação Provisória
P. P. C. = Professor Profissionalizado Contratado
P. E. = Professor(a) Estagiário(a)
3. Metodologia de Pesquisa
řǯŗǯȱ—œ›ž–Ž—˜ȱŽȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱŠ˜œ
Basicamente, procurámos obter dos professores “Relatos de Vida” sobre o maior êxito e o maior fracassoȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǯȱŠ›ŠȱŠŒ’•’Š›ȱ˜ȱ›Ž’œ˜ȱ
ŽȱŠ’œȱŽ™˜’–Ž—˜œȱ‹’˜›¤ęŒ˜œǰȱŒ˜—œ›žÇ–˜œȱž–ȱconviteǰȱŒ˜—Œ›Ž’£Š˜ȱ
—ž–ŠȱŒŠ›ŠǰȱŽ–ȱžŠœȱ™¤’—ŠœǰȱŽ¡™˜—˜ȱŠœȱ›Š£äŽœȱ˜ȱŸŠ•’˜œ˜ȱŒ˜—›’‹ž˜ȱ
de cada professor para o “›˜“ŽŒ˜DZȱȱ˜£ȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ—Šȱ›’–Ž’›Šȱ
Pessoa”, conviteȱ šžŽȱ ę£Ž–˜œȱ Œ‘ŽŠ›ȱ Š˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ ™Ž•Šȱ œ˜•’Œ’ŠŠȱ Žȱ
™›˜—ŠȱŒ˜•Š‹˜›Š³¨˜ȱ˜œȱ˜—œŽ•‘˜œȱ¡ŽŒž’Ÿ˜œǯȱǰȱŠ›ŠŸ·œȱ˜œȱ–Žœ–˜œǰȱ
pudemos receber as respostas emitidas pelos seus docentes. ˜›ȱ˜ž›˜ȱ•Š˜ǰȱŒ˜–ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱŽȱ˜‹Ž›ȱŠ•ž—œȱŠ˜œȱ‹’˜Ȭ™›˜ęœœ’˜-­‐‑
nais dos respondentes, nessa mesma carta-­‐‑convite foram pedidos alguns Ž•Ž–Ž—˜œȱŽȱ—Šž›Ž£Šȱ™Žœœ˜Š•ǰȱŒ˜–˜DZȱSexo, Idade, Anos de serviço docente, ’žŠ³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱȱ›ž™˜ȱ’œŒ’™•’—Š›.
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
45
3.2. Tratamento de dados
Foi nossa preocupação, após a obtenção dos dados, submeter os mesmos a um meticuloso tratamento informático, com base no pro-­‐‑
grama AQUAD 3.0 (Analisis Qualitative Data) – adiante designado por ȱȮǰȱœŽž’—˜ȱŠœȱ˜›’Ž—Š³äŽœȱŽȱž—Ž›ȱǯȱ
ž‹Ž›ȱǻŗşşŖǰȱŗǯĶȱŽǼǰȱ™Ž•˜ȱ
qual pudéssemos reunir o maior número de indicadores para uma mais fácil interpretação do pensamento ou voz dos respondentes. Guiou-­‐‑nos o propósito de seguir um modelo interactivo para analisar os dados, Ž–ȱšžŽȱ¥ȱrecolha se segue a apresentação/condensação dos mesmos para melhor podermos emitir algumas conclusões, como nos sugere o modelo proposto por Huberman et Miles (1991):
Figura 1– Componentes da Análise dos Dados: Modelo interactivo
Fonte: Huberman et Miles, 1991: pág. 37
3.3. As hipóteses do estudo
Ž›Ž–˜œȱŒ˜—ž£’˜œǰȱ—ŽœŽȱœŽŒ˜›ȱ˜ȱŽœž˜ǰȱ™Ž•Šœȱhipóteses de rela-­‐‑
cionamento dos diferentes códigos, inferidos do discurso dos professores, ™›·Ȭę¡ŠŠœȱ™Ž•˜ȱ›˜›Š–ŠȱȱřǯŖǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŠȱHipótese 11 e a Hipótese 12, que, no próprio momento de aplicação, descreveremos mais detalhadamente. Por agora, lembraremos que a Hipótese 11 nos deter-­‐‑
minará a situação de vizinhança de 1 código com os códigos vizinhos, dada ž–ŠȱŽŽ›–’—ŠŠȱŽ¡Ž—œ¨˜ȱŽȱ’œŒž›œ˜ȱǻ—ǯķȱŽȱ•’—‘ŠœȱŽȱ’œ¦—Œ’ŠǼDzȱŠȱ
’™àŽœŽȱŗŘǰȱŽŽ›–’—Š›¤ȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ǰȱ™Ž•˜ȱšžŠ•ȱœŠ‹Ž›Ž–˜œȱ
˜ȱǗ’ŒŽȱǻŽ—›ŽȱŖȱŽȱŗǼȱŠȱ›Š£¨˜ȱŽ—›ŽȱŠȱœ˜–ŠȱŠȱ›Žšž¹—Œ’ŠȱŽȱŘȱŒà’˜œȱ
(A+B) e essa soma (A+B) + a frequência de 1 código isolado (A) e de outro código isolado (B), obedecendo a uma distância determinada do discurso dos professores (n.º de linhas de distância).
46
Francisco Cordeiro Alves
4. Apresentação, análise e interpretação dos dados
4.1. O Corpus dos Relatos dos professores
Os diferentes Relatos foram integrados num único Protocolo, que reuniu, ao longo de 5 páginas, as vertentes do “Maior Sucesso” e do “Maior Fracasso”, com um discurso distribuído pelos 9 professores respondentes. P8 nada relatou sobre o “Maior Fracasso”, facto que foi ’˜ȱŽ–ȱŒ˜—Šȱ™Š›ŠȱŠȱŒ˜’ęŒŠ³¨˜ȱŽœœŠȱŸŽ›Ž—Žȱ˜ȱŽœž˜ǯ
Esse Corpus, para efeito de tratamento com base no programa AQD, foi Ž™ž›Š˜ȱ˜œȱŽ•Ž–Ž—˜œȱ‹’˜Ȭ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱ’Ÿ’’˜ǰȱ—ŠœȱœžŠœȱŸŽ›Ž—Žœȱ
de Êxito e FracassoǰȱŽ–ȱ˜’œȱꌑŽ’›˜œȱ›Žœ™ŽŒ’Ÿ˜œǰȱ˜œȱšžŠ’œȱ˜›’’—Š›¨˜ȱ˜’œȱ
’Œ‘Ž’›˜œȱŽœ™ŽŒÇꌘœȱŽȱǰȱŒ˜–˜ȱŠ’Š—Žȱ–˜œ›Š›Ž–˜œǯ
Será de registar a sobriedade com que os professores se expressaram, ŽŠ•‘ŽȱšžŽȱ˜›’’—Š›¤ȱž–ŠȱŒ˜’ęŒŠ³¨˜ȱ•’–’ŠŠȱŽȱŠ·ǰȱ™˜›ȱŸŽ£Žœǰȱœ˜‹›Ž™˜œ-­‐‑
ta, pois numa ou duas linhas chegam a emitir duas ou mais ideias-­‐‑chave.
4.2. Condições prévias para o trabalho em AQD
Depois de formatados os textos, em Word, para uma largura de pá-­‐‑
gina adequada, aproximadamente 7 cm, tivemos que gravar para AQD ˜œȱꌑŽ’›˜œȱŽȱexit.001 e fraca.001 segundo o tipo de “Texto MS-­‐‑DOS com EsquemaȄǰȱꌑŽ’›˜œȱšžŽȱŸ’›’Š–ǰȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠ–Ž—ŽǰȱŠȱœŽ›ȱ›Š—œ˜›–Š˜œȱ™˜›ȱ
ǰȱŽȱ˜›–ŠȱŠž˜–¤’ŒŠǰȱŽ–ȱꌑŽ’›˜œ exit.NAM e fraca.NAM.
A partir daí, começou o nosso trabalho de exploração do discurso dos respondentes através de AQD, seguindo passos interdependentes impostos pelo próprio programa. E, em primeiro lugar, tivemos que numerar os textos, como se poderá ilustrar pelos breves extractos que se seguem, quer para êxito, quer para fracasso: ’Œ‘Ž’›˜ȱŽ¡’ŖŖŗǯȱǻ˜ȱꌑŽ’›˜ȱ˜›’’—Š•ǰȱŽ™˜’œȱŽȱ›Š—œ˜›–Š˜ȱŽ–ȱ’Œ‘Ž’-­‐‑
ro exit.NAM, passou a ser NUMerado por linhas)
1 Řȱȱ
3 4 5 6 7 8 9 ŗŖȱ
O meu maior êxito na vivência
™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
Registo dos bons resultados ao
nível do 12.º ano, constatando,
através do excelente aproveitamento
dos alunos na Universidade, a
correcta prossecução dos objectivos
propostos, a par da relação pessoal
privilegiada com os alunos.
ȱ–Žžȱ–Š’˜›ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•
ŗŗȱ ˜’ǰȱȱŠ•ŸŽ£ǰȱ–Žœ–˜ȱ—˜ȱŠ—˜ȱŽ–ȱšžŽ
ŗŘȱ Ž¡Ž›Œ’ȱž—³äŽœȱŒ˜–˜ȱ™›˜Žœœ˜›ŠȱȱŽ
13 educadora de crianças cegas, num
14 asilo feminino chamado António
ŗśȱ Ž•’Œ’Š—˜ȱŽȱŠœ’•‘˜ǰȱŽ–ȱ’œ‹˜Šǯ
16 Era a única professora que via e
17 também a mais nova. Receberam-­‐‑me
ŗŞȱȱȱŒ˜–ȱž–ŠȱŒŽ›ŠȱŽœŒ˜—ꊗ³ŠǰȱŒ˜–˜ȅ
Etc..
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
47
Ficheiro fraca001.NUM (o ficheiro original, depois de transformado em Ficheiro fraca.NAM, passou a ser NUMerado por linhas)
1 Řȱ
řȱ
4 5 6 7 8 O meu maior fracasso na vivência
™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
œȱŽ—˜›–Žœȱ’ęŒž•ŠŽœ
registadas ao longo da carreira, no
que respeita … “bandalheira” que
grassa no Ministério da Educação e
seus diversos departamentos,
principalmente no que respeita aos
9 meios e recursos materiais e
10 pedagógicos disponíveis para o
11 funcionamento do sistema educativo
12 e que, no caso presente, são de tal
13 forma inexistentes, que acabam por
14 gerar enormes assimetrias entre o
15 interior do país e o litoral.
Etc..
4.3. A codificação e operações consequentes
A numeração que AQD conferiu aos textos permitir-­‐‑nos-­‐‑ia anotar a Œ˜’ęŒŠ³¨˜, que exige a indicação de linhas para a delimitação do discurso ŽȱŒŠŠȱŒà’˜ǯȱ˜ŠŸ’ŠǰȱŠ—ŽœȱŽȱ›Ž’œŠ›ȱŠȱŒ˜’ęŒŠ³¨˜ǰȱ·ȱ’–™˜›Š—Žȱ
que se analise o texto, ou directamente em AQD, ou sobre o texto previa-­‐‑
mente impresso. Seguimos este último processo para ser mais precisos, obtendo, por inferência do discurso dos professores respondentes, o seguinte leque de códigos, acompanhados da sua descrição:
Š‹Ž•ŠȱȱȮȱCódigos e sua descrição
˜˜œȱ˜œȱŒà’˜œȱ˜›Š–ȱ˜‹’˜œǰȱ™˜›ȱ’—Ž›¹—Œ’ŠǰȱŠȱ™Š›’›ȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ
dos professores, e poderemos, desde já, constatar que os professores œ¨˜ȱ–Š’œȱŒ˜—’˜œȱ¥ȱ‘˜›ŠȱŠȱœžŠȱŠž˜Ȭ™Ž›ŒŽ™³¨˜ȱŒ˜–˜ȱœž“Ž’˜œȱŽȱ¹¡’˜ȱ
do que a propósito da sua auto-­‐‑percepção como sujeitos de fracasso (18 vs 27 códigos).
48
Francisco Cordeiro Alves
–ŠȱŸŽ£ȱŒ˜’ęŒŠ˜œȱ˜œȱꌑŽ’›˜œȱ—ž–Ž›Š˜œǰȱ’ŸŽ–˜œȱšžŽȱ›Ž’œŠ›ȱŠ’œȱ
Œà’˜œȱŽ–ȱǰȱ˜ȱšžŽȱ˜›’’—˜žȱ˜œȱꌑŽ’›˜œȱŽȱŒà’˜ǰȱšžŽȱŽ’¡Š–˜œȱ
Ž¡Ž–™•’ęŒŠ˜œȱ™˜›ȱ‹›ŽŸŽœȱ›Š—œŒ›’³äŽœDZ
Ficheiro exit001.TCO (ficheiro de Texto Codificado)
1 Řȱ
řȱ
4 5 6 7 ...
řŚȱ
řśȱ
řŜȱ
řŝȱ
řŞȱ
39 40 41 42 43 O meu maior êxito na vivência
™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
Ž’œ˜ȱ˜œȱ‹˜—œȱ›Žœž•Š˜œȱŠ˜DŽȬŞ
nível do 12.º ano, constatando,
através do excelente aproveitamento
dos alunos na Universidade, a
correcta prossecução dos objectivos
˜ęŒ’Š•’£Š˜ǯȱ˜’ȱž–ŠȱŠ•ž—Šȱ–’—‘ŠǰDŽȬřş
šžŽȱ’—‘ŠȱŽ’˜ȱŠȱŚǯĶȱŒ•ŠœœŽȱŽȱšžŽ
˜’ȱ›ŽšžŽ—Š›ȱ˜ȱ’Œ•˜
›Ž™Š›Šà›’˜ǰȱȱž–ŠȱŽœŒ˜•ŠȱȱŠȱȱ£˜—Š
˜—ŽȱœŽȱ•˜ŒŠ•’£ŠŸŠȱŠȱ’—œ’ž’³¨˜ǯǯ
Foi um êxito. Só era preciso uma^NRE-­‐‑43
máquina para escrever e livros
diferentes dos colegas, tendo o
Braille como escrita. O resto
funcionava perfeitamente.
44 E assim começou a integração^NEE-­‐‑
ȬśŗDŽȬśŗ
45 de crianças diferentes. Primeiro, e
46 durante alguns anos, só com alunos
Śŝȱ ŒŽ˜œǰȱŽ™˜’œȱ˜œȱŽęŒ’Ž—Žœȱȱ
48 auditivos, em salas de apoio que 49 funcionavam nas próprias escolas do
śŖȱ Ž—œ’—˜ȱ›Žž•Š›ǰȱŽȱ˜œȱŽęŒ’Ž—Žœ
51 motores simultaneamente.
śŘȱ ȱ–Žžȱ–Š’˜›ȱ¹¡’˜ȱŒ˜—œ’Ž›˜DŽ-­‐‑
-­‐‑58^NEE-­‐‑58
śřȱ –Žœ–˜ȱȱšžŽȱ˜’ȱ˜ȱŠ—˜ȱŠȱŗǯĶ
śŚȱ ’—Ž›Š³¨˜ȱ˜œȱŒŽ˜œȱŽ–ȱ˜›žŠ•Dz
55 outros vieram posteriormente, mas
56 são tantos, que não haveria folhas
57 que chegassem em 36 anos de
58 carreira.
Etc..
ȱ˜ȱ–Žœ–˜ȱœŽȱŸŽ›’ęšžŽȱ™Š›Šȱ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
Ficheiro fraca001.TCO (ficheiro de Texto COdificado)
1 Řȱ
řȱ
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 O meu maior fracasso na vivência
™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
œȱŽ—˜›–Žœȱ’ęŒž•ŠŽœDŽȬŗŗ
registadas ao longo da carreira, no
que respeita … “bandalheira” que
grassa no Ministério da educação e
seus diversos departamentos,
principalmente no que respeita aos^NRM-­‐‑13^NRP-­‐‑13
meios e recursos materiais e
pedagógicos disponíveis para o
funcionamento do sistema educativo
e que, no caso presente, são de tal
forma inexistentes, que acabam por
gerar enormes assimetrias entre o^ASS-­‐‑15
interior do país e o litoral.
15 ...
53 No verão, estando a passar^MDE-­‐‑
-­‐‑61^ENE-­‐‑61
54 umas férias em Lisboa, tive
śśȱ Œ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŠȱŠ‹Ž›ž›ŠȱŽȱȱž›œ˜œ
śŜȱ ŽȱŽœ™ŽŒ’Š•’£Š³¨˜ȱ—ŠœȱŸ¤›’Šœ
śŝȱ ŽęŒ’¹—Œ’Šœǯȱàȱ™˜’ŠȱŒ˜—Œ˜››Ž›
58 quem tivesse mais de 14 valores. Eu
śşȱ ›Žž—’ŠȱŠœȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱŒ˜—Œ˜››’ǯ
60 Estava decidida a mudar a minha
61 vida e dei o primeiro passo.
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
...
119 e nefasta. O meu maior fracasso^ADP-­‐‑128
120 está dentro da própria escola,
121 provém de nós, professores,
ŗŘŘȱ“žœ’ęŒŠ—˜ȱ–ž’˜ȱŠȱŠ™Š’ŠȱŽȱ˜
123 desinteresse pelos maus salários e
124 pelo não reconhecimento social,
125 quando, provavelmente, devíamos ser
ŗŘŜȱ–Š’œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱŒ˜–ȱœŽ—’˜
127 ético, e, naturalmente, o
128 reconhecimento não faltaria.
...
155 Por enquanto, ainda não^FEX-­‐‑
-­‐‑158^SOP-­‐‑158
ŗśŜȱ’œ™˜—‘˜ȱŽȱŠ˜œȱœžęŒ’Ž—Žœȱȱ™Š›Š
157 responder a esta questão [do
158 fracasso].
159 Sempre que um aluno não Š’—ŽDŽȬŗŜŘDŽȬŗŜŗ
160 os objectivos propostos, sinto que
161 fracassei. Os professores devem
162 conseguir motivar os alunos, certo?
ŗŜřȱ–ŠȱŸŽ£ȱž–ȱŠ•ž—˜ȱŠ˜›–ŽŒŽžȱ
—ŠDŽȬŗŜŚDŽȬŗŜŚ
164 minha aula! Senti-­‐‑me mal!
165 ^Z
49
žŽ–˜œǰȱŠȱ™Š›’›ȱŽœŽœȱꌑŽ’›˜œȱŽȱà’˜œǰȱŽœŠ‹Ž•ŽŒŽ›ȱž–Šȱ˜›Ž–ȱ
Š•Š‹·’ŒŠȱŽȱŒà’˜œǰȱ˜ȱšžŽȱ˜›’’—˜žȱ˜œȱꌑŽ’›˜œȱŽȱŒà’˜œȱǰȱŒ˜–˜ǰȱ
ŠȱœŽž’›ǰȱœŽȱ™˜ŽȱŸŽ›’ęŒŠ›DZ
Ficheiro exit001.COA ǻà’˜œȱ›Ž—Š˜œȱ•Š‹Ž’ŒŠ–Ž—ŽǼ
’Œ‘ǯȱȱȱȱȱȱȱȱȱ•’—ȱ
ȱ•’—ȱȱȱȱȱà
k(“001”,” 68 “,” 72 “,”AFE”)
k(“001”,” 90 “,” 93 “,”AFE”)
k(“001”,” 150 “,” 155 “,”AFE”)
k(“001”,” 115 “,” 118 “,”APO”)
k(“001”,” 8 “,” 9 “,”BRL”)
k(“001”,” 16 “,” 21 “,”BRL”)
k(“001”,” 68 “,” 72 “,”BRL”)
k(“001”,” 150 “,” 155 “,”BRL”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŝřȱȃǰȄȱȱŞŖȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 59 “,” 67 “,”DIF”)
k(“001”,” 142 “,” 146 “,”DIF”)
k(“001”,” 22 “,” 24 “,”DVA”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŗşȱȃǰȄȱŗŘśȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŘśȱȃǰȄȱȱŘşȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 65 “,” 67 “,”ESP”)
k(“001”,” 73 “,” 80 “,”ESP”)
k(“001”,” 81 “,” 86 “,”ESP”)
k(“001”,” 68 “,” 72 “,”EXP”)
k(“001”,” 73 “,” 80 “,”EXP”)
k(“001”,” 122 “,” 124 “,”EXP”)
k(“001”,” 129 “,” 133 “,”EXP”)
k(“001”,” 134 “,” 136 “,”EXP”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱřŖȱȃǰȄȱȱřŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŚŚȱȃǰȄȱȱśŗȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱśŘȱȃǰȄȱȱśŞȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 94 “,” 100 “,”MUD”)
k(“001”,” 10 “,” 15 “,”NEE”)
k(“001”,” 44 “,” 51 “,”NEE”)
k(“001”,” 52 “,” 58 “,”NEE”)
k(“001”,” 39 “,” 43 “,”NRE”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŞŜȱȃǰȄȱȱşŖȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŖŖȱȃǰȄȱŗŖŗȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 139 “,” 141 “,”REF”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱȱřȱȃǰȄȱȱȱŞȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱřŚȱȃǰȄȱȱřşȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŞŗȱȃǰȄȱȱŞŜȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŖśȱȃǰȄȱŗŗŞȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŚŘȱȃǰȄȱŗŚşȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŘŜȱȃǰȄȱŗŘşȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗřŝȱȃǰȄȱŗřŞȱȃǰȄȄǼ
Ficheiro fraca001.COA ǻà’˜œȱ›Ž—Š˜œȱ•Š‹Ž’ŒŠ–Ž—ŽǼ
’Œ‘ǯȱȱȱȱȱȱȱȱȱ•’—ȱ
ȱ•’—ȱȱȱȱȱà
k(“001”,” 32 “,” 36 “,”ABD”)
k(“001”,” 119 “,” 128 “,”ADP”)
k(“001”,” 14 “,” 15 “,”ASS”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŚŜȱȃǰȄȱȱśŘȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 114 “,” 119 “,”DFM”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŘşȱȃǰȄȱŗřřȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŜřȱȃǰȄȱŗŜŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŜŘȱȃǰȄȱȱŝŖȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 53 “,” 61 “,”ENE”)
k(“001”,” 16 “,” 18 “,”FEX”)
k(“001”,” 21 “,” 25 “,”FEX”)
k(“001”,” 155 “,” 158 “,”FEX”)
k(“001”,” 71 “,” 72 “,”GEO”)
k(“001”,” 80 “,” 82 “,”IDI”)
k(“001”,” 72 “,” 73 “,”IEP”)
k(“001”,” 105 “,” 114 “,”IME”)
k(“001”,” 28 “,” 32 “,”IND”)
k(“001”,” 85 “,” 91 “,”IND”)
k(“001”,” 134 “,” 139 “,”IND”)
k(“001”,” 92 “,” 98 “,”ING”)
k(“001”,” 16 “,” 20 “,”ISO”)
k(“001”,” 32 “,” 36 “,”ISO”)
k(“001”,” 53 “,” 61 “,”MDE”)
50
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗśşȱȃǰȄȱŗŜŘȱȃǰȄȄǼ
k(“001”,” 8 “,” 13 “,”NRM”)
k(“001”,” 25 “,” 28 “,”NRM”)
k(“001”,” 8 “,” 13 “,”NRP”)
k(“001”,” 20 “,” 21 “,”NRP”)
k(“001”,” 41 “,” 45 “,”NVL”)
k(“001”,” 140 “,” 149 “,”OEP”)
k(“001”,” 3 “,” 11 “,”OME”)
k(“001”,” 66 “,” 68 “,”OME”)
k(“001”,” 140 “,” 149 “,”OME”)
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱřŘȱȃǰȄȱȱřŜȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŝŚȱȃǰȄȱȱŝşȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱŞŖȱȃǰȄȱȱŞŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱşŘȱȃǰȄȱȱşŞȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱȱşŞȱȃǰȄȱŗŖřȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŖŚȱȃǰȄȱŗŖśȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŚşȱȃǰȄȱŗśŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗśşȱȃǰȄȱŗŜŗȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŖŖŗȄǰȄȱŗŜřȱȃǰȄȱŗŜŚȱȃǰȄȄǼ
k(«001»,» 38 «,» 41 «,»PUN»)
k(«001»,» 32 «,» 36 «,»SOL»)
k(«001»,» 155 «,» 158 «,»SOP»)
Francisco Cordeiro Alves
Nesta ordenação alfabética de códigos, é já notória a frequência de códi-­‐‑
gos, mais acentuada para uns que para outros, seja a nível da vertente do ¹¡’˜ǰȱœŽ“Šȱ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœǯȱŠ•ȱŽŠ•‘Žǰȱ•ŽŸ˜žȬ—˜œǰȱ—˜ȱ’—ž’˜ȱ
de precisar as frequências respectivas, a pedir a AQD uma contagem ŽȱŒà’˜œǰȱŠȱšžŠ•ȱœŽȱ›Šž£’žȱ—˜ȱœŽž’—ŽȱŽœ™ŽŒ›˜ȱŽȱ›Žšž¹—Œ’ŠœǰȱšžŽȱ
›Ž’œ¤–˜œȱœ˜‹ȱŠȱŽœ’—Š³¨˜ȱŽȱꌑŽ’›˜œȱŠ™›˜™›’Š˜œDZ
Ficheiro exitctc.001 ǻ˜—ŠŽ–ȱŽȱŒà’˜œǼ
** frequência ****************** exit001.cod
AFE: 3
APO: 1
BRL: 4
DZȱŗ
DIF: 2
DVA: 1
DZȱŗ
DZȱŗ
ESP: 3
EXP: 5
DZȱř
MUD: 1
DZȱŘ
NEE: 3
NRE: 1
REF: 1
DZȱś
DZȱŘ
Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŠ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱŒ˜–ȱ›Žšž¹—Œ’Šȱ’žŠ•ȱ˜žȱœž™Ž›’˜›ȱ
a 3, contam-­‐‑se os códigos AFE (Dimensão afectiva do aluno), BRL (Bom ›Ž•ŠŒ’˜—Š–Ž—˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱŠ•ž—˜Ǽǰȱȱǻœ™Ž›Š—³Šȱ—˜ȱžž›˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•Ǽǰȱ
ȱǻ¡™ŽŒŠ’ŸŠœȱœ˜‹›Žȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǼǰȱȱǻŽŒŽœœ’ŠŽœȱŽžŒŠ-­‐‑
’ŸŠœȱŽœ™ŽŒ’Š’œǼȱŽȱȱǻžŒŽœœ˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŒ˜—œŽž’˜Ǽǯ
Para o fracasso, por igual procedimento, resultou a seguinte conta-­‐‑
gem:
Ficheiro fraca.CTC (Contagem de códigos)
** frequência ****************** fraca001.cod
ABD: 1
ADP: 1
ASS: 1
DZȱŗ
DFM: 1
DZȱŘ
DZȱŗ
ENE: 1
FEX: 3
GEO: 1
IDI: 1
IEP: 1
IME: 1
IND: 3
ING: 1
ISO: 2
MDE: 1
DZȱŗ
NRM: 2
NRP: 2
NVL: 1
OEP: 1
OME: 3
PUN: 1
DZȱş
SOL: 1
SOP: 1
Numericamente falando, surgiram mais 9 códigos que na vertente do sucesso, mas as suas frequências, em regra, são mais baixas. Assim, com 3 ou mais frequências sobressaem os códigos FEX (Falta de experiência ˜ŒŽ—ŽǼǰȱȱǻ—’œŒ’™•’—Šȱ˜œȱŠ•ž—˜œǼǰȱȱǻŽęŒ’Ž—Žȱ›Š—’£Š³¨˜ȱ
˜ȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ǼȱŽȱȱǻŠ•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱœ’Œ˜•à’ŒŠœȱ™Š›Šȱ
o ensino).
ȱŒ˜–˜ȱŸŽ›’ęŒŠ›ȱŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱ˜œȱ’Ž›Ž—ŽœȱŒà’˜œȱŒ˜–ȱ˜œȱœŽžœȱŠž˜›Žœǰȱ
ou seja, com os diferentes professores respondentes?
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
51
1ȱŒž›’˜œ˜ȱŸŽ›’ęŒŠ›ȱŽœœŠȱŠ›’‹ž’³¨˜ǰȱ˜ȱšžŽȱ—˜œȱ™Ž›–’’›¤ȱŒ˜—œŠŠ›ȱŠœȱ
’œ’—Šœȱ’—Œ’¹—Œ’ŠœȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŠž˜‹’˜›¤ęŒŠǰȱ˜›Šȱ–Š’œǰȱ˜›Šȱ–Ž—˜œǰȱ
—ŠœȱŽ–¤’ŒŠœȱŒ˜’ęŒŠŠœǯȱŽ“Š–˜œǰȱ™›’–Ž’›˜ȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ
depois a nível de fracasso:
’Œ‘Ž’›˜ȱŽ¡’ŖŖŗǯȱǻ’Œ‘Ž’›˜ȱŽȱà’˜œǰȱŒ›’Š˜ȱŠž˜–Š’ŒŠ–Ž—ŽȱŠȱ
™Š›’›ȱ˜ȱ’Œ‘Ž’›˜ȱŽ¡’ŖŖŗǯǰȱŒ˜–ȱ˜œȱcódigos distribuídos pelos professores respondentes)
’Œ‘Ȧ›˜ȱȱ•’—ȱȱȱȱȱ•’—ȱȱȱà
”ǻȃŗȄǰȄȱȱȱřȱȃǰȄȱȱȱŞȱȃǰȄȄǼ
k(“P1”,” 8 “,” 9 “,”BRL”)
k(“P2”,” 10 “,” 15 “,”NEE”)
k(“P2”,” 16 “,” 21 “,”BRL”)
k(“P2”,” 22 “,” 24 “,”DVA”)
”ǻȃŘȄǰȄȱȱŘśȱȃǰȄȱȱŘşȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŘȄǰȄȱȱřŖȱȃǰȄȱȱřŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŘȄǰȄȱȱřŚȱȃǰȄȱȱřşȱȃǰȄȄǼ
k(“P2”,” 39 “,” 43 “,”NRE”)
k(“P2”,” 44 “,” 51 “,”NEE”)
”ǻȃŘȄǰȄȱȱŚŚȱȃǰȄȱȱśŗȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŘȄǰȄȱȱśŘȱȃǰȄȱȱśŞȱȃǰȄȄǼ
k(“P2”,” 52 “,” 58 “,”NEE”)
k(“P3”,” 59 “,” 67 “,”DIF”)
k(“P3”,” 65 “,” 67 “,”ESP”)
k(“P3”,” 68 “,” 72 “,”BRL”)
k(“P3”,” 68 “,” 72 “,”AFE”)
k(“P3”,” 68 “,” 72 “,”EXP”)
”ǻȃŚȄǰȄȱȱŝřȱȃǰȄȱȱŞŖȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 73 “,” 80 “,”ESP”)
k(“P4”,” 73 “,” 80 “,”EXP”)
”ǻȃŚȄǰȄȱȱŞŗȱȃǰȄȱȱŞŜȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 81 “,” 86 “,”ESP”)
”ǻȃŚȄǰȄȱȱŞŜȱȃǰȄȱȱşŖȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 90 “,” 93 “,”AFE”)
k(“P4”,” 94 “,” 100 “,”MUD”)
”ǻȃŚȄǰȄȱŗŖŖȱȃǰȄȱŗŖŗȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃśȄǰȄȱŗŖśȱȃǰȄȱŗŗŞȱȃǰȄȄǼ
k(“P5”,” 115 “,” 118 “,”APO”)
”ǻȃŜȄǰȄȱŗŗşȱȃǰȄȱŗŘśȱȃǰȄȄǼ
k(“P6”,” 122 “,” 124 “,”EXP”)
”ǻȃŝȄǰȄȱŗŘŜȱȃǰȄȱŗŘşȱȃǰȄȄǼ
k(“P7”,” 129 “,” 133 “,”EXP”)
k(“P8”,” 134 “,” 136 “,”EXP”)
”ǻȃŞȄǰȄȱŗřŝȱȃǰȄȱŗřŞȱȃǰȄȄǼ
k(“P8”,” 139 “,” 141 “,”REF”)
”ǻȃşȄǰȄȱŗŚŘȱȃǰȄȱŗŚşȱȃǰȄȄǼ
k(“P9”,” 142 “,” 146 “,”DIF”)
k(“P9”,” 150 “,” 155 “,”BRL”)
k(“P9”,” 150 “,” 155 “,”AFE”)
Os Professores P2 (11 frequências de códigos) e P4 (9 frequências) apresentaram, incontestavelmente, uma abrangência de discurso supe-­‐‑
›’˜›ȱ¥ȱ˜œȱœŽžœȱŒ˜•ŽŠœǰȱ˜ȱšžŽǰȱ—˜ȱœŽžȱŒŠœ˜ǰȱ—˜œȱŠ•Ž›Šȱ™Š›ŠȱŠȱŽ¡’œ¹—Œ’Šȱ
de uma ampla diversidade de temáticas abordadas nos seus relatos.
’Œ‘Ž’›˜ȱ›ŠŒŠŖŖŗǯȱǻ’Œ‘Ž’›˜ȱŽȱà’˜œǰȱŒ›’Š˜ȱŠž˜–Š’ŒŠ–Ž—Žȱ
Šȱ™Š›’›ȱ˜ȱ’Œ‘Ž’›˜ȱ›ŠŒŠŖŖŗǯǰȱŒ˜–ȱ˜œȱcódigos distribuídos pelos professores respondentes, não estando incluído o P8, por não resposta)
’Œ‘Ȧ›˜ȱȱ•’—ȱȱȱȱȱ•’—ȱȱȱà
k(“P1”,” 3 “,” 11 “,”OME”)
k(“P1”,” 8 “,” 13 “,”NRM”)
k(“P1”,” 8 “,” 13 “,”NRP”)
k(“P1”,” 14 “,” 15 “,”ASS”)
k(“P2”,” 16 “,” 20 “,”ISO”)
k(“P2”,” 16 “,” 18 “,”FEX”)
k(“P2”,” 20 “,” 21 “,”NRP”)
k(“P2”,” 21 “,” 25 “,”FEX”)
k(“P2”,” 25 “,” 28 “,”NRM”)
52
k(“P2”,” 28 “,” 32 “,”IND”)
k(“P2”,” 32 “,” 36 “,”SOL”)
k(“P2”,” 32 “,” 36 “,”ISO”)
k(“P2”,” 32 “,” 36 “,”ABD”)
”ǻȃŘȄǰȄȱȱřŘȱȃǰȄȱȱřŜȱȃǰȄȄǼ
k(“P2”,” 38 “,” 41 “,”PUN”)
k(“P2”,” 41 “,” 45 “,”NVL”)
”ǻȃŘȄǰȄȱȱŚŜȱȃǰȄȱȱśŘȱȃǰȄȄǼ
k(“P2”,” 53 “,” 61 “,”MDE”)
Francisco Cordeiro Alves
k(“P2”,” 53 “,” 61 “,”ENE”)
”ǻȃŘȄǰȄȱȱŜŘȱȃǰȄȱȱŝŖȱȃǰȄȄǼ
k(“P2”,” 66 “,” 68 “,”OME”)
k(“P3”,” 71 “,” 72 “,”GEO”)
k(“P3”,” 72 “,” 73 “,”IEP”)
”ǻȃřȄǰȄȱȱŝŚȱȃǰȄȱȱŝşȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 80 “,” 82 “,”IDI”)
”ǻȃŚȄǰȄȱȱŞŖȱȃǰȄȱȱŞŚȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 85 “,” 91 “,”IND”)
k(“P4”,” 92 “,” 98 “,”ING”)
”ǻȃŚȄǰȄȱȱşŘȱȃǰȄȱȱşŞȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŚȄǰȄȱȱşŞȱȃǰȄȱŗŖřȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃŚȄǰȄȱŗŖŚȱȃǰȄȱŗŖśȱȃǰȄȄǼ
k(“P4”,” 105 “,” 114 “,”IME”)
k(“P4”,” 114 “,” 119 “,”DFM”)
k(“P4”,” 119 “,” 128 “,”ADP”)
”ǻȃśȄǰȄȱŗŘşȱȃǰȄȱŗřřȱȃǰȄȄǼ
k(“P5”,” 134 “,” 139 “,”IND”)
k(“P6”,” 140 “,” 149 “,”OME”)
k(“P6”,” 140 “,” 149 “,”OEP”)
”ǻȃŜȄǰȄȱŗŚşȱȃǰȄȱŗśŚȱȃǰȄȄǼ
k(“P7”,” 155 “,” 158 “,”FEX”)
k(“P7”,” 155 “,” 158 “,”SOP”)
”ǻȃşȄǰȄȱŗśşȱȃǰȄȱŗŜŘȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃşȄǰȄȱŗśşȱȃǰȄȱŗŜŗȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃşȄǰȄȱŗŜřȱȃǰȄȱŗŜŚȱȃǰȄȄǼ
”ǻȃşȄǰȄȱŗŜřȱȃǰȄȱŗŜŚȱȃǰȄȄǼ
œȱŠ—Ž›’˜›Žœȱ˜‹œŽ›ŸŠ³äŽœȱœ˜‹›ŽȱŠȱŒ˜—ŒŽ—›Š³¨˜ȱŽȱŒà’˜œȱ—˜œȱ›˜-­‐‑
fessores respondentes, relativamente ao maior sucesso, continuam no mesmo sentido, em relação ao maior fracasso, pois os professores P2 e P4 reúnem a maior frequência de códigos, respectivamente 17 e 10 fre-­‐‑
šž¹—Œ’ŠœǰȱŒ˜—ę›–Š—˜ȬœŽȱšžŽȱ˜œȱœŽžœȱ›Ž•Š˜œȱœ¨˜ȱ–Š’œȱ™›˜•’¡˜œȱšžŽȱ˜œȱ
dos restantes respondentes e mesmo mais amplos que os próprios relatos œ˜‹›Žȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱǻŗŝȱŽȱŗŖȱ›Žšœȱ›ŠŒŠœœ˜ȱŸœȱŗŗȱŽȱşȱ›Žšœȱ¹¡’˜Ǽǯ
4.4. A prova das hipóteses
˜–˜ȱŠŒ’–Šȱǻ™˜—˜ȱřǯřǯȱAs hipóteses do estudo) referimos, as hipóteses ŽœŠȱ™Žœšž’œŠȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱšžŠ•’Š’ŸŠȱœ¨˜Ȭ—˜œȱ˜›—ŽŒ’Šœȱ’›ŽŒŠ–Ž—Žȱ
pelo programa AQD, nomeadamente a Hipótese 11 e a Hipótese 12. Ž•Šȱ
’™àŽœŽȱŗŗȱ™›˜Œž›Š›Ž–˜œȱŽŽ›–’—Š›ȱŠȱŸ’£’—‘Š—³ŠȱŽȱž–ȱŒà’˜ȱ
Œ˜–ȱ˜˜œȱ˜œȱŒà’˜œȱœ’žŠ˜œȱ—ž–Šȱ’œ¦—Œ’ŠȱŽŽ›–’—ŠŠǯȱ˜–ȱŠ•ȱ
ŽŽ›–’—Š³¨˜ǰȱ—˜ȱ’£Ž›ȱŽȱ
ž‹Ž›ȱǻŗşşŖDZȱŗŖŚǼǰȱȃ˜‹·–ȬœŽȱŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱ
de formar uma visão de conjunto sobre as unidades de sentido que se œŽžŽ–ǰȱ—ž–Šȱ’œ¦—Œ’Šȱ•’Ÿ›Ž–Ž—ŽȱŽę—’ŠǰȱŠȱž–ŠȱŽŽ›–’—ŠŠȱŒ˜’ę-­‐‑
ŒŠ³¨˜Ȅǯȱ˜–ȱŽœŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ›Žœž•Šȱ–ž’˜ȱ–Š’œȱ¤Œ’•ȱ˜›–ž•Š›ȱ‘’™àŽœŽœȱ
com maior precisão, como é, por exemplo, a Hipótese 12.
Por esta última, pretendemos provar a aparição conjunta de dois có-­‐‑
’˜œȱ—ž–Šȱ’œ¦—Œ’Šȱ–¤¡’–ŠȱŽę—ÇŸŽ•ȱŽȱŒ˜–ȱšžŽȱ›Žšž¹—Œ’ŠȱŠ™Š›ŽŒŽ–ǯȱ
Em termos frequenciais, poderemos contar com três tipos de referências šžŠ—’Š’ŸŠœǰȱŒ˜–˜ȱ™˜Ž›¤ȱŸŽ›ȬœŽȱ™Ž•˜ȱŽœšžŽ–ŠȱŽȱ˜‹Ž—³¨˜ȱ˜ȱŒ˜Žę-­‐‑
Œ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ǰȱšžŽȱŽ¡™›ŽœœŠǰȱŽ–ȱŸŠ•˜›ŽœȱŽ—›ŽȱŖȱŽȱŗǰȱŠȱ™›˜™˜›³¨˜ȱ
relativa da œ˜–ŠȱŠœȱŒ˜’ęŒŠ³äŽœȱšžŽȱŠ™Š›ŽŒŽ–ȱ“ž—Šœ com a sua soma mais a frequência de cada um dos códigos enquanto isolados:
Usamos, intencionalmente, este exemplo, pois aparecer-­‐‑nos-­‐‑á numa ŠœȱŒ˜–™›˜ŸŠ³äŽœȱŠȱ
’™àŽœŽȱŗŘǰȱŠȱ™›˜™àœ’˜ȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ1ȱ
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
53
’–™˜›Š—ŽȱšžŽȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ȱŽ—‘ŠȱœŽ–™›ŽȱŠ•ž–ȱŸŠ•˜›ȱ™˜œ’-­‐‑
’Ÿ˜ȱ—˜ȱ’—Ž›ŸŠ•˜ȱǽŖDzȱŗǾǰȱ™˜’œȱž–ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—Žȱ—ž•˜ȱŠ•Ž›Šȱ™Š›ŠȱŠȱ’—Ž¡’œ¹—Œ’Šȱ
Šȱ›Ž•Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱŒ˜’ęŒŠ³äŽœǯȱœœŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱ™˜Ž›¤ǰȱŽ—¨˜ǰȱœŽ—œ’ŸŽ•–Ž—Žǰȱ
ser fracaȱ—˜ȱ’—Ž›ŸŠ•˜ȱǽŖDzȱŖǰřřǾǰȱmoderadaȱ—˜ȱ’—Ž›ŸŠ•˜ȱǽŖǰřřDzȱŖǰŜŜǾȱŽȱforte —˜ȱ’—Ž›ŸŠ•˜ȱǽŖǰŜŜDzȱŗǾǯȱȱŸŠ•˜›ȱŗǰȱŒ˜–˜ȱ·ȱŽŸ’Ž—ŽǰȱŠ™Ž—Šœȱ™˜Ž›¤ȱœž›’›ǰȱ
quando os dois códigos em análise só aparecerem em conjunto na dis-­‐‑
tância determinada e nunca aparecerem isolados nessa mesma distância.
Ž“Š–˜œǰȱœŽž’Š–Ž—ŽǰȱŠœȱžŠœȱ
’™àŽœŽœȱ—ŠȱœžŠȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱ¥ȱŸŽ›Ž—Žȱ
do êxitoȱ™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
HIPÓTESE 11: Aplicada aos códigos ȱ (Sucesso dos alunos conseguido)ǰȱ ȱ (˜–ȱ ›Ž•ŠŒ’˜—Š–Ž—˜ȱ Œ˜–ȱ ˜ȱ Š•ž—˜), EXP (Expectativas sobre êxito profissional), para determinar, numa distância dada –15 linhas– com que Códigos Vizinhos aqueles estão relacionados:
************************** exit001.cod
001 3 8 -­‐‑ 8 9 BRL
-­‐‑ 10 15 NEE
-­‐‑ 16 21 BRL
-­‐‑ 22 24 DVA
001 34 39 -­‐‑ 39 43 NRE
-­‐‑ 44 51 NEE
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŚŚȱȱȱśŗȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱśŘȱȱȱśŞȱ
-­‐‑ 52 58 NEE
001 81 86 -­‐‑ 81 86 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŜȱȱȱşŖȱ
-­‐‑ 90 93 AFE
-­‐‑ 94 100 MUD
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŖŖȱȱŗŖŗȱ
001 105 118 -­‐‑ 115 118 APO
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŗşȱȱŗŘśȱ
-­‐‑ 122 124 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŘŜȱȱŗŘşȱ
-­‐‑ 129 133 EXP
001 142 149 -­‐‑ 142 146 DIF
-­‐‑ 150 155 BRL
-­‐‑ 150 155 AFE
************************** exit001.cod
001 8 9 -­‐‑ 10 15 NEE
-­‐‑ 22 24 DVA
001 16 21 -­‐‑ 22 24 DVA
54
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŘśȱȱȱŘşȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱřŖȱȱȱřŚȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱřŚȱȱȱřşȱ
001 68 72 -­‐‑ 68 72 AFE
-­‐‑ 68 72 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŝřȱȱȱŞŖȱ
-­‐‑ 73 80 ESP
-­‐‑ 73 80 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŗȱȱȱŞŜȱ
-­‐‑ 81 86 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŜȱȱȱşŖȱ
001 150 155 -­‐‑ 150 155 AFE
************************** exit001.cod
001 68 72 EXP
-­‐‑ 68 72 BRL
-­‐‑ 68 72 AFE
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŝřȱȱȱŞŖȱ
-­‐‑ 73 80 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŗȱȱȱŞŜȱ
-­‐‑ 81 86 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŜȱȱȱşŖȱ
001 73 80 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŝřȱȱȱŞŖȱ
-­‐‑ 73 80 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŗȱȱȱŞŜȱ
-­‐‑ 81 86 ESP
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŞŜȱȱȱşŖȱ
-­‐‑ 90 93 AFE
-­‐‑ 94 100 MUD
001 122 124 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŘŜȱȱŗŘşȱ
Francisco Cordeiro Alves
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗřŝȱȱŗřŞȱ
-­‐‑ 139 141 REF
001 129 133 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗřŝȱȱŗřŞȱ
-­‐‑ 139 141 REF
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŚŘȱȱŗŚşȱ
-­‐‑ 142 146 DIF
001 134 136 EXP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗřŝȱȱŗřŞȱ
-­‐‑ 139 141 REF
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŚŘȱȱŗŚşȱ
-­‐‑ 142 146 DIF
-­‐‑ 150 155 BRL
-­‐‑ 150 155 AFE
Ž›’ęŒŠ–˜œȱšžŽȱ˜œȱ›¹œȱŒà’˜œȱǻǰȱŒ˜–ȱśȱ›ŽšœDzȱǰȱŒ˜–ȱŚȱ›ŽšœDzȱ
EXPǰȱŒ˜–ȱśȱ›ŽšœǼȱœ¨˜ȱ–Žœ–˜ȱž•Œ›Š’œǰȱ™˜’œȱŒ˜—œŽžŽ–ȱŠ›ž™Š›ȱ¥ȱœžŠȱ
Ÿ˜•Šȱ–Š’œȱŽȱ–ŽŠŽȱ˜œȱŒà’˜œȱ›ŽœŠ—Žœȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ǯȱŽȱŠŒ˜ǰȱȱ
™˜•Š›’£ŠȱŗŚȱŒà’˜œǰȱŠ•ž—œȱ–Š’œȱšžŽȱž–ŠȱŸŽ£ǰȱ—Šȱ’œ¦—Œ’ŠȱŽȱŗśȱ•’—‘Šœȱ
Žȱ’œŒž›œ˜DzȱȱŒ˜—›ŽŠȱŗŖȱŒà’˜œǰȱŠ•ž—œȱ›Ž™Ž’˜œDzȱȱŠ™›ŽœŽ—Š-­‐‑
ȬœŽȱ›Ž•ŠŒ’˜—Š˜ȱŒ˜–ȱşȱŒà’˜œǰȱ˜˜œȱŽ•Žœȱœž›’˜œȱ–Š’œȱšžŽȱž–ŠȱŸŽ£ǯ
’Š–˜œȱšžŽȱŠȱ
’™àŽœŽȱŗŗǰȱ—ŠȱŒ˜–™›˜ŸŠ³¨˜ȱŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱŽȱŸ’£’—‘Š—³Šȱ
dos três códigos em questão com os restantes códigos do discurso, sugere šžŽȱ ˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ ˜ȱ Žœž˜ǰȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ¹¡’˜ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ Š™›ŽœŽ—Š–ȱ
relatos que, numa determinada extensão, intencionalmente baixa –15 li-­‐‑
—‘ŠœȮȱ™Š›Šȱ›Žœ›’—’›ȱŠȱŸ’£’—‘Š—³ŠǰȱŽœ¨˜ȱ–ž’˜ȱ™›à¡’–˜œȱŠœȱŽ–¤’ŒŠœȱ
do Sucessoȱ ˜œȱ Š•ž—˜œȱ ǻǼǰȱ ˜ȱ ˜–ȱ ›Ž•ŠŒ’˜—Š–Ž—˜ com o aluno (BRL) e das Expectativasȱœ˜‹›Žȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱǻǼǯ
1ȱ Žȱ œŠ•’Ž—Š›ȱ šžŽȱ —Šȱ Ÿ’£’—‘Š—³Šȱ Žȱ ŒŠŠȱ ž–ȱ ŽœŽœȱ ›¹œȱ Œà’˜œȱ
estão sempre presentes, como vector comum, outros três códigos: AFE (’–Ž—œ¨˜ȱŠŽŒ’ŸŠȱ˜ȱŠ•ž—˜), ESP (œ™Ž›Š—³Šȱ—˜ȱžž›˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•) ŽȱȱǻŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱœ˜Œ’Š•). A associação fala por si.
Vejamos, seguidamente, pela aplicação da Hipótese 12, os valores ˜ȱ Œ˜ŽęŒ’Ž—Žȱ Žȱ Š—’–˜˜ȱ ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ Š˜ȱ Š™Š›ŽŒ’–Ž—˜ȱ Œ˜—“ž—˜ȱ
(ou seja, consistência do discurso) de diferentes códigos respeitantes ao êxitoȱ™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
Xȱ ŗŘDZȱ ™•’ŒŠŠȱ Šȱ ŗŗȱ ™Š›Žœȱ Žȱ à’˜œǰȱ ˜™Œ’˜—Š’œǰȱ ™Š›Šȱ
determinar o coeficiente de Tanimoto, admitindo, como critério de extensão, 25 linhas de texto, ou, seja, aproximadamente, 1/6 do discurso, critério bastante fino para uma sequência relativamente grande de pares de códigos:
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱř
só BRL : 1
œàȱȱDZȱŘ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯś
************************** exit001.cod
NEE + NRE : 1
só NEE : 2
só NRE : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŘ
só AFE : 1
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
œàȱȱDZȱř
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱDZȱŖ
œàȱȱDZȱŚ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱDZȱŗ
só AFE : 2
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘś
55
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŘ
œàȱȱDZȱŖ
œàȱȱDZȱř
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŚ
************************* exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱDZȱŚ
só APO : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŘ
œàȱȱDZȱŖ
só EXP : 3
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŚ
************************* exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱDZȱŚ
só DVA : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
************************ exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
só BRL : 3
œàȱȱDZȱŗ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
*********************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱDZȱŘ
só NRE : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
Ž•ŠȱŒ˜–™›˜ŸŠ³¨˜ȱŠȱ
’™àŽœŽȱŗŘȱœ˜‹›Žȱŗŗȱ™Š›ŽœȱŽȱŒà’˜œǰȱŸŽ›’ęŒŠ-­‐‑
ȬœŽȱšžŽȱ—ž—ŒŠȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—˜žȱ—ž•˜DzȱšžŽȱ‘¤ȱśȱ
ŸŠ•˜›Žœȱ›ŠŒ˜œȱǻŖǰŘȱŠȱŖǰřǼȱŽœœŽȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽDzȱšžŽȱŠ™Š›ŽŒŽ–ȱŜȱŸŠ•˜›Žœȱ–˜-­‐‑
Ž›Š˜œȱǻŖǰřřřǯǯǯȱŠȱŖǰśǼȱŽœœŽȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱšžŽǰȱ—ŽœŽœǰȱœŽȱŽœŠŒŠ–ȱŖǰśȱ
™Š›Šȱ˜ȱ™Š›ȱƸȱŽȱŖǰŚȱ™Š›ŠȱƸǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱ™Š›ŠȱƸǯȱ
Ou seja, o bom relacionamento com o aluno tem bastante a ver com o sucesso ŽœŽǰȱŽǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱ˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱvocação para o ensino está bastante ligado ao sucessoȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ‹Ž–ȱŠœœ’–ȱ¥œȱexpectativas œ˜‹›Žȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
Šœǰȱ Œž›’˜œŠ–Ž—Žǰȱ šž’œŽ–˜œȱ ŸŽ›’ęŒŠ›ȱ ˜ȱ Œ˜ŽęŒ’Ž—Žȱ Žȱ Š—’–˜˜ȱ
para o par de códigos que nos tinha surgido em primeiro lugar naquela œŽšž¹—Œ’ŠǰȱœŽȱŠ›˜ž¡¤œœŽ–˜œȱ˜ȱŒ›’·›’˜ȱŽȱŽ¡Ž—œ¨˜ǰȱšžŽǰȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽȱŘśȱ
linhas, passasse a determinar-­‐‑se em 50 linhas, ou seja, praticamente Žšž’ŸŠ•Ž—ŽȱŠȱŗȦřȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱŽ–ȱŸŽ£ȱŽȱŗȦŜǯȱȱ˜ȱšžŽȱœžŒŽŽžȱ·ȱŒž›’˜œ˜ǰȱ
™˜’œǰȱŽȱ–˜Ž›Š˜ȱšžŽȱŽ›Šȱ˜ȱŸŠ•˜›ȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱǻŖǰśǼǰȱ™Šœœ˜žȱŠȱ˜›Žȱ
ǻŖǰŞǼǯȱžȱœŽ“ŠǰȱšžŠ—˜ȱ–Š’œȱꗘœȱœ¨˜ȱ˜œȱŒ›’·›’˜œǰȱ–Š’œȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱ
Š—’–˜˜ȱœŽȱ˜›—ŠȱŽ¡’Ž—Žȱ—ŠȱŒ˜—œ’œ¹—Œ’Šȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ǯȱŽ“ŠȬœŽǰȱ™˜’œǰȱ
para esse par, o resultado para uma extensão de 50 linhas:
******************************** exit001.cod
ȱƸȱȱDZȱŚ
só BRL : 0
œàȱȱDZȱŗ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŞ
ŽȱŠȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱ˜ȱŒ›’·›’˜ȱŽȱśŖȱ•’—‘Šœȱ˜œœŽȱŽ—Ž›Š•’£Š˜ǰȱ™›ŽŸ’œ’ŸŽ•-­‐‑
–Ž—Žȱ˜ȱœŽ—’˜ȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŸ’›’ŠȱŒ›ŽœŒŽ›ǰȱ–Šœȱ™›ŽŽ›’–˜œȱž–ȱŒ›’·›’˜ȱ
–Š’œȱꗘȱ™Š›Šȱ˜ȱŠ™ž›Š–Ž—˜ȱ–Š’œȱ›’˜›˜œ˜ȱŠȱŒ˜—œ’œ¹—Œ’Šȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ
˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœǰȱŠŽ—Ž—˜ǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱ¥ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ™ŽšžŽ—ŠȱŽ¡-­‐‑
tensão do corpus dos relatos.
***
56
Francisco Cordeiro Alves
ȱšžŽȱ—˜œȱœž›ŽȱŒ˜–ȱŠȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱŽœœŠœȱ–Žœ–ŠœȱžŠœȱ‘’™àŽœŽœȱ¥ȱ
vertente do fracasso? Em primeiro lugar, dado tratar-­‐‑se de um campo Ž—Ž—Œ’Š•–Ž—ŽȱŽ¡™›Žœœ˜ȱ™˜›ȱŽ¡™›ŽœœäŽœȱ—ŽŠ’ŸŠœǰȱ˜›—¤–˜œȱ–Š’œȱꗘȱ
o critério de extensão de linhas para a comprovação das duas hipóteses. ŽŽ›–’—¤–˜œǰȱŽŽŒ’ŸŠ–Ž—ŽǰȱšžŽȱŠȱŽ¡Ž—œ¨˜ȱꌊœœŽȱŒ˜—Œ›Ž’£ŠŠȱŽ–ȱ
15 linhas, quer para a Hipótese 11, quer para a Hipótese 12. E que veio resultar?
Vejamos:
XȱŗŗDZ Aplicada aos códigos (Žœ–˜’ŸŠ³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œ), ȱ(Š•ŠȱŽȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šȱ˜ŒŽ—Ž), PSC (Š•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à-­‐‑
gicas para o ensino), para determinar, numa distância dada, 15 linhas, Œ˜–ȱšžŽȱà’˜œȱ’£’—‘˜œȱŠšžŽ•ŽœȱŽœ¨˜ȱ›Ž•ŠŒ’˜—Š˜œDZ
************************ fraca001.cod
ŖŖŗȱŗŘşȱȱŗřřȱ
-­‐‑ 134 139 IND
-­‐‑ 140 149 OME
-­‐‑ 140 149 OEP
ŖŖŗȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
************************ fraca001.cod
001 16 18 FEX
-­‐‑ 16 20 ISO
-­‐‑ 20 21 NRP
-­‐‑ 25 28 NRM
-­‐‑ 28 32 IND
-­‐‑ 32 36 SOL
-­‐‑ 32 36 ISO
-­‐‑ 32 36 ABD
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱřŘȱȱȱřŜȱ
001 21 25 FEX
-­‐‑ 25 28 NRM
-­‐‑ 28 32 IND
-­‐‑ 32 36 SOL
-­‐‑ 32 36 ISO
-­‐‑ 32 36 ABD
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱřŘȱȱȱřŜȱ
-­‐‑ 38 41 PUN
001 155 158 FEX
-­‐‑ 155 158 SOP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗśşȱȱŗŜŘȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗśşȱȱŗŜŗȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
************************* fraca001.cod
ŖŖŗȱȱřŘȱȱȱřŜȱ
-­‐‑ 32 36 SOL
-­‐‑ 32 36 ISO
-­‐‑ 32 36 ABD
-­‐‑ 38 41 PUN
-­‐‑ 41 45 NVL
ȱȱȱȱȱȬȱȱȱŚŜȱȱȱśŘȱ
ŖŖŗȱȱŝŚȱȱȱŝşȱ
-­‐‑ 80 82 IDI
-­‐‑ 85 91 IND
-­‐‑ 92 98 ING
ŖŖŗȱȱŞŖȱȱȱŞŚȱ
-­‐‑ 80 82 IDI
-­‐‑ 85 91 IND
-­‐‑ 92 98 ING
ŖŖŗȱȱşŘȱȱȱşŞȱ
-­‐‑ 92 98 ING
-­‐‑ 105 114 IME
ŖŖŗȱȱşŞȱȱŗŖřȱ
-­‐‑ 105 114 IME
-­‐‑ 114 119 DFM
ŖŖŗȱŗŖŚȱȱŗŖśȱ
-­‐‑ 105 114 IME
-­‐‑ 114 119 DFM
-­‐‑ 119 128 ADP
ŖŖŗȱŗŚşȱȱŗśŚȱ
-­‐‑ 155 158 FEX
-­‐‑ 155 158 SOP
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗśşȱȱŗŜŘȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
ŖŖŗȱŗśşȱȱŗŜŗȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗśşȱȱŗŜŘȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
ŖŖŗȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
ȱȱȱȱȱȬȱȱŗŜřȱȱŗŜŚȱ
˜—œŠŠ–˜œȱšžŽȱ˜œȱ›¹œȱŒà’˜œȱ’—Ž—Œ’˜—Š•–Ž—ŽȱœŽ•ŽŒŒ’˜—Š˜œȱ™Š›Šȱ
a Hipótese 11 (ǰȱŒ˜–ȱŘȱ›ŽšœDzȱǰȱŒ˜–ȱřȱ›ŽšœDzȱPSC, com 5 freqs) œ¨˜ȱ™à•˜œȱŠ›ŠŒ’Ÿ˜œȱ‹ŠœŠ—ŽȱŸ’œÇŸŽ’œǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱȱŽ–ȱŚȱŒà’˜œȱ
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
57
—ŠȱœžŠȱŸ’£’—‘Š—³ŠǰȱœŽ–ȱ›Ž™Ž’³¨˜DzȱȱŠ™›ŽœŽ—Šȱž–ŠȱŸ’£’—‘Š—³ŠȱŒ˜–ȱ
ŗŖȱŒà’˜œǰȱŒ˜–ȱœŽ’œȱŽ•Žœȱ›Ž™Ž’˜œȱŘȱ˜žȱ–Š’œȱŸŽ£ŽœDzȱŽȱǰȱŒ˜–ȱ˜Šȱ
Šȱ—˜˜›’ŽŠŽǰȱ›Žø—ŽȱŗŜȱŒà’˜œȱ¥ȱœžŠȱŸ˜•ŠǰȱœŽ—˜ȱœŽŽȱ›Ž™Ž’˜œȱžŠœȱ
˜žȱ–Š’œȱŸŽ£Žœǯȱ
’Š–˜œȱšžŽȱŠȱ
’™àŽœŽȱŗŗǰȱ™Ž•Šȱà™’ŒŠȱŠȱŸ’£’—‘Š—³Šȱ˜œȱ›¹œȱŒà’-­‐‑
gos referidos com os restantes códigos do discurso, nos informa que os ›Žœ™˜—Ž—Žœǰȱ—ž–ȱŒ˜—Ž¡˜ȱŽȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȱž–ȱ
’œŒž›œ˜ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŒŽ—›Š˜ȱ—Šœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽDZȱdesmotivação dos alunosȱǻǼǰȱfalta de experiência docente (FEX) e falta de condições ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱǻǼǯȱŠœȱ—¨˜ȱŽ’¡ŠȱŽȱœŽ›ȱ›Ž•ŽŸŠ—ŽȱšžŽȱ
˜ŠœȱŽœŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŠ–’Ž–ȱŒ˜–˜ȱŽ•Ž–Ž—˜ȱ™›ŽœŽ—ŽȱŽ–ȱ˜ŠœȱŽ•Šœȱ
o problema da indisciplina (IND) dos alunos. Outro elemento comum Ž—›ŽȱȱŽȱȱ·ȱŠȱ™›ŽœŽ—³ŠȱŽȱȱǻŠ•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ
para o ensinoǼǰȱŽ—šžŠ—˜ȱȱœŽȱ•’ŠȱŽ¡™•’Œ’Š–Ž—ŽȱŠȱȱŽȱǯȱ¨˜ȱ
Šœœ˜Œ’Š³äŽœȱ Žȱ Œ˜’ęŒŠ³¨˜ȱ šžŽȱ –Š—’ŽœŠ–ȱ Œ˜—œ’œ¹—Œ’Šȱ Žȱ ’œŒž›œ˜ǰȱ
ž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱ—¨˜ȱœŽȱŠ•‘Ž’Š–ȱž–ŠœȱŠœȱ˜ž›ŠœǰȱŠ—Žœȱ™Ž•˜ȱŒ˜—›¤›’˜ȱœŽȱ
Ž—›ŽŒ›ž£Š–ǯ
XȱŗŘDZȱ™•’ŒŠŠȱŠȱà’˜œȱŸ¤›’˜œȱǻŗŘȱ™Š›ŽœǼǰȱ˜™Œ’˜—Š’œǰȱ™Š›Šȱ
determinar o coeficiente de TanimotoǰȱšžŽȱ›Šž£ǰȱŽ—›Žȱ˜œȱŸŠ•˜›ŽœȱŖȱŽȱŗǰȱ
a proporção ou razão da soma da frequência de 2 códigos em conjunto com a soma dessa mesma frequência mais a frequência de cada um dos códigos isolados em análise, tendo em conta a distância criterial de 15 linhas:
************************* fraca001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
œàȱȱȱDZȱŗ
œàȱȱȱDZȱŞ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŗ
************************** fraca001.cod
NRM + NRP : 2
só NRM : 0
só NRP : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŗ
************************** fraca001.cod
OEP + OME : 1
só OEP : 0
só OME : 2
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
************************** fraca001.cod
ȱƸȱȱDZȱŘ
œàȱȱȱDZȱŝ
só IND : 1
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
************************** fraca001.cod
IEP + IND : 1
só IEP : 0
só IND : 2
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
58
************************** fraca001.cod
IND + OME : 1
só IND : 2
só OME : 2
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘ
************************** fraca001.cod
ȱƸȱȱDZȱŘ
só ISO : 0
œàȱȱȱDZȱŝ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯŘŘŘŘŘŘŘŘŘŘŘ
************************** fraca001.cod
IND + ING : 1
só IND : 2
só ING : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
************************** fraca001.cod
IND + ABD : 1
só IND : 2
só ABD : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
******************************** fraca001.cod
ȱƸȱȱDZȱŗ
só FEX : 2
œàȱȱȱDZȱŖ
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯřřřřřřřřřřř
Francisco Cordeiro Alves
******************************** fraca001.cod
OME + FEX : 3
só OME : 0
só FEX : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŗ
******************************** fraca001.cod
ISO + PUN : 1
só ISO : 1
só PUN : 0
Œ˜ŽǯȱŽȱȱǻŖŖŗǼDZȱŖǯś
À semelhança do procedimento havido, com a Hipótese 12, para o maior êxito, comprovamos que, para o maior fracasso, dos 12 pares de Œà’˜œǰȱŠ–‹·–ȱ—ž—ŒŠȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—˜žȱ—ž•˜Dzȱ
šžŽȱ‘¤ȱŚȱŸŠ•˜›Žœȱ›ŠŒ˜œȱǻŖǰŗȱŠȱŖǰřǼȱŽœœŽȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽDzȱšžŽȱœž›Ž–ȱŜȱŸŠ•˜›Žœȱ
–˜Ž›Š˜œȱǻŖǰřřřǯǯǯȱŠȱŖǰśǼȱŽœœŽȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱšžŽǰȱ—ŽœŽœǰȱœŽȱ’–™äŽȱŖǰśȱ™Š›Šȱ
o par ƸDzȱŽȱœŽȱ’–™äŽ–ȱ˜’œȱ™Š›ŽœȱŽȱŒà’˜œȱŒ˜–ȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—Žȱŗȱ
(Ƹ e ƸǼǯȱ˜–˜ȱŸŠ•˜›ȱ–Ç—’–˜ȱŽȱŒ˜ŽęŒ’Ž—Žǰȱœ˜‹›ŽœœŠ’ȱ
o par de códigos Ƹ (0.1). ˜–ȱ‹ŠœŽȱ—ŽœŠȱŒ˜—œŠŠ³¨˜ǰȱ™˜Ž›Ž–˜œȱŠŸŽ—Š›ȱšžŽǰȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŠ˜ȱ
–Š’˜›ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽ–ȱŽœž˜ȱ—¨˜ȱ™˜—˜ȱ›Š—Žȱ
’—Œ’¹—Œ’ŠȱǻŖǯŗǼȱŽȱ’œŒž›œ˜ȱ—Šȱ›Ž•Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱȱŽȱȱǻdesmotivação dos alunos e Š•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜), admitem a sua associação, mas acham que é muito importante, na explicação do seu fracasso, a presença de NRM e NRP (necessidade de recursos materiais e —ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œȱ™ŽŠà’Œ˜œ), e bem assim a conjugação de OME e FEX (ŽęŒ’Ž—Žȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ ˜ȱ ’—ǯȱ Šȱ žŒŠ³¨˜ e falta de experiência docenteǼǯȱ Š–‹·–ȱ —¨˜ȱ œŽ›¤ȱ Žȱ –’—’–’£Š›ȱ Šȱ ™˜œ’³¨˜ȱ ˜œȱ
docentes tendente a expressar, com bastante consistência (0.5), a sua percepção de fracasso com base na relação entre ISO e PUN (isolamento Ž˜›¤ęŒ˜ e sentimento/vontade de punição). A este propósito, seria ’—Ž›ŽœœŠ—ŽȱŽœžŠ›ȱœŽȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱŒ˜•˜ŒŠ³¨˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ•˜—Žȱ
da sua naturalidade ou residência, terão alguma relação, forte ou fraca, com o sentimento de punição relativamente aos alunos. No presente caso, este indicador, e trata-­‐‑se apenas de um indicador, sugere-­‐‑nos, hipoteticamente, a moderação na consistência dessa relação.
III. Considerações finais
‘ŽŠ˜œȱ¥ȱŠœŽȱŽ›–’—Š•ȱ˜ȱŽœž˜ǰȱ—¨˜ȱ’›Ž–˜œȱŽŒŽ›ȱž–Šȱœ·›’ŽȱŽȱ
Œ˜—Œ•žœäŽœȱŠ™˜ÇŒ’ŒŠœǰȱ–ŠœǰȱŠ—Žœǰȱ˜Ž›ŽŒŽ›ȱž–ȱŒ˜—“ž—˜ȱŽȱŒ˜—œ’Ž›Š-­‐‑
³äŽœȱŒ˜—œŽ—¦—ŽŠœȱŒ˜–ȱ˜œȱ’—’ŒŠ˜›ŽœȱšžŽǰȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ǰȱ˜–˜œȱ
apresentando, analisando e interpretando. Assim, de forma pontual, anotaremos:
ŗǯȱ˜–˜ȱ —¨˜ȱ œŽȱ ›ŠŠȱ Šȱ ŸŽ›œ¨˜ȱ ’—Ž›Š•ȱ Šȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ǰȱ –Šœȱ Žȱ
uma síntese adaptada para uma publicação periódica, é normal šžŽȱ–ž’˜œȱŸŽŒ˜›ŽœȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š—Žœȱ—¨˜ȱ™˜œœŠ–ȱŠ™›ŽœŽ—Š›ȬœŽǰȱ
nomeadamente, os Anexos, que nos permitiriam reconstituir mais ŽŠ•‘ŠŠ–Ž—Žȱ˜ȱ™›ŽœŽ—Žȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ’—ŸŽœ’ŠŒ’˜—Š•Dz
2. A apresentação de um quadro conceptual amplo e multifacetado A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
59
—¨˜ȱœŽȱ—˜œȱŠęž›˜žȱŸ’¤ŸŽ•ǰȱšžŽ›ȱ™Ž•Šȱ’–™˜œ’³¨˜ȱ˜ȱŽœ™Š³˜ȱŽȱ’œ-­‐‑
curso, quer pela incipiente investigação neste domínio, pelo que —˜œȱ›Ž–ŽŽ–˜œȱ¥ȱ•’Ž›Šž›ŠȱŒ˜—œ’Ž›ŠŠȱœŽ—œ’‹’•’£Š˜›Šȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ–Šȱ
Žȱ–’—’–Š–Ž—ŽȱŽ—˜›–Š—ŽȱŠœȱ˜™³äŽœȱ–Ž˜˜•à’ŒŠœDz
řǯȱȱ šžŽȱ Œ˜—œŽž’–˜œȱ ŠŸŽ›’žŠ›ǰȱ —˜ȱ ›ŽŽ›Ž—Žȱ ¥ȱ ™›˜‹•Ž–¤’ŒŠȱ ˜ȱ
maior êxito e do maior fracasso dos professores, não poderá, por sim-­‐‑
™•’Œ’ŠŽȱ˜žȱ™›ŽŽ—œ’˜œ’œ–˜ǰȱŽ—Ž›Š•’£Š›ȬœŽȱŠȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜ŒŽ—Žȱ˜ȱ
—œ’—˜ȱŽŒž—¤›’˜Ƹřǰȱ–ŠœȱŒ˜—ę—ŠȬœŽȱŠ™Ž—Šœȱ¥ȱŽœŽ›ŠȱŽȱŸ’Ÿ¹—Œ’Šœȱ
Žȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•’ŠŽȱ ˜œȱ ˜ŒŽ—Žœȱ ŽœžŠ˜œǯȱ žŠ•šžŽ›ȱ ŽŽ’˜ȱ Žȱ
Ž—Ž›Š•’£Š‹’•’ŠŽȱœàȱ™˜Ž›¤ȱ‹ŠœŽŠ›ȬœŽȱ—ŠȱŠ—Š•˜’ŠȱŽȱœ’žŠ³äŽœȱ
™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱ —ž—ŒŠȱ ™˜›ȱ Ž¡›Š™˜•Š³¨˜ȱ Š–˜œ›Š•ȱ Žȱ ›Žœž•Š˜œǰȱ
porque, de facto, do conjunto dos nove professores respondentes —¨˜ȱŠŸ’›’ŠȱŠ•ȱ•Ž’’–’ŠŽDzȱ
4. Quanto ao maior êxitoǰȱ’›Ž–˜œȱšžŽȱŽ•Žȱ—¨˜ȱ·ȱ’™’ęŒŠ˜ȱ—ž–ȱŽ—à-­‐‑
–Ž—˜ȱ ’œ˜•Š˜ǰȱ Žœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ Ž¡™›Žœœ˜ǰȱ –Šœȱ Š—Žœȱ —Šȱ œ’–‹’˜œŽȱ
ŽȱŸ¤›’ŠœȱŸŽ›Ž—ŽœȱŠȱŸ’Ÿ¹—Œ’Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱŽœŠȱ˜›–ŠǰȱŠȱ™Š›’›ȱ
dos depoimentos em primeira pessoa, com a análise informático-­‐‑
ȬšžŠ•’Š’ŸŠȱŸ’Š‹’•’£ŠŠȱ™Ž•˜ȱ™›˜›Š–Šȱǰȱ™˜Ž›Ž–˜œȱ›ŽŽ›’›DZ
a) O eixo fulcral do discurso dos professores em análise sobre o seu maior êxitoȱŠ‹›Š—Žȱ’–Ž—œäŽœȱšžŽǰȱŽȱž–Šȱ˜žȱŽȱ˜ž›Šȱ˜›–Šǰȱ
estão subordinadas aos fenómenos educativos do sucesso dos Š•ž—˜œȱǻǼǰȱ˜ȱ‹˜–ȱ›Ž•ŠŒ’˜—Š–Ž—˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱŠ•ž—˜ȱǻǼȱŽȱŠœȱ
Ž¡™ŽŒŠ’ŸŠœȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ¹¡’˜ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ ǻǼǯȱ ˜–™•Ž–Ž—Š›-­‐‑
mente, estes três aspectos do maior êxitoȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ›Š£Ž–ȱ—Šȱ
œžŠȱŸ’£’—‘Š—³ŠǰȱŒ˜–ȱŠ•ž–Šȱ—˜˜›’ŽŠŽǰȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱŠŽŒ’ŸŠȱ
˜ȱ Š•ž—˜ȱ ǻǼǰȱ Šȱ Žœ™Ž›Š—³Šȱ —˜ȱ žž›˜ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ ǻǼȱ Žȱ ˜ȱ
›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱœ˜Œ’Š•ȱǻǼǯȱȱŽœŽȱ›Žœ™Ž’˜ǰȱŠȱ‘’™àŽœŽȱŗŗȱ˜ȱ
programa AQD é deveras esclarecedora.
b) Por outro lado, e mais rigorosa, é a expressão deste maior êxito Œ˜–ȱ‹ŠœŽȱ—ŠȱšžŠ—’ęŒŠ³¨˜ȱŠȱŒ˜Ž›¹—Œ’Šȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜-­‐‑
›Žœȱ˜ȱŽœž˜ǯȱŠȱŸŽ›ŠŽǰȱ·ȱ–˜Ž›ŠŠ–Ž—ŽȱŸ’œÇŸŽ•ȱȱǻŒ˜ŽęŒ’Ž—Žȱ
ŽȱŠ—’–˜˜ȱŽ—›ŽȱŖǯśȱŽȱŖǯŚȱǼȱšžŽǰȱŽ–ȱž—³¨˜ȱ˜ȱmaior êxito dos professores, o bom relacionamento com o aluno se conjuga com ˜ȱœžŒŽœœ˜ȱŽœŒ˜•Š›ȱŽœŽȱǻƸǼȱŽǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱ˜ȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’-­‐‑
mento de vocação para o ensino está bastante ligado ao sucesso ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱ‹Ž–ȱŠœœ’–ȱ¥œȱŽ¡™ŽŒŠ’ŸŠœȱœ˜‹›Žȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ™›˜ęœœ’˜-­‐‑
—Š•ȱǻƸȱŽȱƸǼǯȱŠ’œȱŸŽŒ˜›Žœȱœ¨˜ȱŠ‹˜—Š˜œȱ™Ž•˜œȱ
›Žœž•Š˜œȱŠȱ‘’™àŽœŽȱŗŘȱŽȱDz
ŒǼȱŽ—˜ȱŽ–ȱŒ˜—ŠȱŠȱŒ˜—ŸŽ›¹—Œ’ŠȱŠœȱŘȱ‘’™àŽœŽœȱ–Ž—Œ’˜—ŠŠœǰȱ
dir-­‐‑se-­‐‑á que as grandes fontes do maior êxitoȱœŽ›’Š–ȱ‹Š•’£ŠŠœȱ
pelos seguintes cincoȱ–Š›Œ˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œDZȱ˜ȱœžŒŽœœ˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ
o bom relacionamento com o aluno, as expectativas sobre o êxito 60
Francisco Cordeiro Alves
™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ ˜ȱ ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱ œ˜Œ’Š•ȱ Žȱ ˜ȱ ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱ Žȱ
vocação para o ensino.
5. No respeitante ao maior fracassoȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ œ’–’•Š›–Ž—Žȱ ¥ȱ
visão do maior êxito, aparece também como uma realidade, Œž“˜ȱŒ˜—Žø˜ȱŠŸ·–ȱŽȱŸ¤›’Šœȱ’–Ž—œäŽœȱŠȱŸ’Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ
Žȱ—¨˜ȱŠȱŒ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ȱŽȱž–ȱø—’Œ˜ȱŽ—à–Ž—˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ǯȱœœ’–ǰȱ
—ž–Šȱ‹ŠœŽȱ–Ž˜˜•à’ŒŠȱœ’–’•Š›ȱ¥ȱ˜ȱ–Š’˜›ȱœžŒŽœœ˜ǰȱŒ˜—œŽž’-­‐‑
mos apurar:
i. na génese do maior fracasso, segundo os indicadores da associação de códigos, via hipótese 11 de AQD, estariam a desmotivação dos alunos, a falta de experiência docente e a Š•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱǻǼǰȱŽœŠ—˜ȱ
Šȱ’—’œŒ’™•’—Šȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŠœœ˜Œ’ŠŠȱŠȱ˜ŠœȱŽœŠœȱŸ’Ÿ¹—Œ’ŠœDz
’’ǯȱ ˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŽœŽœȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŠ–’Ž–ȱŠȱŸ’—Œž•Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱŠȱ
Žœ–˜’ŸŠ³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱŠȱŠ•ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ
para o ensino, mas acham, sobretudo, que é muito impor-­‐‑
tante, na explicação do seu maior fracasso, a constatação da necessidade de recursos materiais e da necessidade de recur-­‐‑
œ˜œȱ™ŽŠà’Œ˜œǰȱ¥œȱšžŠ’œȱŽšž’™Š›Š–ȱŠȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱ—ŽŠ’ŸŠȱŽȱ
ž–ŠȱŽęŒ’Ž—Žȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱŽȱ
uma falta de experiência docente. Por outro lado, ainda que mais moderadamente (coef. 0.5), a percepção de maior fracasso ŠŸ’›’ŠȱŠȱŒ˜—“žŠ³¨˜ȱ˜œȱŠŒ˜›ŽœDZȱ’œ˜•Š–Ž—˜ȱŽ˜›¤ęŒ˜ȱŽȱ
sentimento/vontade de punição. Os presentes vectores provi-­‐‑
›’Š–ȱŠœȱ™˜—Ž›Š³äŽœȱ˜ȱŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱŠ—’–˜˜ǰȱ˜›—ŽŒ’˜ȱ
pela hipótese 12 de AQD.
iii. De forma convergente, os resultados das duas hipóteses men-­‐‑
cionadas, indicam que as fontes do maior fracasso residiriam nos seguintes marcos da actividade docente: a desmotivação dos alunos, a falta de experiência docente e a falta de con-­‐‑
’³äŽœȱ ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ ™Š›Šȱ ˜ȱ Ž—œ’—˜ǰȱ ˜Šœȱ Ž•Šœȱ Šœœ˜Œ’ŠŠœȱ ¥ȱ
’—’œŒ’™•’—Šȱ˜ȱŠ•ž—˜Dzȱ–Šœȱ–Š’œȱŸ’œÇŸŽ’œȱœ¨˜ȱŠœȱ˜—Žœȱœ’žŠŠœȱ
na necessidade de recursos materiais e de recursos pedagó-­‐‑
’Œ˜œǰȱŠœœ’–ȱŒ˜–˜ȱ—ŠȱŽęŒ’Ž—Žȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱ’—’œ·›’˜ȱ
ŠȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱ—ŠȱŠ•ŠȱŽȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šȱ˜ŒŽ—ŽDzȱ“¤ȱŽȱ˜›–Šȱ
mais mitigada, na origem do maior fracasso também se poderá Œ˜—Š›ȱŒ˜–ȱ˜ȱ’œ˜•Š–Ž—˜ȱŽ˜›¤ęŒ˜ȱŽȱ˜ȱœŽ—’–Ž—˜ȦŸ˜—ŠŽȱ
de punição. 6. Não deixaremos de constatar que para a determinação do maior fracasso concorrem, de forma notória, umas dez fontes, quando para o maior êxito encontrávamos umas cinco relevantes, o que, Š•’¤œǰȱŒ˜—’£ȱŒ˜–ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ’—Ž›Ž—Œ’Š•ȱŽȱŒ˜’ęŒŠ³¨˜ǯȱ˜›ȱ˜ž›˜ȱ
A Voz dos Professores na Primeira Pessoa
61
lado, as fontes de maior fracasso apresentam características de pro-­‐‑
—ž—Œ’ŠŠȱ Ž—¹—Œ’Šȱ Ž¡àŽ—Šȱ ¥ȱ ŠŒ’Ÿ’ŠŽȱ ˜ŒŽ—Žǰȱ Ž—šžŠ—˜ȱ Šœȱ
relacionadas com o maior êxito são mais adstritas a uma tendência Ž—àŽ—Šǯȱ›Ž™˜—Ž›¦—Œ’ŠȱŽȱž–ȱ˜œȱ˜’œȱŠœ™ŽŒ˜œǵȱȱŸ˜£ȱŽȱŚȱ
·ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠDZȱȬ“não havendo êxitos, há consciências tranquilas, porque nos preocupamos em melhorar todos os dias, pela investigação constante, ™Ž•Šȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŒ›Ç’ŒŠǰȱ™Ž•ŠȱŒ˜—œŒ’¹—Œ’ŠȱŽȱ’–™˜¹—Œ’ŠȱŽȱž–Šȱ™›˜ęœœ¨˜ǰȱŠȱ
que ‘ninguém’ dá importância alguma”.
ŝǯȱ˜›ȱ ę–ǰȱ ’›Ž–˜œȱ šžŽȱ ŽœŠœȱ Œ˜—œ’Ž›Š³äŽœȱ ™˜Ž›¨˜ȱ Žœ™˜•ŽŠ›ȱ Šȱ
Œž›’˜œ’ŠŽȱ™Ž•˜ȱŽ–ŠǰȱŠ•Ž›Š—˜ȱ™Š›Šȱ™˜œœÇŸŽ’œȱ’—ŸŽœ’Š³äŽœȱžž-­‐‑
ras, e, modestamente, testemunhar que o investimento em estudos šžŠ•’Š’Ÿ˜œǰȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱŠž˜‹’˜›¤ęŒŠǰȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŸ¤•’˜ȱŽȱŒ˜—œ-­‐‑
›ž’Ÿ˜ȱ™Š›Šȱž–ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŠȱ›ŽŠ•’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜ŒŽ—Žǰȱ
esse mundo complexo de que sempre teremos algo a descobrir.
Bibliografia
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•ŸŽœǰȱǯȱ˜›Ž’›˜ȱǻŗşşŝǼǯȱȱǻ—ǼœŠ’œŠ³¨˜ȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœǯȱœž˜ȱŽȱ
™’—’䎜ȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱ—œ’—˜ȱŽŒž—¤›’˜ȱ˜ȱ’œ›’˜ȱŽȱ
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•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ǰȱ’–˜—ŽȱǻŗşŞřǼǯȱŽȱ·Œ’ȱŽȱ’ŽȱŒ˜––Žȱ·‘˜ŽȱŽȱ
ŽŒ‘Ž›Œ‘Žǯȱ ’—ȱ ǯ•Š™’Ž›ȬŠ••Š˜—ȱ Žȱ ǯȱ ˜’›’Ž›ǰȱ Žœǯǰȱ L’Approche Biographique -­‐‑ Reflexions Epistémologiques sur une Méthode de Rechercheǯȱ’ŒŽDZȱŽ—›Žȱ—’ŸŽ›œ’Š’›Žȱ·’Ž››Š—·Ž—ǰȱŗŖřȬŗŗşǯ
ȬȱǻŗşŞřŠǼǯȱŽȱ·Œ’ȱŽȱ’ŽȱŒ˜––ŽȱŠ››Š’˜—ȱžȱž˜’’Ž—ǯȱ’—ȱǯ•Š™’Ž›Ȭ
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Š–Š—‘˜ȱq—’Œ˜ǯȱ—ȱ›ŽŠȱŽȱ—¤•’œŽȱ˜Œ’Š•ȱŽȱ›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱŠȱ
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63
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64
Francisco Cordeiro Alves
A formação de Professores para a Educação Básica
Henrique Ferreira a)
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
ȱ ™Š›’›ȱ Žȱ Š•ž—œȱ à™’Œ˜œȱ Žȱ ž–Šȱ Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ Š˜ȱ ø•’–˜ȱ ˜—›Žœœ˜ȱ
da ARIPESE1ȱǰȱ˜ȱŠž˜›ȱ›ŽĚŽŒŽȱœ˜‹›Žȱ˜œȱ˜‹œ¤Œž•˜œȱ¥ȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱž–Šȱ
escola básica de 12 anos2 , constituídos pelo parque escolar e pelo modelo ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱŒž››’Œž•Š›ȱŽȱŒŠŠȱŒ’Œ•˜ȱŽȱŽœŒ˜•Š›’ŠŽǰȱ™›˜™˜—˜ȱ–˜Ž•˜œȱ
Žȱ ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱ Šœȱ Œž•ž›Šœȱ ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ ˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Žȱ ŒŠŠȱ Œ’Œ•˜ȱ Žȱ
propondo ainda áreas de formação para os mesmos.
Résumé
—ȱ™Š›Š—ȱŽȱŒŽ›Š’—œȱ‘¸–Žœȱȁž—ŽȱŒ˜––ž—’ŒŠ’˜—ȱŠ—œȱ•ŽȱŽ›—’Ž›ȱ˜—›¸œȱ
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école basique de 12 ans, constitués par les bâtiments scolaires et par le mo-­‐‑
dèle organisationnel curriculaire de chaque cycle de scolarité, proposant des modèles d‘interaction des formations et des cultures professionnelles des professeurs de chaque cycle et proposant encore des domaines de formation pour les mêmes.
Palavras – Chave
˜Ž•˜œȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ™Š›Šȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ǯȱ˜›–Š³¨˜ȱ—’Œ’Š•ǰȱ˜—Ç—žŠȱŽȱœ™Ž-­‐‑
Œ’Š•’£ŠŠǯȱ›Š—’£Š³¨˜ȱŠȱœŒ˜•ŠǯȱŽ›ę•ȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
Mots -­ clés
ŠǼȱ ›˜Žœœ˜›ȱ˜˜›Ž—Š˜›ȱ—ŠȱȱŽȱ›ŠŠ—³Š
ȱ ›˜Žœœ˜›ȱ“ž—˜ȱŽȱ˜–ŽŠ³¨˜ȱŽę—’’ŸŠǰȱ—Šȱ›ŽŠȱ’Ž—ÇꌘȬŽŠà’ŒŠȱŽȱ’¹—Œ’Šœȱ
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A Formação de Professores para a Educação Básica
65
EduSer nº1
1. Introdução
™›˜ž—Š—˜ȱ˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›Žȱ˜ȱŒ˜—Žø˜ȱŽȱž–Šȱ
Œ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱŠ˜ȱø•’–˜ȱ˜—›Žœœ˜ȱŠȱ3ǰȱ˜ȱŠž˜›ȱ›ŽĚŽŒŽȱœ˜‹›Žȱ
Šœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽȱœ˜‹›Žȱ˜œȱ˜‹œ¤Œž•˜œȱ¥ȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱšžŽ›ȱŽȱž–ŠȱŽœŒ˜•Šȱ
básica de 12 anos4, quer dos modelos de formação de professores para essa escola básica, propondo estratégias de superação da situação actual.
›˜‹•Ž–Š’£Šȱ˜ȱšžŠ›˜ȱ•Ž’œ•Š’Ÿ˜ȱŽȱ›Žž•Š–Ž—Š›ȱŠŒžŠ’œȱ—˜œȱ˜–Ç-­‐‑
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‹¤œ’ŒŠȱŽȱŠȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›ȱ™Š›Šȱ˜ȱ–Žœ–˜ȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ—œ’—˜ȱ
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Outubro 2003
˜¸•ŽœȱŽȱ˜›–Š’˜—ȱŽœȱ—œŽ’—Š—œȱ™˜ž›ȱ•ȁŽ—œŽ’—Ž–Ž—ȱ˜‹•’Š˜’›Žǯȱ˜›–Š’˜—ȱ
—’’Š•Žǰȱ ˜—’—žŽȱ Žȱ ™·Œ’Š•’œ·Žǯȱ ›Š—’œŠ’˜—ȱ Žȱ •ȁ1Œ˜•Žǯȱ ›˜ę•ȱ ȁ¡·Œž’˜—ȱ Žœȱ
╎œȱ›˜Žœœ’˜——Ž•œǯ
Šȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽ™Š›Š–Ž—Š•ȱŠœȱ—œ’ž’³äŽœȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱžŒŠ-­‐‑
dores de Infância e de Professores, conectadas com tal cultura, a falta ŽȱŠ™˜’˜ȱ’—œ’žŒ’˜—Š•ȱŽȱꗊ—ŒŽ’›˜ǰȱ™˜›ȱ™Š›Žȱ˜ȱ˜Ž›ȱ–’—’œ›Š’Ÿ˜-­‐‑
ȬžŒŠŒ’˜—Š•ȱ Šȱ ž–ȱ ŽęŒŠ£ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ Šȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Ž–ȱ ›¤’ŒŠȱ
ŽŠà’ŒŠǰȱŠȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›ǰȱ˜œȱ–˜Ž•˜œȱ˜›Š—’£ŠŒ˜—Š’œ-­‐‑
-­‐‑curriculares de cada um dos ciclos da escolaridade básica e os diferentes modelos e sub-­‐‑modelos actuais de formação de professores.
–ȱŒ˜—œŽšž¹—Œ’Šǰȱ˜ȱŠž˜›ȱ™›˜™äŽȱǻ™˜—˜œȱřǰȱŚȱŽȱśǼǰȱŒ˜–˜ȱŽœ›Š·’Šœȱ
Žȱœž™Ž›Š³¨˜ȱŠȱœ’žŠ³¨˜ȱŠŒžŠ•ȱŠȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŠœȱŒž•ž›Šœȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ
dos professores de cada ciclo, assente na constituição de escolas básicas integradas ou, na sua impossibilidade, de centros aglutinadores terri-­‐‑
toriais da educação de infância e do 1º ciclo, por um lado, e dos 2º e 3º Œ’Œ•˜œǰȱ™˜›ȱ˜ž›˜ǰȱ–ŠœȱŒ˜–ȱ’—Ž›ŠŒ³¨˜ȱŠœȱ˜›–Š³äŽœȱŽȱ˜ȱ›Š‹Š•‘˜ȱ˜œȱ
Educadores / Professores, devendo os conteúdos da formação ter em Œ˜—ŠȱŠȱ›Ž˜›Š—’£Š³¨˜ȱŒž››’Œž•Š›ȱŽȱŠ—Ž’›˜ȱŽȱŘŖŖŗǯ
2. Modelos actuais de Professor quanto aos níveis de ensino lecciona-­
dos
—Ž›Š˜ȱ—˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱ›Žž•Š–Ž—Š³¨˜ȱŠȱ–Š’œȱ›ŽŒŽ—ŽȱŽ’ȱŽȱ
ŠœŽœ5 do Sistema Educativo6ǰȱž–ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱŽȱŗŘȱŽȱžž‹›˜ȱŽȱ
19897, instituiu um referencial organizador dos modelos da formação de professores, dividindo-­‐‑os em três modelos e em três sub-­‐‑modelos de professor, conforme segue:
ŗǼȱžŒŠ˜›ȱŽȱ—¦—Œ’ŠDz
2) Professor do Ensino Básico, com dois sub-­‐‑modelos:
Řǯŗǯ›˜Žœœ˜›ȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜Dz
ŘǯŘǯȱ›˜Žœœ˜›ȱ˜œȱŘķȱŽȱŗķȱŒ’Œ•˜œȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜Dz
3) Professor do Ensino Secundário, com um sub-­‐‑modelo:
řǯŗǯȱ›˜Žœœ˜›ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱŽŒž—¤›’˜ȱŽȱ˜ȱřķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ǯ
Para cumprir o objectivo de que
«A articulação entre os ciclos (do ensino básico ) obedece a uma sequencialidade progressiva, conferindo a cada ciclo a função de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspectiva de unidade global do ensino básico.», 8 e 9 ŽȱŠŒŽȱ¥ȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱ˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›10, o Governo de então11 apostou —ž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ™˜•’ŸŠ•Ž—ŽǰȱŠ˜™Š—˜ȱž–ŠȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ
que permitiria o agrupamento de ciclos e níveis de ensino, numa mesma escola, prevendo a complementaridade de recursos humanos.
œȱŽœŽ“ŠŠœȱ™˜•’ŸŠ•¹—Œ’ŠȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱž—’ŠŽȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’-­‐‑
co respondeu o Ministro da Educação com a criação, em 199012, e em regime experimental, do modelo das escolas básicas integradas13, que 66
Henrique Ferreira
viria a ser abandonado a partir de 1996.
Pretendia-­‐‑se com este modelo reunir no mesmo edifício, ou em edi-­‐‑
fícios muito próximos, alunos dos quatro ciclos do ensino básico e gerir os recursos humanos, físicos e pedagógicos de uma forma integrada, fomentando ainda a articulação entre ciclos de escolaridade.
˜›·–ǰȱ˜œȱšžŠ›˜œȱ•Ž’œ•Š’Ÿ˜œǰȱœ˜‹›Žž˜ȱ˜œȱ›ŽŽ›Ž—Žœȱ¥ȱ–˜‹’•’Š-­‐‑
de dos educadores e professores entre os diferentes ciclos não foram alterados e, nas escolas onde o espírito missionário dos professores não imperou, prevaleceu a realidade de três escolas separadas a funcionarem no mesmo edifício.
De qualquer modo, a ideia das escolas básicas integradas trouxe para Šȱ’œŒžœœ¨˜ȱ˜ȱ™Ž›ę•ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽ—˜ȬœŽȱŽ‹Š’˜ǰȱŠ˜ȱ
longo da década de 90 do século XX, ideias como:
– se se deveria formar um só professor/educador para a educação Žȱ’—¦—Œ’ŠȱŽȱ™Š›Šȱ˜ȱŗķȱŒ’Œ•˜Dz
Ȯȱ œŽȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ˜ȱŘķȱŒ’Œ•˜ȱŽŸŽ›’Šȱꌊ›ȱŠ–‹·–ȱ‘Š‹’•’Š˜ȱ™Š›Šȱ˜ȱŗķȱ
ciclo como era prática nas Escolas Superiores de Educação, ideia aliás aprovada legalmente14 e que vigorou até 1997/1998, com ŽŽ’˜œȱŠ·ȱŘŖŖŘDz
Ȯȱ œŽȱŠę—Š•ȱ—¨˜ȱœŽ›’Šȱ–Ž•‘˜›ȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ‘Š‹’•’Š˜ȱœàȱ™Š›Šȱ˜ȱŗķȱŒ’Œ•˜ȱ
Žȱ˜ž›˜ȱ™Š›Šȱ˜œȱŘķȱŽȱřķDz
– se, pelo contrário, se poderia falar de um professor para todo o Ž—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱ–Šœȱœàȱ—Šœȱ¤›ŽŠœȱŠœȱŽ¡™›ŽœœäŽœǯ
Ž—‘ž–ŠȱŽœŠœȱšžŽœäŽœȱœŽ›’Šȱ›Žœ˜•Ÿ’ŠȱŠ·ȱ‘˜“Žȱ™˜›šžŽȱ—Ž–ȱ–Žœ-­‐‑
–˜ȱ ˜œȱ ŽŽ—˜›Žœȱ Žȱ Œž›œ˜œȱ ™˜•’ŸŠ•Ž—Žœǰȱ ˜›Š—’£Š˜œȱ —˜œȱ Ž›–˜œȱ ˜ȱ
Decreto-­‐‑Lei de 1989, podem leccionar, simultaneamente, no 1º ciclo e nos ›ŽœŠ—ŽœȱŒ’Œ•˜œǰȱŸŽ›’ęŒŠ—˜ȬœŽǰȱ™Ž•˜ȱŒ˜—›¤›’˜ǰȱšžŽȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ—¨˜ȱ˜›-­‐‑
mados para o 3º ciclo o leccionam dado trabalharem numa escola EB2 e 3.
œŠœȱ’—Œ˜Ž›¹—Œ’ŠœȱŽ›’ŸŠ–ȱŽȱ˜’œȱ’™˜œȱŽȱ›Š£äŽœDZȱŗǼȱ—¨˜ȱœŽȱ˜›Š—’£˜žȱ
˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›ȱŽȱ–˜˜ȱŠȱšžŽȱŠ•ȱœ’–ž•Š—Ž’ŠŽȱ™žŽœœŽȱ˜Œ˜››Ž›DzȱŘǼȱ
—¨˜ȱœŽȱ–˜’ęŒ˜žȱ˜ȱœ’œŽ–ŠȱŽȱŒ˜—Œž›œ˜œȱšžŽȱŒ˜—’—žŠȱŠȱŠ–’’›ȱœ˜–Ž—ŽDZȱ
ŠǼȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜Dzȱ‹Ǽȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜œȱŘķȱŽȱřķȱŒ’Œ•˜œDzȱŽȱŒǼȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
do ensino secundário, podendo estes leccionar até ao 2º ciclo.
Assim, estamos, 13 anos depois, com a mesma discussão, sendo ŽŸ’Ž—Žȱ Š˜ȱ —ÇŸŽ•ȱ Šœȱ ™›¤’ŒŠœȱ ˜›Š—’£Š’ŸŠœȱ ˜ȱ ™Š›šžŽȱ ŽœŒ˜•Š›ȱ Ȯȱ šžŽȱ
—¨˜ȱ—˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ˜ęŒ’Š•ȱȮȱŠȱœŽž—Šȱ–ŽŠŽȱŠȱ·ŒŠŠȱŽȱşŖȱŽȱŠ·ȱ¥ȱ
actualidade, que se assiste a um movimento isolacionista dos 2º e 3º ciclos face ao primeiro ciclo, por um lado, e face ao ensino secundário, ™˜›ȱ˜ž›˜ǯȱŠ•ȱ–˜Ÿ’–Ž—˜ȱ˜’ȱŠŒ’Š–Ž—Žȱ•ŽŠ•’£Š˜ȱ™Ž•˜ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ
da nova administração da escola15ǰȱŠ˜ȱ’—œ’ž’›ȱŠȱꐞ›Šȱ˜œȱŠ›ž™Š–Ž—-­‐‑
tos de escolas16 que se agrupam apenas para efeitos de administração e gestão e, designadamente, o projecto educativo de escola, mas mantêm A Formação de Professores para a Educação Básica
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as escolas no seu território e no seu isolamento.
žŽȱšžŽ›Ž›¤ȱ’œ˜ȱ’£Ž›ǵȱžŽȱœŽȱ™äŽȱę–ȱ¥ȱ’Ž’ŠȱŽȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ™Š›Šȱ
˜œȱ›¹œȱŒ’Œ•˜œȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ǵȱžŽȱœŽȱ™äŽȱę–ȱ¥ȱ’Ž’ŠȱŽȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ
polivalente entre os 2º e 3º ciclos e para o 1º ciclo?
Š›ŽŒŽȱŽŸ’Ž—ŽȱšžŽȱŠȱ›Žœ™˜œŠȱ¥ȱ™›’–Ž’›ŠȱšžŽœ¨˜ȱ·ȱœ’–ǯȱŠȱ™›¤’ŒŠǰȱ
Šȱ ™˜•’ŸŠ•¹—Œ’Šȱ ꌘžȱ œŽ–™›Žȱ •’–’ŠŠȱ Š˜ȱ ¦–‹’˜ȱ Šȱ œŽž—Šȱ šžŽœ¨˜ǰȱ
nunca se acordando quer política quer socialmente o modo de a resolver.
O facto de no processo de regulamentação e implementação das Š•Ž›Š³äŽœȱ¥ȱŽ’ȱŽȱŠœŽœ17, designadamente a transformação dos cursos Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ ›˜Žœœ˜›Žœȱ ˜ȱ ŗķȱ ’Œ•˜ȱ Žȱ Žȱ žŒŠ˜›Žœȱ Žȱ —¦—Œ’Šȱ
Ž–ȱ ’ŒŽ—Œ’Šž›Šœǰȱ —¨˜ȱ œŽȱ Ž›ȱ ŽšžŠŒ’˜—Š˜ȱ Šȱ œ’žŠ³¨˜ȱ Ž–ȱ šžŽȱ ꌊ›’Š–ȱ
˜œȱŠ•ž—˜œȱŠœȱȍŠ›’Š—ŽœȎǰȱŽȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽȱŠ˜ȱœŽȱ™›˜ŒŽŽ›ȱ¥ȱŽę—’³¨˜ȱ˜œȱ
™Ž›ęœȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜18 ™Š›Šȱ ˜ȱ ŗķȱ ’Œ•˜ȱ —¨˜ȱ œŽȱ Ž›Ž–ȱ Š•’ȱ Ž—šžŠ›Š˜ȱ Šœȱ
Licenciaturas conferidas por tais «Variantes» constituem indicadores de um recuo na polivalência da formação de professores para os 2º e ŗķȱŒ’Œ•˜œǰȱ˜ȱšžŽȱœ’—’ęŒŠ›¤ȱ˜ȱ’œ˜•Š–Ž—˜ȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ǰȱŽ–ȱŒ˜—“ž—˜ȱŒ˜–ȱŠȱ
educação de infância19.
ŽȱšžŠ•šžŽ›ȱ–˜˜ǰȱŠœȱšžŽœäŽœȱšžŽȱŽœ¨˜ȱ—Šȱ˜›’Ž–ȱŽœŽœȱ™›˜‹•Ž-­‐‑
–Šœȱ œ¨˜ȱ Šȱ —Šž›Ž£Šȱ ˜ȱ –˜Ž•˜ȱ ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱ ˜ȱ Ž—œ’—˜ȱ —˜ȱ ŗķȱ ’Œ•˜ǰȱ
ŽȱŠȱ—Šž›Ž£Šȱ˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ—¨˜Ȭœž™Ž›’˜›ǰȱšžŽœäŽœȱšžŽȱ
procuraremos analisar de seguida.
3. Alternativas ao modelo organizacional do ensino no 1º Ciclo
Šȱ›Š’³¨˜ȱ™˜›žžŽœŠȱ˜ȱ™›’–Ž’›˜ȱŒ’Œ•˜ǰȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ·ȱȍ•˜‹Š•’£Š—Žǰȱ
da responsabilidade de um professor único»20. A Lei portuguesa21 abriu a possibilidade de o professor único ser coadjuvado em áreas especia-­‐‑
•’£ŠŠœǯ
Esta abertura da Lei portuguesa é um motivo mais para a integração das escolas dos diferentes ciclos e para a constituição de uma escola básica integrada.
˜–ȱŽŽ’˜ǰȱ˜ȱšžŽȱŽœ¤ȱŽ–ȱŒŠžœŠȱ·ȱŠȱ–Ž•‘˜›’Šȱ˜œȱœŽ›Ÿ’³˜œȱ˜Ž›ŽŒ’˜œȱ
aos alunos pela Escola do 1º ciclo em geral e pelos professores em par-­‐‑
ticular, melhoria que, a nosso ver, só se perseguirá através de um dos seguintes conjuntos de estratégias:
1) ŠǼȱŒ˜—ŒŽ—›Š³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ˜ȱŗķȱȱŽ–ȱž—’ŠŽœȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š’œȱ
Œ˜–ȱž–ȱ–Ç—’–˜ȱŽȱŘśŖȱŠ•ž—˜œDz
b) instituição de um regime de docência de dois professores por grupo de alunos, sendo um dos professores para matérias básicas (Língua Materna, Matemática e Estudo do Meio) e outro para Šȱ¤›ŽŠȱŠœȱŽ¡™›ŽœœäŽœǰȱ—ž–ȱ˜Š•ȱ–Ç—’–˜ȱŽȱřŜȱ‘˜›ŠœȱœŽ–Š—Š’œȱ
para os alunos.
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Henrique Ferreira
2) ŠǼȱ’—Ž›Š³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱŽ–ȱŽœŒ˜•ŠœȱŘȱŽȱřDz
b) instituição de um regime de docência de cinco professores por grupo de alunos, sendo um dos professores para matérias básicas (Língua Materna, Matemática e Estudo do Meio), com 15 horas mais cinco de estudo acompanhado ou de área de projecto, outro para a área de Educação Física, outro para a área de Educação Visual, outro para a área de Educação Musical e outro para a Expressão Dramática, estes quatro cada um com 3 horas lectivas mais uma de estudo acompanhado ou de área de projecto, num total mínimo de 36 horas semanais para os alunos.
˜–ȱŠœȱŒ˜—’³äŽœȱ˜ȱ™Š›šžŽȱŽœŒ˜•Š›ȱ™˜›žž¹œȱŽ–ȱŽ›Š•ǰȱœ˜‹›Žž˜ȱ
no interior do país, nenhum dos dois conjuntos de estratégias será de fácil execução pois, relativamente ao primeiro, não abundam escolas com pelo menos 14 espaços pedagógicos, incluindo 10 salas de aula. E não valerá a pena pensar em escolas mais pequenas porque é necessário equipar refeitório, sala de almoço, espaço de música, de educação visual, de educação física, de educação dramática, dormitório, enfermaria, etc..
Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱœŽž—ŠȱŽœ›Š·’ŠǰȱŽ•Šȱ—¨˜ȱ·ȱ–Ž—˜œȱ’ÇŒ’•ȱŽȱŽ¡ŽŒž-­‐‑
tar porque implica a existência de escolas dos 2º e 3º ciclos em número œžęŒ’Ž—Žȱ ™Š›Šȱ ›ŽŒŽ‹Ž›ȱ ŝŘŞǯŖŖŖȱ Š•ž—˜œ22, da Educação Infantil e do 1º ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ǯȱ
ȱ’ęŒž•ŠŽȱŠž–Ž—Š›’ŠȱŠ’—Šȱ–Š’œȱœŽȱ™Ž—œŠ›–˜œȱšžŽȱŒŠŠȱž–Šȱ
destas escolas teria de obedecer aos requisitos anteriormente explicita-­‐‑
dos, acrescendo ainda que, em muitos municípios, as crianças sofreriam ’–Ž—œ˜ȱŒ˜–ȱŠœȱ’œ¦—Œ’Šœȱ™Ž›Œ˜››’ŠœȱŽ–ȱ›Š—œ™˜›ŽœȱŽœŒ˜•Š›ŽœȱŽȱŠ•ŸŽ£ȱ
Š’—Šȱ–Š’œȱŒ˜–ȱŠœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱ›Š—œ™˜›Ž23.
œœ’–ǰȱ›Žœ’—Š›Ȭ—˜œȬŽ–˜œȱ™Ž›Š—ŽȱŠȱ’–™˜œœ’‹’•’ŠŽȱŽȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱ˜œȱ
sonhos, aceitando a dura realidade de que, na maior parte do território português, os agrupamentos de escola serão a solução menor para um mal maior, que é o do isolamento das Escolas do 1º ciclo e Estabeleci-­‐‑
mentos de educação de infância. ˜ȱŽ—Š—˜ǰȱ‘¤ȱ–ž’Šœȱœ’žŠ³äŽœȱŽ–ȱšžŽȱšžŽ›ȱž–ȱšžŽ›ȱ˜ȱ˜ž›˜ȱ˜œȱŒ˜—-­‐‑
juntos de estratégias poderão ser implementados, sobretudo ao nível dos aglomerados urbanos. Valeria a pena por isso equacionar esta questão.
4.O modelo mais possível
ȱ ›ŽŠ•’ŠŽȱ ˜ȱ Š›ž™Š–Ž—˜ȱ ˜œȱ Řķȱ Žȱ řķȱ Œ’Œ•˜œǰȱ ’–™ŽŽȬ—˜œȱ Žȱ
Œ˜—ŒŽ‹Ž›ȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ˜žȱœàȱ™Š›Šȱ˜ȱŘķȱ˜žȱœàȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ›ŒŽ’›˜ȱŒ’Œ•˜œȱŽȱ
˜‹›’ŠȬ—˜œȱŠȱŽ¡’’›ȱž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ™Š›Šȱ˜œȱ˜’œȱŒ’Œ•˜œǯȱŽȱ›Žœ˜ǰȱŽœŠȱ
œ˜•ž³¨˜ȱ“¤ȱ˜’ȱŽ—ŠŠȱŽ–ȱŗşşśȱ™˜›ȱŠ—žŽ•ŠȱŽ››Ž’›ŠȱŽ’Žǰȱ’—’œ›Šȱ
da Educação, com o inconveniente de compartimentar demasiado a A Formação de Professores para a Educação Básica
69
˜›–Š³¨˜ǰȱŽ–ȱ’œŒ’™•’—Šœȱ’œ˜•ŠŠœǰȱ˜ȱšžŽȱ•ŽŸ˜žȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱŠŒ’˜—Š•ȱŽȱ
Educação a «reprovar» a Portaria24 e o Ministro Marçal Grilo a revogá-­‐‑
-­‐‑la, em 1996. De resto, na realidade, os alunos das «Variantes das ESE‘s •ŽŒŒ’˜—Š–ȱ —˜ȱ Ž›ŒŽ’›˜ȱ Œ’Œ•˜ǰȱ ›ŽŠ•’ŠŽȱ šžŽȱ ŽŸŽȱ ȍ˜‹›’Š›Ȏȱ ¥ȱ ˜›–Š³¨˜ȱ
para leccionar no mesmo.
Assim, qualquer perspectiva de interacção entre os 2º e 3º e o 1º ciclos deverá passar pela participação de alguns dos professores dos 2º e 3º Œ’Œ•˜œȱ—Šœȱ’—¦–’ŒŠœȱ™ŽŠà’ŒŠœȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ǯ
˜–˜ȱŸ’–˜œȱŠ›¤œǰȱŠȱŽ’ȱŽȱŠœŽœȱ™˜œœ’‹’•’ŠȱšžŽȱ˜ȱ›Ž’–ŽȱŽȱ–˜—˜-­‐‑
˜Œ¹—Œ’Šȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱ™˜œœŠȱœŽ›ȱŒ˜Š“žŸŠ˜ȱŽ–ȱ¤›ŽŠœȱŽœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠœǰȱ˜ȱ
que remete para Línguas Estrangeiras, Educação Dramática, Educação Visual e Plástica, Educação Musical, Educação Física.
Assim, sempre que houvesse possibilidade de juntar, no mesmo edifício, ou em edifícios muito próximos, alunos dos três ciclos, profes-­‐‑
sores destas cinco áreas dos 2º e 3º ciclos poderiam contribuir para uma formação mais completa dos alunos do 1º ciclo, sendo que o Professor de matérias básicas, com um total mínimo de 20 horas por semana com os alunos, seria o responsável pela integração de todas as áreas curriculares.
5. A formação dos professores para os três ciclos do ensino básico
5.1. O âmbito da Formação
A formação para os três ciclos do ensino básico exigiria conhecimento ™œ’Œ˜Ȭœ˜Œ’˜•à’Œ˜ǰȱŒž››’Œž•Š›ȱŽȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ–Ž˜˜•à’ŒŠȱ
e estágio pedagógico nos três ciclos, em períodos anuais sucessivos e integrados, onde seria desejável o contacto inicial com o 3º ciclo, segui-­‐‑
˜ȱ˜ȱŘķȱŽȱŽ™˜’œȱ˜ȱŗķǰȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱšžŽȱ˜œȱŠœ™ŽŒ˜œȱŽœ™ŽŒÇꌘœȱŽœŽȱ
ciclo constituíssem o principal factor de amadurecimento dos futuros professores.
5.2. Orientações a considerar na formação de professores para o
ensino básico
ȱ ›Ž˜›Š—’£Š³¨˜ȱ Œž››’Œž•Š›ȱ ˜ȱ Ž—œ’—˜ȱ ‹¤œ’Œ˜ǰȱ ’—œ’žÇŠȱ Ž–ȱ ŘŖŖŗ25 ǻŸŽ›ȱšžŠ›˜ȱǰȱ—˜ȱꗊ•ȱŽœŽȱ›Š‹Š•‘˜Ǽǰȱ™Š›ŠȱŽ›ȱ’—ÇŒ’˜ȱ—˜œȱŗķǰȱśķȱŽȱŝķȱŠ—˜œȱ
em 2001/02, estabelece algumas áreas de serviços de educação a prestar aos alunos na escola e para as quais os professores devem ser formados. Š’œȱ¤›ŽŠœȱœ¨˜
– quatro áreas transversais a todo o currículo, a saber, – Educação para a cidadania, Ȯȱ Š•˜›’£Š³¨˜ȱŠȱǗžŠȱ˜›žžŽœŠǰȱ
Ȯȱ ’–Ž—œ¨˜ȱ
ž–Š—Šȱ˜ȱ›Š‹Š•‘˜ȱŽȱ
Ȯȱ ŽŒ—˜•˜’ŠœȱŠȱ—˜›–Š³¨˜ȱŽȱŠȱ˜–ž—’ŒŠ³¨˜Dz
70
Henrique Ferreira
– as áreas curriculares disciplinaresȱŽȱ˜Œ¹—Œ’ŠǰȱŽ–ȱŒž“˜œȱŒ˜—Ž-­‐‑
údos e processamento da informação os professores devem ser verdadeiros especialistas; – uma área curricular não disciplinar – Formação Pessoal e Social, comum a todos os ciclos, com as seguintes sub-­‐‑áreas:
Ȯȱ ›ŽŠȱ›˜“ŽŒ˜ǰ
– Estudo acompanhado,
– Formação cívica,
– Opção escola,
-­‐‑ Actividades de enriquecimento.
˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱ˜ȱ™Ž›ę•ȱŽ›Š•ȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœ26 institui quatro grandes áreas de competências:
Ȯȱ ’–Ž—œ¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱœ˜Œ’Š•ȱŽȱ·’ŒŠǰ
Ȯȱ ’–Ž—œ¨˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰ
– dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade, e Ȯȱ ’–Ž—œ¨˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱŠȱŸ’Šǯ
¤ȱ˜ȱ™Ž›ę•ȱŽœ™ŽŒÇꌘȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȱŽȱ
˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜27ȱ’—œ’ž’ȱžŠœȱ¤›ŽŠœȱŽȱŠŒžŠ³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•DZ
– concepção e desenvolvimento do currículo e – integração do currículo.
˜–ȱ‹ŠœŽȱ—Šœȱ›ŽĚŽ¡äŽœȱŠ—Ž›’˜›Žœǰȱ—Šœȱ˜›’Ž—Š³äŽœȱŠȱ›Ž˜›Š—’£Š³¨˜ȱ
Œž››’Œž•Š›ǰȱ —Šœȱ ˜›’Ž—Š³äŽœȱ ˜ȱ ™Ž›ę•ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ ˜œȱ ›˜Žœœ˜›Žœȱ ˜ȱ
—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱŽȱŽŒž—¤›’˜ȱŽȱŠ’—Šȱ˜ȱ™Ž›ę•ȱŽœ™ŽŒÇꌘȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ
do 1º ciclo e de Educadores de Infância, entendemos serem grandes ˜›’Ž—Š³äŽœȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŠœȱœŽž’—ŽœDZ
Ȯȱ Šœȱꗊ•’ŠŽœǰȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱŠœȱ™˜™ž•Š³äŽœȱŽœŒ˜•Š›Žœȱ
e dos níveis de ensino e, dentro do ensino básico, nos diferentes ciclos de escolaridade,
Ȯȱ Šȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŒž››’Œž•Š›ȱŽȱŒŠŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽǰȱ—˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ǰȱ
de cada ciclo de escolaridade,
Ȯȱ Šœȱ Œ˜–™˜—Ž—Žœȱ ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š’œȱ Œž››’Œž•Š›Žœȱ Žȱ ŒŠŠȱ —ÇŸŽ•ȱ Žȱ
ensino e, dentro do ensino básico, de cada nível de escolaridade,
– os processos de interacção entre os diferentes ciclos de escolaridade, no ensino básico,
Ȯȱ ˜œȱŠœ™ŽŒ˜œȱšžŽȱŠœȱ’¹—Œ’ŠœȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱŽ–˜—œ›Š›Š–ȱ›Ž•ŽŸŠ—Žœȱ
na compreensão, interpretação e explicação da escola, dos profes-­‐‑
sores, dos alunos e seus pais e, sobretudo, do processo educativo,
Ȯȱ ˜œȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œȱŒ’Ž—Çꌘœȱ’—Ž›Ž—Žœȱ¥ȱŽœ›žž›Š³¨˜ȱŽȱ’œ™˜—’‹’-­‐‑
A Formação de Professores para a Educação Básica
71
•’£Š³¨˜ȱ˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱ’œŒ’™•’—Š›ȱŽȱ’—Ž›’œŒ’™•’—Š›ȱŽ–ȱ¤›ŽŠȱ˜žȱ
¤›ŽŠœȱŽœ™ŽŒÇꌊœǰ
– os conhecimentos e competências curriculares, pedagógicas e di-­‐‑
¤Œ’ŒŠœȱ’—Ž›Ž—ŽœȱŠȱž–ȱŒŠ–™˜ȱŽ™’œŽ–˜•à’Œ˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘǰ
Ȯȱ ˜œȱœŠ‹Ž›ŽœǰȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱŽȱœŠ‹Ž›ŽœȬŠ£Ž›ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽ–ȱ˜˜œȱ˜œȱ
domínios de acção do professor, na escola, designadamente,
Ȯȱ Œ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ Œ’Ž—Çꌊœǰȱ ŽŒ—˜•à’ŒŠœȱ Žȱ ·Œ—’ŒŠœȱ —˜ȱ ˜–Ç—’˜ȱ
’œŒ’™•’—Š›ǰȱ™•ž›’’œŒ’™•’—Š›ǰȱ›Š—œ’œŒ’™•’—Š›ȱŽȱ’—Ž›’œŒ’™•’—Š›Dz
– competências humanas, éticas, cívicas, pedagógicas e relacion-­‐‑
Š’œǰȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱž—³¨˜ȱ˜ŒŽ—ŽȱŽȱ¥ȱ›Ž•Š³¨˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱŽ–Š’œȱ
Ž•Ž–Ž—˜œȱŠȱŽœŒ˜•ŠȱŽȱŠȱŒ˜–ž—’ŠŽDz
Ȯȱ Œ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ Žȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ Žȱ ™Š›’Œ’™Š³¨˜ȱ —Šȱ ˜Œ’ŽŠŽȱ Šȱ
Informação (tecnologias da informação e da comunicação) e œžŠȱž’•’£Š³¨˜ȱŽ–ȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱŽ—œ’—˜ȬŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽ–Š’œȱ
™›˜“ŽŒ˜œȱŽȱŽœŒ˜•ŠDz
– competências de estimulação do desenvolvimento e de orientação educacional dos alunos, dos pais ou encarregados de educação Žȱ˜œȱž—Œ’˜—¤›’˜œDz
– competências de orientação dos alunos no estudo, em actividades Žȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱŽȱŽ–ȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱŽȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜Dz
Ȯȱ Œ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ Žȱ Œ˜—ŒŽ™³¨˜ǰȱ ŽœŽ—‘˜ǰȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ǰȱ ŽœŽ—-­‐‑
volvimento e avaliação de projectos curriculares disciplinares, pluridisciplinares, transdisciplinares e interdisciplinares, a nível –ŠŒ›˜ǰȱ–Žœ˜ȱŽȱ–’Œ›˜˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•Dz
Ȯȱ Œ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ Žȱ Œ˜—ŒŽ™³¨˜ǰȱ ŽœŽ—‘˜ǰȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ǰȱ ŽœŽ—-­‐‑
volvimento e avaliação de projectos curriculares disciplinares, pluridisciplinares, transdisciplinares e interdisciplinares, a nível macro, meso e micro, para alunos provenientes de diferentes etnias, estratos sociais e culturais ou necessitados de diferentes ›ŠžœȱŽȱŠŽ—’–Ž—˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘDz
– competências de elaboração, desenvolvimento e avaliação de projectos de investigação – acção e de intervenção social e co-­‐‑
–ž—’¤›’ŠDz
– competências de avaliação diagnóstica, prognóstica, formativa Žȱœž–Š’ŸŠǰȱŠ™•’ŒŠŠȱŠȱ’Ž›Ž—Žœȱ™›˜“ŽŒ˜œDz
– conhecimentos, saberes e competências em domínios de acção comuns a todos os professores, tais como: aperfeiçoamento da literacia, do cálculo, da educação cívica, da educação para o ambiente, da educação sexual, da educação estética, da educação para a cidadania e para a democracia.
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Henrique Ferreira
A formação dos professores corre o risco de ser uma tarefa ciclópica, ˜—Žȱ˜ȱà™’–˜ȱœŽȱ›ŽŸŽ•Š›¤ȱ’—’–’˜ȱ˜ȱ‹˜–ǯȱ˜–ȱŽŽ’˜ǰȱŠȱŠŒž–ž•Š³¨˜ȱ
Žȱž—³äŽœȱšžŽȱ·ȱ‘˜“ŽȱŽ¡’’ŠȱŠ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŠ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ
™›˜ž£’—˜ȱ˜ȱŽŽ’˜ȱŽȱȍ’œŒž›œ˜ȱ—˜›–Š’Ÿ˜ȱ˜ȱœž™Ž›™›˜Žœœ˜›Ȏ28 pode Œ˜—ž£’›ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŠȱ—¨˜ȱœŽ›Ž–ȱ‹˜—œȱŽ–ȱ—Ž—‘ž–Šȱ¤›ŽŠȱ™˜›šžŽȱ¹–ȱ
ŽȱŠ£Ž›ȱšžŠœŽȱž˜ȱ—ŠȱŽœŒ˜•Š29.
É neste contexto que o esforço que tem sido feito, sobretudo desde 199730ǰȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱ’—Œ›Ž–Ž—Š›ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱŽȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
para dotar as escolas de especialistas em áreas críticas, tais como orienta-­‐‑
³¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱŒž››’Œž•Š›ǰȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ
de recursos, animação sócio-­‐‑cultural, os quais possam orientar os outros professores na sua acção nos parece essencial.
Porém, não bastará a formação, nem, sobretudo, uma formação curta, como será o caso da ministrada em cursos de pós-­‐‑licenciatura, com 250 horas31ǰȱŠ˜ȱŠ‹›’˜ȱ˜ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱşśȦşŝǰȱŽȱŘřȦŚǯȱ1ȱ—ŽŒŽœœ¤›’ŠȱŠȱŽę—’³¨˜ȱ
de cargos que tais professores possam ocupar para o exercício das suas ž—³äŽœȱŽȱ™â›ȱŽ–ȱ™›¤’ŒŠȱ˜ȱšžŽȱ’œ™äŽȱ˜ȱ™›à™›’˜ȱŽœŠž˜ȱŠȱŒŠ››Ž’›Š32 docente sobre o assunto.
ŽȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜›–Šǰȱœ˜‹ȱ™›˜™˜œŠȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—ÇꌘȬŽŠà’Œ˜ȱ
Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ˜—Ç—žŠȱŽȱ›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱžŒŠ˜›ŽœǰȱŽ–ȱŗşşŞǰȱ˜œȱŽŒ›Ž-­‐‑
tários de Estado da Educação e Inovação e da Administração Educativa Žę—’›Š–ǰȱŽ–ȱŗşşşǰȱ˜œȱ™Ž›ęœȱŽȱ˜›–Š³¨˜33 das nove áreas de formação Žœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠ34ǰȱ™Ž›ęœȱšžŽȱŽę—’›Š–ȱŠœȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠœȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱŽ–DZ
– competências de análise critica,
– competências de intervenção,
– competências de formação, de supervisão e de avaliação, e
– competências de consultadoria.
œŠȱŽę—’³¨˜ȱŒ˜—›’‹ž’žȱ™Š›Šȱž–Šȱ–Ž•‘˜›ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱ
˜œȱŒž›œ˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠǰȱŠ˜ȱ–Žœ–˜ȱŽ–™˜ȱšžŽȱ’—ž£’žȱŠȱ
œžŠȱŠŽšžŠ³¨˜ȱŠ˜œȱ™Š›¦–Ž›˜œȱŽę—’˜œǯ
ȱœ’œŽ–ŠȱŽžŒŠ’Ÿ˜ȱ™˜›žž¹œȱ™˜ŽȱŠœœ’–ȱ˜Š›ȬœŽȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ
‘Š‹’•’Š˜œȱŒ˜–ȱŸ’œŠȱ¥ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£Š³¨˜ȱ˜œȱ’Ž›Ž—ŽœȱœŽ›Ÿ’³˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ
a ministrar pela escola aos alunos libertando assim os professores para o essencial da sua missão: a docente.
6. Conclusão
˜ȱꗊ•ȱ˜ȱ—˜œœ˜ȱ›Š‹Š•‘˜ǰȱŽ—Ž—Ž–˜œȱœŽ›ȱŠ‹œ˜•žŠ–Ž—Žȱ—ŽŒŽœœ¤›’˜ȱ
›Ž˜›Š—’£Š›ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ŽœǰȱŽȱ–˜˜ȱŠȱŒ˜—Ž›’›ȱ–Š’˜›ȱž—’Š-­‐‑
ŽȱŽžŒŠŒ’˜—Š•ǰȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱŠ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱŽȱŗŘȱŠ—˜œǯ
Para isso, é necessário conceber a educação básica das crianças e alunos como decorrendo num território educativo onde, para um mes-­‐‑
mo grupo de 250 crianças, no mínimo, não haja mais que dois centros A Formação de Professores para a Educação Básica
73
educativos, sendo preferencial que haja apenas um, a escola básica de 12 anos, havendo ali quatro tipos de professor: Educador de Infância, ›˜Žœœ˜›ȱŽȱŠ·›’Šœȱ¤œ’ŒŠœȱ™Š›Šȱ˜ȱŗķȱǰȱȱ›˜Žœœ˜›ȱ˜œȱŗķǰȱŘķȱŽȱřķȱ
ȁœȱ Ž–ȱ ’œŒ’™•’—Šœȱ Šȱ ›ŽŠȱ Šœȱ ¡™›ŽœœäŽœȱ Žȱ ›˜Žœœ˜›ȱ ˜œȱ Řķȱ Žȱ řķȱ
ȁœȱ—Šœȱ›ŽœŠ—Žœȱ’œŒ’™•’—Šœǯ
ȱ›˜Žœœ˜›ȱ˜ȱŗķȱȱŒ˜—’—žŠ›’Šȱ˜ȱ™›’—Œ’™Š•ȱ›Žœ™˜—œ¤ŸŽ•ȱ™Ž•˜ȱ›ž™˜ȱ
ŽȱŠ•ž—˜œȱ–ŠœȱœŽ›’ŠȱŒ˜Š“žŸŠ˜ȱ—Šȱ›ŽŠȱŠȱ¡™›ŽœœäŽœȱ™Ž•˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
Šœȱ’œŒ’™•’—ŠœȱŠȱ›ŽŠȱ—˜œȱŘķȱŽȱřķȱȁœǰȱŽœŽȱšžŽȱŽ•Žœȱ’ŸŽœœŽ–ȱŽ’˜ȱ
Žœ¤’˜ȱ—˜ȱŗķȱǯ
Porém, sem a concentração das crianças em Centros Educativos e œŽ–ȱ ˜ȱ Š™Ž›ŽŒ‘Š–Ž—˜ȱ ·Œ—’Œ˜ȬŽžŒŠŒ’˜—Š•ȱ ŽœŽœȱ —¨˜ȱ Š’—’›ÇŠ–˜œȱ
ŽœŽœȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œǯ
Bibliografia
•ŸŽœǰȱ ǯȱ ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱ O Encontro Com a Realidade Docente – Ser Professor Principiante. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional
Alves, J. M. (1991). A Relação Pedagógica Como Espaço de Negociação. In Benquerença (Revista do Instituto Politécnico de Bragança), nº 2 (1991), pp. 62 -­‐‑ 72
˜›žŠ•ȱ Ȯȱ ’—’œ·›’˜ȱ Šȱ žŒŠ³¨˜ȱ Ȭȱ ˜—œŽ•‘˜ȱ ’Ž—Ç’Œ˜ȬŽŠà’Œ˜ȱ
Šȱ ˜›–Š³¨˜ȱ ˜—Ç—žŠȱ ǻŗşşŞǼǯȱ Contributos para a Consolidação da Formação Contínua Centrada nas Práticas Profissionais. Braga: ’³¨˜ȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ǯ
˜›žŠ•ȱȮȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱȬȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—Ç’Œ˜ȬŽŠà’Œ˜ȱŠȱ
˜›–Š³¨˜ȱ˜—Ç—žŠȱǻŘŖŖŘǼǯȱRelatório de Actividades – 2001. Braga: ’³¨˜ȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜
Ferreira, H. (1997). Proposta de Perfil de Formação do Professor de Educação Básica. Proposta de projecto de formação de professores e consequente revisão do plano de estudos dos cursos de formação de professores ministrados na ESE de Bragança, apresentada ao ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—Ç’Œ˜ȱŽœŠȱœŒ˜•ŠǯȱŠ›³˜ȱŽȱŗşşŞǯȱǻœŒ˜•Šȱž™Ž›’˜›ȱ
de Educação de Bragança, policopiado)
Ferreira, H. (2001). «A formação de Professores para os 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e para os 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, na Área das Expressões», comunicação apresentada ao Encontro Nacional da Associação das Escolas Superiores de Educação (ARIPESE) sobre «Formação e Padrões de Qualidade no Ensino», ›ŽŠ•’£Š˜ȱ—ŠȱȱŽȱ
Bragança, nos dias 3 e 4 de Maio de 2001, comunicação integrada —˜ȱŠ’—Ž•ȱŗȱȮȱŽœŠ’˜ȱ¥œȱ˜›–Š³äŽœȱ™Š›ŠȱŠȱ˜Œ¹—Œ’Šȱ—ŠȱžŒŠ³¨˜ȱ
Básica (3 de Maio) (Escola Superior de Educação de Bragança, policopiado)
Ferreira, H. (2001). El Sistema de Formación de Profesores en Portugal e y en la Escuela Superior de Educación de Bragançaǯȱ—ȱ˜œŠœȱ’ȱ˜œŠǰȱ
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Henrique Ferreira
QUADRO I: Planos Curriculares e componentes organizacionais curriculares no Ensino Básico, a partir de 2001/2002 (D.L. 6/2001) (f), (g)
a) A decidir pela escola no âmbito do complemento curricular, podendo ser a iniciação a uma língua estrangeira no 1º CEB
b) Facultativa
c) 25 horas para cada um dos 4 anos do 1º ciclo. A gestão do tempo fica a cargo da escola.
d) Teatro, educação musical, dança
e) A combinar entre as duas disciplinas
f) A iniciar em 2001/02 nos 1º ao 6º anos e em 2002/3, 2003/4 e 2004/5, nos restantes anos.
g) A gestão do tempo no interior de cada área curricular, assim como da duração dos tempos lectivos é da responsabilidade da escola.
A Formação de Professores para a Educação Básica
75
M., Durieux, F., Guardia, S. G., Langer, W., Ojala, M., e Oomen – Welke, I. (Eds., 2001). Student Teaching Practice in Europe. Freiburg in Breisgau: Fillibach – Vert, pp. 247 – 254. Publicação co-­‐‑financiada pelo Programa Sócrates/Erasmus da UE
Formosinho, J. (1992). O Dilema Organizacional da Escola de MassasǯȱŽ¡˜Ȭ
œÇ—ŽœŽȱŠȱŒ˜—Ž›¹—Œ’ŠȱŠ™›ŽœŽ—ŠŠȱŠ˜ȱ˜—›Žœœ˜ȱȍAdministração Educacional e Projecto Educativoǰȱ›ŽŠ•’£Š˜ȱŽ–ȱ›ŠŠ—³Šǰȱ—ŠȱœŒ˜•Šȱ
Superior de Educação, nos dias 2, 3 e 4 de Outubro de 1992. Texto publicado em Revista Portuguesa de Educação, Vol 5, nº 3, 1992, pp. 23-­‐‑48. Braga: Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho
Formosinho, João (1999). O Ensino Primário -­‐‑ De Ciclo Único do Ensino Básico a Ciclo Intermédio da Educação BásicaǯȱŠŽ›—˜œȱȱ—ķȱŘŗǯȱ
’œ‹˜ŠDZȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ǯȱ›˜›Š–ŠȱžŒŠ³¨˜ȱŠ›Šȱ˜˜œǯ
˜›–˜œ’—‘˜ǰȱ ǯǰȱ Ž››Ž’›Šǰȱ ǯǰȱ Žȱ ’£Šǰȱ ǯȱ ǯȱ Formação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadoresǯȱ Ž¡˜ȱ Š™›ŽœŽ—Š˜ȱ Š˜ȱ
Ž–’—¤›’˜ȱ›ŽŠ•’£Š˜ȱ™Ž•ŠȱŽŒ³¨˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱ˜ȱ
–Žœ–˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ—˜ȱ’ŠȱŘřȱŽȱ‹›’•ȱŽȱŘŖŖŗǰȱ—Šȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱ
ŽȱŸŽ’›˜ǯȱ›ŠŠDZȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—Ç’Œ˜ȬŽŠà’Œ˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ
˜—Ç—žŠȱǻ™˜•’Œ˜™’Š˜Ǽ
’–ŠǰȱǯǰȱŠœ›˜ǰȱǯȱǯȱŽDzȱ
!ǰȱǯȱŽȱ
ǰȱǯȱǯȱǻŗşşśǼǯȱO Modelo Integrado, 20 anos Depois: Contributos para Uma Avaliação do Projecto de Licenciaturas em Ensino na Universidade do Minho, Revista Portuguesa de Educação, Vol 8, nº 2, 1995, pp.147-­‐‑196. Braga: Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho
Martins, Édio e DELGADO, J. M. (2002). Autonomia, Administração e Gestão das Escolas Portuguesas – 1974 – 1999 – Continuidades e Rupturas. Lisboa: Ministério da Educação – Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento.
Pires, E. L. (1993). Escolas Básicas Integradas como centros Locais de Educação Básicaǯȱ˜›˜DZȱ˜Œ’ŽŠŽȱ˜›žžŽœŠȱŽȱ’¹—Œ’ŠœȱŠȱžŒŠ³¨˜ǯ
76
Henrique Ferreira
Legislação referenciada
Lei 46/86, de 14/10, in DR I: 3067-­‐‑ 3082, alterada no seus artigos 13º, ›ŽŽ›Ž—Žȱ¥ȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱœž™Ž›’˜›ǰȱřŗķȱŽȱřřķǰȱ›ŽŽ›Ž—Žœȱ
¥ȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ™Ž•ŠȱŽ’ȱŗŗśȦşŝǰȱŽȱŗŞȦşǰȱ’—ȱȱȬDZȱ
5082-­‐‑5083 – Lei de Bases do Sistema Educativo
Lei nº 5/97, de 10/8, DR.I.A, 1997: 670 – 673 -­‐‑ Lei Quadro da Educação Pré-­‐‑Escolar Decreto-­‐‑Lei 58/86, de 21/3, in DR I: 682-­‐‑683: ordenamento Jurídico da Formação de Professores nas ESE‘s Decreto-­‐‑Lei nº 344/89, de 11/10, in DR I: 4426-­‐‑4432 – Ordenamento Jurídico da Formação de Professores
Decreto-­‐‑Lei 139-­‐‑A/90, de 28/4, in DR 1990.I.A: 2040-­‐‑(2) a 2040-­‐‑(18), com a redacção dada pelo Decreto-­‐‑Lei nº 1/98, de 2/1, In DR.1998, I-­‐‑A: ŗȬŘŞDZȱœŠž˜ȱŠȱŠ››Ž’›Šȱ˜ŒŽ—Žȱ˜œȱžŒŠ˜›ŽœȱŽȱ—¦—Œ’ŠȱŽȱ
dos Professores do Ensino Não-­‐‑Superior
Decreto-­‐‑Lei nº 172/91, de 10/5, in DR I-­‐‑A: 2521 – 2530: Regime experimental do modelo de administração democrática da escola Infantil, Básica e Secundária
Decreto-­‐‑Lei nº 95/97, de 23/4, in DR.1997, I.-­‐‑A:1831-­‐‑1833: Ordenamento ž›Ç’Œ˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœ
Decreto-­‐‑Lei 115-­‐‑A/98, de 4/5, in DR I-­‐‑A, Suplemento: 1988 – (1) a 1988 – (14) – Regime de autonomia, administração e Gestão das Escolas Infantis, Básicas e Secundárias
Decreto-­‐‑Lei nº 255/98, de 11/8, in DR.1998, I-­‐‑A: 3907 – 3910: Ordenamento ž›Ç’Œ˜ȱŽȱ›Š—’£Š³¨˜ȱ˜œȱž›œ˜œȱŽȱ˜–™•Ž–Ž—˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ
Žȱ ˜œȱ ž›œ˜œȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ œ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱ ™Š›Šȱ ›˜Žœœ˜›Žœȱ
Bacharéis
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do Ensino Básico
Decreto-­‐‑Lei nº 240, de 30/8/2001, In DR I-­‐‑A: 5568 – 5575: Perfil Geral de Formação do Professor do Ensino Básico e do Professor do Ensino Secundário Decreto-­‐‑Lei nº 241, ambos de 30/8/2001, In DR I-­‐‑A: 5571 – 5575: Perfil Específico de Formação do Professor do Educador de Infância e ˜ȱ›˜Žœœ˜›ȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱ
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Portaria 352/86, de 8/7, in DR I: 1026 –1028: Regulamentação do Ordenamento Jurídico aprovado pelo Decreto-­‐‑Lei nº 58/86
Portaria nº 1141 – D/ 95, de 15/9: Grupos de docência dos 2º e 3º ciclos do ensino básico
A Formação de Professores para a Educação Básica
77
Portaria nº 2/96, de 3/1: Revogou a Portaria nº 1141 – D/95
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33/ME/91, de 8/3: criação, em regime experimental, da Escolas Básicas Integradas
Žœ™ŠŒ‘˜ȱ˜—“ž—˜ȱȦȱ—ķȱŗşŞȦşşǰȱŽȱŗśȦŘǰȱ’—ȱǯŗşşşǰȱDZȱŘŖŚŘȱȮȱ
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Despacho 147/B/ME/96, de 1/8: Agrupamentos de Escolas Despacho 73/SEAE/SEEI/96, de 3/9: Agrupamentos de Escolas Notas
ŗǼȱȱ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱA formação de Professores para os 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e para os 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, na Área das Expressões apresentada ao Encontro Nacional da Associação das Escolas Superiores de Educação (ARIPESE) sobre «Formação e Padrões de Qualidade no Ensino», ȱ›ŽŠ•’£Š˜ȱ—ŠȱȱŽȱ›ŠŠ—³Šǰȱ—˜œȱ’Šœ 3 e 4 de Maio de 2001, comunicação integrada no Painel 1 – ŽœŠę˜ȱ¥œȱ˜›–Š³äŽœȱ™Š›ŠȱŠȱ˜Œ¹—Œ’Šȱ—ŠȱžŒŠ³¨˜ȱ
Básica (3 de Maio)
2) A partir da publicação da Lei Quadro da Educação Pré-­‐‑Escolar (Lei nº 5/97, de 10/8, DR.I.A, 1997: 670 – 673, «A educação pré-­‐‑escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidárioǯȎȱǻŠ™Çž•˜ȱǰȱŠ›ķȱŘķǼǯ
řǼȱ ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱA formação de Professores para os 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e para os 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, na Área das Expressões apresentada ao Encontro Nacional da Associação das Escolas Superiores de Educação (ARIPESE) sobre «Formação e Padrões de Qualidade no Ensino», realizado na ESE de Bragança, nos dias 3 e 4 de Maio de 2001, co-­‐‑
municação integrada no Painel 1 – ŽœŠę˜ȱ¥œȱ˜›–Š³äŽœȱ™Š›ŠȱŠȱ˜Œ¹—Œ’Šȱ—ŠȱžŒŠ³¨˜ȱ¤œ’ŒŠ (3 de Maio)
4) A partir da publicação da Lei Quadro da Educação Pré-­‐‑Escolar (Lei nº 5/97, de 10/8, ǯǯǰȱŗşşŝDZȱŜŝŖȱȮȱŜŝřǰȱŠ™Çž•˜ȱǰȱŠ›ķȱŘķǰȱȍȱŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱ·ȱŠȱ™›’–Ž’›ŠȱŽŠ™Šȱ
da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve esta-­‐‑
belecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário.» .
5) No século XX, houve em Portugal, quatro Leis de Bases do Sistema Educativo: 1911 (Decreto de 29/3, pp. 573 – 585), 1936 (Lei 1941, de 11/4, pp. 411 – 413), 1973 (Lei 5, de 25/7, pp. 1315 – 1321) e 1986 (Lei 46, de 14/10, pp. 3067 – 3082), alterada no seus artigos 13, 31 e 33 pela Lei 115/97, de 19/9, pp. 2420 – 2421.
ŜǼȱ ˜–˜ȱŸ’–˜œȱ—Šȱ—˜ŠȱŠ—Ž›’˜›ǰȱ›ŠŠȬœŽȱŠȱŽ’ȱŚŜȦŞŜǰȱŽȱŗŚȦŗŖǰȱ’—ȱȱDZȱřŖŜŝȬȱřŖŞŘǰȱŠ•Ž›ŠŠȱ
pela Lei 115/97, de 19/9, in DR I-­‐‑A: 2420 – 2421
Pela Lei 115/97 os Institutos Politécnicos passaram a poder atribuir o grau de licenciado 78
Henrique Ferreira
Žȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱŽȱ˜œȱžŒŠ˜›ŽœȱŽȱ—¦—Œ’Šȱ˜›–Š˜œȱŠȱ
partir do ano 2001/02, passaram a ter o estatuto académico de licenciados. Pela mesma Lei, e mediante regulamentação posterior do Governo, as Escolas Superiores de Educa-­‐‑
³¨˜ȱ™˜Ž›’Š–ȱŠ–‹·–ȱ˜›–Š›ȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ™Š›Šȱ˜ȱřķȱ’Œ•˜ǯȱ˜›·–ǰȱŠ•ȱ›Žž•Š–Ž—Š³¨˜ȱ
não foi ainda feita.
7) Decreto-­‐‑Lei nº 344/89, de 11/10, in DR I: 4426-­‐‑4432 (cf. Artº 4º)
8) A expressão entre parêntesis é nossa.
9) Lei 46/86, de 14/10, artº 8º, nº 2, , in DR I: 3067-­‐‑ 3082.
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ao actual 2º ciclo foi ministrado numa escola diferente das já então existentes (primária, •’ŒŽžȱŽȱŽœŒ˜•Šȱ’—žœ›’Š•ȱŽȱŒ˜–Ž›Œ’Š•ǼȱŽȱ¥ȱšžŠ•ȱœŽȱŒ‘Š–˜žȱœŒ˜•Šȱ›Ž™Š›Šà›’Šǯ
Assim, quando foi aprovada a Lei de Bases do Sistema Educativo, em 1986, a educação e o ensino eram ministrados em quatro tipos de escolas: Estabelecimentos de educação Žȱ’—¦—Œ’ŠȱǻŚȬŜȱŠ—˜œǰȱŠŒžŠ•–Ž—ŽȱřȬśǼDzȱœŒ˜•Šœȱ›’–¤›’ŠœȱǻŝȬŗŖǰȱŠŒžŠ•–Ž—ŽȱŜȬşǼDzȱœŒ˜•Šœȱ
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ŽœŒ˜•Šœȱ’—‘Š–ȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱŽœ¨˜ȱ’—Ž™Ž—Ž—Žȱž–ŠœȱŠœȱ˜ž›Šœȱǯ
ȱ ȱ™Š›’›ȱŽȱŗşŞŜǰȱ˜ȱȱ˜ŸŽ›—˜ȱ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱ—ŠȱœŽšž¹—Œ’ŠȱŠȱŽ’ȱŽȱŠœŽœǰȱŒ˜–Ž³˜žȱŠȱ
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Secundárias para o tornar mais homogéneo e consistente mas que, mesmo assim, per-­‐‑
maneceria dividido em duas escolas (a do 1º ciclo e a dos 2º e 3º ciclos), até aos nossos dias, continuando a haver quatro escolas, mas antecipando-­‐‑se um ano a entrada na educação infantil.
Porém, o «novo ensino secundário», constituído por um único ciclo de escolaridade, com os 10º, 11º e 12º anos, apenas se iniciará no ano lectivo de 95/96, ainda que o 12º ano se tenha iniciado em 1980/81, substituindo o Ano Propedêutico, iniciado em 1977/78, Ž–ȱœž‹œ’ž’³¨˜ȱ˜ȱŽ›Ÿ’³˜ȱǟ’Œ˜ǰȱ’—’Œ’Š˜ȱŽ–ȱŗşŝśȦŝŜǯ
ŗŗǼȱ›ŠŠŸŠȬœŽȱ ˜ȱ ȱ ˜ŸŽ›—˜ȱ ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱ ™›Žœ’’˜ȱ ™Ž•˜ȱ ›˜Žœœ˜›ȱ ˜ž˜›ȱ—Ç‹Š•ȱ
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ŗřǼȱ˜–˜ȱŠŒŽ—žŠȱž›’Œ˜ȱŽ–˜œȱǰȱŗşşřDZȱŘŚȬŘŜǰȱEscolas Básicas Integradas como centros Locais de Educação Básicaǯȱ˜›˜DZȱ˜Œ’ŽŠŽȱ˜›žžŽœŠȱŽȱ’¹—Œ’ŠœȱŠȱžŒŠ³¨˜ǰȱ˜ȱ—˜–Žȱ
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quatro ciclos de educação básica: educação de infânciae os restantes três ciclos, e não para qualquer outra associação intermédia.
14) Decreto-­‐‑Lei 58/86, de 21/3, in DR I: 682-­‐‑683, e Portaria 352/86, de 8/7, in DR I: 1026 -­‐‑1028
15) Decreto-­‐‑Lei 115-­‐‑A/98, de 4/5, in DR I-­‐‑A, Suplemento: 1988 – (1) a 1988 – (14).
ŗŜǼȱ˜Žȱ’£Ž›ȬœŽȱšžŽȱŠȱꐞ›Šȱ˜œȱŠ›ž™Š–Ž—˜œȱŽȱŽœŒ˜•ŠœǰȱŽ—œŠ’ŠŠȱŽ¡™Ž›’–Ž—Š•–Ž—ŽȱŠȱ
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ŗŝŘȦşŗǰȱŽȱŗŖȦśǰȱ’—ȱȱȬDZȱŘśŘŗȱȮȱŘśřŖǰȱ™Ž•˜ȱšžŠ•ȱ˜ȱȱ˜ŸŽ›—˜ȱ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱŠ™›˜Ÿ˜žȱ
o regime da Administração da Escola para ser experimentado e avaliado, entre os anos •ŽŒ’Ÿ˜œȱŗşşŗȦşŘȱȮȱŗşşśȦşŜǯȱŠ’œȱ›ŽŠœȱœŒ˜•Š›ŽœȱŽ›Š–ȱŠ›ž™Š–Ž—˜œȱŽȱŽœŒ˜•Šœȱ˜ȱŗķȱ
ciclo e jardins de infância, para efeitos de gestão e projecto educativo mas as escolas e professores continuavam isolados nas suas escolas e territórios destas, juntando-­‐‑se Š™Ž—Šœȱ™Š›ŠȱŠœȱ›Žž—’䎜ȱ˜œȱX›¨˜œȱŽȱ–’—’œ›Š³¨˜ȱŽȱŽœ¨˜ǯȱȱŠšžŽ•Žœȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
que não pertencessem a qualquer órgão nem isso. ȱ ŽœŽȱŒ˜—ŒŽ’˜ȱŽȱ›ŽŠȱœŒ˜•Š›ȱ›Žœž•˜žȱ’›ŽŒŠ–Ž—Žȱ˜ȱŽȱ›ž™Š–Ž—˜ȱ
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(escolas do 1º ciclo mais escolas infantis), derivando o conceito de Agrupamento Vertical da associação de escolas de três ou de quatro ciclos. Estes novos conceitos são criados pelo Decreto-­‐‑Lei nº 115-­‐‑A/98, de 4/5 e regulamentados pelo Decreto Regulamentar nº A Formação de Professores para a Educação Básica
79
12/2000, de 29/8, in DR I-­‐‑B: 4417 – 4420.
Ž›DZȱ1’˜ȱȱŽȱ˜¨˜ȱŠ—žŽ•ȱȱǻŘŖŖŘǼDZȱAutonomia, Administração e Gestão das Escolas Portuguesas – 1974 – 1999 – Continuidades e Rupturas. Lisboa: Ministério da Educação – Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento.
17) Operadas pela já referida Lei 115/97, de 18/9, in DR I-­‐‑A: 2420-­‐‑2421
18) Operada pelos Decretos-­‐‑Lei nºs 240 e 241, ambos de 30/8/2001, In DR I-­‐‑A: 5568 -­‐‑ 5575
19) Entre os defensores de uma política realista e gradualista de associação de escolas, garantindo como primeira fase a integração da educação de infânciae do 1º ciclo está João FORMOSINHO (1999): O Ensino Primário -­‐‑ De Ciclo Único do Ensino Básico a Ciclo Intermédio da Educação BásicaǰȱŠŽ›—˜œȱȱ—ķȱŘŗǯȱ’œ‹˜Šǰȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ǯȱ
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20) Lei 46/86, de 14/10, artº 8º, nº 1, b), , in DR I: 3067-­‐‑ 3082.
21) Lei 46/86, de 14/10, artº 8º, nº 1, b) , in DR I: 3067-­‐‑ 3082.
ŘŘǼȱžȱœŽ“Šǰȱ˜œȱŘŝŞǯŖŖŖȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱ’—¦—Œ’Š–Š’œȱ˜œȱŚśŖǯŖŖŖȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ǯ
23) Há municípios onde as crianças dos 2ºe e 3º ciclos viajam por dia 60 quilómetros, por Žœ›ŠŠœȱ’ÇŒŽ’œȱŽȱŽ–ȱ‘˜›¤›’˜œȱŠ‹œ˜•žŠ–Ž—Žȱ’—Š–’œœÇŸŽ’œǰȱ˜ȱ·—Ž›˜ȱŽȱ•ŽŸŠ—Š›ȱ¥ȱ
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nº 1141 – D/ 95, de 15/9, revogada por Marçal Gril, em 1996, através da Portaria nº 2/96, de 3/1.
25) Aprovada pelo Decreto-­‐‑Lei nº 6/2001, de 18/1, DR I-­‐‑A: 258 – 265
26) Decreto-­‐‑Lei nº 240, de 30/8/2001, In DR I-­‐‑A: 5568 -­‐‑ 5572
27) Decreto-­‐‑Lei nº 241, de 30/8/2001, In DR I-­‐‑A: 5572 -­‐‑ 5575
28) FORMOSINHO, João (1992): O Dilema Organizacional da Escola de Massas, comunicação Š™›ŽœŽ—ŠŠȱŠ˜ȱ˜—›Žœœ˜ȱȍAdministração Educacional e Projecto Educativoǰȱ›ŽŠ•’£Š˜ȱŽ–ȱ
Bragança, na Escola Superior de Educação, nos dias 2, 3 e 4 de Outubro de 1992.
ŘşǼȱœŠȱ’Ž’ŠȱŠ–‹·–ȱ˜’ȱŽŽ—’Šȱ™Ž•˜ȱ’—’œ›˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱ˜ȱȱ˜ŸŽ›—˜ȱ˜—œ’ž-­‐‑
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da manhã, na apresentação do programa de Governo para a Educação.
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in DR.1998, I-­‐‑A: 3907 – 3910, e Portaria nº 680/2000, de 29/8, in DR 2000, I-­‐‑B: 4429-­‐‑4430.
řŗǼȱ˜–ȱ ŽŽ’˜ǰȱ ˜ȱ ŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ şśȦşŝǰȱ Žȱ ŘřȦŚǰȱ ’—œ’ž’žȱ ž–Šȱ –˜Š•’ŠŽȱ Žȱ Œž›œ˜œȱ Žȱ
˜›–Š³¨˜ȱ Žœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠǰȱ ™Š›Šȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ •’ŒŽ—Œ’Š˜œǰȱ Œ˜–ȱ ŘśŖȱ ‘˜›Šœȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ
Œž–™›’–Ž—˜ȱŽȱ›¹œȱ›Žšž’œ’˜œDZȱŗǼȱž–ŠȱŒ˜–™˜—Ž—ŽȱŽȱ’¹—Œ’ŠœȱŠȱžŒŠ³¨˜ǰȱŒ˜–ȱ
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avaliação de um projecto de formação, com não menos que 40 horas.
ȱ œȱŒž›œ˜œȱŽȱŽœ™ŽŒ’Š•’£Š³¨˜ǰȱ™Š›Šȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ•’ŒŽ—Œ’Š˜œǰȱ¹–ȬœŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜ȱ—ŽœŠȱ
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competências adquiridas pelos professores.
32) Decreto-­‐‑Lei 139-­‐‑A/90, de 28/4, in DR 1990.I.A: 2040-­‐‑(2) a 2040-­‐‑(18), com a redacção dada pelo Decreto-­‐‑Lei nº 1/98, de 2/1, In DR.1998, I-­‐‑A: 1-­‐‑28
řřǼȱŽœ™ŠŒ‘˜ȱ˜—“ž—˜ȱȦȱ—ķȱŗşŞȦşşǰȱŽȱŗśȦŘǰȱ’—ȱǯŗşşşǰȱDZȱŘŖŚŘȱȬȱŘŖŚś
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Žȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ ž››’Œž•Š›ǰȱ ž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱ ŽŠà’ŒŠȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ ˜›–Š˜›Žœǰȱ
Žœ¨˜ȱŽȱ—’–Š³¨˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ǰȱ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱžŒŠŒ’˜—Š•ȱŽȱŽœ¨˜ȱŠȱ—˜›–Š³¨˜ǰȱ
estas estabelecidas no Decreto-­‐‑Lei 95/97, de 23/4, a que a Portaria nº 680/2000, de 29/8, acrescentou a de Inspecção da Educação.
ȱ
80
Henrique Ferreira
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores do 1.º Ciclo
Uma aposta na formação do profissional
Maria Isabel Alves Baptista1
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
Este artigo pretende apresentar uma análise crítica do Projecto de Prática ŽŠà’ŒŠȱšžŽȱŸ’œŠǰȱ—ŠȱœžŠȱŽœœ¹—Œ’Šǰȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱŽ—›˜ȱŽȱž–Šȱ
—˜ŸŠȱŽ™’œŽ–˜•˜’ŠȱŠȱ™›¤’ŒŠǰȱ˜—ŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱž—Œ’˜—ŠȱŒ˜–˜ȱŠȱ™Ž›ŠȱŠ—-­‐‑
ž•Š›ȱ™Š›Šȱ˜–ŠŠȱŽȱŒ˜—œŒ’¹—Œ’ŠȱŠœȱž—³äŽœȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœǰȱŽ—ž—Œ’ŠŠœȱ
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—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȮȱŗǯķȱ’Œ•˜ǰȱ›ŽŒŽ—Ž–Ž—Žȱ™ž‹•’Œ’Š˜ȱ™Ž•˜ȱǯȱ›˜Œž›Š-­‐‑
mos, acima de tudo, apresentar e discutir critérios que guiam a nossa prática Žȱ˜›–Š³¨˜ǰȱŠ•’ŒŽ›³ŠŠȱ—˜ȱ–˜Ž•˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
Palavras-­chave
›¤’ŒŠȱ™ŽŠà’ŒŠǰȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǰȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱŽȱŠŒ˜–™Š—‘Š–Ž—˜ǰȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ǰȱ
professor-­‐‑cooperante, aluno-­‐‑professor. Keywords
ŽŠ˜’ŒŠ•ȱ™›ŠŒ’ŒŽǰȱ›ŽĚŽ¡ȱ™›˜Žœœ’˜—Š•ǰȱœž™Ž›Ÿ’œ’˜—ȱŠ—ȱŠœœ’œŠ—ŒŽǰȱŽŠŒ‘Ž›ȱ›Š’—Ž›ǰȱ
cooperative teacher, student teacher.
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
83
EduSer nº1
Introdução
Os currículos dos cursos de formação de Educadores de Infância e de ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȮȱŗǯķȱ’Œ•˜ǰȱ–’—’œ›Š˜œȱ—ŠȱœŒ˜•Šȱž™Ž›’˜›ȱ
ŽȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱ›ŠŠ—³ŠǰȱŸ’œŠ–ȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱœŠ‹Ž˜›ǰȱŒŠ™Š£ȱ
Žȱ–˜‹’•’£Š›ȱŽȱŠ£Ž›ȱžœ˜ȱŽȱœŠ‹Ž›Žœȱ—˜ȱœŽžȱšž˜’’Š—˜ǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱ™Ž—œŠ›ǰȱ
’œŒž’›ǰȱŠ›ž–Ž—Š›ȱŽȱšžŽœ’˜—Š›ȱ˜ȱ–ž—˜ȱœŽ—œÇŸŽ•ȱ¥ȱœžŠȱŸ˜•ŠǰȱŒŠ™Š£ȱ
ŽȱŽ›Š›ȱ—¨˜ȱœàȱ˜ȱœŠ‹Ž›ȱ–Šœȱ˜ȱœŠ‹Ž›ȱŠ£Ž›ǰȱ˜ȱœŠ‹Ž›ȱœŽ›ȱŽȱœŠ‹Ž›ȱŽœŠ›ȱ—Šȱ
™›˜ęœœ¨˜ȱŽǰȱŠŒ’–ŠȱŽȱž˜ǰȱœŠ‹Ž›ȱ˜›—Š›ȬœŽȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱšžŽȱŠ™˜œŽȱ
a todo momento na formação permanente.
Às práticas educativas, enquanto componente básica do currículo, ŒŠ‹Žȱž–Šȱ‹˜Šȱ™Š›ŽȱŠȱŠ›ŽŠȱŽȱ™›˜–˜ŸŽ›ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ
šžŠ•’ęŒŠ˜ǰȱŒ˜–ȱŽ•ŽŸŠ˜ȱ›ŠžȱŽȱŠž˜—˜–’ŠǰȱšžŽȱœŠ’‹Šǰȱ—ž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ-­‐‑
’ŸŠȱŽȱŒ˜—œŠ—ŽȱŠŒžŠ•’£Š³¨˜ǰȱ’–™•’ŒŠ›ȬœŽȱ—Šȱ–˜‹’•’£Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Œž›ŠȱŽȱ
Outubro 2003
1) A autora, na elaboração do presente estudo, solicitou a colaboração da professora Adjunta Maria Angelina Sanches, que se prestou a ler e a Š£Ž›ȱœžŽœäŽœȱ™Ž›’—Ž—ŽœȱŠ˜ȱ˜Œž–Ž—˜ǰȱŽŸ’Š–Ž—Žȱ’—Ž›ŠŠœȱ—˜ȱ
texto escrito. Œ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱšžŽȱ•‘Žȱ™Ž›–’Š–ȱŠ£Ž›ȱŠŒŽȱ¥œȱ–ø•’™•Šœȱ
œ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱŽȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱ’—Ž›Šȱ˜žȱ™˜Ž›¤ȱ’—Ž›Š›ȬœŽǯ
’–Ž—˜ȱ ǻŗşŞŘǼȱ ’£ȱ šžŽȱ ˜œȱ Šž¹—’Œ˜œȱ Œž››ÇŒž•˜œȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ
professores são os que estabelecem a ligação entre teoria e prática, quer ’£Ž›ǰȱŽ—›ŽȱŠȱŸ’ŠȱŽȱ˜ȱŒž››ÇŒž•˜ǰȱŽ—›ŽȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱ˜œȱŒž›œ˜œȱŽà›’Œ˜œǯȱ
Os programas devem, por isso, conter conteúdos que sejam passíveis de transferir e articular com a prática real (1982: 96).
A Prática Pedagógica, nas novas licenciaturas de Educadores de In-­‐‑
¦—Œ’ŠȱŽȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱŗǯķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱ—ŠȱœŒ˜•Šȱž™Ž›’˜›ȱ
de Educação de Bragança, visa integrar o futuro educador/professor —˜ȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱŠȱ™›˜ęœœ¨˜ǯȱ1ǰȱ—˜ȱ—˜œœ˜ȱŽ—Ž—Ž›ǰȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱŽȱž–ȱŽ–™˜ȱ
™›’Ÿ’•Ž’Š˜œȱ™Š›ŠȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŠȱ’Ž—’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ˜—˜›–Žȱ˜ȱ
estipulado na Portaria n.º 336/88, de 28 de Maio (D. R -­‐‑ I Série. N.º 124) e ŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱǯķȱřŚŚǰȱŽȱŗŗȱŽȱžž‹›˜ǰȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱŒ˜—Œ›Ž’£ŠȬœŽȱ
ao longo do curso, através de actividades diferenciadas, em períodos de ž›Š³¨˜ȱŒ›ŽœŒŽ—ŽȱŽȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ™›˜›Žœœ’ŸŠDZȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȬŠ—¤•’œŽǰȱ
Œ˜˜™Ž›Š³¨˜Ȭ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱŽȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ™Ž•Šȱ˜Œ¹—Œ’Šǯȱ1ȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱ
Žȱ ž–ȱ Ž–™˜ȱ ȃ›ŠŒ’˜—Š•–Ž—Žȱ ˜›Š—’£Š˜ȱ Žȱ ŽŸ’Š–Ž—Žȱ Œ˜—›˜•Š˜Ȅǰȱ
Œ˜–˜ȱ’£ȱ˜›Ž—˜ȱŠ›Œ’ŠȱǻŗşŜŜǼǯ
Apresenta características de uma prática de terreno, em que o futuro ™›˜Žœœ˜›ǰȱ ™Ž›Š—Žȱ œ’žŠ³äŽœȱ ›ŽŠ’œǰȱ Š™›Ž—Žȱ Šȱ ›Žœ™˜—Ž›ȱ ¥œȱ Ž¡’¹—Œ’Šœȱ
œ˜Œ’Š’œȱ Žȱ ŽžŒŠ’ŸŠœȱ ˜ȱ Ž¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱ Šȱ ™›˜ęœœ¨˜ǰȱ —¨˜ȱ Ž—›˜ȱ Žȱ ž–Šȱ
perspectiva meramente aplicativa, mas dentro de uma perspectiva Œ˜–™›ŽŽ—œ’ŸŠǰȱŠŒŽȱ¥ȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŽȱœ’—ž•Š›’ŠŽȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ǯȱ
Pretende-­‐‑se que facilite e estimule o desenvolvimento de uma atitude interventiva, inovadora e investigativa, consistente com o exercício da ŠŒ’Ÿ’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
ȱ•Ž’ǰȱ—˜ȱšžŽȱ’£ȱ›Žœ™Ž’˜ȱŠ˜ȱŽ—˜šžŽȱŽà›’Œ˜ȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠǰȱ·ȱ
˜–’œœŠǰȱŽ’¡Š—˜ȱ¥œȱ’—œ’ž’³äŽœȱ˜›–Š˜›Šœǰȱ—˜ȱžœ˜ȱŠȱœžŠȱŠž˜—˜–’Šȱ
pedagógica, uma certa liberdade na escolha do modelo de formação/
œž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱŽȱ—˜ȱ–˜˜ȱŽȱ˜™Ž›ŠŒ’˜—Š•’£Š›ȱ˜˜ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ǰȱœŽȱ‹Ž–ȱšžŽȱ
ŠȱŽ’ȱŽȱŠœŽœȱ˜ȱ’œŽ–ŠȱžŒŠ’Ÿ˜ȱŽȱ˜ȱŽ›ę•ȱŽ›Š•ȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ
˜ȱ žŒŠ˜›ȱ Žȱ ˜ȱ ›˜Žœœ˜›ȱ Žȱ ›Žœ™ŽŒ’Ÿ˜œȱ ™Ž›ęœȱ Žœ™ŽŒÇꌘœǰȱ œŽȱ ™˜œœŠȱ
inferir, numa primeira leitura, uma perspectiva de formação e de de-­‐‑
œŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ™›¤’Œ˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱŽȱ–Š›’£ȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠǯȱ
Esta referência, ainda que implícita, é pertinente, pois como assinala Perrenoud, “na formação de professores, tendo em conta a complexidade Šȱ™›˜ęœœ¨˜ȱŽȱŠȱŠ›’Œž•Š³¨˜ȱŽà›’Œ˜Ȭ™›¤’ŒŠǰȱ™Š›ŽŒŽȬ–Žȱ’—ø’•ȱŽę—’›ȱŠœȱ
competências sem determinar determinadas perspectivas de formação” (1993: 189).
O nosso projecto entende a formação como um processo dinâmico de ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ—ž–ȱŠ–‹’Ž—Žȱ›ŽŠ•ȱŽȱ™›ŽŽ—Žȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ
professor para a sociedade dos nossos dias, onde a escola e o professor 84
Maria Isabel Alves Baptista
têm papéis inéditos, que apontam para uma formação inicial e contínua ›Ž—˜ŸŠŠȱ —Šȱ œžŠȱ Ž˜›’Šȱ Žȱ —Šȱ œžŠȱ ™›¤’ŒŠǯȱ ˜–˜ȱ ’£ȱ Ž›—¤—Ž£ȱ ·›Ž£ǰȱ
ž–ȱ ™›˜Žœœ˜›ȱ Œ˜–ȱ ž–Šȱ Œ˜—œŒ’¹—Œ’Šȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ ’—ŠŒŠ‹ŠŠǰȱ ŒŠ™Š£ȱ Žȱ
imaginar algo mais para além do óbvio, do conseguido até então, uma ŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠȱ ˜ȱ ™›˜Žœœ˜›ȱ ™ŽŠ˜’ŒŠ–Ž—Žȱ ’—šž’Ž˜ǰȱ Ž–ȱ Š™›Ž—’£Š-­‐‑
Ž–ȱŒ˜—œŠ—ŽȱǻŗşŞŞDZȱŘŖśǼǯȱ’œŠǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŠȱ™›Ž™Š›Š³¨˜ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ
Œ˜–™ŽŽ—ŽǰȱŠžà—˜–˜ǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱŠž˜Ȭ›Žž•Š›ȱŠȱœžŠȱ˜›–Š³¨˜ǯȱŠ’ȱ—˜ȱ
2.º ano de experiência e por isso não temos dele um feedback alargado, pelo que todo o nosso intento se centra essencialmente nas sua linhas Œ˜—ŒŽ™žŠ’œǰȱ–˜˜œȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱŒ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ǯȱ¨˜ȱŽ’¡Š–˜œǰȱŒ˜—-­‐‑
ž˜ǰȱŽȱŠ™›ŽœŽ—Š›ȱž–ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ™Š›ŒŽ•Š›ǰȱœž™˜›ŠŠȱ™Ž•ŠœȱꌑŠœȱŽȱ
avaliação da primeira etapa de Prática Pedagógica, as narrativas e os diários dos alunos.
Vejamos, então, o suporte teórico da Prática Pedagógica dos cursos em foco.
1. Enquadramento teórico
œȱ Ž—¹—Œ’Šœȱ ˜žȱ Œ˜—ŒŽ™³äŽœȱ ŠŒžŠ’œȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Žȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
situam-­‐‑se no âmbito dos paradigmas da educação e da investigação educativa, entendidos como um conjunto de referenciais gerais de re-­‐‑
̎¡¨˜ȱŽȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱšžŽȱŽŽ›–’—Š–ȱ˜ȱ–˜˜ȱŽȱŠ™›˜¡’–Š³¨˜ȱŠȱŽœŽȱ
campo de estudo, onde coexistem vários paradigmas, ou seja, núcleos Žȱ ›Ž™›ŽœŽ—Š³äŽœȱ Žȱ Œ›Ž—³Šœȱ šžŠ—˜ȱ ¥ȱ —Šž›Ž£Šȱ ˜ȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ šžŠ—˜ȱ ¥ȱ
maneira como se aprende a ensinar.
ȱ–˜Ž•˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ˜–’—Š—Žȱ·ȱ˜ȱŽȱŽ—œ’—˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǰȱœž™˜›Š˜ȱ
™Ž•˜œȱ™Š›Š’–ŠœȱŽȱ–Š›’£ȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱŽȱŽŒ˜•à’ŒŠǰȱšžŽȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽ–ȱ˜ȱ
papel activo e dinâmico do sujeito na construção do seu próprio conhe-­‐‑
Œ’–Ž—˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ǯȱ1ǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŽ—›˜ȱ˜ȱ™Š›Š’–Šȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱ
que procuramos situar a programação geral e parcelar da Prática Peda-­‐‑
à’ŒŠǰȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱŽȱŒ›Ç’Œ˜ǰȱŒ˜—ŒŽ™³¨˜ȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’ŠȱŽ–ȱŸ¤›’˜œȱŠž˜›Žœǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—Žȱ•Š›”ȱ¢ȱ’—Ž›ȱǻŗşŝşǼǰȱ
Shavelson y Stern (1983), Schon (1983, 1987) e, entre nós, divulgada por •Š›Œ¨˜ȱǻŗşşŗǰȱŗşşŜǼȱŽȱ•Š›Œ¨˜ȱŽȱ¤ȱ‘ŠŸŽœȱǻŗşşŚǰȱŗşşŜǼǯȱ
—œ’—Š›ȱ Šȱ ™Ž—œŠ›ȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ™›à™›’˜ȱ ™Ž—œŠ–Ž—˜ȱ ™›Žœœž™äŽȱ Š“žŠ›ȱ Šȱ
construir e a melhorar as habilidades básicas de raciocinar sobre o sen-­‐‑
’˜ȱŠœȱŒ˜’œŠœǰȱŽ¡™•˜›Š›ȱŠ•Ž›—Š’ŸŠœȱŽȱŽ—Œ˜—›Š›ȱŠœȱ›Š£äŽœȱŠœȱ™›à™›’Šœȱ
Œ›Ž—³Šœǯȱ˜’œǰȱŒ˜–˜ȱŽŽ—Ž–ȱ•Š›”ȱ¢ȱ’—Ž›ȱǻŗşŝşǼǰȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ·ȱž–ȱ
ȃœž“Ž’˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǰȱ›ŠŒ’˜—Š•ȱšžŽȱ˜–ŠȱŽŒ’œäŽœǰȱŽ–’Žȱ“žÇ£˜œǰȱŽ–ȱŒ›Ž—³Šœȱ
Žȱ Ž›Šȱ ›˜’—Šœȱ ™›à™›’Šœȱ ˜ȱ œŽžȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š•Ȅǯȱ ˜˜ǰȱ
“os pensamentos do professor guiam e orientam a sua conduta”, em referência a um contexto psicológico (teorias implícitas) e a um contexto ŽŒ˜•à’Œ˜ȱǻ›ŽŒž›œ˜œǰȱŒ’›Œž—œ¦—Œ’ŠœȱŽ¡Ž›—Šœǰȱ•’–’Š³äŽœȱŠ–’—’œ›Š’ŸŠœǰȱ
ŽŒǯǼȱǻŠ›Œ’ŠǰȱŗşŞŝDZȱŗŜȬŗŝǼǯȱ˜Ž–˜œȱ’£Ž›ȱŒ˜–˜ȱŠ‹Š•£ŠȱšžŽȱ—˜œȱœ’žŠ–˜œȱ
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
85
no âmbito de um modelo de formação que procura promover a “dupla competência”, ou seja, as competências de tipo técnico (saber desenvol-­‐‑
ŸŽ›ȱŠœȱŠŒžŠ³äŽœȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱ˜ȱŽœ™Š³˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǼȱŽȱž–ŠȱŽœ™·Œ’ŽȱŽȱ
meta-­‐‑competência (a capacidade de analisar e valorar o próprio trabalho ŽȱŽȱ’—›˜ž£’›ȱ™˜œŽ›’˜›–Ž—Žȱ—ŠȱŠŒ³¨˜ȱ˜œȱ›ŽŠ“žœŽœȱ—ŽŒŽœœ¤›’˜œǼǯ
Saliente-­‐‑se, ainda, que este tipo de meta-­‐‑competência possui, por sua ŸŽ£ǰȱžŠœȱŸŽ›Ž—ŽœDZȱ
ŠǼȱ–Šȱ Žȱ —ÇŸŽ•ȱ ˜™Ž›Š’Ÿ˜ǰȱ ŒŽ—›ŠŠȱ —Šȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ Šȱ ·Œ—’ŒŠȱ
Ž–ȱœ’DZȱŠ™›Ž—Ž›ȱŠȱŠ£Ž›ȱ’¤›’˜œǰȱŠȱ›Š‹Š•‘Š›ȱŒ˜–ȱŠȱŽœ’–ž•Š³¨˜ȱŽȱ
›ŽŒ˜›Š³äŽœǰȱŠȱŽ•Š‹˜›Š›ȱ—Š››Š’ŸŠœǰȱŽœŒŠ•ŠœȱŽȱŠž˜Ȭ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱŽŒǯDzȱ
‹Ǽȱž›ŠȱŽȱ—ÇŸŽ•ȱ–Š’œȱŒ˜—’’Ÿ˜ȱŽȱŠ’ž’—Š•ȱŽȱšžŽȱ’£ȱ›Žœ™Ž’˜ȱŠ˜ȱ
Œž–™›’–Ž—˜ȱŽŽŒ’Ÿ˜ȱŠȱž—³¨˜ȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠDZȱŠ’žŽȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱŽȱŒ›Ç’ŒŠǰȱ
superação do mero reconto do facto, rigor na recolha e tratamento de dados, capacidade de descentração para poder ver-­‐‑se a si mes-­‐‑
mo, etc. (1998: 13).
›ŠŠȬœŽȱŽȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱŠž˜Ȭ›Žž•Š›ȱŠȱœžŠȱŠŒ³¨˜ȱ
ŽȱŠȱœžŠȱ™›à™›’ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ™˜›ȱž–ŠȱŠ—¤•’œŽȱŒ›Ç’ŒŠȱŠœȱœžŠœȱ™›¤’ŒŠœȱ
e dos resultados das mesmas, “no interior de sistemas ecologicamente estruturados, dinâmicos e interactivos que constituem, tal como Bronfen-­‐‑
brenner (1979) sustenta, parte integrante e de forte poder determinante ˜œȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•Ȅȱǻ’—ȱ¤Ȭ‘ŠŸŽœǰȱŘŖŖŖDZȱŘŖǼǯȱ
—ę–ǰȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱšžŽȱ—ŠœȱœžŠœȱŠŒžŠ³äŽœȱ—¨˜ȱœŽȱŒ˜—Ž—ŠȱŽ–ȱ™â›ȱ¥ȱ
™›˜ŸŠȱ˜œȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œȱŽȱ‹ŠœŽǰȱ–ŠœȱŽ—œŠ’Šȱ—˜ŸŠœȱŠ™›˜¡’–Š³äŽœȱŠȱę–ȱ
de melhorar a qualidade da prática. ›Žœœž™äŽȬœŽǰȱŠœœ’–ǰȱšžŽȱŠ›ŠŸ·œȱŽȱž–Šȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽȱ˜œȱ
seus efeitos, o futuro professor constitua um saber de experiência em ŽŸ˜•ž³¨˜ǰȱ™˜’œȱŒ˜–˜ȱŠę›–ŠȱŽ››Ž—˜žȱȃ™›˜ęœœ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱ·ȱŠ–‹·–ȱŠȱ
ŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽȱŒŠ™’Š•’£Š›ȱŠȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠǰȱŽȱ›ŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›ŽȱŠȱœžŠȱ™›¤’ŒŠȱ
™Š›ŠȱŠȱ›Ž˜›Š—’£Š›ȱǻ’—ȱŠšžŠ¢ȱŽȱŠ•ǯǰȱŗşşŞDZȱŗśŞǼǯȱžŽ›ȱ’£Ž›ǰȱŽ–ȱž—³¨˜ȱ
de um dado projecto explicitado, o formando vai ter oportunidade e necessidade de:
ŠǼȱ’žŠ›ȬœŽȱŠŒŽȱ¥ȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱŽ•Ž–Ž—˜œȱŠȱœ’žŠ³¨˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ
e articulá-­‐‑los de maneira crítica, recorrendo, para o efeito, a teorias ™Žœœ˜Š’œȱŽȱŒ˜•ŽŒ’ŸŠœDz
‹Ǽȱ—ŒŠ›Š›ȱ Šœȱ ’Ž›Ž—Žœȱ ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱ Žȱ ŠŒ³¨˜ȱ Žȱ ˜–Š›ȱ ŽŒ’œäŽœDZȱ
ŽœŒ˜•‘Ž›ǰȱ›Žœ˜•ŸŽ›ǰȱ™›˜“ŽŒŠ›ǰȱ™•Š—’ęŒŠ›ȱ™Š›ŠȱŽȱœŽž’Šȱ™ŠœœŠ›ȱ¥ȱ
ŠŒ³¨˜ȱŽ–ȱœ’žŠ³äŽœȱŒ˜—Œ›ŽŠœDz
ŒǼȱŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›ŽȱŠȱŠŽšžŠ³¨˜ȱŠȱœžŠȱŠŒ³¨˜ǰȱ›ŽŠ“žœ¤Ȭ•ŠȱŽȱŠŠ™¤Ȭ•Šȱ
œŽȱ—ŽŒŽœœ¤›’˜ǰȱ™›˜Œž›Š—˜ȱŠŒŽŽ›ȱŠȱž–ȱœŠ‹Ž›ȱŠ£Ž›ȱšžŽȱŒ˜—ž£ŠȱŠȱ
uma progressiva autonomia pedagógica. Em suma, o projecto de formação deve ajudar o futuro professor a ˜›—Š›ȬœŽȱž–ȱŠ—Š•’œŠȱŽȱœ’žŠ³äŽœǰȱšžŽȱœŽȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š–ȱ™Ž•ŠȱœžŠȱœ’—ž•Š-­‐‑
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Maria Isabel Alves Baptista
›’ŠŽǰȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱŽȱ’—ŒŽ›Ž£ŠǰȱŽȱž–ȱŽŒ’œ˜›ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǯȱŽȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŽȱŠȱ
›ŽĚŽ¡¨˜ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—Š›Ž–ȱ–Žà’ŒŠœȱŽȱŠ™›˜ž—ŠŠœǰȱŠ•ŸŽ£ȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱ
’—ŸŽœ’Š’ŸŠȱŠœœž–Šȱž–ȱ™Š™Ž•ȱŽȱ›Ž•ŽŸ˜ǯȱŠ›ŠȱŠ•ǰȱ—¨˜ȱ‹ŠœŠȱœŽ›ȱŒŠ™Š£ȱŽȱ
™â›ȱŽ–ȱŠŒ³¨˜ȱ˜œȱ›¦–’Žœȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱŽȱŠ—¤•’œŽȱŽȱŽȱ›Žœ˜•ž³¨˜ȱ
Žȱ™›˜‹•Ž–ŠœǰȱŽŸŽȱŠ–‹·–ȱ™›˜ž£’›ȱ–Ž˜’ŒŠ–Ž—Žȱ’—œ›ž–Ž—˜œȱ™Š›Šȱ
a intervenção, de explicitar os fundamentos e de avaliar sistematicamente os seus efeitos. Logo, não há ruptura, mas continuidade entre o “prático ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȄȱŽȱ˜ȱȃ™›¤’Œ˜ȱ’—ŸŽœ’Š˜›Ȅȱǻ’—ȱŠšžŠ¢ȱŽȱŠ•’’ǰȱŗşşŞDZȱŗśşǼǯ
O suporte conceptual do nosso projecto de formação enquadra-­‐‑se no ™Š›Š’–Šȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǰȱŠ–‹·–ȱŽœ’—Š˜ȱ™˜›ȱŠ•ž—œȱŠž˜›ŽœȱŽȱ™Š›Š’-­‐‑
–ŠȱŽȱ™Ž—œŠ–Ž—˜ȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ™˜›ȱ˜ž›˜œȱŽȱ™Š›Š’–ŠȱŽȱ›ŽĚŽ-­‐‑
xividade crítica, perspectivas que convergem para um entendimento da ™›¤’ŒŠȱŒ˜–˜ȱ˜ȱŽ’¡˜ȱŒŽ—›Š•ȱŽȱ•˜‹Š•’£Š˜›ȱ˜ȱŒž››ÇŒž•˜ǰȱ˜žȱœŽ“ŠǰȱŠ™˜—Š–ȱ
™Š›Šȱž–Šȱ—˜ŸŠȱŽ™’œŽ–˜•˜’ŠȱŠȱ™›¤’ŒŠǰȱ˜—ŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ·ȱŠȱŒø™ž•ŠȱŽȱ
todo o processo formativo na aquisição de competências -­‐‑ “entendidas enquanto integração de conhecimentos, capacidades e atitudes adequa-­‐‑
das ao desenvolvimento educativo -­‐‑ de que o professor necessita para o ŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŠœȱœžŠœȱž—³äŽœȱ˜ŒŽ—ŽœȄȱǻŽ›ę•ȱŽ›Š•ȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ
˜ȱžŒŠ˜›ȱŽȱ˜ȱ›˜Žœœ˜›ǯȱ›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ™›˜™˜œŠȱȬȱŘǯĶȱŸŽ›œ¨˜ǯȱžž‹›˜ȱ
ŽȱŘŖŖŖǼǰȱŽ—›˜ȱŽȱž–ȱšžŠ›˜ȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱ™›à™›’˜ǰȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠ˜ȱ
em conformidade com os indicadores e as normas regulamentares ema-­‐‑
—ŠŠœȱ˜ȱ™˜Ž›ȱŒŽ—›Š•ǯȱŽ—˜ȱŽ–ȱŒ˜—Šȱ˜œȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱŽ›Š’œȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ
de educadores e professores consagrados na LBSE (art.º 30), aponta-­‐‑se para uma perspectiva de formação inicial integrada, quer no plano de ˜›–Š³¨˜ȱŒ’Ž—ÇꌘȬ™ŽŠà’ŒŠǰȱšžŽ›ȱ—˜ȱŠȱŠ›’Œž•Š³¨˜ȱŽà›’Œ˜Ȭ™›¤’ŒŠǰȱ
que proporcione os métodos e as técnicas adequadas ao exercício da função, favoreça e estimule o desenvolvimento de uma atitude crítica, ’—Ž›ŸŽ—’ŸŠǰȱ ’—˜ŸŠ˜›Šȱ Žȱ ’—ŸŽœ’Š’ŸŠȱ Žȱ šžŽȱ Œ˜—ž£Šȱ Šȱ ž–Šȱ ™›¤’ŒŠȱ
›ŽĚŽŒ’ŠȱŽȱŒ˜—’—žŠŠǰȱ˜žȱœŽ“Šǰȱž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŒ˜—Ç—žŠȱ—¨˜ȱ’œœ˜Œ’ŠŠȱ
Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ’—’Œ’Š•ȱ™˜›ȱ˜›–ŠȱŠȱŒ˜–™•Ž–Ž—¤Ȭ•ŠȱŽȱŠȱŠŒžŠ•’£¤Ȭ•Šǯ
O Projecto de Prática Pedagógica, enquanto elemento orientador e ˜›Š—’£Š˜›ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜ȱ˜œȱŒž›œ˜œȱŽ–ȱŠ—¤•’œŽǰȱŠœœŽ—Šȱ—˜œȱ
œŽž’—Žœȱ ™›’—ŒÇ™’˜œȱ Ž›Š’œDZȱ Š—¤•’œŽȱ ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱ Šœȱ ™›¤’ŒŠœǰȱ Š›’Œž•Š³¨˜ȱ
Ž˜›’ŠȬ™›¤’ŒŠǰȱ Œ˜˜™Ž›Š³¨˜ǰȱ ’—˜ŸŠ³¨˜ȱ Žȱ Œ˜—Ž¡žŠ•’£Š³¨˜ȱ Žȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜Ȧ
investigação.
—¤•’œŽȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱŠœȱ™›¤’ŒŠœ
Em nosso parecer, e em conformidade com o pensamento de Erdman (1983), para que um plano de formação se apresente frutuoso, em termos formativos, deve contemplar a intervenção do futuro professor/educa-­‐‑
dor, de tal modo que lhe seja possível não só agir como distanciar-­‐‑se ›ŽĚŽ¡’ŸŠ–Ž—ŽȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱŽ—Œ˜—›ŠȱŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜ȱ™Š›Šȱ™˜Ž›ȱ
Š™›˜™›’Š›ȬœŽȱ ˜œȱ œ’—’ęŒŠ˜œȱ Šȱ ›Ž’›Š›ȱ ŽœœŠœȱ Ž¡™Ž›’¹—Œ’Šœǯȱœœ’–ǰȱ ˜ȱ
processo formativo assenta, como dissemos, em práticas que favorecem A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
87
Šȱ ›ŽĚŽ¡’Ÿ’ŠŽǰȱ —˜ȱ œŽ—’˜ȱ Žȱ ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱ ž–ȱ œŠ‹Ž›ȱ Žȱ Ž¡™Ž›’¹—Œ’Šȱ
Œ˜—œŒ’Ž—Œ’Š•’£Š˜ȱŽȱŽ˜›’£Š˜ȱšžŽȱ™Ž›–’ŠȱŠ˜ȱžž›˜ȱ™›˜Žœœ˜›DZ
ŠǼȱ—Š•’œŠ›ȱ œ’žŠ³äŽœȱ ŽœŒ˜•Š›Žœȱ Œ˜—Œ›ŽŠœȱ Ž–ȱ Œ˜—Ž¡˜œȱ ŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ
Žœ™ŽŒÇꌘœDz
‹ǼȱŽĚŽŒ’›ȱ œ’œŽ–Š’ŒŠ–Ž—Žȱ ǻ’—’Ÿ’žŠ•ȱ ˜žȱ ›ž™Š•–Ž—ŽǼȱ œ˜‹›Žȱ Šȱ
sua acção educativa observada e/ou vivenciada com uma atitude investigativa e interventiva, equacionando o seu próprio desenvol-­‐‑
Ÿ’–Ž—˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•Dz
ŒǼȱ–™•’ŒŠ›ȬœŽȱ —Šȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ Žȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ Žȱ ™›˜“ŽŒ˜œȱ ™Žœœ˜Š’œȱ Žȱ
˜›–Š³¨˜ǰȱ™›˜Œž›Š—˜ȱŒ˜—œ›ž’›ȱŠȱœžŠȱ’Ž—’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•Dz
ǼȱŠ›’Œ’™Š›ȱ ŠŒ’ŸŠ–Ž—Žȱ —Šœȱ ŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ Žȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ǰȱ Žœ¨˜ȱ Žȱ
Š–’—’œ›Š³¨˜ȱ˜ȱŒŽ—›˜ȱŽœŒ˜•Š›Dz
e) Relacionar-­‐‑se com todos os elementos que integram a comunidade ŽžŒŠ’ŸŠDz
f) Promover a interacção escola/família/comunidade.
Pretendemos que o projecto de formação se constitua como um ™›˜ŒŽœœ˜ȱ Šž˜—˜–’£Š—Žȱ šžŽȱ Ž—Ÿ˜•ŸŽȱ —¨˜ȱ œàȱ ˜ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ Žȱ
um conjunto coerente de capacidades, atitudes e conhecimentos, como também os domínios de desenvolvimento afectivo, social e cognitivo. É Œ˜—ŒŽ™žŠ•’£Š˜ȱŒ˜–˜ȱœŽ—˜ȱž–ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱ̎¡ÇŸŽ•ȱŽȱŠ‹Ž›˜ȱŠȱ™˜Ž—Œ’Š’œȱ
ocorrências, encarando estas como elementos formativos e impulsionado-­‐‑
›ŽœȱŽȱ’—¦–’ŒŠœȱŽȱŸŠ•˜›’£Š³¨˜ǰȱ›Š—œ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ’—˜ŸŠ³¨˜ȱ™ŽŠà’ŒŠœǯȱ
Esta dimensão epistémica das práticas lança-­‐‑nos para um outro modo de relacionar a teoria e a prática
›’Œž•Š³¨˜ȱŽ˜›’ŠȬ›¤’ŒŠ
A relação teoria-­‐‑prática privilegia uma lógica de confrontação (a da confrontação dialéctica), rejeitando a lógica de passagem ou de conver-­‐‑
são (passagem recíproca de uma modalidade de conhecimento a uma ˜ž›ŠǼǯȱ ȱ ™›˜ŒŽœœ˜ȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜Ȧœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ǰȱ Š‹Ž›˜ȱ Žȱ ̎¡ÇŸŽ•ǰȱ Œ˜—ž£ȱ
—ŽŒŽœœŠ›’Š–Ž—ŽȱŠ˜ȱŒ›ž£Š–Ž—˜ȱŠœȱžŠœȱ’–Ž—œäŽœǰȱž’•’£Š—˜ȱŒ˜—‘Ž-­‐‑
Œ’–Ž—˜œȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱŽà›’ŒŠȱŽȱ™›¤’ŒŠȱ—ŠȱŠŒ³¨˜ȱŽȱŽ•Š‹˜›Š³¨˜ȱŽȱ—˜Ÿ˜œȱ
conhecimentos, a partir da acção.
Š›ŠȱŠ—Š•’œŠ›ǰȱ’—Ž›™›ŽŠ›ȱŽȱŠŸŠ•’Š›ȱž–Šȱ™›¤’ŒŠǰȱ·ȱ—ŽŒŽœœ¤›’˜ȱ–˜‹’•’£Š›ȱ
saberes e dispor de referenciais teóricos com os quais os dados observa-­‐‑
dos e experienciados vão ser confrontados. Na verdade, a observação do real pedagógico provoca hipóteses, questionamento dos saberes adquiridos, multiplica os pontos de confrontação crítica, susceptíveis Žȱ™â›ȱ¥ȱ™›˜ŸŠȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œȱ™›·Ÿ’˜œȱŽȱŽȱŒ›’Š›ȱ—˜Ÿ˜œȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œǰȱ
oriundos da prática. Por isso, procuramos que o Projecto de Prática Pedagógica não seja uma ilha isolada, relativamente ao conjunto das Ÿ¤›’Šœȱ’œŒ’™•’—Šœȱ˜ȱŒž››ÇŒž•˜ǰȱŽȱ˜›–ŠȱŠȱ’—Ž›Š›ȱ—ŠȱŠŒ³¨˜ȱŽȱ—Šȱ›ŽĚŽ-­‐‑
¡¨˜ȱ’ŸŽ›œ˜œȱŽȱ–ø•’™•˜œȱœŠ‹Ž›ŽœǰȱŸŠ•˜›’£Š—˜ȱ—˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜ȱŠȱ
88
Maria Isabel Alves Baptista
’–Ž—œ¨˜ȱ’—Ž›ȱŽȱ›Š—œ’œŒ’™•’—Š›ȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ǯȱŽ–˜œȱŠœȱ–Žœ–Šœȱ
™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱŽ–ȱ›Ž•Š³¨˜ȱŠ˜ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ȱŽȱŒž››’Œž•Š›ȱŽȱ‹ŠœŽȱ˜œȱ
centros de práticas. Deste modo, o processo formativo torna-­‐‑se uma forma de investiga-­‐‑
ção, através da qual os indivíduos adquirem (ou não) a arte da prática e Š£ȱŒ˜–ȱšžŽȱ˜œȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱŠŒ˜–™Š—‘Š–Ž—˜ȱŽȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱœŽ“Š–ȱ–Š’œȱ
˜žȱ–Ž—˜œȱŽęŒŠ£Žœǯȱœȱžž›˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȦ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ
cooperantes, os supervisores (professores de Prática Pedagógica) e pro-­‐‑
fessores das diversas disciplinas do currículo são convidados a levar a ŒŠ‹˜ȱŠȱŠ›ŽŠȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ǰȱ™˜›ȱ˜›–ŠȱŠȱ›Š—œŒŽ—Ž›ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽžŒŠ’ŸŠȱ
comum, assumindo no processo níveis diferenciados de responsabilidade (Schön, 1992: 284). E assim, tal como os estudantes de arquitectura com ˜œȱšžŠ’œȱŒ‘ã—ȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽžȱ˜ȱœŽžȱ™›ŠŒ’Œž–ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǰȱ–ž’˜œȱ‘¨˜ȬŽȱ
aprender a estabelecer um diálogo com as suas experiências de aula e a Œ˜–™›ŽŽ—Ž›ȱšžŽȱ™˜Ž–ȱž’•’£Š›ȱŽœŽȱ’¤•˜˜ȱ™Š›Šȱ˜›’Ž—Š›ȱŽȱŒ˜—›˜•Š›ȱ
ŠȱœžŠȱ™›à™›’ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠŠȱ™˜›ȱž–ȱ’¤•˜˜ȱŽȱ™Š›’•‘ŠȱŽȱ
›˜ŒŠœȱ›ŽŒÇ™›˜ŒŠœǰȱ˜›šžŽœ›Š˜ȱŠȱ–ž’ŠœȱŸ˜£Žœǰȱ˜—ŽȱŒŠŠȱž–ȱŠ™›Ž—ŽȱŠȱ
escutar o outro com uma maior atenção e valoração crítica (1992: 294-­‐‑295). Aprenderão, ainda, a questionar e a questionar-­‐‑se, procurando resposta ™Š›ŠȱŠœȱšžŽœäŽœȱ—˜ŸŠœȱŽȱŠȱ’—ŸŽ—Š›ȱ—˜Ÿ˜œȱœŠ‹Ž›ŽœȱŽȱ—˜ŸŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱ—˜œȱ
™›à™›’˜œȱ Œ˜—Ž¡˜œȱ Žȱ œ’žŠ³äŽœȱ ™›˜‹•Ž–¤’ŒŠœȱ Œ˜–ȱ šžŽȱ œŽȱ Ž›˜—Š–ǰȱ
Šœ™ŽŒ˜œȱ —Ž–ȱ œŽ–™›Žȱ ™ŠŒÇꌘœȱ Žȱ ™˜žŒ˜ȱ ŠŒ’•’Š˜œȱ ™Ž•Šœȱ Ž¡’¹—Œ’Šœȱ
‹ž›˜Œ›¤’ŒŠœȱŒ˜–ȱšžŽȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœȱœŽȱŽ›˜—Š–ǯȱ›˜Œž›ŠȬœŽǰȱŠ’—Šǰȱ
dentro de uma perspectiva de desenvolvimento global, total, gerar entre os estudantes e formadores um clima de afectos, intimidade e coesão, onde a cooperação é a palavra de ordem.
˜˜™Ž›Š³¨˜ǰȱ—˜ŸŠ³¨˜ȱŽȱ˜—Ž¡žŠ•’£Š³¨˜
ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ǰȱŽ—šžŠ—˜ȱŽ•Ž–Ž—˜ȱŽœ›žž›Š˜›ȱ˜œȱ™›˜›Š–ŠœȱŽȱ˜›-­‐‑
mação, encontra na cooperação o contexto ideal para atingir o nível de ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŒ›Ç’ŒŠǰȱ‹¤œ’ŒŠȱ™Š›ŠȱŠȱŠšž’œ’³¨˜ȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ
Žȱ Š’—Šȱ ˜ž›Šœȱ ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱ Œ˜–ȱ Šœȱ Œ˜—’³äŽœȱ œ˜Œ’Š’œȱ ˜ȱ Ž—œ’—˜ǰȱ šžŽȱ
’—ĚžŽ—Œ’Š–ȱ˜ȱ›Š‹Š•‘˜ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽ—›˜ȱŠȱœŠ•ŠȱŽȱŠž•ŠȱŠȱŽœŒ˜•Šȱ
Ž–˜Œ›¤’ŒŠǯȱ’£ȱŽ’Œ‘—Ž›DZȱ
ȃ–Šȱ–Š—Ž’›ŠȱŽȱ™Ž—œŠ›ȱ—Šȱ™›¤’ŒŠȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱ·ȱŽ—ŒŠ›¤Ȭ•ŠȱŒ˜–˜ȱ
a vinda à superfície das teorias práticas do professor, para análise crítica e discussão. Expondo e examinando as suas teorias práti-­‐‑
cas, para si e para os seus colegas, o professor tem mais hipóteses de se aperceber das suas falhas. Discutindo publicamente no seio de grupos de professores, estes têm mais hipóteses de aprender uns com os outros e de terem mais uma palavra a dizer sobre o ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱœžŠȱ™›˜ęœœ¨˜ȄȱǻŗşşřDZȱŘŗȬŘŘǼǯ
ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ǰȱŽ—šžŠ—˜ȱ™›¤’ŒŠȱœ˜Œ’Š•ǰȱ·ȱ˜ȱ–Ž’˜ȱŠ›ŠŸ·œȱ˜ȱšžŠ•ȱ›ž™˜œȱ
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
89
de professores podem apoiar e sustentar o crescimento uns dos outros. A análise individual das práticas limita muito o crescimento dos pro-­‐‑
fessores, que acabam por ver os problemas como só seus, sem terem qualquer ligação com outros professores ou com a estrutura das escolas e dos sistemas educativos (23). O intento é criar comunidades de apren-­‐‑
’£ŠŽ–ȱ—ŠœȱšžŠ’œȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ™˜Ž–ȱŠ™˜’Š›ȬœŽȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›Ž–ȬœŽȱ
–žžŠ–Ž—ŽȱǻřŗŜǼǯȱ˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱŠ—¤•’œŽȱŒ˜•ŽŒ’ŸŠȱ˜ȱ›ž™˜ȱŽȱ
professores sobre a sua própria prática docente, ao relacioná-­‐‑la com os ›Žœž•Š˜œȱ˜‹’˜œȱ™Ž•˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ¨˜ȱ•žŠ›ȱ¥ȱ’—œ’žŒ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱ•à’ŒŠȱŽȱ
expontânea, por imperativos elementares de racionalidade, da inovação ŽȱŠȱ–žŠ—³ŠȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱǻŽ›—¤—Ž£ȱ·›Ž£ǰȱŗşŞŞǼǯ
A exaltação da cooperação na construção do edifício formação/super-­‐‑
Ÿ’œ¨˜ȱ—¨˜ȱšžŽ›ȱ’£Ž›ȱšžŽȱœŽȱŠ‹’šžŽȱŽȱ˜˜ȱž–ȱ›Š‹Š•‘˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•DzȱŽ•Žȱ
Œ˜Ž¡’œŽȱŽ–ȱ™Š›’ŠŽǯȱ˜–˜ȱ’œœŽ–˜œǰȱ˜ȱœž“Ž’˜ȱŽ–ȱ˜›–Š³¨˜ȱ·ȱ˜ȱŠŒ˜›ȱ
principal em todo o processo. Assim percebida, a Prática Pedagógica apresenta-­‐‑se como um projecto de construção partilhada, enquadrado nos ambientes mais ou menos próximos, entendidos por Bronfenbrenner de sistemas: o micro-­‐‑sistema (grupo turma e a instituição), o meso-­‐‑siste-­‐‑
ma (comunidade e meio envolvente) e macro-­‐‑sistema (contexto nacional, o contexto europeu e o mundial), caminhando sempre no sentido do local ™Š›Šȱ˜ȱ•˜‹Š•ȱǻ•Š›Œ¨˜ȱŽȱ¤Ȭ‘ŠŸŽœǰȱŗşşŚDzȱ˜›–˜œ’—‘˜ǰȱŗşşŝǼǯ
œŠœȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱŽŽ›–’—Š–ǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱž–ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠ–™•Šǰȱ
global, onde a investigação desempenha um papel chave na melhoria da qualidade das práticas educativas.
ŸŠ•’Š³¨˜ȱŽȱ—ŸŽœ’Š³¨˜
A avaliação do projecto formativo situa-­‐‑se dentro de uma perspectiva ’—Ž›™›ŽŠ’ŸŠȱ˜žȱ’•ž–’—Š’ŸŠȱǻŠ›•ŽĴȱŽȱ
Š–’•˜—ǰȱŗşŞřǼǰȱ—Šȱ–Ž’ŠȱŽ–ȱ
que a principal tarefa da avaliação consiste em proporcionar um ponto de vista compreensivo da complexa realidade que rodeia o seu desen-­‐‑
volvimento. A avaliação é interna, participativa, completa e envolve: a) Os alunos (participação, assiduidade, interesse, seminários, pro-­‐‑
“ŽŒ˜œȱ ŽžŒŠ’Ÿ˜œȦŒž››’Œž•Š›Žœǰȱ Žȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȬŠŒ³¨˜ǰȱ ŠŒžŠ³äŽœȱ
™›¤’ŒŠœǰȱ’¤›’˜ǯǯǯǼDz
b) A acção de apoio e acompanhamento prestados aos alunos em ™›¤’ŒŠœȱ™Ž•˜œȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ŽœDz
c) O Projecto de Prática Pedagógica, tanto nos aspectos gerais como —˜œȱŽœ™ŽŒÇꌘœȱ—ŠœȱœžŠœȱ’Ž›Ž—ŽœȱŽŠ™ŠœǰȱŠ—˜ȱ™Ž•˜œȱŠ•ž—˜œȱŒ˜–˜ȱ
pelos supervisores.
’›’’Šȱ ™Ž•˜œȱ ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ Œ˜–˜ȱ ž–Šȱ ›Žœ™˜œŠȱ ¥œȱ —ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ
e interesses dos alunos, a avaliação tem uma maior capacidade para ™›˜–˜ŸŽ›ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ—Šȱ–Ž’ŠȱŽ–ȱšžŽȱŠ•ž—˜œȱŽȱ
supervisores tomam sobre si a responsabilidade de descobrir e investi-­‐‑
90
Maria Isabel Alves Baptista
gar os problemas relacionados com a sua prática, de avaliar a oferta do Œ˜—Ž¡˜ȱŽȱŽȱ™›˜™˜›ǰȱ’–™•Ž–Ž—Š›ȱŽȱŠŸŠ•’Š›ȱ™˜œœÇŸŽ’œȱœ˜•ž³äŽœȱŒ˜–ȱ˜œȱ
›ŽŒž›œ˜œȱ’œ™˜—ÇŸŽ’œȱǻŒ˜›–’Œ”ȱǭȱŠ–ŽœǰȱŗşşŜǼǯȱ˜˜ǰȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠȬœŽȱ™˜›ȱ
ž–ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱœ’œŽ–¤’Œ˜ȱŽȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ǰȱšžŽȱž’•’£Šȱœ’œŽ–ŠœȱŽȱ–Ž’Šȱ
e promove a análise sistemática dos dados, na mira de determinar o valor ǻŠ›•ŽĴȱǭȱ
Š–’•˜—ǰȱŗşŞřǼȱ˜ȱ™•Š—˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ǰȱŽȱ–˜˜ȱŠȱŠž¡’•’Š›ȱŠœȱ
ŽŒ’œäŽœȱšžŽȱœŽȱŽŸŽ–ȱ˜–Š›ȱǻžĝŽ‹ŽŠ–ǰȱŗşŝŗǼǯȱ—ę–ǰȱž–ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ
que implementa a mudança que se converte em parte integrante do cres-­‐‑
Œ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŽȱ™Žœœ˜Š•ȱ˜ȱžž›˜ȱŽžŒŠ˜›Ȧ™›˜Žœœ˜›ǰȱŠœ™ŽŒ˜œȱ
bem salientes ao longo de todo o processo formativo, que se apresenta como um percurso faseado e inacabado, porque pugnamos pela diluição da fronteira entre formação inicial e contínua.
œȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱŠ›¤œȱŽ¡™•Š—Š˜œȱœžœŽ—Š–ȱ˜ȱ–˜˜ȱŽȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱ
funcionamento da Prática Pedagógica, a seguir desenvolvido.
2. Modelo Organizativo da Prática Pedagógica
Š›’—˜ȱ ˜ȱ ™›Žœœž™˜œ˜ȱ Žȱ šžŽȱ Šœȱ ™›¤’ŒŠœȱ —˜ȱ ꗊ•ȱ ˜ȱ ™Ž›Œž›œ˜ȱ
˜›–Š’Ÿ˜ȱ —¨˜ȱ œ¨˜ȱ Šœȱ –Š’œȱ ŠŽšžŠŠœǰȱ ™›˜™˜–˜œǰȱ Œ˜–˜ȱ ’–Ž—˜ȱ ǭȱ
Ž›—¤—Ž£ȱ·›Ž£ȱǻŗşŞŖǼȱž–ȱŽœšžŽ–Šȱ›ŠžŠ•ȱšžŽȱŒ˜–‹’—ŠȱŽœ™Š³˜œȱŽà-­‐‑
ricos e práticos, devendo entender-­‐‑se esta sequência numa perspectiva ™›˜›Žœœ’ŸŠȱŽȱŒž–ž•Š’ŸŠǰȱ˜ŠŠȱŽȱž—’ŠŽȱŽȱ̎¡’‹’•’ŠŽǯȱœœ’–ǰȱ˜ȱ
período de práticas apresenta-­‐‑se como um processo que deve ser per-­‐‑
ŒŽ‹’˜ȱ•˜‹Š•–Ž—ŽȱŽȱ™›Žœœž™äŽȱž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ’—Ž›Š•ǰȱšžŽȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠȱŠȱ
área cognitiva com a afectiva, o pensamento com o sentimento e a acção. Parte das peculiaridades cognitivas de quem aprende: conhecer a partir dos conceitos espontâneos e implícitos do sujeito para gerar as adequadas Œ˜—›Š’³äŽœȱŽȱŒ˜—Ě’˜œȱŒ˜—’’Ÿ˜œȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ˜‹›’Š›ȱŒŠŠȱŽœžŠ—Žȱ
Šȱœž‹œ’ž’›ȱŽȱŠȱ›ŽŒ˜—œ›ž’›ȱŠœȱœžŠœȱ’Ž’Šœȱ™Š›ŠȱŠ£Ž›ȱ›Ž—ŽȱŠȱ—˜Ÿ˜œȱŽ-­‐‑
œŠę˜œȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱŸ¹ȱŽ—Ÿ˜•˜ȱǻ˜››ŽœǰȱŗşşŚDZȱŚŜşǼǯȱœœ’–ǰȱ˜ȱ˜›–Š—˜ǰȱ—Šȱ
sua caminhada formativa, confere um sentido muito circunscrito a esta componente do curso, porque resulta interessante no âmbito intelectual Žȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱ™Žœœ˜Š•ǯ
ȱꐞ›ŠȱšžŽȱœŽȱœŽžŽȱŠ™›ŽœŽ—Šȱ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱ—Šȱ
sua globalidade:
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
91
Projecto de Prática Pedagógica
›ŠŠȬœŽȱ Žȱ ž–Šȱ ŠŠ™Š³¨˜ȱ ˜ȱ ™›˜“ŽŒ˜ȱ ’›’’˜ȱ ™˜›ȱ Ž’Œ‘—Ž›ȱ —Šȱ
Universidade de Wisconsin e de outros similares em todo mundo, —˜–ŽŠŠ–Ž—Žȱ˜ȱŽȱ˜›’žŽ£ȱ˜™Ž£ (1992: 341-­‐‑346), que adaptamos.
Ž“Š–˜œȱŽȱ–˜˜ȱ™˜›–Ž—˜›’£Š˜ȱŒŠŠȱž–ŠȱŠœȱŒ˜–™˜—Ž—ŽœDZ
1. Seminários. São espaços teórico-­‐‑práticos, próprios para desenvolver Žœ›Ž£ŠœȱŽ–™Ç›’ŒŠœǰȱŠ—Š•Ç’ŒŠœǰȱŠŸŠ•’Š’ŸŠœǰȱŽœ›Š·’ŒŠœǰȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱ
ŽȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ǰȱŽœŒ›’Šœȱ™˜›ȱ˜••Š›ȱŽȱŠ—ȱŒ˜–˜ȱ—ŽŒŽœœ¤›’ŠœȱŠȱ
ž–ȱŽ—œ’—˜ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ǯȱŽ“Š–˜Ȭ•˜œDZ
a) A observação enquanto estratégia de investigação. O seminário coloca-­‐‑se como uma introdução ao conhecimento teórico-­‐‑prático das técnicas e instrumentos de observação, ferramentas verda-­‐‑
deiramente indispensáveis para promover a investigação na sala ŽȱŠž•ŠDz
b) Investigação-­‐‑acção: objectivos, características e fases. Os objec-­‐‑
tivos deste seminário visam desenvolver atitudes positivas face ¥ȱ™›˜‹•Ž–Š’£Š³¨˜ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœǰȱ•ŽŸŠ—˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ
a descobrir que não são necessários grandes recursos técnicos e –Ž˜˜•à’Œ˜œȱ™Š›Šȱ’—ŸŽœ’Š›ȱ—ŠȱŠž•ŠDz
ŒǼȱ‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱ Š—¤•’œŽȱ Žȱ ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ Žȱ Ž¡™Ž›’¹—Œ’Šœȱ ŽžŒŠ’ŸŠœȱ Ž–ȱ
œ’žŠ³¨˜ȱ ›ŽŠ•ȱ ˜žȱ œ’–ž•ŠŠǰȱ œ˜‹ȱ ˜ȱ ™˜—˜ȱ Žȱ Ÿ’œŠȱ ˜›Š—’£Š’Ÿ˜ǰȱ
Œ•’–Šȱ œàŒ’˜Ȭ›Ž•ŠŒ’˜—Š•ǰȱ –˜‹’•’£Š³¨˜ȱ Žȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ Žȱ ›ŽŒž›œ˜œȱ Žȱ
›ŠŠ–Ž—˜ȱ˜œȱ’Ž›Ž—ŽœȱŒŠ–™˜œȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱȱŒ˜–Ž—-­‐‑
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Maria Isabel Alves Baptista
¤›’˜ȱ˜œȱŠœ™ŽŒ˜œȱ–Š’œȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜œȱŒ˜–™•ŽŠȬœŽȱŒ˜–ȱŠȱŽŽŒ³¨˜ȱ
Žȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱŽȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱ™›˜™˜œŠœȱŠ•Ž›—Š’ŸŠœDz
d) Interdisciplinares. São seminários que focam aspectos oriundos da prática dos alunos, considerados problemáticos, de forma a superar a tendência de dissociar a teoria da realidade e de captar a complexidade do real pedagógico.
2. Diário de Práticas. O diário é o instrumento privilegiado na recolha Žȱœ’œŽ–Š’£Š³¨˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ǯȱ˜—œ’ž’ȱž–ȱŽ•Ž–Ž—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱ™Š›Šȱ
comunicar e partilhar ideias com os membros do grupo, tanto para ŠȱŠž˜Ȭ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŒ˜–˜ȱ›Ž™Ž›à›’˜ȱŠœȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱ–Š’œȱ
œ’—’ęŒŠ’ŸŠœǰȱ Ÿ’Ÿ’Šœȱ Žȱ Ž¡™Ž›’Ž—Œ’ŠŠœǰȱ Š—˜ŠŠœȱ ™Ž•˜œȱ Š•ž—˜œȱ
Š˜ȱ•˜—˜ȱŠœȱ’ŸŽ›œŠœȱŽŠ™Šœǯȱ–‹˜›Šȱ›ŽŠ•’£Š˜ȱŽȱ˜›–ŠȱŠ‹Ž›Šǰȱ
›ŽŒ˜–Ž—ŠȬœŽȬ•‘ŽœȱšžŽȱŠ—˜Ž–ȱœŽ—’–Ž—˜œǰȱŽ–˜³äŽœǰȱ™›Ž˜Œž™Š-­‐‑
³äŽœǰȱ›ŽĚŽ¡äŽœǰȱŽŒǯǰȱšžŽȱ˜œȱ•ŽŸŽ–ȱŠ˜ȱŒ˜—ŠŒ˜ȱŒ˜–ȱŠȱ›ŽŠ•’ŠŽǯ
Š˜ȱšžŽȱ™›ŽŽ—Ž–˜œȱ˜–Ž—Š›ȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŒ›Ç’ŒŠǰȱ·ȱ’–™˜›Š—ŽȱŽœ-­‐‑
timular esta competência, muito bem conseguida através das narrativas Š™›ŽœŽ—ŠŠœȱŽ–ȱ’¤›’˜œȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜œȱŽȦ˜žȱœŽœœäŽœȱŽȱ—Šž›Ž£Šȱ˜›Š•ǰȱ˜—Žȱ˜œȱ
Š•ž—˜œȱŸ¨˜ȱŠ—˜Š—˜ȱŽ™’œà’˜œȱŽȱ’—Œ’Ž—Žœȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜œȱŠȱŸ’Šȱ’¤›’Šȱ
do grupo/turma, problemas, sucessos, etc. Estes registos (narrativos e/
˜žȱŽœŒ›’’Ÿ˜œǼȱ™˜Ž–ǰȱŠ–‹·–ǰȱ’—Œ•ž’›ȱ’—Ž›™›ŽŠ³äŽœȱŽȱ’–™›ŽœœäŽœȱ˜ȱ
êxito ou fracasso de tal ou tal estratégia. 3. Supervisão cooperativa e grupal. A supervisão tem como base o grupo, que, de forma cooperativa, assumindo o seu próprio prota-­‐‑
˜—’œ–˜ǰȱ›ŽĚŽŒŽȱ˜œȱ–˜–Ž—˜œȱŽȱ™›¤’ŒŠȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’Šȱ™Ž•˜œȱœŽžœȱ
membros, criticando e ajudando na elaboração de teorias pessoais sobre o ensino.
O supervisor (professor de Prática Pedagógica) integra-­‐‑se no grupo, Š’—˜ȱ–Š’œȱŒ˜–˜ȱŠœœŽœœ˜›ȱŽȱŒ˜˜›Ž—Š˜›ȱ˜ȱšžŽȱŒ˜–˜ȱ’›ŽŒ˜›ǯȱ˜–ȱ
ŒŠŠȱž–ȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱœŽȱŸ¨˜ȱ™›˜ž£’—˜ȱŒ’Œ•˜œȱœžŒŽœœ’Ÿ˜œȱŽȱœž™Ž›Ÿ’-­‐‑
œ¨˜DZȱ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȬŠŒ³¨˜Ȭ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȬŠ—¤•’œŽȬ™›˜™˜œŠȱŽȱ–Ž•‘˜›’Šǰȱ—ž–Šȱ
lógica individual e grupal.
Śǯȱ›Š‹Š•‘˜ȱ—ŠȱœŠ•ŠȱŽȱŠž•Šǯȱ˜—œ’ž’ȱ˜ȱę˜ȱŒ˜—ž˜›ȱ˜ȱ™›˜›Š–ŠȱŽȱ
leva-­‐‑se a cabo em três fases:
a) Observação do contexto do centro educativo e da turma de cri-­‐‑
Š—³ŠœDz
b) Observação e seguimento da actividade escolar, cooperando e intervindo com o professor da turma de crianças dos jardins ou ŽœŒ˜•Šœȱ˜ȱŗķȱŒ’Œ•˜ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜Dz
ŒǼȱ‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱ—˜ȱŽ—œ’—˜ǰȱŠœœž–’—˜ȱŠȱ
›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ™•Ž—Šǯ
Estamos perante um modelo de práticas que rejeita o paradigma A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
93
Šȱ›ŠŒ’˜—Š•’ŠŽȱ·Œ—’ŒŠǰȱ˜—Žȱ˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŠȱ™›¤’ŒŠȱœ˜•žŒ’˜—Š–ȱ
problemas instrumentais mediante a selecção dos meios técnicos mais ŽęŒŠ£Žœȱ™Š›ŠȱŽŽ›–’—Š˜œȱ™›˜™àœ’˜œǯȱšž’ǰȱŠȱŠŒ³¨˜ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŠœ-­‐‑
œŽ—Šȱ—ŠȱŠ—¤•’œŽȱŒ›Ç’ŒŠǰȱ˜—ŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•Ȧ›ž™Š•ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—Šȱ
extremamente necessária quando se opera sobre a prática: analisam-­‐‑se ˜œȱŠ˜œȱŽȱ’—Ž›™›ŽŠ–ȬœŽȱ˜œȱœ’—’ęŒŠ˜œȱŠœȱŠŒ³äŽœȱŽ–ȱŒ•ŠœœŽȱŽȱ˜›Šȱ
da classe.
O período de Prática Pedagógica nos cursos em análise, numa leitura ‘˜›’£˜—Š•ȱ·ǰȱ—˜ȱ—˜œœ˜ȱŽ—Ž—Ž›DZ
ŠǼȱȱ’—ÇŒ’˜ȱŠȱœ˜Œ’Š•’£Š³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜œȱžž›˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœDz
‹Ǽȱȱ’—›˜ž³¨˜ȱ¥ȱŽ•Š‹˜›Š³¨˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŒž››’-­‐‑
Œž•Š›ŽœȱŒ˜—Œ›Ž˜œDz
ŒǼȱ–Šȱ™›’–Ž’›ŠȱŠ™›˜¡’–Š³¨˜ȱ¥ȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ—ŠȱŠž•ŠȱȬȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜-­‐‑
ȬŠŒ³¨˜ȱȬǰȱŽ—Ž—’ŠȱŒ˜–˜ȱž–ȱŒŠ–’—‘˜ȱšžŽȱŠ£ȱ˜ȱžž›˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ
ž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱšžŽȱ›ŽĚŽŒŽȱ—ŠȱŠŒ³¨˜ȱŽȱœ˜‹›ŽȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŽȱšžŽǰȱ™˜›ȱ
consequência, melhora a sua prática e elabora as suas teorias pe-­‐‑
Šà’ŒŠœǰȱšžŽ›ȱ’£Ž›ǰȱ›Š‹Š•‘ŠȱŒ’Ž—’ęŒŠ–Ž—ŽȱŽȱ·ȱŒŠ™Š£ȱŽȱ’—˜ŸŠ›ȱ
(Baptista, 1999: 236).
Estes aspectos perpassam o projecto e estão presentes ao longo das suas etapas -­‐‑ os espaços formativos -­‐‑ que no currículo funcionam, para-­‐‑
doxalmente, como disciplinas, devidamente sequenciadas e articuladas, com uma manifesta continuidade não só na lógica temporal, mas também e, acima de tudo, na lógica compreensiva. São os pilares básicos em torno dos quais se desenvolve todo o processo formativo e correspondem nos currículos de formação dos referidos cursos a três disciplinas: a Prática Pedagógica I, a Prática Pedagógica II, a Prática Pedagógica III que visam, —˜ȱœŽžȱŒ˜—“ž—˜ǰȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŒ•Š›˜œȱŽȱŽę—’˜œǯ
ŽĚŽŒ’›ȱ˜œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱ·ǰȱŽȱŒŽ›Šȱ˜›–ŠǰȱŽ—Œ˜—-­‐‑
›Š›ȱ˜ȱœŽžȱœŽ—’˜ȱ—˜ȱ™•Š—˜ȱ•˜‹Š•ȱŽȱ˜›–Š³¨˜Dzȱ·ȱ›Žœ™˜—Ž›ȱ¥ȱšžŽœ¨˜DZȱ
o que oferece esta componente aos nossos alunos?
Em boa parte, as práticas são um óptimo contributo para aquisição e ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠœȱŒ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ǯȱ1ǰȱ—˜ȱ’£Ž›ȱŽȱŽ››Ž-­‐‑
noud, a pedra de toque das competências, o lugar da sua integração e da œžŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜›–Š’ŸŠȱǻŗşşřDZȱŗşŖǼǯȱŠ‹Š•£ŠȱǻŗşşŞǼȱŸŠ’ȱ–Š’œȱ•˜—ŽȱŽȱ’£ȱ
que, não sendo fácil precisar o contributo da Prática Pedagógica para a preparação do futuro professor, ela apresenta-­‐‑se com uma quota-­‐‑parte œŽ–Ž•‘Š—Žȱ¥œȱ›ŽœŠ—ŽœȱŒ˜–™˜—Ž—ŽœȱŒž››’Œž•Š›ŽœȱŽȱšžŽȱœŽȱ™›˜“ŽŒŠȱŽ–ȱ
›¹œȱ¦–‹’˜œȱ˜žȱŒŠ–™˜œȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•DZȱ˜œȱŒ˜—‘ŽŒ’-­‐‑
mentos, as competências e as atitudes.
Assim, a Prática Pedagógica visa:
ŠǼȱ˜œœ’‹’•’Š›ȱ˜ȱŒ˜—ŠŒ˜ȱŒ˜–ȱŠȱ›ŽŠ•’ŠŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•Dz
‹Ǽȱ›Š—’£Š›ȱ Žȱ ›Ž˜›Š—’£Š›ȱ ˜œȱ ›ŽŽ›Ž—Œ’Š’œȱ Žà›’Œ˜œȱ Š™›ŽŽ—’˜œȱ Š˜ȱ
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Maria Isabel Alves Baptista
•˜—˜ȱ˜ȱŒž›œ˜ǰȱŠ›’‹ž’—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱœ’—’ęŒŠ˜ȱŠȱŒ˜—ŒŽ’˜œȱŽȱŒ˜—-­‐‑
Žø˜œȱŽœžŠ˜œDz
ŒǼȱ˜–™›ŽŽ—Ž›ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱ—ž–Šȱ’Š•·Œ’ŒŠȱŽȱŒ˜—›˜—-­‐‑
Š³¨˜ǰȱŒ›’Š—˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œȱ—˜Ÿ˜œȱŠȱ™Š›’›ȱŠȱŠŒ³¨˜Dz
ǼȱŠ‹Ž›ȱœŽ›ȱŽȱœŠ‹Ž›ȱŽœŠ›ȱŽ–ȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œDz
ŽǼȱŠ•˜›’£Š›ȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŠŒžŠ•’£ŠŠȱŽȱ›Ž—˜ŸŠŠǯ
Os objectivos funcionam, não como metas parcelares a atingir, numa concepção aditiva de conhecimentos, mas como uma auto-­‐‑regulação ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŒŠŠȱ˜›–Š—˜ǰȱŠ›ŠŸ·œȱŽȱž–ŠȱŠ—¤•’œŽȱŒ›Ç’ŒŠȱŠœȱ
œžŠœȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱ˜œȱœŽžœȱ›Žœž•Š˜œǯȱ¨˜ȱꗊ•’ŠŽœȱŠȱŠ’—’›ȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ
das etapas. ¨˜ȱŒ˜—ŒŽ‹Ž–˜œǰȱ™˜›·–ǰȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŒ˜–˜ȱž–ȱ™›˜ž˜ȱꗊ•’£Š˜ȱ
na vida do futuro professor. É, retomando a linha de metáforas de que Ÿ¤›’˜œȱŠž˜›ŽœȱœŽȱ¹–ȱœŽ›Ÿ’˜ȱ™Š›ŠȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š›ȱŽœŽȱ™Ž›Ç˜˜ǰȱ˜ȱŒ˜–Ž³˜ȱŽȱ
ž–ȱ™Ž›Œž›œ˜ǰȱŽȱž–ŠȱŸ’ŠŽ–ǰȱŽȱž–ŠȱŒ˜—šž’œŠȱšžŽȱœŽȱ›ŽŠ•’£ŠȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ
ŠȱŸ’Šȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱȱŒ˜—’—ž’ŠŽȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ¤ȱœž‹“ŠŒŽ—ŽȱŠȱ
todas as estratégias formativas e supervisivas e reporta-­‐‑se a todos os intervenientes implicados, nomeadamente a formandos, superviso-­‐‑
res e colaboradores. Ou seja, procura-­‐‑se que o processo de formação se constitua como potencial enriquecedor de todos os participantes, Š™›ŽœŽ—Š—˜ǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱ’–Ž—œäŽœȱ’Ž›Ž—Œ’ŠŠœȱ™Š›ŠȱŒŠŠȱž–ȱ˜œȱ
grupos implicados.
Assim, para os futuros educadores/professores, os seminários e as re-­‐‑
̎¡äŽœȱ›ŽŠ•’£ŠŠœȱŸ’œŠ–ȱŠȱŒ˜—’—ž’ŠŽȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱ›ŽŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱ
conhecimentos, tendo em conta as características de um processo de for-­‐‑
mação inacabado e uma intervenção progressivamente mais consistente.
Para os educadores e professores cooperantes e outros elementos que integrem o processo de acompanhamento e supervisão, a partilha de experiências e saberes constitui-­‐‑se também como um espaço e um tempo potencialmente rico e estimulante do ponto de vista formativo.
¨˜ȱŠ–’›Šǰȱ™˜›ȱ’œœ˜ǰȱšžŽȱŽ’šžŽ–˜œȱŽœ™ŽŒ’Š•ȱŠŽ—³¨˜ȱ¥ȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ
destes espaços formativos – as disciplinas de Prática Pedagógica: Prática Pedagógica I (PPI), Prática Pedagógica II (PPII) e Prática Pedagógica III (PPIII).
3. As disciplinas: formas de organização e funcionamento
ȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ Œž››’Œž•Š›ȱ Ž–ȱ ’œŒ’™•’—Šœȱ Š™Š›ŽŒŽǰȱ ™˜›Š—˜ǰȱ Œ˜–˜ȱ
Œ˜—œŽšž¹—Œ’Šȱ˜œȱŠœ™ŽŒ˜œȱŠ›¤œȱŽ—ž—Œ’Š˜œȱǻœ˜Œ’Š•’£Š³¨˜ǰȱ’—’Œ’Š³¨˜ȱŠ˜ȱ
desenvolvimento de projectos educativos/curriculares e, ainda, de inves-­‐‑
tigação na classe) e que, de certo modo, se colam ao previsto na Portaria n.º 336/88 de 28 de Maio (Diário da República, 124, art. 3.º, ponto 3), ao Šę›–Š›ȱšžŽȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱœŽȱŒ˜—Œ›Ž’£ŠȱŠ›ŠŸ·œȱŽȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
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diferenciadas ao longo dos cursos em períodos (etapas) de duração Œ›ŽœŒŽ—ŽȱŽȱŽȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ™›˜›Žœœ’ŸŠǰȱ’—Œ’’—˜ȱ—˜œȱœŽž’—Žœȱ
aspectos: observação-­‐‑análise, cooperação e intervenção e responsabili-­‐‑
£Š³¨˜ȱ™Ž•Šȱ˜Œ¹—Œ’Šǯȱ
œœ’–ǰȱŽ–ȱŠ–‹˜œȱ˜œȱŒž›œ˜œǰȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱœž›Žȱ˜›Š—’£ŠŠȱ
em três disciplinas anuais, integradas no 2.º, 3.º e 4.º anos, sendo-­‐‑lhes atribuídos objectivos e tempos diferenciados, como se indica no quadro seguinte: A prática dos Educadores de Infância apresenta-­‐‑se com 26% do total ŠȱŒŠ›Šȱ‘˜›¤›’Šȱ˜ȱŒž›œ˜ǰȱŠȱ˜œȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȮȱŗķȱ’Œ•˜ȱ
com 24,8%. É uma linha de proporção de tempo próxima do mínimo que ™›˜™äŽȱŠ—œ‘Ž›ŽȱǻŗşŝŝǼǰȱšžŽȱ˜™’—ŠȱšžŽȱŠȱŒ˜–™˜—Ž—Žȱ™›¤’ŒŠȱŽŸ’Šȱ˜Œž-­‐‑
par entre 25% a 35% do tempo lectivo total, mas acima do nível mundial, que segundo Marin (1982) se situa em 15% das práticas formativas, com Ž—¹—Œ’ŠȱŠȱŽœŠœȱŒ˜–Ž³Š›Ž–ȱ˜ȱ–Š’œȱŒŽ˜ȱ™˜œœÇŸŽ•ǰȱŠȱę–ȱŽȱŒ˜•˜ŒŠ›Ž–ȱ
˜ȱžž›˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŽ–ȱŒ˜—ŠŒ˜ȱŒ˜–ȱŠȱœžŠȱ™›˜ęœœ¨˜ȱǻ’—ȱ·›Ž£ǰȱŗşŞŞDZȱśřǼǯȱ
Note-­‐‑se que todas as disciplinas são acompanhadas de um Seminário Interdisciplinar: na Prática Pedagógica I e Prática Pedagógica II contido no seio da própria disciplina, na Prática Pedagógica III o Seminário Interdisciplinar apresenta-­‐‑se no segundo semestre, com 3 horas nos Educadores de Infância e 4 horas nos Professores do Ensino Básico -­‐‑ 1º ’Œ•˜ǰȱŽœŠŒŠ˜ȱŠȱ™›à™›’Šȱ’œŒ’™•’—ŠǰȱšžŽȱ·ȱŠ—žŠ•ǰȱ˜ȱšžŽȱ—¨˜ȱ·ȱ–ž’˜ȱ
Œ˜–™›ŽŽ—œÇŸŽ•ǯȱœŽȱŠœ™ŽŒ˜ȱœŽ›¤ȱ–˜’Ÿ˜ȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ—˜ȱ’—ÇŒ’˜ȱ˜ȱ™›à¡’–˜ȱ
ano lectivo, altura em que começa a funcionar esta disciplina, de modo Šȱ–’—’–’£Š›ȱŽœŽȱŽœŽšž’•Ç‹›’˜ǯ
Os cortes temporais, principalmente na Prática Pedagógica I e Prática Pedagógica II apontam para uma duração crescente muito baixa, poden-­‐‑
do com a atribuição de mais carga horária a esta componente colmatar-­‐‑se ŽœŠȱ•ŠŒž—Šǯȱ›˜œœ˜ȱ–˜˜ǰȱŠȱŒŠ›Šȱ‘˜›¤›’ŠȱŠœȱœŽœœäŽœȱŽà›’ŒŠœȱŽȱ™›¤’ŒŠœȱ
Š™›ŽœŽ—Šȱ—Šȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱŽȱśŖƖȱŽȱœŽœœäŽœȱŽà›’ŒŠœȱŽȱ
śŖƖȱŽȱœŽœœäŽœȱ™›¤’ŒŠœǰȱ—Šȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱŽȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱ
ŽœŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱŽœŽšž’•’‹›ŠȬœŽȱŽ–ȱŠŸ˜›ȱŠœȱœŽœœäŽœȱ™›¤’ŒŠœǰȱšžŽȱ™ŠœœŠ–ȱŠȱ
ocupar mais de 2/3 da carga total de cada uma das disciplinas referidas.
ȱ ›Š’˜ȱ Š•ž—˜Ȧ™›˜Žœœ˜›ȱ Žȱ ›¤’ŒŠȱ ŽŠà’ŒŠȱ Š£ȬœŽȱ —ž–Šȱ •à’ŒŠȱ
disciplinar, ou seja, cada professor lecciona 12 horas lectivas de Prática ŽŠà’ŒŠǰȱ˜ȱšžŽȱ›Š£ȱ—ŽŒŽœœŠ›’Š–Ž—Žȱ‘˜›ŠœȱŠŒ›ŽœŒ’ŠœȱŠȱŽœŽȱ™›˜Žœœ˜›ȱ
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Maria Isabel Alves Baptista
šžŽȱ—¨˜ȱœŽȱ™˜ž™ŠȱŠȱŽœ˜›³˜œȱ™Š›ŠȱŠ›ȱ›Žœ™˜œŠȱ¥œȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ˜œȱŠ•ž—˜œǯ
O número de estagiários por cooperante na disciplina de Prática Pedagógica III é de 2 alunos no curso dos Educadores de Infância e de řȱŠ•ž—˜œȱ—˜ȱŒž›œ˜ȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȬȱŗķȱ’Œ•˜Dzȱ—Šȱ›¤’ŒŠȱ
Pedagógica I e Prática Pedagógica II é de 3 alunos no primeiro curso e de 3-­‐‑4 alunos no segundo.
ŠȱœžŠȱŒ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ǰȱŠœȱ›¹œȱ’œŒ’™•’—Šœȱœ¨˜ȱž–ŠȱŽœ›žž›ŠȱœŽšžŽ—-­‐‑
ciada de fases, com objectivos e características próprias e distintas, que integram de forma harmoniosa o trabalho desenvolvido na instituição de formação e nos centros de práticas. Assim, cada disciplina integra três momentos: o momento de preparação, o momento intensivo e o momento de avaliação. Não são compartimentos estanques, mas têm pertinência na estruturação do trabalho que envolve tanto os alunos como o supervisor da Escola Superior de Educação e o professor cooperante em espaços de ŠŒ³¨˜ǰȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱž—Š–Ž—Š³¨˜ȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ǯ
Ž—˜ȱŽ–ȱŒ˜—Šȱ˜ȱœž™˜›ŽȱŽà›’Œ˜ȱšžŽȱœžœŽ—Šȱ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ›¤’ŒŠȱ
Pedagógica, privilegiamos o trabalho de grupo exercido num clima de liberdade, substituindo a competição pela cooperação. Distinguimos o coleguismo e a camaradagem, aspectos presentes nos princípios estru-­‐‑
ž›Š—ŽœȱŽœŠȱŒ˜–™˜—Ž—ŽȱŽȱ˜›–Š³¨˜ǰȱ™Ž—œŠ˜œȱŠȱ™Š›’›ȱŽȱ›ŽĚŽ¡äŽœȱ
›ŽŠ•’£ŠŠœǰȱ Ž–ȱ Š—˜œȱ Š—Ž›’˜›Žœǰȱ Œ˜–ȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Žȱ Š•ž—˜œǯȱœœ’–ǰȱ —Šȱ
estruturação programática dos três momentos de Prática Pedagógica, consideramos os seguintes aspectos:
a) A importância (in)formativa do encontro em grupo na partilha de œŠ‹Ž›ŽœȱŽȱŽœ›žž›Š³¨˜ȱŽȱ’—Ž›ŠŒ³äŽœȱŽȱ›Ž•Š³äŽœDz
b) O poder formativo da experienciação e integração em contextos ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜œȱŽȱŠŒ³¨˜Dz
c) A importância dos recursos didácticos no apoio e estímulo a práti-­‐‑
ŒŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱšžŽȱœŽȱšžŽ›Ž–ȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŽȱ–Ž•‘˜›ȱšžŠ•’ŠŽǯ
žŠ—˜ȱ ¥ȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ ˜œȱ ™›˜ŒŽœœ˜œȱ Žȱ ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱ Žȱ ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱ
˜œȱŠ•ž—˜œȱŸŠ•˜›’£˜žȬœŽȱŠȱ–ž•’™•’Œ’ŠŽȱŽȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœȱ
e vivências, procurando que os formandos tenham possibilidades de contactar com:
Ȯȱ ˜—Ž¡˜œǰȱ’—œ’ž’³äŽœȱŽȱ›ŽŠ•’ŠŽœȱœ˜Œ’ŽžŒŠ’ŸŠœȱ’ŸŽ›œŠœȱǻ–Ž’˜ȱ
ž›‹Š—˜ȱŸŽ›œžœȱ›ž›Š•Dzȱ›ŽŽȱ™ø‹•’ŒŠȱŸŽ›œžœȱ™›’ŸŠŠǼDz
Ȯȱ ›ž™˜œȱŽȱŠ•ž—˜œȱŽȱ—ÇŸŽ’œȱŽ¤›’˜œȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—Š’œȱ’Ž›Ž—ŽœDz
Ȯȱ ’Ž›Ž—Žœȱ˜›–ŠœȱŽȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜œȱŽ–™˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱǻ›Ž’–Žȱ
—˜›–Š•ȱŸŽ›œžœȱ›Ž’–Žȱž™•˜ǰȱ—˜ȱŗķȱ’Œ•˜Dzȱ™ŽšžŽ—˜œȱ™Ž›Ç˜˜œȱŽȱ
tempo por semana-­‐‑itinerância versus horários normais e extensos na Educação de Infância, com ou sem componentes socieducativas).
Vejamos, agora, as características de cada disciplina e a sua incidência no processo formativo.
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
97
›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱ
Este espaço curricular funciona como uma etapa que visa proporcio-­‐‑
nar ao futuro professor a integração na realidade escolar por meio do contacto directo com a mesma.
›ŠŠȬœŽȱŽȱž–ȱ™Ž›Ç˜˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽà›’Œ˜ȬŒ’Ž—ÇꌊȱŽ–ȱŒ˜—Ž¡¨˜ȱ
Œ˜–ȱ˜ž›˜ȱ™›¤’Œ˜ȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱ’›ŽŒŠȱ˜ȱ›ŽŠ•ȱ™ŽŠà’Œ˜ǰȱŸŠ•˜›’£Š—-­‐‑
˜ȱŠȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱŽȱŠ—¤•’œŽȱŽȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœǯȱ¨˜ȱ›Š›˜ǰȱ
recorremos a experiências gravadas em vídeo ou, ainda, simuladas.
Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŽà›’Œ˜Ȭ™›¤’ŒŠȱ’—Œ•žŽ–ȬœŽȱ˜œȱŽ–’—¤›’˜œȱœ˜‹›Žȱ·Œ—’ŒŠœȱ
e Instrumentos de Observação, o Seminário de Investigação-­‐‑Acção: objec-­‐‑
tivos, características e fases e, ainda, outros de carácter interdisciplinar, temáticos, todos de grande importância para a aquisição de ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento de competências relacionadas Œ˜–ȱŠȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠǰȱŒ›Ç’ŒŠȱŽȱ’—ŸŽœ’Š’ŸŠȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ǯ
œȱœŽœœäŽœȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱ›ŽŠ•’£Š–ȬœŽȱŽ–ȱ’—œ’ž’³äŽœȱŸ¤›’ŠœDZȱ
nos jardins/escolas, actividades de tempos livres e, sempre que possível, Ž–ȱ˜ž›Šœȱ’—œ’ž’³äŽœȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱŽžŒŠ’ŸŠǯȱž–ȱ™›’–Ž’›˜ȱ–˜–Ž—˜ǰȱ
os estudantes centram a sua atenção na escola e no meio envolvente, e num segundo momento, no grupo turma. Posteriormente, toda a in-­‐‑
formação, colhida através da observação, da inquirição e da análise de documentação, é interpretada e analisada de forma que cada um dos Šœ™ŽŒ˜œȱœŽȱŒ˜—ŸŽ›ŠȱŽ–ȱŽ–ŠȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ’œŽ–¤’ŒŠǯ
1ȱž–ȱ–˜–Ž—˜ȱŽȱŠšž’œ’³¨˜ȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱŽȱŽȱŠ—¤•’œŽDzȱ
·ǰȱ—Šȱ˜™’—’¨˜ȱŽȱŠ•ž—œȱŠž˜›Žœǰȱž–ȱ™Ž›Ç˜˜ȱŽȱœŽ—œ’‹’•’£Š³¨˜ȱ¥ȱ™›¤’ŒŠȱ
de ensino.
Segue-­‐‑se a Prática Pedagógica II.
ȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱ
Esta disciplina é o desenvolvimento subsequente da primeira e desenvolve-­‐‑se em ambiente natural, nos jardins de infância e escolas do Ž—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱȬȱŗķȱŒ’Œ•˜ǯȱ˜–™˜›ŠȱŠœȱŸŽ›Ž—ŽœȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱŒ˜˜™Ž›Š³¨˜ȱ
Žȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱŠ™˜’ŠŠȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ—Šǰȱœ˜‹›ŽȱŽȱ™Š›ŠȱŠȱŠŒ³¨˜ǰȱŒ˜—›’‹ž’—˜ǰȱ
Šœœ’–ǰȱ™Š›Šȱ˜ȱŒ›ŽœŒ’–Ž—˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜œȱžž›˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœǰȱ
dentro de um quadro teórico que engloba a discussão alargada de situa-­‐‑
³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱ˜‹œŽ›ŸŠŠœȱŽȱŸ’Ÿ’Šœȱ—ŠœȱœŠ•ŠœȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ˜œȱ“Š›’—œȱ
e das escolas do 1.º ciclo. É tempo de iniciar o aluno na construção e ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŒž››’Œž•Š›ŽœȱŽȱŽȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ—ŠȱŠž•Šǯȱ
Šȱ ’ÇŒ’•ȱ Œ˜—œ›ž³¨˜ȱ Žȱ ž–Šȱ ™›¤’ŒŠȱ ›ŽĚŽŒ’Šǰȱ ›ŽŒ˜››Ž–˜œȱ Œ˜–ȱ
›Žšž¹—Œ’Šȱ¥ȱŠž˜œŒ˜™’ŠǯȱȱŸÇŽ˜ȱ·ǰȱ—ŽœŽȱŒŠœ˜ǰȱž–ȱ–Ž’˜ȱŠ™›ŽŒ’¤ŸŽ•ǯȱ1ȱ
ž–Šȱ–Ž–à›’ŠȱšžŽȱŽœ’–ž•ŠȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱŠȱŠ—¤•’œŽȱ’—’Ÿ’žŠ•ȱŽȱ›ž™Š•ȱŽȱ
permite uma observação diferida, repetida. A imagem vídeo oferece ao grupo de estagiários a possibilidade de analisar em conjunto a mesma œ’žŠ³¨˜ȱ™ŽŠà’ŒŠȱŽȱŽȱŽ›ȱž–ȱ›ŽŽ›Ž—Žȱø—’Œ˜ȱ™Š›Šȱž–Šȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ’œ-­‐‑
tanciada sobre os processos e sobre as competências a adquirir. É um 98
Maria Isabel Alves Baptista
›ŽŒž›œ˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜ȱŠ–‹·–ȱ–ž’˜ȱž’•’£Š˜ȱ—Šȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱǯ
›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱȱ
Esta etapa constitui o núcleo fundamental da preparação prática. Situ-­‐‑
ŠŠȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŒž›œ˜ǰȱ™Ž›–’ŽȱšžŽȱ˜ȱŠ•ž—˜ȱ™˜œœžŠȱ“¤ȱ˜˜ȱž–ȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š•ȱ
Žà›’Œ˜ȱŽȱ™›¤’Œ˜ȱŠ•Š›Š˜ǰȱŠ—˜ȱ›Ž•ŽŸ˜ȱŠ˜ȱ™Š™Ž•ȱŽȱ¥ȱ’–™˜›¦—Œ’ŠȱŽȱ˜Šœȱ
ŽȱŒŠŠȱž–ŠȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱŽ–ȱšžŽȱŽœŽŸŽȱŽȱŽœŠ›¤ȱŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜ǯ
˜—œ’œŽȱŽ–ȱ’—›˜ž£’›ȱ™•Ž—Š–Ž—Žȱ˜ȱŠ•ž—˜ȱ—ŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱ
em toda a sua complexidade, na vida do jardim/escola e da aula, partici-­‐‑
par em actividades de orientação escolar e alargar a prática do desenho e desenvolvimento de actividades de investigação na aula. Implica uma partilha de responsabilidade, assumindo progressivamente o desem-­‐‑
™Ž—‘˜ȱŽȱ˜˜œȱ˜œȱ™Š™·’œȱ’—Ž›Ž—Žœȱ¥ȱŒ˜—’³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›DZȱŒ˜—ŒŽ‹Ž›ȱŽȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œǰȱ˜›Š—’£Š›ȱŽȱŠ—’–Š›ȱž–Šȱ›Žž—’¨˜ȱŽȱ
™Š’œǰȱ›ŽŒŽ‹Ž›ȱ˜œȱ™Š’œǰȱ›Žœ˜•ŸŽ›ȱŒ˜—Ě’˜œȱŽȱŽšž’™Šǰȱ˜›Š—’£Š›ȱž–ŠȱŸ’œ’Šȱ
de estudo, um passeio escolar, etc. É, portanto, um momento que assenta em experiências planeadas, directas, guiadas e inclusivamente clínicas, seguidas da participação activa na classe.
Nesta etapa, como nas restantes, é fundamental um bom processo supervisivo.
4. Supervisão e Acompanhamento
As práticas podem ser úteis em quaisquer circunstâncias, mas só alcançarão o seu sentido pleno e desenvolverão todo o seu potencial ˜›–Š’Ÿ˜ȱ šžŠ—˜ȱ œŽȱ ŸŽ›’ęŒŠ›ȱ ž–Šȱ ‹˜Šȱ ’—Ž›’˜›’£Š³¨˜ȱ Šȱ œžŠȱ ’–™˜›-­‐‑
tância a nível das estruturas do poder decisório central e local. Depois, há que referir toda a programação, acompanhamento e supervisão das práticas pelos supervisores e colaboradores, professores que sabem o que œŽȱ™›ŽŽ—ŽȱŽ•ŠœȱŽȱ™äŽ–ȱŠ˜ȱŠ•ŒŠ—ŒŽȱ˜œȱžž›˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜œȱ–Ž’˜œȱ
—ŽŒŽœœ¤›’˜œȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ǯȱŠÇȱŠȱ’–™˜›¦—Œ’Šȱ˜œȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›Žœȱ
Šœȱ’—œ’ž’³äŽœȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ˜œȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ŽœȱŒ˜˜™Ž›Š—ŽœȱŠœȱŽœŒ˜•Šœȱ
que acolhem os alunos professores para tornar efectivo todo o potencial formativo das práticas.
Na sequência do pensamento que apresentamos, a nível do poder ŒŽ—›Š•ǰȱŠ’—ŠȱšžŽȱ˜›Šȱ˜ȱŒŠ–™˜ȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱ‘¤ȱŠȱ›ŽŽ›’›ȱŠȱę•-­‐‑
tragem efectuada ao plano de estudos dos cursos no momento da sua aprovação, sugerindo que em cada momento de Prática Pedagógica fosse inserido um Seminário Interdisciplinar, o que achamos pertinente.
Na implementação do projecto é fundamental a acção supervisiva Œ˜—Ž¡žŠ•’£ŠŠȱŠœȱ™›¤’ŒŠœǰȱŽ—Ž—’ŠȱŒ˜–˜ȱž–ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŒ˜•Š‹˜›Š’-­‐‑
vo de acompanhamento e de ajuda a prestar aos futuros educadores/
™›˜Žœœ˜›Žœȱ—Šȱ ˜›Š—’£Š³¨˜ǰȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ Œ˜—œŒ’Ž—Œ’Š•’£Š³¨˜ȱ Šȱ
sua prática pedagógica, com vista a melhorá-­‐‑la. Assim, os alunos pro-­‐‑
fessores/educadores são orientados e acompanhados por uma equipa: A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
99
supervisores do Departamento de Supervisão da Prática Pedagógica ŽȱžŒŠ˜›ŽœȱŽȱ—¦—Œ’ŠȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȮȱŗķȱ’Œ•˜ǰȱ
supervisores cooperantes dos jardins e escolas do ensino básico – 1º Œ’Œ•˜ȱŽǰȱŠ’—ŠȱšžŽȱŽȱ–˜˜ȱ’—˜›–Š•ǰȱ™˜›šžŽȱœŽ–ȱŒŠ›Šȱ‘˜›¤›’Šȱę¡ŠŠǰȱ
há a destacar um apoio interdisciplinar/interdepartamental no âmbito Šȱ ˜›–Š³¨˜ȱ Ž–ȱ ŽžŒŠ³¨˜ȱ Ž›Š•ȱ Žȱ Žœ™ŽŒÇꌊȱ Šœȱ ’ŸŽ›œŠœȱ ’œŒ’™•’—Šœǰȱ
prestado pelos vários professores que leccionam o curso. De modo claro e efectivo, os supervisores institucionais e os dos jar-­‐‑
’—œȦŽœŒ˜•ŠœȱŒ˜˜™Ž›Š—Žœȱœ¨˜ȱ˜œȱ™’•Š›ŽœȱŠȱŠ›ŽŠȱŽȱŒ˜—ž£’›ȱŠȱ‹˜–ȱŽ›–˜ȱ
as práticas dos alunos professores/educadores. Eles apoiam, orientam ŽȱŽœ’–ž•Š–ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜ȱžž›˜ȱ™›˜-­‐‑
fessor/educador, partindo do princípio que a ajuda e o assessoramento Ÿ’œŠ–ȱ–Ž•‘˜›Š›ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜ǯȱ’£ȱ
ŠŒ”•Ž¢ȱšžŽȱȃ˜ȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ȱ
é a chave do êxito da pessoa que aprende e o eixo para a melhoria da ™›˜ęœœ¨˜ȱ˜ŒŽ—ŽȄȱǻ’—ȱ·›Ž£ǰȱŗşŞŞDZȱŜŝǼǯȱȱœžŠȱž—³¨˜ȱ™›’˜›’¤›’ŠȱŒŽ—›Š-­‐‑
-­‐‑se em ajudar a outra pessoa a descobrir o seu melhor modo de ensinar. Ž–ǰȱŽœœŽ—Œ’Š•–Ž—Žǰȱ˜ȱ™Š™Ž•ȱŽȱž’ŠȱŽȱŽȱŒ˜—œŽ•‘Ž’›˜ǰȱŽȱŠ—’–Š˜›ȱŽȱ
troca de experiências.
Para alguns autores o supervisor deve ser um expert em currículo, ž–ȱŒ˜–ž—’ŒŠ˜›ȱŽȱ˜›Š—’£Š˜›ǰȱž–ȱ•ÇŽ›ǰȱž–ȱŠŸŠ•’Š˜›ǰȱž–ȱŽœ’–ž•Š˜›ȱ
Žȱž–ȱ’—ŸŽœ’Š˜›Dzȱ˜ž›˜œȱŠ™˜’Š–ȬœŽȱ—˜ȱŽ—˜šžŽȱ™Žœœ˜Š•ȱŠȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱ
Žȱ ˜™’—Š–ȱ šžŽȱ Ž•Žȱ ŽŸŽȱ ™˜œœž’›ȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ ™Š›Šȱ ŽœŠ‹Ž•ŽŒŽ›ȱ ›Ž•Š³äŽœȱ
cálidas e amistosas com os futuros professores e uma clara compreensão do que estes necessitam para ser útil em ajudá-­‐‑los a explorar e descobrir os melhores modos de ensinar. Neste caso é, acima de tudo, colocar a à—’ŒŠȱ—Šȱ™Žœœ˜Šǰȱ—ŠœȱœžŠœȱ™Ž›ŒŽ™³äŽœȱŽȱ—ŠœȱœžŠœȱŒ›Ž—³Šœǯ
Vejamos o papel do supervisor da instituição formadora:
a) Estabelecer elos de ligação com o coordenador da Prática Pedagó-­‐‑
’ŒŠȱ™Š›Šȱž—’ęŒŠ›ȱŒ›’·›’˜œDz
‹ǼȱŽ•ŠŒ’˜—Š›ȬœŽȱŒ˜–ȱ˜œȱŒŽ—›˜œȱŽȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱŒ˜—‘ŽŒŽ›ȱ˜œȱꗜȱŽ›Š’œȱ
˜œȱœŽžœȱ™›˜“ŽŒ˜œDZȱžŒŠ’Ÿ˜ȱŽȱž››’Œž•Š›Dz
c) Acordar com os interessados as características do trabalho a de-­‐‑
œŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱ—˜œȱŸ¤›’˜œȱ–˜–Ž—˜œȱŽȱ™›¤’ŒŠœDz
Ǽȱ›˜–˜ŸŽ›ȱž–ŠȱŠ—¤•’œŽȱŠ™›˜ž—ŠŠȱŽȱŽȱŽ˜›’£Š³¨˜ȱŽȱœ’žŠ³äŽœȱ
˜‹œŽ›ŸŠŠœȦŸ’Ÿ’ŠœDz
e) Estabelecer um clima de franca colaboração e resolver os incidentes Ž—›˜ȱŠœȱ—˜›–Šœȱ˜ȱ™›˜˜Œ˜•˜ȱŽ–ȱŸ’˜›Dz
f) Apoiar os alunos ao longo das diferentes fases que integram a acção.
Não é menos importante o papel do supervisor cooperante. A ele cabe:
a) Acolher o futuro professor e inseri-­‐‑lo na dinâmica da escola e do ›ž™˜ȱŽȱŠ•ž—˜œDz
100
Maria Isabel Alves Baptista
‹Ǽȱ™˜’Š›ȱ —Šȱ Ž•Š‹˜›Š³¨˜ǰȱ Œ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ȱ Žȱ ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ Žȱ ™›˜“ŽŒ˜œȱ Žȱ
’—Ž›ŸŽ—³¨˜Dz
ŒǼȱŠ›’Œ’™Š›ȱŽ–ȱœŽ–’—¤›’˜œȱŽȱ›Žž—’䎜ȱŽȱ™›Ž™Š›Š³¨˜ǰȱŠ—¤•’œŽȱŽȱ›ŽĚŽ-­‐‑
¡¨˜ȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠDz
d) Participar no processo de avaliação, conforme critérios previstos no regulamento de avaliação.
O formando tem também um papel de relevo no seu processo for-­‐‑
mativo e do grupo em que se insere, visto que na tarefa supervisiva se privilegiam estratégias de orientação vertical e estratégias de orientação ‘˜›’£˜—Š•ȱ ǻcritical friendship). Esta última estratégia não é nova entre nós, mas ganhou consistência com os novos paradigmas centrados no desenvolvimento pessoal e social. Quanto a nós, é óptima para promover ž–ȱŒ•’–ŠȱŽȱŠžŽ—’Œ’ŠŽȱ—˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™Žœœ˜Š•ȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ
do grupo e de cada um dos seus elementos. Deve, no entanto, ser acom-­‐‑
panhada de uma boa estratégia supervisiva vertical para:
ŠǼȱ“žŠ›ȱŠȱ’—Ž›™›ŽŠ›ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱ˜‹œŽ›ŸŠŠœȦŽ¡™Ž›’Ž—Œ’ŠŠœȱ¥ȱ•ž£ȱ
Žȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š’œȱŽà›’Œ˜œDz
‹Ǽȱ›’Ž—Š›ȱ—ŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱŽȱ—˜Ÿ˜œȱœŠ‹Ž›ŽœDz
ŒǼȱŽœ˜•ŸŽ›ȱŽŸŽ—žŠ’œȱŒ˜—Ě’˜œǯ
Para que o período formativo tenha sucesso, não basta ter um bom ™•Š—˜ȱŽȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱ‹˜—œȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ŽœDzȱ™›ŽŒ’œŠǰȱŠ–‹·–ǰȱŽȱž–Šȱ™›Ž™Š-­‐‑
ração prévia.
5. Preparação das práticas
A preparação da Prática Pedagógica envolve, em primeiro lugar, os órgão de gestão da instituição formadora e dos centros de práticas que, conforme Portaria n.º 336/88, devem celebrar entre si protocolos de Œ˜•Š‹˜›Š³¨˜ǯȱ1ǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŠ˜ȱŒ˜—œŽ•‘˜ȱ’›ŽŒ’Ÿ˜ȱšžŽȱŒŠ‹ŽȱŒ˜—ž£’›ȱ˜˜ȱ
o processo de estabelecimento de parcerias com os centros de práticas, uma tarefa nem sempre fácil, nos nossos dias, devido ao: ŠǼȱ›ŽœŒŽ—Žȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŠ•ž—˜œȱŠȱŒ˜•˜ŒŠ›ȱŽ–ȱ™›¤’ŒŠœDz
b) Existência muito próxima da Escola Superior de Educação de Bra-­‐‑
Š—³ŠȱŽȱ˜ž›ŠȱŽ—’ŠŽȱ™›’ŸŠŠȱšžŽȱ˜Ž›ŽŒŽȱ˜œȱ–Žœ–˜œȱŒž›œ˜œDz
c) Vontade do titular do lugar (escola/jardim) desejar ou não desejar a colaboração.
•Š›’ęŒŠ—˜ȱ ŽœŠȱ ø•’–Šȱ Š•Ç—ŽŠǰȱ Œ˜—Ÿ·–ȱ ›ŽŽ›’›ȱ šžŽȱ Šȱ Šœœž—³¨˜ȱ ˜ȱ
ŽœŠž˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ȱŒ˜˜™Ž›Š—Žǰȱ–ž’ŠœȱŸŽ£Žœǰȱ—¨˜ȱŠŸ·–ȱ˜ȱŽœŠ‹Ž-­‐‑
lecimento do protocolo de colaboração com o centro de práticas. Uma ™Ž›ŒŽ—ŠŽ–ȱ–Ç—’–ŠȱŽȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ—¨˜ȱœŽȱ˜™äŽȱŠȱšžŽȱ‘Š“Šȱ™›¤’ŒŠœǰȱ
mas não assume nenhum compromisso a este respeito, pelo que, a maior ™Š›ŽȱŠœȱŸŽ£Žœǰȱ˜œȱŒ˜—ŠŒ˜œȱ—¨˜ȱœŽȱŠ£Ž–ȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽœŒ˜•Šǰȱ–ŠœȱŠȱ—Ç-­‐‑
A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
101
vel pessoal, o que torna difícil um bom grau de integração do projecto educativo do centro de práticas no Projecto de Prática Pedagógica. Dado šžŽȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱŒ˜˜™Ž›Š—Žȱ·ȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŒ˜–ȱ˜›Žȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱ—˜œȱ
alunos em práticas, absorvendo o papel de professor do grupo/turma e supervisor dos educadores/professores estagiários, que intervêm na sua aula, seria desejável que para o exercício desta função pudesse contar-­‐‑se com um professor experiente, competente, aberto e dialogante, com um profundo conhecimento da escola e com uma boa preparação para o seu ›Š‹Š•‘˜ȱŽȱ˜›’Ž—Š˜›ǰȱŠœ™ŽŒ˜ȱ—Ž–ȱœŽ–™›Žȱ¤Œ’•ȱŽȱœŽ›ȱŒ˜—Œ›Ž’£Š˜ǯ
Ž™˜’œǰȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽœ›žž›Šœȱ’—œ’žŒ’˜—Š’œȱ’—Ž›–·’Šœǰȱ•˜ŒŠ•’£ŠȬœŽȱŠȱ
coordenadora da Prática Pedagógica que, coadjuvada pela sua equipa, ™›˜ŒŽŽȱ¥ȱ™›˜›Š–Š³¨˜ȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠǰȱ›Žœ™Ž’Š—˜ȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱ
Ž¡Š›Š˜œȱŽ–ȱ—˜›–Š’Ÿ˜œȱ˜ęŒ’Š’œDZȱœŠ•ŸŠžŠ›Šȱ˜œȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ
Žȱ Žȱ ˜Šȱ Šȱ Š›’Œž•Š³¨˜ȱ ™ŽŠà’ŒŠȱ Žȱ Š–’—’œ›Š’ŸŠȱ Šœȱ ’—œ’ž’³äŽœȱ
Ž—Ÿ˜•Ÿ’Šœȱ—ŠȱŒ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱ˜›–Š’ŸŠœǯ
ŠȱŸŽ›ŠŽǰȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ˜›–Š˜›Šœȱ¹–ȱŽ—¹—Œ’ŠȱŠȱŽœ›Žœ™Ž’Š›ȱ
estes princípios, interpretando a realidade dos centros de práticas como Žœ™Š³˜œȱœŽžœǰȱŽœšžŽŒŽ—˜ȱšžŽȱŽ•Žœȱ¹–ȱŸ’ŠȱŽȱŒž•ž›Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ™›à-­‐‑
prias. A nossa presença ali deve ser encarada como uma herança que ·ȱ™›ŽŒ’œ˜ȱŒŠ™’Š•’£Š›ȱ—ž–Šȱ•à’ŒŠȱŽȱ’—Ž›Š³¨˜ǰȱ–Ž•‘˜›’Šǰȱ›Ž—˜ŸŠ³¨˜ȱŽȱ
mudança.
Para que a Prática Pedagógica resulte, temos o cuidado de promover ŠŽ–™ŠŠ–Ž—Žȱ ›Žž—’䎜ȱ Œ˜–ȱ ’›ŽŒ˜›Žœȱ Žȱ ŽœŒ˜•Šœȱ ŽȦ˜žȱ Œ˜˜™Ž›Š—Žœȱ
para:
a) Integrar no Projecto de Prática Pedagógica o Projecto Educativo de ŽœŒ˜•ŠǰȱŸŠ•˜›Š—˜ȱ˜ȱœŽžȱœŽ—’˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜Dz
b) Divulgar o projecto de Prática Pedagógica junto dos intervenientes Žȱ’–™•’Œ¤Ȭ•˜œȱ—ŠȱœžŠȱŒ˜—œŽŒž³¨˜Dz
ŒǼȱœŠ‹Ž•ŽŒŽ›ȱ˜ȱŒŠ•Ž—¤›’˜ȱŠœȱœŽœœäŽœȱ™›¤’ŒŠœǰȱŽŸ’Š—˜ȱ›’œŒ˜œȱŽȱ
’—ŒŽ›Ž£ŠDzȱ
ǼȱŽĚŽŒ’›ȱ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠǰȱ—˜ȱšžŽȱ’£ȱ›Žœ™Ž’˜ȱ¥ȱ
œžŠȱŒ˜—ŒŽ™³¨˜ǰȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜Dz
ŽǼȱŽ—’ęŒŠ›ȱ ’ęŒž•ŠŽœǰȱ ˜‹œ¤Œž•˜œȱ Žȱ •’–’Žœȱ Šȱ ž–Šȱ ‹˜Šȱ ™›¤’ŒŠǰȱ
ž•›Š™ŠœœŠ—˜ȱŠȱŽ¡’ž’ŠŽȱ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽ¡’œŽ—ŽœDz
Ǽȱ•Š›’ęŒŠ›ȱ Šœȱ ž—³äŽœȱ Žȱ ™Š™·’œȱ Žȱ ŒŠŠȱ ž–ǰȱ —Šȱ Œ˜—Œ›Ž’£Š³¨˜ȱ Šȱ
›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠDz
g) Preparar a fase de acolhimento e de integração dos alunos, propi-­‐‑
Œ’Š—˜Ȭ•‘Žœȱž–ȱŒ•’–ŠȱŠŽŒ’Ÿ˜ȱŽȱ›Ž•ŠŒ’˜—Š•–Ž—Žȱ™˜œ’’Ÿ˜Dz
h) Acordar formas de comunicação com os centros de práticas para Š£Ž›ȱŒ‘ŽŠ›ȱ•Ž’œ•Š³¨˜ǰȱ™›˜›Š–ŠœǰȱŒŠ•Ž—¤›’˜ȱŽȱ™›¤’ŒŠœǰȱŽŒǯ
˜—Œ•ž’—˜ǰȱ—˜ȱ’£Ž›ȱŽȱŠ‹Š•£ŠȱǻŗşşŞǼǰȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱž—-­‐‑
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Maria Isabel Alves Baptista
ciona melhor se:
a) Está vinculada a projectos de inovação nos centros de trabalho. Neste caso, os estudantes de práticas são uma mais valia para a ›ŽŒ˜—ŸŽ›œ¨˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ’—˜ŸŠ³äŽœȱ—ŠœȱŽœŒ˜•ŠœDz
‹Ǽȱœ¨˜ȱ ™›ŽŸ’Š–Ž—Žȱ Žę—’˜œȱ ˜œȱ Œ˜—Žø˜œȱ Žȱ Šœȱ Œ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ Šȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱž›Š—ŽȱŠœȱ™›¤’ŒŠœDz
c) Há responsabilidade de ambas as partes participarem na concre-­‐‑
’£Š³¨˜ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜ȱ™•Š—˜ǰȱŒ•Š›Š–Ž—ŽȱȱŽ¡™›ŽœœŠȱ—˜œȱ
™›˜˜Œ˜•˜œȱŽȱŒ˜•Š‹˜›Š³¨˜Dz
d) Os supervisores estão preparados para prestar todo o apoio aos Š•ž—˜œDz
ŽǼȱ¡’œŽ–ȱ˜›–ŠœȱŽȱŒ˜˜›Ž—Š³¨˜ȱ˜œȱœ’œŽ–ŠœȱŽȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜Dz
f) Existem estruturas responsáveis por manter e melhorar o plano de práticas no seu conjunto.
¨˜ȱŒ˜—’³äŽœȱ’ŽŠ’œȱ™Š›ŠȱšžŽȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱ¹ȱ›ž˜œȱœŠ£˜-­‐‑
—Š˜œǰȱž–ȱ™ŠŠ–Š›ȱ—Ž–ȱœŽ–™›ŽȱŠ’—’˜ȱŠŒŽȱŠȱ•’–’Š³äŽœȱŽȱ˜‹œ¤Œž•˜œȱ
ŽȱŸ¤›’Šȱ˜›Ž–ǰȱ•˜ŒŠ•’£Š˜œȱŠȱœŽž’›ȱ—ž–Šȱ‹›ŽŸŽȱŒ˜—Œ•žœ¨˜ǯ
Conclusão
ŒŽ’Š›ȱ˜ȱŽœŠę˜ȱŽȱŠ•Š›ȱ˜ȱšžŽȱŠ£Ž–˜œȱ’–™•’ŒŠǰȱ—ŽŒŽœœŠ›’Š–Ž—Žȱ
Ž›ȱŽȱŠ—Š•’œŠ›ȱŽȱ›ŽĚŽŒ’›ȱŠȱ—˜œœŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽǰȱ˜ȱšžŽȱ™˜Ž›¤ȱ›Š£Ž›ȱ–Ž•‘˜-­‐‑
›’Šœȱ¥ȱ™›¤’ŒŠȱ™ŽŠà’ŒŠȱŽǰȱ™˜›ȱŒ˜—œŽž’—ŽǰȱŠž–Ž—Š›ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŠȱ
formação que ministramos aos nossos futuros professores.
ȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ·ǰȱ—˜ȱ’£Ž›ȱŽȱ••’˜ĴȱǻŗşşŖǼǰȱž–ȱŠž¹—’Œ˜ȱ
processo de investigação no meio natural: diagnostica, a partir da sua perspectiva de interveniente, os diferentes estados e movimentos da vida ŠȱŠž•ŠǰȱŽ•Š‹˜›ŠǰȱŽ¡™Ž›’–Ž—ŠǰȱŠŸŠ•’ŠȱŽȱ›ŽŽę—Žȱ˜œȱ–˜˜œȱŽȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱ
Ž–ȱž—³¨˜ȱ˜œȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š’œȱŽà›’Œ˜œȱšžŽȱ“žœ’ęŒŠ–ȱŽȱŸŠ•’Š–ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽȱŠȱ
própria evolução individual e colectiva dos alunos. Assim, é um professor Œ˜–™ŽŽ—Žȱ™˜›šžŽȱœŠ‹ŽȱŠ£Ž›ȱžœ˜ȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱ˜ȱ’¤•˜˜ǰȱ™›˜›Ž’—˜ȱ
no desenvolvimento de formas partilhadas de compreensão dos conceitos ·’Œ˜œȱŽȱ˜œȱ’•Ž–ŠœȱŒ˜—›Š’à›’˜œȱŠȱ™›¤’ŒŠǰȱ›ŽŠ•’£ŠȱŒ˜–ȱŠž˜—˜–’Šȱ
ŠŒ˜œȱ’—Ž•ŽŒžŠ’œȱŽǰȱŠŒ’–ŠȱŽȱž˜ǰȱ›Žž•ŠȱŠȱœžŠȱ™›à™›’ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ
através de uma análise crítica das práticas e dos seus resultados. É saber œŽ›ȱž–ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
Ž—’–˜œȱšžŽȱ—¨˜ȱ·ȱ¤Œ’•ȱœŽ›ȱŽǰȱȱŠ’—Šȱ–Š’œǰȱ˜›–Š›ȱŽœŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ
Resta-­‐‑nos neste momento ser responsivos no cumprimento de tarefa tão Ž•’ŒŠŠǰȱŠ›ȱ˜ȱ–Ž•‘˜›ȱŽȱ—àœȱŽȱŠ£Ž›ȱ˜ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱ™˜›ȱ˜›–Š›ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱ
Ž—›˜ȱŽȱž–Šȱ—˜ŸŠȱŽ™’œŽ–˜•˜’ŠȱŠȱ™›¤’ŒŠǰȱ˜—ŽȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱž—Œ’˜—Šȱ
Œ˜–˜ȱŠȱ™Ž›ŠȱŠ—ž•Š›ȱ™Š›ŠȱŠȱ˜–ŠŠȱŽȱŒ˜—œŒ’¹—Œ’ŠȱŠœȱž—³äŽœȱŽȱŒ˜–-­‐‑
petências. Mas cuidado, é preciso estarmos atentos e não nos deixarmos embalar por modismos, porque “descrever paradigmas é muito mais A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
103
fácil do que medir bem a possibilidade deles, ou que subministrar re-­‐‑
ŒŽ’ŠœȱŒ•Š›Šœȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱŠž¹—’ŒŠȱŽŽŒ’ŸŠ³¨˜Ȅȱǻ·›’˜ǰȱŗşŝŝDZȱŗŝŘǼǯȱ˜˜œȱ
sabemos que a prática precisa de um modelo teórico de referência, mas também sabemos que esse modelo teórico limita a sua compreensão.
˜Šȱ Šȱ ™›¤’ŒŠȱ ŽžŒŠ’ŸŠȱ œŽȱ Ž‹ŠŽȱ Ž—›Žȱ ˜ȱ šžŽȱ œŽȱ ŽŽ—Žȱ Œ˜–˜ȱ
ŽœŽ“¤ŸŽ•ǰȱ˜ȱšžŽȱœŽȱŠŒ›Ž’ŠȱŒ˜–˜ȱ™˜œœÇŸŽ•ǰȱ˜ȱšžŽȱ—Šȱ›ŽŠ•’ŠŽȱœŽȱŠ£ȱŽȱ˜ȱ
šžŽȱœŽȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽȱŒ˜–˜ȱ•’–’Š³äŽœȱŽȱ™›ŽœœäŽœǯȱ˜ȱŒŠœ˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ’—’-­‐‑
cial e, até, contínua, porque se movem num nível de grande articulação política, o problemático vem acentuado por participar em processos mais complexos, que nem sempre se podem captar e controlar, mas que é impossível ignorar. Devemos, por isso, estar atentos a obstáculos Žȱ•’–’Š³äŽœǰȱœ’žŠ˜œȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŠȱŒ˜—ŒŽ™žŠ•’£Š³¨˜ǰȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
e da avaliação da Prática Pedagógica.
Antes de tudo, é preciso que o Projecto de Prática Pedagógica seja correctamente interpretado pelos seus executores, que todos se aperce-­‐‑
‹Š–ȱ˜ȱœŽžȱœŽ—’˜ǰȱ™˜›šžŽȱŠœȱ›Ž™›ŽœŽ—Š³äŽœȱŽȱšžŽ–ȱ˜ȱŒ˜—ŒŽ™žŠ•’£Šȱ
podem não ser as mesmas dos outros intervenientes. Ultrapassada esta šžŽœ¨˜ǰȱ·ȱ™›ŽŒ’œ˜ȱŽœŠ›–˜œȱŒ˜—œŒ’Ž—ŽœȱŽȱšžŽȱž–Šȱ™›¤’ŒŠȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱ—¨˜ȱ
™›˜ž£ȱ—ŽŒŽœœŠ›’Š–Ž—Žȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜œǯȱŠȱŸŽ›ŠŽǰȱ—ŠŠȱ—˜œȱ
garante que um dado aluno, quando entregue a si próprio, efectue ciclos ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜œȱšžŽȱŒ˜—ž£Š–ȱŠȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœȱ’—˜ŸŠ˜›ŠœDZȱ’–Š’—Š›ȱœ’žŠ³äŽœȱ
ŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱŒ›’Š›ȱ–ŠŽ›’Š•ǰȱ˜›–ž•Š›ȱŽȱŽœŠ›ȱ‘’™àŽœŽœȱœž‹“ŠŒŽ—Žœǰȱ
Š“žœŠ›ȱ˜ȱ–ŠŽ›’Š•ȱŽȱ˜›–Šȱ›ŽĚŽŒ’ŠǰȱŽŒǯȱŠ–‹·–ȱ—¨˜ȱ™˜Ž–˜œȱŽ’¡Š›ȱ
de admitir que dentro deste paradigma podemos formar professores inseguros, conformados com práticas tradicionais, encostados a receitas Žȱ‘Ž›–·’Œ˜œȱŠȱ˜ŠȱŽȱšžŠ•šžŽ›ȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽ˜›’£Š—ŽDZȱ›Š—œ™˜›ȱŽȱŠŠ™Š›ȱ
ŽœœŽœȱœŠ‹Ž›ŽœȱŠȱ—˜ŸŠœȱœ’žŠ³äŽœǯȱž’ŠœȱŸŽ£Žœǰȱ™›¤’ŒŠœȱŽȱȃ™Žœšž’œŠȄȱ—¨˜ȱ
passam de uma simples reprodução para alguns alunos e não temos a cer-­‐‑
Ž£ŠȱœŽȱŽ•Žœȱ’—˜ŸŠ–ȱ›ŽŠ•–Ž—ŽǰȱŽœŒ˜—Ž—˜ȬœŽȱŠœžŒ’˜œŠ–Ž—Žȱ—Šœȱ›ŽŽœȱ
de ajuda que buscam junto de companheiros, de amigos, familiares e de professores de prática. Além disso, dentro de um dispositivo formativo centrado na aplicação de receitas didácticas, também é possível que os ŽœžŠ—ŽœȱŽ¡Ž›Œ’Ž–ȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŽȱŠ³Š–ȱ—ŽœŽȱŠ–‹’Ž—Žȱ•’³äŽœȱšžŽȱ™˜Ž–ȱ
œŽ›ȱ–ž’˜ȱ›ŽĚŽŒ’ŠœȱŽȱ–ž’˜ȱŽ˜›’£ŠŠœȱǻŠšžŠ¢ǰȱŗşşŞǼǯȱ
Ž™˜’œǰȱœŽ›¤ȱšžŽȱ˜ȱ™Š›Š’–ŠȱŽ–ȱšžŽœ¨˜ȱ›Žœ™˜—Žȱ¥ȱŠšž’œ’³¨˜ȱ˜ȱ
ŸŠœ˜ȱ•ŽšžŽȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱŽ—ž—Œ’ŠŠœȱ—˜ȱŽ›ę•ȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŽ›Š•ȱ
Žȱœ™ŽŒÇꌘȱ˜ȱžŒŠ˜›ȱŽȱ˜ȱ›˜Žœœ˜›ǰȱ™ž‹•’Œ’Š˜ȱ™Ž•˜ȱǵ
ȱ™Ž›ę•ȱŽ–ȱœ’ȱ™›Žœœž™äŽȱž–ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱšžŽȱšžŽœ’˜—ŠȱŒ˜—œ-­‐‑
Š—Ž–Ž—ŽȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱ˜‹œŽ›ŸŠŠœȱŽȱŸ’Ÿ’ŠœȱŽȱ™›˜ž£ȱœŠ‹Ž›ŽœȱŠȱ™Š›’›ȱ
Šœȱ–Žœ–Šœǰȱ–Šœȱ—¨˜ȱœàǯȱž›ŠœȱŒ˜—ŒŽ™³äŽœȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ȱŠĚ˜›Š–ȱ—ŽœœŽȱ
imenso listado de competências: o mestre instruído, sabedor, o técnico, šžŽȱŠšž’›Žȱœ’œŽ–Š’ŒŠ–Ž—Žȱ˜ȱœŠ‹Ž›ȱŠ£Ž›ǰȱŠž˜–Š’£Š—˜ȱ›˜’—Šœǰȱ˜ȱ
™›¤’Œ˜ȬŠ›’œŠȱšžŽȱŠšž’›Žȱ—˜ȱŽ››Ž—˜ȱŽœšžŽ–ŠœȱŽȱŠŒ³¨˜ȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š-­‐‑
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Maria Isabel Alves Baptista
dos, o actor social, interventivo em projectos na escola e na comunidade, o professor pessoa em relação com o outro e em desenvolvimento de œ’ȱ™›à™›’˜ǯȱ¨˜ȱŠŒŽŠœȱŠȱ™›˜ęœœ¨˜ǰȱŽ—šžŠ›ŠŠœȱ—˜ž›ŠœȱŒ˜—ŒŽ™³äŽœȱ
Šȱ™›˜ęœœ¨˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱšžŽȱ—¨˜ȱœ¨˜ȱ™˜—˜œȱŽȱŸ’œŠȱŒ˜—›Š’à›’˜œǰȱ–Šœȱ
complementares e que devem, no nosso entender, constituir uma refe-­‐‑
›¹—Œ’Šȱ Œ˜—œŠ—Žȱ ™Š›Šȱ ˜˜ȱ ŠšžŽ•Žȱ šžŽȱ Œ˜—ŒŽ‹Žǰȱ Žœ›žž›Šǰȱ ˜›Š—’£Šȱ Žȱ
ŠŸŠ•’Šȱ˜œȱ™›˜›Š–ŠœȱŽ›Š’œȱ˜žȱ˜œȱ™Ž›Œž›œ˜œȱ’—’Ÿ’žŠ’œȱŽȱ˜›–Š³¨˜Dzȱœ¨˜ȱ
’–Ž—œäŽœȱšžŽȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š–ȱŠȱ™›˜ęœœ¨˜ȱŽȱ—¨˜ȱ™˜Ž–˜œȱ–Ž—˜œ™›Ž£¤Ȭ•Šœǰȱ
™˜›šžŽȱŸ’ŸŽ–ȱŽ—›˜ȱ˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱœœ’–ǰȱŠȱœ˜•ž³¨˜ȱ™ŠœœŠ›¤ȱŠ•ŸŽ£ȱ™˜›ȱ
Š˜™Š›–˜œȱž–Šȱ™˜œž›Šȱ’—Ž›Š˜›ŠȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽȱœ˜‹ȱ˜ȱœ’—˜ȱŠȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱ
promovermos projectos formativos direccionados para a aquisição e ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœǰȱšžŽȱŽŸŽ–ȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š›ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱ
‘˜“ŽǯȱŠ›ŠȱŽŸ’Š›ȱ’—Œ˜Ž›¹—Œ’ŠœǰȱŠ•ŸŽ£ȱ™˜œœŠ–˜œǰȱ—Šȱ—˜œœŠȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠǰȱ
Ž—Ž›ȱ™Š›Šȱž–Šȱ’—Ž›Š³¨˜ǰȱšžŽȱœŽž—˜ȱŽȱŽ›ŽĴ’ȱǻŗşŞşǼȱœ’—’ęŒŠDZȱ
“reconhecer o interesse das competências e das estratégias privilegiadas segundo cada paradigma; pôr em evidência as suas complementaridades e as suas interacções, reconhecer as tensões entre pólos, neutralizá-­‐‑las no seu poder destrutivo e valorizá-­‐‑las na sua potencialidade inovadora; reforçar as articulações, os laços entre as componentes do sistema e os dispositivos adoptados; visar a coerência dos percursos; procurar as sinergias dinamizadoras... Mas uma tal integração é viva; ela evolui; ela é construída con-­‐‑
tinuamente por cada um e, em cada estabelecimento, ela pode reforçar as complementaridades criadoras.”
(in Paquay et al., 1998: 163)
Há ainda outros aspectos limitativos da Prática Pedagógica, radicados no âmbito dos recursos humanos e materiais.
Falamos nas pessoas. Estas são a mola real do sucesso da Prática Pedagógica. Por isso, devemos ter na sua concepção, desenvolvimento e avaliação experts em supervisão e, também, no nosso entender, em teoria e desenvolvimento curricular.
Penso que atravessamos um momento alto na formação de profes-­‐‑
œ˜›Žœǯȱž—ŒŠȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱ—Šœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ˜›–Š˜›Šœȱ˜’ȱ¨˜ȱ
™Ž—œŠŠǰȱ ›ŽĚŽŒ’Šȱ —Šȱ œžŠȱ Œ˜—ŒŽ™³¨˜ǰȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ Žȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ǯȱ
A supervisão conquistou nas Universidades e nas Escolas Superiores de Educação um espaço de investigação até hoje inigualável, através ŽȱŒž›œ˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£ŠŠȱŽȱ™àœȬ›ŠžŠ³¨˜ǰȱ—¨˜ȱœàȱ™Š›Šȱ˜œȱ
˜ŒŽ—ŽœȱŽœŠœȱ’—œ’ž’³äŽœǰȱ–Šœȱ™Š›Šȱ˜œȱ˜ŒŽ—ŽœȱŽȱ˜ž›˜œȱ—ÇŸŽ’œȱ˜ȱ
sistema educativo: educação de infância, básica e secundária. Está por avaliar todo este potencial formativo em expansão no âmbito das prá-­‐‑
ticas educativas, mas tudo indica que estamos perante um período rico na história da formação de professores, que pode não ser devidamente A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
105
ŒŠ™’Š•’£Š˜ȱœŽȱ—ŠœȱœŒ˜•Šœȱž™Ž›’˜›ŽœȱŽȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽœȱ˜œȱ
Œ˜—œŽ•‘˜œȱŽȱ’›ŽŒ³¨˜ȱŽȱŽœ¨˜ȱ—¨˜ȱŽœ’ŸŽ›Ž–ȱŽŸ’Š–Ž—ŽȱœŽ—œ’‹’•’£Š˜œȱ
para a questão das práticas. É preciso que esta componente seja olhada em paridade com as res-­‐‑
tantes e deixe de ser apenas um espaço subsidiário de mera aplicação ˜œȱ œŠ‹Ž›Žœȱ ŠŒŠ·–’Œ˜œDzȱ ŠŒ’–Šȱ Žȱ ž˜ȱ ŽŸŽȱ œŽ›ȱ ž–ȱ Žœ™Š³˜ȱ Žȱ ǻŽœǼ
construção de novos saberes para os intervenientes da prática: futuros professores e supervisores.
œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱœž™Ž›Ÿ’œ˜›ŽœȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱŽ–ȱ—ø–Ž›˜ȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›Šȱ
cobrir as necessidades de acompanhamento e orientação das práticas, um Šœ™ŽŒ˜ȱ—Ž–ȱœŽ–™›ŽȱŒ˜•–ŠŠ˜ȱ™Ž•˜ȱ›Š’˜ȱŠȱ›Žœ™Ž’Š›ȱ™Ž•Šœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ
formadoras. Além disso há, ainda, muitos professores que não estão Š’—ŠȱœŽ—œ’‹’•’£Š˜œȱ™Š›ŠȱŠȱ™›˜‹•Ž–¤’ŒŠȱŠȱœž™Ž›Ÿ’œ¨˜ǰȱœŽ—’—˜ȱšžŽȱŠȱ
Prática Pedagógica é uma componente do curso a correr por conta e risco ˜œȱŒŽ—›˜œȱŽȱ™›¤’ŒŠœǯȱ˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŽœŽœȱŒŽ—›˜œȱŽȱ™›¤’ŒŠœȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ
Š“žœŠ˜œȱ¥œȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŠ•ž—˜œȱŠȱŒ˜•˜ŒŠ›ȱŽ–ȱ™›¤’ŒŠœǰȱ
um aspecto francamente favorável no curso de Educadores, mas que vai ŒŠžœŠ—˜ȱŠ•ž–Šœȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱ—˜ȱŒž›œ˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱȮȱŗķȱ’Œ•˜ǰȱ
pelo elevado número de alunos dos cursos das Variantes que todos os Š—˜œȱŠ£Ž–ȱ™›¤’ŒŠœȱ—ŽœŽȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ—œ’—˜ǯȱ
ŠȱœŽ•ŽŒ³¨˜ȱ˜œȱŒ˜˜™Ž›Š—Žœȱ™›˜Œž›Š–˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŒ˜–™ŽŽ—Žœǰȱ
ŒŠ™Š£ŽœȱŽȱŠ£Ž›ȱž–ȱ‹˜–ȱŠŒ˜–™Š—‘Š–Ž—˜ȱŽȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱŠœȱ™›¤’ŒŠœǰȱ
™›˜Žœœ˜›ŽœȱšžŽȱŠœœž–Ž–ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŒ˜–˜ȱŠ’žŽȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–DZȱŒŠŠȱ
Œ•ŠœœŽȱ·ȱž–Šȱ‘’™àŽœŽȱŽȱ›Š‹Š•‘˜ȱŠȱŸŽ›’ęŒŠ›ǰȱž–Šȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ—ŠȱŠž•Šǯȱ
Neste âmbito, a Prática Pedagógica constitui-­‐‑se como uma motivação intrínseca no aperfeiçoamento da formação inicial dos futuros educa-­‐‑
dores/professores e contínua dos professores cooperantes, de forma a criarem uma auto-­‐‑consciência de inacabamento técnico-­‐‑pedagógico, comunicação e abertura espontânea, colaboração com alunos e colegas, Ž–ȱœž–Šȱž–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŒ˜—ĚžŽ—ŽȱšžŽȱ’—Ž›ŠȱŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱŠŽŒ’ŸŠȱŽȱ
Œ˜—’’ŸŠȱǻŽ›—¤—Ž£ȱ·›Ž£ǰȱŗşŞŞDZȱŘŖŜȬŘŖŝǼǯȱ˜ȱž—˜ǰȱ’—Ž›ŽœœŠȬ—˜œȱ˜›-­‐‑
–Š›ȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱšžŽȱŽ—‘Š–ȱ’—’Œ’Š’ŸŠȱ’—’Ÿ’žŠ•ȱŽȱŒ˜•ŽŒ’ŸŠǰȱŒŠ™Š£Žœȱ
Žȱœž™•Š—Š›ȱŠœȱŒ˜—’³äŽœȱ–Ž—˜œȱ‹˜Šœȱ—˜ȱœŽžȱ•˜ŒŠ•ȱŽȱ›Š‹Š•‘˜ǰȱ˜Š˜œȱ
de imaginação e capacidade inventiva.
Os centros de práticas, principalmente as escolas do Ensino Básico – 1º ’Œ•˜ǰȱ—ŠȱœžŠȱ›Š—Žȱ™Š›ŽǰȱŠ™›ŽœŽ—Š–ȬœŽȱ™Š›ŒŠœȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ
’—œŠ•Š³äŽœǰȱ–˜‹’•’¤›’˜ȱŽœŒ˜•Š›ȱŽȱ–ŠŽ›’Š’œȱ’¤Œ’Œ˜œǯȱ¨˜ȱŽ’ÇŒ’˜œȱ™˜žŒ˜ȱ
modernos que continuam a privilegiar a sala de aula para o decurso das actividades escolares e o recreio para a permanência dos alunos. Salvo ›Š›ŠœȱŽ¡ŒŽ™³äŽœǰȱ—¨˜ȱ‘¤ȱŽœ™Š³˜œȱ™˜•’ŸŠ•Ž—Žœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽŒž›œ˜ȱŽȱŠŒ’Ÿ’-­‐‑
dades escolares, tais como: bibliotecas, ginásios, salas de informática, ŽŒǯȱœŠȱ•ŠŒž—ŠȱŽ–ȱœ’˜ȱž–ȱŽœŠę˜ȱ¥ȱŒ›’Š’Ÿ’ŠŽȱ˜œȱ—˜œœ˜œȱŠ•ž—˜œȱ
šžŽǰȱŠ›ŠŸ·œȱŽȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŸŠ›’Š˜œǰȱ¹–ȱŒ˜—œŽž’˜ȱ–˜‹’•’£Š›ȱŽœ˜›³˜œȱ
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Maria Isabel Alves Baptista
™Š›Šȱ ›Š—œ˜›–Š›ȱŽ™Ž—¹—Œ’ŠœȱŽ–ȱŽœžœ˜ǰȱœŠ•ŠœȱŸŠ£’Šœȱ˜žȱ ™ŠŸ’•‘䎜ȱ
™›·ȬŠ‹›’ŒŠ˜œȱŽ–ȱŽœ™Š³˜œȱŽȱŒž•ž›ŠȱŽȱ•Š£Ž›DZȱ–’—’ȱ‹’‹•’˜ŽŒŠœȱŽœŒ˜•Š›Žœǰȱ
ateliers de leitura, de pintura, tempos livres, etc. Nisto como em tudo sempre fomos um povo de excepcional poder de adaptação, aprendendo ŠȱŽ›’›ȱŠȱŽœ›Ž’Ž£ŠȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽȱŠȱœžŠȱŠ‹ž—¦—Œ’ŠǯȱȱŽ—›˜ȱŽȱŽŒž›œ˜ȱ
da Prática Pedagógica da Escola Superior de Educação de Bragança, com uma forte componente virtual, é disso um exemplo. Explicitando, Šœȱ™›¤’ŒŠœȱ˜œȱ—˜œœ˜œȱŠ•ž—˜œȱ—¨˜ȱ–˜‹’•’£Š–ȱŠ™Ž—Šœȱ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽœŠȱ
instituição, actualmente em vias de catalogação numa dependência ™›à™›’Šǰȱ–Šœȱ˜œȱŽȱ˜ž›Šœȱ’—œ’ž’³äŽœȱŒ˜–ȱŠœȱšžŠ’œȱŽ–ȱ™›˜˜Œ˜•˜œȱŽȱ
Œ˜•Š‹˜›Š³¨˜DZȱ¦–Š›Šȱž—’Œ’™Š•ȱŽȱ›ŠŠ—³Šǰȱž—ŠœȱŽȱ›ŽžŽœ’ŠȱŠȱ·ȱ
ŽȱŽȱŠ—ŠȱŠ›’ŠǰȱŽ—›˜ȱŽȱŠøŽǰȱǰȱǰȱŒŠ·–’Œ˜ǰȱŽŒǯ
ŽœŠȬ—˜œȱŠ£Ž›ȱž–Šȱ‹›ŽŸŽȱ›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ¥ȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱ˜œȱ—˜œœ˜œȱŠ•ž—˜œȱ
estão a sentir e a viver a Prática Pedagógica. Referimo-­‐‑nos aos alunos šžŽȱŽ›–’—Š›Š–ȱŠȱ›¤’ŒŠȱŽŠà’ŒŠȱǯȱ˜—œ’Ž›Š–ȱŽœŽȱ™Ž›Ç˜˜ȱ–ž’˜ȱ
importante na sua vida académica, porque lhes proporciona o contacto Œ˜–ȱŠȱ™›˜ęœœ¨˜ǯȱ•Šœœ’ęŒŠ–Ȭ—˜ȱŽȱŽœ’–ž•Š—ŽȱŽȱ›Š’ęŒŠ—Žǰȱ–Š›ŒŠ˜ȱ
pelo carácter afectivo e emocional de que nos pareceu investido este reencontro com a escola. A leitura da vida nos jardins e nas escolas do šž˜’’Š—˜ȱ˜ȱ›ž™˜ȱž›–ŠȱŒ˜—Ž›’žȱ˜ž›˜ȱœ’—’ęŒŠ˜ȱŠ˜œȱ›ŽŽ›Ž—Œ’Š’œȱ
teóricos adquiridos nas diversas disciplinas curriculares, mas quando se lhes perguntou abertamente o que aprenderam ao longo deste momento ˜›–Š’Ÿ˜ȱ —¨˜ȱ ˜›Š–ȱ –ž’˜ȱ ™›ŽŒ’œ˜œȱ —˜ȱ Šœœ’—Š•Š›ȱ Šœȱ Š™›Ž—’£ŠŽ—œȱ
Œ˜—œŽž’Šœǯȱ¨˜ȱž—¦—’–ŽœȱŽ–ȱ’£Ž›ȱšžŽȱŠ™›Ž—Ž›Š–ȱ–ž’ŠœȱŒ˜’œŠœǰȱ–Šœȱ
—¨˜ȱŠœȱŽœ™ŽŒ’ęŒŠ–ȱŒ˜—ŸŽ—’Ž—Ž–Ž—Žǯȱ›ŽŒ’œŠ–˜œȱŽȱ›ŽŒ˜•˜ŒŠ›ȱŠȱšžŽœ¨˜ȱ
de modo fechado, pedindo-­‐‑lhes para assinalar essas coisas aprendidas. Os seus diários levam-­‐‑nos a pensar que desenvolveram competências no âmbito da observação e do registo de dados da prática dos educa-­‐‑
dores/professores, da análise e pesquisa dessas mesmas práticas. Uma percentagem bastante elevada de alunos considera que este momento devia ter mais carga horária.
žŠ—˜ȱŠȱ—àœȱ›ŽœŠȬ—˜œȱŒ˜—’—žŠ›ȱŠȱŠ£Ž›ȱŽœŽȱ–˜–Ž—˜ȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱ
e um tempo de formação inicial, sem fronteiras com o aperfeiçoamento em serviço, um espaço vivo e dinâmico, através da análise sistemática da prática e da investigação na aula.
Bragança, Abril de 2001
Bibliografia
•Š›Œ¨˜ǰȱ ǯȱ ǭȱ ¤Ȭ‘ŠŸŽœǰȱ ǯȱ ǻŗşşŚǼǯȱ ž™Ž›Ÿ’œ¨˜ȱ Žȱ ™›˜Žœœ˜›Žœȱ Žȱ
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dans les stages e en vidéo-­‐‑formation. In Paquay, Léopold et al. -­‐‑ Former des enseignants profissionnels. Quelles stratégies? Quelles competénces?ȱŘǯĶȱ·’’˜—ǯȱŠ›’œǰȱ›ž¡Ž••ŽœDZȱŽȱ˜ŽŒ”ȱǭȱŠ›Œ’Ž›ǯ
Š›•ŽĴǰȱ ǯȱ ǭȱ Š–’•˜—ǰȱ ǯȱ ǻŗşŞřǼǯȱ Šȱ ŽŸŠ•žŠŒ’à—ȱ Œ˜–˜ȱ ’•ž–’—ŠŒ’à—ǯȱ
—ȱ’–Ž—˜ǰȱǯȱǭȱà–Ž£ǰȱǯȱLa enseñanza: su teoría e su práctica. Madrid: Akal.
¤Ȭ‘ŠŸŽœǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŖǼǯȱ Portfolios Reflexivos. Estratégias de Formação e SupervisãoǯȱŸŽ’›˜DZȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱŸŽ’›˜ȱǻŠŽ›—˜œȱ’¤Œ’Œ˜œǯȱ
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Š™˜›ŠŒ’˜—ŽœȱŠȱ•Šȱ˜›–ŠŒ’à—ǯȱ—ȱ˜›’žŽœȱŠ›Œ˜œǰȱǯDzȱŠ—œȱ˜‹˜ȱ
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A Prática Pedagógica dos Educadores e Professores…
109
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e perspectivas
Maria Angelina Sanches
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
Este trabalho pretende discutir os processos e práticas de avaliação na edu-­‐‑
cação pré-­‐‑escolar. Procura-­‐‑se, ao longo do texto, encontrar resposta para ŠœȱœŽž’—ŽœȱšžŽœäŽœDZȱ˜ȱšžŽȱœŽȱŽ—Ž—Žȱ™˜›ȱŠŸŠ•’Š›ȱŽȱŒ˜–ȱšžŽȱꗊ•’ŠŽȱœŽȱ
ŠŸŠ•’ŠDzȱšžŽȱ’–Ž—œäŽœȱŠŸŠ•’Š›DzȱŒ˜–˜ȱŠŸŠ•’Š›ȱŽȱŠȱšžŽȱ’—œ›ž–Ž—˜œȱ™˜Ž–˜œȱ
recorrer? Finalmente, apresenta-­‐‑se um conjunto de dilemas com que os educadores de infância, frequentemente, se vêem confrontados.
Palavras-­Chave
ŸŠ•’Š³¨˜ǰȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱ’–Ž—œäŽœȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǰȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ’—œ›ž–Ž—˜œǰȱ’•Ž–Šœǯ
Keywords
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
111
EduSer nº1
1. Introdução
–ȱ Œ˜—“ž—˜ȱ ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜ȱ Žȱ ŠŒ˜›Žœǰȱ ’—Ž›—˜œȱ Žȱ Ž¡Ž›—˜œǰȱ Ž–ȱ
Ÿ’—˜ȱŠȱŽ¡Ž›ŒŽ›ȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱœ˜‹›Žȱ˜œȱœ’œŽ–ŠœȱŽȱŽ—œ’—˜ǰȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱ
melhorarem a qualidade dos serviços que oferecem. Na educação pré-­‐‑
-­‐‑escolar, apesar do alargamento da rede ainda se constituir como motivo de preocupação, também a inquietação com a qualidade das práticas e œŽ›Ÿ’³˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱŽ–ȱŸ’—˜ȱŠȱŠ£Ž›ȬœŽȱœŽ—’›ǯȱ
A qualidade de um currículo (pré)escolar depende de múltiplos factores, entre os quais se integra, com grande pertinência, o processo ŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǯȱ˜–˜ȱŠ•ǰȱ™›ŽŽ—Ž›ȱŽ•ŽŸŠ›ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŠȱŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·-­‐‑
-­‐‑escolar passa também, necessariamente, por uma melhor compreensão e inovação dos processos de avaliação. É partindo deste ponto de vista, e porque a avaliação é, nesta etapa ŽžŒŠ’ŸŠǰȱž–ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ—¨˜ȱ’œŽ—˜ȱŽȱ’•Ž–ŠœȱŽȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœǰȱšžŽȱ™›˜Œž-­‐‑
›Š›Ž–˜œǰȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱŽœŽȱ›Š‹Š•‘˜ǰȱŽœ˜Œž•Š›ȱŠ•ž–ŠœȱŽœœŠœȱšžŽœäŽœǯȱ
Outubro 2003
Evaluation, observation, dimensions of the evaluation, techniques and instruments, dilemmas.
2. Conceito de avaliação
Um dos problemas com que frequentemente nos defrontamos, quan-­‐‑
˜ȱŠ•Š–˜œȱŽȱ›ŽĚŽŒ’–˜œȱœ˜‹›ŽȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǰȱ·ȱŠȱ™˜•’œœŽ–’Šȱ˜ȱŽ›–˜ǰȱ˜ȱšžŽȱ
—¨˜ȱŽ’¡ŠȱŽȱ›Šž£’›ȱŠȱ™›˜‹•Ž–Š’Œ’ŠŽȱŽȱŠȱŒ˜–™•Ž¡’ŠŽȱšžŽȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽȱ
ŠŸŠ•’Š›ȱŠ™›ŽœŽ—Šǯȱ˜—œ’Ž›Š—˜ȱšžŽȱŠȱ’Ž›Ž—ŽœȱŠŒŽ™³äŽœȱœŽȱŠœœ˜Œ’Š–ȱ
práticas avaliativas diferenciadas, a primeira questão a esclarecer é o que se entende por avaliação.
˜››˜‹˜›Š—˜ȱ Šȱ ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱ Žȱ ŠŒ‘ŽŒ˜ȱ ǻŗşşŜDZŗŘşǼǰȱ ȃŠȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ
apresenta-­‐‑se como um processo de obtenção de informação, de formu-­‐‑
•Š³¨˜ȱŽȱ“žÇ£˜œȱŽȱŽȱ˜–ŠŠœȱŽȱŽŒ’œäŽœȱœŽ“ŠȱšžŠ•ȱ˜›ȱŠȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱšžŽȱ
adoptarmos (…)”.
ŽœŽȱœŽ—’˜ǰȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ’–™•’ŒŠȱ“žÇ£˜œȱŽȱŸŠ•˜›ȱœ˜‹›ŽȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ
Œ˜—œ’Ž›ŠŠȱ›Ž•ŽŸŠ—Žȱ™Š›Šȱ˜–Š›ȱŽŒ’œäŽœȱŽȱœ˜‹›Žȱ˜œȱŒ›’·›’˜œȱŠȱž’•’£Š›ȱ
para obter e valorar a informação. Assim, não poderá deixar-­‐‑se de ter em Œ˜—œ’Ž›Š³¨˜ȱ˜ȱšžŽȱ·ȱŸŠ•˜›Š˜ȱŽȱŒ˜–ȱšžŽȱꗊ•’ŠŽȱŽȱœŽȱ˜ȱ–Š’˜›ȱŸŠ•˜›ȱ
ŽœŠ›¤ȱŒ˜—’˜ȱ—˜ȱšžŽȱ˜’ȱŽę—’˜ǰȱŒ˜–˜ȱœŽ—˜ȱ’–™˜›Š—Žȱ˜‹œŽ›ŸŠ›ȱŽȱ
interpretar ou não poderia ter sido atribuído a outras vertentes. ¨˜ȱœŽ—˜ȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱž’•’£ŠŠǰȱ—ŠȱŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ǰȱ™Š›Šȱꗜȱ
Žȱ Œ•Šœœ’ęŒŠ³¨˜ȱ ˜žȱ ™›˜–˜³¨˜ȱ Šœȱ Œ›’Š—³Šœǰȱ •ŽŸŠȱ Šȱ šžŽȱ ™˜›ȱ ŸŽ£Žœȱ œŽ“Šȱ
colocada a questão: para que se avalia nesta etapa educativa?
Avalia-­‐‑se, como referem Bassedas et al. (2000: 190), “para actuar, para ˜–Š›ȱŽŒ’œäŽœȱŽžŒŠ’ŸŠœǰȱ™Š›Šȱ˜‹œŽ›ŸŠ›ȱŠȱŽŸ˜•ž³¨˜ȱŽȱ˜ȱ™›˜›Žœœ˜ȱŠȱ
Œ›’Š—³Šǰȱ™Š›Šȱ’—Ž››˜Š›ȬœŽȱœŽȱ·ȱ™›ŽŒ’œ˜ȱ’—Ž›Ÿ’›ȱ˜žȱ–˜’ęŒŠ›ȱŽŽ›–’—Š-­‐‑
Šœȱœ’žŠ³äŽœǰȱ›Ž•Š³äŽœȱ˜žȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȄǯ
ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ·ǰȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱŠœȱꗊ•’ŠŽœȱŽœŠȱŽŠ™Šȱ
educativa, guiado pelo impulso de recolha de informação que permita compreender, orientar e melhorar os projectos e as práticas educativas e ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŒŠŠȱŒ›’Š—³ŠǯȱŠ›Šȱ˜ȱŽŽ’˜ǰȱŽŸŽȱ
adoptar um carácter processual e contínuo, numa perspectiva formativa Žȱ—Šž›Ž£ŠȱšžŠ•’Š’ŸŠȱŽȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£ŠŠǯ
3. O que observar e avaliar no pré-­escolar
Ž—˜ȱŠ›Š—’˜ȱ˜ȱŠŒŽœœ˜ȱ¥ȱ›Žšž¹—Œ’ŠȱŠȱŽœŒ˜•Š›’ŠŽȱ˜‹›’Šà›’Šǰȱ
independentemente da frequência pré-­‐‑escolar e dos saberes ou com-­‐‑
™Ž¹—Œ’Šœȱ˜–’—Š˜œȱ™Ž•ŠœȱŒ›’Š—³Šœǰȱ•ŽŸŠȱŠȱšžŽǰȱ™˜›ȱŸŽ£Žœǰȱ—ŽœŠȱŽŠ™Šȱ
ŽžŒŠ’ŸŠǰȱ—¨˜ȱœŽ“ŠȱŠ›’‹žÇŠȱ¥ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱ’–™˜›¦—Œ’ŠȱŽȱ›Ž•ŽŸ¦—Œ’ŠȱšžŽȱ
–Ž›ŽŒŽǯȱ˜ŠŸ’ŠǰȱŒ˜–˜ȱ·ȱŠœœ’—Š•Š˜ȱ—Šœȱ›’Ž—Š³äŽœȱž››’Œž•Š›Žœȱ™Š›Šȱ
a Educação Pré-­‐‑escolar, observar cada criança e o grupo para conhecer Šœȱ œžŠœȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽœǰȱ ’—Ž›ŽœœŽœȱ Žȱ ’ęŒž•ŠŽœȱ Žȱ ›ŽŒ˜•‘Ž›ȱ ’—˜›–Š³äŽœȱ
sobre os contextos em que se integram, são práticas necessárias para compreender melhor as características das crianças e para adequar o ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜ȱ¥œȱœžŠœȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱŽȱ¥ȱœžŠȱŽŸ˜•ž³¨˜ȱǻ’•ŸŠǰŗşşŝǼǯ
De acordo com o anteriormente referido, a avaliação não incide ape-­‐‑
112
Maria Angelina Sanches
—Šœȱœ˜‹›ŽȱŠœȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽȱ˜ȱ›ž™˜ǰȱ
mas também sobre a intervenção do educador, o ambiente e os processos educativos adoptados. žŠ—˜ȱŠ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱŽ—œ’—˜ȬŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ
ŸŠ•˜›’£Š˜œȱ˜˜œȱ˜œȱ˜–Ç—’˜œȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱǻŒ˜—’’Ÿ˜ǰȱŠŽŒ’Ÿ˜ǰȱ
social, moral, psicomotor e expressivo), bem como todas as áreas e do-­‐‑
mínios curriculares (formação pessoal e social, expressão e comunicação ŽȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱ˜ȱ–ž—˜Ǽǯȱ˜ŠœȱŽœŠœȱ’–Ž—œäŽœȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ’ŠœȱŽ–ȱ
conta nos processos de avaliação. Pretendendo contribuir para a formação do cidadão, que se defende na LBSE (1986) como um ser livre, responsável, autónomo, consciente, solidário, possuidor de um espírito democrático e pluralista, respeitador, Š‹Ž›˜ȱŠ˜ȱ’¤•˜˜ǰȱŒ›Ç’Œ˜ȱŽȱŒ›’Š’Ÿ˜ǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱž–Šȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱŒ˜—œŒ’Ž—Žȱ
e possuidor de capacidade de trabalho, torna-­‐‑se essencial que estas Œ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱœŽ“Š–ȱŒ˜—Ž–™•ŠŠœǰȱ™Ž•˜ȱ–Ž—˜œȱŽ—šžŠ—˜ȱ‘˜›’£˜—Žǰȱ—Šœȱ
práticas formativas e avaliativas pré-­‐‑escolares. Aspectos a ser tidos tanto mais em consideração, se se lembrar quão determinantes são estas idades —Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŠȱ™Ž›œ˜—Š•’ŠŽȱ‘ž–Š—ŠȱŽȱŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱšžŽȱŒŠ‹Žȱ¥ȱ
ŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱŽ–ȱŒ›’Š›ȱŒ˜—’³äŽœȱ™Š›Šȱ˜ȱœžŒŽœœ˜ȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
de todas e de cada uma das crianças que a frequentam.
Ž—˜ȱŠȱ™›’—Œ’™Š•ȱꗊ•’ŠŽȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ–Ž•‘˜›Š›ȱ
ŠȱšžŠ•’ŠŽȱŠœȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱŽȱŒŠŠȱŒ›’Š—³ŠȱŽȱ˜ȱ›ž™˜ǰȱŽ—¨˜ǰȱŽœŠȱ
não deverá incidir apenas sobre os resultados, mas sobretudo sobre os ™›˜ŒŽœœ˜œǰȱ™Ž›–’’—˜ȱŠ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŒ˜—‘ŽŒŽ›DZȱ˜œȱ›’–˜œȱŽȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
Ž–Dzȱ˜œȱŽœ’•˜œȱŒ˜—’’Ÿ˜œȱ˜žȱŽȱ›Š‹Š•‘˜DzȱŠȱŒ˜—ꐞ›Š³¨˜ȱŠœȱ›Ž•Š³äŽœDzȱŠœȱ
Š’žŽœDzȱŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱŽȱ˜œȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜œǰȱ–ŠœȱŠ–‹·–ȱŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱ
e os problemas com que se defrontam. Só assim será possível ao edu-­‐‑
cador dispor de dados que lhe permitam propor experiências e tarefas ŠŽšžŠŠœǰȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱœŽ›Ž–ȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ™›˜Ÿ˜ŒŠ›ǰȱ—ŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŠȱ
˜Œ˜››¹—Œ’ŠȱŽȱŒ˜—Ě’˜œȱŒ˜—’’Ÿ˜œȱǻ’ŠŽǰȱŗşŝśǼȱŽǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱœž™Ž›Š˜œǰȱ
ŠŒŽŽ›ȱŠȱ—ÇŸŽ’œȱ–Š’œȱŽ•ŽŸŠ˜œȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ǯȱ
A observação contínua de regulação interactiva é um processo bastan-­‐‑
ŽȱŸŠ•˜›’£Š˜ǰȱ—ŽœŠȱŽŠ™ŠȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱ™˜’œȱ™Ž›–’ŽȱŠ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱ›ŽŒ˜•‘Ž›ȱ
Š˜œȱŽ–ȱœ’žŠ³¨˜ȱŽȱŠŒ’Ÿ’ŠŽǰȱ™›˜™˜›ȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱŽȱŒ˜•˜ŒŠ›ȱšžŽœäŽœȱ
que facilitem o conhecimento das crianças e a sua estimulação individual. As práticas de auto-­‐‑avaliação e de co-­‐‑avaliação devem ser também ’—ŒŽ—’ŸŠŠœǰȱ™˜’œǰȱŒ˜–˜ȱŠę›–Šȱ’•ŸŠȱǻŗşşŝDZȱřŝǼǰȱȃ™•Š—ŽŠ›ȱŽȱŠŸŠ•’Š›ȱŒ˜–ȱ
as crianças, individualmente, em pequenos grupos ou no grande grupo, são oportunidades de participação das crianças e meios de desenvolvi-­‐‑
mento cognitivo e da linguagem”.
˜ȱšžŽȱœŽȱ›ŽŽ›Žȱ¥ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜œȱ™›˜“ŽŒ˜œȱŽȱŠœȱ™›¤’ŒŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱ
constitui-­‐‑se, igualmente, como uma tarefa complexa, porque intervêm, nesse processo, múltiplos factores e a valoração pode ser diferente, con-­‐‑
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
113
forme a perspectiva teórica adoptada. Enveredando por perspectivas ŽžŒŠ’ŸŠœǰȱŽȱ–Š›’£ȱŒ˜—œ›ž’Ÿ’œŠȱŽȱŽŒ˜•à’ŒŠǰȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱšžŽǰȱŽ–ȱ
—˜œœ˜ȱŽ—Ž—Ž›ǰȱœž‹œ’œŽ–ȱ¥œȱ›’Ž—Š³äŽœȱž››’Œž•Š›Žœȱ™Š›ŠȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱ
Pré-­‐‑escolar, devem ser tidas em consideração as características pessoais dos diferentes intervenientes, os contextos físicos, sociais e culturais em que se integram, e os processos interaccionais que neles e entre eles ˜Œ˜››Ž–ǯȱ˜–˜ȱŠœœ’—Š•Šȱ›˜—Ž—‹›Ž——Ž›ȱǻŗşŝşǼǰȱ˜œȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ
podem tornar-­‐‑se facilitadores ou inibidores de desenvolvimento, confor-­‐‑
me as oportunidades educativas que oferecem. Assim, e numa dimensão microcontextual, como a que assume a instituição pré-­‐‑escolar, devem ser tidos em conta, entre outros, os seguintes aspectos:
– A forma como os espaços e materiais se apresentam, pressupondo šžŽȱŽŸŽ–ȱŒ˜—Ÿ’Š›ȱ¥ȱ–Š—’™ž•Š³¨˜ȱŽȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱŽȱ’—œ™’›Š›ȱœŠ’œ-­‐‑
Š³¨˜ȱŽȱœŽž›Š—³ŠDzȱ
– O tipo de actividades desenvolvidas e o nível de motivação e de complexidade com que se apresentam, pretendendo que sejam, progressivamente, mais complexas, variadas e potenciadoras de ›Ž•Š³äŽœȱ›ŽŒÇ™›˜ŒŠœDz
Ȯȱ ȱ—Šž›Ž£ŠȱŠœȱ›Ž•Š³äŽœȱ’—Ž›™Žœœ˜Š’œȱ™›˜–˜Ÿ’ŠœǰȱœŽ—˜ȱŽœŽ“¤ŸŽ•ȱ
šžŽȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—Ž–ǰȱ™›˜›Žœœ’ŸŠ–Ž—Žǰȱ–Š’œȱǗ’–ŠœȱŽȱž›Š˜’›ŠœDz
– A forma como a informação é comunicada, devendo ter em conta ˜œȱœŽžœȱŽœ’—Š¤›’˜œǰȱŒ›’Š—³Šœǰȱ™Š’œǰȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜žȱ˜ž›˜œȱ™›˜ęœ-­‐‑
œ’˜—Š’œǰȱ“¤ȱšžŽȱ˜œȱœŽžœȱŽŽ’˜œȱ™˜Ž–ȱ’—ĚžŽ—Œ’Š›ȱŽȱŽŽ›–’—Š›ȱ˜ȱ
percurso escolar das crianças.
˜›—ŠȬœŽǰȱ Ž—¨˜ǰȱ —ŽŒŽœœ¤›’˜ȱ ›ŽŒ˜•‘Ž›ȱ ’—˜›–Š³¨˜ȱ šžŽȱ œŽ“Šȱ ø’•ȱ ™Š›Šȱ
questionar e interpretar o processo educativo e os contextos em que se desenvolve.
ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱŒ˜–ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽŸŽȱ›ŽŠ•’£Š›ȬœŽȱŽȱ˜›–Šȱ
contínua e integrada nas diferentes fases do processo de ensino-­‐‑apren-­‐‑
’£ŠŽ–ǰȱ ™˜Ž—˜ȱ œŽ›Ȭ•‘Žȱ Š›’‹žÇŠœȱ ’œ’—Šœȱ ꗊ•’ŠŽœǰȱ —˜–ŽŠŠ-­‐‑
mente de diagnóstico, formativa e sumativa, que a seguir procuraremos desenvolver.
4. Dimensões da Avaliação
4.1. A avaliação numa dimensão diagnóstica
–ŠȱŠœȱŠ›ŽŠœȱŠ›’‹žÇŠœȱ¥ȱžŒŠ³¨˜ȱ›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱ·ȱŠȱŽȱ™›ŽŸŽ—’›ȱŠœȱ
’ęŒž•ŠŽœȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŸ’œŠ—˜DZȱ
ȃ™›˜ŒŽŽ›ȱ¥ȱŽœ™’œŠŽ–ȱŽȱ’—ŠŠ™Š³äŽœǰȱŽęŒ’¹—Œ’Šœȱ˜žȱ™›ŽŒ˜Œ’ŠŽœȄȱ
e “estimular o desenvolvimento global de cada criança, no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que ŠŸ˜›Ž³Š–ȱ Š™›Ž—’£ŠŽ—œȱ ’ŸŽ›œŠœȱ Žȱ œ’—’ęŒŠ’ŸŠœȄȱ ǻŽ’ȱ —ǯķȱ śȦşŝǰȱ Žȱ
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Maria Angelina Sanches
10/02, art.º 10.º-­‐‑ LQEPE).
Para favorecer e activar o desenvolvimento global das crianças é de primordial importância saber como cada uma se apresenta, quais as suas ŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœǰȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱŽȱ’ęŒž•ŠŽœǰȱ™˜’œǰȱœàȱŠœœ’–ȱ™˜Ž›¤ȱœŠ‹Ž›ȬœŽȱ
Œ˜–˜ȱ’—Ž›Ÿ’›ȱŽȱž–ȱ–˜˜ȱŠŽšžŠ˜ǰȱšžŽ›ȱŽ–ȱœ’žŠ³äŽœȱ—˜›–Š’œȱšžŽ›ȱ
Ž–ȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱŒŠ›¹—Œ’Šǯȱ˜ŠŸ’Šǰȱ›ŠŠȬœŽȱŽȱž–ŠȱŠ›ŽŠȱ’ÇŒ’•ȱŽȱŒ˜—-­‐‑
Œ›Ž’£Š›ǰȱ™˜’œȱ˜œȱ›’–˜œȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱœ¨˜ȱ’Ž›Ž—Žœȱ
e recolher informação para conhecer cada uma em particular, além de não ser fácil, leva algum tempo. E, ainda, porque, para promover a pro-­‐‑
›Žœœ¨˜ȱŽȱ’Ž›Ž—Œ’Š³¨˜ȱŽȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱšžŽȱ™˜œœ’‹’•’Ž–ȱ
Šȱ˜ŠœȱŽȱŒŠŠȱž–Šȱ™›˜›Ž’›ǰȱ™›Žœœž™äŽȱ–˜‹’•’£Š›ȱœŠ‹Ž›Žœȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱ˜ȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠȱŒ›’Š—³ŠȱŽȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
do currículo.
ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ—ž–Šȱ’–Ž—œ¨˜ȱ’Š—àœ’ŒŠȱ·ǰȱ—˜›–Š•–Ž—Žǰȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱ
quando se inicia uma nova etapa formativa ou determinadas actividades, permitindo obter informação sobre as competências e saberes dominados ™Ž•ŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŽ–ȱ›Ž•Š³¨˜ȱ¥œȱ™›˜™˜œŠœȱšžŽȱœŽȱ™›ŽŽ—Ž–ȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ǯȱ
Neste sentido, pode ser implementada não apenas quando se inicia um Š—˜ȱŽœŒ˜•Š›ǰȱ–ŠœȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱŽœŽǰȱ™›˜Œž›Š—˜ǰȱŠ›ŠŸ·œȱŽ•Šǰȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱ
os pré-­‐‑requisitos necessários para a aquisição progressiva de novas e diferentes competências.
A avaliação diagnóstica ganha ainda pertinência, se considerarmos šžŽǰȱšžŠ—˜ȱ–Š’œȱŒŽ˜ȱŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱ˜›Ž–ȱ’Ž—’ęŒŠŠœǰȱ–Š’œȱ™›˜‹Š-­‐‑
bilidades existem de serem superadas pelas crianças. 4.2. A avaliação numa dimensão formativa
ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜›–Š’ŸŠȱŽ–ǰȱŠ—ŽœȱŽȱ–Š’œǰȱž–Šȱꗊ•’ŠŽȱ™ŽŠà-­‐‑
gica. A sua principal característica é ser integrada no próprio acto de Ž—œ’—˜ȱŽȱ–˜˜ȱŠȱȃŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ–Ž•‘˜›Š›ȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽ–ȱŒž›œ˜ǰȱ
’—˜›–Š—˜ȱ˜ȱ™›˜Žœœ˜›ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱŒ˜—’³äŽœȱŽ–ȱšžŽȱŽœ¤ȱŠȱŽŒ˜››Ž›ȱŽœœŠȱ
Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱ’—œ›ž’—˜ȱ˜ȱŠ™›Ž—Ž—Žȱœ˜‹›Žȱ˜ȱœŽžȱ™›à™›’˜ȱ™Ž›Œž›œ˜ǰȱ
˜œȱœŽžœȱ¹¡’˜œȱŽȱŠœȱœžŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȄȱǻ
Š“’ǰȱŗşşŚDZȱŜřȬŜŚǼǯȱ˜–˜ȱŠ•ǰȱ·ȱ
a dimensão da avaliação que apresenta maior importância e valor na educação pré-­‐‑escolar. Desenvolvendo-­‐‑se a par da acção educativa, é uma boa base para Š“žœŠ›ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ¥œȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœǰȱ’—Ž›ŽœœŽœȱŽȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ˜›–Š’ŸŠœȱ
que as crianças vão manifestando no decurso das diferentes actividades, —˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŽ—šžŠ—˜ȱœŽȱ—Š››Šȱž–Šȱ‘’œà›’ŠǰȱœŽȱ›ŽŠ•’£Šȱž–ȱ“˜˜ȱǻǯǯǯǼǰȱ
ŽȱŠ’—Šǰȱ™Š›Šȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š›Ȭ•‘Žœȱ˜ȱŠ™˜’˜ȱŽȱšžŽȱŒŠ›ŽŒŽ–ǰȱ™Š›Šȱ›ŽŠ•’£Š›ȱ
com sucesso determinadas tarefas. Nesta perspectiva, a avaliação não ™˜Žȱœ’žŠ›ȬœŽȱŠ™Ž—Šœȱ—˜ȱšžŽȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱœŠ‹Ž–ȱŽȱœ¨˜ȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱŠ£Ž›ȱ
œ˜£’—‘Šœǰȱ–Šœȱ—˜ȱšžŽȱ™˜Ž–ȱŠ£Ž›ȱŒ˜–ȱŠ“žŠȱ˜žȱŽ–ȱœ’žŠ³¨˜ȱŽȱ’—Ž-­‐‑
›ŠŒ³¨˜ǯȱ›ŽŽ—ŽȬœŽǰȱŠœœ’–ǰȱŽ›ȱŽ–ȱŒ˜—Šȱ˜ȱšžŽȱ¢˜œ”¢ȱǻŗşŝşǼȱŽę—Žȱ
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
115
como desenvolvimento potencial.
A avaliação formativa envolve todo um conjunto de elementos infor-­‐‑
mativos, que o educador e as crianças vão fornecendo uns aos outros e Œž“Šȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱ·ȱŽŽ›–’—Š—Žȱ—˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱȱfeedback é um destes elementos e os seus efeitos tanto podem ser positivos, como —ŽŠ’Ÿ˜œǰȱŒ˜—˜›–Žȱ˜ȱŒ˜—Žø˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽȱ˜ȱœ’—’ęŒŠ˜ȱšžŽȱ•‘Žȱ·ȱ
atribuído pelos diferentes intervenientes. Integrando o feedbackȱŠ™›ŽŒ’Š³äŽœȱœ˜‹›ŽȱŠœȱŒ˜–™Ž¹—Œ’Šœǰȱ˜œȱŒ˜–™˜›-­‐‑
tamentos e as atitudes das crianças, geralmente fornecidas pelo educador Š›ŠŸ·œȱŽȱŽ•˜’˜œǰȱŽ—Œ˜›Š“Š–Ž—˜œȱ˜žȱŒž•™Š‹’•’£Š³äŽœȱŽȱŒŠœ’˜œǰȱ›Š—œ-­‐‑
–’ŽȬ•‘Žœȱ–Ž—œŠŽ—œǰȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱœžŠȱŽęŒ’¹—Œ’ŠȱŽȱŸŠ•˜›ǰȱŒ˜–ȱ›Ž™Ž›ŒžœœäŽœȱ
na auto-­‐‑estima e auto-­‐‑conceito académicos e, consequentemente, nas œžŠœȱŠ’žŽœȱŠŒŽȱ¥ȱŽœŒ˜•Šǰȱ¥œȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱŽœŒ˜•Š›ŽœȱŽȱŠȱœ’Ȭ–Žœ–Šœǯȱ
ŽœŽȱ–˜˜ǰȱ·ȱ’–™˜›Š—Žȱ™›ŽœŠ›ȱŠŽ—³¨˜ȱ¥œȱŠ™›ŽŒ’Š³äŽœȱšžŽȱœŽȱŠ£Ž–ȱ
das crianças e criar oportunidades para viver experiências de êxito, para šžŽȱœ’—Š–ȱŒ˜—ꊗ³ŠȱŽȱŸ˜—ŠŽȱŽȱŠ™›Ž—Ž›ȱŽȱŒ›ŽœŒŽ›ȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ’—Ž›ŠŒ-­‐‑
ção com o educador e com os colegas. Quanto mais positivo, adequado e sistemático for o feedback, mais contribuirá para que as crianças criem ˜œ˜ȱŽȱŸ˜—ŠŽȱŽȱŽœ˜›³Š›ȬœŽȱ™Š›ŠȱŠ™›Ž—Ž›ȱŽȱ–Š’œȱœŽȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š›¨˜ȱ
por consegui-­‐‑lo.
Ao pretender-­‐‑se que a avaliação seja formativa deve procurar-­‐‑se que ela assuma também uma função reguladora e orientadora do processo ŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱœȱ’—˜›–Š³äŽœȱšžŽȱŸ¨˜ȱœŽ—˜ȱ›ŽŒ˜•‘’Šœǰȱ
de forma mais ou menos continuada, formais e informais, vão permitir Š˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŠ“žœŠ›ȱ˜ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱ¥œȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ˜›–Š’-­‐‑
vas das crianças e a estas regularem a sua acção em função das tarefas e exigências propostas. Para tal, é vantajoso que a criança conheça os objectivos propostos pelo educador e, tanto quanto possível, os partilhe. ¨˜ȱœŽ›¤ȱ¤Œ’•ȱŒ˜—Œ›Ž’£Š›ǰȱŒ˜–ȱŒ›’Š—³Šœȱ¨˜ȱ™ŽšžŽ—Šœǰȱž–ŠȱŠŒ³¨˜ȱŽœŽȱ
·—Ž›˜ǰȱ–ŠœȱŽ•Šȱ—¨˜ȱœŽ›¤ȱŽȱ˜˜ȱ’–™˜œœÇŸŽ•ǰȱŽœŽȱšžŽȱœ’–™•’ęŒŠ˜œȱŽȱ
ajustados os objectivos ao seu nível de compreensão.
4.3. A avaliação numa dimensão sumativa
Entende-­‐‑se, nesta etapa educativa, por avaliação sumativa a que se ›ŽŠ•’£Šȱ—˜ȱꗊ•ȱŽȱž–ȱŽŽ›–’—Š˜ȱ™Ž›Ç˜˜ȱ˜›–Š’Ÿ˜ǰȱŒ˜–ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱ
Žȱœ’œŽ–Š’£Š›ȱŽȱ’—Ž›™›ŽŠ›ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ˜‹’ŠǰȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ǰȱ
Žȱ™˜—Ž›Š›ȱœ˜‹›Žȱ˜œȱ™›˜›Žœœ˜œȱ›ŽŠ•’£Š˜œǯȱžȱœŽ“ŠǰȱŽ–ȱ˜ȱŒŠ›¤ŒŽ›ȱŽȱ
œÇ—ŽœŽȱŽȱŠ™›ŽŒ’Š³¨˜ȱŠȱœ’žŠ³¨˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
das crianças. Ž–ȱž–ȱŒŠ›¤ŒŽ›ȱ’—˜›–Š’Ÿ˜ȱ•˜‹Š•ǰȱ™Ž›–’’—˜ȱŠ•Ž›Š›ȱ™Š›ŠȱŠȱ’–-­‐‑
portância de certos aspectos a serem tidos em consideração em futuras ’—Ž›ŸŽ—³äŽœǯȱ
—Ž›ŠǰȱŠ–‹·–ǰȱž–Šȱž—³¨˜ȱ›Žž•Š˜›Šǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱ™˜ŽȱŒ˜—›’-­‐‑
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‹ž’›ȱ™Š›Šȱ›Ž˜›–ž•Š›ȱŽȱ™•Š—’ęŒŠ›ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽžŒŠ’ŸŠǯȱ
5. O envolvimento da família na avaliação
A família assume particular importância nos processos de interven-­‐‑
³¨˜ȱŽȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠœȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱŽȱŒ˜–™Ž¹—Œ’ŠœȱŠœȱŒ›’Š—³Šœǯȱ¨˜ȱ
podemos esquecer que muitos dos conteúdos explorados na educação ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱŠ£Ž–ȱ™Š›ŽȱŠœȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’Šœȱ™›˜™˜›Œ’˜—ŠŠœȱ™Ž•ŠȱŠ–Ç•’Šǰȱ
—Šž›Š•–Ž—Žȱ Œ˜–ȱ —ÇŸŽ’œȱ ’Ž›Ž—Žœȱ Žȱ ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȱ Žȱ œ’œŽ–Š’£Š³¨˜ǰȱ
—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽDZȱ—˜ȱ˜–Ç—’˜ȱŠȱ•’—žŠŽ–ȱ˜›Š•ȱŽȱŽ–Ž›¹—Œ’ŠȱŠȱŽœŒ›’ŠDzȱ
—ŠȱŠšž’œ’³¨˜ȱŽȱ‘¤‹’˜œȱŽȱŠž˜—˜–’ŠDzȱ—Šȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱ—˜ȱŽœ™Š³˜ȱŽȱ—˜ȱŽ–-­‐‑
po, etc.. Assim, os canais de comunicação a estabelecer com as famílias devem ser bidireccionais, promovendo o intercâmbio de informação œ˜‹›ŽȱŠȱŒ›’Š—³Šǯȱȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŠȱ™Š›’•‘Š›ȱœŽ›¤ȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱšžŠ•’Š’ŸŠǰȱ
›ŽŒ˜››Ž—˜ȱŠȱŒ˜—ŠŒ˜œȱ˜›Š’œȱŽȱŽœŒ›’˜œȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜œǯ
œȱŠ™›ŽŒ’Š³äŽœȱšžŽȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŠ£ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽœ™Ž›Š–ȱŽ¡™ŽŒ-­‐‑
Š’ŸŠœȱ—˜œȱ™Š’œǰȱœ˜‹›Žȱ˜ȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŽȱ¹¡’˜ȱ™˜œŽ›’˜›ȱ˜œȱœŽžœȱꕑ˜œǰȱ™Ž•˜ȱ
que a forma como estas são efectuadas é um aspecto a merecer particular atenção e a dever apresentar-­‐‑se como positivo. É fundamental que as Ÿ’œäŽœȱšžŽȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŽȱŠȱŠ–Ç•’Šȱ¹–ȱŠȱŒ›’Š—³Šȱ™˜œœŠ–ȱœŽ›ȱŒ˜–Ž—ŠŠœȱ
Žȱ›Ž•Š’Ÿ’£ŠŠœǰȱœŽ–™›ŽȱŒ˜–ȱŠȱ’Ž’ŠȱŽȱšžŽȱŠȱœ’žŠ³¨˜ȱ™˜Žȱ–˜’ęŒŠ›-­‐‑
ȬœŽȱŽȱŠ–‹·–ȱŽȱ™›ŽŽ—Ž›ȱ—¨˜ȱ’—Ěž’›ȱ—ŽŠ’ŸŠ–Ž—Žȱ—Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŠȱ
identidade e do auto-­‐‑conceito da criança. Para conseguir esse objectivo, temos que evitar construir represen-­‐‑
Š³äŽœȱŽ–Šœ’Š˜ȱ›Ç’ŠœȱŽȱŽœ¤’ŒŠœȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽȱ›ŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›Žȱ˜ȱšžŽȱ
™˜Ž–˜œȱŠ£Ž›ȱ™Š›ŠȱŽ—Š›ȱ–˜’ęŒŠ›ȱŽȱ–Ž•‘˜›Š›ȱŠœȱœžŠœȱŠ’žŽœǰȱŒ˜–-­‐‑
portamentos ou saberes.
6. Procedimentos e instrumentos de recolha de informação
Pretendendo desenvolver uma avaliação que dê resposta a grupos heterogéneos, como geralmente são os que frequentam a educação pré-­‐‑
ȬŽœŒ˜•Š›ǰȱ˜›—ŠȬœŽȱž—Š–Ž—Š•ȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ›ȱ˜œȱ™›˜ŒŽ’–Ž—˜œȱŽȱ’—œ›ž–Ž—-­‐‑
˜œȱŽȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱ’—˜›–Š³¨˜ǯȱ˜Ž›ȬœŽȬ¤ȱ›ŽŒ˜››Ž›ȱŠȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ—Šž›Ž£Šȱ
šžŠ•’Š’ŸŠȱ Žȱ šžŠ—’Š’ŸŠǰȱ Žȱ –˜˜ȱ Šȱ ™Ž›–’’›Ž–ȱ ˜‹Ž›ȱ ’—˜›–Š³äŽœȱ
consideradas úteis e necessárias para um conhecimento progressivo e multidimensional das crianças e dos contextos em que se integram. —ŒŠ›Š›ȱŽȱŠ—Š•’œŠ›ȱŽœœŠœȱ’—˜›–Š³äŽœȱœŽž—˜ȱ’Ž›Ž—Žœȱ™˜—˜œȱŽȱŸ’œ-­‐‑
ŠȱŽǰȱœŽȱ™˜œœÇŸŽ•ǰȱŒ˜—›Šœ¤Ȭ•ŠœȱŒ˜–ȱ’—˜›–Š³äŽœȱ›ŽŒ˜•‘’Šœȱ™˜›ȱ˜ž›˜œȱ
intervenientes, poderá conferir-­‐‑lhes maior consistência e ser-­‐‑lhes-­‐‑á ›ŽŒ˜—‘ŽŒ’Šȱ–Š’˜›ȱꍎ•’ŠŽǯȱŽœŽȱœŽ—’˜ǰȱ’›Ž–˜œȱŠ‹˜›Š›ȱŠ•ž–Šœȱ
dessas técnicas e instrumentos. A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
117
6.1. A observação
ȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱ·ȱŠȱ·Œ—’ŒŠȱž’•’£ŠŠȱŒ˜–ȱ–Š’œȱ›Žšž¹—Œ’Šȱ™Ž•˜œȱŽžŒŠ-­‐‑
˜›ŽœȱŽȱ’—¦—Œ’ŠǰȱŠ’—ŠȱšžŽȱ–ž’ŠœȱŸŽ£ŽœȱžœŠŠȱ’—ž’’ŸŠ–Ž—Žǯȱ˜—-­‐‑
siste num processo de atenção constante e voluntária, que se dirige a œŽ•ŽŒŒ’˜—Š›ȱŽŽ›–’—ŠŠœȱ’—˜›–Š³äŽœȱŒ˜—œ’Ž›ŠŠœȱ›Ž•ŽŸŠ—Žœȱǻ¤—Œ‘Ž£ǰȱ
1994). Não só permite recolher dados em relação a saberes, atitudes e comportamentos manifestados, enquanto decorre o processo de ensino e Š™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱŒ˜–˜ȱ™Ž›–’ŽȱšžŽȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŸ¤ȱ˜›’Ž—Š—˜ȱŽȱŠ™˜’Š—˜ȱ
as crianças sempre que o necessitem. Quando a observação se torna uma actividade regular, mais possibi-­‐‑
lidades o educador tem de descobrir o que motiva as crianças a aprender Žȱ˜—ŽȱœŽȱœ’žŠ–ȱŠœȱœžŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽǰȱŒ˜—œŽšžŽ—Ž–Ž—Žǰȱ–Š’œȱ¤Œ’•ȱœŽȱ
˜›—Š›¤ȱ™•Š—’ęŒŠ›ȱž–ŠȱŠŒ³¨˜ȱŠ“žœŠŠȱ¥ȱ›ŽŠ•’ŠŽǯȱ
Procurando recolher informação útil e facilitar a tarefa de registo, é aconselhável que, antes de iniciar uma observação, se pondere e decida sobre o que se pretende observar, quem observar, durante quanto tempo ŽȱŒ˜–˜ȱ˜‹œŽ›ŸŠ›ǯȱ˜–˜ȱŠœœ’—Š•Š–ȱŠ’œȱŽȱ˜—Ž’›˜ȱǻŗşşŜDZȱśŜǼǰȱȃŽę—’›ȱ
Š•Ÿ˜œȱ™›¤’Œ˜œǰȱ›ŽŠ•’œŠœȱŽȱ›ŽŠ•’£¤ŸŽ’œȱŽŸŽȱœŽ›ȱ˜ȱ™›’—ŒÇ™’˜ȱ‹¤œ’Œ˜ȱŠȱŽ›ȱŽ–ȱ
Œ˜—ŠȄǯȱ
¤ǰȱŠ’—ŠǰȱšžŽȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ›ȱŠœȱ˜›–ŠœȱŽȱ›Ž’œ˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱ
˜‹’Šȱ Š›ŠŸ·œȱ Žȱ ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ǰȱ œŽ—˜ȱ ž’•’£ŠŠœȱ ™Ž•˜ȱ ŽžŒŠ˜›ǰȱ Ž—›Žȱ
outras, aquelas que a seguir se indicam.
6.1.1. Registos de incidentes críticos
œȱ ›Ž’œ˜œȱ Žȱ ’—Œ’Ž—Žœȱ Œ›Ç’Œ˜œȱ ™Ž›–’Ž–ȱ ˜‹Ž›ȱ ’—˜›–Š³äŽœȱ Žȱ
comportamentos, positivos ou negativos, manifestados espontanea-­‐‑
–Ž—Žȱ™Ž•ŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽȱšžŽȱœŽȱŒ˜—œ’Ž›Š–ȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜œȱ™Š›ŠȱŠž–Ž—Š›ȱ
o conhecimento que delas se tem.
O incidente deve ser descrito com o máximo rigor e detalhe, quer seja previsível ou ocorra de forma imprevista. É preciso dispor de um certo número de registos para que possa inferir-­‐‑se algo sobre o comportamento típico de uma criança. 6.1.2. Listas de verificação
œȱ •’œŠœȱ Žȱ ŸŽ›’ęŒŠ³¨˜ȱ œ¨˜ȱ žœŠŠœȱ ™Š›Šȱ ›Ž’œŠ›ȱ Œ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱ
˜žȱ ›Žœž•Š˜œȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱ ¨˜ȱ Žȱ ¤Œ’•ȱ ž’•’£Š³¨˜ǰȱ Œ˜—œ’œ’—˜ǰȱ
normalmente, numa tabela onde se assinala a presença ou ausência de Œ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱ ˜žȱ Žȱ ŠŒ³äŽœȱ Žȱ —¨˜ȱ Šȱ ›Žšž¹—Œ’Šȱ Œ˜–ȱ šžŽȱ ˜Œ˜››Ž–ǯȱ
˜Ž–ȱ œŽ›ȱ ž’•’£ŠŠœȱ ™Š›Šȱ ›Ž’œŠ›ȱ Œ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱ ’—’Ÿ’žŠ’œȱ Žȱ Žȱ
›ž™˜œǰȱ™˜Ž—˜ȱœŽ›ȱž’•’£ŠŠœȱŽȱ–˜˜ȱ˜ŒŠœ’˜—Š•ȱ˜žȱœ’œŽ–¤’Œ˜ǯȱŽ›-­‐‑
mitem avaliar desempenhos complexos devido ao número de elementos šžŽȱ™˜Ž–ȱ’—Ž›Š›ǰȱ™˜›·–ȱ—¨˜ȱ™˜œœ’‹’•’Š–ȱŠȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱ’—˜›–Š³äŽœȱ
acerca da qualidade dos mesmos. Os dados podem ser encarados numa perspectiva formativa incentivando crianças e educador a investir na 118
Maria Angelina Sanches
mudança de certos comportamentos.
6.1.3. Escalas de classificação
As escalas integram um conjunto de características ou qualidades que vão ser avaliadas segundo uma escala graduada, onde se indica o grau de apresentação de cada atributo. Permitem uma opção múltipla Žȱ›Žœ™˜œŠǰȱŽȱ—Šž›Ž£ŠȱšžŠ•’Š’ŸŠȱ˜žȱšžŠ—’Š’ŸŠǯ
¡’œŽ–ȱŸ¤›’˜œȱ’™˜œȱŽȱŽœŒŠ•ŠœDZȱ—ž–·›’ŒŠœǰȱ›¤ęŒŠœȱŽȱ›¤ęŒŠœȱŽœ-­‐‑
critivas, sendo estas últimas as mais indicadas em educação, porque os vários níveis são explicitados através de frases simples e concisas. Permitem observar os progressos das crianças a partir de diferentes registos, bem como a frequência com que ocorrem os comportamentos ou acontecimentos. 6.1.4. Grelhas de observação
As grelhas permitem registar a frequência com que ocorrem os com-­‐‑
portamentos e observar a sua progressão. O seu preenchimento é feito em simultâneo com o decurso da acção, pelo que nem sempre se torna ¤Œ’•ȱŠȱœžŠȱž’•’£Š³¨˜ǯȱ
6.2. Entrevistas
As entrevistas permitem “obter dados referentes aos processos de ™Ž—œŠ–Ž—˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱŠ˜ȱœŽžȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŽȦ˜žȱ¥œȱŠ’žŽœȱŽȱŒ˜—Ÿ’Œ-­‐‑
³äŽœǯȱ˜Ž–ȱŠ–‹·–ȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱšžŽȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ
ŽŸŽ—žŠ•–Ž—ŽȱŽ—‘Š–ȱŠ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱŠȱŒ˜–™›ŽŽ—œ¨˜ǰȱ™Ž›–’’—˜ȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š›ȱ
o seu nível de desenvolvimento” (Fernandes, 1991: 284). É frequente, no pré-­‐‑escolar, as entrevistas serem dirigidas aos pais ™Š›ŠȱŠȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱ’—˜›–Š³äŽœȱšžŽȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŽŸ’˜ȱ¥ȱœžŠȱ™˜žŒŠȱ’ŠŽǰȱ
œ¨˜ȱ’—ŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ˜›—ŽŒŽ›ǯȱ
As entrevistas podem ser mais ou menos estruturadas, devendo, em ˜˜œȱ˜œȱŒŠœ˜œǰȱœŽ›ȱ™•Š—’ęŒŠŠœǯ
6.3. Portfólios
œȱ™˜›à•’˜œȱ˜Œž–Ž—Š–ȱŽŸ’¹—Œ’ŠœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱ—Šž›Ž£Šȱ
’ŸŽ›œŠǯȱ1ȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱœŽ•ŽŒ³¨˜ȱŽȱ›Š‹Š•‘˜œȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜œȱšžŽȱ
o portfólio de cada criança vai sendo constituído, devendo proporcionar ž–ŠȱŸ’œ¨˜ȱŠ•Š›ŠŠȱŽȱ™˜›–Ž—˜›’£ŠŠȱŠœȱ’Ž›Ž—ŽœȱŒ˜–™˜—Ž—Žœȱ˜ȱœŽžȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ’•žœ›Š›ȱ˜ȱ™Ž›Œž›œ˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ™Ž›Œ˜››’˜ǰȱ˜œȱ
™›˜›Žœœ˜œȱŽȱŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱ–Š—’ŽœŠŠœǯȱ
Os portfólios podem incluir registos gravados, em áudio, vídeo, ˜˜›¤ęŒ˜œǰȱŽœŒ›’˜œȱŽȱ›Š‹Š•‘˜œȱŠ›Çœ’Œ˜œǰȱ›ŽŠ•’£Š˜œȱ’—’Ÿ’žŠ•–Ž—Žȱ
˜žȱŽ–ȱ›ž™˜ǯȱȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱ™˜›à•’˜œȱŽŸŽǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱœŽ›ȱž–Šȱ
tarefa partilhada por crianças e educador.
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
119
ȱžœ˜ȱŽȱ™˜›à•’˜œȱ™˜ŽȱœŽ›ȱž–ȱŽ¡ŒŽ•Ž—Žȱ–Ž’˜ȱŽȱœ’œŽ–Š’£Š›ȱ’—-­‐‑
˜›–Š³äŽœǰȱŒ˜—›’‹ž’—˜ȱŽœŠȱ˜›–Šǰȱ™Š›ŠȱŽžŒŠ˜›Žœǰȱ™Š’œȱŽȱŒ›’Š—³Šœȱ
›ŽĚŽŒ’›Ž–ȱŠŒŽ›ŒŠȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽœŠœȱø•’–Šœǯȱ˜ŽǰȱŠ’—ŠǰȱŠ“žŠ›ȱ
os educadores no planeamento e desenvolvimento do currículo.
Em quase todos os estabelecimentos de educação pré-­‐‑escolar se ˜›Š—’£Š–ȱ˜œœ’Ž›œȱŒ˜–ȱ˜œȱ›Š‹Š•‘˜œȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱ™•¤œ’ŒŠǰȱŽ•Š‹˜›Š˜œȱ
pelas crianças, mas raramente estes trabalhos são seleccionados para, “ž—Š–Ž—ŽȱŒ˜–ȱ˜ž›˜œȱŽ•Ž–Ž—˜œǰȱœŽ›Ž–ȱ˜›Š—’£Š˜œȱŽ–ȱ™˜›à•’˜œȱŽȱ
constituírem elementos de avaliação formativa.
7. Dilemas na avaliação pré-­escolar
No desenvolvimento do processo de observação e de avaliação, o educador vê-­‐‑se confrontado com formas alternativas de agir que suscitam ’•Ž–Šœǰȱ™˜—˜ȱŽ–ȱŒŠžœŠȱŠšž’•˜ȱšžŽȱ—Šȱ™›¤’ŒŠǰȱ™˜›ȱŸŽ£ŽœǰȱŠ£ȱŽȱ˜ȱšžŽȱ
™˜Ž›’ŠȱŠ£Ž›ǯȱœœ’–ǰȱŽ—Ž—Ž–˜œȱŒ˜–˜ȱ’•Ž–Šœȱ˜œȱŒ˜—Ě’˜œȱŒ˜–ȱšžŽȱ
˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȱœŽȱŽ›˜—Š–ȱ—Šœȱ™›¤’ŒŠœȱŠŸŠ•’Š’ŸŠœǰȱŽ–ȱ›Ž•Š³¨˜ȱ¥œȱšžŠ’œȱ
equacionam duas ou mais alternativas de intervenção ou de valoração. Em seguida, procuraremos descrever alguns desses dilemas.
’•Ž–ŠȱŗDZȱŸŠ•’Š›ȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱ’—ž’’ŸŠȱ˜žȱŠŸŠ•’Š›ȱŽȱ˜›–Šȱ
™•Š—’ęŒŠŠȱŽȱœ’œŽ–¤’ŒŠ
Não raro acontece assistirmos a práticas avaliativas em que o edu-­‐‑
ŒŠ˜›ȱ ›ŽŒ˜•‘Žȱ ’—˜›–Š³äŽœȱ Ÿ¤›’Šœȱ Žǰȱ Ž–ȱ –ž’˜œȱ ŒŠœ˜œǰȱ Œ˜–ȱ ›ŽŒž›œ˜ȱ Šȱ
’Ž›Ž—Žœȱ·Œ—’ŒŠœǯȱŠœȱ—¨˜ȱ›Š›˜ǰȱŠ–‹·–ǰȱŠŒ˜—ŽŒŽȱšžŽȱŠœȱ’—˜›–Š³äŽœȱ
são registadas de forma esporádica, sem continuidade e sistematicidade, impedindo uma análise coerente das mesmas, e, consequentemente, ’—’‹’—˜ȱž–ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱ–Š’œȱŠ™›˜ž—Š˜ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽȱœ’žŠ³äŽœȱ
ŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱ
˜–˜ȱ Š•ǰȱ ˜›—ŠȬœŽȱ ž—Š–Ž—Š•ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱ ž–Šȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ –ž•-­‐‑
’’–Ž—œ’˜—Š•ȱŽȱ™•Š—’ęŒŠŠǰȱŒ˜–ȱ‹ŠœŽȱŽ–ȱŒ›’·›’˜œȱŒ˜—Ž¡žŠ•’£Š˜œȱŽȱ
ŽŽ›–’—Š˜œȱ ™Ž•˜ȱ ŽžŒŠ˜›ȱ ˜žȱ Žšž’™Šȱ ™ŽŠà’ŒŠǯȱ ›ŠŠȬœŽȱ Žȱ ž–ȱ
™•Š—˜ȱ̎¡ÇŸŽ•ȱŽȱŠ›’Œž•Š˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŽȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ǯȱ˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŠȱ
’—˜›–Š³¨˜ȱ›ŽŒ˜•‘’ŠȱŽŸŽȱœŽ›ȱ˜›Š—’£ŠŠǰȱŽœ›žž›ŠŠȱŽȱ’—Ž›™›ŽŠŠǰȱ
de modo a que os resultados se constituam como elementos facilitadores ŽȱœžŒŽœœ˜ȱŽȱŽȱšžŠ•’ŠŽȱ—ŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯ
’•Ž–ŠȱŘDZȱŸŠ•’Š›ȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ˜žȱŠŸŠ•’Š›ȱž–ȱŒ˜—“ž—˜ȱŽȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—-­‐‑
tos, de atitudes e capacidades
›Š’Œ’˜—Š•–Ž—ŽȱŠȱŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱŽœŽŸŽȱ’›ŽŒŒ’˜—ŠŠȱ™Š›Šȱ
’Š—˜œ’ŒŠ›ȱ Žȱ ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ Žȱ Œ˜•–ŠŠ›ȱ ’ęŒž•ŠŽœȱ Žȱ
Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ǯȱ˜’ȱ—ŽœŠȱ’–Ž—œ¨˜ȱšžŽȱ˜œȱŽœŽœȱŽȱ
avaliação de capacidades intelectuais tiveram grande implementação na educação pré-­‐‑escolar, entre os quais os de Binet e Simon e de Wechsler.
A avaliação de capacidades foi, também, uma das primeiras preocu-­‐‑
™Š³äŽœȱŽȱŠ›—Ž›ȱǻŗşşŘDZȱŘŖǼǰȱŒ˜–˜ȱ™˜ŽȱŸŽ›ȬœŽȱ—ŠȱŠę›–Š³¨˜ǯȱȃžŠ—˜ȱ
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Maria Angelina Sanches
começámos a levar a cabo o projecto Spectrum, estávamos interessados Ž–ȱœŠ‹Ž›ȱœŽȱ˜œȱ™Ž›ęœȱŒ˜—’’Ÿ˜œȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŒ˜–ȱřȱ˜žȱŚȱŠ—˜œȱŽȱ’ŠŽȱ
podiam ser distinguidos uns dos outros(...). Depressa se tornou claro, no entanto, que muito mais de 7 capacidades intelectuais requeriam examinação, mas foi também claro, pelo menos para esse grupo etário, que é importante examinar estilos cognitivos ou de trabalho (tais como ŠȱŠŽ—³¨˜ǰȱŽ—Ž—‘˜ǰȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽȱ›ŽĚŽŒ’›ȱœ˜‹›Žȱž–ŠȱŠ›ŽŠǼǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱ
forças cognitivas perpendiculares”.
˜–˜ȱŠœœ’—Š•ŠȱŠ›—Ž›ǰȱ·ȱ™›ŽŒ’œ˜ǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱŽȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœǰȱŽ›ȱŽ–ȱ
Œ˜—Šȱ˜œȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱ™Ž—œŠ–Ž—˜ȱž’•’£Š˜œȱ™Ž•ŠœȱŒ›’Š—³Šœǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱ
ŠœȱŠ’žŽœȱŽȱ˜œȱœŠ‹Ž›Žœȱ–Š—’ŽœŠ˜œȱž›Š—ŽȱŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŠœȱŠ›ŽŠœǯȱ
1ȱ™›ŽŒ’œ˜ȱŠ’—ŠȱŽ›ȱŽ–ȱŒ˜—ŠȱšžŽǰȱœŽ—˜ȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ¨˜ȱ“˜ŸŽ—œǰȱ˜œȱ™Ž›ęœȱ
de capacidades e de incapacidades podem mudar com facilidade. É indiscutível também que os saberes, os interesses e as competências dos alunos são indissociáveis.
’•Ž–ŠȱřDZȱŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ˜žȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜
–ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜ŒŠ•’£ŠŠȱ—˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ’£ȱ›Žœ™Ž’˜ȱ¥ȱ™›˜›Žœœ¨˜ȱ
das crianças, efectuada entre o momento do pré-­‐‑teste e o pós-­‐‑teste ou seja, ŸŽ›’ęŒŠ›ȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŒ˜—œŽž’˜œȱ—ž–ȱŒŽ›˜ȱ™Ž›Ç˜˜ȱŽȱ
tempo ou na exploração de determinados conteúdos curriculares. Uma ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜ŒŠ•’£ŠŠȱ—˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽŸŽȱ’—Œ’’›ǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ
ŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ—ŠœȱŽœ›Š·’ŠœȱŽȱ–ŠŽ›’Š’œȱŽȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱž’•’£Š˜œǰȱ
nos interesses das crianças e na adequação dos conteúdos ao seu nível de evolução.
’•Ž–ŠȱŚDZȱŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜ŒŠŠȱ—ŠœȱŒ˜–™Ž¹—Œ’Šœȱ—¨˜ȱ™˜œœžÇŠœȱ˜žȱŠŸŠ-­‐‑
liação focada nas competências manifestadas
1ȱ›ŽšžŽ—Žȱ˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȱŠ£Ž›Ž–ȱ’—Œ’’›ȱŠȱœžŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱœ˜‹›Žȱ˜ȱšžŽȱ
as crianças não sabem ou habilidades e atitudes que ainda não dominam, sobretudo quando esta é feita através de feedbackǯȱŽ—˜ȱŽ›Š•–Ž—ŽȱŽ–ȱ
Ÿ’œŠǰȱ Š›ŠŸ·œȱ ŽœœŠȱ ŠŒžŠ³¨˜ǰȱ Žœ’–ž•Š›ȱ Žȱ ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š›ȱ Šœȱ Œ›’Š—³Šœȱ
™Ž•ŠȱœžŠȱŒ˜—žŠȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱŠŒŠ‹Š–ȱ™˜›ȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›ŠȱŠȱŒ›’Š³¨˜ȱ
de um maior desinteresse e um menor empenhamento. É fundamental šžŽȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱŸŠ•˜›’£ŽȱŠœȱ›ŽŠ•’£Š³äŽœȱŒ˜—œŽž’Šœȱ™Ž•ŠœȱŒ›’Š—³ŠœǰȱŠ’—-­‐‑
da que com ajuda, e forneça o incentivo e o apoio necessários para que continuem a progredir e reforçar a sua auto-­‐‑estima. ’•Ž–ŠȱśDZȱȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱŒ˜–ž—’ŒŠ›ȱ¥ȱŠ–Ç•’ŠȱŽŸŽȱœŽ›ȱ˜›Š•ȱ˜žȱŽŸŽȱœŽ›ȱ
escrita e oral
Um problema com que pais e educadores se confrontam é a partilha Žȱ’—˜›–Š³äŽœȱŠȱ›Žœ™Ž’˜ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽȱŠȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱŠ£¹Ȭ•˜ǯȱ™ŽœŠ›ȱ
dos tempos de atendimento reservados no horário dos estabelecimentos ŽȱŽžŒŠ³¨˜ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱǻ—¨˜ȱŽ–ȱ˜˜œǼǰȱœ¨˜ȱž’•’£ŠŠœȱŒ˜–ȱ›Žšž¹—Œ’Šȱ
Šœȱ‘˜›ŠœȱŽȱŽ—›ŠŠȱŽȱœŠÇŠȱ™Š›Šȱ›ŽŒ˜•‘ŠȱŽȱ’—˜›–Š³äŽœǯȱœŠœȱŠŒŠ‹Š–ȱ
A Avaliação na Educação Pré-­escolar: alguns dilemas e…
121
™˜›ȱœŽ›ȱœž™Ž›ęŒ’Š’œȱŽǰȱŽ›Š•–Ž—Žǰȱ›Ž™˜›Š›Ž–ȬœŽȱ–Š’œȱŠȱŠ˜œȱœ˜‹›Žȱ˜œȱ
Œ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ˜ȱšžŽȱœ˜‹›ŽȱŠœȱœžŠœȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱǻŒ˜—-­‐‑
teúdos curriculares). Por outro lado, é pouco frequente a comunicação Žȱ’—˜›–Š³äŽœȱŽœŒ›’Šœȱ˜œȱŽžŒŠ˜›Žœȱ™Š›Šȱ˜œȱ™Š’œǰȱ˜ȱšžŽȱ—¨˜ȱŽ’¡ŠȱŽȱ
contribuir para o desconhecimento do currículo e, consequentemente, ™Š›ŠȱŠȱ›ŠŒŠȱŒ›Ž’‹’•’ŠŽȱ—ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱšžŽȱŠÇȱœŽȱ›ŽŠ•’£Šǯ
A informação que se facilita aos pais deve ter um carácter qualitativo ŽȱŽŸŽȱ›Ž•ŽŸŠ›ȱ˜œȱ™›˜›Žœœ˜œȱ›ŽŠ•’£Š˜œǯ
’•Ž–ŠȱŜDZȱŸŠ•’Š›ȱŒ˜–ȱ›ŽŽ›¹—Œ’ŠȱŠ˜œȱ™Ž›ęœȱŽ¤›’˜œȱŽȱŒŠ›¤ŒŽ›ȱ—˜›–Š’Ÿ˜ȱ
ou avaliar com base em critérios de desenvolvimento
Š›ŠȱŠŸŠ•’Š›ȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ·ȱ‘˜“Žȱž–ȱŠ˜ȱ’—’œŒžÇŸŽ•ȱ
que o mais importante é ter em conta o percurso de desenvolvimento ŽȱŒŠŠȱž–ŠȱŽȱ—¨˜ȱŠȱŠ’¡ŠȱŽ¤›’ŠȱŽ–ȱšžŽȱœŽȱŽ—Œ˜—›Šǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱ–ø•-­‐‑
’™•˜œȱŠŒ˜›ŽœȱŒ˜—›’‹žŽ–ȱ™Š›ŠȱŠȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱ
’Ž›Ž—Œ’ŠŠœǯȱ˜–ȱ‹ŠœŽȱ—ŽœŽȱ™›Žœœž™˜œ˜ǰȱ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱ™›˜Œž›Š›¤ȱŽę—’›ȱ
critérios de observação e intervenção, em que as actividades incluam ’Ž›Ž—Žœȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱ’ęŒž•ŠŽœǰȱŽȱ–˜˜ȱŠȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š›ȱž–ŠȱŽœ’–ž-­‐‑
•Š³¨˜ȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•’£ŠŠœǯȱ
’•Ž–ŠȱŝDZȱŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ’ŠȱŠ™Ž—Šœȱ™Ž•˜ȱŽžŒŠ˜›ȱ˜žȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ™Š›’Œ’-­‐‑
pada
˜›—ŠȬœŽȱ’ÇŒ’•ȱŠ˜ȱŽžŒŠ˜›ȱœž™Ž›Ÿ’œ’˜—Š›ȱŽȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š›ȱž–ȱŠ™˜’˜ȱ
’—’Ÿ’žŠ•’£Š˜ȱŽȱšžŠ•’ŠŽǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱŠŸŠ•’Š›ȱ›ž™˜œǰȱ™˜›ȱŸŽ£Žœȱ—ž-­‐‑
–Ž›˜œ˜œȱǻŘśȱŒ›’Š—³ŠœǼǯȱ–ȱœ’žŠ³äŽœȱ™˜—žŠ’œǰȱ™˜Žȱœ˜•’Œ’Š›ȬœŽȱŠ“žŠȱŠ˜ȱ
™Žœœ˜Š•ȱŠž¡’•’Š›ȱ™Š›Šȱ˜ȱ›Ž’œ˜ȱŽȱ’—˜›–Š³äŽœǯȱ˜ȱŽ—Š—˜ǰȱ—Ž–ȱœŽ–™›Žȱ
este processo é fácil, tendo em conta a sua possível falta de (in)formação no âmbito da observação. As crianças são outro elemento a integrar no processo de recolha de dados, passando por implicá-­‐‑las na criação de regras de funcionamento, listas de comportamento a exibir ou a proibir e permitir que a elas recorram para auto e hetero-­‐‑avaliação. As famílias são um elemento de extrema importância e que deve ser ›Ž—Š‹’•’£Š˜ȱŒ˜–˜ȱ˜—ŽȱŽȱ’—˜›–Š³¨˜ǰȱŠ·ȱ™˜›šžŽǰȱŒ˜–˜ȱŠ—Ž›’˜›–Ž—Žȱ
referimos, muitos conteúdos são apreendidos pelas crianças de forma paralela.
’•Ž–ŠȱŞDZȱŸŠ•’Š›ȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱinformal ou avaliar recorrendo a diferentes técnicas e instrumentos
Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥œȱŽœ›Š·’ŠœȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǰȱŽ—Ž—Ž–˜œȱšžŽǰȱ’—Ž›Ÿ’—˜ȱ
Œ˜–ȱ›ž™˜œȱšžŽȱœŽȱŒŠ›ŠŒŽ›’£Š–ȱ™Ž•Šȱ’ŸŽ›œ’ŠŽǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŠ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱ
Šȱ’ŠŽǰȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠœȱŽȱ˜›’Ž—œȱœ˜Œ’˜Œž•ž›Š’œǰȱ‘¤ȱšžŽȱŠ£Ž›ȱŠȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ-­‐‑
³¨˜ȱ˜œȱ’—œ›ž–Ž—˜œȱŽȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǯȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ—˜ȱ˜œȱ’—œ›ž-­‐‑
mentos e procedimentos de recolha de dados, aumentam as possibilidades de aceder a diferentes tipos de informação, e, consequentemente, poder obter uma visão mais aproximada da realidade.
’•Ž–ŠȱşDZȱœŠ›ȱ˜œȱ’—œ›ž–Ž—˜œȱ˜›–Š’œȱ’œ™˜—ÇŸŽ’œȱ˜žȱŠŠ™Š›ȱŽȱŒ›’Š›ȱ
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Maria Angelina Sanches
os instrumentos
˜–ȱ ›Žšž¹—Œ’Šǰȱ ˜œȱ ŽžŒŠ˜›Žœȱ ›ŽŒ˜››Ž–ȱ Šȱ ŽŽ›–’—Š˜œȱ ’—œ›ž-­‐‑
mentos, como escalas e grelhas, que alguns manuais de psicologia e metodologia apresentam. Esses instrumentos são, na maior parte das ŸŽ£Žœǰȱ™›˜ž£’˜œȱ™Š›ŠȱœŽ›Ž–ȱž’•’£Š˜œȱ—˜ž›˜œȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽȱ™˜›ȱ™Žœœ˜Šœȱ
Žȱ’Ž›Ž—Žœȱ˜›–Š³äŽœǯȱœœ’–ǰȱœŽȱ—¨˜ȱ˜›Ž–ȱŠŠ™Š˜œǰȱ’ęŒ’•–Ž—Žȱ
™˜Ž›¨˜ȱŠ›ȱŠȱ›Žœ™˜œŠȱšžŽȱŽ•ŽœȱœŽȱŽœ™Ž›Šǯȱ˜—ŒŽ‹¹Ȭ•˜œȱ˜žȱžœŠ›ȱŽ–ȱœŽžȱ
•žŠ›ȱ·Œ—’ŒŠœȱŠ•Ž›—Š’ŸŠœǰȱŒŠ›ŽŒŽȱŽȱž–Šȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽœ™ŽŒÇꌊȱ™Š›ŠȱŠȱ
qual nem a formação inicial, nem a contínua têm sabido dar resposta. 8. Conclusão
›˜Œž›¤–˜œǰȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱŽœŽȱ›Š‹Š•‘˜ǰȱŠ£Ž›ȱž–ȱŽœ‹˜³˜ȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ—˜ȱ
™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱŽ—œ’—˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱ™›·ȬŽœŒ˜•Š›ǰȱŒ˜—Žø˜ȱšžŽȱ›Š›Š–Ž—Žȱ
Œ˜—œŠȱŠȱ‹’‹•’˜›ŠęŠȱŽ¡’œŽ—ŽȱŽ—›Žȱ—àœǰȱŠŒŽ›ŒŠȱŽœŠȱŽŠ™ŠȱŽžŒŠ’ŸŠǯȱ
Muitos dos dilemas apresentados estão longe de serem ultrapassados, ™Ž•˜ȱšžŽǰȱ™Š›ŽŒŽȬ—˜œǰȱœŽȱ˜›—Šȱ™Ž›’—Ž—Žȱ’—ŸŽœ’›ȱ—Šȱ™Žœšž’œŠȱŽȱ—Šȱ›ŽĚŽ-­‐‑
xão desta problemática. A avaliação constitui, no pré-­‐‑escolar e também nos outros níveis de ensino, uma componente a merecer atenção para Šȱ™›˜Œž›ŠȱŽȱ—˜ŸŠœȱŽȱœŽ–™›ŽȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Ž•‘˜›Žœȱ›Žœ™˜œŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœǰȱ
ŽœŽ—ŒŠŽŠ˜›ŠœȱŽȱŽœÇ–ž•˜ȱŽȱŽȱ™›Š£Ž›ȱŽ–ȱŠ™›Ž—Ž›ǯȱ
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Piaget, J. (1975). L’équilibration des structures cognitives. Études d´Épistemologie Génétique. Vol. XXXIII. Paris: Puf.
˜œŠ•ŽœǰȱǯȱǻŗşşŘǼǯȱAvaliar é reflectir sobre o ensinoǯȱ˜›˜DZȱ’³äŽœȱœŠǯ
‘˜›Žœǰȱǯǰȱǭȱ›ŠŒŽǰȱǯȱǻŘŖŖŗǼǯȱManual de portfólio: um guia passo a passo para o professor.ȱ˜›˜ȱ•Ž›ŽDZȱ›–Žǯ
¤—Œ‘Ž£ǰȱǯȱǻŗşşŚǼǯȱŠȱŽŸŠ•žŠŒ’à—ȱŽ—ȱŽ•ȱ–Š›Œ˜ȱŽȱ•ŠȱŽžŒŠŒ’à—ȱ’—Š—’•ȱŽȱ
primária. InȱŠ›Œ’ŠȱǭȱŠ•˜–˜ǰȱContenidos educativos generales en educación infantil e primária (pp. 205-­‐‑223). Archidona: Aljib.
Silva, I. (1997). Orientações curriculares para a educação pré-­‐‑escolar. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento de Educação Básica.
Vygotsky, L. (1979). El desarrollo de los processos psicológicos superiores. Š›ŒŽ•˜—ŠDZȱ›Ç’ŒŠǯ
Wechsler, D. (1967). Manual for the Wechsler preschool and primary scale of intelligenceǯȱŽ ȱ˜›”DZȱœ¢Œ˜•˜’ŒŠ•ȱ˜›™˜›Š’˜—ǯ
Legislação referenciada
Lei nº 5/97, Lei Quadro da Educação Pré-­‐‑escolar. Diário da República nº34, I série, de 10 de Fevereiro.
Žœ™ŠŒ‘˜ȱ—ȱśŘŘŖȦşŝǰȱ›’Ž—Š³äŽœȱ™Š›ŠȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱ›·ȬŽœŒ˜•Š›ǯȱ’¤›’˜ȱŠȱ
República nº178, II série, de 4 de Agosto.
124
Maria Angelina Sanches
A inspecção nas primeiras etapas do ensino básico: da nova concepção
à melhoria da qualidade nos contextos
Aníbal Augusto Jerónimo Rodrigues
Assistente do Departamento da Supervisão da Prática Pedagógica
Escola Superior de Educação de Bragança (Março de 2002)
Telefones: 273 327 961 / 962 617 264
Endereço: R. Madre Isabel Larrañaga, Lote 22 -­ 4° Esq.
Palavras-­chave
žŠ•’ŠŽǰȱŸŠ•’Š³¨˜ǰȱ—œ™ŽŒ³¨˜ǰȱœœ’œ¹—Œ’Šȱ·Œ—’ŒŠǰȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜
KeyWords
A inspecção nas primeiras etapas do ensino básico…
125
EduSer nº1
Introdução
˜œȱ—˜œœ˜œȱ’ŠœǰȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŽȱŠȱŽęŒ¤Œ’ŠȱšžŽȱœŽȱŽ¡’Žȱ—˜œȱœ’œŽ–Šœȱ
ŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ·ȱž–Šȱ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱŽȱ˜ŠȱŠȱœ˜Œ’ŽŠŽǯȱŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œǰȱ·ȱ
—ŽŒŽœœ¤›’˜ȱ›Ž—Š‹’•’£Š›ȱ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱ™Š›Šȱ–Ž•‘˜›Š›ȱ˜œȱœ’œŽ–ŠœȱŽȱŽ—œ’—˜ǰȱ
porque a sociedade exige que a escola preste um serviço que responda Š˜œȱœŽžœȱ’—Ž›ŽœœŽœǰȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱŽȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœǯ
˜–ȱŽœŽȱŠ›’˜ȱ™›ŽŽ—ŽȬœŽȱŠ›ȱž–ŠȱŸ’œ¨˜ȱŽ›Š•ȱŠ˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœǰȱŽȱ
ŽȱŒŽ›Šȱ˜›–ŠȱŽ¡Ž—œ’Ÿ˜ȱŠ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ˜ȱŗǚȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ǰȱ
da Inspecção Geral da Educação (IGE) enquanto organismo de avalia ção Žȱ–˜—’˜›’£Š³¨˜ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱ—˜œȱŒ˜—Ž¡˜œǯ
˜ȱŽŒž›œ˜ȱŽœŽȱŠ›’˜ȱž’•’£˜žȬœŽȱž–Šȱ–Ž˜˜•˜’ŠȱŽœŒ›’’ŸŠȱ™Š›Šȱ
Š™›ŽœŽ—Š›ȱŠȱŽŸ˜•ž³¨˜ȱŠȱȱŽȱŠȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱŠȱœžŠȱꕘœ˜ęŠȱŽȱŠŒ³¨˜ȱœŽȱ
tem aproximado mais da necessidade de inovar as práticas nos estabe-­‐‑
Outubro 2003
žŠ•’¢ǰȱŸŠ•žŠ’˜—ǰȱ—œ™ŽŒ’˜—ǰȱŽŒ‘—’ŒŠ•ȱŠœœ’œŠ—ŒŽǰȱŽŸŽ•˜™–Ž—
lecimentos de ensino a nível pedagógico e administrativo.
Para melhor funcionamento dos estabelecimentos do ensino público ou privado, sob tutela do Estado, o Ministério da Educação foi, ao longo ˜œȱø•’–˜œȱŠ—˜œǰȱ™›˜ž£’—˜ȱ—˜›–ŠœȱšžŽȱŠ“žŠ–ȱŠȱŒ˜–™›ŽŽ—Ž›ȱ˜ȱž—Ȭ
Œ’˜—Š–Ž—˜ȱŽœŽ“¤ŸŽ•ȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœǰȱ›Žž•Š—˜ȱŽȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š—˜ȱ
ŒŠŠȱŽœŒ˜•Šȱ˜žȱŠ›ž™Š–Ž—˜ȱ™Ž•˜ȱœŽžȱŽęŒŠ£ȱž—Œ’˜—Š–Ž—˜ǰȱŽ—˜ȱŽ–ȱ
vista a qualidade na acção que se desenvolve em cada contexto.
˜–˜ȱŠȱŠŒ³¨˜ȱ˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱ’Ž›Ž—ŽœȱœŽŒ˜›ŽœȱŽȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱ
—¨˜ȱ·ȱ‘˜–˜·—ŽŠǰȱŽ¡’œ’—˜ȱ’Ž›Ž—³Šœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱ—˜ȱœŽžȱŽœŽ–™ŽȬ
nho, o Estado tem sentido a necessidade de uma actuação permanente ao nivel da formação, da observação do desempenho e implementação ŽȱŠ•ž—œȱ™›˜“ŽŒ˜œȱšžŽȱŒ˜—›’‹žŽ–ȱ™Š›ŠȱŠȱ–Ž•‘˜›’ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ—˜ȱ
desenvolvimento da acção que se vai desenvolvendo em cada estabele-­‐‑
cimento de ensino.
Desta forma, a administração central foi regulamentando a avalia ção interna e externa da escola.
Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ¡Ž›—ŠǰȱŽȱ™Š›Šȱ–Ž•‘˜›Š›ȱ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱž-­‐‑
cativo de cada Jardim de Infância ou Escola, a IGE tem implementado processos de auditoria que constituem uma modalidade de avaliação Ž¡Ž›—Šȱ˜›–Š’ŸŠȱ˜—ŽȱŽ¡’œŽȱ’œŒžœœ¨˜ȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱ’—˜›–Š³äŽœǯ
ŽœŽȱŠ›’˜ȱœŽ›¤ȱŠ˜ȱ›Ž•ŽŸ˜ȱ¥ȱŠŒ³¨˜ȱ˜œȱ’—œ™ŽŒ˜›Žœȱ˜žȱŠž’˜›ŽœȱŒž“Šȱ
–’œœ¨˜ȱ—¨˜ȱœŽȱŽŸŽȱŒ˜—ž—’›ȱŒ˜–ȱŠȱ–Ž›ŠȱŒ˜—˜Š³¨˜ȱŽȱ꜌Š•’£Šȱ³¨˜ǰȱ–Šœȱ
sim com a real missão que deve desempenhar na implementação de proces-­‐‑
sos de avaliação interna e externa, tendo em vista a qualidade da educação. 1. A avaliação externa e sua evolução
A Inspecção Geral da Educação (IGE) é o instrumento último da tu-­‐‑
Ž•Šȱ˜ȱœŠ˜ȱšžŽȱŽ–ȱ™˜›ȱ–’œœ¨˜ȱŒ˜—›˜•Š›ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŽȱŸŽ›’ęŒŠ›ȱœŽȱ
˜œȱŠŒ˜›ŽœȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱŒž–™›Ž–ȱŽęŒŠ£–Ž—ŽȱŠœȱœžŠœȱž—³äŽœǰȱŽ—˜ȱŽ–ȱ
Ÿ’œŠȱ˜ȱ‹˜–ȱž—Œ’˜—Š–Ž—˜ȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœǯ
ȱšžŠ•’ŠŽȱŠȱŽžŒŠ³¨˜ȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ǰȱŽȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ȱŽȱ
na sua primeira etapa, é uma das preocupações dos pais, professo res, escola, administração central e, de uma forma geral, de toda a so ciedade portuguesa.
™ŽœŠ›ȱ ŽœŠȱ ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱ Ž—Ž›Š•’£ŠŠǰȱ Šȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ Šȱ ŽœŒ˜•Šȱ œàȱ
›ŽȱŒŽ—Ž–Ž—Žȱ˜’ȱŠ•Ÿ˜ȱŽȱ™›˜ž³¨˜ȱ•Ž’œ•Š’ŸŠDzȱŒ˜—ž˜ǰȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜œȱ
˜ŒŽ—ŽœȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽ¡Ž›—˜ȱŽ–ȱœ’˜ȱž–ŠȱŠœȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱ˜œȱœžŒŽœœ’Ÿ˜œȱ
˜ŸŽ›—˜œȱŽœŽȱŠȱ’–™•Ž–Ž—Š³¨˜ȱŠȱŗĶȱŽ™ø‹•’ŒŠȱŠ˜œȱ—˜œœ˜œȱ’Šœǯ
No Estado Novo, em1927, o Governo criou “um corpo especial de ’—œ™ŽŒ˜›Žœȱ™Š›Šȱ꜌Š•’£Š›ȱŠȱŒ˜—žŠȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›Žœȱ™›’–¤›’˜œǯǯǯȄȱǻ›’Ȭ
pa, 1994:24) . É claro que esta medida não teve uma inspiração funda-­‐‑
mentalmente pedagógica, pois o que estava em causa era “a destruição Žȱ˜˜ȱ˜ȱŽœ™Ç›’˜ȱŽȱ›Ž—˜ŸŠ³¨˜ȱšžŽȱœŽȱŽ›ŠŸŠǰȱŽ—¨˜Ȅȱǻ›’™ŠǰȱŗşşŚDZŘřǼǯ
126
Carlos Morais
1.1. Origem e finalidades da IGE após os anos 70
ȱȱ˜’ȱ’—œ’žŒ’˜—Š•’£ŠŠȱŽ–ȱřŗȱŽȱŽ£Ž–‹›˜ȱŽȱŗşŝşǯ
ȱž—³¨˜ȱŽȱŒ˜—›˜•˜ȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠȱŽ›Šȱž—³¨˜ȱŠœȱ’›ŽŒ³äŽœȱ
Ž›Š’œȱŽȱ—œ’—˜ǰȱ–ŠœȱŠž˜—˜–’£Š›ȱŽœŠȱž—³¨˜ȱ“¤ȱ’—‘Šȱœ’˜ȱ™›Ž˜Œž™ŠȬ
ção de governos anteriores.
O corpo de inspecção de então foi criado como “serviço de contro-­‐‑
•˜ȱ ™ŽŠà’Œ˜ǰȱ Š–’—’œ›Š’Ÿ˜Ȭꗊ—ŒŽ’›˜ȱ Žȱ ’œŒ’™•’—Š›Ȅȱ ǻŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ
—ǯķȱśŚŖȦŝşǰȱŽȱřŗȱŽȱŽ£Ž–‹›˜). A sua missão era controlar e avaliar ˜ȱ œ’œŽȱ–Šȱ ŽžŒŠ’Ÿ˜ȱ Šȱ —ÇŸŽ•ȱ Šȱ šžŠ•’ŠŽȱ Žȱ Ž—œ’—˜ȱ Žȱ Šȱ ŽęŒ’¹—Œ’Šȱ
administra tiva.
Avaliar e melhorar a escola é uma intenção evidenciada no Decreto -­‐‑
Lei n° 540/79, mas é de salientar que a escola ainda não era vista como ž—’ŠŽȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ǯȱ™Ž—ŠœȱŽ›ŠȱŠŸŠ•’Š˜ȱ˜ȱšžŽȱ˜œȱ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŠ£’ȱŠ–ȱ
ŽȱœŽȱŠȱœžŠȱŒ˜—žŠȱœŽȱŽ—šžŠ›ŠŸŠȱ—˜ȱ™Ž›ę•ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱŠŒŽ’Žȱ—Šȱ·™˜ŒŠǯ
1.2. Evolução normativa da avaliação externa através da IGE
nos anos 90
˜–˜ȱŠę›–Šȱ˜Œ‘ŠȱǻŗşşşDZŗŘŝǼǰȱȃ¥ȱŽœŒ˜•Šȱ·ȱŠ›’‹žÇŠȱŠȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽȱ
ŠŸŠ•’Š›ȱ˜ȱšžŽȱ·ȱ—˜›–Š•ȱ–Šœȱ—¨˜ȱ˜ȱšžŽȱœŽȱ›ŽŸŽ•ŠȱŽ¡ŒŽ™Œ’˜—Š•ȄǯȱœŠȱŠę›Ȭ
–Š³¨˜ȱ“žœ’ęŒŠȬœŽȱ™Ž•Šȱ’ŸŽ›œŠȱ•Ž’œ•Š³¨˜ȱšžŽȱ˜’ȱ™ž‹•’ŒŠŠȱŽ–ȱŗşŞşȱ—˜ȱ
¦–‹’˜ȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ’—Ž›—ŠDzȱŒ˜—ž˜ǰȱ˜ȱšžŽȱ·ȱŒ˜—œ’Ž›Š˜ȱŽ¡ŒŽ™Œ’˜—Š•ȱ
é tarefa de observadores externos, onde se enquadra a avaliação externa e a acção dos inspectores.
Žȱ ŗşşŘȱ Šȱ ŗşşśǰȱ ™ž‹•’ŒŠ–ȬœŽȱ Š•ž—œȱ ’™•˜–Šœȱ —˜ȱ šžŽȱ Œ˜—ŒŽ›—Žȱ ¥ȱ
ŠŸŠȱ•’Š³¨˜ȱŠȱŽœŒ˜•ŠǯȱŽ•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ¡Ž›—ŠȱŽȱ¥ȱŠŒ³¨˜ȱŠȱǰȱ
apresenta-­‐‑se de seguida a referência da principal legislação:
Ȋȱ ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ—ǯķȱŗřřȦşřǰȱŽȱŘŜȱŽȱ‹›’• – Lei Orgânica do ME.
Ȋȱ ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ—ǯķȱŗŚŖȦşřǰȱŽȱŘŜȱŽȱ‹›’• – Orgânica da Inspecção-­‐‑
Geral da Educação.
Ȋȱ ȱ˜›Š›’Šȱ—ǯķȱśŝŘȦşřǰȱŽȱŘȱŽȱž—‘˜ȱȮȱŽę—Žȱ˜œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œǰȱŠȱŽœ›žȬ
tura e a composição dos núcleos de coordenação da Inspecção Geral da Educação.
Ȋȱ ȱŽŒ›Ž˜ȬŽ’ȱ—ǯķȱŘŝŗȦşśǰȱŽȱŘřȱŽȱžž‹›˜ – reestruturação ope-­‐‑
rada na Orgânica da Inspecção-­‐‑Geral da Educação.
Ȋȱ –ȱ Maio de 1996 é apresentado na Assembleia da República o ŠŒ˜ȱžŒŠ³¨˜ȱ™Š›Šȱ˜ȱžž›˜ǯȱ˜—œŽžŽȬœŽȱž–ȱŠŒ˜›˜ȱŽœ›Š·’Ȭ
co, interpartidário e social sobre a orientação da política educativa nacional.
Um dos compromissos desta acção é melhorar a qualidade do pro-­‐‑
cesso educativo.
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
127
2. A avaliação externa na educação pré-­escolar
ȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ Šœȱ ŽœŒ˜•Šœǰȱ Š™ŽœŠ›ȱ Žȱ Œ˜–™•Ž¡Šȱ Žȱ Œ˜—Ě’ž˜œŠǰȱ ·ȱ ž–Šȱ
tarefa necessária, tendo em vista ocontrolo da qualidade.
2.1. O papel do estado no controlo da qualidade
˜ȱ Š›ŽŒŽ›ȱ Žȱ ŗşşŚȱ ˜ȱ 1, recomenda-­‐‑se que o Estado deve “apoi ar, tutelar e controlar todos os serviços de educação pré -­‐‑escolar” (Formosinho, 1994:75).
ȱžŽ•Šȱ˜ȱœŠ˜ȱŒ˜—Œ›Ž’£ŠȬœŽȱŽȱŸ¤›’˜œȱ–˜˜œȱœŽ—˜ȱž–ȱŽ•ŽœȱŠȱ
’—œ™ŽŒ³¨˜ǯȱȃȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱ·ȱž–ȱ’—œ›ž–Ž—˜ȱ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š•ȱšžŽȱŠ›Š—Žȱ
que todos os outros mecanismos de tutela estão a ter, na prática concre ta de cada centro educativo pré-­‐‑escolar, os efeitos previstos e que não há desvios ou abusos de poder” (Formosinho, 1996:15).
Para regular a qualidade na escola, o Estado, através da inspecção, Š£ȱž–ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŒ˜—œŠ—Žȱ™Š›ŠȱŸŽ›’ęŒŠ³¨˜ȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ˜ȱœŽ›Ÿ’³˜ȱ
público que promove.
Na Lei Quadro, o Estado surge também como a única entidade que ŽŸŽȱŽę—’›ȱ˜œȱŒ›’·›’˜œȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱšžŠ•’ŠŽǰȱŒŠ‹Ž—˜ȱ¥ȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱ
o papel regulador e coordenador de todo o sistema implementado (Ar-­‐‑
tigos 20º e 21º).
˜ȱŠ›ŽŒŽ›ȱŽȱŗşşŚȱ˜ȱȱœžŽ›’ŠȬœŽȱŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱø—’ŒŠȱ˜ȱ
Ministério da Educação pelo “apoio técnico e inspecção de todas as uni-­‐‑
ŠŽœȱŽȱŠŽ—’–Ž—˜ȱ¥ȱŒ›’Š—³ŠȄȱǻ˜›–˜œ’—‘˜ǰȱŗşşŚDZŝŝǼǯȱœŠȱœžŽœ¨˜ȱ
˜›—ŠŸŠȬœŽȱŽœœŽ—Œ’Š•ǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŽ–ȱ’—œ’ž’³äŽœȱŒ˜–˜ȱŠœȱ—œ’ž’ȱ³äŽœȱ
Particulares de Solidariedade Social e entidades particulares coo perativas šžŽȱ˜ȱœŠ˜ȱꗊ—Œ’ŠŸŠȱ–Šœȱ—¨˜ȱŒ˜—›˜•ŠŸŠǯ
Š›Šȱ ž•›Š™ŠœœŠ›ȱ ŽœŠȱ Š–‹’ž’ŠŽǰȱ Šȱ Ž’ȱ žŠ›˜ǰȱ šžŠ—˜ȱ ¥ȱ žŽ•Šȱ
™ŽŠà’ŒŠȱø—’ŒŠȱ™Ž•˜ȱ’—’œ·›’˜ȱŠȱžŒŠ³¨˜ǰȱŠ£ȱž–ȱŽ—šžŠ›Š–Ž—˜ȱ
—˜›–Š’Ÿ˜ȱž—’ęŒŠ˜›ȱ™Š›Šȱ˜˜œȱ˜œȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽȱžŒŠ³¨˜ȱ›·ȬŽœŒ˜•Š›ǰȱ
’—Œ’’—˜ȱ œ˜‹›Žȱ Šœ™ŽŒ˜œȱ Žœ›žž›Š’œǰȱ ˜›Š—’£ŠŒ’˜—Š’œǰȱ ™ŽŠà’Œ˜œȱ Žȱ
ęȱ—Š—ŒŽ’›˜œǯ
Š’œȱŠ›Žǰȱ˜ȱ›Ž•Šà›’˜ȱŠȱǰȱ™ž‹•’ŒŠ˜ȱ›ŽŒŽ—Ž–Ž—Žǰȱ–Ž—Œ’˜—Šȱ
o seguinte: “cabe ao Ministério da Educação a supervisão e a inspecção do funcionamento do sistema, para os estabelecimentos que recebem crianças dos 3 aos 6 anos de idade”.
2.2. Objectivos da IGE e atribuições da Segurança Social
A IGE pretende ajudar a regular e coordenar as escolas, sendo o ins-­‐‑
trumento último da tutela do Estado.
ŗǼȱ ȱȬȱ˜—œŽ•‘˜ȱŠŒ’˜—Š•ȱŽȱžŒŠ³¨˜ǯ
128
Carlos Morais
Žž—˜ȱ˜ȱ›Ž•Šà›’˜ȱŠȱǰȱ“¤ȱ–Ž—Œ’˜—Š˜ǰȱœ¨˜ȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŠȱȱ
ŸŽ›’ęŒŠ›ȱŽȱ꜌Š•’£Š›ȱ˜œȱœŽž’—ŽœȱŠœ™ŽŒ˜œȱ˜ȱž—Œ’˜—Š–Ž—˜ȱ˜œȱœŽ›Ÿ’-­‐‑
Ȭ³˜œȱŽȱ’—œ’ž’³äŽœDZ
Ȯȱ ž–™›’–Ž—˜ȱŠœȱ•Ž’œȱŽȱ˜œȱ›Žž•Š–Ž—˜œȱŽȱ˜ȱ‹˜–ȱž—Œ’˜—Š–Ž—ȱ˜ȱ
˜œȱœŽ›Ÿ’³˜œȱŽȱ’—œ’ž’³äŽœDz
Ȯȱ ꌤŒ’ŠȱŠȱŽœ¨˜ȱŽȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ǰȱ•ŽŠ•’ŠŽȱ˜œȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱŽȬ
Œ’œäŽœȱŽȱ›Žž•Š›’ŠŽȱŠœȱ˜™Ž›Š³äŽœȱꗊ—ŒŽ’›ŠœDz
– Adequação das normas em vigor e eventual necessidade de novas estratégias.
Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ ¥œȱ Œ›ŽŒ‘Žœȱ žŽ•ŠŠœȱ ™Ž•˜ȱ ’—’œ·›’˜ȱ ˜ȱ ›Š‹Š•‘˜ȱ Žȱ
˜•’Š›’ŽŠŽȱ˜Œ’Š•ǰȱœ¨˜ȱ꜌Š•’£ŠŠœȱŽȱ’—œ™ŽŒŒ’˜—ŠŠœȱ™Ž•Šȱ—œ™ŽŒ³¨˜-­‐‑
Ž›Š•ȱŠšžŽ•Žȱ’—’œ·›’˜ǰȱ™Ž•˜œȱŽ—›˜œȱŽ’˜—Š’œȱŽȱŽž›Š—³Šȱ˜Œ’Š•ȱ
e Serviços Sub-­‐‑Regionais.
œȱŽ—›˜œȱŽ’˜—Š’œȱŽȱŽž›Š—³Šȱ˜Œ’Š•ȱ¹–ȱŠœȱœŽž’—ŽœȱŠ›’‹ž’Ȭ
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Ȯȱ ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱŠȱŒ˜˜™Ž›Š³¨˜ȱŒ˜–ȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ™Š›’Œž•Š›ŽœȱŽȱœ˜-­‐‑
•’Š›’ŽŠŽDz
– Exercer, em colaboração com a Inspecção Geral da Acção Social, a ŠŒ³¨˜ȱ꜌Š•’£Š˜›ŠȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ™Š›’Œž•Š›ŽœȱŽȱŽȱœ˜•’Š›’ŽŠŽȱ
œ˜Œ’Š•ȱŽȱ˜ž›ŠœȱŽ—’ŠŽœȱ™›’ŸŠŠœDz
Ȯȱ ›˜–˜ŸŽ›ȱ˜ȱ•’ŒŽ—Œ’Š–Ž—˜ȱ˜œȱŽœŠ‹Ž•ŽŒ’–Ž—˜œȱŽȱŠ™˜’˜ȱœ˜Œ’Š•Dz
Ȯȱ ˜•Š‹˜›Š›ȱŒ˜–ȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœǰȱŠ›Š—’—˜ȱ˜ȱŠ™˜’˜ȱ·Œ—’Œ˜ȱ—ŽŒŽœœ¤-­‐‑
Ȭ›’˜ȱ¥ȱ™›˜–˜³¨˜ȱŠȱšžŠ•’ŠŽDz
Ȯȱ ˜•Š‹˜›Š›ȱ—Šȱ™›Ž™Š›Š³¨˜ȱŽȱŠŒžŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱ›Žž•Š–Ž—˜œȱ·Œ—’Œ˜-­‐‑
Ȭ“ž›Ç’Œ˜œDz
– Promover a formação técnica do pessoal.
2.3. A avaliação externa e os critérios subjacentes
Até aos nossos dias, oEstado, tendo em vista o controlo da qualida de, Ž–ȱ›Žž•Š–Ž—Š˜ȱšžŽ›ȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱšžŽȱŠȱ™›à™›’ŠȱŽœŒ˜•ŠȱŠ£ȱȮȱŠŸŠȱ•’Š³¨˜ȱ
interna – quer a avaliação tutelada pelo próprio Estado – avalia ção ex-­‐‑
terna, inspecção ou auditoria.
Esta tarefa, a nível dos estabelecimentos de educação pré-­‐‑escolar, œŽž—˜ȱ˜ȱ›Ž•Šà›’˜ȱŠȱǰȱŒ˜—Ž–™•Šȱ˜œȱœŽž’—ŽœȱŠœ™ŽŒ˜œDZ
Ȯȱ ȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŠœȱ›Žœ™˜œŠœȱŽžŒŠ’ŸŠœȱŽȱœ˜Œ’˜ȬŽžŒŠ’ŸŠœȱŽȱŠ™˜’˜ȱŠ˜ȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽšž’•’‹›Š˜ȱŠȱŒ›’Š—³ŠDz
– A qualidade pedagógica do funcionamento dos estabelecimentos de educação pré-­‐‑escolar, designadamente no domínio do desen-­‐‑
Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠœȱ˜›’Ž—Š³äŽœȱŒž››’Œž•Š›Žœǯ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
129
3. Novas orientações na actividade inspectiva
A partir do ano lectivo de 1997/98 e depois do Pacto Educação para o Futuro, apresentado em Maio de 1996, como foi mencionado no ponto 1.2., há uma reformulação da política educativa.
3.1. O papel da IGE no contexto actual
A IGE tem como competência “o desenvolvimento de dispositivos de ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ˜ȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŠœȱ˜›Š—’£Š³äŽœȱŽœŒ˜•Š›Žœǰȱ—ž–Šȱ™Ž›œȱ™ŽŒ’ŸŠȱ
šžŽȱŒ˜—Ž–™•ŽȱŠȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱ˜œȱŒ˜—Ž¡˜œǰȱ˜œȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱŽȱŠœȱœ˜•ž³äŽœȱ
encontradas em cada escola” (IGE,1997:5).
œŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ–ȱ™˜›ȱꗊ•’ŠŽȱŠ•Ž›Š›ȱŠȱ’–ŠŽ–ȱŽȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŠȱȱ
no terreno, conseguindo:
Ȋȱ •’–Ž—Š›ȱž–ȱ˜‹œŽ›ŸŠà›’˜ȱ™Ž›–Š—Ž—Žȱ˜ȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŠœȱŽœȬ
Œ˜•ŠœDz
Ȋȱ ’Š—˜œ’ŒŠ›ȱ ŠšžŠ•’ŠŽȱ ˜ȱ œŽ›Ÿ’³˜ȱ Žȱ ŽžŒŠ³¨˜ȱ ™›ŽœŠ˜ȱ ™Ž•˜ȱ
œ’œŽ–ŠDz
Ȋȱ ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱž–ŠȱŒž•ž›ŠȱŽȱŠž˜ȬŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽȱŽȱ›ŽĚŽ¡¨˜ȱœ˜‹›ŽȱŠœȱ
práticas pedagógicas.
œȱꗊ•’ŠŽœȱ–Ž—Œ’˜—ŠŠœȱŠ£Ž–ȱŒ˜–ȱšžŽȱ˜ȱ—˜Ÿ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱŽȱžȬ
’˜›’ŠȱŽŠà’ŒŠȱŠȱȱ¹ȱ›Žœ™˜œŠȱ¥ȱ–’œœ¨˜ȱŽȱŒ˜—›˜•˜ȱŽȱŠ™˜’˜ȱŠ˜ȱ
desenvolvimento da qualidade educativa.
Šœȱ›ŽŒŽ—ŽœȱŠ•Ž›Š³äŽœȱŠȱŽœ¨˜ȱŽȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱŠœȱŽœŒ˜•Šœȱ™Ž•˜ȱ
desenvolvimento da autonomia,“a IGE deverá assumir-­‐‑se como ins-­‐‑
tância de avaliação da qualidade do serviço de educação e de avaliação ˜ȱŽœŽ–™Ž—‘˜ȱŠœȱ˜›Š—’£Š³äŽœDZȱœŽ›Ÿ’³˜ȱŽȱŽœŒ˜•ŠȄȱǻǰŗşşŝDZŗŗǼǯ
É claro que, perante a mudança de atitude da IGE, há “um novo con ceito de qualidade técnica”. Assim, a mesma é equacionada agindo a IGE em dois contextos de acção:
– O Plano do Sistema – tendo como base os normativos vigentes, Š—Š•’œŠȱ˜œȱ™Š›äŽœȱŽȱŽœŽ–™Ž—‘˜ǯ
– O Plano Local – onde, mediante a compreensão de cada contex-­‐‑
tosocial, cultural e político, se explicará a acção própria de cada es cola.
Žę—’›ȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱŽȱ–˜—’˜›’£Š³¨˜ȱ—ŠœȱŽœŒ˜•Šœȱ˜›—˜ž-­‐‑
ȬœŽȱ–Š’œȱ’ÇŒ’•ǰȱ™˜›šžŽǰȱŠ—ŽœȱŽȱ–Š’œǰȱ·ȱ™›ŽŒ’œ˜ȱŠ£Ž›ȱž–ŠȱŽœ¨˜ȱŽœ›Š·Ȭ
gica da informação sobre cada escola para depois avaliar cada contexto Žœ™ŽŒÇꌘǯ
A avaliação assume uma forma estratégica, apontando para uma ŠŒȱ³¨˜ȱ›ŽĚŽ¡’ŸŠȱ˜œȱ™›˜ŒŽ’–Ž—˜œȱŽȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱ˜žȱ—¨˜ȱŽȱŒ˜››’’›ǰȱ
adaptar e/ou alterar a forma de agir e de estar em cada centro educativo œŽ–ȱ™â›ȱŽ–ȱŒŠžœŠȱŠȱ‹˜ŠȱŸ˜—ŠŽȱŽȱŠœȱ•’–’Š³äŽœȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŠȱ
comunidade educativa.
130
Carlos Morais
O trabalho inspectivo, aplicando a política implícita no Pacto Educati-­‐‑
Ÿ˜ȱ™Š›Šȱ˜ȱžž›˜ǰȱŒ˜•˜ŒŠ—˜ȱŠȱŽœŒ˜•Šȱ—˜ȱŒŽ—›˜ȱŠœȱ™›Ž˜Œž™Šȱ³äŽœǰȱŽœŽ—-­‐‑
volvendo níveis de autonomia e participação na política de informação, desenvolve uma acção que tenta alterar a imagem pública da escola.
ȱ ŠŒ³¨˜ȱ ’—œ™ŽŒ’ŸŠȱ Žœ¤ǰȱ ŽœŠȱ ˜›–Šǰȱ ™›Ž˜Œž™ŠŠȱ Œ˜–ȱ ˜ȱ œžŒŽœœ˜ȱ
educativo da comunidade, procurando que a qualidade do processo ŽžŒŠ’Ÿ˜ȱŠ’—“ŠȱŠ•˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŽȱŽęŒ’¹—Œ’Šǯȱ—Ž—ŠǰȱŽœŠȱ˜›Ȭ
ma, conciliar na sua acção a Šž’˜›’Š e Œ˜—œž•˜›’Š, a avaliação exter-­‐‑
na e a monitorização, de forma a consolidar a autonomia das escolas.
Há quatro princípios que orientam a intervenção inspectiva:
1-­‐‑ ›’—ŒÇ™’˜ȱŠȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱœŽ•ŽŒ’ŸŠȱȮȱœŽ•ŽŒŒ’˜—Šȱ’—Ž›ŸŽ—³äŽœȱšžŽȱ
Œ˜—›’‹žŠ–ȱ™Š›Šȱ–Ž•‘˜›Š›ȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŽžŒŠ’ŸŠȱŽȱŠœȱŠ™›Ž—’£ŠŽ—œȱ
dos alunos. (IGE,1997).
2-­‐‑ ›’—ŒÇ™’˜ȱŠȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱŽœ›Š·’ŒŠȱȮȱšžŠ—˜ȱž’•’£ŠȱŒ›’·›’˜œȱŽȱ
’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱœŽ•ŽŒ’ŸŠǰȱȃŠȱȱ™›˜Œž›Šȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱ¤›ŽŠœȱŽœ›Š·’ŒŠœȱ
de intervenção” (IGE,1997:13).
3-­‐‑ ›’—ŒÇ™’˜ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱ’—Ž—Œ’˜—Š• – não se pretende saber tudo o que é importante, mas apenas “o que é relevante no quadro de uma Žœ›Š·’ŠȱŽȱŠ™˜’˜ȱ¥ȱ–Ž•‘˜›’Šȱ™›˜›Žœœ’ŸŠȱ˜ȱœŽ›Ÿ’³˜ȱŽžŒŠ’Ÿ˜Ȅȱ
(IGE,1997:14).
4-­‐‑ ›’—ŒÇ™’˜ȱŽȱŒ˜—ŸŽ›¹—Œ’ŠȱŽȱ’—Ž›ŽœœŽœ – “os processos de audi-­‐‑
toria ganham valor de dinâmica pedagógica, se se articularem com a avaliação interna das escolas e os seus projectos de reestruturação” (IGE,1997:14).
3.2. A auditoria pedagógica: Nova forma de avaliação
O termo auditoriaȱœž›’žǰȱ™Ž•Šȱ™›’–Ž’›ŠȱŸŽ£ǰȱ—ŠȱŒ˜—Š‹’•’ŠŽȱŒ˜–˜ȱ
ŠŒ’Ÿ’ŠŽȱŽȱŸŽ›’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱŒ˜—Šœǯȱ˜œȱŠ—˜œȱŞŖȱŠ™Š›ŽŒŽȱȃŒ˜–˜ȱ™›¤’ŒŠȱ
de diagnóstico de problemas levantados pela função pessoal na empresa” (Figari, 1994, citado pela IGE, 1997:21).
A auditoria pedagógica é “uma estratégia de diagnóstico de resolu ção Žȱ™›˜‹•Ž–ŠœȱŒ˜–ȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱ–˜‹’•’£Š˜›ŠȱŠœȱŒ˜–ž—’ŠŽœȱŽœȱŒ˜•Š›ŽœȄȱ
(IGE,1997:24).
Esta estratégia de diagnóstico pretende efectuar uma avaliação con-­‐‑
Ž¡žŠ•’£ŠŠȱŽȱ›ŽĚŽŒ’ŠȱŠ™˜—Š—˜ȱ™Š›Šȱœ˜•ž³äŽœȱŽ–ȱ¤›ŽŠœȱšžŽȱŽ¡’ȱ“Š–ȱ
uma melhoria.
A informação que se deseja obter é a que merece crédito pela valida-­‐‑
ŽȱŽȱꊋ’•’ŠŽȱ˜œȱŠ˜œǰȱŠ—˜ȱ’›ŽŒ›’£ŽœȱŽȱŠŒ³¨˜ȱ™Š›Šȱ™ŽŠ˜˜œȱ
e administradores.
Na área pedagógica, a auditoria começa a ser menos inspectiva e mais explicativa e avaliativa, existindo uma”avaliação do desempenho das ˜›Š—’£Š³äŽœȱŽœŒ˜•Š›Žœǰȱ—ž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱšžŽȱŒ˜—Ž–™•ŠȱŠȱ’ŸŽ›œ’ȱŠŽȱ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
131
˜œȱŒ˜—Ž¡˜œǯǯǯȄȱǻǰȱŘŖŖŖDZŝŞǼǯ
ȱŽ•Šà›’˜ȱ›Ž™Š›Šà›’˜ȱŠȱȱ–Ž—Œ’˜—ŠȱŠ’—ŠȱšžŽȱȃŠœȱŠž’˜-­‐‑
›’ŠœȱŒ˜—œ’žŽ–ȱ–˜Š•’ŠŽœȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ¡Ž›—Šȱ˜›–Š’ŸŠǰȱ›Š£¨˜ȱ™Ž•Šȱ
qual o educador é envolvido na discussão da informação recolhida...” (idem:79).
Este projecto de auditoria, e de acordo com o mesmo relatório da ǰȱ™˜Žȱœ’—Ž’£Š›ȬœŽȱ—˜ȱœŽž’—ŽDZ
– É um processo diagnóstico permanente exercido por licenciados šžŽȱŽŽŒžŠ›Š–ȱž–ȱŽœ¤’˜ȱŽȱŗȱŠ—˜ȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽà›’Œ˜ȱŽȱ™›¤’Œ˜Dz
Ȯȱ ȱšžŠ•’ŠŽȱŽ–ȱŽ–ȱŒ˜—ŠȱŠȱ’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱŒ˜—Ž¡˜œDz
– Implementa uma cultura de auto-­‐‑avaliação e de auditoria em queas escolas são previamente informados, quando integram a amos tra.
– A avaliação diagnóstica tenta melhorar o projecto educativo a ní vel da gestão e das práticas educativas.
Ȯȱ 1ȱ’–™•Ž–Ž—ŠŠȱž–Šȱ’œŒžœœ¨˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŒ›ž£Š—˜ȱŠ˜œȱŠȱ
ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ’—Ž›—ŠȱŽȱŽ¡Ž›—Šǰȱ›ŽĚŽŒ’—˜ǰȱŠŸŠ•’Š—˜ȱŽȱ›Ž˜›³Š—˜ȱŠȱ
autonomia de cada Jardim de Infância.
Ȯȱ ȱ ŠŒ³¨˜ȱ ’œŒ’™•’—Š›ȱ ·ȱ –ž’˜ȱ ›Žž£’Šȱ —˜œȱ Š›’—œȱ Žȱ —¦—Œ’Šȱ Žǰȱ
šžŠ—˜ȱ‘¤ȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱŠ™•’ŒŠ³¨˜ȱŽȱœŠ—³äŽœǰȱ˜œȱ’—œ™ŽŒ˜›Žœȱ™›˜Ȭ
™äŽ–ȱœž™Ž›’˜›–Ž—ŽȱŠœȱ–Žœ–ŠœȱŠ˜ȱ—œ™ŽŒ˜›ȬŽ›Š•ȱŽȱžŒŠ³¨˜ǯ
œŠȱ—˜ŸŠȱꕘœ˜ęŠȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱ’—œ™ŽŒ’Ÿ˜ȱŠ£ȱ›Š—œ™Š›ŽŒŽ›ȱž–ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ
mais democrático com a participação dos intervenientes que actuam na escola e dos participantes externos, diminuindo a subjectividade na ava liação.
A inovação do actual sistema e “o grande passo em frente no desen-­‐‑
volvimento dos mecanismos de controlo da qualidade educativa foi quando se combinaram, no sentido de se articularem, a avaliação inter na com a avaliação externa” (IGE, 1997:30).
3.3. Os procedimentos da auditoria
œȱšžŠ›˜ȱ¤›ŽŠœȱŽȱ–˜—’˜›’£Š³¨˜ȱŽȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱŠœȱŽœŒ˜•ŠœȱœŽ•ŽŒŒ’˜—Š-­‐‑
das pelo novo projecto de auditoria são: O Projecto Educativo, a Organi-­‐‑
£Š³¨˜ȱœŒ˜•Š›ǰȱ˜œȱ˜—Ž¡˜œȱžŒŠ’Ÿ˜œȱ—Ž›—˜œǰȱ˜ȱ›˜“ŽŒ˜ȱž››’Œž•Š›ǯ
ȱ—ÇŸŽ•ȱ˜ȱ›·ȬŽœŒ˜•Š›ȱŽȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ǰȱŽ—˜ȱŽ–ȱŸ’œŠȱŠȱ–˜—˜˜Œ¹—Œ’Šǰȱ
estas quatro áreas são analisadas através de três campos coincidentes com as três primeiras áreas.
Estes campos constituem objectos de uma auditoria única, no âmbi to da monodocência.
Os procedimentos a seguir mencionados são iguais, independente-­‐‑
mente do nível de ensino, desenvolvendo-­‐‑se ao longo de duas fases:
ŠȱŗĶȱŠœŽȱŠŒ˜—ŽŒŽ–ȱ˜œȱœŽž’—Žœȱ™Šœœ˜œDZ
Ȯȱ Ž•ŽŒ³¨˜ȱŠȱŠ–˜œ›ŠDz
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Carlos Morais
Ȯȱ ȱ’—œ™ŽŒ˜›ȱŸ’œ’Š›¤ȱŠœȱŽœŒ˜•Šœȱ™Š›ŠȱŠ™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱ˜ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱǻꗊȬ
lidades, faseamento, detalhes dos procedimentos, instrumentos, ›Ž™Š›’³¨˜ȱŠœȱŠ›ŽŠœȱŽȱœŽžœȱœ’—’ęŒŠ˜œǼDz
Ȯȱ Ž—Œ’˜—Š›ȱ˜ȱ’™˜ȱŽȱ’—˜›–Š³¨˜ȱšžŽȱŽŸŽȱœŽ›ȱ›ŽŒ˜•‘’ŠDz
– A recolha tem a duração de 15 dias.
Šȱ ŘĶȱ ŠœŽȱ ǻŠž’˜›’Šȱ ™›˜™›’Š–Ž—Žȱ ’ŠǼȱ ŠŒ˜—ŽŒŽ–ȱ ˜œȱ œŽž’—Žœȱ
passos:
Ȯȱ –ȱŽ•Ž–Ž—˜ȱŠȱŽœŒ˜•Šȱ™›˜ŒŽŽ›¤ȱ¥ȱŠ™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱŠȱ–Žœ–ŠDz
– Através da informação recolhida, os inspectores efectuarão o 1º ’Š—àœ’Œ˜ǰȱŸŽ›’ęŒŠ—˜ȱ—Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱ’—Ž›—ŠȱŠœȱ¤›ŽŠœȱŽȱœžŒŽœȱœ˜ȱ
ŽȱŽȱ’ęŒž•ŠŽȱŠȱŽœŒ˜•Šǯ
O presente processo mostra uma faceta mais aberta e formativa da auditoria, pois, “se a auditoria não constitui em si mesma um dispositi vo Žȱ˜›–Š³¨˜ǰȱ˜ȱœŽžȱŸŠ•˜›ȱꌊȱ›Žž£’˜ȱŠȱž–ȱœ’œŽ–ŠȱŽȱŸŽ›’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱ
procedimentos. Nesse caso estaríamos numa actividade inspectiva de ꜌Š•’£Š³¨˜ȱœ’–™•Žœǰȱ–Šœȱ—¨˜ȱŽœŠ›ÇŠ–˜œȱŠȱŒž–™›’›ȱž—³äŽœȱŽȱŠ™˜’˜ȱ¥ȱ
promoção da qualidade educativa” (IGE, 1997:34).
Ž—˜ȱŽ–ȱŸ’œŠȱŠȱ™›˜–˜³¨˜ȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŽžŒŠ’ŸŠǰȱŠœȱ™›’—Œ’™Š’œȱ
šžŽœäŽœȱŠȱŠž’˜›’Šȱ™›Ž—Ž–ȬœŽȱŒ˜–ȱŠœ™ŽŒ˜œȱ˜œȱŒ˜—Ž¡˜œȱŽžŒŠ’Ÿ˜œȱ
ŽȱŒ˜–ȱšžŽœäŽœȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱŒ˜–ȱ˜ȱŒž››ÇŒž•˜ǰȱŠ‹›Š—Ž—˜ȱŜȱŒŠ–™˜œȱŠȱ
estrutura da informação recolhida: planeamento estratégico de acção ŽžŒŠ’ŸŠDzȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŠ–’—’œ›Š’ŸŠDzȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜ȱŠ–‹’Ž—ŽȱŽžŒŠ-­‐‑
’Ÿ˜Dzȱ¤›ŽŠœȱŽȱŒ˜—Žø˜Dzȱ›Ž’œ˜œȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³¨˜ȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœDzȱ˜‹ȱœŽ›ŸŠ³¨˜ȱ
do educador/relação pedagógica.
Nesta conformidade, “o sucesso do Projecto de Auditoria Pedagógi ca Ž™Ž—ŽDZȱŠǼȱ˜ȱ–˜˜ȱŒ˜–˜ȱŽŒ˜››ŽȱŠȱŗĶŸ’œ’ŠDzȱ‹Ǽ˜ȱŠ™˜’˜ȱšžŽȱ˜ȱ’—œ™ŽŒ-­‐‑
˜›ȱŽ›ȱ¥ȱŽœŒ˜•ŠȱŠž’ŠŠDzȱŒǼȱŠȱŽ—Ž›’ŠȱšžŽȱ•‘Žȱ˜›ȱ›Š—œ–’’ŠDzȱǼȱ˜ȱ
modo como na escola se ler esta iniciativa e como se interajudarem” (IGE, 1997:37).
Conclusão
As normas que regulam o sistema educativo, incluindo a IGE, de vem ser do conhecimento de todos os educadores e professores. Estas, no Ž—Ž—Ž›ȱŽȱ˜›–˜œ’—‘˜ȱǻŗşşŜDZŗŜǼǰȱȃŽŸŽ›¨˜ȱœŽ›ȱ‹›ŽŸŽœǰȱŒ•Š›Šœǰȱ̎¡ÇȱŸŽ’œǰȱ
—¨˜ȱ‹ž›˜Œ›Š’£ŠŠœǯȱ¨˜ȱ™˜Ž–˜œȱŽœšžŽŒŽ›ȱšžŽȱœ˜–˜œȱž–ȱ™ŠÇœȱ™˜‹›ŽȱŽ–ȱ
›ŽŒž›œ˜œȱ–ŠŽ›’Š’œȱŽȱšžŽȱ‘¤ȱ’—œ’ž’³äŽœȱšžŽǰȱŠ™ŽœŠ›ȱŽȱ›Š—ȱŽœȱ•’–’Š³äŽœȱ
šžŠ—˜ȱŠȱ’—œŠ•Š³äŽœǰȱŽšž’™Š–Ž—˜œȱŽȱ–ŠŽ›’Š’œǰȱŽŒǯǰȱŽȱ–˜—œ›Š–ȱž–ȱ
trabalho de superior qualidade em virtude de práticas excelentes dos œŽžœȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȄǯ
˜–˜ȱ ˜’ȱ –Ž—Œ’˜—Š˜ȱ Š—Ž›’˜›–Ž—Žȱ —˜œȱ ›’—ŒÇ™’˜œ›’Ž—Š˜›Žœȱ
™Š›ŠȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱ›·ȬœŒ˜•Š›ǰȱŠ™ŽœŠ›ȱŠœȱ•’–’Š³äŽœǰȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œǰȱ
‘¤ȱ ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ šžŽȱ ¹–ȱ ž–ȱ ŽœŽ–™Ž—‘˜ȱ Žȱ ›Š—Žȱ šžŠ•’ŠŽȱ Žǰȱ œŽȱ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
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existirem normas simples, mais facilmente serão cumpridas.
Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱŒ˜–˜ȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽ¡Ž›—ŠȱŽȱŒ˜—›˜•˜ȱŽȱŠ•Ȭ
guns desvios, que podem pôr em risco a qualidade de educação a que todas as crianças têm direito, em qualquer nível de ensino, desde o Pré-­‐‑ ŽœŒ˜•Š›ǰȱŽ¡’œ’›Š–ȱ–žŠ—³Šœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱŠȱ—ÇŸŽ•ȱŠȱ•Ž’œ•Š³¨˜ǯ
Žœ–˜ȱŠœœ’–ǰȱ—˜ȱŽœž˜ȱŽ–¤’Œ˜ȱŠȱȱ–Ž—Œ’˜—ŠŸŠ–ȬœŽȱŠ•žȬ
–Šœȱ›ŽŒ˜–Ž—Š³äŽœȱ™Ž›’—Ž—ŽœǰȱŠ’œȱŒ˜–˜DZ
Ȋȱ ȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ–Ž•‘˜›Š›ȱŠȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱŽȱŠȱ›Žœ™˜—œŠ‹’•’£Š³¨˜ȱ˜œȱ
ŽœŠ‹Ž•ŽŒ’–Ž—˜œDz
Ȋȱ ȱ’–™˜›¦—Œ’ŠȱŽȱž–ȱœ’œŽ–ŠȱŠ‹Ž›˜ȱŽȱ–˜—’˜›’£Š³¨˜ȱŽȱŠŸŠ•’Šȱ³¨˜ǰȱ
contribuindo os relatórios dos inspectores para a formação e para Š“žŠ›Ž–ȱŠȱŒ˜››’’›ȱ˜œȱ™˜—˜œȱ›ŠŒ˜œȱŽȱŒŠŠȱŽœŒ˜•ŠDz
Ȋȱ ȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ’—›˜ž£’›ȱž–ȱ–˜Ž•˜ȱ›’˜›˜œ˜ȱŽȱŠž˜ȬŠŸŠ•’Šȱ³¨˜ȱ
šžŽȱŠ“žŽȱ˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȱŠȱ›ŽĚŽŒ’›Ž–ȱ–Ž•‘˜›ȱœ˜‹›Žȱ˜ȱœŽžȱ›Šȱ‹Š•‘˜ǯ
É evidente uma mudança na actuação a nível do controlo. Esta mu-­‐‑
Š—³Šȱ·ȱž—Š–Ž—Š•ǰȱ™˜’œȱȃŠœȱ˜›Š—’£Š³äŽœȱŠ–‹·–ȱ—¨˜ȱ™˜Ž–ȱ’œȬ
pensar a avaliação para aprenderem, ou seja, para evoluírem” (Miranda, 1998:20).
A inspecção nem sempre teve esta concepção. Ao longo da sua ‘’œàȱ›’ŠǰȱŽ¡’œ’›Š–ȱ–˜–Ž—˜œȱŽ–ȱšžŽȱ˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱšžŽȱŠȱŽ¡Ž›Œ’Š–ȱ
œŽȱ •’–’ȱŠŸŠ–ȱ Šȱ ŸŽ›’ęŒŠ›ȱ ˜ȱ Œž–™›’–Ž—˜ȱ Šœȱ •Ž’œȱ Žȱ ¥ȱ ’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱ Šȱ
acção pe dagógica do educador/professor, de forma subjectiva, variando confor me o observador externo/inspector.
œȱšžŽœäŽœȱšžŽȱœŽȱ•ŽŸŠ—Š–ǰȱŠ’—Šȱ‘˜“Žǰȱœ¨˜ȱŠœȱœŽž’—ŽœDZ
Ȯȱ Ž›¤ȱšžŽȱ˜˜œȱ˜œȱ’—œ™ŽŒ˜›Žœȱ“¤ȱ’—Ž›’˜›’£Š›Š–ȱŽœŠȱ—˜ŸŠȱŒ˜—ŒŽ™Ȭ
ção?
– Será que a Escola, que se pensa democrática, já está preparada ™Š›ŠȱŠ£Ž›ȱž–ŠȱŠž˜ȬŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŽȱ˜›–ŠȱŠȱ’—ŸŽœ’›ȱ–Š’œȱŽ—Ž›’Šœȱ
nos seus pontos fracos?
– Será que os educadores/professores conseguem encarar o inspec-­‐‑
tor como um parceiro cuja missão é trabalhar colaborativamente, tendo em vista a qualidade da educação?
œŠœȱœ¨˜ȱŠ•ž–ŠœȱŠœȱšžŽœäŽœȱšžŽȱ›Šž£Ž–ȱŠȱ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱŽœŠȱ
Ž–¤’ŒŠȱ Žȱ šžŽȱ ™˜Ž›’Š–ȱ œŽ›ȱ ž’•’£ŠŠœȱ Ž–ȱ ›Š‹Š•‘˜œȱ Žȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ
˜ž›Šȱ—Šž›Ž£ŠȱŽȱŠ–™•’žŽǯȱ˜ȱ™›ŽœŽ—ŽȱŠ›’˜ȱꌊȱ˜ȱŽœŠę˜ȱŽȱšžŽȱ
—¨˜ȱŒ‘ŽŠȱ–žŠ›ȱŠȱꕘœ˜ęŠȱŽȱŠŒ³¨˜ȱŠ™Ž—ŠœȱŒ˜–ȱŽŒ›Ž˜œȬŽ’ȱ’—˜ŸŠ˜Ȭ
›ŽœǯȱȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŠœȱ’—œ’ž’³äŽœȱ—¨˜ȱœŽȱŠ•Ž›ŠȱœàȱŠ›ŠŸ·œȱŽȱž–Šȱ’—˜ŸŠ³¨˜ȱ
imposta por Decretos, mas pela integração do verdadeiro espírito da •Ž›Šȱ˜œȱŽŒ›Ž˜œȱ—Šœȱ˜›Š—’£Š³äŽœȱŠ™›Ž—Ž—Žœǯ
Quando se consegue a integração do espírito das normas, quando existe vontade e motivação para mudar, acompanhada de maturidade psicológica dos seus agentes, quando todos ajudam a melhorar as con-­‐‑
134
Carlos Morais
’³äŽœȱ—Šœȱ˜›Š—’£Š³äŽœȱŽȱšžŠ—˜ȱŠȱ’—œ™ŽŒ³¨˜ȱ’–™•’ŒŠȱ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱ‘žȬ
manos e os contextos de forma construtiva, então é possível promover ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜œȱŽžŒŠ˜›ŽœȦ™›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱŠ“žŠ›ȱŠȱ
Œ›’Š›ȱŒ˜—’³äŽœȱ™Š›Šȱ’–™•Ž–Ž—Š›ȱž–ȱ™›˜“ŽŒ˜ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱ
œŒ˜•ŠȱŽȱŠȱ˜–ž—’ŠŽǯ
Bibliografia
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riasǯȱ˜›˜DZȱ’³äŽœȱœŠǯ
Aprendizagem de Conceitos Matemáticos Complexos…
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A mulher e o lugar
Apontamento sobre Vale Abraão de Agustina Bessa-­Luís
Helena Maria Lopes Pires Genésio1
[email protected]
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
Agustina Bessa-­‐‑Luís em Vale AbraãoǰȱŠ›’‹ž’ȱž–ȱŸŠ•˜›ȱ™Š›’Œž•Š›ȱ¥ȱ‘Ž›˜Ç—Šȱ˜ȱ›˜–Š—ŒŽȱ
e aos espaços que ela habita, estabelecendo entre as duas categorias (personagem e espaço), um ligação íntima que determina todo o percurso da personagem. O lugar onde Ema passa a sua infância e adolescência, o Romesal, é o lugar que lhe Š›Š—ŽȱŠȱž—’ŠŽȱŽȱŠȱŽœŠ‹’•’ŠŽǰȱž—Œ’˜—ŠȱŒ˜–˜ȱø—’Œ˜ȱ™à•˜ȱŽȱ’—Ěž¹—Œ’Šȱ—˜ȱœŽžȱ
percurso, e surge como um microcosmos onde se pressente um equilíbrio reinante. –ŠǰȱšžŠ—˜ȱŠ›ŠŸŽœœŠȱ–˜–Ž—˜œȱŽȱ’œ™Ž›œ¨˜ȱšžŽȱ™äŽ–ȱŽ–ȱŒŠžœŠȱ˜ȱœŽžȱ™›à™›’˜ȱ
ser, recupera imagens dessa casa maternal. Surge assim a imagem da casa primordial Œ˜–˜ȱ –Ž¤˜›Šȱ Šȱ Œ˜—ꊗ³Šȱ šžŽȱ •’Šȱ ˜Šœȱ Šœȱ Œ˜’œŠœǰȱ ™˜›ȱ ’œœ˜ȱ œŽ–™›Žȱ ™›˜Œž›ŠŠȱ
por Ema depois dos seus devaneios / das suas errâncias em busca dela própria. Do Romesal Ema avista todo o Vale Abraão que se assume desde o primeiro momento como um espaço mítico que ela quer conquistar. Na percepção que Ema tem do ŸŠ•Žȱ‘¤ȱž–Šȱ–’’ęŒŠ³¨˜ȱ˜ȱ–ž—˜ȱšžŽǰȱšžŠ—˜ȱ˜ȱ‘Š‹’Š›ǰȱ™Ž›ŒŽ‹Ž›¤ȱšžŽȱ—¨˜ȱŽ¡’œŽǯȱ
Finalmente o Vesúvio surge a Ema como um refúgio ao qual se liga com a força de šžŽ–ȱ™›ŽŒ’œŠȱŽȱŠ™˜’˜ǯȱ˜ȱŽœøŸ’˜ȱ›ŽŽ—Œ˜—›ŠȬœŽȱŒ˜—œ’˜ȱ™›à™›’Šȱ—Šȱœ˜•’¨˜DzȱŠÇȱœŽȱ
sente reconciliada com a sua verdadeira imagem porque se sente integrada no espí-­‐‑
›’˜ȱŽœœŽȱ•žŠ›ȱ–’’ęŒŠ˜ǯȱŠ–‹·–ȱ—˜ȱŽœøŸ’˜ǰȱ˜ȱ›’˜ǰȱŽ¡Ž›ŒŽȱœ˜‹›Žȱ–Šȱž–Šȱ˜›Žȱ
atracção, transformado aqui em substância de morte. Nele naufragara a Senhora. O percurso inconstante de Ema, num mundo em que não se reconhece, encontra eco nas águas que correm sem destino e sem repouso. Por isso Ema sente nelas um sentido de pertença que sempre lhe faltou. A morte adquire assim o sentido de uma reintegração no todo – Ema funde-­‐‑se nas águas que a acolhem no seu ventre. Há neste romance uma vontade de dispersão, um ímpeto errante e ao mesmo tempo ž–ȱ–˜Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱŒ˜—ŒŽ—›Š³¨˜ȱšžŽȱŒ˜—ž£ȱŠ˜ȱ•žŠ›ȱ’—’Œ’Š•ǰȱŠȱž˜ȱŠšž’•˜ȱšžŽȱŠȱŒŠœŠȱ
™˜Ž›¤ȱœ’—’ęŒŠ›ǯȱ–ȱVale AbraãoǰȱŠȱꍎ•’ŠŽȱ¥ȱŒŠœŠȱ·ȱ¨˜ȱ—ŽŒŽœœ¤›’ŠȱŒ˜–˜ȱ˜ȱœŽžȱ
Š‹Š—˜—˜ǯȱȱŽ››¦—Œ’Šȱ™›Žœœž™äŽȱž–ŠȱŠ•‘Šȱ—ŠȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠǰȱŠÇȱ˜ȱœŽ—’˜ȱŽȱŠ•ŠȱšžŽȱ
•Š—³Šȱ–Šȱ—ž–Šȱ‹žœŒŠȱŽœ˜›Ž—ŠŠȱŽȱœŽ–ȱꗊ•’ŠŽǯȱ–Šȱ·ǰȱŽ–ȱVale Abraão, um ser Š‹Š—˜—Š˜ȱŽȱœàǰȱŒ˜–ȱž–Šȱ¦—œ’ŠȱŽȱŒ˜—œ˜•˜ȱ’–™˜œœÇŸŽ•ȱŽȱœŠ’œŠ£Ž›ǯȱ˜›ȱ’œœ˜ȱŠȱœžŠȱ
morte tem o sentido de uma reconciliação e de um reencontro.
Palavras Chave
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1. Ema: a mulher e o lugar
Vale Abraão de Agustina Bessa-­‐‑Luís conta a vida de uma mulher, Ema, Žȱ™ŠœœŠȬœŽȱ—˜ȱ˜ž›˜ǯȱ›ŠŠȬœŽȱŽȱž–Šȱ’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱŽȱž–ŠȱŽœ™·Œ’ŽȱŽȱ
Bovary dos tempos modernos. Ema é a heroína de Vale Abraão. Mulher ™˜›žžŽœŠȱšžŽȱŸ’ŸŽȱ—ž–ŠȱŽŽ›–’—ŠŠȱ£˜—ŠȱȬȱ˜ȱ˜ž›˜ǰȱŽȱŒ˜—Ÿ’ŸŽȱŒ˜–ȱ
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
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EduSer nº1
››Š—ŒŽǰȱ·—’Žȱžȱ•’Žžǰȱ–Š’œ˜—ǰȱ·–’—’—ǰȱ’—’–’·ǰȱ•ȂŽŠžǯ
Outubro 2003
Mots -­ Clés
um determinado tipo de sensibilidade -­‐‑ a província. Não passa a vida no –Žœ–˜ȱ•žŠ›Dzȱ’››Š’Šȱ™Ž•˜ȱ–ž—˜ȱŠȱŒ’ŠŽȱŽȱ˜ȱŽœ›Š—Ž’›˜ȱŒ˜–ȱž–Šȱ
enorme vontade de poder, que acaba por dominar toda a sua vida. Há uma dimensão trágica na vida de Ema, decorrente do seu estar no mundo. Ema, ser amaldiçoado pela sociedade, busca uma espécie de levitação que lhe permita reunir energias para enfrentar o mundo. Encontra esse estado na livre errância pelo mundo. A unidade do seu ser e do seu desejo, está totalmente dependente duma unidade do lugar. Faltando ŽœœŠȱž—’ŠŽǰȱ–ŠȱœŽ—ŽȬœŽȱŽœ™›˜Ž’ŠȱœŽ–ȱœŠ‹Ž›ȱŒ˜–˜ȱŽȱ˜—ŽȱœŽȱę¡Š›ǯȱ
Opta por constantes viagens e percursos que a levam sistematicamente para longe do seu lugar. Ema não é por acaso o único ser em Vale Abraão dotado de memória. ȱ›Š–Šȱ˜ȱœŽžȱŽœŽ—›Š’£Š–Ž—˜ȱ’–™äŽȬ•‘Žȱž–ŠȱŽŸ˜ŒŠ³¨˜ȱŒ˜—œŠ—ŽȱŽȱ
quem foi e donde veio. Para se situar no mundo, tem de evocar constan-­‐‑
temente uma antiga ligação ao lugar, que é o universo da casa paterna. Recorda, por isso, objectos, cheiros, ruídos, lugares, pessoas.
Vale Abraão é determinante para as existências que nele habitam, so-­‐‑
bretudo Ema, ser marcado por uma relação ambígua com o vale, dividida Ž—›ŽȱŠȱœŽž³¨˜ȱŽȱž–ȱŽœ’—˜ȱ—à–ŠŠȱŽȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›ŽŠę›–Š›ȱŠȱ
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sobre a terra, ele coloca ao homem o problema essencial: vaguear sobre a terra para poder ganhar de novo o lugar perdido: Eis o percurso de Ema sobre a terra. Na Bíblia, livro de Agustina Bessa-­‐‑Luís desde a sua infância, é apon-­‐‑
tada a oposição permanente entre o nómada e o sedentário. Satisfeito com os frutos que colhe, o homem sedentário corre o risco de se perder para Deus pelo seu imobilismo. Por isso, alimenta o sonho do deserto, onde Deus fala ao coração dos homens. O nómada, pelo contrário, vive no desejo de ter uma terra própria, vive com a nostalgia da terra prometida. Este contraste sedentário/errante, atravessa os romances de žœ’—ŠȱŽœœŠȬžÇœǯȱȱŽ››¦—Œ’Šȱ—¨˜ȱ™›Žœœž™äŽȱž–Šȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱŽę—’Šǯȱ
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tudo tivera a sua origem e onde tudo irá recomeçar.”2ȹȱȱŒŠœŠȱ·ȱ–Ž¤˜›Šȱ
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Helena Maria Lopes Pires Genésio
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errante, uma demanda contínua.
Em Ema, heroína de Vale Abraão, há um impulso de partida constante. ˜›ȱ’œœ˜ǰȱŽ•Šȱ™Š›ŽǰȱŽœ¤ȱœŽ–™›ŽȱŠȱ™Š›’›ǰȱ•Ž–‹›Š—˜ȱ•ŸŠ›˜ȱŽȱŠ–™˜œDZȱ
“Ah! seja como for, seja por onde for, partir”3ȹǯ
A errância é o percurso de alguém que é, que se sente deslocado. A errância de Ema, sem objectivo aparente, sem rumo certo, persegue, no Ž—Š—˜ǰȱž–ȱę˜ȱ’—Ÿ’œÇŸŽ•Dzȱ›Ž™›ŽœŽ—Šȱž–ŠȱŒ‘ŠŸŽȱŽȱŠŒŽœœ˜ȱŠ˜ȱ–’œ·›’˜ȱ˜ȱ
ser. Assim o seu errar se transforma em peregrinação, em viagem interior.
2. Poética do espaço
Pode parecer paradoxal falar de espaço a propósito da literatura: aparentemente, o modo de existência duma obra literária é essencial-­‐‑
–Ž—ŽȱŽ–™˜›Š•ǯȱ˜—ž˜ǰȱ™˜ŽȱŽȱŽŸŽȱŽ—ŒŠ›Š›ȬœŽȱŠȱ•’Ž›Šž›Šȱ—ŠœȱœžŠœȱ
›Ž•Š³äŽœȱŒ˜–ȱ˜ȱŽœ™Š³˜ǰȱ™˜›šžŽǰȱŒ˜–˜ȱ’£ȱŽ—ŽĴŽǰȱȃ•Šȱ•’Ĵ·›Šž›ŽȱŽ—›Žȱ
autres ‘sujets’ parle aussi de l’espace, décrit des lieux, des demeures, des paysages, nous transporte, (...) en imagination dans des contrées encon-­‐‑
nues qu’elle nous donne un instant l’illusion de parcourir et d’habiter.” 4ȹ
1ȱŠȱ•’—žŠŽ–ȱŠȱ—Šž›Ž£Šǰȱ˜ȱ›ž–˜›ȱŠœȱ¤žŠœǰȱ˜œȱœžœœž››˜œȱŠȱŽ››Šȱ
šžŽǰȱ–’œŽ›’˜œŠ–Ž—ŽǰȱœŽȱŠ£ȱ•’—žŠŽ–ȱŽȱŠ–˜›ȱŽȱŽȱ›ŽŸŽ•Š³¨˜ǯȱœœ’–ǰȱ
há lugares que exercem sobre o espírito um forte poder, uma grande força. Entendemos chamar a esse poder, a essa força, o espírito do lugar. Há espaços que nos envolvem. A sensibilidade ao espaço, o fascínio pelo lugar, criam em nós o que Valéry chama état poétique. O homem sabe, ŽœŽȱ˜ȱ’—ÇŒ’˜ȱ˜œȱŽ–™˜œǰȱšžŽȱŠȱ—Šž›Ž£Šȱ·ȱŽ’ŠȱŽȱŽ•Ž–Ž—˜œȱ•’Š˜œȱ
entre si que exprimem aspectos fundamentais do ser.
O espaço é sempre imbuído de carácter entendendo este como o con-­‐‑
junto das particularidades que tornam único, onde prevalece a presença de um espírito guardião, o genius loci. A este se liga toda a presença real. œœ’–ǰȱŠȱŠŒ³äŽœȱ’Ž›Ž—ŽœȱŒ˜››Žœ™˜—Ž–ȱ•žŠ›ŽœȱŒ˜–ȱŒŠ›ŠŒŽ›Žœȱ’Ž-­‐‑
›Ž—ŽœDzȱ™˜›ȱŽ¡Ž–™•˜ǰȱŠȱŒŠœŠȱŽŸŽȱœŽ›ȱ™›˜ŽŒ˜›Šǰȱ˜œȱœŽ›ŽœȱšžŽȱŠȱ‘Š‹’Š–ȱ
ŽŸŽ–ȱœŽ—’›ȬœŽȱ•¤ȱ‹Ž–Dzȱ˜ȱȱœŠ•¨˜ȱŽȱ‹Š’•ŽȱŽŸŽȱœŽ›ȱŽœ’Ÿ˜ȱ™Š›Šȱ™Ž›–’’›ȱ¥œȱ
™Žœœ˜ŠœȱŠ•Ž›’ŠȱŽȱ‹Ž–ȱŽœŠ›ǯȱŠ–‹·–ȱŠœȱ™Š’œŠŽ—œȱ¹–ȱž–ȱŽœ’•˜ȱ—Šž›Š•ȱ
particular. Falamos de paisagem duriense, de paisagem marítima, de ™Š’œŠŽ–ȱ ž›‹Š—ŠDzȱ Š•Š–˜œȱ Žȱ ™Š’œŠŽ—œȱ ·›Ž’œǰȱ Žœ·›Ž’œǰȱ ŠŒ˜•‘Ž˜›Šœǰȱ
ameaçadoras. A paisagem exprime, no universo Agustiniano, uma ligação íntima com a memória dos povos, das gentes que a habitam. –ȱŽ›Š•ǰȱ˜˜œȱ˜œȱ•žŠ›Žœȱ¹–ȱž–ȱŒŠ›¤ŒŽ›ǰȱŽę—’˜ȱ™Ž•ŠȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱ
material e formal do lugar. É preciso perguntar: como é o terreno que ™’œŠ–˜œǰȱŒ˜–˜ȱ·ȱ˜ȱ›’˜ǰȱŒ˜–˜ȱ·ȱŠȱ™Š’œŠŽ–ǰȱ˜ȱ‘˜›’£˜—Žǰȱ™Š›Šȱ™˜Ž›–˜œȱ
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
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entender a poética ou o carácter desse lugar. Os lugares encontram-­‐‑se atrás de nomes e por isso nos remetem para coisas concretas, da vida quotidiana. Lugares nomeados e como tal existentes, reais na irrealida-­‐‑
de que lhe conferimos. Assim falamos do Romesal, de Vale Abraão, do Vesúvio, das Jacas, etc. Para Agustina Bessa-­‐‑Luís, a paisagem de eleição, a partir da qual vão ŽŸ˜•ž’›ȱŠœȱ™Ž›œ˜—ŠŽ—œȱŽȱŠœȱ™Š’¡äŽœǰȱ·ȱŠȱ™Š’œŠŽ–ȱ˜ȱ—˜›Žǯȱȱ™›˜ŸÇ—Œ’Šȱ
mítica torna-­‐‑se também elemento vital do imaginário. O rio Douro é evocado constantemente como elemento cósmico. Esse Douro que “não teve cantores(...) e, no entanto, Dante tê-­‐‑lo-­‐‑ia amado e preferido(...)”5ȹǯ
Na relação homem/espaço, é fundamental a noção de habitar. Logo que o homem habita, ele está simultaneamente situado num espaço e Ž¡™˜œ˜ȱŠȱž–ȱŽŽ›–’—Š˜ȱ–Ž’˜ǯȱœȱžŠœȱž—³äŽœȱ™œ’Œ˜•à’ŒŠœȱ’—Ž›Ž—Žœȱ
ao habitar podem chamar-­‐‑se de orientação e ’Ž—’ęŒŠ³¨˜: para adquirir ž–ȱŽ•˜ȱŒ˜–ȱŠȱŸ’Šǰȱ˜ȱ‘˜–Ž–ȱŽŸŽȱœŽ›ȱŒŠ™Š£ȱŽȱœŽȱ˜›’Ž—Š›DZȱŽŸŽȱœŠ‹Ž›ȱ
˜—ŽȱŽœ¤Dzȱ–ŠœȱŠ–‹·–ȱŽŸŽȱœŽ›ȱŒŠ™Š£ȱŽȱœŽȱ’Ž—’ęŒŠ›ȱŒ˜–ȱ˜ȱ–Ž’˜ǰȱœŠ‹Ž›ȱ
Œ˜–˜ȱ·ȱŒŽ›˜ȱ•žŠ›ǰȱŒ˜—‘ŽŒ¹Ȭ•˜DZȱȃž—Žȱ‹˜——Žȱ’–ŠŽȱžȱ–’•’Žžȱ˜——Žȱ¥ȱœ˜—ȱ
détenteur un sens de profonde sécurité émotive”6ȹǯȱŽ—˜ȱŠȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱ
ŽȱŠȱ’Ž—’ęŒŠ³¨˜ȱ˜’œȱŠœ™ŽŒ˜œȱž–Šȱ›Ž•Š³¨˜ȱŒ˜—Œ›ŽŠȱ˜ȱ‘˜–Ž–ȱŒ˜–ȱ˜ȱ
espaço, possuem contudo em relação ao todo que constituem um certo grau de independência: é possível orientarmo-­‐‑nos sem uma verdadeira ’Ž—’ęŒŠ³¨˜Dzȱ™›˜ŒŽŽ–˜œȱœŽ–ȱ—˜œȱœŽ—’›–˜œȱŽ–ȱŒŠœŠǯȱ1ȱ˜ȱŒŠœ˜ȱŽȱ–Šȱ
que, ao entrar no mundo com que sempre sonhou, se sente uma princesa sem reino, não se reconhecendo na sociedade provinciana, onde, por casamento, entra. Pelo contrário, podemos muito bem sentirmo-­‐‑nos em casa sem ter plena consciência da estrutura espacial do local. É contudo necessário salientar que o habitarȱ™›Žœœž™äŽȱŠ—ŽœȱŽȱ–Š’œȱŠȱ’Ž—’ęŒŠ³¨˜ȱ
Œ˜–ȱ˜ȱ–Ž’˜ǯȱȱ’Ž—’ęŒŠ³¨˜ȱœ’—’ęŒŠǰȱ—˜ȱ—˜œœ˜ȱŒ˜—Ž¡˜ǰȱ˜›—Š›ȬœŽȱŠ–’˜ȱ
de determinado meio. Ema Paiva entra no Vesúvio e sente-­‐‑se em casa. Sente-­‐‑se cúmplice da Senhora, da casa, do rio, da atmosfera que nesse •žŠ›ȱ ™Š’›Šǯȱ Ž—’ęŒŠ³¨˜ȱ Žȱ ˜›’Ž—Š³¨˜ǰȱ œ¨˜ȱ Šœ™ŽŒ˜œȱ ™›’–¤›’˜œȱ ˜ȱ œŽ›ȱ
—˜ȱ–ž—˜ǯȱȱ’Ž—’ęŒŠ³¨˜ȱ·ȱŠȱ‹ŠœŽȱ˜ȱœŽ—’–Ž—˜ȱ‘ž–Š—˜ȱŽȱ™Ž›Ž—³Šȱ
a um lugar: Ema passa toda a sua infância e adolescência no Romesal. Pertence a esse lugar ainda que a sua meta seja outra. É lá que se sente ‹Ž–ǰȱŽȱ·ȱ•¤ȱšžŽȱ›Ž›ŽœœŠǰȱŽ–ȱŽŸŠ—Ž’˜œǰȱšžŠ—˜ȱœŽȱœŽ—Žȱ–Š’œȱ’—Ž•’£ȱŽȱ
deprimida. Mais tarde, quando descobre o Vesúvio, sente o mesmo. É ˜ȱœŽžȱ›ŽŽ—Œ˜—›˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱŽœ™Š³˜ȱŽ››Šǯȱȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱŠ£ȱ˜ȱ‘˜–Ž–ȱž–ȱ
œŽ›ȱŽ–ȱŸ’ŠŽ–ȱȬȱ‹žœŒŠȱ˜ȱ•žŠ›ȱ–ǝ’Œ˜ȱ˜—ŽȱœŽȱœŽ—Žȱ‹Ž–ǯȱ˜–˜ȱ¨˜ǰȱ
errante sobre a terra na tentativa de encontrar o paraíso perdido. É esta a motivação de Ema: procura constante de algo que nunca teve mas šžŽȱ œ˜—‘˜žDzȱ ™›˜Œž›Šȱ Žȱ ž–Šȱ Ž•’Œ’ŠŽǰȱ ˜ȱ Š‹œ˜•ž˜ǯȱ ˜—ŠŽȱ Žȱ œŽȱ
encontrar, de encontrar a sua verdadeira essência, o seu verdadeiro ser, o seu espaço. Homo ViatorDzȱ™˜›šžŽȱ˜ȱ‘˜–Ž–ȱœŠ’ǰȱœ˜—‘ŠǰȱŸ’Š“Šǰȱ™Š›ŠȱœŽȱ
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Helena Maria Lopes Pires Genésio
encontrar, para se conhecer. A verdadeira liberdade passa pela pertença a um lugar, pela ligação, pelo elo a um espaço concreto. Ulisses regres-­‐‑
œ˜žȱŠȱŒŠœŠȱ—˜ȱę–ȱŠȱœžŠȱ˜’œœŽ’ŒŠȱŸ’ŠŽ–ǯȱ–Šȱ›Ž›ŽœœŠȱŠȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱ
concreto, ao seu Romesal da infância, único e verdadeiro lugar a que de facto pertenceu um dia. Ž›Ž—ŒŽ›ȱ Šȱ ž–ȱ •žŠ›ȱ œ’—’ęŒŠȱ Ž›ȱ ž–ȱ Š™˜’˜ȱ Ž¡’œŽ—Œ’Š•ǰȱ ž–Šȱ ‹ŠœŽȱ
Ž¡’œŽ—Œ’Š•ǯȱžŠ—˜ȱŽžœȱ’£ȱŠȱ¨˜ȱ—˜ȱ•’Ÿ›˜ȱ˜ȱŽ—Žœ’œȱȬȱŽ››Š—ŽȱŽȱž-­‐‑
gitivo tu serás sobre a terra -­‐‑ colocou ao homem o problema existencial: percorrer caminhos múltiplos para ganhar de novo o lugar perdido. œœ’–ȱ̞’žȱŠȱŸ’ŠȱŽȱ–ŠDZȱŽ››Š—Žȱœ˜‹›ŽȱŠȱŽ››Šǰȱ›Ž›Žœœ˜žȱ—˜ȱꗊ•ȱŠȱ
sua longa viagem ao lugar de origem, ao Romesal.
3. A Casa
˜˜ȱ ˜ȱ Žœ™Š³˜ȱ ‘Š‹’Š˜ȱ Ž–ȱ Šȱ Žœœ¹—Œ’Šȱ Šȱ —˜³¨˜ȱ Žȱ ŒŠœŠǯȱȱ ŒŠœŠȱ
™Ž›–’Žȱ ŽŸ˜ŒŠ³äŽœȱ Žȱ ŽŸ˜ŒŠ—˜ȱ Šœȱ •Ž–‹›Š—³Šœȱ Šȱ ŒŠœŠǰȱ Š’Ÿ’—‘Š–˜œȱ
valores de sonho. A casa é uma das maiores forças de integração para os pensamentos, lembranças e sonhos do homem. A arte de Agustina é exemplar na captação da íntima ligação da casa com os seus habitantes. A casa é um espaço profundíssimo onde o imaginário se concentra em absoluto desde a infância, e se concentra a nível de símbolos, arquétipos, imagens obsessivas. A vida começa no terraço da casa e esta assume-­‐‑se como algo de feminino, de maternal. À casa ligam-­‐‑se imagens de bem estar, de confronto, de acolhimento e por isso a ela regressamos constantemente. Desse modo as lembranças ŽȱŠœȱ–Ž–à›’ŠœȱŽȱž–ȱŽ–™˜ȱŸ’Ÿ’˜ȱ˜žȱœ˜—‘Š˜ȱœŽȱ–Š—¹–ȱŸ’ŸŠœǯȱ˜˜ȱ
o passado vem viver, pelo sonho, numa casa nova. É no Vesúvio, local onde Ema se sente bem, se sente como se estivesse em casa, que recorda o Romesal e a sua família. Por essa infância permanente, preservamos a poesia do passado. Habitar oniricamente a casa natal é mais do que habitá-­‐‑la pela lembrança, é viver na casa desaparecida tal como ali a œ˜—‘¤–˜œȱž–ȱ’ŠǯȱŠ›ŠȱŠ•·–ȱŠœȱ•Ž–‹›Š—³ŠœǰȱŠȱŒŠœŠȱ—ŠŠ•ȱŽœ¤ȱ꜒ŒŠ-­‐‑
mente inserida em nós. Ela é um grupo de hábitos orgânicos gravados em nós. Ema, nos momentos em que regressa a casa, depois das suas viagens, sente-­‐‑se bem a desempenhar tarefas e trabalhos domésticos, ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽ—˜ȱŒ‘Ž’›˜œȱŽȱ›žÇ˜œȱŒ˜–˜ȱŠ£Ž—˜ȱ™Š›Žȱž–ȱž—’ŸŽ›œ˜ȱŠȱšžŽȱ
Ž•Šȱ™Ž›Ž—ŒŽȱŽȱšžŽǰȱŽ–ȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›ŽŸ’œ’Š›ȱŽȱŸŽ£ȱŽ–ȱšžŠ—˜ǯȱȱ
casa transforma-­‐‑se assim num corpo de imagens que dão ao homem ›Š£äŽœȱ˜žȱ’•žœäŽœȱŽȱŽœŠ‹’•’ŠŽǰȱ™˜›šžŽȱ·ȱ˜ȱœŽžȱŒŠ—˜ȱ˜ȱ–ž—˜ǰȱ˜ȱœŽžȱ
primeiro universo. Para quem sabe escutá-­‐‑la, a casa do passado é um Œ˜—“ž—˜ȱŽȱŽŒ˜œǰȱŽȱŸ˜£ŽœǰȱŽȱœ˜—œǰȱŽȱ›žÇ˜œȱŠ–’•’Š›ŽœǰȱǗ’–˜œǰȱ—˜œœ˜œǯȱ
No equilíbrio íntimo da casa, tomamos consciência do espaço feminino. œȱ‘˜–Ž—œȱœàȱœŠ‹Ž–ȱŒ˜—œ›ž’›ȱŒŠœŠœDzȱ‘Š‹’¤Ȭ•ŠœǰȱŒŠ‹Žȱ¥œȱ–ž•‘Ž›ŽœǯȱŽœŠȱ
perspectiva é a mulher que habita, que constrói o espaço de intimidade A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
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ŽǰȱŠ˜ȱŠ£¹Ȭ•˜ȱŽœ¤ȱŠȱŒ˜•˜ŒŠ›ȱ—ŽœœŽȱŠ£Ž›ǰȱŠȱœžŠȱ˜›–ŠȱŽȱŽœŠ›ǯȱȱ–ž•‘Ž›ȱ
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Habitar a casa é preenchê-­‐‑la. Nessa perspectiva a casa, mais do que a paisagem, é um estado de espírito. A casa, os compartimentos, recolhem e representam muita da nossa intimidade e dos nossos segredos: “... um šžŠ›˜ȱ˜—Žȱ›Žœœ˜ŠŸŠ–ȱœ˜—œǰȱ™Š•ŠŸ›ŠœDzȱ˜—Žȱž˜ȱœŽȱ–˜Ÿ’ŠȱŽȱ™˜œœžÇŠȱ
uma elasticidade confortável.” (V.A. pág. 14) Paralelamente há objectos šžŽȱŽœŽ–™Ž—‘Š–ȱŠȱ–Žœ–Šȱž—³¨˜ǯȱ¹–ǰȱŒ˜–˜ȱ—àœǰȱ™˜›ȱ—àœȱŽȱ™Š›Šȱ—àœǰȱ
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cumpridos um salão dourado cheio de fadas e amores com asas, como ŠœȱŠœȱŠŸŽœǯȱž˜ȱ‹›’•‘ŠŸŠȱŽȱŽœ™Ž’Šȱž•˜›Žœǰȱ˜ȱ™›Žœ·™’˜ȱŽ›Šȱ˜››Š˜ȱŽȱ
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-­‐‑se para uma carícia.” (V.A. pág. 267)
O espaço casa é um espaço íntimo, feminino, onde a mulher preserva a œžŠȱž—’ŠŽǯȱȱŒŠœŠȱ·ȱž–ȱ™à•˜ȱŒŽ—›Š•’£Š˜›Dzȱ·ȱ˜ȱ•žŠ›ȱŽȱ˜—ŽȱœŽȱœŠ’ȱŽȱ˜ȱ
lugar onde se entra. As casas são espaços sociais, são espaços fantásticos, são espaços imaginários. Para Ema o espaço casa nunca deixou de ser vis-­‐‑
to como um espaço biblot. Ema repudiava todos os trabalhos domésticos, o papel de dona de casa não era o seu forte, “... tinha hora marcada no –ŠœœŠ’œŠǰȱ™ŠœœŠŸŠ–ȬœŽȱ˜œȱ–˜Ž•˜œȱŽȱ™›’–ŠŸŽ›Šȱ—ž–ȱ‘˜Ž•ǯǯǯȱ‘ŽŠŸŠȱ
a casa desfeita... Nem sequer estava a par do serviço da casa, as criadas pareciam-­‐‑lhe iguais, só as batas lhe assentavam melhor ou pior. Já não œŽȱ•Ž–‹›ŠŸŠȱŽȱŽ›ȱŽœ™Ž’˜ȱž–ŠȱŒ›’ŠŠDzȱŽ•Šœȱ·ȱšžŽȱœŠÇŠ–ǰȱ—Ž›Ÿ˜œŠœǰȱ
fartas, cheias de exigências com que superavam as suas necessidades de mudança e as catástrofes de insedução de tudo” (V.A. pág. 74).
1ȱŠ–‹·–ȱ—˜ȱŽœ™Š³˜ȱŒŠœŠȱšžŽȱ–Šȱ–ŠŽ›’Š•’£ŠȱŠȱœžŠȱ’—Œ˜—œ¦—Œ’ŠȱŽȱ
os seus devaneios. Ema tem necessidade de alterar constantemente a decoração da casa, procurando assim um escape para as suas frequentes Š•Ž›Š³äŽœȱŽȱŽœ™Ç›’˜ǰȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱ’—œŠ’œŠ³¨˜ǯȱ–ŠȱœŽ—’ŠȬœŽȱ¥œȱŸŽ£Žœȱ
ž–Šȱ’—ø’•ǯȱȱœŽ—’ŠȬœŽȱ’—ø’•ȱ—ŠȱœžŠȱŒŠœŠȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŒ‘Ž’ŠȱŽȱ˜‹“ŽŒ˜œȱ
discordantes. Ao mesmo tempo, sentia-­‐‑se tentada a construir um uni-­‐‑
ŸŽ›œ˜ȱŽȱ›’žŠ’œȱŽœ¤ŸŽ’œǯȱœȱŸŽ£ŽœȱŠ››Ž™Ž—’ŠȬœŽȱ˜ȱœŽžȱŽœ›Ž›Š–Ž—˜ǰȱ
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simples, de casa.
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Helena Maria Lopes Pires Genésio
3.1 As Casas de Vale Abraão
3.1.1 O Romesal
O Romesal, na margem direita do Douro, foi o local onde Ema passou a sua infância e juventude. Ema criou neste espaço fechado o seu mundo, mantendo contudo com o espaço circundante uma relação de intimida-­‐‑
Žǯȱȱ˜–ŽœŠ•ȱ·ȱŠŒ’–ŠȱŽȱž˜ȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱ’—Ž—œ˜ǰȱ™›˜ž—˜Dzȱž—’ŸŽ›œ˜ȱ
mítico que povoará sempre a memória de Ema. Das janelas do Romesal avistava-­‐‑se o Vale Abraão -­‐‑ espaço mítico: terra de Paivas e Semblanos. ¨˜ȱŽ›Šȱž–ȱ–Ž›˜ȱ•žŠ›ǰȱ–Šœȱž–ȱ•žŠ›ȱŽȱ›ŠÇ£ǰȱž–ȱ™›˜•˜—Š–Ž—˜ȱŠȱ
vida de cada um, terra conhecida pelo nome das famílias que, desde Ž–™˜œȱ’–Ž–˜›’Š’œǰȱŠȱ‘Š‹’ŠŸŠ–Dzȱȃ–ȱVale Abraão não havia, como no Romesal, o povo...” (V.A. pág. 41) Agustina deixa transparecer esta ligação profunda, umbilical que liga ˜ȱœŽ›ȱ¥ȱŽ››ŠȱŽȱŠȱšžŠ•ȱŽ•Žȱ—¨˜ȱœŽȱ™˜Žȱ—Ž–ȱŽŸŽȱŽ–Š—Œ’™Š›ǰȱšžŠ—˜ȱŠ™›Ž-­‐‑
senta as Paivoas. Se o vale é terra de Paivas, marcado pela sua presença Š–‹·–ȱŽœœŠœȱꕑŠœȱŠȱŽ››Šȱ™Ž›Ž—ŒŽ–ȱŠ˜ȱŸŠ•ŽǰȱŠ™ŽœŠ›ȱŽȱŸ’ŸŽ›Ž–ȱŽ–ȱ
Lisboa: “ As Paivoas, as quatro, entre viúvas e divorciadas, mantinham a memória da província esgotando as palavras de homenagem, esque-­‐‑
ŒŽ—˜ȱŠȱ›žŽ£ŠȱšžŽȱ˜ȱ’–Š’—¤›’˜ȱŒ˜—ŸŽ›ŽȱŽ–ȱ•à›’ŠǯȄȱǻǯǯȱ™¤ǯȱŘşŜǼ
O Romesal, é-­‐‑nos apresentado como um verdadeiro microcosmos ˜—Žȱ œŽȱ ™›ŽœœŽ—Žȱ ž–ȱ Žšž’•Ç‹›’˜ȱ ›Ž’—Š—Žǰȱ Šȱ ’—Ěž¹—Œ’Šȱ ž–Šȱ ˜›Ž–ȱ
Š—’ŠȱŽȱŽœ¤ŸŽ•ǯȱ1ȱŠ’—Šȱž–ȱ›Žž˜ȱ™›˜Ž’˜ȱŽȱ’—Ěž¹—Œ’ŠœȱŽ¡Ž›—ŠœȱŽȱ
perturbadoras, que evoca o próprio espaço paradisíaco, para usarmos ž–Šȱ•’—žŠŽ–ȱ‹Ç‹•’ŒŠȱšžŽȱ˜ȱ™›à™›’˜ȱ›˜–Š—ŒŽȱŠž˜›’£ŠǰȱŒ˜–ȱŠœȱœžŠœȱ
Š•žœäŽœȱŠȱ™Ž›œ˜—ŠŽ—œȱ‹Ç‹•’ŒŠœǯȱ1ȱž–ȱŽœ™Š³˜ȱœ˜•Š›ǰȱ•ž–’—˜œ˜ǰȱ˜—Žȱž˜ȱ
parece obedecer a rituais que convocam uma antiga ordem e favorecem ž–Šȱ’—’–’ŠŽȱŒ˜–ȱŠȱ—Šž›Ž£Šǯȱ’žŠ’œȱ›ŽŸŽ•Š˜›ŽœȱŽȱž–Šȱ’—¦–’ŒŠȱ
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nunca a desligar mesmo depois de ter abandonado esse espaço que é a ŒŠœŠȱ™ŠŽ›—Šǰȱ–ŠȱŽ—›ŽŠȬœŽȱ™˜›ȱŸŽ£ŽœǰȱŽœ™ŽŒ’Š•–Ž—ŽǰȱšžŠ—˜ȱœŽȱœŽ—Žȱ
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™¤’˜ȱŠȱŽ—›ŠŠǰȱŸŽœ’ŠȱŒ˜–ȱž–Šȱ‹ŠŠȱŽœ‹˜ŠŠȱŽȱ¥œȱŸŽ£ŽœȱŽœŒŠ•³Šǯȱ
Gostava do calor das pedras nos pés nus e da brisa que arrefecia o suor no corpo sem roupa de baixo.” (V. A. pág. 102). Recorda ao mesmo tempo os ruídos e os cheiros da casa da infância, coisas aparentemente sem importância mas que reveladoras duma profunda relação com essa casa -­‐‑ verdadeiro e único lugar a que de facto pertenceu e onde regressa, –˜›ŠDZȱȃȬȱ˜ȱ˜–ŽœŠ•ǰȱŽœ¤ȱ‹Ž–ǯȱ1ȱ“žœ˜ȱšžŽȱꚞŽȱŠ˜ȱ™·ȱ˜œȱ™Š’œȄȱǻǯǯȱ
pág. 303) O Romesal garantira-­‐‑lhe unidade. E para a sua formação mui-­‐‑
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
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to esta casa contribuiu. Aí se fechou depois de abandonar o colégio. O Romesal é uma espécie de corte fechada de sabor quase medieval donde –Šȱ—¨˜ȱ˜œŠŸŠȱŽȱœŠ’›DZȱȃ–Šȱ—¨˜ȱ˜œŠŸŠȱŽȱœŠ’›ǯȱ·ȱŠ˜œȱšž’—£ŽȱŠ—˜œǰȱ
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(V.A. pág. 17)
Ema passava o seu tempo em casa ganhando assim o gosto por tudo o que lhe pertencia, gostava do espaço doméstico que de resto dominava bem como se sentia bem com toda a corte de criadas que a idolatrava: ȃœŠŸŠǰȱŒ˜–˜ȱœŽȱ’£’Šǰȱž–ŠȱœŽ—‘˜›ŠǰȱŽȱ›Ž’—ŠŸŠȱ—˜ȱ–Ž’˜ȱŠœȱŒ›’ŠŠœȱŒ˜–˜ȱ
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Œ˜–™•ŽŠ›ȱŽœŽȱšžŠ›˜ȱŽȱ˜œ˜ȱ–Ž’ŽŸŠ•ǰȱŽœŠŸŠȱŽ•œ˜—ȱ˜ȱꕑ˜ȱŽȱŠ-­‐‑
bília: “Ele era o seu pajem e o seu trovador. Sabia versos e lendas, falava até latim.” (V.A. pág. 36 / 37) Eis o ambiente em que cresce Ema e que cria nela a sensação de domínio dos outros. Marcante a ligação de Ema ao lugar onde nasceu e que a envolveu de tal forma que para ela agir ·ȱœŽ–™›Žȱœ’—à—’–˜ȱŽȱ’—Ž›Ÿ’›ǯȱŽ–ȱž–Šȱ–ŽŠȱŠȱŠ’—’›ȱȬȱVale Abraão. E das janelas do Romesal todos os dias olhava o grande e fresco vale: “Era um mundo que a chamava e desde a infância a enchia de desejos, como os de uma bailarina que não pisou o palco e ainda espera a sua noite de estreia. Vale Abraão era a sua meta, o lado do espelho em que a realidade se desarticula para deixar só a candura das novas esperanças...” (V.A. pág. 303) Este vale é a sua meta, o seu objectivo, o seu desejo. É objecto de observação durante muito tempo o que também denota a atenção que Ema dava ao espaço circundante. Atenção revelada através do seu ‘¤‹’˜ȱŽȱŽœ™›Ž’Š›ȱ˜ȱ–ž—˜ȱŠ›ŠŸ·œȱ˜œȱœŽžœȱ‹’—àŒž•˜œǯȱž›’˜œ’ŠŽȱ
pelo vale -­‐‑ sedutor espaço de acolhimento e universo mítico.
O começo da sua desilusão dá-­‐‑se no momento em que abandona o Romesal e se torna uma princesa sem reino. Se houve em Ema o desejo que a levou a abandonar o seu território e a conquistar outro -­‐‑ Vale Abraão -­‐‑ este espaço revelou-­‐‑se inibidor.
3.1.2 Vale Abraão
Vale Abraão é um lugar carregado com o peso da história, da cultura. ˜–˜ȱŽȱ›Žœ˜ȱ˜ȱœžŽ›ŽȱŠȱŽœŒ›’³¨˜ȱ’—’Œ’Š•ǯȱȱÇž•˜ȱ·ȱŽŽ›–’—Š—Žȱ™Š›Šȱ
as existências que nele habitam, sobretudo Ema, ser marcado por uma relação ambígua com o vale, dividida entre a sedução de um destino —à–ŠŠȱŽȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›ŽŠę›–Š›ȱŠȱ˜›³ŠȱŠ›ŠŒ’ŸŠȱŠœȱœžŠœȱ›ŠÇ£Žœǯȱȱ
O vale é a meta de Ema. Há pois na sua percepção enquanto espaço –ǝ’Œ˜ǰȱ ž–Šȱ ŒŽ›Šȱ ™˜Ž’£Š³¨˜ȱ ˜ȱ •žŠ›ǰȱ ž–Šȱ –’’ęŒŠ³¨˜ȱ ž–ȱ –ž—˜ȱ
que quando chegar o momento de o habitar, perceberá que não existe: ȃ˜–˜ȱšžŠ—˜ȱŠȱ“Š—Ž•Šȱ˜ȱ˜–ŽœŠ•ȱŽ•ŠȱŸ’ŠȱŠȱ›Š—ŽȱŠŒ‘ŠŠȱŠœȱŠŒŠœǰȱ
ŽȱŽ•ŠȱœŽȱ›Š—œ˜›–ŠŸŠǰȱ–Ž›Œ¹ȱŠȱ›ŠšžŽ£ŠȱŽȱ–Šǰȱ—ž–Šȱ’–ŠŽ–ȱ˜ȱœŽžȱ
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Helena Maria Lopes Pires Genésio
™›à™›’˜ȱŽœ™Ç›’˜ǰȱ™›˜—˜ȱŠȱŽ—›Š›ȱŽȱœø‹’˜ȱ—˜ȱŒÇ›Œž•˜ȱŽȱž–ŠȱŽ•’ŽǯȱŽŸŽȱ
mais tarde a decepção de ver essa casa em ruínas...” (V.A. pág. 296)
Ema aspira a ascender socialmente, queria reinar num mundo vasto que havia de a consagrar. O que realmente move Ema, é a busca de •’Š³¨˜ȱŠȱž–ŠȱŽ››ŠȱšžŽȱšžŽ›ȱ˜›—Š›ȱœžŠǯȱ1ȱ˜ȱšžŽȱ˜›—ŠȱŠ›•˜œȱŠ’ŸŠȱŠœ-­‐‑
Œ’—Š—ŽȱȬȱŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱŽȱŠȱ•ŽŸŠ›ȱ™Š›ŠȱŠšžŽ•Žȱ•žŠ›ȱ™˜›ȱŽ•Šȱ–’’ęŒŠ˜ǰȱ
™Š›ŠȱŠšžŽ•Žȱ–ž—˜DZȱȃ–ŠȱŽ’¡˜žȬœŽȱŽœ•ž–‹›Š›ȱ™Ž•Šȱ›Š—Ž£ŠȱœŽŒ›ŽŠȱ
dos lugares, esse Vale Abraão, derrotado, mas soberbo, com o seu padrão de demarcação ao canto do caminho solitário. Achou que não era tolice Š–Š›ȱ ˜˜ȱ ŽœœŽȱ ŠŽ›Ž³˜ȱ Žȱ ›’šžŽ£Šǰȱ šžŽȱ •‘Žȱ ŠŸŠȱ Žœ™Ž›Š—³Šȱ ™Š›Šȱ Ž•Šȱ
própria ser candidata a qualquer forma de glória.” (V.A. pág. 76) Preten-­‐‑
são ambiciosa que lhe será negada, mesmo quando, ainda adolescente, œŽȱŸŠ’ȱŠ™›ŽœŽ—Š›ȱ¥ȱœ˜Œ’ŽŠŽȱ—˜ȱ’ŠȱŠȱœžŠȱŒ˜–ž—‘¨˜ȱœž‹–ŽŽ—˜ȬœŽȱ
Š˜œȱ˜•‘Š›Žœȱ›Ž™›˜ŸŠ˜›ŽœȱŠœȱœŽ—‘˜›ŠœȱŽ••˜œǯȱ‘ŽŠ›Šȱ˜ȱ–˜–Ž—˜ȱŽ–ȱ
que Ema percebeu a rejeição que a acompanharia sempre -­‐‑ é o primeiro passo de Ema que a levará a perder a inocência. A má impressão que provoca nas senhoras Mello é um indício da difícil tarefa a que Ema se vai submeter para adquirir o tal poder sobre o mundo, sobre a sociedade. Ao abandonar o Romesal, Ema abandonará simbolicamente o paraíso e perderá a inocência. É neste momento que é forçada a amadurecer, num ambiente que lhe é adverso. –Šȱ•’Šȱ˜ȱŽœ™Š³˜ȱ˜ȱŠ•ŽȱŠ˜ȱŽœ™Š³˜ȱ™Ž›Ž’˜ǯȱŠ›ŠȱŠȱ–’’ęŒŠ³¨˜ȱŽœœŽȱ
Š•Žȱ–ž’˜ȱŒ˜—›’‹ž’žȱŠȱꐞ›ŠȱœÇ–‹˜•˜ȱ˜ȱ•žŠ›ȱŽȱŠȱŠ›’œ˜Œ›ŠŒ’ŠȱšžŽȱ
˜ȱ™˜Ÿ˜ŠȱȬȱŠ›’Šȱ˜ȱ˜›Ž˜ȱŽ–‹•Š—˜ǯȱž•‘Ž›ȱ’œŠ—ŽǰȱŽ–ȱ¥ȱœžŠȱŸ˜•Šȱ
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quando, encerrada no Romesal, era também princesa reinante de uma ™ŽšžŽ—ŠȱŒ˜›ŽȱšžŽȱ•‘ŽȱŽ›Šȱ’—Ž›’˜›ǯȱ’œŠ—Žœȱœ’–ȱ™˜›šžŽȱŠȱ‹Ž•Ž£ŠȱŽȱ–Šǰȱ
a profunda sensualidade do seu corpo e do seu gesto, longe estavam da mulher casta e recolhida que era Maria Semblano. Ema era sensual e perigosa, tinha uma presença física ameaçadora, como o prova o célebre episódio dos acidentes que provoca nos automobilistas que se deixavam envolver pela sua arrebatadora presença na varanda. Ema chega ao Vale ™Ž•Šȱ–¨˜ȱŽȱŠ›•˜œȱŠ’ŸŠǯȱ—Žȱ™Ž—œŠȱ›Ž’—Š›ǰȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽȬœŽȱ™›’—ŒŽœŠȱœŽ–ȱ
reino. Sob o olhar dum colectivo que a rejeita Ema toma consciência de šžŽȱ˜ȱŠ•Žȱ–Š’œȱ—¨˜ȱ·ȱ˜ȱšžŽȱ’•žœäŽœȱ™Ž›’Šœǯȱ–ŠȱœŽ—ŽȬœŽȱ•˜›ŠŠȱ
pela mediocridade que começa a descobrir e o primeiro sinal é-­‐‑lhe dado ™Ž•ŠȱŒŠœŠȱšžŽȱŸŠ’ȱ‘Š‹’Š›ǯȱȱŒŠœŠȱŽȱŠ›•˜œȱŠ’ŸŠȱ·ȱ–ž’˜ȱ™’˜›ȱ˜ȱšžŽȱŠȱ
casa de seu pai, o Romesal -­‐‑ “A casa que Ema encontrou em Vale Abraão não se comparava com o Romesal. Era mais acanhada, mais escura, com móveis baratos , louçeiros de alçado onde se viam muitas xícaras rachadas Žȱ™’›Žœȱœ˜•˜œǯȱœȱŒ˜›’—Šœȱ™’—ŠŸŠ–ȱ˜œȱŸŠ›äŽœȱŽȱ—¨˜ȱœŽȱ’—‘Š–ȱœž‹œ’ž-­‐‑
ído desde que a última Paivoa se casara e fora viver para Lisboa.” (V.A. ™¤ǯȱśŘǼȱ1ȱŽœŠȱŠȱŒŠœŠȱšžŽȱ–Šȱ‘Š‹’ŠȱŽ™˜’œȱ˜ȱŒŠœŠ–Ž—˜ȱŒ˜–ȱŠ›•˜œȱ
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
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Paiva. Desiludida mas não vencida, procura ser aceite no novo mundo em que agora vive. O seu primeiro confronto real com essa sociedade que no fundo desconhece, é nas Jacas -­‐‑ propriedade de Pedro Lumiares. As Jacas pareceram a Ema um castelo cujas portas se abriam magica-­‐‑
–Ž—Žǯȱ˜—ž˜ǰȱŠ˜ȱŽ—›Š›ȱ—ŠȱŒŠœŠȱŽȱŽ›˜ȱž–’Š›Žœǰȱ–ŠȱŸŠŒ’•ŠǰȱœŽ—Žȱ
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ȬœŽȱŠȱœžŠȱ’—œ’—’ęŒ¦—Œ’ŠDZȱȃ–ŠǰȱšžŽȱ™›˜Ÿ’—‘Šȱž–ŠȱŒŠœŠȱœ˜‹Ž›Š—ŠȱŽȱ
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Š’—Šȱ¨˜ȱ—Šž›Š•ȱŒ˜–˜ȱœŽ—¤Ȭ•Šȱ¥ȱ–ŽœŠȱŽȱœŽ›Ÿ’Ȭ•ŠȱŽ•Šȱ™›à™›’ŠǰȱœŽ—’žȬœŽȱ
ŽœŠŠ™ŠŠǯȱǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱ˜ȱ‹Š’•ŽȱŽ£ȱ—Ž•Šȱž–Šȱ’–™›Žœœ¨˜ȱž•–’—Š—Žǯȱ
Mediu, de repente, a sua situação de jovem esposa de um homem me-­‐‑
diocre” (V.A. pág.49)
–Šȱ—ŠšžŽ•Šȱ‹Š’•Žȱ™Ž›ŒŽ‹Žȱ™Ž›Ž’Š–Ž—Žȱ˜ȱšžŽȱŠȱŽę—ŽǯȱȱœžŠȱ‹Ž•Ž-­‐‑
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própria que lhe não reconhecem valor nenhum. Ema surge pois como ameaça. “Achavam-­‐‑na extravagante, o que estava perto de a acharem –Š•ȱŒ˜–™˜›ŠŠǯȄȱǻǯǯȱ™¤ǯȱŘşŚǼȱ1ȱ˜•‘ŠŠȱŒ˜–ȱŽœŒ˜—ꊗ³ŠȱŽȱ™˜œŠȱ¥ȱ
–Š›Ž–ǯȱ˜›–ŠȬœŽȱ¥ȱœžŠȱŸ˜•Šȱž–ȱŒŠ–™˜ȱŽȱ˜›³ŠœȱŠŸŽ›œŠœǯȱȱœ˜Œ’ŽŠŽȱ
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atenção. Os outros homens evitavam-­‐‑na. Só um deles, primo de Pedro Lumiares, a foi buscar para dançar.
ȱ‹Š’•ŽȱŒŠžœ˜žȱŽ–ȱ–Šȱž–ŠȱœŽ—œŠ³¨˜ȱž•–’—Š—ŽDzȱ—ž—ŒŠȱ–Š’œȱœŽȱ›Ž-­‐‑
petiu e no entanto, Ema não mais o esqueceu -­‐‑ é o início de uma invejosa luta pelo prestígio e pelo poder que não tem, numa sociedade mesquinha e provinciana. Via-­‐‑se a dançar nos braços de Fernando Osório e dele construiu uma imagem ideal que cultivou. O seu percurso futuro será orientado no sentido de se tentar elevar acima dessa imagem de mediocridade que nesse baile em si reconhece ŽȱŽȱšžŽȱ™Ž›ŸŽ›œŠ–Ž—Žȱ˜œȱ˜ž›˜œȱ›Ž’›Š–ȱ™›Š£Ž›ȱŽ–ȱ•‘ŽȱŠ£Ž›ȱ—˜Š›ǯȱ
O grupo social ignora-­‐‑a recusando-­‐‑se a pronunciar-­‐‑lhe o nome era apenas e só a mulher do doutor. Mais tarde é este mesmo grupo que a ‹Š™’£Šȱ™Ž›ŸŽ›œŠ–Ž—ŽȱŒ˜–ȱ˜ȱ—˜–ŽȱŽȱbovarinha. O vale, se por um lado é “lugar de delícias” tem também “algo de tenebroso”. É também apresentado como um espaço tendente ao caos, perturbado por mudanças e em pleno processo de degradação a nível de valores evocados por uma ordem antiga em vias de desaparecimen-­‐‑
to. “Vale Abraão mudara radicalmente. Havia tentativas para manter as ™›˜™›’ŽŠŽœȱ—Šȱ–¨˜ȱ™›’ŸŠŠǰȱ–ŠœȱŠȱ›žÇ—ŠȱŠ–ŽŠ³ŠŸŠȱŠœȱ–Ž•‘˜›ŽœDzȱŽȱŠȱ
pequena lavoura afundava-­‐‑se com aquela insensata fantasia de se morrer patrão de si mesmo” (V.A. pág. 276) Ema habita um espaço perturbado pelo efeito devastador de uma revolução que provoca uma crise de va-­‐‑
lores tal, que quase todos os indivíduos que nele habitam, são tocados 146
Helena Maria Lopes Pires Genésio
™Ž•Šȱ•ŽŸŽ£Šȱ˜ȱŽœŽ—›Š’£Š–Ž—˜ȱŽȱ™Ž•Šȱ™Ž›ž›‹Š³¨˜ȱ˜œȱŒ˜œž–ŽœǰȱŠ—Žœȱ
™›˜ž—Š–Ž—Žȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜œȱŽȱŠ˜›ŠȱšžŠœŽȱœŽ–ȱœŽ—’˜ǯȱȃVale Abraão estava em completa decadência, e já ninguém vivia nas casas que iam recebendo golpes dos Invernos e deixando ver os seus tabiques como ŽœšžŽ•Ž˜œȱ ›ŽŸŽ•Š˜œȱ ™˜›ȱ ›Š’˜›ŠęŠœǯȄȱ ǻǯȱǯȱ ™¤ǯȱ řŖŚȦřŖśǼǯȱ 1ȱ ž–Šȱ
·™˜ŒŠȱŽȱ–˜›ŽȱŽȱ’—œ’ž’³äŽœǰȱŽȱŸŠ•˜›ŽœǰȱŽȱŒ˜—œž–’œ–˜ǯȱ–ŠŽ–ȱŽȱ
um mundo degradado e alienado, onde apenas e só se destacam alguns ›Žœ’œŽ—Žœȱ‘Ž›à’Œ˜œȱ¥œȱ–žŠ—³Šœȱ˜ȱ–ž—˜ǰȱ™˜›ȱŽ¡Ž–™•˜ǰȱŠ›’ŠȱŽ–-­‐‑
blano e Pedro Lumiares. Ema animada das suas febres de ambição pessoal, é também tocada pelos efeitos de corrupção que atinge o vale. Assim, trai os seus próprios ’ŽŠ’œȱŽȱŠ™Ž˜ȱ¥ȱŽ››ŠȱšžŠ—˜ȱœŽȱŠ•’ŠȱŠȱž–ȱ‘˜–Ž–ȱšžŽȱœ’–‹˜•’£Šȱ˜ȱ
desapego total ao lugar: Fernando Osório, neto da Senhora. Ema, liga-­‐‑
-­‐‑se a ele por ser “rico, comprometido na política” e por ter “alianças apreciáveis” (V.A. pág. 74)
–Šȱ·ȱŠ•ž·–ȱšžŽȱŽœŽȱŠȱ’—¦—Œ’ŠǰȱŽȱ˜ŠȱŠȱœžŠȱŸ’ŠǰȱœŽȱŽę—Žȱ™Ž•Šȱ
Œ˜—œŒ’¹—Œ’ŠȱŽȱž–Šȱ™Ž›ŠȱŸ’Š•ȱŽȱ•žŠ›Žœȱ˜žȱœž™˜›ŽœȱŽȱ’Ž—’ęŒŠ³¨˜DZȱ
Š•˜žȬ•‘Žȱ Šȱ ꐞ›Šȱ –ŠŽ›—ŠDzȱ Š•˜žȬ•‘Žȱ Šȱ Ž››Šȱ –¨Žȱ šžŽȱ •‘Žȱ ›ŽŒžœ˜žȱ ˜ȱ
lugar que precisava de ocupar. O drama de Ema é um drama de desen-­‐‑
›Š’£Š–Ž—˜ǯȱ–ŠȱœŽ—ŽȬœŽȱŽœ™›˜Ž’ŠȱœŽ–ȱœŠ‹Ž›ȱ˜—ŽȱŽȱŒ˜–˜ȱœŽȱ‘¤ȬŽȱ
ę¡Š›ǯȱ¹ȬœŽȱ™˜’œȱ•ŽŸŠŠȱŠȱŽ–‹Š›ŒŠ›ȱ—˜ȱ›’–˜ȱšžŽȱ˜›Ž—Šȱ˜ȱ–ž—˜ȱ˜œȱ
seus semelhantes, mas ao mesmo tempo excluída dele. Assim opta por viagens, multiplicando percursos que a levam sempre para longe do seu lugar. Mas algo dentro dela a impele sempre a voltar, a permanecer junto ŽȱŠ›•˜œȱŽȱŠȱ—¨˜ȱŽœ’œ’›ȱ˜ȱœŽžȱ™›˜“ŽŒ˜ǯȱž‹“ŠŒŽ—Žȱ¥ȱŽŠ–‹ž•Š³¨˜ȱŽȱ
Ema pelo mundo está a necessidade de se ausentar, de se desligar do seu Žœ™Š³˜ǯȱ1ȱŒ˜–˜ȱœŽȱ’ŸŽœœŽȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱœŽȱ™â›ȱ¥ȱ™›˜ŸŠǯȱ’œŠ—Œ’ŠŸŠȬœŽȱ
do objecto do desejo para experimentar o efeito da saudade. É preciso Ž›ȱ›ŠÇ£Žœȱ‹Ž–ȱž—Šœȱ—ž–ȱ•žŠ›ȱ™Š›ŠȱŠšž’›’›ȱœŽ—’–Ž—˜œȱŽȱ™Ž›Ž—³Šȱ
ŠȱŽ•Žǯȱ˜•ŠȱœŽ–™›Žȱ™˜›ȱ’œœ˜ȱŽȱŒ‘Ž’ŠȱŽȱŽ—Ž›’Šǯȱž˜ȱ—Ž•ŠȱŠ™˜—Šȱœ’–ž•-­‐‑
taneamente para a vontade de partir e para a vontade de permanecer.
3.1.3 O Vesúvio
É um lugar de sonho, um espaço fantástico. É pela mão de Fernando Osório que Ema entra neste espaço. No Vesúvio vive um idílio amoro-­‐‑
so mas mais do que isso, é no Vesúvio que Ema se reencontra com ela própria. Ema comunga no Vesúvio, do espírito do lugar: “A quinta era bastante importante, situada já nos limites do cachão. Um ermo. Um pequeno comboio de desvio passava-­‐‑lhe em frente, e o jardim da estação, ̘›’˜ȱŽȱŒ›’œŠȱŽȱŠ•˜ǰȱ™ž—‘Šȱ—Šȱ™Š’œŠŽ–ȱž–ȱœ˜››’œ˜ȱŒŠ›—Š•ǯȱ–Šȱ—¨˜ȱ
punha o pé fora de casa que não recebesse a impressão duma cratera esfriada dum vulcão.” (V.A. pág. 80)
O Vesúvio -­‐‑ espaço de intimidade -­‐‑ surge a Ema com uma consis-­‐‑
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
147
tência mítica. É lugar de suspensão de angústias que lhe transmite uma sensação de conforto e de acolhimento. No Vesúvio, Ema reconcilia-­‐‑se consigo e com o lugar. No Vesúvio recebe um poder regenerador que lhe renova as forças e o ânimo. Se no início frequentava o Vesúvio para se Ž—Œ˜—›Š›ȱŒ˜–ȱŽ›—Š—˜ǰȱŽ’¡ŠȱŽȱ˜ȱŠ£Ž›ȱ™˜›ȱŽœœŽȱ–˜’Ÿ˜ǯȱȃȱ™˜—˜ȱŽȱ
›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ–Š’œȱ’–™˜›Š—Žȱ™Š›Šȱ–ŠȱŽ›Šȱ˜ȱŽœøŸ’˜ǯȱ‘ŽŠŸŠȱŽȱ™Š›’ŠȱŽȱ
lá sem que Osório lhe pusesse a vista em cima, o que ele achava algo de propositado da parte dela...” (V.A. pág. 129) Regressa unicamente para se encontrar consigo na solidão que só esse lugar lhe permite e onde se reconhece: “Quando chegava ao Vesúvio(...) era para se integrar num território fantástico, que continuava a ser o seu principal património. O ˜–ŽœŠ•ǰȱŒ˜–ȱ˜ȱœŽžȱŽ’¡˜ȱŽȱ’–™›ŽŒŠ³äŽœȱŽȱŠ•Ž›’Šœǰȱ™Š›ŽŒ’Šȱ™›ŽŒ’™’Š›ȬœŽȱ
—ŠšžŽ•ŽȱŠ‹’œ–˜ȱ˜ȱŽœøŸ’˜ǰȱ—¨˜ȱ™Š›ŠȱœŽȱ™Ž›Ž›ǰȱ–Šœȱ™Š›ŠȱŠ£Ž›ȱ™Š›Žȱ˜ȱ
misterioso fundo da memória.” (V.A. pág. 142) Aí se sente reconciliada com a sua verdadeira imagem, porque se sente integrada no espírito desse lugar mítico, participando da lenda da sua antiga proprietária. –ŠȱŒ›’ŠȱŒ˜–ȱŽ•Šȱž–Šȱ›Ž•Š³¨˜ȱǗ’–ŠȱŽȱ’›ŽŒŠDzȱŽ•Šȱ›ŽŒŽ‹Žȱ–Ž—œŠŽ—œȱ
através do olhar quando contempla o seu retrato no Vesúvio: “Ema Œ˜—ŸŽ—ŒŽžȬœŽȱŽȱšžŽȱŠȱŽ—‘˜›Šȱ’—‘ŠȱŠ•˜ȱŠȱŒ˜—ꊛȬ•‘ŽȱŽȱšžŽȱŠȱ˜•‘ŠŸŠȱ
com particular insistência” (V.A. pág. 288). Ema absorveu o forte espírito da Senhora que elege para seu modelo: “Subitamente agarrou no ar a sombra da Senhora(...) e encarnou nessa imagem típica de proprietária que levantara toda a região ao nível dum condado. Falava como ela, Œ˜–ȱŠȱ™›˜—ø—Œ’Šȱ•˜ŒŠ•ȱšžŽȱ—ž—ŒŠȱ›Ž–Ž’˜žǰȱꎕȱŠ˜œȱ›’–˜œȱŠȱ’—¦—Œ’Šǰȱ
œŽ–ȱ˜›˜›ŠęŠǰȱŽ–‹Š•Š˜œȱ—ŠœȱŸŽ•‘Šœȱ˜—Š•’ŠŽœȱ™˜™ž•Š›ŽœǻǯǯǯǼȄȱǻǯǯȱ
™¤ǯȱŗŚřǼȱ1ȱŽ¡›Ž–Š–Ž—Žȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜ȱšžŽȱ–ŠȱŽ—Œ˜—›ŽȱŠȱ–˜›Žȱ—Šȱ
propriedade da Senhora -­‐‑ o Vesúvio -­‐‑ espaço que para ela se rodeia, a partir de certa altura, de um valor simbólico e afectivo muito particular ao qual ela se começa a apegar com a força de alma de quem precisa de um ponto de apoio. Há um certo culto de uma nostalgia de um paraíso perdido na constância dessas visitas rituais ao Vesúvio, o único destino ŒŽ›˜ȱ—ŠœȱŽŠ–‹ž•Š³äŽœȱšžŽȱ–ŠȱŠ£ǯȱ1ȱž–ȱ•žŠ›ȱšžŽȱŽ–ȱ™Š›ŠȱŽ•Šȱ˜ȱ
sabor de um refúgio, constituindo um ponto de referência importante. ȱ™›à™›’Šȱ™›˜Œž›ŠȱšžŽȱ–ŠȱŠ£ȱ˜ȱ›Ž’—˜ȱ•Ž—¤›’˜ȱŠȱŽ—‘˜›Šǰȱœ’—’ęŒŠȱ
ŽœœŠȱ ™›˜Œž›Šȱ Ÿ’Š•ȱ ’ŠŠȱ ™˜›ȱ ž–Šȱ Ÿ˜—ŠŽȱ Žȱ ™Š£ȱ ’—Ž›’˜›ǯȱ ¡’œŽȱ —˜ȱ
Vesúvio outro elemento que exerce particular atenção sobre Ema: o rio, massa escura que no lugar do Vesúvio atingia uma “profundidade tumular”. “Quando chegava ao Vesúvio, não era para se reunir com Ž›—Š—˜ȱœà›’˜Dzȱ–Šœȱ™Š›Šȱ—ŠŸŽŠ›ȱŠȱœàœȱ—ŠšžŽ•Žȱ›’˜ȱŽœŒž›˜ǰȱœŠ‹Ž—˜ȱ
que o barco podia voltar-­‐‑se pelo risco que lhe impunha de uma veloci-­‐‑
dade exagerada.” (V.A. pág. 232) O rio, neste lugar, tinha de facto um passado de morte. Nele naufragara a Senhora. Ema, como a Senhora, era atraída por essas águas marcadas pela morte: “O Vesúvio atraía-­‐‑a, como 148
Helena Maria Lopes Pires Genésio
atraira a Senhora e lhe propusera a morte, voltando o barco e deixando-­‐‑
ȬŠȱŽ‹ŠŽ›ȬœŽȱŒ˜–ȱ˜ȱœŽžȱ›’˜ȱ¦—’–˜ȱŽȱ—Ž˜Œ’Š—ŽȱšžŽȱŒ˜–ȱž˜ȱŠ£ȱž–ȱ
™ŠŒ˜ȱŽȱŒ˜–ȱž˜ȱŠœœ’—Šȱž–ŠȱŽ–Š›ŒŠ³¨˜ȱǻǯǯǯǼȄȱǻǯǯȱ™¤ǯȱŘŖŞǼǯȱŠ–‹·–ȱ
–ŠǰȱŒ˜–˜ȱŠȱŽ—‘˜›ŠǰȱŽœŠęŠŸŠȱŠȱ–˜›ŽǰȱŽ—›Ž—Š—˜ȱ˜ȱ™Ž›’˜ȱŽȱ™’œŠ›ȱ
as tábuas podres do pontão para se meter no barco e percorrer o rio —ž–ŠȱŒ˜››’ŠȱŽœŽ—›ŽŠŠǯȱ
¤ȱž–Šȱ™ž•œ¨˜ȱŽȱ–˜›Žȱ—˜ȱŽœŠę˜ȱšžŽȱ–Šȱ
dirige ao rio -­‐‑ prenúncio de um desenlace fatal. Neste sentido e apelando a Bachelard, a água convida a uma morte especial que permite penetrar num dos refúgios materiais elementares. A água é o elemento da morte “˜ŸŽ–ȱŽȱ‹Ž•ŠǰȱŠȱ–˜›Žȱ̞ǍŠǰȱŠȱ–˜›ŽȱŽ–’—’—Šǯȱ–Šȱ›ŽŽ—Œ˜—›ŠǰȱŠ˜ȱ
entrar nas águas do rio, um sentido de pertença que sempre lhe faltou Œ˜–˜ȱœŽȱ˜ȱœŽžȱŽœ’—˜ȱœàȱ™žŽœœŽȱœŽ›ȱ˜ȱ–Žœ–˜ȱ˜ȱ̞’›ȱŠœȱ¤žŠœǯȱÇȱœŽȱ
œŽ—Žȱ›ŽœžŠ›ŠŠȱŽȱ™›˜Ž’ŠDzȱŠÇȱœŽȱŽ—Œ˜—›ŠȱŒ˜–ȱ˜ȱœŽžȱ˜˜ǯȱ˜•’¤›’Šǰȱ
™›˜Œž›Šȱ˜ȱœ’•¹—Œ’˜ȱ˜ȱ›’˜ȱ™Š›ŠȱœŽȱ›Ž’›Š›ȱŽȱŽ—›ŠȱŽ–ȱ™Š£ȱ—Šœȱ¤žŠœȱȬȱ™¤›’Šȱ
Žȱ—’—ŠœǯȱŽœŠȬ—˜œȱŠȱ’–ŠŽ–ȱŽȱž–ȱŒ˜›™˜ȱ̞žŠ—Žǰȱ•ŽŸŽǰȱŽȱšžŽȱœŽȱŽ’¡Šȱ
calmamente envolver pelas águas e afundar no seu regaço.
Bibliografia geral
ŠŒ‘Ž•Š›ǰȱŠœ˜—DzȱA poética do espaçoDzȱŠ›’—œȱ˜—Žœȱ’˜›ŠDzȱŗşŞşǯȱȱ
žŠȱŽȱ˜œȱ˜—‘˜œDzȱŠ›’—œȱ˜—Žœȱ’˜›ŠDzȱŗşŞş
Ž—ŽŽǰȱ·›Š›Dz Figures IIDzȱ1’’˜—œȱžȱŽž’•DzȱŠ›’œǰȱŗşŜş
˜Ž•‘˜ǰȱžŠ›˜ȱ›Š˜DzȱA Noite do MundoDzȱǯǯǯǯȱŗşŞŝ
˜›‹Ž›ȬŒ‘ž•£ǰȱ‘›’œ’Š—DzȱGenius Loci, Paysage, Ambiance, ArchitectureDzȱ
’Ž››ŽȱŠ›ŠŠȱ1’Žž›ǰȱŘĶȱŽ’³¨˜ǰȱŗşŞŗ
’œ˜—Ȭ›Šž—ǰȱ’Œ‘Ž•’—ŽDzȱPoétique du PaysageDzȱǯǯȱ’ŽǰȱŠ›’œǰȱŗşŞŖ
Bibliografia passiva
ž•Ž›ǰȱŠž›ŠȱŽ›—Š—ŠDzȱA Sibila, Uma Superação InconclusaDzȱž’–Š›¨Žœȱ
Editores, Lisboa, 1990
’ŽŠœǰȱ ›Š—Œ’œŒ˜ȱ ˜œ·Dzȱ Agustina Bessa-­‐‑Luís A bondade e a MaldadeDzȱ
Ž—›ŽŸ’œŠȱ’—DZȱŽŸ’œŠȱŽ›Dzȱž˜—˜ȱŗşşŖ
ŠŒ‘Š˜ǰȱ •ŸŠ›˜ȱ Š—žŽ•Dzȱ Agustina Bessa-­‐‑Luís, O imaginário TotalDzȱ
ž‹•’ŒŠ³äŽœȱǯȱž’¡˜ŽDzȱ’œ‹˜Šǰȱŗşşřǯ
Bibliografia activa
ŽœœŠȬžÇœǰȱžœ’—ŠDzȱVale AbraãoDzȱž’–Š›¨Žœȱ’˜›ŽœDzȱŘĶȱŽ’³¨˜Dzȱŗşşřǯȱ
Fanny OwenDzȱž’–Š›¨Žœȱ’˜›ŽœDzȱŗşŞŞǯȱO MosteiroDzȱž’–Š›¨Žœȱ
’˜›ŽœDzȱŚĶȱŽ’³¨˜Dzȱŗşşś
Notas
ȹŗǼȱ ›˜Žœœ˜›Šȱ“ž—Š
ȹŘǼȱ ž•Ž›ǰȱŠž›ŠȱŽ›—Š—ŠDzȱȱA Sibila, Uma Superação InconclusaDzȱž’–Š›¨Žœȱ’˜›ŽœDzȱ’œ‹˜Šǰȱ
1990
ȹřǼȱ ‹›Šœȱ˜–™•ŽŠœȱŽȱŽ›—Š—˜ȱŽœœ˜ŠȱȬȱPoesias de Álvaro de CamposȱȬȱ’³äŽœȱ’ŒŠǰȱ
A mulher e o lugar. Apontamento sobre Vale-­Abraão…
149
Lisboa, 1986
ȹŚǼȱ Ž—ŽĴŽǰȱ·›Š›DzȱFigures II, Éditions du Seuil, Paris, 1969
ȹśǼȱ ŽœœŠȬžÇœǰȱžœ’—ŠDzȱFanny OwenDzȱž’–Š›¨Žœȱ’˜›ŽœDzȱ’œ‹˜ŠǰȱŗşŞŞ
ȹŜǼȱ ˜›‹Ž›ȬŒ‘ž•£ǰȱ‘›’œ’Š—DzȱGenius Loci, paysage, Ambiance, ArchitectureDzȱŠ›ŠŠȱ1’Žž›Dzȱ
1981
ȹŝǼȱ ŽœœŠȬžÇœDzȱO MosteiroDzȱž’–Š›¨Žœȱ’˜›ŽœDzȱŚĶȱŽ’³¨˜Dzȱ’œ‹˜Šǰȱŗşşś
150
Helena Maria Lopes Pires Genésio
Efeitos das aulas de educação física na mudança na aptidão física, capacidade de coor-­
denação corporal e habilidades motoras em grupos extremos. Um estudo em crianças
do 1º ciclo do ensino básico.
Vítor Pires Lopes1
[email protected]
Escola Superior de Educação de Bragança
ŗǼȱ›˜ǯȱ˜˜›Ž—Š˜›
Palavras chave
ž•ŠœȱŽȱŽžŒŠ³¨˜ȱÇœ’ŒŠǰȱ–žŠ—³Šȱ’Ž›Ž—Œ’Š•ǰȱŠ™’¨˜ȱÇœ’ŒŠǰȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽȱŒ˜˜›-­‐‑
denação corporal, habilidades motoras
Keywords
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
151
EduSer nº1
1. Introdução
A disciplina de Educação Física (EF) é, sem dúvida, o espaço mais Š™›˜™›’Š˜ȱ™Š›Šȱ’—ĚžŽ—Œ’Š›ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽœ™˜›’Ÿ˜Ȭ–˜˜›ŠȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ
Žȱ“˜ŸŽ—œǯȱ˜ȱŽ—Š—˜ǰȱŠŒ˜›ŽœȱŽȱŸ¤›’Šȱ˜›Ž–ȱŒ˜—’Œ’˜—Š–ȱŠȱ›ŽŠ•’£Š-­‐‑
³¨˜ȱ˜œȱ’Ž›Ž—Žœȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŠ›’‹žÇ˜œȱ¥ȱ’œŒ’™•’—Šǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽȱŠȱ
existência de diferenças inter-­‐‑individuais acentuadas: (1) no tocante ao ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ–Šž›Š³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œDzȱǻŘǼȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŠ˜ȱ˜–Ç—’˜ȱ
˜žȱ›ŠžȱŽȱ–Žœ›’ŠȱŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱŽȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŠœȱŠ™’äŽœDzȱǻřǼȱ
›Ž•Š’ŸŠœȱŠ˜œȱ’—Ž›ŽœœŽœȱŽȱ–˜’ŸŠ³äŽœȱ™Š›ŠȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽœ™˜›’Ÿ˜Ȭ–˜˜›Šǯ
A grande maioria dos estudos nesta área tem-­‐‑se debruçado essen-­‐‑
cialmente sobre os efeitos das aulas de EF em alunos de níveis de ensino šžŽȱ—¨˜ȱ˜ȱŗķȱŒ’Œ•˜ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱ‹¤œ’Œ˜ǯȱœ˜ȱŽŸŽȬœŽǰȱŠ•ŸŽ£ǰȱŠ˜ȱŠŒ˜ȱŽǰȱ—Šȱ
grande maioria dos países, a EF na escola primária não ser uma disciplina curricular leccionada de forma regular e sistemática. Parece, no entanto, que existe na actualidade a preocupação de alargar a obrigatoriedade da Outubro 2003
‘¢œ’ŒŠ•ȱ ŽžŒŠ’˜—ȱ Œ•ŠœœŽœǰȱ ’쎛Ž—’Š•ȱ Œ‘Š—Žǰȱ ™‘¢œ’ŒŠ•ȱ ꝗŽœœǰȱ Œ˜Ȭ˜›’—Š’˜—ǰȱ
motor skills
ȱ¥šžŽ•Žȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ—œ’—˜ǯȱœŽȱŠŒ˜ȱŽ–ȱŒ˜—›’‹žÇ˜ȱ™Š›ŠȱŠȱŽ¡ŽŒž³¨˜ȱ
Žȱ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱ›ŽŒŽ—ŽȱŽȱŠ•ž—œȱŽœž˜œȱŒ˜–ȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱŠ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱ˜œȱ
efeitos da EF em crianças da escola primária. A quantidade de estudos ·ǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱŠ’—Šȱ–ž’˜ȱ›Žž£’Šǰȱ˜ȱšžŽȱ’ęŒž•ŠȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŽȱ˜ȱŽ—Ž—-­‐‑
dimento dos diferentes factores que condicionam os efeitos das aulas de EF naquele nível de ensino.
ž–ȱ Žœž˜ȱ “¤ȱ Œ•¤œœ’Œ˜ǰȱ ž––’—ǰȱ ˜ž•’—ȱ ǭȱ Š•Ž¢ȱ ǻŗşŜşǼȱ
chamavam a atenção para o facto de os programas de EF não estarem Ž•’—ŽŠ˜œȱ™Š›Šȱ’—ž£’›Ž–ȱ–Ž•‘˜›’Šœȱ—ŠȱŠ™’¨˜ȱŽȱ›Žœ’œ¹—Œ’Šǯȱ˜œȱ›Ž-­‐‑
œž•Š˜œȱ˜ȱœŽžȱŽœž˜ȱŸŽ›’ęŒŠ›Š–ȱŠȱ’—Ž¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱŽŽ’˜œȱŠœȱŠž•ŠœȱŽȱ
EF ao longo de um ano escolar na melhoria da capacidade de resistência ŠŽ›à‹’Šȱȱǻ170 e VO2máx), independentemente do número de horas semanais de aulas de EF.
Vários autores analisaram a qualidade das aulas de EF, procurando ŸŽ›’ęŒŠ›ȱ œŽȱ Šœȱ ŒŠ›Šœȱ Š’—Ž–ȱ –Ç—’–˜œȱ ŠŽšžŠ˜œȱ ™Š›Šȱ ™›˜ž£’›Ž–ȱ
efeitos positivos nos níveis de expressão da aptidão física (AF), sobre-­‐‑
tudo na aptidão de resistência. A generalidade dos estudos usa como ’—’ŒŠ˜›ȱŠȱ’—Ž—œ’ŠŽȱŽȱŽœ˜›³˜ȱŠȱ›Žšž¹—Œ’ŠȱŒŠ›ÇŠŒŠȱǻǼǯȱŠ›ŽŒŽȱ
Œ˜—œŽ—œžŠ•ǰȱŽ—›Žȱ˜œȱŠž˜›ŽœǰȱšžŽȱ˜ȱŸŠ•˜›ȱ–Ç—’–˜ȱŽȱȱ™Š›Šȱ™›˜ž£’›ȱ
efeitos positivos na aptidão de resistência se situa entre 140 e 160 bpm durante períodos de 5 a 6 minutos (Goode et alǯǰȱŗşŝŜDzȱŽ•’Ž›ȱet alǯǰȱŗşŞŖDzȱ
Gilliam et al., 1981).
ȱ•’Ž›Šž›ŠȱŠȱŽœŽȱ›Žœ™Ž’˜ȱ·ȱšžŠœŽȱž—¦—’–ŽȱŠ˜ȱ›ŽŽ›’›ȱž–Šȱ’—œžęŒ’-­‐‑
ência na quantidade e qualidade dos estímulos que permitam melho-­‐‑
rar a prestação na aptidão de resistência. Os resultados do estudo de Rychtecky et alǯȱ ǻŗşşŖǼȱ Œ˜—ę›–Š–ȱ Šȱ Ž¡’œ¹—Œ’Šȱ Žȱ Šœœ˜Œ’Š³¨˜ȱ ™˜œ’’ŸŠȱ
entre a actividade física intensa e a prestação em provas de AF e no VO2. Ž›’ęŒŠ›Š–ȱŠ–‹·–ȱšžŽȱŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱÇœ’ŒŠȱŽœ™˜—¦—ŽŠȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ·ȱ
mais intensa do que a fornecida nas aulas de EF, constituindo aquela a componente mais importante da actividade física do seu dia a dia.
•ŠžœŽ—ǰȱŠœ–žœœŽ—ȱǭȱŒ‘’‹¢ŽȱǻŗşŞŜǼȱŸŽ›’ęŒŠ›Š–ȱšžŽȱŠȱȱŽ›Šȱ–Š’œȱ
elevada na actividade de Futebol do que na actividade de atletismo. ˜Š›Žœȱǭȱ˜ŠȱǻŗşŞŝǼȱ›Ž’œŠ›Š–ȱŸŠ•˜›ŽœȱŽȱȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŽ•ŽŸŠ˜œȱ
(170/180 bpm) durante a fase principal da aula que consistiu em corrida contínua. Dinis (1988) refere que existem possibilidades de, através de ac-­‐‑
tividade motora complexa e variada (ginástica e basquetebol), se obterem ŒŠ›ŠœȱŒ˜–ȱ’—Ž—œ’ŠŽȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›Šȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱ›Žœ’œ¹—Œ’Šȱ
aeróbia. Os resultados destes estudos sugerem que a intensidade da aula depende, sobretudo do tipo de exercícios propostos (conteúdo) e do grau de domínio das tarefas e habilidades por parte dos alunos, para além da ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱŽœ¨˜ȱ˜ȱŽ–™˜ȱŽȱŠž•Šǯ
ȱŠ—¤•’œŽȱŽ–ȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱŽ–ȱšžŽȱŸŽ›ȱŒ˜–ȱŠœȱšžŽœäŽœȱŠȱ›Ž’-­‐‑
—Š‹’•’ŠŽȱŽȱŠȱ™›˜—’¨˜ǰȱ’œ˜ȱ·ǰȱŒ˜–ȱŠȱ›Žœ™˜œŠȱ’œ’—Šȱ˜œȱœž“Ž’˜œȱ¥ȱ
152
Vítor Pires Lopes
mesma carga de treino / instrução. O tempo e o local didáctico-­‐‑metodo-­‐‑
lógico, as aulas de EF, devem oferecer a cada sujeito a possibilidade de ŠŒžŠ•’£Š›ȱ˜ȱœŽžȱ›Ž—’–Ž—˜ǰȱ™›˜“ŽŒŠ—˜Ȭ˜ȱŠȱ—ÇŸŽ’œȱœž™Ž›’˜›ŽœȱȬȱ™Š›Šȱ˜ȱ
seu nível de rendimento próximo. Os programas têm que contemplar todos os alunos, isto é, têm que corresponder ao nível de prontidão de ŒŠŠȱž–ȱ™Š›ŠȱšžŽȱ˜˜œȱ™˜œœŠ–ȱ‹Ž—ŽęŒ’Š›ȱŽ•Žœǯȱœ™Ž›ŠȬœŽǰȱ™˜’œǰȱšžŽȱ
os programas de aulas tenham uma intensidade, duração e volume de Ž¡Ž›Œ’Š³¨˜ȱœžęŒ’Ž—Žœȱ™Š›Šȱ›Žœ™˜—Ž›ȱŠ˜ȱ’Ž›Ž—Œ’Š•ȱŽȱœŽ—œ’‹’•’ŠŽȱ
de resposta de cada aluno.
De acordo com aquilo que é consensual na literatura, os alunos si-­‐‑
tuados acima do percentil 75% e abaixo do percentil 25% na expressão ŠœȱœžŠœȱŠ™’äŽœȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱœ¨˜ȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱ›ž™˜œȱŽȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ
Ž¡›Ž–˜ǯȱ¨˜ȱ›ž™˜œȱšžŽȱ¥ȱ™Š›’Šȱ¹–ȱž–ȱŽœŠ˜ȱŽȱ™›˜—’¨˜ȱ’œ’—˜ǯȱ
ȱ šžŽȱ œ’—’ęŒŠȱ šžŽȱ Šȱ œžŠȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱ Žȱ ›Žœ™˜œŠȱ Šȱ ž–ȱ ŽŽ›–’—Š˜ȱ
estímulo vai ser “condicionada” pelo seu estado de rendimento actual.
1ȱŽȱŽœ™Ž›Š›ȱšžŽȱŠœȱŠž•ŠœȱœŽ“Š–ȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ™›˜Ÿ’Ž—Œ’Š›Ž–ȱŠȱ˜˜œȱ
˜œȱœž“Ž’˜œȱŽœÇ–ž•˜œȱœžęŒ’Ž—Žœȱ™Š›ŠȱšžŽȱ˜˜œȱŠž–Ž—Ž–ȱ˜ȱœŽžȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ
prestação, ou que pelo menos não regridam. Deverá, portanto, cumprir-­‐‑
-­‐‑se um postulado essencial da educação: a escola deve oferecer a mesma oportunidade de desenvolvimento a todos os alunos, considerando ’—Š‹Š•ŠŸŽ•–Ž—ŽȱŠȱ’Ž’ŠȱŠȱ’Ž›Ž—³ŠȱŽȱŠ™’äŽœȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›Šœǯȱ
A igualdade de oportunidade no respeito das diferenças é, pois, a trave mestra de toda a estrutura didáctico-­‐‑metodológica das aulas de EF.
Esta investigação pretende esclarecer se os programas de aulas de ȱœ¨˜ȱœžęŒ’Ž—Ž–Ž—ŽȱŽęŒŠ£Žœȱ™Š›Šȱ™›˜ž£’›Ž–ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ—˜œȱ
grupos extremos. Dado que estes grupos possuem níveis de prontidão desportivo-­‐‑motora distinto, interessa, pois, esclarecer se a carga de treino Ȧȱ’—œ›ž³¨˜ȱ˜’ȱŠŽšžŠŠȱŠȱŒŠŠȱž–ǯȱŠ£ȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱ˜ȱŽœž˜ȱŠȱ’—’-­‐‑
vidualidade e da variação. Isto implica analisar aquilo que se designa na literatura por tracking dos extremos.
2. Material e Métodos
2.1. Amostra
ȱŠ–˜œ›Šȱ˜’ȱŒ˜—œ’žÇŠȱ™˜›ȱŚȱž›–Šœȱ˜ȱŗķȱ’Œ•˜ȱ˜ȱ—œ’—˜ȱ¤œ’Œ˜ȱ
ǻŗķǼȱŽȱžŠœȱŽœŒ˜•Šœȱ™›’–¤›’ŠœȱŠȱŒ’ŠŽȱŽȱ›ŠŠ—³Šǰȱ—ž–ȱ˜Š•ȱŽȱŞŖȱ
crianças. A idade média da totalidade da amostra era de 9,02±0,87 anos. 2.2. Delineamento Experimental
O estudo consistiu na leccionação de aulas de Educação Física ao •˜—˜ȱŽȱž–ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱŠȱŠ•ž—˜œȱ˜œȱřķȱŽȱŚķȱŠ—˜œȱ˜ȱŗķǯȱžŠœȱž›-­‐‑
–Šœȱ’ŸŽ›Š–ȱŠž•ŠœȱžŠœȱŸŽ£Žœȱ™˜›ȱœŽ–Š—ŠȱŽȱŠœȱ˜ž›ŠœȱžŠœȱ›¹œȱŸŽ£Žœȱ
por semana.
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
153
ȱȱŽȱŠȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽȱŒ˜˜›Ž—Š³¨˜ȱŒ˜›™˜›Š•ȱǻǼȱ˜›Š–ȱŠŸŠ-­‐‑
•’ŠŠœȱŽ–ȱ›¹œȱ–˜–Ž—˜œDZȱ—˜ȱ’—ÇŒ’˜ǰȱŠȱ–Ž’˜ȱŽȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ǯȱœȱ
‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›Šœȱ˜›Š–ȱŠŸŠ•’ŠŠœȱžŠœȱŸŽ£Žœǰȱ—˜ȱ’—ÇŒ’˜ȱŽȱ—˜ȱꗊ•ȱŽȱ
cada unidade didáctica.
2.3. Avaliação da aptidão física
Para a avaliação da AF foi usada a bateria de testes AAHPERD Physical Best (AAHPERD, 1989) que é composta por 5 itens (quadro I).
Quadro I -­‐‑ Itens da bateria AAHPERD Physical Best (AAHPERD, 1989) e componente de AF que pretende medir
2.4. Avaliação da capacidade de coordenação corporal
Š›ŠȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŠȱȱ˜’ȱžœŠŠȱŠȱ‹ŠŽ›’ŠȱȱǻKörperkoordina-­‐‑
tions test für KinderȱȬȱǼȱǻŒ‘’••’—ȱŽȱ’™‘Š›ǰȱŗşŝŚǼǯȱȱ‹ŠŽ›’Šȱ·ȱŒ˜—œ’-­‐‑
tuída por 4 itens que no global pretendem marcar e avaliar o construto ŠȱDZȱǻŗǼȱŽšž’•Ç‹›’˜ȱ¥ȱ›ŽŠžŠ›ŠȱǻǼDzȱǻŘǼȱœŠ•˜œȱ–˜—˜™ŽŠ’œȱǻǼDzȱ
ǻřǼȱœŠ•˜œȱ•ŠŽ›Š’œȱǻǼDzȱǻŚǼȱ›Š—œ™˜œ’³¨˜ȱ•ŠŽ›Š•ȱǻǼǯ
2.5. Avaliação das habilidades motoras
Foram avaliadas habilidades do futebol (passe com ressalto na parede, ›Ž–ŠŽȱ¥ȱ‹Š•’£Šǰȱ›’‹•ŽȱŽȱ˜šžŽœȱŽȱœžœŽ—Š³¨˜Ǽǰȱ˜ȱ‹ŠœšžŽŽ‹˜•ȱǻ•Š—³Š–Ž—-­‐‑
to, passe, drible e movimento defensivo), do andebol (passe com ressalto —Šȱ™Š›ŽŽǰȱ›’‹•Žǰȱ›Ž–ŠŽȱŽ–ȱ™›ŽŒ’œ¨˜ȱ¥ȱ‹Š•’£ŠǼǰȱ˜ȱŠ•Ž’œ–˜ȱǻŸŽ•˜Œ’ŠŽȱ
de corrida numa prova de 40 m, a distância no salto em comprimento, a distância de lançamento da bola de ténis e a altura no salto em altura) e Šȱ’—¤œ’ŒŠȱǻ›˜•Š–Ž—˜ȱ¥ȱ›Ž—ŽȱŽ—›ž™Š˜ǰȱ›˜•Š–Ž—˜ȱŠ›¤œȱŽ—›ž™Š˜ǰȱ
apoio invertido de cabeça, roda, salto em extensão no bock).
154
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2.6. Procedimentos estatísticos
No contexto da presente investigação, a mudança diferencial refere-­‐‑se ¥ȱ–žŠ—³ŠȱŽ–ȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œǯȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱŠȱ•’Ž›Šž›Šȱ˜œȱ›ž™˜œȱ
extremos são aqueles cujo rendimento se situa abaixo do percentil 25% e acima do percentil 75%.
O procedimento seguiu os seguintes passos:
1. Os quatro grupos experimentais foram agrupados apenas em dois de acordo com a frequência semanal de aulas (2 e 3 aulas por œŽ–Š—ŠǼDz
2. Os diferentes grupos de variáveis, quando não possuíam a mesma –·›’ŒŠȱǻǰȱǰȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ˜ȱŠ—Ž‹˜•ǰȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ˜ȱŠ•Ž-­‐‑
’œ–˜ȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ˜ȱžŽ‹˜•Ǽȱ˜›Š–ȱŽœŠ—Š›’£Š˜œȱǻŸŠ•˜›ŽœȱǼǰȱ
™Š›Šȱ™˜œŽ›’˜›–Ž—ŽȱœŽ›Ž–ȱ›Žž£’˜œȱŠȱž–ȱø—’Œ˜ȱŸŠ•˜›ȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ
œ˜–Šȱ˜œȱŸŠ•˜›ŽœȱŽȱŒŠŠȱŸŠ›’¤ŸŽ•Dz
3. Em cada um dos dois grupos referidos (2 aulas por semana e 3 aulas por semana) foram encontrados os dois grupos extremos, de acordo com o seu rendimento inicial: nível inferior (P25%), rendimento inferior ao percentil 25% e, nível superior (P75%), rendimento superior ao percentil 75%.
Śǯȱ–ȱŒŠŠȱ›ž™˜ȱ˜’ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŽȱŽ—¹—Œ’ŠœȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱ
ANOVA de medidas repetidas com contraste polinomial para a AF ŽȱǰȱŠ—Š•’œŠ—˜ȬœŽȱŠȱŽ—¹—Œ’Šȱ•’—ŽŠ›ȱŽȱšžŠ›¤’ŒŠǯȱ˜ȱŒŠœ˜ȱ
Šœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›Šœȱ˜’ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱŠ™Ž—ŠœȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŽȱŽ—¹—Œ’Šȱ
•’—ŽŠ›ǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱŽ¡’œ’Š–ȱŠ™Ž—Šœȱ˜’œȱ–˜–Ž—˜œȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǯ
Para todos os testes estatísticos foi considerada uma probabilidade ŽȱŽ››˜ȱŽȱ™ǂŖǰŖśǯ
3. Apresentação dos Resultados
Na AF os resultados da ANOVA não indicam qualquer mudança ˜žȱŽ—¹—Œ’Šȱǻ•’—ŽŠ›ȱ˜žȱšžŠ›¤’ŒŠǼȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱ—Ž—‘ž–ȱ˜œȱ›ž-­‐‑
pos extremos com 3 aulas semanais. O que sugere que a prestação dos ›ž™˜œȱœŽȱ–Š—·–ǰȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ǰȱŠ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱŠȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱŠȱŗĶȱ
ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱǻ’ž›ŠȱŗǼǯȱŽ›’ęŒŠȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱšžŽȱŠȱ’Ž›Ž—³ŠȱŽȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱ
Ž¡’œŽ—ŽȱŽ—›Žȱ˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱ—ŠȱŗĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱœŽȱ–Š—·–ȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ
do ano lectivo.
Nos grupos com 2 aulas semanais os resultados da ANOVA indicam Š™Ž—Šœȱ–žŠ—³Šȱ•’—ŽŠ›ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŝśƖȱǻȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŗŜǰŗŗŚǰȱ™ȱ
ƽȱŖǰŖŖřǼǯȱœŠȱ–žŠ—³Šȱ˜’ȱ—˜ȱœŽ—’˜ȱ—ŽŠ’Ÿ˜ǰȱ’œ˜ȱ·ǰȱŸŽ›’ęŒ˜žȬœŽȱž–Šȱ
diminuição do rendimento ao longo do ano lectivo (Figura 1). Não se ŸŽ›’ęŒ˜žȱ šžŠ•šžŽ›ȱ –žŠ—³Šȱ Œž›Ÿ’•’—ŽŠ›ȱ ǻšžŠ›¤’ŒŠǼȱ œ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ Ž–ȱ
qualquer destes grupos.
Ž›’ęŒŠȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱšžŽȱŠȱ’Ž›Ž—³ŠȱŽȱ›Ž—’–Ž—˜ȱŽ—›Žȱ˜œȱ›ž™˜œȱ
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
155
(a)
(b)
’ž›ŠȱŗȱȬȱŽ›ę•ȱŠȱ–žŠ—³Šȱ˜Œ˜››’Šȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œǰȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœǻŠǼȱŽȱ
duas aulas semanais (b), ao longo do ano lectivo, na aptidão física.
Ž¡›Ž–˜œȱŽ¡’œŽ—Žȱ —Šȱ ŗĶȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ’–’—ž’žȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ ˜ȱŠ—˜ȱ •ŽŒ’Ÿ˜ǰȱ
ŽŸ’˜ǰȱœ˜‹›Žž˜ǰȱ¥ȱ’–’—ž’³¨˜ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ˜Œ˜››’Šȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŝśƖǰȱ
embora o grupo P25% tenha aumentado ligeiramente (mudança não œ’—’ęŒŠ’ŸŠǼȱ˜ȱœŽžȱ›Ž—’–Ž—˜ȱǻ’ž›ŠȱŗǼǯ
Šȱȱ—¨˜ȱ˜’ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱŠ—Š•’œŠ›ȱŠȱŽ—¹—Œ’ŠȱšžŠ›¤’ŒŠȱŠŠȱ
ŠȱŽ™Ž—¹—Œ’Šȱ•’—ŽŠ›ȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱŠȱřĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—ŽȱŠ˜œȱ
›Žœž•Š˜œȱŠœȱžŠœȱŠŸŠ•’Š³äŽœȱŠ—Ž›’˜›Žœǰȱ˜ȱšžŽȱ˜›’’—˜žȱž–Šȱ–Š›’£ȱ
œ’—ž•Š›ǯȱŠ˜ȱ˜ȱŠŒ˜ǰȱ™›˜ŒŽŽžȬœŽȱŠ™Ž—Šœȱ¥ȱŠ—¤•’œŽȱŠȱŽ—¹—Œ’Šȱ•’—ŽŠ›ȱ
Ž—›ŽȱŠȱŗĶȱŽȱŠȱřĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ǯ
œȱ›Žœž•Š˜œȱŠȱȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱ•’—ŽŠ›ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜œȱ
˜’œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œȱǻŘśƖDZȱȱǻŗǰȱŗŖǼȱƽȱřŘŝǰřřŚǰȱ™ȱǀȱ
ŖǰŖŖŖŗDzȱŝśƖDZȱȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŗşřŞǰŗŝŞǰȱ™ȱǀȱŖǰŖŖŖŗǼǯȱȱ–žŠ—³Šȱ–Š’œȱŠŒŽ—žŠŠȱ
ŸŽ›’ęŒ˜žȬœŽȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŽȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ’—’Œ’Š•ȱ–Š’œȱŽ•ŽŸŠ˜ȱǻŝśƖǼǯȱœŽȱ
facto levou a que as diferenças entre os grupos extremos existentes na ŗĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱœŽȱŠŒŽ—žŠœœŽ–ȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱǻ’ž›ŠȱŘǼǯ
Relativamente aos grupos com 2 aulas semanais, os resultados da (a)
(b)
Figura 2 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas(a) e duas aulas semanais (b), ao longo do ano lectivo, na capacidade de coordenação corporal.
156
Vítor Pires Lopes
ȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱ•’—ŽŠ›ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜œȱ˜’œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž-­‐‑
–˜œȱǻŘśƖDZȱȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŗřŚŞǰśŗřǰȱ™ȱǀȱŖǰŖŖŖŗȱŽȱŝśƖDZȱȱǻŗǰȱŗŖǼȱƽȱřŗŚŖǰŝŚśǰȱ™ȱ
ǀȱŖǰŖŖŖŗǼǯȱŠ•ȱŒ˜–˜ȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œǰȱŠȱ–žŠ—³Šȱ–Š’œȱ
ŠŒŽ—žŠŠȱ ŸŽ›’ęŒ˜žȬœŽȱ —˜ȱ ›ž™˜ȱ Žȱ ›Ž—’–Ž—˜ȱ ’—’Œ’Š•ȱ –Š’œȱ Ž•ŽŸŠ˜ȱ
(P75%), acentuando-­‐‑se, portanto, ao longo do ano lectivo as diferenças Ž¡’œŽ—ŽœȱŽ—›Žȱ˜œȱ˜’œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱ—ŠȱŗĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱǻ’ž›ŠȱŘǼǯ
Nas habilidades do andebol os resultados da ANOVA, relativamente Š˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œǰȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŠ™Ž—Šœȱ
—˜ȱ›ž™˜ȱŝśƖȱǻȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŞǰŞŞŞǰȱ™ȱƽȱŖǰŖŗśŚǼǰȱšžŽȱ’–’—ž’žȱŠȱœžŠȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱ
do pré para o pós-­‐‑teste. O grupo P25% aumentou ligeiramente a sua ™›ŽœŠ³¨˜ǯȱŽ›’ęŒ˜žȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱ—˜ȱ™àœȬŽœŽǰȱž–Šȱ•’Ž’›Šȱ’–’—ž’³¨˜ȱ
das diferenças existentes no pré-­‐‑teste entre os dois grupos extremos (Figura 3). (a)
(b)
Figura 3 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas (a) e duas aulas semanais (b), ao longo do ano lectivo, na prestação das habilidades do andebol.
Em relação aos grupos com 2 aulas semanais, os resultados da ANO-­‐‑
ȱ —¨˜ȱ ’—’ŒŠ–ȱ –žŠ—³Šȱ œ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ Ž–ȱ šžŠ•šžŽ›ȱ ˜œȱ ›ž™˜œǯȱ ˜ȱ
›ž™˜ȱ ŘśƖȱ ŸŽ›’ęŒ˜žȬœŽȱ ž–ȱ •’Ž’›˜ȱ Šž–Ž—˜ȱ Šȱ ™›ŽœŠ³¨˜ǰȱ Ž—šžŠ—˜ȱ
o grupo P75% manteve a sua prestação, o que ocasionou uma ligeira aproximação do rendimento dos dois grupos extremos (Figura 3).
Nas habilidades do atletismo os resultados da ANOVA não indicam –žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œǯȱ
Ž›’ęŒŠȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱšžŽȱŠœȱ’Ž›Ž—³ŠœȱŽ¡’œŽ—ŽœȱŽ—›Žȱ˜œȱ˜’œȱ›ž™˜œȱ
extremos no pré-­‐‑teste se mantêm no pós-­‐‑teste (Figura 4).
œȱ›Žœž•Š˜œȱŠȱȱŠ–‹·–ȱ—¨˜ȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ
Ž–ȱ šžŠ•šžŽ›ȱ ˜œȱ ›ž™˜œȱ Œ˜–ȱ Řȱ Šž•Šœȱ œŽ–Š—Š’œǯȱ Ž›’ęŒŠȬœŽǰȱ ™˜›Š—˜ǰȱ
que as diferenças entre os grupos extremos existentes no pré-­‐‑teste se mantêm no pós-­‐‑teste, embora ligeiramente menores, devido a uma ligeira melhoria da prestação do grupo P25% e a um ligeiro decréscimo Efeitos das aulas de educação física na mudança…
157
da prestação do grupo P75% (Figura 4).
Nas habilidades do basquetebol os resultados da ANOVA não indi-­‐‑
(a)
(b)
Figura 4 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas (a) e duas aulas semanais (b), ao longo do ano lectivo, na prestação das habilidades do atletismo.
ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š-­‐‑
—Š’œǯȱ–‹˜›Šȱ—¨˜ȱœŽȱ’ŸŽœœŽȱŸŽ›’ęŒŠ˜ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠǰȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱ
que do pré para o pós-­‐‑teste o grupo P75% diminuiu ligeiramente a sua prestação e o grupo P25% manteve a sua prestação (Figura 5). Este facto ˜ŒŠœ’˜—˜žȱšžŽȱ—˜ȱ™àœȬŽœŽȱœŽȱŸŽ›’ęŒŠœœŽȱž–Šȱ•’Ž’›Šȱ’–’—ž’³¨˜ȱŠœȱ
diferenças existentes no pré-­‐‑teste entre os dois grupos extremos.
˜ȱšžŽȱ’£ȱ›Žœ™Ž’˜ȱŠ˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱŘȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œǰȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ
ŠȱȱŠ–‹·–ȱ—¨˜ȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱ
grupos extremos. O grupo P25% aumentou ligeiramente a sua prestação, Ž—šžŠ—˜ȱ˜ȱ›ž™˜ȱŝśƖȱ’–’—ž’žȱ•’Ž’›Š–Ž—ŽǯȱŽ›’ęŒŠȬœŽǰȱŠœœ’–ǰȱ—˜ȱ
pós-­‐‑teste uma muito leve diminuição das diferenças existentes entre os grupos extremos no pré-­‐‑teste (Figura 5).
(a)
(b)
Figura 5 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas (a) e duas aulas semanais (b), do pré para o pós-­‐‑teste, na prestação das habilidades do basquetebol.
158
Vítor Pires Lopes
Nas habilidades do futebol os resultados da ANOVA não indicam –žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱ›ž™˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œǯȱ
Ž›’ęŒŠȬœŽǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱž–ȱ•’Ž’›˜ȱŠž–Ž—˜ȱŽȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱ˜ȱ›ž™˜ȱŘśƖǰȱ
pelo que as diferenças entre este grupo e o grupo P75%, existentes no pré-­‐‑teste, diminuem ligeiramente no pós-­‐‑teste (Figura 6).
Relativamente aos grupos com 2 aulas semanais os resultados da ȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŠ™Ž—Šœȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŘśƖȱǻȱǻŗǰȱŞǼȱ
(a)
(b)
Figura 6 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas (a) e duas aulas semanais (b), ao longo do ano lectivo, na prestação das habilidades do futebol.
ƽȱŝǰŗşŞǰȱ™ȱƽȱŖǰŖŘŝǼǰȱšžŽȱ–Ž•‘˜›˜žȱŠȱœžŠȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱ˜ȱ™›·ȱ™Š›Šȱ˜ȱ™àœȬŽœŽǯȱ
Dado que o grupo P75% teve uma melhoria de prestação (embora não œ’—’ęŒŠ’ŸŠǼȱŒž“Šȱ˜›Ž–ȱŽȱ›Š—Ž£Šȱ·ȱ™›à¡’–ŠȱŠȱ˜ȱ›ž™˜ȱŘśƖǰȱŠœȱ
diferenças existentes no pré-­‐‑teste entre os dois grupos mantêm-­‐‑se no pós-­‐‑teste (Figura 6).
Nas habilidades da ginástica os resultados da ANOVA indicam –žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜œȱ˜’œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œȱ
ǻŝśƖDZȱȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŗřŞǰśŚǰȱ™ȱƽȱŖǰŖŖŖDzȱŘśƖDZȱȱǻŗǰȱŗŖǼȱƽȱśŖǰŖśǰȱ™ȱƽȱŖǰŖŖŖǼǯȱœȱ
dois grupos extremos tiveram um aumento de prestação semelhante, Š™›ŽœŽ—Š—˜ȱ ž–ȱ ™Ž›ę•ȱ Žȱ –žŠ—³Šȱ ™Š›Š•Ž•˜ǰȱ –Š—Ž—˜ȬœŽȱ Šœœ’–ȱ Šœȱ
diferenças existentes no pré-­‐‑teste (Figura 7).
Em relação aos grupos com 2 aulas semanais, os resultados da ANO-­‐‑
ȱ’—’ŒŠ–ȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŽ–ȱ˜˜œȱŽ•ŽœȱǻŝśƖDZȱȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŗŞǰŖŜǰȱ™ȱ
ƽȱŖǰŖŖŘDzȱŘśƖDZȱȱǻŗǰȱşǼȱƽȱŜřǰřǰȱ™ȱƽȱŖǰŖŖŖǼǯȱȱ›ž™˜ȱŘśƖȱŽŸŽȱž–ŠȱŠž–Ž—˜ȱ
de prestação mais acentuado do que o grupo P75%, diminuindo assim, no pós-­‐‑teste, as diferenças existentes no pré-­‐‑teste (Figura 7).
4. Discussão
Esta investigação pretendeu esclarecer os efeitos das aulas de EF no ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱǰȱȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›ŠœȱŽ–ȱ›ž™˜œȱŽ¡-­‐‑
›Ž–˜œǯȱ›˜ŒŽŽžȬœŽȱ¥ȱŠ—¤•’œŽȱŠȱ–žŠ—³Šȱ—ŠšžŽ•ŽœȱŒ˜—œ›žŒ˜œȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
159
(a)
(b)
Figura 7 -­‐‑ Perfil da mudança ocorrida nos grupos extremos, com 3 aulas (a) e duas aulas semanais (b), do pré para o pós-­‐‑teste, na prestação das habilidades da ginástica.
˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱŽ–ȱ›ž™˜œȱŽȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ’—’Œ’Š•ȱ’œ’—˜ǰȱ’œ˜ȱ·ǰȱŽ£ȬœŽȱŠȱ
análise do tracking dos extremos. Esta análise tem como pressuposto que ŠœȱŠž•ŠœȱŽȱȱŽŸŽ–ȱ˜Ž›ŽŒŽ›ȱŠȱŒŠŠȱœž“Ž’˜ȱŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱŽȱŠŒžŠ•’£Š›ȱ
o seu rendimento, projectando-­‐‑o a níveis superiores. De facto, os progra-­‐‑
mas e as aulas têm que contemplar todos os alunos, esperando-­‐‑se que Ž—‘Š–ȱž–Šȱ’—Ž—œ’ŠŽǰȱž›Š³¨˜ȱŽȱŸ˜•ž–ŽȱŽȱŽ¡Ž›Œ’Š³¨˜ȱœžęŒ’Ž—Žœȱ
para responder ao diferencial de sensibilidade de resposta de cada um.
–ȱŽ›–˜œȱ•˜‹Š’œȱ—¨˜ȱ˜Œ˜››Žžȱ–Ž•‘˜›’Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱ
expressão da AF dos grupos extremos. Nos dois grupos extremos com řȱŠž•ŠœȱœŽ–Š—Š’œȱ—¨˜ȱ˜Œ˜››Žžȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱŠ—˜ȱ
•ŽŒ’Ÿ˜ǯȱ ˜œȱ ˜’œȱ ›ž™˜œȱ Ž¡›Ž–˜œȱ Œ˜–ȱ Řȱ Šž•Šœȱ œŽ–Š—Š’œȱ ŸŽ›’ęŒ˜žȬœŽȱ
ž–Šȱ’–’—ž’³¨˜ȱ•’—ŽŠ›ȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ˜ȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŽ¡›Ž–˜ȱ
ŝśƖǯȱ˜ȱ›ž™˜ȱŽ¡›Ž–˜ȱŘśƖȱ—¨˜ȱœŽȱ˜‹œŽ›Ÿ˜žȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ
da prestação. Esta situação indica que as aulas de EF, tal como foram ™›˜›Š–ŠŠœǰȱ—¨˜ȱ™˜œœžŽ–ȱŒŠ›ŠȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›ŠȱŠȱ–Ž•‘˜›’Šȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱ
de expressão da AF. Ou então, neste nível etário apresenta-­‐‑se difícil –Ž•‘˜›Š›ȱ˜ȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŠȱȱŒ˜–ȱ™›˜›Š–ŠœȱŽœŠȱ—Šž›Ž£ŠǯȱŠȱ
›ŽŠ•’ŠŽǰȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱšžŽȱ˜œȱ™›˜›Š–Šœȱœ¨˜ȱ–ž’˜ȱŠ‹›Š—Ž—ŽœǯȱŠ•ŸŽ£ȱ
œŽ“Šȱ Š™Ž—Šœȱ ™˜œœÇŸŽ•ȱ –Ž•‘˜›Š›ȱ Šȱȱ Œ˜–ȱ ™›˜›Š–Šœȱ Žœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ
delineados para tal.
ž––’—ǰȱ˜ž•’—ȱǭȱŠ•Ž¢ȱǻŗşŜşǼȱ˜›Š–ȱ˜œȱ™›’–Ž’›˜œȱŠȱŠ•Ž›Š›ȱ
™Š›Šȱ˜ȱŠŒ˜ȱŽȱŠœȱŠž•ŠœȱŽȱȱ—¨˜ȱŽœŠ›Ž–ȱŽ•’—ŽŠŠœȱ™Š›Šȱ’—ž£’›Ž–ȱ
–Ž•‘˜›’Šœȱ—Šȱǰȱ˜žȱ–Š’œȱŽœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ—ŠȱŠ™’¨˜ȱŽȱ›Žœ’œ¹—Œ’Šǯȱœȱ
Šž˜›Žœȱ—¨˜ȱŽ—Œ˜—›Š›Š–ȱ–Ž•‘˜›’Šœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱŠ—˜ȱŽœŒ˜•Š›ȱ
—ŠȱŠ™’¨˜ȱŽȱ›Žœ’œ¹—Œ’ŠȱŽ–ȱŠ•ž—˜œȱŽȱŗŘȱŠȱŗŜȱŠ—˜œȱŽȱ’ŠŽǯȱ•ŠžœŽ—ǰȱ
Šœ–žœœŽ—ȱǭȱŒ‘’‹¢ŽȱǻŗşŞşǼȱŽœžŠ›Š–ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜ȱ2máx, da força isométrica (músculos abdominais, lombares, extensores da 160
Vítor Pires Lopes
anca e do joelho, preensão da mão) e dos 2000 metros de corrida em 85 crianças de ambos os sexos com 10 e 12 anos de idade repartidas em dois grupos -­‐‑ um com 5 aulas de EF por semana, outro com 2 aulas EF por œŽ–Š—ŠȱȬȱž›Š—Žȱž–ȱ™Ž›Ç˜˜ȱŽȱřȱŠ—˜œǯȱ¨˜ȱœŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ›Š–ȱ–˜’ęŒŠ-­‐‑
³äŽœȱœ’œŽ–¤’ŒŠœȱ—˜ȱ2–¤¡ǯȱ¨˜ȱ‘˜žŸŽȱ–˜’ęŒŠ³äŽœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱ—˜ȱ
Ž–™˜ȱŽȱŒ˜››’Šǯȱ
˜žŸŽȱž–ȱŠž–Ž—˜ȱœ’—’ęŒŠ’Ÿ˜ȱ—Šȱ˜›³ŠȱŽ–ȱ˜˜œȱ˜œȱ
grupos musculares do 4º ao 6º grau e do 6º ao 8º grau, este aumento não foi contínuo. Porém, quando as aulas são planeadas tendo como preocu-­‐‑
™Š³¨˜ȱž—Š–Ž—Š•ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱǰȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱšžŽȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱ
ŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŽœŠȱ–Ž•‘˜›Š–ǯȱŠ›šžŽœȱǻŗşŞŞǼȱ›ŽŠ•’£˜žȱž–ȱŽœž˜ȱŒ˜–ȱ
o objectivo de analisar do estado de desenvolvimento da capacidade de ™›ŽœŠ³¨˜ȱŽȱ›Žœ’œ¹—Œ’ŠǰȱŠ™àœȱ›Š‹Š•‘˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘȱ™Š›Šȱ˜ȱœŽžȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’-­‐‑
–Ž—˜ǰȱ—ŠȱŠž•ŠȱŽȱȱŒ˜–™Š›Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŠž•Šȱȃ—˜›–Š•ȄȱŽȱǯȱ–ȱ›ž-­‐‑
™˜ȱǻ—ȱƽȱŗŖŖǼȱŽ¡™Ž›’–Ž—Š•ȱ˜’ȱœž“Ž’˜ȱŠȱŘŘȱŠž•ŠœȱŽȱȱŒ˜–ȱ›Ž’—˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘȱ
Žȱ›Žœ’œ¹—Œ’ŠǰȱŽ—šžŠ—˜ȱšžŽȱ˜ȱ›ž™˜ȱŽȱŒ˜—›˜•˜ȱǻ—ȱƽȱŗŘŚŖǼȱŒ˜—’—žŠŸŠȱ
com as aulas “normais” de EF. A amostra era constituída por crianças do 5º e do 6º anos de escolaridade. A capacidade de resistência foi avaliada (pré e pós-­‐‑teste) com dois testes de campo: corrida de 800 metros e 15 –’—ž˜œȱŽȱŒ˜››’ŠǰȱŽȱŒ˜–ȱŽœŽœȱ•Š‹˜›Š˜›’Š’œDZȱ170 absoluta e relativa. Šȱ™›˜ŸŠȱŽȱŗśȱ–’—ž˜œȱŽȱŒ˜››’Šȱ˜œȱ›Š™Š£ŽœȱŽȱŠœȱ›Š™Š›’Šœȱ˜ȱ›ž™˜ȱ
experimental do 5º ano apresentaram valores de prestação superiores aos do grupo de controlo. No 7º ano não houve diferenças entre os dois ›ž™˜œǯȱŠȱ™›˜ŸŠȱŽȱŞŖŖȱ–Ž›˜œȱŽȱŒ˜››’Šȱ˜œȱ›Š™Š£ŽœȱŽȱŠœȱ›Š™Š›’Šœȱ˜ȱ
5º ano do grupo experimental obtiveram resultados superiores aos do ›ž™˜ȱŽȱŒ˜—›˜•˜ǯȱ˜ȱŝķȱŠ—˜ȱ—¨˜ȱœŽȱŸŽ›’ęŒŠ›Š–ȱ’Ž›Ž—³ŠœȱŽ—›Žȱ˜œȱ˜’œȱ
›ž™˜œǯȱŠȱ170ȱ—¨˜ȱ‘˜žŸŽȱŠ•Ž›Š³äŽœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱšžŽ›ȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŽȱ
Œ˜—›˜•˜ȱšžŽ›ȱ—˜ȱ›ž™˜ȱŽ¡™Ž›’–Ž—Š•ǯȱ—’Œ˜ȱǭȱŠ‘˜—ȱǻŗşşśǼȱŽœžŠ›Š–ȱ
˜ȱŽŽ’˜ȱŽȱž–ȱ™›˜›Š–ŠȱŽœ™ŽŒÇꌘȱǻŗŖȱœŽ–Š—ŠœȱŒ˜–ȱřȱŠž•Šœȱ™˜›ȱœŽ–Š—ŠǼȱ
no desenvolvimento da AF em crianças com baixo nível de expressão da AF (crianças com valores abaixo das medida critério em pelo menos 3 dos 4 testes do Physical Best). Observaram que o grupo experimental ˜‹ŽŸŽȱ–Ž•‘˜›’Šœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠ–Ž—Žȱœž™Ž›’˜›Žœȱ—˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱ
de AF ao grupo de controlo que continuou com as aulas “normais” de EF.
Os programas de aulas foram delineados sem ter em consideração o nível de rendimento inicial dos alunos. As propostas de exercitação, isto é, a intensidade, duração e frequência da carga foram as mesmas para todos os alunos, independentemente do seu nível de rendimento. Este facto pode ter condicionado a mudança nos grupos extremos. A ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȱ™Š›Šȱȃ˜ȱŠ•ž—˜ȱ–·’˜Ȅȱ—¨˜ȱŽ–ȱŽ–ȱŒ˜—œ’Ž›Š³¨˜ȱ˜ȱ’Ž›Ž—-­‐‑
cial de prontidão e rendimento dos alunos, o que leva a que a carga de treino / instrução para uns seja demasiado elevada (nível de rendimento inicial baixo) e para outros seja demasiado baixa (nível de rendimento inicial alto).
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
161
ŠȱȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱšžŽǰȱŠ—˜ȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱŒ˜–ȱřȱŠž•Šœȱ
semanais como nos grupos extremos com 2 aulas semanais, a prestação aumentou ao longo do ano escolar e que a diferença inicial entre grupos Ž¡›Ž–˜œȱœŽȱŠŒŽ—ž˜žȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ǯȱ‹œŽ›ŸŠȬœŽǰȱ™˜›Š—˜ǰȱž–ȱ
™Š›¨˜ȱ•’—ŽŠ›ȱŽȱŒ›ŽœŒ’–Ž—˜ȱŒ˜–ȱž–Šȱ–Š’˜›ȱŸŠ›’Š³¨˜ȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŠ—˜ȱ
•ŽŒ’Ÿ˜ǯȱœŠȱ–Š’˜›ȱŸŠ›’Š³¨˜ȱ˜ȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱ™˜Žǰȱ
Ž–ȱ™Š›ŽǰȱŽŸŽ›ȬœŽȱŠ˜ȱŽŽ’˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŠœȱ–Ž’Šœȱ›Ž™Ž’ŠœȱŽȱ
ŠŸŠ•’Š³¨˜ǯȱ˜—ž˜ǰȱ—¨˜ȱ·ȱŽȱŽŒ•’—Š›ȱŠȱ‘’™àŽœŽȱŽȱšžŽȱŠȱ–Š’˜›ȱŸŠ›’Š³¨˜ȱ
—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŠ—˜ȱ•ŽŒ’Ÿ˜ȱœŽȱŽ—‘ŠȱŠ–‹·–ȱꌊ˜ȱŠȱŽŸŽ›ȱŠ˜ȱŽŽ’˜ȱŒž–ž-­‐‑
•Š’Ÿ˜ȱŠȱŒŠ›ŠȱŽȱ›Ž’—˜ȱȦȱ’—œ›ž³¨˜ȱŽȱ¥ȱŽęŒ’¹—Œ’Šȱ˜œȱ™›˜›Š–Šœǯȱ’ŒŠǰȱ
portanto, patente que a estrutura didádico-­‐‑metodológica das aulas de EF ˜’ȱœžęŒ’Ž—Ž–Ž—ŽȱŽęŒŠ£ȱ™Š›ŠȱšžŽȱ˜˜œȱ˜œȱŠ•ž—˜œǰȱ’—Ž™Ž—Ž—Ž–Ž—Žȱ
˜ȱœŽžȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ›Ž—’–Ž—˜ȱ’—’Œ’Š•ǰȱ›ŽŠ•’£ŠœœŽ–ȱŽȱ˜›–Šȱ’œ’—Šȱ˜ȱœŽžȱ
™˜Ž—Œ’Š•ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱǯ
Na generalidade, as aulas eram e variadas nas suas propostas de Ž¡Ž›Œ’Š³¨˜ǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱŽȱšžŽȱŠȱ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȱŠ—žŠ•ȱŒ˜—’—‘Šȱž—’ŠŽœȱ
’¤Œ’ŒŠœȱ Š–‹·–ȱ –ž’˜ȱ ’œ’—Šœǰȱ Œ˜–ȱ Œ˜—Žø˜œȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ȱ
–ž’˜ȱ ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜œǯȱȱ ŸŠ›’ŽŠŽȱ Žȱ Ž¡Ž›Œ’Š³¨˜ȱ ·ǰȱ Žȱ ŠŒ˜ǰȱ ž–ȱ ˜œȱ
™›’—ŒÇ™’˜œȱ ž—Š–Ž—Š’œȱ ˜ȱ ›Ž’—˜ȱ Šȱ Œ˜˜›Ž—Š³¨˜ȱ ǻ
’›ĵȱ ǭȱ Œ‘’Ž•”Žǰȱ
ŗşŞŜDzȱ
’›ĵȱǭȱ
˜•ĵǰȱŗşŞŝǼǯ
’••’–Œ£’”ȱǻŗşŞŖǼǰȱ—ž–ȱŽœž˜ȱ•˜—’ž’—Š•ȱŽ–ȱŒ›’Š—³Šœȱǻ—ƽřşşǼȱŽȱ
’ŠŽȱŽœŒ˜•Š›ȱǻŜǰŝȱŠȱŗŖǰŝȱŠ—˜œȱŽȱ’ŠŽǼǰȱŠ–‹·–ȱŸŽ›’ęŒ˜žȱšžŽȱ˜˜œȱ˜œȱ
grupos de rendimento inicial distinto melhoraram a sua prestação na ‹ŠŽ›’ŠȱŽȱŽœŽœȱǯȱȱŠž˜›ȱŠ›ž™˜žȱŠœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽ–ȱřȱ›ž™˜œȱŽȱ›Ž—-­‐‑
’–Ž—˜ȱ’œ’—˜ȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱ˜ȱȱ—ŠȱŗĶȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ
(6,7 anos de idade) (resultados inferiores a x-­‐‑dp, resultados entre x±dp Žȱ›Žœž•Š˜œȱŠŒ’–ŠȱŽȱ¡Ƹ™ǼǯȱœȱŠŸŠ•’Š³äŽœȱ˜›Š–ȱ›ŽŠ•’£ŠŠœȱŠ—˜ȱŠȱŠ—˜ȱ
até aos 10,7 anos de idade. Neste período constatou que todos os gru-­‐‑
™˜œȱ–Ž•‘˜›Š›Š–ȱŠȱœžŠȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱŠ˜ȱ•˜—˜ȱ˜ȱ™Ž›Ç˜˜ȱŽȱ˜‹œŽ›ŸŠ³äŽœǰȱ
ŸŽ›’ęŒŠ—˜ȬœŽǰȱ—˜ȱŽ—Š—˜ǰȱ—˜ȱꗊ•ȱ˜ȱŽœž˜ȱž–Šȱ–Š’˜›ȱŸŠ›’Š‹’•’ŠŽȱ
no rendimento dos grupos, devido ao aumento das diferenças iniciais.
ȱ™Š›¨˜ȱŽȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŠȱŽœ›žž›Šȱ’¤Œ’Œ˜Ȭ–Ž˜˜•à’ŒŠȱŠœȱŠž•Šœȱ
na mudança no nível de expressão das habilidades motoras nos grupos extremos não foi uniforme, isto é, variou conforme o grupo de habilidades Œ˜—œ’Ž›Š˜ǯȱ—Š•’œŽ–˜œȱŠœȱ’Ž›Ž—Žœȱœ’žŠ³äŽœȱŸŽ›’ęŒŠŠœǯ
Nas habilidades do atletismo e do basquetebol não se observaram –žŠ—³Šœȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱ˜ȱ™›·ȱ™Š›Šȱ˜ȱ™àœȬŽœŽǰȱŠ—˜ȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡-­‐‑
tremos com 3 aulas semanais como nos grupos extremos com 2 aulas œŽ–Š—Š’œǯȱ¨˜ȱœŽȱŽ—Œ˜—›˜žȱ–žŠ—³Šȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œȱ
com 2 aulas semanais. Nas habilidades do andebol e do futebol a situação é ligeiramente di-­‐‑
ferente da anterior. Os grupos de rendimento inicial inferior melhoraram a sua prestação, tendo os grupos de rendimento inicial superior mantido 162
Vítor Pires Lopes
o seu nível de rendimento. É provável que estes resultados se devam ao facto da programação da estrutura didáctico-­‐‑metodológica das aulas ter sido feita para um aluno médio e não ter tido em consideração o nível de prestação inicial dos diferentes alunos. É, portanto, plausível que esta circunstância não tenha permitido que os alunos com níveis de prontidão –Š’œȱ Ž•ŽŸŠ˜œȱ ŠŒžŠ•’£ŠœœŽ–ȱ ˜ȱ œŽžȱ ™˜Ž—Œ’Š•ȱ Žȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ǯȱȱ
carga de treino / instrução não atingiu o nível (intensidade, frequência, ž›Š³¨˜ǼȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›Šȱ’—ž£’›ȱŠ—‘˜œȱŽȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱ—˜œȱŠ•ž—˜œȱŒ˜–ȱ
nível inicial elevado. De facto, as aulas foram planeadas tendo em con-­‐‑
sideração que todos os alunos possuíam o mesmo nível de domínio das habilidades. Ou, mais precisamente, tomou-­‐‑se em consideração que o nível de prestação dos alunos nas habilidades estava nivelado por baixo. Este pressuposto baseou-­‐‑se fundamentalmente em dois factos: (1) nos anos de escolaridade anteriores os alunos não tiveram aulas de EF e (2) na sua maior parte não praticavam qualquer actividade desportiva com carácter regular.
É também admissível que os resultados obtidos nestas habilidades Ž—‘Š–ȱ œ’˜ȱ ’—ĚžŽ—Œ’Š˜œȱ ™˜›ȱ ˜ž›˜œȱ ŠŒ˜›Žœǰȱ —˜–ŽŠŠ–Ž—Žȱ Šȱ ŠŒ-­‐‑
tividade física habitual das crianças. A actividade física habitual das Œ›’Š—³ŠœȱŽœ¤ȱ˜›Ž–Ž—ŽȱŠœœ˜Œ’ŠŠȱŒ˜–ȱ˜ȱœŽžȱ—ÇŸŽ•ȱŽȱ™›˜ęŒ’¹—Œ’ŠȱŽ–ȱ
‘Š‹’•’ŠŽœȱŒ˜–˜ȱŠȱŒ˜››’Šǰȱ˜ȱœŠ•˜ǰȱ™˜—Š™ŽŠ›ȱŽȱ•Š—³Š›ȱǻžŒ‘Ž›ȱǭȱŠ˜—ǰȱ
1989). A actividade física da criança no seu tempo livre deve, pois, ser considerada como um espaço informal de treino / instrução. Segundo Brito (1988) e Gomes (1991), as actividades de jogos com bola, dentro ŠœȱšžŠ’œȱœŽȱŽœŠŒŠȱ—˜œȱ›Š™Š£Žœȱ˜ȱžŽ‹˜•ǰȱœ¨˜ȱŠœȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ–Š’œȱ™›Š-­‐‑
ticadas pelas crianças desta faixa etária no seu tempo livre. É, portanto, verosímil que a actividade física diária seja também um dos factores explicativos destes resultados. As crianças de nível inicial superior, isto é, com nível de prontidão mais elevado, provavelmente aquelas que mais ™›Š’ŒŠ–ȱ ŽœŠœȱ ŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱ —˜ȱ œŽžȱ Ž–™˜ȱ •’Ÿ›Žǰȱ —¨˜ȱ ‹Ž—ŽęŒ’Š›Š–ȱ Šœȱ
Šž•ŠœȱŽȱǰȱŽ–ȱŸ’›žŽȱŽȱŽœŠœȱ—¨˜ȱŽ›Ž–ȱŒŠ›ŠȱœžęŒ’Ž—Žȱ™Š›Šȱ˜ȱœŽžȱ
—ÇŸŽ•ȱŽȱ™›˜—’¨˜ǯȱœŠȱ“žœ’ęŒŠ³¨˜ȱ•ŽŸŠ—Šȱž–ȱ™›˜‹•Ž–Šȱ™ŽŠà’Œ˜ȱ
e metodológico fundamental, já referido, que é o facto de as aulas, na generalidade, serem preparadas para um aluno abstracto, o aluno médio, não se tendo a preocupação de atingir também os alunos com níveis de rendimento extremo (baixo e alto).
Šœȱ ‘Š‹’•’ŠŽœȱ Šȱ ’—¤œ’ŒŠȱ ŸŽ›’ęŒŠ›Š–ȬœŽȱ –žŠ—³Šœȱ œ’—’ęŒŠ’-­‐‑
vas tanto nos grupos extremos com 3 aulas semanais como nos grupos extremos com 2 aulas semanais, apresentando em ambos os casos um ™Ž›ę•ȱ’¹—’Œ˜ȱ˜žȱ™Š›Š•Ž•˜ǰȱ’—’ŒŠ˜›ȱŽȱšžŽȱŠȱŸŠ›’Š³¨˜ȱŽȱ™›ŽœŠ³¨˜ȱœŽȱ
–Š—ŽŸŽȱŒ˜—œŠ—ŽǯȱŽ—œŠ–˜œȱšžŽȱŽœŠȱ–žŠ—³Šȱœàȱ™˜Žȱ’–™žŠ›ȬœŽȱ¥ȱ
estrutura didáctico-­‐‑metodológica das aulas. De facto, é no desenvolvi-­‐‑
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
163
–Ž—˜ȱŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱŠȱ’—¤œ’ŒŠȱšžŽȱŠȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŠœȱŠž•ŠœȱŽȱȱ™˜Žȱ
ser analisada com mais rigor e substância, em virtude da ocorrência em simultâneo dos seguintes factores:
1) o nível de prestação dos alunos estava nivelado por baixo, apre-­‐‑
œŽ—Š—˜ȱž–Šȱ‹Š’¡ŠȱŸŠ›’Š‹’•’ŠŽȱ’—Ž›Ȭ’—’Ÿ’žŠ•ȱǻŒ˜ŽęŒ’Ž—ŽȱŽȱ
ŸŠ›’Š³¨˜ȱƽȱŖǰŗŞǼDz
2) a ginástica é uma actividade desportiva que não é não passível de ser praticada durante as actividades recreio e tempo livre devido ¥ȱ’—Ž¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱŒ˜—’³äŽœȱ–ŠŽ›’Š’œȱ—ŠȱŽœŒ˜•Šȱ™Š›ŠȱŠȱœžŠȱ™›¤’ŒŠDz
3) nenhum aluno era praticante de ginástica (na totalidade da amos-­‐‑
tra havia apenas dois alunos que praticavam desporto de forma regular e sistemática – um praticava hóquei em patins e o outro praticava futebol).
ȱ˜Œ˜››¹—Œ’ŠȱŽœŽœȱŠŒ˜›Žœȱ’–™•’ŒŠȱšžŽȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŸŽ›’ęŒŠ˜ȱ
no nível de expressão das habilidades da ginástica se deva atribuir ex-­‐‑
Œ•žœ’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱŽœ›žž›Šȱ’¤Œ’Œ˜Ȭ–Ž˜˜•à’ŒŠȱŠœȱŠž•Šœǯȱ˜–ȱŽŽ’˜ǰȱ
o planeamento contemplava uma unidade didáctica de ginástica com Š›ŽŠœȱŽ¡Œ•žœ’ŸŠ–Ž—ŽȱŽœ’—ŠŠœȱ¥ȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱŽȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
das habilidades objecto de avaliação. A exercitação decorreu princi-­‐‑
palmente sob a forma de “actividade de grupos alternada e paralela” šžŽȱ˜Ž›ŽŒŽȱŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽȱŽȱ˜›Š—’£Š›ȱ’Ž›Ž—Œ’ŠŠ–Ž—Žȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ
Žȱ Ž¡Ž›Œ’Š³¨˜ȱ Žȱ Š™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ ’œ˜ȱ ·ǰȱ Šȱ Œ˜—œ’ž’³¨˜ȱ Žȱ ›ž™˜œȱ Œ˜–ȱ
rendimento variável. De facto, os alunos foram divididos por nível de ™›ŽœŠ³¨˜ǰȱ˜ȱšžŽȱ›Žœ™Ž’Šȱ˜ȱ™›’—ŒÇ™’˜ȱŠȱ’—’Ÿ’žŠ•’£Š³¨˜ȱ˜ȱŽ—œ’—˜ȱŽȱ
aumenta o efeito da exercitação. O professor teve uma actuação dirigida para cada grupo, prestando a ajuda necessária e adequada a cada grupo de alunos e a cada aluno.
5. Conclusões
Em termos globais pode concluir-­‐‑se que a estrutura didáctico-­‐‑meto-­‐‑
˜•à’ŒŠȱŠœȱŠž•Šœȱ˜œȱ˜’œȱ™›˜›Š–Šœȱ—¨˜ȱ˜’ȱœžęŒ’Ž—Ž–Ž—ŽȱŽęŒŠ£ȱ
para elevar os níveis de expressão da AF, das habilidades do atletismo, Šœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ˜ȱ‹ŠœšžŽŽ‹˜•ȱ—˜œȱ›ž™˜œȱŽ¡›Ž–˜œǯȱŽŸŽȱž–ŠȱŽęŒ¤Œ’Šȱ
›Š£˜¤ŸŽ•ȱ—˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ
˜ȱŠ—Ž‹˜•ȱŽȱ˜ȱžŽ‹˜•ǯȱ˜’ȱŽęŒŠ£ȱ—˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱ
Ž¡™›Žœœ¨˜ȱŠȱȱŽȱŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱŠȱ’—¤œ’ŒŠǯȱ
6. Bibliografia
American Alliance for Health, Physical Education, Recreation, and Dance. (1989). Physical Best. The AAHPERD guide to physical fitness education and assessment. Reston: AAHPERD.
Brito, A. P. (1988). Do jogo ao desporto. Horizonte, 5 (28), 127-­‐‑131.
ž––’—ǰȱǯȱǯǰȱ˜ž•’—ǰȱǯǰȱǭȱŠ•Ž¢ǰȱǯȱǻŗşŜşǼǯȱŠ’•ž›Žȱ˜ȱœŒ‘˜˜•ȱ
164
Vítor Pires Lopes
physical education to improve cardiorespiratory fitness. Canadian Medical Association Journal, 101 (26), 69-­‐‑73.
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ŽȱŠ™ŠŒ’ŠŽȱŽŠà’ŒŠǯȱ’œ‹˜ŠDZȱȬǯȱ
Gomes, M. P. B. B. (1991). Os espaços e os materiais. InDZȱȱǻŽǯǼǯȱ
Educação Física na Escola Primáriaǯȱ˜›˜DZȱǯ
’›£ǰȱ ǯǰȱ ǭȱ ˜•£ǰȱ ǯȱ ǻŗşŞŝǼǯȱ ˜–˜ȱ Š™Ž›Ž’³˜Š›ȱ Šœȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ
coordenativas: exemplos concretos. Horizonte, 3 (17), 166-­‐‑171. ’›£ǰȱ ǯǰȱ ǭȱ Œ‘’Ž•”Žǰȱ ǯȱ ǻŗşŞŜǼǯȱ ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ Šœȱ ŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ
coordenativas nas crianças nos jovens e nos adultos. Horizonte, 3 (15), 83-­‐‑88. —’Œ˜ǰȱǯȱǯǰȱǭȱŠ‘˜—ǰȱǯȱǯȱǻŗşşśǼǯȱ‘ŽȱŽŽŒœȱ˜ȱŠȱ™‘¢œ’ŒŠ•ȱ’—Žœœȱ
program on a low-­‐‑fit children. Research Quarterly for Exercise and Sport, 66 (1), 85-­‐‑90.
•ŠžœŽ—ǰȱ ǯǰȱ Šœ–žœœŽ—ǰȱ ǯǰȱ ǭȱ Œ‘’‹¢Žǰȱ ǯȱ ǻŗşŞŜǼǯȱ ŸŠ•žŠ’˜—ȱ ˜ȱ ‘Žȱ
physical activity of school children during a physical-­‐‑education •Žœœ˜—ǯȱ—DZȱǯȱžŽ—›Š—£Dzȱǯȱ˜ŒŽ•’—ǰȱǯȱ•’–ȱǻŽœǯǼǯȱChildren and Exercise XIIǯȱ‘Š–™Š’—DZȱ
ž–Š—ȱ’—Ž’Œœǯ
Š›šžŽœǰȱǯȱ ǯȱ ǻŗşŞŞŠǼǯȱ Desenvolvimento da capacidade de prestação de resistência. Estudo aplicado em crianças e jovens do 5º ao 9º ano de escolaridade da região do grande PortoǯȱŽœŽȱŽȱ˜ž˜›Š–Ž—˜ǯȱǯȱ
Porto: Universidade do Porto.
¢Œ‘ŽŒ”¢ǰȱǯǰȱŠžŽ›ǰȱǯǰȱŠ—˜žŒ‘ǰȱǯǰȱ¢”˜›ŠǰȱǯǰȱǭȱŽ“œ”Š•ǰȱǯȱǻŗşşŖǼǯȱ
Influence of different physical activities on the physical ™Ž›˜›–Š—ŒŽȱ˜ȱ™ž™’•œȱ‹Ž ŽŽ—ȱ‘ŽȱŠŽœȱŗŗȱŠ—ȱŗŚǯȱ—ȱǯȱŽ•Š–Šǰȱ
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Œ‘’••’—ǰȱ ǯǰȱ ǭȱ ’™‘Š›ǰȱ ǯȱ ǯȱ ǻŗşŝŚǼǯȱ Körperkoordinationstest für kinder, ǯȱŽ’—‘Ž’–DZȱŽ•£ȱŽœȱ–‹‘ǯ
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Morehouse (eds.). Children and exercise IX. Baltimore: University Park Press.
˜Š›Žœǰȱǯȱǯȱǯǰȱǭȱ˜ŠǰȱǯȱǯȱǯȱǯȱǻŗşŞŝǼǯȱEstudo do comportamento da frequência cardiaca durante aulas de Educação Física em alunos de 9-­‐‑13 anos do ciclo-­‐‑preparatórioǯȱ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱŠ™›ŽœŽ—ŠŠȱ—˜ȱœŽ–’—¤›’˜DZȱ
Š›Šȱ–Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™˜›’Ÿ˜Ȭ˜›™˜›Š•ȱ—ŠȱœŒ˜•Šǯȱ˜›˜ǯ
’••’–Œ£’”ǰȱ ǯȱ ǻŗşŞŖǼǯȱ ŽŸŽ•˜™–Ž—ȱ ˜ȱ –˜˜›ȱ Œ˜—›˜•ȱ ŒŠ™Š‹’•’¢ȱ
(body coordination) of 6-­‐‑to 10-­‐‑year-­‐‑old children : Results of a Longitudinal Study. Inȱ ǯȱ œ¢—Dzȱ ǯȱ Žž—Ž—Dzȱ ǯȱ ’–˜—œȱ ǻŽœǯǼǯȱ
Efeitos das aulas de educação física na mudança…
165
Kinanthropometry II. Baltimore: University Park Press.
166
Vítor Pires Lopes
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta de abordagem durante a
adaptação ao meio aquático
Tiago Manuel Cabral dos Santos Barbosa1
[email protected]
Telma Queirós2
[email protected]
Escola Superior de Educação de Bragança – Instituto Politécnico de Bragança
Resumo
O processo de adaptação ao meio aquático visa dar a conhecer ao aluno as Žœ™ŽŒ’ęŒ’ŠŽœȱ˜ȱ–Ž’˜ȱŠšž¤’Œ˜ǰȱ™Ž›–’’›ȱŠȱŠšž’œ’³¨˜ȱ˜œȱŒ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱ
mais adequados quando se encontra neste meio e, concomitantemente, ad-­‐‑
quirir a “prontidão aquática”. Neste sentido, a adaptação ao meio aquático consiste na aquisição e no desenvolvimento de diversas habilidades motoras aquáticas básicas. Assim, é objectivo deste trabalho apresentar os pressu-­‐‑
™˜œ˜œȱŽœœŽ—Œ’Š’œȱ¥ȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱŽȱž–ŠȱŽœœŠœȱ‘Š‹’•’ŠŽœǰȱŠȱȃ™›˜™ž•œ¨˜Ȅǰȱ
bem como da sub-­‐‑habilidade “saltos” durante este processo.
Palavras-­chave
Propulsão, adaptação, meio aquático
Key words
ŗǼȱ Ž™Š›Š–Ž—˜ȱŽȱ’¹—Œ’Šœȱ˜ȱŽœ™˜›˜ȱŽȱžŒŠ³¨˜ȱǜ’ŒŠ
2) Departamento de Supervisão da Prática Pedagógica
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta…
167
EduSer nº1
1. Introdução
O conceito de “prontidão aquática” remete para a capacidade de um sujeito adquirir todas as habilidades motoras aquáticas básicas, atitudes ŽȱŒ˜–™›ŽŽ—œäŽœȱšžŽȱ™›ŽŒŽŽ–ȱŠȱŠšž’œ’³¨˜ȱŽȱ·Œ—’ŒŠœȱ–Š’œȱ˜›–Š’œȱŽȱ
Œ˜’ęŒŠŠœȱ ǻŠ—Ž—˜›Ž›ȱ ǭȱ ›ž¢Šǰȱ ŗşşśDzȱ ’•ŸŠȱ ǭȱ Š–™Š—’³˜ǰȱ ŗşşŞǼǯȱ
Ou seja, só será possível a aquisição das habilidades motoras aquáticas Žœ™ŽŒÇꌊœȱŠœȱ’ŸŽ›œŠœȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱŠšž¤’ŒŠœȱšžŠ—˜ȱŒŠŠȱœž“Ž’˜ȱŠ™›Ž-­‐‑
sentar uma “prontidão motora”.
˜–ȱ˜ȱ’—ž’˜ȱŽȱœŽȱŠ’—’›ȱŠ•ȱ™›˜—’¨˜ǰȱ›Š’Œ’˜—Š•–Ž—Žȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ
submetem-­‐‑se a um processo denominado por adaptação ao meio aquático (AMA). Este processo visa, como o próprio nome indica, dar a conhecer Š˜ȱŠ•ž—˜ȱŠœȱŽœ™ŽŒ’ęŒ’ŠŽœȱ˜ȱ–Ž’˜ȱŠšž¤’Œ˜ǰȱ™Ž›–’’›ȱŠȱŠšž’œ’³¨˜ȱ˜œȱ
Outubro 2003
Propulsion, adaptation, aquatic environment
comportamentos mais adequados quando se encontra neste meio e, concomitantemente, adquirir a “prontidão aquática”.
Neste sentido, a AMA consiste na aquisição e no desenvolvimento de diversas habilidades motoras aquáticas básicas. De acordo com Barbosa ǻŘŖŖŖDzȱŘŖŖŗǼǰȱ—˜ȱŽŒž›œ˜ȱ˜œȱ™›˜›Š–ŠœȱŽȱǰȱŽŸŽ›¨˜ȱœŽ›ȱŠ‹˜›Š-­‐‑
das as seguintes habilidades motoras aquáticas básicas: (i) o equilíbrio, ’—Œ•ž’—˜ȱŠȱ̞žŠ³¨˜ȱŽȱŠœȱ›˜Š³äŽœDzȱǻ’’ǼȱŠȱ™›˜™ž•œ¨˜ǰȱ˜—ŽȱœŽȱ’—Ž›Š–ȱ˜œȱ
œŠ•˜œDzȱǻ’’’ǼȱŠȱ›Žœ™’›Š³¨˜ȱŽDzȱǻ’ŸǼȱŠœȱ–Š—’™ž•Š³äŽœǰȱšžŽȱŠ–‹·–ȱŠ‹›Š—Ž–ȱ
˜œȱ•Š—³Š–Ž—˜œȱŽȱŠœȱ›ŽŒŽ™³äŽœǯ
Assim sendo, é objectivo deste trabalho apresentar os pressupostos ŽœœŽ—Œ’Š’œȱ¥ȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱŠȱ‘Š‹’•’ŠŽȱ–˜˜›ŠȱŠšž¤’ŒŠȱ‹¤œ’ŒŠȱȃ™›˜™ž•-­‐‑
são”, bem como da sua sub-­‐‑habilidade “saltos”.
2. Determinantes mecânicas
O deslocamento de um sujeito no meio aquático decorre essencial-­‐‑
mente da actuação e da interacção de duas forças externas: a propulsão e o arrasto.
Actualmente, considera-­‐‑se a existência de três teorias que explicam o ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱ™›˜™ž•œ¨˜ȱŽȱž–ȱœž“Ž’˜ȱ—˜ȱ–Ž’˜ȱ•Çšž’˜ȱǻ˜œ’••ȱŽȱŠ•ǯǰȱŗşşŘDzȱ
Š•’œ‘˜ǰȱŗşşřDzȱžœ‘Š••ȱŽȱŠ•ǯǰȱŗşşŚǼDZȱŠȱŽ˜›’Šȱ˜ȱ››Šœ˜ȱ›˜™ž•œ’Ÿ˜ǰȱŠȱ
Ž˜›’ŠȱœŒŽ—œ’˜—Š•ȱ›˜™ž•œ’ŸŠȱŽȱŠȱŽ˜›’Šȱ˜œȱà›’ŒŽœǯ
ȱŽ˜›’Šȱ˜ȱ››Šœ˜ȱ›˜™ž•œ’Ÿ˜ȱ‹ŠœŽ’ŠȬœŽȱ—ŠȱŽ›ŒŽ’›ŠȱŽ’ȱŽȱŽ ˜—DZȱ
“a cada acção opõe-­‐‑se uma força de igual direcção, de sentido oposto e de igual intensidade”ǯȱžŽ›ȱ’œ˜ȱ’£Ž›ȱšžŽȱ—˜ȱŒŠœ˜ȱŽȱž–ȱ—ŠŠ˜›ǰȱŠ˜ȱ›ŽŠ•’£Š›ȱž–Šȱ
braçada da frente para trás, este vai-­‐‑se deslocar para a frente. A força que ™›˜ž£ȱŽœœŽȱŽœ•˜ŒŠ–Ž—˜ȱŽ—˜–’—ŠȬœŽȱŽȱ˜›³ŠȱŽȱ››Šœ˜ȱ›˜™ž•œ’Ÿ˜ȱ
ǻ˜ž—œ’•–Š—ǰȱŗşŜŞǼǯ
ȱŽ˜›’ŠȱœŒŽ—œ’˜—Š•ȱ‹ŠœŽ’ŠȬœŽȱ—˜ȱŽ˜›Ž–ŠȱŽȱŽ›—˜ž••’DZȱ“a relação Ž—›Žȱ Šȱ ŸŽ•˜Œ’ŠŽȱ Žȱ Šȱ ™›Žœœ¨˜ȱ Žȱ ŽœŒ˜Š–Ž—˜ȱ ˜œȱ ̞’˜œȱ ·ȱ ’—ŸŽ›œŠǯȄ Isto é, quanto maior a pressão, menor a velocidade de escoamento e vice-­‐‑versa. ˜›ȱ˜ž›˜ȱ•Š˜ǰȱœŠ‹ŽȬœŽȱšžŽȱšžŠ—˜ȱŽ¡’œŽȱž–ȱ›Š’Ž—ŽȱŽȱ™›ŽœœäŽœǰȱ˜œȱ
̞’˜œȱŽ—Ž–ȱŠȱŽœ•˜ŒŠ›ȬœŽȱŠœȱŠ•Šœȱ™Š›ŠȱŠœȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœǯȱŠ›ŠȱžŠœȱ
partículas de água partirem ao mesmo tempo da extremidade anterior de um hidrofoil (como por exemplo, uma mão) e chegarem ao mesmo Ž–™˜ȱ ¥ȱ Ž¡›Ž–’ŠŽȱ ™˜œŽ›’˜›ǰȱ Ž›¨˜ȱ Žȱ œŽ›ȱ Š—’–ŠŠœȱ Žȱ ’Ž›Ž—Žœȱ
ŸŽ•˜Œ’ŠŽœǯȱ™•’ŒŠ—˜ȱ˜ȱŽ˜›Ž–ŠȱŽȱŽ›—˜ž••’ǰȱšžŽ›ȱ’œœ˜ȱ’£Ž›ȱšžŽȱ—Šȱ
œž™Ž›ÇŒ’Žȱœž™Ž›’˜›ȱ˜ȱ‘’›˜˜’•ȱŽ¡’œŽȱž–ȱŒŠ–™˜ȱŽȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœȱŽȱ—Šȱ
œž™Ž›ÇŒ’Žȱ’—Ž›’˜›ȱž–ȱŒŠ–™˜ȱŽȱŠ•Šœȱ™›ŽœœäŽœǯȱ1ȱŒ›’ŠŠȱ’–Ž’ŠŠ–Ž—Žȱ
ž–Šȱ ˜›³Šȱ ŽŸ’˜ȱ ¥ȱ Ž—¹—Œ’Šȱ ™Š›Šȱ ˜ȱ ̞’˜ȱ ™›˜Œž›Š›ȱ Žœ•˜ŒŠ›ȬœŽȱ Šœȱ
Š•Šœȱ™Š›ŠȱŠœȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœDZȱŠȱ˜›³ŠȱœŒŽ—œ’˜—Š•ȱǻ˜ž—œ’•–Š—ǰȱŗşŝŗǼǯ
™àœȱ˜‹œŽ›ŸŠ›ȬœŽȱ˜œȱ™Š›äŽœȱ˜œȱ̞¡˜œȱŽȱ¤žŠȱŽ–ȱ˜›—˜ȱ˜ȱ—ŠŠ-­‐‑
dor, concluiu-­‐‑se que a propulsão também é derivada da projecção para a frente do corpo ou do segmento corporal submetido a uma massa de 168
Tiago Barbosa, Telma Queirós
¤žŠȱ˜›Š—’£ŠŠǰȱŠ—’–ŠŠȱŽȱž–ȱ–˜Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱ›˜Š³¨˜ȱ’›’’˜ȱŠœȱ
Š•Šœȱ™Š›ŠȱŠœȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœǰȱ˜žȱœŽ“ŠǰȱŽȱž–ȱŸà›’ŒŽǯȱ˜›ȱ˜ž›Šœȱ™Š•ŠŸ›Šœǰȱ
ŠȱŽ˜›’Šȱ˜œȱà›’ŒŽœȱ›Žœž•˜žȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŠœȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱŽȱ™›˜ž³¨˜ȱ
Žȱ˜›³Šȱ™›˜™ž•œ’ŸŠȱŽ–ȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱŽœŒ˜Š–Ž—˜ȱ’—œ¤ŸŽ•ȱǻ˜• ’—ǰȱŗşŞŚDzȱ
ŗşŞśŠDzȱ ŗşŞś‹Dzȱ ŗşşŘDzȱ —Ž›ŽŒ‘œǰȱ ŗşŞśDzȱ ŗşŞŞǼǯȱ ˜›ȱ ˜ž›˜ȱ •Š˜ǰȱ Šȱ Ž˜›’Šȱ
˜ȱ››Šœ˜ȱ›˜™ž•œ’Ÿ˜ȱŽȱŠȱŽ˜›’ŠȱœŒŽ—œ’˜—Š•ȱ›˜™ž•œ’ŸŠȱŽŒ˜››Ž–ȱŠȱ
Š—¤•’œŽȱ˜ȱŒ˜›™˜ȱšžŠ—˜ȱœž‹–Ž’˜ȱŠȱŒ˜—’³äŽœȱŽȱŽœŒ˜Š–Ž—˜ȱŽœ¤ŸŽ•ȱ
˜ȱ̞’˜ǯȱŽ›’ęŒŠȬœŽȱŠȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱ›¹œȱ’™˜œȱŽȱŸà›’ŒŽœDZȱ˜œȱŸà›’ŒŽœȱ
de extremidade, os vórtices separados em forma de “U” e os vórtices separados em anel. A Força de arrasto é uma força que tem um sentido oposto ao sen-­‐‑
tido do deslocamento. Logo, a sua intenção não é necessariamente a Žȱ™›˜–˜ŸŽ›ȱ˜ȱŽœ•˜ŒŠ–Ž—˜ȱ–ŠœȱŠ—ŽœǰȱŽȱ˜ȱ›Ž—Š›ǯȱ›Š’Œ’˜—Š•–Ž—Žȱ
considera-­‐‑se que esta força tem três componentes: o arrasto de fricção, ˜ȱŠ››Šœ˜ȱŽȱ™›Žœœ¨˜ȱŽȱ˜ȱŠ››Šœ˜ȱŽȱ˜—Šȱǻ˜œ’••ȱŽȱŠ•ǯǰȱŗşşŘDzȱŠ•’œ‘˜ǰȱ
ŗşşřDzȱžœ‘Š••ȱŽȱŠ•ǯǰȱŗşşŚǼǯ
O Arrasto de Fricção, ou de superfície, é causado pelo contacto entre œžŒŽœœ’ŸŠœȱŒŠ–ŠŠœȱŽȱ̞’˜ȱŒ˜–ȱŠȱœž™Ž›ÇŒ’Žȱ˜ȱŒ˜›™˜ȱŽ–ȱ–˜Ÿ’–Ž—˜ǯȱ
A camada que se encontra em contacto directo com a superfície do corpo ·ȱ›Ž—ŠŠȱŽŸ’˜ȱ¥ȱ™›Žœœ¨˜ȱŠ—Ž—Œ’Š•ȱšžŽȱŽœœŽȱŒ˜›™˜ȱŽ¡Ž›ŒŽȱœ˜‹›ŽȱŽ•Šǯȱ
˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŽœœŠȱŒŠ–ŠŠȱ’›¤ȱ’–’—ž’›ȱŠȱŸŽ•˜Œ’ŠŽȱŠȱŒŠ–ŠŠȱœŽž’—ŽȱŽȱ
assim sucessivamente. Será criada uma força de reacção a este fenómeno, Ž¡Ž›Œ’Šȱ™Ž•˜ȱ̞’˜ǰȱŠ—Ž—Œ’Š•–Ž—ŽȱŠ˜ȱŒ˜›™˜ȱŽȱŽȱœŽ—’˜ȱ˜™˜œ˜ȱŠ˜ȱ
deslocamento, que é denominada de Arrasto de Fricção.
Quando um corpo se desloca no seio de um líquido real, ocorre na œžŠȱŽ¡›Ž–’ŠŽȱŠ—Ž›’˜›ȱž–ŠȱŽœŠ—Š³¨˜ȱŽȱ̞’˜ǰȱšžŽȱœŽȱ›Šž£ȱ—˜ȱ
ŽœŠ‹Ž•ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱž–Šȱ£˜—ŠȱŽȱŠ•Šœȱ™›ŽœœäŽœǯȱ¤ȱ—Šȱ™Š›Žȱ™˜œŽ›’˜›ȱ˜ȱ
Œ˜›™˜ǰȱ·ȱŒ›’Š˜ȱž–ȱŒŠ–™˜ȱŽȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœǰȱŒŠžœŠ˜ȱ™Ž•˜ȱŽœŒ˜•Š–Ž—˜ȱ
ŠœȱŒŠ–ŠŠœȱŽȱ¤žŠȱ˜ȱŒ˜›™˜ǯȱŽŸ’˜ȱŠȱŽœœŠœȱ’Ž›Ž—³ŠœȱŽȱ™›ŽœœäŽœȱ·ȱ
criada uma força que actua sobre o corpo, perpendicularmente ao plano de separação dos dois campos de pressão e que se dirige das altas para Šœȱ‹Š’¡Šœȱ™›ŽœœäŽœȱȬȱ˜ȱ››Šœ˜ȱŽȱ›Žœœ¨˜ǯ
Um sujeito ao nadar “apanha” e comprime água, transmitindo desta ˜›–ŠȱŽ—Ž›’ŠȱŒ’—·’ŒŠȱŽȱŽ—Ž›’Šȱ™˜Ž—Œ’Š•ȱ¥ȱ¤žŠǯȱŠȱ›ŽŠ•’ŠŽǰȱ’ŸŽ›œŠœȱ
partes do corpo humano são pontos de pressão e, portanto, de criação Žȱ˜—Šœǯȱ–ȱŒ˜—œŽšž¹—Œ’ŠȱŸŽ›’ęŒŠȬœŽȱšžŽȱŽ¡’œŽȱž–Šȱ›Š—œ–’œœ¨˜ȱŽȱ
Ž—Ž›’ŠǰȱšžŽȱŽŸŽ›’ŠȱœŽ›ȱž’•’£ŠŠȱ™Ž•˜ȱ—ŠŠ˜›ȱ™Š›ŠȱœŽȱŽœ•˜ŒŠ›ǰȱ™Š›ŠȱŠȱ
¤žŠǯȱžȱœŽ“ŠǰȱŠȱŽ—Ž›’ŠȱšžŽȱŽŸŽ›’ŠȱœŽ›ȱž’•’£ŠŠȱ™Š›ŠȱŠȱ™›˜™ž•œ¨˜ǰȱœŽ›-­‐‑
ve para a produção de ondas. Este processo de transferência de energia designa-­‐‑se de Arrasto de Produção de Onda. Para mais, as velocidades œž™•Ž–Ž—Š›Žœȱ ˜ȱ ̞’˜ȱ ’—ž£’Šœȱ ™Ž•˜ȱ –˜Ÿ’–Ž—˜ȱ ˜—ž•Šà›’˜ȱ ¹–ȱ
’—Ěž¹—Œ’Šȱ œ˜‹›Žȱ Šȱ ›Ž™Š›’³¨˜ȱ Žȱ ™›ŽœœäŽœȱ ¥ȱ œž™Ž›ÇŒ’Žȱ ˜ȱ Œ˜›™˜ǰȱ ŠÇȱ
resultando que sobre ele começem a actuar forças e momentos hidrodi-­‐‑
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta…
169
nâmicos suplementares. Estes designam-­‐‑se por Forças e Momentos de Šž›Ž£Šȱ—ž•Šà›’Šǯȱ
3. Alterações comportamentais
Diversos autores consideram a propulsão como sendo o problema –Š’œȱŒ˜–™•Ž¡˜ȱŽȱ›Žœ˜•ŸŽ›ȱž›Š—ŽȱŠȱȱǻŠĴŽŠžȱǭȱŠ›˜ěǰȱŗşŝŚDzȱ˜Šǰȱ
ŗşşŖDzȱŠŸŠ››˜ǰȱŗşşśǼǯȱ˜ŠŸ’Šǰȱ—ŽœŠȱŽŠ™Šȱ—¨˜ȱ·ȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜ȱŠšž’›’›ȱŠœȱ‘Š-­‐‑
‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›ŠœȱŠšž¤’ŒŠœȱŽœ™ŽŒÇꌊœǰȱ˜žȱœŽ“ŠǰȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱ™Š›˜—’£ŠŠœȱ
ǻŠ›ŸŠ•‘˜ǰȱŗşşŚDzȱ˜ŠǰȱŗşşŖDzȱŠ›‹˜œŠȱǭȱžŽ’›àœǰȱŘŖŖŖǼǯȱȱ™›˜™àœ’˜ȱŠȱ
abordagem das habilidades relacionadas com a propulsão é, isso sim, o de permitir um deslocamento no meio aquático, mesmo que muito ›ž’–Ž—Š›ȱǻŒǯȱśǯǼǯȱœœ’–ǰȱ·ȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜ȱ—ŽœŠȱŠœŽȱŠȱŒ˜—œŒ’Ž—Œ’Š•’£Š³¨˜ȱŠȱ
™›˜™ž•œ¨˜ȱŽȱŠȱ™Ž›ŒŽ™³¨˜ȱ˜ȱŽœ•’£Žǯ
˜–ȱŠ•ȱ’—ž’˜ȱœžŽ›ŽȬœŽȱŠȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ—Š˜ȱŠ•Ž›-­‐‑
—ŠŠœȱǻŽȱ›˜•ȱŽȱŽȱ˜œŠœǼȱ—Šȱ–Ž’ŠȱŽ–ȱšžŽȱ˜œȱœŽžœȱ–˜Ÿ’–Ž—˜œȱœ¨˜ȱ
Ž–ȱž˜ȱ™›à¡’–˜œȱ˜œȱŸŽ›’ęŒŠ˜œȱ—˜ȱ–Ž’˜ȱŽ››Žœ›ŽȱŠšžŠ—˜ȱŠȱ–Š›Œ‘Šȱ
ǻŠ›ŸŠ•‘˜ǰȱŗşŞŘDzȱŗşşŚǼǯȱžȱœŽ“ŠǰȱŽ¡’œŽȱž–Šȱ›Š—œŽ›¹—Œ’Šȱ–˜˜›Šȱ™˜œ’’ŸŠȱ
entre a marcha que o aluno efectua no meio terrestre e a propulsão que œŽȱ™›ŽŽ—Žȱ—˜ȱ–Ž’˜ȱŠšž¤’Œ˜ǯȱ˜ŠŸ’ŠȱœŽ›¤ȱŽȱ›’œŠ›ȱšžŽȱ—Ž–ȱ˜˜œȱ˜œȱ
Šž˜›Žœȱ™˜œž•Š–ȱŽœŠȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽǯȱȱÇž•˜ȱ’•žœ›Š’Ÿ˜ǰȱŠĴŽŠžȱŽȱŠ››˜ȱ
(1974) são da opinião que os movimentos simultâneos de Bruços e de Mariposa serão mais propícios para a introdução da propulsão no meio aquático. Isto porque facilitaria a acção dos quatro segmentos propulsivos dada a sua simultaneidade. Aliado a isto, o acto inspiratório é facilitado visto que decorre unicamente de um movimento de extensão cervical, o qual acrescesse-­‐‑se, ocorre durante o apoio dos membros superiores. ’—Š•–Ž—ŽǰȱŠȱœ’—Œ›˜—’£Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱŠȱŠŒ³¨˜ȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱœž™Ž›’˜›ŽœȱŽȱ˜œȱ
’—Ž›’˜›ŽœȱŠ–‹·–ȱ·ȱ–Š’œȱ¤Œ’•ǯȱœ˜ȱ™˜›šžŽȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠȬœŽȱ™˜›ȱœŽȱ›ŽŠ•’£Š›ȱ
uma acção dos membros inferiores por ciclo gestual.
˜ŠŸ’Šǰȱ˜œȱŠž˜›ŽœȱšžŽȱŽŽ—Ž–ȱŠȱ’—›˜ž³¨˜ȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ—Š˜ȱ
œ’–ž•¦—ŽŠœȱ—Šȱȱ—¨˜ȱ˜–Š–ȱŽ–ȱŒ˜—œ’Ž›Š³¨˜ȱŠœȱŽ•ŽŸŠŠœȱŸŠ›’Š³äŽœȱ
’—›ŠŒÇŒ•’ŒŠœȱ Šȱ ŸŽ•˜Œ’ŠŽȱ ‘˜›’£˜—Š•ȱ Žȱ Žœ•˜ŒŠ–Ž—˜ȱ ˜ȱ ŒŽ—›˜ȱ Žȱ
–ŠœœŠȱŸŽ›’ęŒŠ˜ȱ—ŽœŠœȱ·Œ—’ŒŠœǰȱŠœȱšžŠ’œȱ™Š›ŽŒŽ–ȱŽœŠ›ȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱ
com um maior custo energético das mesmas em comparação com as ·Œ—’ŒŠœȱŠ•Ž›—ŠŠœȱǻ
˜•–·›ǰȱŗşŝŚDzȱ’•ŠœȬ˜ŠœǰȱŗşşřDzȱŠ›‹˜œŠȱŽȱŠ•ǯǰȱŘŖŖŘǼǯ
˜–ȱŽŽ’˜ǰȱŠȱ™›’—Œ’™Š•ȱšžŽœ¨˜ȱ·ȱŒ˜—œŒ’Ž—Œ’Š•’£Š›ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱŽȱšžŽȱ
os segmentos dominantemente propulsores no meio aquático são os œž™Ž›’˜›ŽœǰȱŒ˜–ȱŽ¡ŒŽ™³¨˜ȱŠȱ·Œ—’ŒŠȱŽȱ›ž³˜œǯȱ¨˜ȱšžŽ›ȱ’œ˜ȱ’£Ž›ȱšžŽȱ
os membros inferiores têm uma função exclusivamente de equilibrar o –˜Ÿ’–Ž—˜ǯȱžŽ›ȱ¨˜ȱœ˜–Ž—Žȱ’£Ž›ȱšžŽȱŠ™ŽœŠ›ȱŽȱ™›˜–˜ŸŽ›Ž–ȱŠȱ™›˜-­‐‑
pulsão, estes segmentos têm uma maior importância enquanto elementos equilibradores (Hollander et al., 1988).
Ao abordar esta habilidade, o professor deve pautar-­‐‑se por apresentar 170
Tiago Barbosa, Telma Queirós
os gestos na sua perspectiva global (Navarro, 1995). Ou seja, o ensino de um gesto técnico deve ser abordado de forma a que o movimento Œ˜—œ’žŠȱž–ŠȱŠŒ³¨˜ȱ™›˜™ž•œ’ŸŠȱ˜Š•ǯȱœœ’–ǰȱŠȱÇž•˜ȱ’•žœ›Š’Ÿ˜ǰȱŽ–ȱŸŽ£ȱ
de se ensinar unicamente o trajecto motor subaquático dos membros superiores, dever-­‐‑se-­‐‑á ensinar o movimento total, incluindo também a recuperação do membro. A desvantagem de uma abordagem excessiva-­‐‑
–Ž—ŽȱŠ—Š•Ç’ŒŠȱ·ȱšžŽȱ˜ȱŠ•ž—˜ȱ™˜Ž›¤ȱŽ›ȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽ–ȱŒ˜–™›ŽŽ—Ž›ȱ
a posteriori o movimento completo. Ou então, o ritmo de execução do movimento global poderá ser substancialmente deturpado. ˜ŠȱǻŗşşŖǼȱœ’œŽ–Š’£˜žȱŠœȱ™›’—Œ’™Š’œȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽ—Œ˜—›ŠŠœȱ—˜ȱ
comportamento de um sujeito ao passar do meio terrestre para o meio aquático para as diversas habilidades motoras aquáticas básicas. O Qua-­‐‑
›˜ȱȱŠ™›ŽœŽ—ŠȱŽœœŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽȱ™ŠœœŠŽ–ȱ˜ȱŒ˜–™˜›Š–Ž—˜ȱ˜ȱ
meio terrestre para o meio aquático, em termos de propulsão.
ȱ ™ŠœœŠŽ–ȱ ˜ȱ Œ˜–™˜›Š–Ž—˜ȱ ŸŽ›’ęŒŠ˜ȱ —˜ȱ ’—ÇŒ’˜ȱ Šȱȱ Š˜ȱ
˜‹œŽ›ŸŠ˜ȱ—˜ȱę–ȱŽœœŠȱŠŠ™Š³¨˜ȱ™ŠœœŠȱ™˜›ȱž–ŠȱœŽšž¹—Œ’ŠȱŽȱŒ˜–-­‐‑
Quadro I -­‐‑ Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de propulsão (adaptado de Mota, 1990).
portamentos previsíveis, descritos por Langendorfer e Bruya, (1995). Os referidos autores consideram como componentes básicas da “prontidão –˜˜›ŠȄȱŠȱŽ—›ŠŠȱ—Šȱ¤žŠǰȱŠȱ̞žŠ³¨˜ȱŽȱŠȱ™˜œ’³¨˜ȱŒ˜›™˜›Š•ǰȱ˜ȱŒ˜—›˜•˜ȱ
›Žœ™’›Šà›’˜ǰȱŠœȱŠŒ³äŽœȱ™›˜™ž•œ’ŸŠœȱŽȱŽȱ›ŽŒž™Ž›Š³¨˜ȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱœž-­‐‑
™Ž›’˜›ŽœǰȱŠœȱŠŒ³äŽœȱ™›˜™ž•œ’ŸŠœȱ˜œȱ’—Ž›’˜›ŽœȱŽȱŠœȱŠŒ³äŽœȱœŽ–Ž—Š›Žœȱ
combinadas. Destas componentes, aquelas que terão um papel determi-­‐‑
—Š—Žȱ™Š›ŠȱŠȱ™›˜™ž•œ¨˜ȱ˜ȱœž“Ž’˜ǰȱœ¨˜ȱŠœȱŠŒ³äŽœȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱœž™Ž›’˜›Žœȱ
Žȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱ’—Ž›’˜›Žœǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱŠœȱŠŒ³äŽœȱœŽ–Ž—Š›ŽœȱŒ˜–‹’—ŠŠœǯȱ
O Quadro II apresenta a sequência de comportamentos tendo em vista o ˜–Ç—’˜ȱŠœȱŒ˜–™˜—Ž—ŽœȱŠœœ˜Œ’ŠŠœȱ¥ȱ‘Š‹’•’ŠŽȱȃ™›˜™ž•œ¨˜Ȅǯ
4. Sub-­habilidade
’ŸŽ›œ˜œȱŠž˜›ŽœȱŠę›–Š–ȱšžŽȱ˜œȱœŠ•˜œȱœ¨˜ȱ™Š›Žȱ’—Ž›Š—ŽȱŠȱ‘Š‹’-­‐‑
•’ŠŽȱȃŽšž’•Ç‹›’˜ȄȱǻŠœŒ˜—ŒŽ•˜œȱŠ™˜œ˜ǰȱŗşŝŞDzȱŠĴŽŠžȱǭȱŠ›˜ěǰȱŗşŞŞDzȱ
Š›ŸŠ•‘˜ǰȱŗşŞŘDzȱŗşşŚǼǯȱžȱœŽ“Šǰȱ™Š›ŠȱŽœŽœȱŠž˜›Žœǰȱ˜œȱœŠ•˜œȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ
considerados como uma sub-­‐‑habilidade da habilidade motora aquática básica “equilíbrio”.
˜—ž˜ǰȱŽŽŒžŠ—˜ȱž–ŠȱŠ—¤•’œŽȱ˜œȱœŠ•˜œȱ—ŠœȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱŠšž¤’ŒŠœǰȱ
eles mais não são do que um processo de deslocamento do indivíduo A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta…
171
Quadro II -­‐‑ Sequência de comportamentos tendo em vista o domínio das componentes associadas à habilidade “propulsão” (adaptado de Langendorfer & Bruya, 1995).
172
Tiago Barbosa, Telma Queirós
do meio terrestre para o meio aquático. Veja-­‐‑se o caso da Natação Pura Desportiva, onde os saltos ocorrem no momento da partida das provas. A partida é efectuada por meio de um salto do meio terrestre (do bloco de partida) para o meio aquático (para a cuba).
Nesta perspectiva, os deslocamentos nas actividades aquáticas não são efectuados necessariamente sempre em contacto com a água (Moreno ǭȱŠ—–Š›Ç—ǰȱŗşşśǼǯȱ˜Ž–ȱŽ¡’œ’›ȱœ’žŠ³äŽœȱŽ–ȱšžŽȱ˜œȱœŠ•˜œȱœŽ›ŸŽ–ȱ
como o meio de transição do meio terrestre para o meio aquático. São os ŒŠœ˜œȱŠȱŠŠ³¨˜ȱž›ŠȱŽœ™˜›’ŸŠǰȱ˜œȱŠ•˜œȱ™Š›ŠȱŠȱžŠȱŽȱŠȱŠŠ³¨˜ȱ
’—Œ›˜—’£ŠŠǯȱŠÇȱŠȱœžŠȱ’—Œ•žœ¨˜ȱ—ŽœŽȱ›ž™˜ȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœǰȱŽ–‹˜›Šȱ
Š•ž—œȱŠž˜›Žœȱ›Žę›Š–ȱšžŽȱ˜œȱœŠ•˜œȱŽŸŽ›¨˜ȱŠ£Ž›ȱ™Š›Žȱ˜ȱŽšž’•Ç‹›’˜ǯȱ
Neste sentido, a inclusão dos saltos nesta fase da formação assume particular importância para a posterior abordagem, por exemplo, das ™Š›’Šœȱ—ŠȱŠŠ³¨˜ȱž›ŠȱŽœ™˜›’ŸŠǰȱ˜œȱŠ•˜œȱ™Š›ŠȱŠȱžŠȱ˜žǰȱ™Š›Šȱ
Š›ȱ’—ÇŒ’˜ȱŠ˜œȱŽœšžŽ–ŠœȱŒ˜›Ž˜›¤ęŒ˜œȱ—ŠȱŠŠ³¨˜ȱ’—Œ›˜—’£ŠŠǯ
5. Sequência metodológica
Š›ŸŠ•‘˜ȱ ǻŗşŞŘDzȱ ŗşşŚǼȱ œžŽ›Žȱ ž–Šȱ œŽšž¹—Œ’Šȱ –Ž˜˜•à’ŒŠȱ ™Š›Šȱ
abordar esta habilidade motora aquática básica. Nessa sequência o au-­‐‑
˜›ȱ™›˜™äŽȱšžŽȱ’—’Œ’Š•–Ž—ŽȱœŽȱŠ‹˜›Ž–ȱŠœȱšžŽœäŽœȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱŒ˜–ȱ
a propulsão através dos membros inferiores com e sem apoio. Depois será apresentada a propulsão por meio dos membros superiores, mais ž–ŠȱŸŽ£ȱŒ˜–ȱŽȱœŽ–ȱŠ™˜’˜ǯȱŽȱœŽž’Šȱ™›˜–˜ŸŽȬœŽȱŠȱŽ¡™•˜›Š³¨˜ȱŽȱ˜›-­‐‑
–Šȱ›ž’–Ž—Š›ȱŠœȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ™›˜™ž•œ’ŸŠœȱŽȱꗊ•–Ž—Žǰȱž–Šȱ‹›ŽŸŽȱ
apresentação das técnicas de nado alternadas.
Assim sendo, de seguida apresenta-­‐‑se a sequência metodológica œžŽ›’Šȱ ™˜›ȱ Š›ŸŠ•‘˜ȱ ǻŗşŞŘDzȱ ŗşşŚǼȱ ™Š›Šȱ Šȱ Š‹˜›ŠŽ–ȱ Šȱ ‘Š‹’•’ŠŽȱ
motora aquática básica “propulsão”: a) apoiado, movimento alternado dos membros inferiores
A opção pela abordagem dos movimentos do tipo alternado em Ž›’–Ž—˜ȱ˜œȱœ’–ž•¦—Ž˜œȱ“žœ’ęŒŠȬœŽȱ™˜›šžŽǰȱŽ–ȱ™›’–Ž’›˜ȱ•žŠ›ǰȱ
existe uma maior similitude e, portanto, uma transferência motora positiva entre essas habilidades e a marcha (cf. 3.). Em segundo lugar, porque são habilidades essenciais para posteriormente Š™›Ž—Ž›ȱŠœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ›˜•ȱŽȱŽȱ˜œŠœǰȱšžŽȱŒ˜—œ’žŽ–ȱŠȱ–Š’˜›’Šȱ
das provas da Natação Pura Desportiva.
ȱ œŠȱŠœŽȱŒŠ›ŠŒŽ›’£ŠȬœŽȱ™Ž•ŠȱŠ™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱŽȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜œȱ—˜œȱŽŒø‹’-­‐‑
˜œȱŸŽ—›Š•ȱŽȱ˜›œŠ•ȱ˜—ŽȱœŽȱ›ŽŠ•’£ŠȱŠȱŠŒ³¨˜ȱŠ•Ž›—ŠŠȱ˜œȱ–Ž–‹›˜œȱ
inferiores com apoio num determinado material auxiliar.
b) sem apoio, movimento alternado dos membros inferiores
ȱ žŠ—˜ȱ˜ȱŠ•ž—˜ȱŽ–˜—œ›ŽȱŽ–ȱ™›’–Ž’›˜ȱ•žŠ›ȱŒ˜—ꊗ³ŠȱŠ˜ȱ›ŽŠ•’£Š›ȱ
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta…
173
a habilidade com apoio e, cumulativamente, já a tenha consolidado, pode-­‐‑se promover a execução de batimento alternado dos MI mas sem o uso desses materiais auxiliares.
c) com apoio, movimento alternado dos membros superiores
Por exemplo, exercitar o movimento alternado dos MS, na posição ŸŽ›’ŒŠ•ȱŒ˜–ȱ˜žȱœŽ–ȱ™•ŠŒŠǰȱ™Š›Š˜ȱ˜žȱŽ–ȱŽœ•˜ŒŠ–Ž—˜ǯȱŠ–‹·–ȱ
será aconselhável, posteriormente, promover a execução desta ‘Š‹’•’ŠŽȱ—Šȱ™˜œ’³¨˜ȱ‘˜›’£˜—Š•ǰȱšžŽ›ȱŽ–ȱŽŒø‹’˜ȱŸŽ—›Š•ǰȱšžŽ›ȱ
em decúbito dorsal.
d) exploração das capacidades propulsivas
Por forma a promover a exploração das diversas capacidades ™›˜™ž•œ’ŸŠœȱ—˜ȱ–Ž’˜ȱŠšž¤’Œ˜ǰȱ™˜ŽȬœŽȱ›ŽŠ•’£Š›ǰȱŽ–ȱ™˜žŒ˜œȱ–Ž›˜œǰȱ
ž–Šȱ·Œ—’ŒŠȱŽȱ—Š˜ȱȮȱ˜›–Š•ȱ˜žȱ—¨˜ȱȮȱŽȱ˜›–Šȱ›ž’–Ž—Š›ǯȱŠœ˜ȱ
paradigmático serão exercícios ou jogos que incluam deslocamentos Ž–ȱšžŽȱœŽȱž’•’£Žȱ˜ȱ—Š˜ȱȃ¥ȱŒ¨˜Ȅǯ
e) as técnicas de nado
Dado que a transição da AMA para a aquisição de habilidades –˜˜›Šœȱ Ššž¤’ŒŠœȱ Žœ™ŽŒÇꌊœȱ —¨˜ȱ ŽŸŽȱ œŽ›ȱ Ž—Ž—’Šȱ Žȱ ˜›–Šȱ
estanque mas sim, num contínuo, onde serão apresentadas algumas técnicas de nado. Neste sentido, pode-­‐‑se promover a aquisição das ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ—Š˜ȱŠ•Ž›—ŠŠœȱǻ›˜•ȱŽȱ˜œŠœǼȱŽȱ˜›–Šȱ›ž’–Ž—Š›ȱŽȱ
Œ˜–ȱ’—’ŒŠ³äŽœȱ‹¤œ’ŒŠœȱšžŽȱ•ŽŸŽ–ȱŠ˜ȱ™›˜›Žœœ’Ÿ˜ȱŠ™Ž›Ž’³˜Š–Ž—˜ȱ
do gesto técnico.
Os saltos serão integrados na habilidade “propulsão” (cf. 4.). A in-­‐‑
›˜ž³¨˜ȱŽœŠȱœž‹Ȭ‘Š‹’•’ŠŽȱŸŠ’ȱŽ™Ž—Ž›ȱ˜ȱ›ŠžȱŽȱŒ˜—ꊗ³ŠȱŽȱŽȱ
–˜’ŸŠ³¨˜ȱ˜œȱŠ•ž—˜œȱ™Š›ŠȱŠȱ›ŽŠ•’£Š›ǯȱ¤ȱ—˜ȱŒŠœ˜ȱ˜œȱœŠ•˜œȱŠȱœŽšž¹—Œ’Šȱ
–Ž˜˜•à’ŒŠȱ™›˜™˜œŠȱ™˜›ȱŠ›ŸŠ•‘˜ȱǻŗşŞŘDzȱŗşşŚǼȱ·DZ
ŠǼȱŽ—›ŠŠȱŽȱ™·œȱŠȱ‹Ž›–ŠDz
‹ǼȱœŽ—Š˜ǰȱŽ—›ŠŠȱŽȱŒŠ‹Ž³ŠDz
c) com o joelho de um dos membros inferiores e a planta do pé do ˜ž›˜ȱ–Ž–‹›˜ȱ’—Ž›’˜›ȱŠ™˜’Š˜œȱ—˜ȱœ˜•˜ǰȱŽ—›ŠŠȱŽȱŒŠ‹Ž³ŠDz
ǼȱŽȱŒàŒ˜›ŠœǰȱŽ—›ŠŠȱŽȱŒŠ‹Ž³ŠDz
ŽǼȱŽȱ™·ǰȱŽ—›ŠŠȱŽȱŒŠ‹Ž³ŠDz
f) entrada de pés de um plano elevado (1 Šȱřȱ–Ž›˜œǼDz
g) entrada de cabeça de um plano elevado (1 a 3 metros).
174
Tiago Barbosa, Telma Queirós
Bibliografia
Š›‹˜œŠǰȱǯȱǻŘŖŖŖǼǯȱœȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›ŠœȱŠšž¤’ŒŠœȱ‹¤œ’ŒŠœȱŽȱŠȱŠŠ™Š³¨˜ȱ
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Žšž’•Ç‹›’˜ǰȱ›Žœ™’›Š³¨˜ȱŽȱ™›˜™ž•œ¨˜ȱ—ŠȱŗĶȱŠœŽȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱž–ȱ
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·Œ—’ŒŠȱŽȱ’œ‹˜Šǯ
Š›ŸŠ•‘˜ǰȱ ǯȱ ǻŗşşŚǼǯȱ Natação. Contributo para o sucesso do ensino-­‐‑
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ŠŽŠžǰȱǯǰȱǭȱŠ›˜ǰȱǯȱǻŗşŞŞǼǯȱO ensino da Natação. São Paulo: Editora Manole. ˜• ’—ǰȱ ǯȱ ǻŗşŞŚǼǯȱ •ž’ȱ ¢—Š–’ŒœDZȱ Ÿ˜›Ž¡ȱ Œ’›Œž•Š’˜—ȱ ’—ȱ œ ’––’—ȱ
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˜• ’—ǰȱǯȱǻŗşŞśŠǼǯȱœœŽ—Œ’Š•ȱ•ž’ȱ¢—Š–’Œœȱ˜ȱœ ’––’—ȱ™›˜™ž•œ’˜—ǯȱ
ASCA Newsletter, (Jul-­‐‑Aug), 22-­‐‑28.
˜• ’—ǰȱǯȱǻŗşŞś‹Ǽǯȱ›ŠŒ’ŒŠ•ȱŠ™™•’ŒŠ’˜—ȱ˜ȱ•˜ ȱŠ—Š•¢œ’œȱŠœȱŠȱŒ˜ŠŒ‘’—ȱ
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˜• ’—ǰȱǯȱǻŗşşŘǼǯȱSwimming into the 21th centuryǯȱ‘Š–™Š’—DZȱ••’—˜’œǰȱ
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Š••ǯȱ
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˜ž—œ’•–Š—ǰȱǯȱǻŗşŝŗǼǯȱ‘ŽȱŠ™™•’ŒŠ’˜—ȱ˜ȱŽ›—˜ž••’Ȃœȱ™›’—Œ’™•Žȱ˜ȱ‘ž–Š—ȱ
™›˜™ž•œ’˜—ȱ ’—ȱ ŠŽ›ǯȱ —DZȱ ǯȱ Ž ’••’Žȱ Žȱ ǯǯȱ •Š›¢œȱ ǻŽœǯǼǯȱ First International Symposium on “Biomechanics in Swimming, Waterpolo and Diving”. pp. 59-­‐‑71. Université Libre de Bruxelles, Laboratoire de L’effort. Bruxelles
˜••Š—Ž›ǰȱ ǯǰȱ Žȱ ›˜˜ǰȱ ǯǰȱ Œ‘Ž—Šžǰȱ ǯǰȱ Š‘–Š—ǰȱ ǯȱ ǭȱ ˜žœœŠ’—ǰȱȱ
ǯȱ ǻŗşŞŞǼǯȱ ˜—›’‹ž’˜—ȱ ˜ȱ ‘Žȱ •Žœȱ ˜ȱ ™›˜™ž•œ’˜—ȱ ’—ȱ ›˜—ȱ
Œ›Š •ȱ œ ’––’—ǯȱ —DZȱ ǯȱ —Ž›ŽŒ‘œǰȱ ǯȱ ’•”Žȱ Žȱ ǯȱ Ž’œŒ‘•Žȱ
A habilidade motora aquática básica “propulsão”: proposta…
175
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da competência aquática como ponto de partida para a mestria ·Œ—’ŒŠǯȱ—DZȱǯȱ’•ŸŠȱŽȱǯȱŠ–™Š—’³˜ȱǻŽœǯǼǯ I Seminário de Natação. ™™ǯȱŗŗŗȬŗřŖǯȱ—’ŸŽ›œ’ŠŽȱŽȱ›¤œȬ˜œȬ˜—ŽœȱŽȱ•˜ȱ˜ž›˜ǯȱ’•Šȱ
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176
Tiago Barbosa, Telma Queirós
A competição desportiva para crianças e jovens
João do Nascimento Quina1
Escola Superior de Educação de Bragança
1) Professor Adjunto na ESE de Bragança
Resumo:
Partindo dos pressupostos que o desporto é simultaneamente satisfação, ™›Š£Ž›ȱŽȱ’ŸŽ›’–Ž—˜ǰȱ·ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱšžŠ•’ŠŽœȱŒ˜›™˜›Š’œǰȱ–˜›Š’œǰȱ
sociais e éticas, é medida, comparação e avaliação dessas mesmas qualidades e que a competição é uma componente determinante do desporto e da for-­‐‑
–Š³¨˜ȱŽœ™˜›’ŸŠǰȱŽę—Ž–ȬœŽȱŠ•ž—œȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱ˜›’Ž—Š˜›ŽœȱŠȱŒ˜—œ›ž³¨˜ȱ
dos quadros competitivos para crianças e jovens e apresentam-­‐‑se modelos de competição coerentes com aqueles princípios.
Palavras-­Chave
Competição para crianças: actividade, divertimento, avaliação e desenvolvimento; ™›’—ŒÇ™’˜œȱŽȱ–˜Ž•˜ǯ
Key Words
A competição desportiva para crianças e jovens
177
EduSer nº1
1 -­ Introdução
Ao desporto atribuem-­‐‑se-­‐‑lhe potencialidades formativas e educativas excepcionais: promove (Mesquita, 1997) a aquisição de valores essenciais do “saber ser” e do “saber estar” (auto-­‐‑estima, auto-­‐‑controlo, pontualida-­‐‑
de, perseverança, espírito de sacrifício, vontade, civismo, camaradagem, ›Žœ™Ž’˜ȱ™Ž•Šœȱ›Ž›ŠœȱŽȱ™Ž•˜œȱ˜ž›˜œǰȱŽŒǯǼDzȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽȱž–ȱŒ˜—“ž—˜ȱŸŠœ˜ȱ
ŽȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱŽȱ‘Š‹’•’ŠŽœȱ–˜˜›Šœȱ’—’œ™Ž—œ¤ŸŽ’œȱŠ˜ȱȃœŠ‹Ž›ȱŠ£Ž›Ȅȱ
ǻŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱŒ˜˜›Ž—Š’ŸŠœǰȱŸŽ•˜Œ’ŠŽǰȱ˜›³Šǰȱ›Žœ’œ¹—Œ’Šǰȱ̎¡’‹’•’ŠŽǰȱ
habilidades táctico-­‐‑técnicas).
No entanto, os dados da observação da componente mais mediática da prática desportiva – a competição – têm vindo a revelar um extenso Žȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠ˜ȱŒ˜—“ž—˜ȱŽȱœ’—Š’œȱ—ŽŠ’Ÿ˜œǰȱ—˜–ŽŠŠ–Ž—ŽDZȱ
– Praticantes (jovens praticantes! e também dirigentes e treinadores) šžŽȱ’—’–’Š–ȱŸŽ›‹Š•ȱŽȱ꜒ŒŠ–Ž—Žȱ˜œȱŠŸŽ›œ¤›’˜œǰȱšžŽȱŠœœž–Ž–ȱ
Outubro 2003
Child competition: activity, fun, evaluation, development ; principles and model.
comportamentos exaltados e coléricos contra companheiros, adver-­‐‑
œ¤›’˜œǰȱ¤›‹’›˜œȱŽȱ™ø‹•’Œ˜ǰȱšžŽȱŒ˜—ŽœŠ–ȱŠœȱŽŒ’œäŽœȱ˜œȱ¤›‹’›˜œǰȱ
šžŽȱŽ¡Ž›’˜›’£Š–ȱœ’—Š’œȱŽȱ›Š—ŽȱŠ—œ’ŽŠŽȱŽȱŽȱ›Š—ŽȱŽœŒ˜—-­‐‑
›˜•˜ȱŽ–˜Œ’˜—Š•ȱǻ˜Ž•‘˜ǰȱŗşŞŞǼǯ
– Praticantes que evidenciam níveis de participação deploráveis nas provas em que intervêm (18-­‐‑0 em futebol, 72-­‐‑5 em basquetebol, por exemplo).
– Praticantes (muitos praticantes!) que abandonam diariamente a prática desportiva regular.
Estes dados, se não legitimam, por enquanto, pôr em causa o poten-­‐‑
cial formativo e educativo atribuído ao desporto, são indicadores do insucesso desportivo de muitos praticantes (atestam que há uma per-­‐‑
centagem, maior do que a desejável, de jovens que evoluem pouco em Ž›–˜œȱ¤Œ’Œ˜Ȭ·Œ—’Œ˜œȱŽȦ˜žȱ—¨˜ȱ’—Ž›’˜›’£Š–ǰȱ˜žȱ’—Ž›’˜›’£Š–ȱŽȱ˜›–Šȱ
ŽęŒ’Ž—Žǰȱ˜œȱŸŠ•˜›ŽœȱŽœ™˜›’Ÿ˜œǼȱŽȱœžŽ›Ž–ȱŠȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ›Ž™Ž—œŠ›ȱ
o processo de formação desportiva, nomeadamente a sua componente que mais dúvidas e críticas tem suscitado – a competição.
Ž—˜ȱŒ˜–˜ȱ›ŽŽ›¹—Œ’ŠȱŠȱŽ¡™Ž›’¹—Œ’ŠȱšžŽȱ™˜œœžÇ–˜œȱŽȱŠȱŠ—¤•’œŽȱŠȱ
•’Ž›Šž›Šǰȱ ™›ŽŽ—Ž–˜œǰȱ —ŽœŽȱ Š›’˜ǰȱ Žę—’›ȱ Š•ž—œȱ ™›’—ŒÇ™’˜œȱ ˜›’Ž—-­‐‑
tadores da competição para crianças e jovens e propor um modelo de competição coerente com aqueles princípios.
2 -­ A competição para crianças e jovens: algumas características rele-­
vantes
“O desporto é a manifestação de uma actividade física exercida ™Ž•˜ȱ‘˜–Ž–ȱŠȱę–ȱŽȱ›ž’›ȱŠœȱšžŠ•’ŠŽœȱ˜ȱŒ˜›™˜ǰȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ¹Ȭ
las, medi-­‐‑las ou compará-­‐‑las com as de outros homens segundo regras geralmente aceites”
(Dumazedier) ŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱŽœŽȱŽ—Ž—’–Ž—˜ǰȱŠȱœŠ’œŠ³¨˜ǰȱ˜ȱ™›Š£Ž›ȱŽȱ˜ȱ’ŸŽ›’-­‐‑
mento, o desenvolvimento das qualidades corporais, morais, sociais e éticas e a medida, a comparação e a avaliação dessas mesmas qualidades œ¨˜ȱŠœȱ›¹œȱ›Š—Žœȱꗊ•’ŠŽœȱ˜ȱŽœ™˜›˜ǯ
ȱ –Ž’³¨˜ǰȱ Šȱ Œ˜–™Š›Š³¨˜ǰȱ Šȱ ŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ Š£ȬœŽȱ —Šœȱ œŽœœäŽœȱ Žȱ Œ˜–-­‐‑
petição. A melhoria das qualidades corporais, morais, sociais e éticas ™›˜–˜ŸŽȬœŽȱ—ŠœȱœŽœœäŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–Ȧ›Ž’—˜ȱŽȱ—ŠœȱœŽœœäŽœȱŽȱŒ˜–-­‐‑
™Ž’³¨˜ǰȱ ŽŸŽ—˜ȱ ›Ž’›Š›ȬœŽȱ œŠ’œŠ³¨˜ȱ Žȱ ™›Š£Ž›ȱ šžŽ›ȱ ˜œȱ ›Ž’—˜œǰȱ šžŽ›ȱ
ŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœǯ
A competição deve ser, assim, entendida como a componente da formação desportiva que permite, simultaneamente, duas coisas: de-­‐‑
senvolver e comparar, medir, avaliar as capacidades, as habilidades e os esforços de uns praticantes com os de outros. 178
João do Nascimento Quina
Nesta perspectiva, as referências fundamentais em que deve assentar a construção de um qualquer modelo de competição adequado ao desporto ’—Š—˜Ȭ“žŸŽ—’•ȱ¹–ȱŽȱœŽ›ǰȱ—ŽŒŽœœŠ›’Š–Ž—Žǰȱ˜œȱ˜œ˜œǰȱŠœȱ–˜’ŸŠ³äŽœǰȱ
os interesses e as necessidades formativas e educativas das crianças e dos jovens praticantes.
Š‹ŽȬœŽȱšžŽȱ˜ȱšžŽȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ–Š’œȱŸŠ•˜›’£Š–ȱ—˜œȱ“˜˜œȱšžŽȱŽœ™˜—-­‐‑
taneamente praticam são (Lima, 2000):
Ȯȱ ȱŠ•Ž›’Šǰȱ˜ȱ’ŸŽ›’–Ž—˜ǰȱ˜ȱ˜£˜ȱŽȱŠȱœŠ’œŠ³¨˜ȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š˜œȱšžŽ›ȱ
™Ž•ŠȱŠŒ³¨˜ȱŽȱ™Š›’Œ’™Š³¨˜ȱ’—Ž—œŠœǰȱšžŽ›ȱ™Ž•ŠœȱŽ•ŽŸŠŠœȱ™˜—žŠ³äŽœȱ
conseguidas. Para retirarem dos jogos a máxima acção e satisfação, as crianças œž™›’–Ž–ȱŠœȱ›Ž›ŠœȱšžŽȱŒ˜—’Œ’˜—Š–ȱ˜žȱ’ęŒž•Š–ȱŠœȱŠŒ³äŽœȱšžŽȱ™˜Ž–ȱ
™›˜™˜›Œ’˜—Š›ȱ™˜—˜œȱŒ˜–ȱ›Žšž¹—Œ’Šǰȱ—¨˜ȱ˜–Š–ȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱŽŽ—-­‐‑
œ’ŸŠœȱŽœ™ŽŒ’Š’œȱǻ—¨˜ȱ‘¤ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£Š³¨˜ȱ™˜›ȱž—³äŽœȱȮȱ˜˜œȱ“˜Š–ȱ˜—Žȱ
šžŽ›Ž–ȱŽȱŒ˜–˜ȱšžŽ›Ž–ȱŽȱ™˜Ž–Ǽǰȱ™›˜Œž›Š–ȱ›Žž£’›ȱŠ˜ȱŽœ›’Š–Ž—Žȱ
—ŽŒŽœœ¤›’˜ȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŠȱž›Š³¨˜ȱŠœȱ’—Ž››ž™³äŽœǯ
– O envolvimento pessoal. A grande aspiração de qualquer criança ·ȱ“˜Š›ǯȱŠ£Ž›ȱ™Š›ŽȱŽȱž–ŠȱŽšž’™ŠȱœàȱŽ–ȱœŽ—’˜ȱœŽȱŽœœŠȱŒ˜—’³¨˜ȱ
lhe der o direito e a oportunidade de entrar e estar em campo, se possível, o tempo todo.
O envolvimento pleno dos participantes é garantido através da aplica-­‐‑
ção dos três princípios seguintes: todos têm lugar independentemente da œžŠȱšžŠ•’ŠŽȱǻ–ŽŠŽȱ™Š›ŠȱŒŠŠȱ•Š˜ǼDzȱ˜˜œȱ“˜Š–ȱ˜ȱŽ–™˜ȱ˜˜ȱǻ—¨˜ȱ
‘¤ȱœž™•Ž—ŽœǼDzȱ˜˜œȱ“˜Š–ȱŽ–ȱ˜˜œȱ˜œȱ•žŠ›Žœȱǻ—¨˜ȱ‘¤ȱŽœ™ŽŒ’Š•’£Š³¨˜ȱ
™˜›ȱ™˜œ’³äŽœȱ˜žȱž—³äŽœǼǯ
Ȯȱ ȱ’—ŒŽ›Ž£Šȱ˜ȱ›Žœž•Š˜ǯȱ–ȱ‹˜–ȱ“˜˜ȱ™Š›ŠȱŠœȱŒ›’Š—³Šœȱ·ȱŠšžŽ•Žȱ
Œž“˜ȱ›Žœž•Š˜ȱœŽȱ–Š—·–ȱ’—Žę—’˜ȱŠ·ȱ¥ȱø•’–Šȱ“˜ŠŠǯȱŠ—‘Š›ȱ
para as crianças é naturalmente importante, mas mais importante é que o jogo seja renhido, seja equilibrado. ˜—‘ŽŒŽ–ȬœŽǰȱŠ–‹·–ǰȱŠœȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ˜›–Š’ŸŠœȱŽȱŽžŒŠ’ŸŠœȱŠœȱ
Œ›’Š—³ŠœȱŽ–ȱŒŠŠȱŠœŽȱ˜ȱœŽžȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ǯȱ˜˜œȱ˜œȱ–˜Ž•˜œȱŽȱ˜›-­‐‑
–Š³¨˜ȱŽœ™˜›’ŸŠȱšžŽȱŒ˜—‘ŽŒŽ–˜œȱ¹–ȱ™˜›ȱꗊ•’ŠŽȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
dos pré-­‐‑requisitos do rendimento desportivo (capacidades coordenativas, Œ˜—’Œ’˜—Š’œȱŽȱŸ˜•’’ŸŠœǼȱŽȱŠȱŠšž’œ’³¨˜ǰȱŠ™Ž›Ž’³˜Š–Ž—˜ȱŽȱŠž˜–Š’£Š³¨˜ȱ
dos elementos táctico-­‐‑técnicos da modalidade desportiva praticada. A ™Ž›œŽŒž³¨˜ȱœ’œŽ–¤’ŒŠȱŽœŠȱꗊ•’ŠŽȱŠœœŽ—Šȱ—˜ȱ›ŠŠ–Ž—˜ȱ’Ž›Ž—-­‐‑
ciado dado, em cada etapa, aos diferentes conteúdos de formação e no aumento gradual do volume, da intensidade e da complexidade dos ›Ž’—˜œȱŽȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱǻšžŠ›˜ȱŗǼǯ
Ž—˜ȱ Œ˜–˜ȱ ›ŽŽ›¹—Œ’Šȱ ˜œȱ Šœ™ŽŒ˜œȱ ›ŽŽ›’˜œȱ ǻ’ŸŽ›’–Ž—˜ǰȱ Ž—Ÿ˜•-­‐‑
vimento pessoal e equilíbrio, por um lado, e os objectivos e conteúdos ˜›–Š’Ÿ˜œǰȱ™˜›ȱ˜ž›˜ǼǰȱŽę—’›ÇŠ–˜œȱŒ˜–˜ȱŒŠ›ŠŒŽ›Çœ’ŒŠœȱ–Š’œȱŽ¡™›Žœ-­‐‑
A competição desportiva para crianças e jovens
179
Quadro 1 – As etapas, os objectivos e os conteúdos do processo de formação desportiva (adaptado de vários autores).
œ’ŸŠœȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱ’—Š—’œȱŠœȱœŽž’—ŽœDZ
ŗǼȱȱŒ•’–Šȱ’—˜›–Š•ǰȱŠ›Š¤ŸŽ•ǰȱ˜•Ž›Š—Žǰȱ•’Ÿ›ŽȱŽȱ™›ŽœœäŽœȱŽȱŒ˜—’-­‐‑
Œ’˜—Š•’œ–˜œǯȱȱœŠ’œŠ³¨˜ȱŠœȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱŽȱŠŒ³¨˜ȱŽȱŽȱŠę›–Š-­‐‑
ção pessoal, o gosto pela actividade e pelo jogo, a criatividade e ŠȱŽ¡™›Žœœ’Ÿ’ŠŽǰȱŠȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱ™Š›Šȱ˜–Š›ȱŽŒ’œäŽœȱŽȱŠȱŒ˜—ꊗ³Šȱ
œ¨˜ȱŠŒ˜›ŽœȱŽŽ›–’—Š—Žœȱ˜ȱœžŒŽœœ˜ȱŽœ™˜›’Ÿ˜ǯȱ˜˜œȱŽ•ŽœȱŽ›¨˜ȱ
muitas mais possibilidades de se desenvolverem em ambientes ŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱǻ›Ž’—˜ȱŽȱŒ˜–™Ž’³¨˜Ǽȱ’—˜›–Š’œǰȱŽœŒ˜—›ŠÇ˜œǰȱ
Š›Š¤ŸŽ’œȱŽȱ•’Ÿ›ŽœȱŽȱ™›ŽœœäŽœȱ˜žȱŒ˜—’Œ’˜—Š•’œ–˜œȱŽœ—ŽŒŽœœ¤›’˜œǯ
É, pois, imperioso encontrar formas de competição onde seja pos-­‐‑
œÇŸŽ•DZȱ–’—’–’£Š›ȱ˜ȱ–Ž˜ȱ˜ȱ›ŠŒŠœœ˜ȱŽȱŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱœ˜Œ’Š•DzȱŠ™˜’Š›ȱ
˜œȱ™›Š’ŒŠ—ŽœȱšžŠ—˜ȱŒ˜–ŽŽ–ȱŽ››˜œDzȱŸŠ•˜›’£Š›ȱ–Š’œȱŠȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱ
os resultados são alcançados (esforço, empenhamento, jogar bem, “˜Š›ȱȃ•’–™˜ȄǼȱ˜ȱšžŽȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱŽ–ȱœ’Dzȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š›ȱŠ•Ž›’ŠȱŽȱ
’ŸŽ›’–Ž—˜DzȱŽ•’–’—Š›ȱ˜ȱȃŽ–˜œȱšžŽȱŠ—‘Š›ǷȱŒ˜››ŽǷȱ›Ž–ŠŽǷȱ™ŠœœŠǷȱ
180
João do Nascimento Quina
—¨˜ȱ›’‹•ŠǷȱŽŽ—ŽǷȱœŽȱŸ˜•ŠœȱŠȱŠ£Ž›ȱ’œœ˜ȱŸŠ’œȱ™Š›ŠȱŠȱ›žŠǷȱ—¨˜ȱŽ’¡Šȱ
passar! agarra! não brinca! não dribla! não arrisca! concentra-­‐‑te! ŽŒǯȄDzȱ›Žž£’›ǰȱŽ–ȱœÇ—ŽœŽǰȱŠȱ’–™˜›¦—Œ’ŠȱŠ›’‹žÇŠȱŠ˜ȱ›Žœž•Š˜ǯ
ŘǼȱȱŽšž’•Ç‹›’˜ȱŽ—›Žȱ˜œȱ™Š›’Œ’™Š—ŽœǯȱȱŒ˜–™Ž’³¨˜ȱ’ęŒ’•–Ž—ŽȱœŽ›¤ȱ
’—ž˜›ŠȱŽȱ–˜’ŸŠ³¨˜ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱœŽȱ‘˜žŸŽ›ȱŽœŽšž’•Ç‹›’˜œȱ
notórios entre os competidores. O acumular frequente de derrotas “humilhantes” provoca níveis de tensão e ansiedade desconfortan-­‐‑
tes, sentimentos de incompetência e frustração que não facilitam —ŠŠȱŠȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱȱŠŒž–ž•Š›ȱŽȱŸ’à›’ŠœȱȃŽœ–ŠŠ˜›ŠœȄȱŠ–-­‐‑
‹·–ȱ—¨˜ȱ·ȱ‹Ž—·ęŒ˜ȱ™Š›Šȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱà™’–˜ȱ˜œȱ™Š›’Œ’™Š—-­‐‑
tes porque, além de poder criar expectativas falsas relativamente ¥œȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱŽȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ’—’Ÿ’žŠ’œǰȱ—¨˜ȱŒ˜•˜ŒŠȱŽœŠę˜œȱ
ŠŽšžŠ˜œȱŽȱŽœ’–ž•Š—Žœȱ¥ȱ–Š’˜›ȱ™Š›Žȱ˜œȱȃ™›ŽŽœ’—Š˜œȄǯȱ
ȱ 1ǰȱ ™˜’œǰȱ ž–ȱ ’–™Ž›Š’Ÿ˜ȱ ™ŽŠà’Œ˜ȱ ™›˜Œž›Š›ȱ ˜›Š—’£Š›ȱ šžŠ›˜œȱ
competitivos onde o equilíbrio entre os participantes seja assegu-­‐‑
rado.
3) A igualdade de oportunidades para todos os praticantes. Participar —Šœȱ Œ˜–™Ž’³äŽœȱ Žœ™˜›’ŸŠœȱ Žšž’ŸŠ•Žȱ Šȱ –Š’œȱ Ž–™˜ȱ Žȱ ™›¤’ŒŠǰȱ
Žšž’ŸŠ•ŽȱŠȱ–Š’œȱŽ–™˜ȱ™˜Ž—Œ’Š•ȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱ–ȱ™›’—ŒÇ™’˜ǰȱ
quem mais pratica mais aprende, mais evolui. Por isso, privar crianças de competir só porque cometem muitos erros ou porque œ¨˜ȱ™˜žŒ˜ȱŽęŒŠ£Žœȱ·ȱž–ȱŽ››˜ȱŒ˜–ȱ›Ž™Ž›ŒžœœäŽœȱŽœŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ—˜ȱ
seu desenvolvimento.
ȱ 1ǰȱŠœœ’–ǰȱŠȱ–Š’œȱŽ•Ž–Ž—Š›ȱ“žœ’³Šȱ™•Š—ŽŠ›ȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱŽȱ˜›–Šȱ
a que todos os participantes tenham o direito e a oportunidade de jogar por períodos idênticos de tempo.
“Primeiro os praticantes -­‐‑ depois a vitória!”
(Martens, 2000).
ŚǼȱȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŠȱ›Žšž¹—Œ’ŠȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœǯȱȱŒ˜–™Ž’³¨˜ȱŒ˜—œ’ž’ȱ
ž–ŠȱŒŠ›Šȱ™œ’Œ˜Ȭ꜒˜•à’ŒŠȱŠ™›ŽŒ’¤ŸŽ•ȱŽȱ·ȱž–ȱ’–™˜›Š—ŽȱŠŒ˜›ȱŽȱ
–˜’ŸŠ³¨˜ǯȱ˜›ȱ’œœ˜ǰȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱ•˜‹Š•ȱŽȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱ™˜›ȱ·™˜ŒŠȱ
ŽŸŽȱ œŽ›ȱ ›Žž£’˜ȱ—Šȱ ŗĶȱ ŽŠ™Šȱ ǻŗŖȦŗŘǼȱ Žȱ ’›ȱ Šž–Ž—Š—˜ȱ™›˜›Žœ-­‐‑
œ’ŸŠ–Ž—Žȱ Š·ȱ Œ‘ŽŠ›ȱ ¥œȱ řŖȦŚŖȱ —Šœȱ ø•’–Šœȱ ŽŠ™Šœȱ Žȱ ˜›–Š³¨˜ȱ
(quadro 2) e a frequência deve ser programada de forma a cobrir toda a época desportiva, pelo que deverá ser bastante espaçada nos ŽœŒŠ•äŽœȱ–Š’œȱ‹Š’¡˜œȱǻž–Šȱ™˜›ȱ–¹œȱ—ŠȱŗĶȱŽŠ™ŠǼȱŽȱ’›ȱŠž–Ž—Š—˜ȱ
progressivamente até se aproximar da média de uma por semana nas últimas etapas.
śǼȱœȱŒ˜—Žø˜œȱŽȱŽ¡’¹—Œ’ŠœȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœǯȱ–‹˜œȱŽŸŽ–ȱŽœŠ›ȱŽȱ
ŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ˜œȱŒ˜—Žø˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘœȱ
da etapa de formação dos praticantes. Assim e de acordo com Rost A competição desportiva para crianças e jovens
181
(2000), diríamos:
– Nas duas primeiras etapas de formação, cujos objectivos apon-­‐‑
tam para o desenvolvimento preferencial da multilateralidade Žœ™˜›’ŸŠǰȱȱŠœȱȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱŽŸŽ–ȱ›ŽŸŽœ’›ȱŠȱ˜›–ŠȱŽȱȃ™›˜ŸŠœȱ
–ø•’™•ŠœȄǰȱ ›ŽŠ•’£ŠŠœȱ œ˜‹ȱ Šȱ ˜›–Šȱ Žȱ Œ˜–™Ž’³äŽœȱ Œ˜•ŽŒ’ŸŠœȱ
(exemplo do atletismo: estafeta de ida e volta, salto em compri-­‐‑
mento, lançamento da bola).
– Na segunda e terceira etapas, em que os objectivos apontam para o desenvolvimento preferencial das técnicas desportivas e da ŸŽ•˜Œ’ŠŽǰȱŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœȱŽŸŽ–ȱ’—Ž›Š›ǰȱ™Š›ŠȱŠ•·–ȱŠœȱ™›˜ŸŠœȱ
tradicionais, provas de execução técnica e provas que solicitem Žȱ˜›–ŠȱŽœ™ŽŒÇꌊȱž–ȱ›¤™’˜ȱ›ŠŠ–Ž—˜ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽȱž–Šȱ
elevada velocidade de execução e de deslocamento: jogos em Žœ™Š³˜œȱ›Žž£’˜œǰȱ“˜˜œȱŒ˜–ȱž–ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱ™Š›’Œ’™Š—Žœȱœž™Ž-­‐‑
rior ao formal, distâncias de deslocamento curtas, etc. (exemplo dos conteúdos de uma competição em futebol: jogo 5x5 ou 7x7, estafetas integrando percursos de habilidades técnico-­‐‑tácticas, jogo dos 10 passes).
Em síntese, diríamos que, nas três primeiras etapas de formação, os Œ˜—Žø˜œȱ Žȱ Šœȱ Ž¡’¹—Œ’Šœȱ Šœȱ Œ˜–™Ž’³äŽœȱ ŽŸŽ–ȱ Œ˜—›’‹ž’›ȱ ™Š›Šȱ Ž-­‐‑
senvolver programas de acção coerentes com as exigências da prática žž›Šǯȱ Ž—˜ȱ Ž–ȱ Ÿ’œŠȱ Šȱ ™Ž›œŽŒž³¨˜ȱ ŽœŽȱ ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜ǰȱ ˜œȱ œ’œŽ–Šœȱ Œ˜–-­‐‑
petitivos devem contemplar, para além das provas formais, actividades competitivas não formais (estafetas, jogos tradicionais, actividades sob a forma “mini”, etc.) que, pela maior frequência com que nelas ocorrem as ŠŒ³äŽœǰȱ™›˜™˜›Œ’˜—Š–ȱ–ø•’™•ŠœȱŽȱ’ŸŽ›œ’ęŒŠŠœȱ˜™˜›ž—’ŠŽœȱ™Š›ŠȱœŽȱ
ŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ȱŠȱŽ—Ž›Š•’ŠŽȱŠœȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ–˜˜›ŠœǰȱŠœȱ’Ž›Ž—ŽœȱŠŒ³äŽœȱ
¤Œ’Œ˜Ȭ·Œ—’ŒŠœǰȱŠȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽȱ™Š›Šȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽ›ȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱ™Š›ŠȱŽ—Œ˜—›Š›ȱ
œ˜•ž³äŽœȱŠŽšžŠŠœǰȱŠȱŸŽ•˜Œ’ŠŽȱŽȱŽŒ’œ¨˜ȱŽȱŽȱŽ¡ŽŒž³¨˜ǰȱŠŒŠžŽ•Š—˜-­‐‑
-­‐‑se, em consequência, a formação multilateral dos praticantes. 3 – A competição para crianças e jovens: um modelo adequado e possí-­
Quadro 2 -­‐‑ Sistema de competição para as três primeiras etapas de formação
182
João do Nascimento Quina
vel
Procurando passar para a prática os princípios referidos, apresenta-­‐‑
mos as linhas gerais dum sistema de competição para as três primeiras etapas de formação referenciado aos desportos colectivos (quadro 2).
1) Nas duas primeiras etapas de formação (6-­‐‑12 anos), a competição deve ser tão informal quanto possível, pelo que pensamos serem os convívios desportivos a forma de competição mais adequada para estas etapas.
œŽœȱŒ˜—ŸÇŸ’˜œȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ˜›Š—’£Š˜œȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱ˜œȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱ
seguintes (Pacheco, 2001):
– As equipas devem ser agrupadas em séries de quatro ou seis Žšž’™Šœǰȱ™˜›ȱ£˜—ŠœȱŽȱ™›˜¡’–’ŠŽȱŽ˜›¤ęŒŠǯ
Ȯȱ –ȱ ŒŠŠȱ œ·›’Žǰȱ ˜œȱ Œ˜—ŸÇŸ’˜œȱ ŽŸŽ–ȱ œŽ›ȱ ›ŽŠ•’£Š˜œȱ Ž–ȱ ›Ž’–Žȱ
Žȱ“˜›—ŠŠœȱŒ˜—ŒŽ—›ŠŠœȱȮȱ’œ˜ȱ·ǰȱ˜˜œȱ˜œȱ“˜˜œȱ›ŽŠ•’£Š˜œȱ—˜ȱ
mesmo local e no mesmo dia.
Ȯȱ ŠŠȱŒ˜—ŸÇŸ’˜ȱŽŸŽȱŒ˜—œŠ›ȱŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱ›¹œȱ˜žȱ–Š’œȱ™›˜-­‐‑
vas: uma formal e as restantes não formais (exemplo: jogo 5x5, estafetas de perícia, jogos pré-­‐‑desportivos).
Ȯȱ œȱŒ˜—ŸÇŸ’˜œȱȱŽŸŽ–ȱ›ŽŠ•’£Š›ȬœŽȱŽ–ȱ›Ž’–ŽȱŽȱ˜˜œȱŒ˜—›Šȱ˜˜œȱ
em todas as provas.
Ȯȱ ȱŽšž’™Šȱ˜›Š—’£Š˜›ŠȱŽŸŽȱ™•Š—ŽŠ›ȱŠœȱŠŒ’Ÿ’ŠŽœȱŽȱ˜›–ŠȱŠȱ
que as equipas estejam sempre em actividade. Ȯȱ ȱ›Žž•Š–Ž—˜ȱŽŸŽȱŒ˜—Ž–™•Š›ȱŠȱ˜‹›’Š˜›’ŽŠŽȱŽȱž’•’£Š›ȱ
todos os jogadores por períodos idênticos de tempo em todas as provas.
– Os formalismos devem ser mínimos, não havendo boletins de “˜˜ǰȱ—Ž–ȱ›Ž’œ˜ȱŽȱ›Žœž•Š˜œǰȱ—Ž–ȱŒ•Šœœ’ęŒŠ³äŽœǯ
– As provas devem ser dirigidas por jovens atletas do clube or-­‐‑
Š—’£Š˜›ǯ
Ȯȱ œȱŒ˜—ŸÇŸ’˜œȱŽŸŽ–ȱŽ›–’—Š›ȱŒ˜–ȱž–ŠȱŒ˜—›ŠŽ›—’£Š³¨˜ȱ˜—Žȱ
˜ŠœȱŠœȱŽšž’™Šœȱ˜žȱ˜˜œȱ˜œȱȱ™Š›’Œ’™Š—Žœȱ›ŽŒŽ‹Š–ȱ›ŽŒ˜›Š³äŽœȱ
do mesmo tipo.
ŘǼȱŠȱřĶȱŽŠ™ŠȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱǻŗŘȬŗŜȱŠ—˜œǼǰȱŠȱŒ˜–™Ž’³¨˜ȱ˜›–Š•ȱŽŸŽȱ
assumir-­‐‑se progressivamente como a forma de competição mais importante, pelo que convívios desportivos e campeonatos distri-­‐‑
tais e regionais podem perfeitamente coabitar.
ȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽœŽœȱŒŠ–™Ž˜—Š˜œȱŽŸŽȱ—˜›ŽŠ›ȬœŽȱ™Ž•ŠœȱœŽž’—Žœȱ
normas (Pacheco, 2001):
– As equipas devem ser agrupadas em séries de quatro, seis equi-­‐‑
pas.
A competição desportiva para crianças e jovens
183
Ȯȱ ˜—œ˜Š—Žȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŽšž’™Šœȱ’—œŒ›’Šœǰȱ˜ȱŒŠ–™Ž˜—Š˜ȱŽŸŽȱ
œŽ›ȱ›ŽŠ•’£Š˜ǰȱŠȱž–ŠȱŸ˜•ŠǰȱŽ–ȱŘǰȱřǰȱŚȱ˜žȱśȱŠœŽœǰȱŽ–ȱ›Ž’–ŽȱŽȱ
jornadas concentradas (em cada série – todos os jogos no mesmo local e no mesmo dia).
Ȯȱ ŠȱŗĶȱŠœŽǰȱ˜œȱŒ›’·›’˜œȱŽȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱŠœȱœ·›’ŽœȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱŠȱ
™›˜¡’–’ŠŽȱŽ˜›¤ęŒŠǯȱŠœȱ›ŽœŠ—ŽœǰȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ˜œȱ—ÇŸŽ’œȱŽȱ
competência desportiva das equipas.
Ȯȱ œȱ œ·›’Žœȱ ™Š›Šȱ Šȱ ŘĶȱ ŠœŽȱ ŽŸŽ–ȱ œŽ›ȱ ˜›Š—’£ŠŠœȱ Œ˜–ȱ ‹ŠœŽȱ —˜œȱ
›Žœž•Š˜œȱŠȱŗĶȱŠœŽDZȱ˜œȱ™›’–Ž’›˜œȱŒ•Šœœ’ęŒŠ˜œȱ˜›–Š–ȱŠȱœ·›’Žȱ
Žœ’—ŠŠȱ™˜›ȱŗĶȱ’Ÿ’œ¨˜ǰȱ˜œȱœŽž—˜œȱŒ˜—œ’žŽ–ȱŠȱœ·›’ŽȱŽœ’-­‐‑
—ŠŠȱȱ™˜›ȱŘĶȱ’Ÿ’œ¨˜ȱŽȱŠœœ’–ȱœžŒŽœœ’ŸŠ–Ž—Žǯ
Ȯȱ ȱ™Š›’›ȱŠȱŘĶȱŠœŽǰȱ˜œȱ™›’–Ž’›˜œȱŒ•Šœœ’ęŒŠ˜œȱŽȱŒŠŠȱœ·›’Žȱœ˜‹Ž–ȱ
de divisão e os últimos descem.
Ȯȱ Ž—ŒŽȱ˜ȱŒŠ–™Ž˜—Š˜ȱŠȱŽšž’™ŠȱšžŽǰȱ—˜ȱꗊ•ȱŠȱø•’–ŠȱŠœŽǰȱœŽȱ
Œ•Šœœ’ęŒŠ›ȱŽ–ȱŗķȱ•žŠ›ȱ—Šȱœ·›’ŽȱŠȱŗĶȱ’Ÿ’œ¨˜ǯ
– Entre as fases, deve haver paragens na competição formal que devem ser aproveitadas para todas as equipas participarem em Œ˜—ŸÇŸ’˜œȱŽœ™˜›’Ÿ˜œȱ˜›Š—’£Š˜œȱŽ–ȱ›Ž’–ŽȱŽȱȃ™›˜ŸŠœȱ–ø•-­‐‑
tiplas”.
4– Considerações finais
ȱŽœ™˜›˜ȱ·ȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŠŒŠȱŽȱ˜’œȱž–ŽœǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱŒ˜›Š›ȱŽ–ȱ’›ŽŒ-­‐‑
³äŽœȱ˜™˜œŠœȱȮȱ’œ˜ȱ·ǰȱŒŠ™Š£ȱŽȱ™›˜Ÿ˜ŒŠ›ȱŽŽ’˜œȱ™˜œ’’Ÿ˜œȱ˜žȱ™Ž›ŸŽ›œ˜œǯȱ
Œ›Ž’Š–˜œȱšžŽȱ˜ȱœŽ—’˜ȱ˜ȱȃŒ˜›ŽȄȱ·ȱŽŽ›–’—Š˜ȱ™Ž•Šœȱ’—Ž›ŠŒ³äŽœȱ
dos praticantes com os treinadores, com os companheiros e com os pais, ™Ž•Šȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱŠœȱœ’žŠ³äŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ȱœ¨˜ȱŸ’Ÿ’Šœȱ—˜œȱ›Ž’—˜œȱ
Žȱ—ŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœǰȱ™Ž•Šȱ˜›–ŠȱŒ˜–˜ȱ·ȱŽ—ŒŠ›ŠŠȱŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱ™Š›’Œ’™Š³¨˜Ȧ
resultado – isto é, pela forma como a prática desportiva é enquadrada e Œ˜—ž£’Šȱǻ˜Ž•‘˜ǰȱŗşŞŞȱŽȱŠ›Ž—œǰȱŘŖŖŖǼǯ
Se quisermos desempenhar uma função verdadeiramente formativa e educativa, teremos que procurar, em todos os momentos, orientar o pensamento e a acção pelos seguintes princípios (Mesquita, 1997):
ŗǼȱ˜—œ’Ž›Š›ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽœ™˜›’ŸŠȱŒ˜–˜ȱž–ȱ–Ž’˜ȱ’–™˜›Š—Žǰȱ–Šœȱ—¨˜ȱ
único, para o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens.
A prática desportiva é portadora de potencialidades formativas e educativas fortes, mas não é desejável que as crianças se dediquem em Ž–Šœ’Šȱ¥ȱ™›¤’ŒŠȱŽœ™˜›’ŸŠǯȱœŠȱŽŸŽȱœŽ›ȱŽ—ŒŠ›ŠŠȱŒ˜–˜ȱž–ȱ™›ŽŒ’˜œ˜ȱ
complemento da actividade escolar e não como o centro de interesse –Š’œȱ’–™˜›Š—Žȱ˜žȱŽ¡Œ•žœ’Ÿ˜ȱǻ˜Ž•‘˜ǰȱŗşŞŞǼǯ
ŘǼȱ˜—œ’Ž›Š›ȱšžŽȱ˜œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱŽžŒŠ³¨˜ȱǻŠšž’œ’³¨˜ȱŽȱ
Œ˜–™˜›Š–Ž—˜œȱŒ˜››ŽŒ˜œǰȱŸ¤•’˜œȱŽȱŒ˜—œ’œŽ—ŽœǼȱœŽȱœ˜‹›Ž™äŽ–ȱ
aos objectivos de rendimento (resultados competitivos).
184
João do Nascimento Quina
O desporto implica confronto do qual todos (praticantes, dirigentes, treinadores e pais) querem, legitimamente, sair vitoriosos. No entanto, a obtenção da vitória não pode constituir a preocupação dominante de ninguém. A competição é uma das componentes do processo de treino – a componente onde são promovidas, aplicadas e avaliadas as Š™›Ž—’£ŠŽ—œȱŠ•ŒŠ—³ŠŠœǯȱœȱŒ›’Š—³ŠœȱŽŸŽ–ȱŽ—ŒŠ›¤Ȭ•ŠȱŒ˜–ȱŠ•Ž›’ŠȱŽȱ
motivação, mas sem pressão ou ansiedade exageradas. Ganhar não é tudo, nem perder constitui, necessariamente, um fracasso. Para além da vitória, há muitas outras coisas boas a retirar da prática desportiva, como, por exemplo, a satisfação por pertencer a um grupo, por se relacionar Œ˜–ȱŒ˜–™Š—‘Ž’›˜œǰȱ™˜›ȱŠ£Ž›ȱŠ–’£ŠŽœǰȱ™˜›ȱ–Ž•‘˜›Š›ȱŠȱŠž˜Ȭ’–ŠŽ–ǰȱ
por elevar os níveis das capacidades e habilidades, por participar e dar ˜ȱœŽžȱŒ˜—›’‹ž˜ȱŽœ˜›³Š˜ȱŽȱŽ–™Ž—‘Š˜ȱǻ˜Ž•‘˜ǰȱŗşŞŞǼǯȱ˜ȱŽœ™˜›˜ȱ
’—Š—˜Ȭ“žŸŽ—’•ǰȱ –Š’œȱ ’–™˜›Š—Žȱ šžŽȱ Šȱ Ÿ’à›’Šǰȱ œ¨˜ȱ Šœȱ Ššž’œ’³äŽœȱ Œ˜—-­‐‑
sistentes progressivamente alcançadas pelos praticantes nos domínios psicomotor, sócio-­‐‑afectivo e cognitivo. Os resultados competitivos devem œŽ›ȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱŒ˜–˜ȱž–ŠȱŒ˜—œŽšž¹—Œ’ŠȱŠšžŽ•ŠœȱŠšž’œ’³äŽœȱŽȱ—ž—ŒŠȱ
Œ˜–˜ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱŒ˜—’Œ’˜—Š—Žȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱ˜›–Š³¨˜ǯ
3) Ser-­‐‑se apologista de atitudes correctas (sentido de justiça, compre-­‐‑
ensão, serenidade, tolerância, etc.).
œȱ Š™›Ž—’£ŠŽ—œȱ ¹–ȱ –Š’œȱ ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱ Žȱ ˜Œ˜››Ž›ȱ Ž–ȱ Œ•’–Šœȱ
relacionais afectivos, tolerantes, calorosos e positivos do que em climas ™ž—’’Ÿ˜œǯȱȱŒ›’Š³¨˜ȱŽȱŒ•’–ŠœȱŠŸ˜›¤ŸŽ’œȱ¥ȱ˜Œ˜››¹—Œ’ŠȱŠœȱŠ™›Ž—’£Š-­‐‑
Ž—œȱ›ŽšžŽ›ȱ˜œȱ›Žœ™˜—œ¤ŸŽ’œȱ™Ž•Šȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱŒ˜—ž³¨˜ȱŠȱ™›¤’ŒŠȱ
desportiva o respeito sistemático de um conjunto vasto de procedimen-­‐‑
tos pedagógicos, do qual destacamos os seguintes: acentuar o carácter Š›Š¤ŸŽ•ǰȱ•ø’Œ˜ǰȱŽȱœŠ’œŠ³¨˜ȱŽȱ™›Š£Ž›ȱšžŽȱŠȱ™›¤’ŒŠȱŽœ™˜›’ŸŠȱ—Šž-­‐‑
›Š•–Ž—Žȱ™›˜™˜›Œ’˜—ŠDzȱ–Š—Ž›ȱŠȱ™›Žœœ¨˜ȱŽȱŠȱŠ—œ’ŽŠŽȱ˜œȱ™›Š’ŒŠ—Žœȱ
—Šȱ£˜—Šȱ˜ȱŒ˜—˜›¤ŸŽ•DzȱŸŠ•˜›’£Š›ȱŽȱŽ•˜’Š›ȱ–Š’œȱŠȱ–˜’ŸŠ³¨˜ǰȱ˜ȱŽœ˜›³˜ȱ
Žȱ˜œȱ™›˜›Žœœ˜œȱ˜ȱšžŽȱ˜œȱ›Žœž•Š˜œȱŒ˜–™Ž’’Ÿ˜œDzȱœŽ›ȱ™ŠŒ’Ž—ŽȱŽȱ˜•Ž-­‐‑
›Š—ŽȱŠŒŽȱŠȱ˜Œ˜››¹—Œ’Šȱ˜œȱŽ››˜œȱŽȱŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–Dzȱ
Ž–˜—œ›Š›ȱŒ˜—ꊗ³Šȱ—˜œȱ™›Š’ŒŠ—ŽœDzȱ’œ›’‹ž’›ȱŠȱŠŽ—³¨˜ȱ™˜›ȱ˜˜œȱ˜œȱ
™›Š’ŒŠ—ŽœȱŽȱ˜›–ŠȱšžŽȱ˜˜œȱœŽȱœ’—Š–ȱŠ™›ŽŒ’Š˜œȱŽȱŽœ’–Š˜œDzȱ™›˜-­‐‑
porcionar a todos os praticantes as mesmas oportunidades de prática Š—˜ȱ—˜œȱ›Ž’—˜œȱŒ˜–˜ȱ—ŠœȱŒ˜–™Ž’³äŽœǯ
Bibliografia
˜Ž•‘˜ǰȱǯȱǻŗşŞŞǼǯȱPedagogia do Desportoǯȱ’œ‹˜ŠDZȱ’Ÿ›˜œȱ
˜›’£˜—Žǯ
’–ŠǰȱǯȱǻŘŖŖŖǼǯȱ˜–™Ž’³äŽœȱ™Š›Šȱ˜ŸŽ—œǰȱIn O Melhor da Revista Treino Desportivoǯȱ’œ‹˜ŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱœž˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™˜›’ŸŠǯ
A competição desportiva para crianças e jovens
185
Š›Ž—œǰȱǯǰȱ‘’œ’—Šǰȱǯȱ
Š›ŸŽ¢ǰȱǯǰȱǭȱ‘Š›”Ž¢ǰȱǯȱǻŘŖŖŖǼǯȱœȱ‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱ
˜ȱ›Ž’—Š˜›ȱŽȱ˜ŸŽ—œǰȱIn O Melhor da Revista Treino Desportivo. ’œ‹˜ŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱœž˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱŽœ™˜›’ŸŠǯ
Mesquita, I. (1997). Pedagogia do Treino: a formação em jogos desportivos colectivosǯȱ’œ‹˜ŠDZȱ’Ÿ›˜œȱ
˜›’£˜—Žǯ
Pacheco, R. (2001). O Ensino do Futebol: futebol de 7 um jogo de iniciação ao futebol de 11, S. Mamede Infesta: edição do autor.
˜œǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŖǼǯȱœȱ ˜–™Ž’³äŽœȱ —˜ȱ Žœ™˜›˜ȱ žŸŽ—’•ǰȱ In O Melhor da Revista Treino Desportivoǯȱ’œ‹˜ŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱœž˜œȱŽȱ˜›–Š³¨˜ȱ
Desportiva.
Nota Editorial
O presente artigo foi enviado, no início de 2002, para análise e possível publicação, à Horizonte – Revista de Educação Física e Desporto. ¨˜ȱ˜‹Ž—˜ȱšžŠ•šžŽ›ȱ›Žœ™˜œŠǰȱ˜ȱŠž˜›ȱŽ—Ÿ’˜žǰȱ—˜ȱꗊ•ȱŽȱŘŖŖŘǰȱ˜ȱ–Žœ–˜ȱ
artigo à Revista EDUSER que o aceitou para publicação.
Em Agosto de 2003, o artigo surge publicado na revista Horizonte (Vol. XVIII, nº107). Dado o adiantado estado de edição do presente número da re-­‐‑
Ÿ’œŠȱȱǻ“¤ȱ—Šȱ’™˜›ŠęŠǼǰȱŠȱ’›ŽŒ³¨˜ȱŽœŠȱ›ŽŸ’œŠȱŽȱ˜ȱŠž˜›ȱŽŒ’’›Š–ȱ
manter a sua publicação.
186
João do Nascimento Quina
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Estatuto Editorial
187
EduSer nº1
1. EduSer é uma Revista da Escola Superior de Educação de Bragança (ESEB), do Instituto Politécnico de Bragança, com uma periodici-­‐‑
ŠŽȱœŽ–Žœ›Š•ǰȱŽȱŒŠ›¤ŒŽ›ȱŒ’Ž—ÇꌘȱŽȱ™ŽŠà’Œ˜ǰȱŒž“˜ȱŒ˜—Žø˜ȱ
’—˜›–Š’Ÿ˜ȱ Žȱ ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱ œŽȱ ŒŽ—›Šȱ ŽœœŽ—Œ’Š•–Ž—Žȱ Ž–ȱ Ž–Šœȱ Žȱ
žŒŠ³¨˜ǰȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
ŘǯȱžŽ›ȱ ™›˜™äŽȬœŽȱ ™ž‹•’ŒŠ›ȱ ›Š‹Š•‘˜œȱ ™Ž›’—Ž—Žœȱ —˜ȱ ¦–‹’˜ȱ Šœȱ
œžŠœȱ ˜›’Ž—Š³äŽœȱ Ž’˜›’Š’œǰȱ ™˜Ž—˜ȱ ‹ŠœŽŠ›ȬœŽȱ Ž–ȱ ™Š›ŽŒŽ›Žœȱ Žȱ
consultores especialistas, constituídos para o efeito.
řǯȱȱžŽ›ȱŽ–ȱ™˜›ȱꗊ•’ŠŽȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱ
Œ˜–ž—’ŠŽȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱŒ˜–ȱŠȱžŒŠ³¨˜ȱ
ŽȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǯȱ
4. Os principais objectivos da revista EduSer são: ŠǼȱ’Ÿž•Š›ȱŠȱŠŒ’Ÿ’ŠŽȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱ¤›ŽŠœȱŽȱ’—Ž›ŽœœŽȱ’—ŸŽœ’ŠŒ’˜—-­‐‑
al do corpo docente da ESEB e de outros colaboradores, através da publicação, entre outros, de artigos, notas de investigação Žȱ›ŽŒŽ—œäŽœȱŒ›Ç’ŒŠœǰȱ‹Ž–ȱŒ˜–˜ȱŠȱ™ž‹•’Œ’Š³¨˜ȱŽȱ’œœŽ›Š³äŽœǰȱ
™›˜“ŽŒ˜œȱ Žȱ ’—ŸŽœ’Š³¨˜ǰȱ ›Žž—’䎜ȱ Œ’Ž—Çꌊœȱ Žȱ ›Ž•Šà›’˜œȱ Žȱ
ŠŸŠ•’Š³¨˜Dz
‹Ǽȱ’—ŒŽ—’ŸŠ›ȱŠȱ’—Š–’£Š³¨˜ȱŽȱŠȱ™›˜ž³¨˜ȱŒ’Ž—Çꌊȱ˜œȱ’ŸŽ›œ˜œȱ
agentes da escola (docentes e discentes) e de outros colabora-­‐‑
˜›ŽœDz
c) constituir um espaço de partilha entre os diferentes colaborado-­‐‑
›ŽœDz
ǼȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ’—Š–’£Š›ȱž–ŠȱŠž¹—’ŒŠȱŒ˜–ž—’ŠŽȱŒ’Ž—Çꌊȱ
de investigação, ao nível da ESEB e do Instituto Politécnico de Bragança, garantindo-­‐‑se ainda a memória do seu património Œ’Ž—ÇꌘDz
ŽǼȱŒ˜—›’‹ž’›ȱ™Š›Šȱ˜ȱŽœŠ‹Ž•ŽŒ’–Ž—˜ȱŽȱ™˜—ŽœȱŽ—›Žȱ¤›ŽŠœȱŒ’Ž—Çꌊœȱ
Outubro 2003
Estatuto Editorial
’ŸŽ›œŠœǰȱšžŽǰȱ˜™Ž›Š—˜ȱŽ–ȱ’–Ž—œäŽœȱ˜ȱ›ŽŠ•ȱ–ž’˜ȱ›Ž•ŠŒ’˜—Š-­‐‑
ŠœǰȱœŽȱŽ—Œ˜—›Š–ȱ–žžŠ–Ž—Žȱ’—˜›ŠŠœDz
f) encorajar uma ampla participação de modo a facilitar a comuni-­‐‑
ŒŠ³¨˜ȱŽ—›Žȱ’—ŸŽœ’Š˜›ŽœȱŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱ’ŸŽ›œŠœȱ˜›’Ž—Š³äŽœȱ
teóricas, epistemológicas e práticas.
śǯȱȱ ›Žœ™˜—œŠ‹’•’ŠŽȱ ™Ž•Šœȱ Šę›–Š³äŽœȱ Š™›ŽœŽ—ŠŠœȱ Ž–ȱ Š›’˜œȱ
assinados e em entrevistas é dos respectivos autores. 6. Os principais critérios de edição da EduSer são pautados pela inovação e criatividade editoriais, pluralismo de pontos de vista, pertinência e amplitude informativas.
ŝǯȱȱžŽ›ȱ™›ŽŸ¹ǰȱ™Š›ŠȱŒŠŠȱ—ø–Ž›˜ǰȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠœȱœŽŒ³äŽœȱ
Ž’˜›’Š’œȱ—ŽŒŽœœ¤›’ŠœȱŽȱ™Ž›’—Ž—Žœȱ¥ȱŒ˜—œŽŒž³¨˜ȱŠœȱœžŠœȱꗊ•’Š-­‐‑
des.
Şǯȱȱ žŽ›ȱ Œ˜–™›ŽŽ—Žȱ Šȱ ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱ Žȱ Ž’³äŽœȱ ›Žž•Š›Žœȱ Žȱ Žȱ
Ž’³äŽœȱŽ–¤’ŒŠœǰȱŽȱŠŒ˜›˜ȱŒ˜–ȱŠœȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱŽȱŠȱ™Ž›’—¹—Œ’Šȱ
editoriais de títulos em carteira.
şǯȱȱžŽ›ȱŠŒ˜•‘ŽȱŽȱŸŠ•˜›’£ŠȱŠȱ’—Ž›ŸŽ—³¨˜ȱŽȱŒ˜•Š‹˜›Š˜›Žœȱ—ŠŒ’˜-­‐‑
nais e estrangeiros, para lá do corpo docente e discente da Escola.
10. A EduSer destina-­‐‑se a investigadores, docentes, discentes Žȱ ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ šžŽȱ œŽȱ ’—Ž›ŽœœŽ–ȱ Žȱ Š™›ŽœŽ—Ž–ȱ ™›˜ž˜œȱ ™Š›Šȱ
publicação de temas sobre Educação, Formação de Professores e ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
™›˜ŸŠ˜ȱŽ–ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—’ęŒ˜ȱŽȱŘśȦŖŘȦŖŘǯȱȱ
188
EduSer
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Regulamento
189
EduSer nº1
A EduSer é uma Revista da Escola Superior de Educação de Bragança (ESEB), do Instituto Politécnico de Bragança, com uma periodicidade œŽ–Žœ›Š•ǰȱŽȱŒŠ›¤ŒŽ›ȱŒ’Ž—ÇꌘȱŽȱ™ŽŠà’Œ˜ǰȱŒž“˜ȱŒ˜—Žø˜ȱ’—˜›–Š’Ÿ˜ȱ
Žȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱœŽȱŒŽ—›ŠǰȱŽœœŽ—Œ’Š•–Ž—ŽǰȱŽ–ȱŽ–ŠœȱŽȱžŒŠ³¨˜ǰȱ˜›–Š³¨˜ȱ
Žȱ›˜Žœœ˜›ŽœȱŽȱ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǯ
A EduSer rege-­‐‑se pelas seguintes normas regulamentares:
1 – Os órgãos da EduSer são:
ŠǼȱȱ’›ŽŒ³¨˜Dz
‹Ǽȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•Dz
ŒǼȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱŽȱŽŠŒ³¨˜Dz
Ǽȱȱšž’™Šȱ’˜›’Š•Dz
ŽǼȱȱšž’™Šȱ›¤ęŒŠDz
f) O Secretariado.
Řȱ Ȯȱ ȱ ’›ŽŒ˜›ȱ Šȱ žŽ›ȱ ·ȱ —˜–ŽŠ˜ȱ ™Ž•˜ȱ ˜—œŽ•‘˜ȱ ’Ž—Çꌘȱ Šȱ
ǰȱ–Ž’Š—Žȱ™›˜™˜œŠȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’›ŽŒ’Ÿ˜ǰȱ™Š›ŠȱŒŠŠȱ™Ž›Ç-­‐‑
odo de 3 anos.
řȱȮȱœȱ–Ž–‹›˜œȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱŽȱŽŠŒ³¨˜ȱœ¨˜ȱ—˜–ŽŠ˜œȱ™Ž•˜ȱ˜—œŽ-­‐‑
•‘˜ȱ’Ž—Çꌘǰȱ–Ž’Š—Žȱ’—’ŒŠ³¨˜ȱ˜œȱ›Žœ™ŽŒ’Ÿ˜œȱŽ™Š›Š–Ž—˜œǯ
ŚȱȮȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—Çꌘȱ›Š’ęŒŠȱŠȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ȱ
que integrará um docente/investigador indicado por cada um dos departamentos da Escola, caso estes o entendam.
śȱȮȱžŸ’˜ȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ǰȱŒž–™›Žȱ¥ȱ’›ŽŒ³¨˜ȱŠȱžŽ›ȱ˜›-­‐‑
mular os convites aos investigadores nacionais ou estrangeiros, cuja participação nesse mesmo órgão se revele pertinente.
6 – A Direcção da EduSer é constituída pelo Director e por um Director-­‐‑Adjunto.
Outubro 2003
Regulamento
7 – O Director-­‐‑Adjunto é nomeado pelo Director da EduSer.
ŞȱȮȱœȱŠ›’‹ž’³äŽœȱŠȱ’›ŽŒ³¨˜ȱœ¨˜ȱŠœȱœŽž’—ŽœDZ
ŠǼȱŠ›Š—’›ȱ˜ȱ›Žœ™Ž’˜ȱ™Ž•Šœȱ˜›’Ž—Š³äŽœȱŽȱ™›’—ŒÇ™’˜œȱŽę—’˜œȱ™Š›Šȱ
ŠȱŽŸ’œŠDz
‹Ǽȱ˜–Š›ȱŽŒ’œäŽœȱœ˜‹›Žȱ˜ȱŒ˜—Žø˜ȱŽȱŠȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ˜œȱ—ø–Ž›˜œȱ
ŠȱŽŸ’œŠDz
ŒǼȱ›˜–˜ŸŽ›ȱŠȱŒ˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱŠȱŠŒžŠ•’£Š³¨˜ȱ˜œȱ’Ž›Ž—Žœȱà›¨˜œǰȱ
Žšž’™Šœȱ·Œ—’ŒŠœȱŽȱ›ž™˜œȱŽȱ›Š‹Š•‘˜ȱŠȱŽŸ’œŠDz
d) Assegurar a coordenação entre os diferentes órgãos da Revista.
şȱȮȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ȱ·ȱŒ˜—œ’žÇ˜ȱ™˜›ȱž–ȱ˜ŒŽ—ŽȦ’—ŸŽœ’Š˜›ȱŽȱ
cada um dos departamentos/áreas da Escola Superior de Educação da Bragança e por outros investigadores nacionais ou estrangeiros de reconhecido mérito no âmbito das temáticas desenvolvidas pela EduSer.
ŗŖȱȮœȱŠ›’‹ž’³äŽœȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ȱœ¨˜DZ
ŠǼȱ˜•Š‹˜›Š›ȱ—ŠȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱ™Ž›’à’ŒŠȱŠȱŽŸ’œŠDz
‹ǼȱžŽ›’›ȱŠ•Ž›Š³äŽœȱ¥ȱ•’—‘ŠȱŽ’˜›’Š•ȱŠȱŽŸ’œŠDz
ŒǼȱ˜›–ž•Š›ȱ™Š›ŽŒŽ›ŽœȱŽȱŠŸŠ•’Š³¨˜ȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱŽ¡˜œȱ™›˜™˜œ˜œȱ
para publicação. ŗŗȮȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱŽȱŽŠŒ³¨˜ȱŠȱžŽ›ȱ·ȱŒ˜—œ’žÇ˜ȱ™˜›ȱž–ȱ˜ŒŽ—ŽȦ
investigador, indicado por cada um dos departamentos/áreas da ȱŽȱšžŽȱ—¨˜ȱŠ³Šȱ™Š›Žȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ǯ
ŗŘȮȱœȱŠ›’‹ž’³äŽœȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱŽȱŽŠŒ³¨˜ȱœ¨˜DZ
ŠǼȱ–’’›ȱ œžŽœäŽœȱ Žȱ ˜›–ž•Š›ȱ ™›˜™˜œŠœȱ Žȱ Žœ›žž›Š³¨˜ȱ ŠŒŽ›ŒŠȱ
˜œȱȱŒ˜—Žø˜œȱŠȱŽŸ’œŠDz
‹Ǽȱ’—Š–’£Š›ȱŠȱŽ’³¨˜ȱŽȱ—ø–Ž›˜œȱŽœ™ŽŒ’Š’œȱŠȱŽŸ’œŠǰȱ—˜–ŽŠŠ-­‐‑
–Ž—ŽȱšžŠ—˜ȱ›Ž•Š’Ÿ˜œȱŠȱŽ–¤’ŒŠœȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠœȱŒ˜–ȱŠȱŽœ™ŽŒ’ę-­‐‑
Œ’ŠŽȱŽȱŒŠŠȱž–ȱ˜œȱŽ™Š›Š–Ž—˜œDz
ŒǼȱ˜—›’‹ž’›ȱŒ˜–ȱŒ˜—Žø˜œȱ™Š›ŠȱœŽŒ³äŽœȱŽœ™ŽŒÇꌊœȱŠȱŽŸ’œŠǰȱ
Ž—›Žȱ˜œȱšžŠ’œǰȱ›ŽŒŽ—œäŽœȱŒ›Ç’ŒŠœǰȱŠ™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱŽȱ’œœŽ›Š³äŽœǰȱ
—˜ÇŒ’ŠœȱŽȱŽ—Œ˜—›˜œȱŒ’Ž—ÇꌘœȱŽȱ™ž‹•’ŒŠ³äŽœȱ›ŽŒŽ‹’Šœǯ
ǼȱŽœ™˜—Ž›ȱŠȱ™Ž’˜œȱŽȱŠ™˜’˜ȱŽœ™ŽŒÇꌘœȱŠȱ˜›–ž•Š›ȱ™Ž•Šȱ’-­‐‑
recção da Revista. 13– A Equipa Editorial é nomeada pela Direcção da EduSer, integran-­‐‑
do entre 3 a 6 docentes/investigadores da Escola.
ŗŚȮȱœȱŠ›’‹ž’³äŽœȱŠȱšž’™Šȱ’˜›’Š•ȱœ¨˜ȱŠœȱœŽž’—ŽœDZ
ŠǼȱ˜•Š‹˜›Š›ȱ—Šȱ™•Š—’ęŒŠ³¨˜ȱŽȱŒŠŠȱ—ø–Ž›˜ȱŠȱŽŸ’œŠDz
‹Ǽȱ™˜’Š›ȱŠȱ’›ŽŒ³¨˜ȱ›Ž•Š’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱ˜›’Ž—Š³¨˜ȱŽ’˜›’Š•ȱŠȱŽŸ’œŠDz
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EduSer
ŒǼȱ’—Š–’£Š›ȱ˜ȱ™›ŽŽ—Œ‘’–Ž—˜ȱŽȱœŽŒ³äŽœȱŽœ™ŽŒÇꌊœȱŠȱŽŸ’œŠǯ
ŗśȮȱȱšž’™Šȱ›¤ęŒŠȱ·ȱ—˜–ŽŠŠȱ™Ž•Šȱ’›ŽŒ³¨˜ǯ
ŗŜȮȱœȱŠ›’‹ž’³äŽœȱŠȱšž’™Šȱ›¤ęŒŠȱœ¨˜DZ
ŠǼȱ˜—ŒŽ™³¨˜ȱŠȱ’–ŠŽ–ȱ›¤ęŒŠȱŠȱ›ŽŸ’œŠDz
‹Ǽȱœ›žž›Š³¨˜ȱŽȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱ›¤ęŒŠDz
c) Acompanhamento da maquetagem e supervisão do processo de impressão.
ŗŝȮȱȱŽŒ›ŽŠ›’Š˜ȱ·ȱ—˜–ŽŠ˜ȱ™Ž•˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’›ŽŒ’Ÿ˜ȱŠȱœŒ˜•Šǰȱ
mediante proposta da Direcção da Revista EduSer.
™›˜ŸŠ˜ȱŽ–ȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’Ž—’ęŒ˜ȱŽȱŘśȦŖŘȦŖŘǯȱȱ
Regulamento
191
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Normas de publicação de artigos
Normas de publicação de artigos
193
EduSer nº1
1. Estrutura do artigo
œȱŠ›’˜œȱŠȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽ›ǰȱœŽ–ȱ™›Ž“žÇ£˜ȱ˜œȱ’—Ž›ŽœœŽœǰȱ™›Ž˜Œž™Š³äŽœȱ
e sensibilidade dos respectivos autores, podem situar-­‐‑se no âmbito de um dos seguintes tipos:
ŗǯŗǯȱ—œŠ’˜œȱŽà›’Œ˜œǯȱEste tipo de artigos deverá incluir, preferen-­‐‑
cialmente, os seguintes itens, que deverão ser numerados desde a —›˜ž³¨˜ȱ¥ȱ˜—Œ•žœ¨˜DZ
Ȋȱ ’ž•˜ȱǻŠŽšžŠ˜ȱŠ˜ȱŽœž˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜Ǽǯ
Ȋȱ Žœž–˜ȱšžŽȱ—¨˜ȱŽŸŽ›¤ȱŽ¡ŒŽŽ›ȱŘŖŖȱ™Š•ŠŸ›ŠœǰȱœŽž’˜ȱŽȱ™Š•Š-­‐‑
vras-­‐‑chave, que não deverão exceder 5, sendo estas apresentadas em duas línguas (português e outra).
Ȋȱ —›˜ž³¨˜ǰȱšžŽȱ™˜Ž›¤ȱ’—Œ•ž’›ȱ˜œȱœŽž’—Žœȱà™’Œ˜œDZȱ™›’—Œ’™Š•ȱ
ou principais objectivos do artigo, descrição sucinta do tema Žœ™ŽŒÇꌘȱ ˜žȱ ˜ȱ ™›˜‹•Ž–Šȱ ›ŠŠ˜ǰȱ ’—’ŒŠ³¨˜ȱ Šȱ –Ž˜˜•˜’Šȱ
ž’•’£ŠŠȱŽȱŠȱœÇ—ŽœŽȱŠȱŽœ›žž›Šȱ˜ȱŠ›’˜ǯ
Ȋȱ —’ŒŠ³¨˜ȱ˜ȱŽ—šžŠ›Š–Ž—˜ȱŽà›’Œ˜ȱŽ—›˜ȱ˜ȱšžŠ•ȱœŽȱŽœŽ—-­‐‑
volve o tema ou problema em análise.
Ȋȱ ŽœŒ›’³¨˜ȱŽȱ–Š—Ž’›ŠȱŒ•Š›ŠȱŽȱŠ›’Œž•ŠŠȱŠȱ™˜œ’³¨˜ȱ˜ȱŠž˜›ȱœ˜‹›Žȱ
o tema ou problema tratados.
Ȋȱ –™•’ŒŠ³äŽœȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱŠȱ˜›–Š³¨˜ȱ
Outubro 2003
ȱ žŽ›ȱ ·ȱ ž–Šȱ ŽŸ’œŠȱ Žȱ ŒŠ›¤ŒŽ›ȱ Œ’Ž—Çꌘȱ Žȱ ™ŽŠà’Œ˜ǰȱ Œž“˜ȱ
Œ˜—Žø˜ȱ’—˜›–Š’Ÿ˜ȱŽȱ›ŽĚŽ¡’Ÿ˜ȱœŽȱŒŽ—›ŠȱŽœœŽ—Œ’Š•–Ž—ŽȱŽ–ȱŽ–ŠœȱŽȱ
žŒŠ³¨˜ǰȱ›˜ŒŽœœ˜ȱŽȱ—œ’—˜ȱŽȱ™›Ž—’£ŠŽ–ǰȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœȱ
Žȱ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ›˜ęœœ’˜—Š•ǰȱŽ—Œ˜—›Š—˜ȬœŽȱŠ‹Ž›ŠȱŠȱ˜˜œȱ˜œȱ˜ŒŽ—Žœǰȱ
educadores e outros investigadores nacionais ou estrangeiros. A submis-­‐‑
œ¨˜ȱŽȱŒŠŠȱŠ›’˜ȱ¥ȱ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱ—ŠȱžŽ›ȱŽŸŽ›¤ȱŽ›ȱŽ–ȱŒ˜—œ’Ž›Š³¨˜ȱ
os requisitos a seguir apresentados.
Žȱ›˜Žœœ˜›Žœǰȱ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜žȱ˜ž›˜ȱŒ˜—Ž¡˜ȱ
educativo.
Ȋȱ ŽŽ›¹—Œ’ŠœȱŠȱ‹’‹•’˜›ŠęŠȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱŒ˜–ȱ˜ȱŽ–ŠȱŠ‹˜›Š˜ǯ
ŗǯŘǯȱœž˜œȱŽ–™Ç›’Œ˜œ (experimental, semi-­‐‑experimental, estudo de caso, entre outros). Este tipo de artigos deverá incluir, preferen-­‐‑
cialmente, os seguintes itens:
Ȋȱ ’ž•˜ȱǻŠŽšžŠ˜ȱŠ˜ȱŽœž˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’˜Ǽǯ
Ȋȱ Žœž–˜ȱšžŽȱ—¨˜ȱŽŸŽ›¤ȱŽ¡ŒŽŽ›ȱŘŖŖȱ™Š•ŠŸ›ŠœǰȱœŽž’˜ȱŽȱ™Š•Š-­‐‑
vras-­‐‑chave, que não deverão exceder 5, sendo estas apresentadas em duas línguas (português e outra).
Ȋȱ —›˜ž³¨˜ǰȱ šžŽȱ ŽŸŽ›¤ȱ ’—Œ•ž’›ȱ ˜œȱ œŽž’—Žœȱ à™’Œ˜œDZȱ ™›’—Œ’™Š•ȱ
˜žȱ™›’—Œ’™Š’œȱ˜‹“ŽŒ’Ÿ˜œȱ˜ȱŽœž˜ǰȱ’—’ŒŠ³¨˜ȱ˜ȱŽ–ŠȱŽœ™ŽŒÇꌘȱ
Žȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–Šȱ›ŠŠ˜ǰȱ’—’ŒŠ³¨˜ȱŠȱ–Ž˜˜•˜’Šȱž’•’£ŠŠȱŽȱŠȱ
síntese da estrutura do trabalho.
Ȋȱ —šžŠ›Š–Ž—˜ȱŽà›’Œ˜ȱŽȱ›ŽŸ’œ¨˜ȱ‹’‹•’˜›¤ęŒŠǯ
Ȋȱ ŽœŒ›’³¨˜ȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–ŠȱŽœ™ŽŒÇꌘȱ›ŠŠ˜ǯ
Ȋȱ —’ŒŠ³¨˜ȱŽȱ“žœ’ęŒŠ³¨˜ȱŠȱ–Ž˜˜•˜’Šȱž’•’£ŠŠǯ
Ȋȱ Ž•ŽŒ³¨˜ǰȱ˜›Š—’£Š³¨˜ȱŽȱ’œŒžœœ¨˜ȱ˜œȱŠ˜œȱŒ˜—œ’Ž›Š˜œȱ›Ž•-­‐‑
evantes.
Ȋȱ ˜—Œ•žœäŽœȱŽȱ’–™•’ŒŠ³äŽœȱŠȱ’—ŸŽœ’Š³¨˜ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱŠȱ
˜›–Š³¨˜ȱŽȱ›˜Žœœ˜›Žœǰȱ˜ž›Šȱ˜›–Š³¨˜ȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜žȱ˜ž›˜ȱ
contexto educativo.
Ȋȱ ŽŽ›¹—Œ’ŠœȱŠȱ‹’‹•’˜›ŠęŠȱ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱŒ˜–ȱ˜ȱŽ–ŠȱŠ‹˜›Š˜ǯ
2. Normas de publicação
Os artigos propostos para publicação, deverão respeitar as seguintes Œ˜—’³äŽœȱŽȱœžŽœäŽœDZ
2.1. Serem originais, apresentados em suporte informático e impressos em papel, com um tamanho não superior a 10 000 palavras.
2.2. Deve ser indicada, imediatamente a seguir ao título e em linhas œŽ™Š›ŠŠœǰȱŠȱŒŠŽ˜›’Šȱ™›˜ęœœ’˜—Š•ȱ˜žȱŽœŠž˜ȱŽȱŽœžŠ—ŽǰȱŠȱ’—œ’-­‐‑
ž’³¨˜ȱ˜—Žȱ˜ȱ˜žȱ˜œȱŠž˜›ŽœȱŽ¡Ž›ŒŽ–ȱž—³äŽœǰȱŽ—Ž›Ž³˜ȱŽ•ŽŒ›à—’Œ˜ȱ
de cada autor, um número telefónico para contacto urgente e um endereço para remessa de correio normal.
2.3. O texto deverá ser enviado em qualquer versão de Word para ȱ˜žȱŠŒȱœŽ–ȱšžŠ•šžŽ›ȱ™›Ž˜Œž™Š³¨˜ȱŒ˜–ȱŠ•’—‘Š–Ž—˜œȱ˜žȱŠ‹ž-­‐‑
•Š³äŽœǯȱœȱ—˜ŠœǰȱœŽȱŽ¡’œ’›Ž–ǰȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱ—ž–Ž›ŠŠœȱŽȱ›Ž–Ž’Šœȱ
™Š›Šȱ˜ȱę–ȱ˜ȱŽ¡˜ǯ
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EduSer
2.4. No caso de usar subtítulos, indique, claramente, a sua ordem de ›Š—Ž£ŠǰȱžœŠ—˜ȱŠȱ—˜Š³¨˜ȱŗǯǰȱŘǯǰȱŽŒǯǰȱ™Š›Šȱ˜œȱŽȱ™›’–Ž’›Šȱ›Š—Ž£ŠDzȱ
ŗǯŗǯǰȱŗǯŘǯǰȱŽŒȱ™Š›Šȱ˜œȱŽȱœŽž—Šȱ›Š—Ž£ŠDzȱŗǯŗǯŗǯǰȱŗǯŗǯŘǯǰȱǯǯǯȱǰŗǯŘǯŗǯǰȱǯǯǯǰȱ
ŽŒǰȱ™Š›Šȱ˜œȱŽȱŽ›ŒŽ’›Šȱ›Š—Ž£Šǯȱ¨˜ȱ·ȱŠŒ˜—œŽ•‘¤ŸŽ•ȱž’•’£Š›ȱ™Š›Šȱ
Š•·–ȱŠȱŽ›ŒŽ’›Šȱ›Š—Ž£Šȱ—˜œȱœž‹Çž•˜œǯ
2.5. Os títulos dos quadros devem ser numerados com numeração ›˜–Š—ŠȱŽȱŒ˜•˜ŒŠŠȱ™˜›ȱŒ’–Šȱ˜ȱšžŠ›˜ǯȱœȱÇž•˜œȱŠœȱꐞ›ŠœȱŽȱ
dos esquemas devem ser numerados com numeração árabe por ‹Š’¡˜ȱ Šȱ ›Žœ™ŽŒ’ŸŠȱ ꐞ›Šȱ ˜žȱ ŽœšžŽ–Šǯȱ œȱ Çž•˜œȱ ˜œȱ šžŠ›˜œǰȱ
ꐞ›ŠœȱŽȱŽœšžŽ–ŠœȱŽŸŽ–ȱœŽ›ȱŒ˜–ȱ•Ž›Šȱ–’—øœŒž•ŠȱŽȱ•˜˜ȱŠȱœŽž’›ȱ
ao número correspondente.
ŘǯŜǯȱžŠ—˜ȱ—¨˜ȱ’—Ž›Š˜œȱ—˜ȱŽ¡˜ǰȱŠœȱŠ‹Ž•Šœǰȱ˜œȱ›¤ęŒ˜œǰȱ˜œȱŽœšžŽ-­‐‑
–ŠœǰȱŠœȱ˜˜›ŠęŠœȱŽȱŠœȱꐞ›ŠœȱŽŸŽ›¨˜ȱŽ›ȱž–ȱÇž•˜ǰȱœŽ›ȱ—ž–Ž›Š-­‐‑
dos por ordem de inclusão no texto e enviados em suporte papel (impressão de qualidade) e caso seja possível, suporte informático. As tabelas devem ser elaboradas em Excel.
Řǯŝǯȱ ŽŸŽ›¤ȱ ›ŽŽ›’›ǰȱ Žȱ ˜›–Šȱ ™Š›Œ’–˜—’˜œŠǰȱ Š™Ž—Šœȱ Šȱ ‹’‹•’˜›ŠęŠȱ
fundamental e ser estruturado, segundo as normas APA (‘Ĵ™DZȦȦ
www.lib.usm.edu/~instruct/guides/apa.html, acedido em 26-­‐‑06-­‐‑02) de que se destacam os seguintes exemplos:
2.7.1. Aranda, V. (2001). Creación de páginas web online: Guia práctica para usuarios. Madrid: Ediciones Anaya Multimedia.
ŘǯŝǯŘǯȱŠ••˜ěǰȱǯȱǭȱ›ŠĴǰȱǯȱǻŗşşşǼǯȱBuilding learning communities in Œ¢‹Ž›œ™ŠŒŽDZȱ쎌’ŸŽȱœ›ŠŽ’Žœȱ˜›ȱ‘Žȱ˜—•’—ŽȱŒ•Šœœ›˜˜–. San Francisco: Jossey-­‐‑Bass Publishers
Řǯŝǯřǯȱ ˜›Š’œǰȱ ǯǰȱ ’›Š—Šǰȱ ǯǰȱ•–Ž’Šǰȱ ǯǰȱ ǭȱ ’Šœǰȱ ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱȱ
web como fonte de expectativas na construção de ambientes ŽȱŠ™›Ž—’£ŠŽ–ǯȱ—ȱǯǰȱ’•ŸŠȱǭȱǯȱ•–Ž’Šȱǻ›œǯǼǰȱActas do VI Congresso Galaico-­‐‑Português de Psicopedagogía (vol 1), (pp. 333–342). ›ŠŠDZȱŽ—›˜ȱŽȱœž˜œȱŽ–ȱžŒŠ³¨˜ȱŽȱœ’Œ˜•˜’ŠȱŠȱ—’ŸŽ›-­‐‑
sidade do Minho.
ŘǯŝǯŚǯȱ˜—ŽǰȱǯȱǯȱǻŘŖŖŖǼǯȱŽŒ—˜•˜’ŠœȱŽȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽȱŒ˜–ž—’ŒŠ³¨˜ȱ
—ŠȱŽžŒŠ³¨˜ȱŽȱ—Šȱ˜›–Š³¨˜ȱŽȱ™›˜Žœœ˜›ŽœDZȱžŽȱŽœŠę˜œǵȱRevista Ibero-­‐‑Americana de Educação 24, pp. 63-­‐‑90.
2.8. O conteúdo dos artigos é da exclusiva responsabilidade do ou dos respectivos autores.
2.9. Os artigos propostos serão apreciados por uma comissão redac-­‐‑
˜›’Š•ǰȱœŽ—˜ȱ˜ȱ˜žȱ˜œȱŠž˜›Žœȱ’—˜›–Š˜œǰȱ—ž–ȱ™›Š£˜ȱŠ™›˜¡’–Š-­‐‑
damente de 3 meses, acerca da aceitação e da data provável de ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ǯȱ Šœ˜ȱ ‘Š“Šȱ Šȱ —ŽŒŽœœ’ŠŽȱ Žȱ ™˜œœÇŸŽ’œȱ Š•Ž›Š³äŽœǰȱ —˜ȱ
œŽ—’˜ȱŽȱž–Šȱ–Ž•‘˜›ȱŠŽšžŠ³¨˜ȱ˜ȱŠ›’˜ȱ¥ȱ•’—‘ŠȱŽ’˜›’Š•ȱŠȱ
Normas de publicação de artigos
195
revista, o ou os autores serão igualmente informados dentro do –Žœ–˜ȱ™›Š£˜ǯ
2.10. Logo que um artigo seja aceite pela redacção da EduSer, o ou os Šž˜›ŽœȱŽŸŽ–ȱ›Ž’›¤Ȭ•˜ȱŽȱ˜ž›Šœȱ™ž‹•’ŒŠ³äŽœȱŠȱšžŽȱŠ—Ž›’˜›–Ž—Žȱ
o hajam submetido.
Após publicação, o artigo passa a ser propriedade da revista.
2.11. Aos autores dos artigos publicados serão oferecidos 3 exemplares do respectivo número da revista.
ŘǯŗŘǯȱȱ˜—œŽ•‘˜ȱ’˜›’Š•ǰȱ˜ȱ˜—œŽ•‘˜ȱŽŠŒ˜›’Š•ȱŽȱŠȱ˜–’œœ¨˜ȱ’-­‐‑
˜›’Š•ǰȱŽ—˜ȱŽ–ȱŒ˜—ŠȱŠȱšžŠ•’ŠŽȱŒ’Ž—ÇꌊȱŽȱŠȱ˜›’’—Š•’ŠŽȱ˜œȱ
artigos publicados em cada ano, poderão seleccionar alguns deles ™Š›Šȱ˜›Š—’£Š›ȱž–Šȱ™ž‹•’ŒŠ³¨˜ȱŽ–¤’ŒŠȱǻŒ˜–ȱž–Šȱ™Ž›’˜’Œ’ŠŽȱ
nunca inferior a 2 anos), de que serão oferecidos 5 exemplares a cada um dos autores nela envolvidos.
Os artigos a submeter devem ser enviados para:
EduSer – Revista da Escola Superior de Educação de Bragança
Š–™žœȱŽȱŠ—Šȱ™˜•à—’Š
Apartado 1101
5301-­‐‑856 BRAGANÇA
Portugal
Endereço electrónico: [email protected]
Ž•Ž˜—ŽDZȱǻƸřśŗǼȱŘŝřȱřřŖȱŜŖş
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EduSer
Revista da Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Bragança
Patrocínios
Patrocínios
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EduSer nº1
Outubro 2003
A impressão do presente número obteve os patrocínios do Governo ’Ÿ’•ȱ˜ȱ’œ›’˜ȱŽȱ›ŠŠ—³ŠǰȱŠȱ¦–Š›Šȱž—’Œ’™Š•ȱŽȱ›ŠŠ—³ŠȱŽȱŠȱ
Š’¡ŠȱŽ›Š•ȱŽȱŽ™àœ’˜œǰȱŠȱšžŽ–ȱ–ž’˜ȱŠ›ŠŽŒŽ–˜œǰȱœŠ•’Ž—Š—˜ȱŠȱ
forma amável, empenhada e entusiasta dos responsáveis por estas ins-­‐‑
’ž’³äŽœȱ—˜ȱŠŒ˜•‘’–Ž—˜ȱŽœŽȱ™›˜“ŽŒ˜ǯ
ȱ˜ŸŽ›—˜ȱ’Ÿ’•
de Bragança
apoia a educação e o
desenvolvimento regionais
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EduSer
Patrocínios
199
200
EduSer
EduSer
é uma Revista da
Escola Superior
de Educação, do
Instituto Politécnico de Bragança, de carácter
científico e pedagógico, cujo conteúdo informativo e reflexivo se centra, essencialmente, em
temas de educação, formação de professores e
outra formação profissional.
Os principais objectivos da revista são:
dinamizar e divulgar a produção científica da
comunidade educativa, constituir um espaço
de partilha e reflexão entre os colaboradores e
os leitores; estabelecer pontes entre áreas científicas distintas, promovendo o trabalho e a reflexão interdisciplinar e fomentando a emergência
de uma dinâmica comunidade científica e de
investigação.
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