UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Licenciatura em Matemática Algumas reflexões sobre as dificuldades do processo de ensino-aprendizagem da Matemática: Estudo de Caso Paulo Henrique Oliveira de Abreu ANÁPOLIS 2012 Paulo Henrique Oliveira de Abreu Algumas reflexões sobre as dificuldades do processo de ensino-aprendizagem da Matemática: Estudo de Caso Trabalho de Curso apresentado a Coordenação Adjunta de TC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado no Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás sob a orientação da Professora: Msc. Rosalina Maria de Lima Leite do Nascimento. ANÁPOLIS 2012 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para essa pesquisa. De forma especial dedico a minha família, meus pais Gessi e Elizabeth, que sempre acreditaram em mim, apoiando em minhas escolhas e em todos os momentos estiveram ao meu lado me motivando a continuar. Dedico também à Lorrana Thalita e Thais Laudelino Costa pelo companheirismo e amizade. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por me dar coragem, saúde, esperança e inspiração para concluir este trabalho, e este curso. Aos meus pais, minha irmã que de forma incentivadora sempre estiveram ao meu lado, entendendo minha ausência e me ajudando nessa conquista. Aos meus amigos principalmente do grupo de jovens JAC (Jovens Amados por Cristo), que fazem parte da minha vida, e me deram forças a não desistir. A professora Rosalina por sua paciência e dedicação. E a todos que participaram dessa pesquisa para elaboração de meu trabalho. “A matemática é o alfabeto com o qual DEUS escreveu o Universo” Pitágoras RESUMO Este trabalho descreve a importância que a Matemática traz há várias gerações e que ao longo do tempo foi evoluindo, mais que muitas vezes é vista como “bicho de sete cabeças”, fazendo com que seja apresentada como algo incapaz de ser aprendido. Aprender matemática não é tarefa impossível e é preciso mostrar aos alunos que a sua importância passa acima de todas as dificuldades vivenciadas durante o processo de ensino e aprendizagem. Portanto a mediação do professor é extremamente importante, ele é o canal principal que liga o aluno à disciplina, ele se torna o facilitador para o bom aprendizado da matéria. É preciso, portanto investigar e entender quais as razões que levam a maioria dos alunos a apresentarem dificuldades na aprendizagem em Matemática, e buscar soluções para esses fatos. É necessário despertar tanto nos alunos como nos professores o espírito investigativo que a matemática requer, só assim será possível construir conhecimento em matemática de forma agradável, estimulante e prazerosa. Palavras-chave: Dificuldades, Ensino- aprendizagem, Matemática. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 07 1. ENSINO DE MATEMÁTICA: UM POUCO DE HISTÓRIA....................................... 09 1.1. Contexto Histórico......................................................................................................... 09 1.2. Influências da História da Matemática .......................................................................... 12 1.3. A Matemática no Brasil ................................................................................................. 15 2. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA ............. 19 2.1. Dificuldades do Ensino.................................................................................................. 23 3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 27 3.1. Contextualização da Escola ........................................................................................... 27 3.2. Resultados e discussões ................................................................................................. 28 CONCLUSÃO......................................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 39 ANEXO 1 ................................................................................................................................. 44 APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 47 APÊNDICE 2 .......................................................................................................................... 49 INTRODUÇÃO A Matemática sem dúvida trouxe importantes contribuições para todas as gerações, apesar disso sempre foi vista pelos alunos e pelo publico em geral, como uma disciplina difícil. Ainda hoje, mesmo depois de tanta evolução a matemática ainda é temida por muitos, o que dificulta o processo de ensino e aprendizagem da mesma. Muitos ainda afirmam que a matemática é difícil, e não está ao alcance do conhecimento de qualquer indivíduo, somente para aqueles mais inteligentes. Nesse sentido VITTI afirma: “O fracasso do ensino de matemática e as dificuldades que os alunos apresentam em relação a essa disciplina não é um fato novo, pois vários educadores já elencaram elementos que contribuem para que o ensino da matemática seja assinalado mais por fracassos do que por sucessos”. (VITTI, 1999, p. 19) Na medida em que o aluno avança na educação escolar, as dificuldades parecem aumentar ainda mais e as reprovações em matemática se tornam mais comuns. A justificativa para isto seria a incapacidade do aluno? Ou a matemática que é muito complexa? Ou ainda, seria a “matemática é para poucos”? Esses mitos precisam deixar de existir, não só nas escolas mais em meio a toda sociedade, só assim os alunos perderão o receio e compreenderá a matemática como parte do seu cotidiano. Desde o seu surgimento, pela necessidade dos primeiros povos até os dias de hoje, a Matemática se faz necessária ela está presente em todas as ações da humanidade, seja na ida ao supermercado, ao açougue ou a bolsa de valores. Cabe, portanto ao professor a tarefa de facilitar o ensino da Matemática. Ele é que deve despertar no aluno o gosto pela disciplina. E de que forma fazê-lo? Como agir? Este trabalho procura contribuir no sentido de investigar essas respostas. Para tanto foi estruturado em três capítulos; no primeiro apresentamos a história da matemática de forma geral e também no Brasil, destacando alguns matemáticos e pesquisadores que desempenharam papel fundamental em suas descobertas e conquistas que impulsionaram o ensino da Matemática difundindo-o entre várias gerações. O segundo capítulo aborda a formação do professor de Matemática, o valor que ele tem para o ensino da disciplina, e também a importância de ser um professor reflexivo que busca aprender a cada dia, repensando e renovando suas práticas de ensino. Trazendo também algumas das causas de dificuldades no ensino de Matemática. 8 O terceiro capítulo destaca-se o resultado alcançado através da pesquisa de campo realizada em um colégio, com alunos e professores do Ensino Fundamental e Médio, apontando as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem da Matemática para esses alunos e professores. As dificuldades no ensino de Matemática vêm aumentando com o passar do tempo, várias causas podem ser apontadas: deficiência na formação dos professores, falta de apoio dos pais, dificuldades no sistema de gestão da escola, entre outros. Diante de toda essa problemática é que o estudo se configura no sentido de contribuir com uma reflexão sobre todo esse contexto. 1. ENSINO DE MATEMÁTICA: UM POUCO DE HISTÓRIA 1.1. Contexto Histórico • Período Paleolítico Durante todo o período do paleolítico inferior, o homem viveu da caça e da coleta de frutas nas florestas, competindo com os outros animais, utilizando paus, pedra e o fogo. Ele necessitava apenas das noções de mais, menos, maior, menor e algumas formas no lascamento de pedras. Essa era a “matemática” que eles necessitavam, ou seja, a matemática era formada de esquemas mentais que lhe possibilitavam alterar tamanho, aumentar ou diminuir, dar quantidade e dar formas a paus e pedras, dando-lhes utilidades em suas atividades. Se uma pedra cortava bem, os homens tentando imitá-la lascavam outras pedras para que adquirissem a mesma forma, seguindo o pensamento de que o tamanho influenciava na sua qualidade. Já o Paleolítico Superior é caracterizado por instrumentos mais habilidosos para a caça e coleta, armadilhas, redes, cestos, arcos e flechas e botes, utilizando como materiais; ossos, peles, cipós, fibras, fazendo inclusive, roupas rústicas, pinturas e esculturas naturalistas. A partir de então a matemática começa a ter reproduções simbólicas: palavras indicando os primeiros números e formas, desenhos pictográficos que eram marcas bosquejadas para corte e desbaste na madeira, pedra e osso. Assim foram elaborados os primeiros calendários agrícolas. Os conceitos matemáticos aumentaram. O conhecimento se desenvolveu, constituído de receitas favoráveis para o dia a dia. Nesta época os símbolos adquirem valores mais abrangentes. Surge a ideografia (representação das ideias por meio de sinais que reproduzem objetos concretos). • Período Neolítico No período neolítico a produção de alimentos continuava muito pequena. Aos poucos, com novas técnicas, foram aumentando a produção até atingirem o suprimento de suas necessidades. Este período vai do início da produção de alimentos até o ponto de os homens gerarem o necessário para a sobrevivência. A caça transformou-se em esporte. O 10 homem constrói o seu ambiente, o que lhe dá independência em relação à natureza. Percebe-se que foi enfrentando as necessidades em relação ao próprio sustento da alimentação, vestuário ou moradia que o ser humano desenvolveu o raciocínio. Assim nasceu do trabalho, uma atividade que exige do homem o uso constante das habilidades mentais e físicas na construção dos meios que possibilitem a sobrevivência, levando-o a seguir o caminho da evolução. • Período Histórico A grande revolução foi à passagem para o período Histórico. Pois as tribos se estabeleceram em campos permanentes nas margens de grandes rios. Com lugar fixo, as choupanas são transformadas em casa; em aldeias e cidades. Surgem então as necessidades de armazenamento de produtos em grande escala e de sua contabilização, desenvolvendo assim uma nova forma de contagem e consequentemente da matemática. A divisão da sociedade em classes e a propriedade privada levam à criação de medidas para regular suas posses e à cobrança de impostos. Segundo o historiador Heródoto (484-424 a.C.), as inundações do Nilo demarcavam os limites das propriedades, gerando a necessidade de remarcá-las. Isso era feito com o auxílio de medidas e plantas, pelos chamados “esticadores de corda”, que eram funcionários dos faraós que tinham a tarefa de avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras das diversas posses. Então apareceu o desenvolvimento dos números fracionários, onde surgiram algumas datas importantes para o conhecimento matemático (anexo 01). Dentre essas datas é importante destacar: O surgimento das primeiras evidências primitivas de contagem, por volta de 30000 a. C. quando o homem primitivo precisou realizar atividades humanas, fixando-se no trabalho com o solo, começando a plantar, produzir e colher alimentos, criando animais, construindo casas, dentre outras atividades. Fazendo com que a matemática fosse inserida na vida diária deles. Na agricultura era necessário de conhecimentos a cerca de tempo, estações do ano, da lua, surgindo assim às primeiras formas de calendário, que contribuíram para determinar as melhores datas para plantio e colheita. Já no pastoreio e na criação de animais, era necessário associar-se a quantidade de animais com pedrinhas, riscos em pedras, nós em cordas, dentre outras formas utilizadas como método de contagem. 11 Em 600 a. C. Talles de Mileto que é considerado o primeiro filósofo, cientista e matemático, descobridor de diversas proposições por si só, além de métodos inovadores, comparando a sombra de uma pessoa com uma pirâmide, descobrindo o uso da semelhança de triângulos. Por volta de 300 a. C., Euclides ganhou grande prestígio pela forma como explicava geometria e álgebra, muitas de suas obras foram perdidas com o tempo, Ele escreveu várias obras famosas, dentre elas se destacam: Os Elementos, livro esse que reunia quase todos os conhecimentos matemáticos daquela época, obra tão importante que grande parte de suas preposições é tratada na escola atual, especialmente na área da geometria, conhecida hoje como Geometria Euclidiana, nome em homenagem ao seu autor. Além de tornar-se um dos livros com maior publicação ao longo do tempo, nessa obra ele organizou e sistematizou conhecimentos já adquiridos por outros povos, dando grande importância ao estudo envolvendo área, volume e propriedades de figuras geométricas. Euclides foi considerado o mais importante matemático da antiguidade. Nasce em 1114 d. C. Bhaskara, um matemático indiano que dedicava seus estudos em matemática e astronomia, foi conhecido por ter criado a fórmula utilizada na equação de 2º grau, uma grande contribuição para a matemática. Suas duas coleções de trabalhos mais conhecidos são Lilavati (A Bela) e Vijaganita (Extração de raízes), onde se trata de aritmética e álgebra. Em 1842, houve a primeira impressão de um livro de matemática, que foi Os elementos de Euclides, um dos mais influentes trabalhos na ciência, desenvolvendo a geometria e outros ramos da matemática, tornando-se o livro de maiores publicações. Isaac Newton; físico, matemático e astrônomo, teve algumas descobertas importantes para várias ciências, suas descobertas mais importantes foram: a decomposição da luz, o princípio da gravitação universal e os três princípios da mecânica conhecido como as leis de Newton. Em 1687 d. C. motivado por Edmond Halley, depois de longa insistência e ajuda financeira a Newton, ele publica o Principia (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural) neste trabalho ele estabelece a lei de gravitação universal, onde também descrevem suas bem conhecidas três leis do movimento, com demonstrações sobre tudo geométricas. Ele propunha um novo ideal de ciência, com uma demonstração sistemática a cerca da gravitação universal, Newton estabelecia assim a força e gravidade como um fato científico. Newton sempre era interrogado sobre como ele conseguia todas essas descobertas, e ele respondia: 12 “Para descobrir todos os fenômenos que deseja, basta ao sábio três coisas: Pensar, pensar, pensar.” Em 1873, Franceis Parker organizou o sistema escolar de Quincy, Massachusetts, de uma maneira considerada muito avançada para a época, chegava se aos conceitos aritméticos de maneira indutiva através do uso de objetos, e não pela aplicação de regras. Século XIX, do período de 1870 a 1900, muitos fatores divergentes influenciaram o currículo de Aritmética. Os defensores deixaram a marca da sua influência, através de treinos intensivos, pois pensavam que por meio de exercícios repetidos, poderia desenvolver certas faculdades mentais do aluno. Em 1980, a matemática já era ensinada nas escolas, nessa época o treinamento e a prática das operações aritméticas não existiam. Os livros dessa época poderiam ser classificados como livros de natureza comercial, porque continham um grande número de problemas e regras relativos a negócio e ao comércio. No final do século XIX, a História da Matemática foi marcada por grandes movimentos denominados Escola Nova e Escola Ativa. Esses movimentos davam vida à escola por meio de métodos ativos, onde o fazer do aluno é essencial ao processo de ensinoaprendizagem. Neste período, muitos foram os educadores que apresentavam técnicas revolucionarias de ensino-aprendizagem. 1.2. Influências da História da Matemática No entanto, como nos escreve (Rossini, p.7, 2003) “tanta inovação pouco alterava a realidade dentro das salas de aula: aulas expositivas, assuntos que não motivavam ou que não diziam respeito aos alunos”. O conhecimento na antiguidade era transmitido de forma bastante natural e informal: as pessoas reuniam-se em várias situações, conversavam, discutiam, trocavam ideias. Mesmo sem perceber, ensinavam umas às outras, aquilo que sabiam de forma prática e significativa, experimentando, investigando, e buscando outras respostas. D' Ambrósio (1996), destacou neste ano que, o que se via na maioria das escolas era a Matemática sendo ensinada mecanicamente, sem preocupar-se em associar com a realidade e nem com o cotidiano do aluno. Ainda destacou que não era possível encontrar no 13 cotidiano de todos os povos atividades que não envolviam alguma forma de matemática. Acredita-se que um dos maiores motivos do fracasso do ensino da Matemática está na forma mecânica como ela é apresentada em suas fórmulas e operações, por meio da resolução de exercícios que são esquecidos rapidamente, assim como a memorização da tabuada, regras, fórmulas e propriedades. (Baraldi, p. 88, 1999), escreve: “para os alunos, a Matemática consiste num manipular de fórmulas que, após certo 'treino', torna-se fácil em situações próprias da Matemática”. Chegando ao ensino médio, onde se aumenta o grau de dificuldades dos conteúdos que são ensinados, estando cada vez mais difícil criar novos meios de ensino, e quebrar o conteúdo tradicional, apontando apenas a reprodução dos conhecimentos já elaborados e seguir fielmente as instruções do livro utilizado. Por consequência os alunos pulam páginas, especialmente parte de teorias e conceitos, buscando somente resolver exercícios de maneira repetitiva, fazendo da matemática um estudo mecânico. No começo do século XX, surgiu o movimento que ficou conhecido como “Movimento de Utilidade Social”, que foi a preocupação apresentada na escola quanto aos problemas que os adultos pudessem encontrar na vida real. Sendo a preocupação com esse aspecto o principal fator que determinava a seleção do conteúdo no currículo primário, esse movimento levou medidas extremas, tais como ensinar juros e taxas às crianças das escolas primárias. Nasceram novos conceitos da matemática, principalmente a partir das teorias ordenadas na física pro Albert Einstein e Max Planc, nas áreas da física quântica e da relatividade. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, surgem a teoria dos fractais e a teoria dos jogos. Um segundo fator que influenciou o currículo primário da aritmética no século XX, quando considerar a necessidade social como fator básico para a seleção do currículo estava diminuindo. Nessa época foi chamada 'Associacionismo' a aceitação da teoria da aprendizagem, tendo como resultado a completa desvalorização das habilidades de computar. A aritmética tornou-se uma série de experiências fragmentadas de aprendizagem, fixadas através de treinamento intensivo, ou seja, quando o treinamento do raciocínio estava caindo em descrédito, surgiu uma nova defensora 'A Psicologia Associacionista' valorizando-a. Esse modo de ver e conceber o ensino da matemática por Fiorentini (1995) poderia levar a posicionamentos e tomar decisões na ação pedagógica. Ele denominou 14 algumas tendências que relacionavam a matemática com outras ciências, e suas aplicações no dia-a-dia, analisando a concepção de ensino- aprendizagem. Essas tendências partem da crença de que a matemática está posta no mundo; quer no mundo da natureza, ou no mundo mental. Cada uma dessas tendências tem uma concepção diferente em relação ao ensino. A primeira delas é a Tendência Formalista clássica que é identificada como 'ensino tradicional da matemática', com o objetivo do ensino de desenvolver o raciocínio lógico, onde a aprendizagem ocorre por repetição de exercícios e mecanização de operações e fórmulas. O ensino focava no professor como transmissor, aquele que fazia exposição de conteúdos prontos e já determinados. O aluno somente fazia a reprodução daquilo que o professor ensinava. O professor era visto como autoridade máxima, que conservava em si todo o saber matemático. Para Cunha (1996, p.156), “os comportamentos do professor e dos alunos fazem parte de uma expectativa baseada na ideologia definidora de uma sociedade”. Sendo essa uma relação ideológica construída para a escola na tendência formalista clássica. A Tendência Empírica Ativista se baseia na ideia de que a matemática está pronta no mundo natural, em termos de formas geométricas, quantificações, etc. Ela surgiu como negação a tendência clássica tradicional, pois considerava que as características psicológicas e biológicas em cada indivíduo se desenvolviam de forma diferente pra cada ser. Assim, o aluno deve contemplar a natureza na busca de conceitos de ideias matemáticas. Alegando que a aprendizagem da matemática acontecia de forma individual e particular de cada um. Libâneo (1985), diz que essa tendência empírica ativista faz do aluno o principal responsável pelo processo de aprendizagem, sendo ele um ser ativo, ocupando a figura central na aprendizagem. Nessa concepção, a relação professor-aluno é de suma importância para que sejam considerados aspectos pessoais também do aluno. O professor continuando com seu papel de descobrir, pesquisar, ensinar ao aluno, mais deixando este tomar gosto pelo que faz, exigindo do professor, tentar conciliar o conteúdo ao meio em que o aluno vive. O papel do professor é ajudar o aluno em seu desenvolvimento individual. A Tendência Formalista Moderna está associada ao movimento de Renovação Curricular designado 'Movimento da matemática Moderna', que, a partir da década de sessenta, começa a definir os rumos do ensino de matemática em todo o mundo ocidental, inclusive no Brasil. Seu objetivo era a melhoria da qualidade de ensino da matemática, bem 15 como a modernização, buscando desenvolvimento tecnólogo. A estratégia usada foi a da modificação dos currículos, visando aproximá-los da matemática contemporânea de então, produzida pela comunidade acadêmica dos matemáticos. Retornando a uma matemática rigorosa, com necessidades de provas e propriedades bem definidas. O ensino continuou a ter ao centro um professor autoritário, que continha todo o saber, utilizando o quadro negro para expor o conteúdo, fazendo com que na maioria dos casos os alunos somente reproduziam o conteúdo. A matemática Moderna foi posta a frente, considerando junto com a área de ciências naturais, que se constituía como acesso privilegiado para o pensamento tecnológico e cientifico. Elas surgiram como movimento educacional dentro de uma política de modernização econômica. Assim essa matemática a ser ensinada era aquela concebida como lógica, entendida por meio de suas estruturas. Nota-se que tomando o ensino da matemática, em especial a matemática moderna, favoreceria as condições necessárias para um raciocínio mais lógico do aluno, onde a Matemática Moderna seria o modelo perfeito da estrutura mental do ser humano. Sendo assim a matemática escolar começa a se ter notáveis mudanças, percorrendo novos caminhos de contextualização, interdisciplinaridade, na construção de estratégias e discussão de regularidades. Agora no século XXI, a escola tem como desafio formar pessoas que estejam aptas às mudanças, que sejam criativas, solidárias e capazes de buscar uma sociedade mais justa. Nesse mundo onde a criatividade está entre o novo paradigma para a resolução dos mais variados problemas, onde se necessita de buscar algo novo. 1.3. A Matemática no Brasil Na década de 1750, foi criado pelos jesuítas, a primeira Faculdade de Matemática, no colégio da Bahia, porém não foi reconhecido pelas autoridades portuguesas. Em 1810, foi criado o curso de Matemático da academia real Militar no Rio de Janeiro, com influências da Universidade de Coimbra. Entre 1811 a 1933, ficou instalado no Brasil, nas Faculdades de engenharia o ensino de Matemática superior. Já em 1934, até a década de 1970, com a criação da USP 16 (Universidade de São Paulo), onde os cursos de licenciatura eram oferecidos nas Faculdades de Filosofia. O ensino de Matemática, nas décadas de 60 e 70, sofreu grandes influências de algoritmos, procurando dar mais ênfase aos aspectos estruturais e lógicos da matemática em diferentes países. A teoria de conjuntos transformou-se numa nova linguagem de apresentação de seus conteúdos, havendo nesse período uma grande ênfase na precisão e coerência de símbolos e suas representações. As estruturas algébricas e o estudo de relações e funções tornaram-se objetos centrais nessa época. A geometria passou a ser tratada na linguagem dos conjuntos, sendo dado um grande valor às demonstrações de rigorosos teoremas geométricos, buscando uma nova visão mais experimental ou prática. Durante esse acontecimento a geometria foi abandonada nas escolas brasileiras por sua enorme complexidade que passou a exigir muito para ser tratada. Ao aproximar a matemática escolar da matemática pura, deixaram de considerar um ponto básico que veio a se tornar uma maior dificuldade: o que se indicava estava fora do alcance dos alunos, em especial nas séries iniciais. A matemática moderna no Brasil teve grandes influências com suas veiculações pelos livros didáticos. Esse movimento moderno deve seu reflexo a partir da comprovação da inadequação de alguns de seus princípios e das distorções ocorridas na sua implantação. É importante destacar que ainda hoje se nota a insistências no trabalho com os conjuntos nas séries iniciais, o predomínio absoluto da álgebra nas séries finais, a formulação precoce de conceitos e a vinculação da matemática em suas aplicações práticas. Foram apresentadas há pelo menos três décadas as modificações do currículo, que foram adotadas graças a uma série de fatores favoráveis, que constituem em informação contínua sobre o modo que os alunos aprendiam; um melhor conhecimento da estrutura básica da matemática; dentre outras modificações. Por volta de 1950 houve forças que geraram a revolução em matemática, pois eram muito complexas e inter-relacionadas, a mudança no currículo encontrou muitos empecilhos, empecilhos esses que conseguiram atrapalhar as tentativas de uma nova revisão no currículo. Nessa época houve urgente necessidade de criar o “Conselho Nacional de Professores de Matemática”, sendo forte e dinâmico, formado por um pessoal bem qualificado, para tornar-se uma das maiores forças que tem dirigido intelectualmente a promoção e a continuidade da revolução da Matemática elementar. Esse Conselho reflete a 17 “nova Matemática”, estabilizando essa revolução, divulgando amplamente seus resultados de pesquisas e inovações que surgiram, fornecendo apreciações críticas de cada novo projeto no currículo. Uma força paralela apareceu, fazendo com que o movimento da Matemática moderna não pudesse mais parar, sendo uma força com características modificadas que continuamente tem impulsionado esse movimento. Essa nova forma é constituída por dinheiro e pessoal especializado, que se destina a construir e avaliar recursos e treinar outras pessoas, direta e indiretamente, sendo mantido pelo governo federal. Do modo em que a revolução matemática vem-se desenvolvendo, a ideia de avaliação contínua tem sido de grande aceitação, promovendo constante procura de melhores técnicas para ensinar matemática. Com o computador eletrônico, foi possível melhor avaliação de várias pesquisas educacionais, fornecendo dados constantes que serviram para inovações significativas, para serem incluídas nos currículos. No período de 1980/1995 foram elaboradas algumas propostas em diferentes países, para melhorar o ensino, as propostas tinham como metas ver a importância de um aluno mais ativo desempenhando seu próprio papel no seu conhecimento, explorando a matemática a partir dos problemas existidos no cotidiano do aluno, levando a compreender a importância do uso de novas tecnologias no ensino. A Etnomatemática surgiu na década de 1970, pois o tradicional ensino da matemática teve grandes críticas, como a análise das práticas matemáticas nos contextos culturais. Ela pode ser entendida como um programa interdisciplinar que envolve outras ciências, que foi proposto em 1975, por Ubiratan D' Ambrósio para descrever as práticas culturais. Ao olhar Educacional a Etnomatemática procura chegar à uma ação pedagógica a partir da realidade, isto é de uma forma natural. Um exemplo da 'Etnomatemática' são as práticas matemáticas de feirantes, comerciantes, dentre tantos outros grupos que se enquadram na nova perspectiva. Segundo D' Ambrósio (1990) nos Congressos Internacionais de Educação Matemática, na década de 1960 predominava-se as questões internas, a própria matemática, já na década de 1970 passou-se a notar nos temas e debates uma atitude marcadamente externalista. Então nesse período vários pesquisadores se sensibilizaram com a necessidade de relacionar a matemática, ao contexto social e cultural, aproximando cada vez mais da realidade. D' Ambrósio, usou o termo 'Etnomatemática' pela primeira vez no V Congresso 18 Internacional de Educação Matemática, realizado em Adelaide, na Austrália. O autor afirma que: A crescente ênfase na história da matemática e de sua pedagogia, as discussões metas da educação matemática subordinada às metas gerais da educação sobretudo o aparecimento da nova área de Etnomatemática, com forte presença antropólogos, são evidencias da mudança qualitativa que se nota nas tendências educação matemática. (D’AMBROSIO, 1994, p.12). de e, de da Percebe-se então que a perspectiva da Etnomatemática não acontece pela simples experiência ou de forma espontânea. Ela é fruto de uma relação dialética em que o educador e o educando aprendem juntos. O professor tem sua função de problematizar, de interferir, no processo pedagógico, de estar aberto, para aprender, de ser orientador, ou seja, o coordenador do processo de construção de conhecimento. Enquanto nenhuma religião se universalizou, nenhuma língua se universalizou nenhuma culinária nem medicinas se universalizaram, a matemática se universalizou, deslocando todos os demais modos de quantificar, de medir, de ordenar, de inferir e servindo de base, se impondo, como o modo de pensamento lógico e racional que passou a identificar a própria espécie. (D’AMBRÓSIO, 1990, p. 10). 2. FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA Atualmente há uma grande preocupação em relação à formação de professores em todos os níveis, tanto na formação inicial, quanto continuada. É sentida por todos à necessidade de inovação e busca de novas práticas já que a formação de professores nunca acaba, é preciso buscar novos métodos e se adequar constantemente a novos conceitos de ensino promovendo inovações na forma de produzir conhecimento. No Brasil sempre foi de grande a preocupação, seguido de críticas e discussões por autores e estudiosos no assunto, a cerca da formação de professores. Acredita-se que é necessário investimento na formação inicial e continuada dos professores e que só assim será possível melhorar a qualidade do ensino oferecido. Atualmente existe uma distância entre a formação inicial e o necessário para a prática docente. Havendo assim dificuldades em buscar métodos que tenham resultados satisfatórios no ensino. No início da década de 1980 a formação de professores ganhou maior destaque referindo as necessidades de melhorias nesse campo. Em todo o país vários congressos, conferências e seminários abordavam quais melhorias seriam significativas para o ensino, mesmo porque também eram discutidas nessa época, as reformulações dos cursos de Licenciatura. No início dos primeiros cursos de licenciatura em matemática, os professores preocupavam apenas em ensinar aos futuros graduandos somente o conteúdo matemático em si, deixando de lado as práticas pedagógicas, que são importantes e essenciais para o saber. Esses primeiros professores dos cursos de licenciatura eram na maioria das vezes Engenheiros, que vieram de Escolas Politécnicas, ou até mesmo das Academias Militares, trazendo consigo uma formação sólida onde as ações pedagógicas eram desprezadas. O que se nota nesse contexto é o afastamento entre a teoria, de conhecimentos científicos e a prática. Sendo que o professor precisa adquirir novos conhecimentos e conceitos, mais isso só ocorrerá com sua prática, a fim de melhorar o sistema de ensino. Por tratar-se de um modelo no qual as atividades são entendidas como aplicações rigorosas do conhecimento científico, decorre que, nos cursos de formação, a prática é deixada para o final do curso, quando se supõe que o futuro professor já tenha adquirido todos os conhecimentos necessários para aplicar em sala de aula. (RIBEIRO, 1999, p.30) 20 As propostas buscam mostrar a importância de um professor reflexivo, onde a formação se baseia na prática, criando um elo entre a teoria com pesquisas e estudos à prática, aplicando esses conhecimentos na sala de aula. É preciso aplicar novos métodos, buscar novos meios para o ensino. Segundo D’Ambrósio (2001), entre outros autores é preciso conciliar a teoria aprendida com a prática a ser executada, tanto o saber matemático, quanto o pedagógico, devem andar juntos, para que haja interação entre esses saberes, contribuindo assim para melhor formação. A formação de professores é um desafio, quando se diz respeito ao ensinoaprendizagem da matemática. É questionado sobre um método mais eficiente na formação de professores de matemática, que se comprometam mais em buscar novos meios para que os alunos aprendam a matemática, analisando a realidade vivenciada pelo aluno e aplicando essas rotinas a matemática. Segundo Fiorentini (1998), a prática pedagógica por meio investigativo e reflexivo é a melhor forma de desenvolver a formação profissional do professor. A prática ocupa uma posição de destaque na formação de professores, considerada como uma investigação, onde se pesquisa através da realidade apresentada mesmo. Pode-se dizer que o professor só aprenderá exercendo seu papel, só através de sua prática, analisando suas dificuldades, erros e acertos. Aprendendo com esses erros e melhorando cada vez mais o que dá certo. O professor não deve só repassar os conhecimentos aos seus alunos, e sim fazer seus alunos aprenderem, e também aprender com eles. Essas dificuldades acontecem devido à diferença entre a formação teórica do educador e à distância na prática, isso é a grande dificuldade é conciliar o que se aprende, colocando isso em prática, observando que o distanciamento da realidade onde o professor deve atuar. Através da Lei de Diretrizes e Bases 4024/61, por meio do Conselho Federal de Educação pelo parecer 292/62, estabeleceu que nos currículos dos cursos de licenciatura houvesse disciplinas próprias do curso de Bacharel, mais também como determinava incluir disciplinas que visassem às práticas pedagógicas. Tornando-se obrigatório nos cursos de licenciatura haver disciplinas pedagógicas. Como; psicologia da educação, didática, prática de ensino de acordo com a disciplina escolhida no curso, dentre outras, como também o Estágio Supervisionado. 21 Em meio a suas origens, as propostas dos cursos de Matemática tinham duração de três anos destinados a formar matemáticos e mais um ano para formar um professor de matemática, onde preocupavam mais em transmitir o conhecimento sólido da matemática e consequentemente não havendo grandes preocupações com a formação pedagógica para esses profissionais. Preocupavam-se em transmitir o saber científico, conteudista e dessa forma o ensino continuava a ser uma reprodução que os formandos faziam de seus formadores. Porém deixava-se a desejar em relação a metodologias e métodos investigativos, pois o formando não recebia nenhuma formação pedagógica, notando claramente que não existia preocupação em formar o professor para entrar em uma sala de aula e ter preocupação com o ensino contextualizado, fazendo do ensino uma dicotomia entre a teoria e a prática. Com o passar do tempo à matemática sofreu grande influência do chamado Movimento da Matemática Moderna, que buscava novas práticas e métodos para melhorar o ensino da matemática em todos os níveis. Entre 1995 e 1998, foi elaborado pelo MEC (Ministério de Educação) os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) para o Ensino Fundamental e Médio, e também as Diretrizes Curriculares, abordados para a formação de professores. Esses documentos apontavam os objetivos a serem cumpridos para que houvesse qualidade por meio das propostas para o ensino, dando direcionamento aos professores, de qual conteúdo cada série precisaria especificamente aprender. Contribuindo para que ate mesmo os lugares mais distantes pudessem ter um referencial de conteúdos a serem ministrados. O professor de matemática passou a ser visto como mediador da aprendizagem, deixando a característica de reprodutor de conhecimento para assumir uma postura mais investigativa. O professor de matemática tem como papel analisar e discutir sobre a forma como o aluno aprende, qual o raciocínio que o aluno utiliza, e fazer com que isso seja socializado entre o restante da turma. Ele não deve privilegiar somente o raciocínio individual, mais fazer com que seja partilhado e estimulado com os outros, a forma como foi desenvolvida. O professor deve conhecer o nível de seu aluno, quais conhecimentos ele já possui e quais ele se encontra com mais dificuldades, deve buscar utilizar meios que instiguem a atenção do aluno, deve procurar novas estratégias interessantes que facilitem a aprendizagem. É sempre importante também fazer sempre uma revisão de conteúdos bases para facilitar o 22 domínio de próximos conceitos, facilitando o ensino-aprendizagem. (VASCONCELOS, 2009) Paz JR. (2009) afirma que o professor deve ser consciente quando determina conceitos, pois para o professor por mais evidente e fácil que seja o conteúdo, o seu aluno pode encontrar grandes dificuldades em aprender, em conseguir visualizar o que foi feito em determinada resolução, e principalmente quando ainda não foi absorvido pelo aluno, ele não deve prosseguir para uma matéria mais complicada. O professor precisa estimular seu aluno a querer aprender, querer descobrir, ele deve fazer com que seu aluno queira buscar e compreender o conteúdo, e não apenas que o aluno faça uma mera repetição passiva do conteúdo, onde não conseguirá aprender nada. Nota-se atualmente uma grande dificuldade em relação ao ensino, onde alguns professores repassam o conteúdo à seus alunos da mesma forma como os mesmos aprenderam, tornando-se imitadores de seus professores, fazendo com que os alunos apresentem dificuldades em aprender conteúdos pela forma como é transmitida de seu professor. É preciso que o professor inove, busque novos métodos para conseguir transmitir bem o conteúdo a seus alunos, os professores precisam refletir em suas práticas, buscando melhoras a cada dia na forma de expor o conteúdo. A esse respeito, Paiva escreve: Saber por que se ensina, para que se ensina, para quem e como se ensina é essencial ao fazer em sala de aula. O professor precisa estar em constante formação e processo de reflexão sobre seus objetivos e sobre a consequência de seu ensino durante sua formação, na qual ele é o protagonista, assumindo a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento profissional (PAIVA, 2008, p. 92). O professor de matemática tem como missão ensinar seu aluno a pensar, a raciocinar, isto é, o professor precisa estimular o aluno a identificar e resolver problemas com conceitos já pré-formados por ele, fazendo com que o aluno possa analisar e criar estratégias de resolver problemas. No entanto é necessário valorizar o raciocínio do aluno, e até fazer uso dele para estimular outros alunos dessa forma o saber pode ser compartilhado e a alegria da descoberta pode se tornar importante estimulador da aprendizagem. Segundo Patricia Sadovsky (2007) é preciso aumentar a participação dos alunos, pois os mesmos não aguentam mais tantas regras e fórmulas que não fazem sentido a eles, não sabem a importância dos conteúdos ou até mesmo qual a finalidade, onde e se utilizaram isso algum dia. Segundo ela a matemática é apresentada aos alunos apenas como regra a ser seguida, e não é associada com o dia-a-dia do aluno, não tendo relações os problemas com a vida do aluno, fazendo com que se torne mais difícil aprender e gostar da matemática. 23 O professor muitas vezes apresenta o conceito aos alunos, sem valorizar o próprio conteúdo, que às vezes ele próprio não tem domínio. O trabalho do professor não se baseia em apenas abrir o livro e ensinar determinado conteúdo a seus alunos, é necessário que ele tome decisões individuais e em grupo, que tenham base e formação consistente para o conteúdo a ser ministrado. Uma das dificuldades na aprendizagem da matemática pode ser dita em relação a falta de formação continuada dos docentes, isto é um aprofundamento em aspectos importantes no próprio conhecimento e domínio dos conteúdos matemáticos. O principal obstáculo do professor de matemática é a formação de qualidade, a formação inicial de quatro anos apenas, se torna insuficiente, os conteúdos necessários de serem ensinados hoje, são bem mais complexos do que há alguns anos atrás. Por isso a necessidade de formar um professor reflexivo que seja capaz de buscar formação continuada e aprenda a desenvolver novas técnicas para conseguir transmitir melhor o conteúdo a seus alunos fazendo com que os alunos se interessem mais pela aula. É preciso que o professor entenda que até há poucos anos atrás bastava ao professor ensinar o aluno a calcular, hoje a calculadora já faz isso para o aluno; agora é necessário ensinar o aluno a descobrir, desenvolver ideias novas, resolves situações problemas além ensinadas em sala e outras que surgirem no seu dia a dia. 2.1. Dificuldades do Ensino Quando se fala em dificuldades em aprender matemática, são raros os casos de pessoas que não a tem, a maioria tem a matemática como um fracasso, à disciplina que impõe medo principalmente a alunos. E o que se percebe que todas a dificuldade na matemática provem de muitas gerações, ocasionando um ensino reprimido, onde os alunos já chegam à escola com medo da terrível ‘matemática’, a disciplina que os pais e ou, irmãos mais velhos tem horror. Refletindo sobre essas dificuldades e medo em relação à matemática, nota-se que mesmo sendo uma disciplina que faz parte do currículo escolar, e que contribui significativamente para a formação do cidadão, são enormes os problemas e fracassos vividos em seu respeito. Há muito tempo a matemática tem sido rotulada como a pior disciplina da escola 24 tanto por alunos, como por professores que contribuem para esse fracasso, passando para seus alunos insegurança, medo e dificuldades em ensinar a matemática. A matemática não se baseia somente em calcular equações, funções e fazer contas, ela vai muito além de tudo isso, ela abre caminhos, desperta o raciocínio lógico dos indivíduos e habilita-os a refletir em novas possibilidades. Na maioria dos casos os alunos não conseguem visualizar os benefícios e o lado bom que a matemática proporciona aos mesmos, e carga disso pode ser dada ao professor, que não atento a esses fatores, esquece-se de mostrar aos seus alunos a contextualização necessária para que a matemática possa ser entendida como parte de sua vida diária, deixando de ser vista apenas como um amontoado de fórmulas ou números sem sentido. Os problemas apontados no ensino-aprendizagem são muitos, e podem ser observados nas aulas teóricas onde alguns alunos nem sequer copiam o conteúdo do quadro, alegando que isso não servirá de nada para eles, outros já dizem que não conseguem entender nada do conteúdo ou reclamam do professor ou da escola. A origem do problema está na visão que provém há muitos anos em relação ao ensino-aprendizagem da Matemática, as pessoas não conseguem ver, ou perceber o valor que ela tem. Até hoje ainda se nota que há vários professores não muito bem qualificados, que ensinam a matemática de forma tradicional, seguindo métodos ultrapassados. Poucos são os que buscam novas técnicas de ensino para melhorar a qualidade de suas aulas. Os alunos se dispersam quando o ensino da Matemática se faz rotineiro, ocultando consciente e inconscientemente sua verdadeira força e beleza, complicando-a inutilmente com fórmulas que não sabem de onde vem. O ensino tem que alcançar uma investigação em que o aluno sinta a sensação de estar fazendo algo com isso, em que se sinta mais confiante colocando em prática o seu trabalho efetivo e com isso, faça-o perceber o seu próprio rendimento. (MACHADO, 1992, p. 31) É necessário que alguns professores sintam a necessidade de melhorar a qualidade do ensino sempre, buscar cada vez mais inovar seus métodos, para que aconteça um ensino mais dinâmico e eficaz, que desperte o interesse dos alunos. Ao analisarmos quais as dificuldades relacionadas ao ensino-aprendizagem da Matemática e de onde provêm essas dificuldades, é possível encontrarmos vários motivos para justificar os mesmos. Vale destacar alguns: Professores desmotivados com suas profissões. Causado pelos baixos salários, trabalhando em mais de uma jornada para alcançar melhor renda para o próprio sustento, 25 arrastando uma rotina cansativa, e sem tempo e motivação para preparar melhor suas aulas. Acarretando assim falta de tempo para participarem de curso que os capacitem melhor na forma de ensinar, e transmitir o conteúdo a seus alunos. Alguns professores têm buscado cada formação continuada, mais ainda é necessário que muitos outros se conscientizem a cerca desse assunto tão presente e de suma importância para melhorar o ensino-aprendizagem da Matemática. Os professores mostram-se igualmente descontentes queixam-se dos programas que são grandes, pouco flexíveis, demasiado abstratos. Não sabem como interessar os seus alunos. E, além disso, sentem-se isolados, com poucas oportunidades para discutirem com os colegas ou para conhecerem as experiências mais interessantes que, apesar de tudo, se vão realizando. A muitos professores cada vez agrada menos o que fazem os resultados do seu trabalho, o modo como os alunos reagem àquilo que eles lhes ensinam. (VASCONCELOS, 2009, p. 30) Assim como afirma Vasconcelos, o aluno reage da forma como a aula está, caso esteja interessante ele irá participar e buscar aprender, mais quando a aula é desinteressante, ela se torna cansativa e enfadonha para o aluno. Muitos alunos reclamam que não conseguem prosseguir nos estudos pelo fato de não terem aprendido conteúdos anteriores que se tornam base de aprendizado para conteúdos mais a frente, principalmente as quatro operações fundamentais que são maior parte das dificuldades relacionadas à matemática que muitos alunos enfrentam. No ensino-aprendizagem da Matemática, é necessário um envolvimento direto por parte do aluno, uma participação ativa, tanto em cada momento de estudo como ao longo do ano escolar: é preciso voltar várias vezes ao mesmo assunto, de preferência seguindo ângulos de abordagem diversificada para se puder dominar um conceito. (HUETE e BRAVO, 2006, p. 51). Observando assim que o aluno precisa se envolver, participar ativamente das aulas, para que ele consiga entender bem os conteúdos. Também se pode notar o elevado índice de reprovação em Matemática, onde os alunos apontam desinteresse pela disciplina, e apresentam dificuldades no entendimento dos conteúdos. Os alunos mostram-se em sua maioria, falta de atenção às aulas, falte de interesse, indisciplina, e eles sempre dizem que os professores não sabem explicar a matéria, e colocam toda a culpa da falta de aprendizagem no professor. A indisciplina é outro fator que atrapalha muito o rendimento nas aulas, não só em 26 matemática, mas em todas as outras. Esse tem sido um problema crescente nas escolas, onde os professores e gestores são cada vez mais impedidos de tomarem medidas mais severas quanto ao comportamento de alguns alunos. Outro fator que também tem contribuído para o baixo rendimento dos alunos na escola é a ausência da maioria dos pais, que muitas vezes deixam a responsabilidade de educar totalmente para os professores e esses por sua vez não podem fazê-lo, até porque não é deles essa função. Quando os pais se interessam pelos filhos e são presentes na escola o rendimento dos filhos são diferenciados. Aliados aos aspectos já citados é importante destacar também a relação professor aluno. Quando o professor consegue estabelecer uma relação de empatia com seus alunos o rendimento na disciplina é bastante satisfatório. O sucesso ou o fracasso dos alunos diante da matemática depende de uma relação estabelecida desde os primeiros dias escolares entre a matemática e os alunos. Por isso, o papel que o professor desempenha é fundamental na aprendizagem dessa disciplina, e a metodologia de ensino por ele empregada é determinante para o comportamento dos alunos (LORENZATO,2006,p.01). 3. ESTUDO DE CASO 3.1. Contextualização da Escola A pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Antensina Santana, o colégio é o primeiro grupo escolar de Anápolis, tendo sido inaugurado no dia 18 de março de 1926, com o nome Grupo escolar de Anápolis Dr. Brasil Caiado, que na época era o Presidente do Estado de Goiás. Após a vitória da Aliança Liberal, em 1930, o Grupo Escolar passou a se chamar Grupo escolar “24 de outubro”. Em seu primeiro ano de funcionamento a frequência foi de 178 alunos. Depois de alguns anos o prédio do grupo tornou-se pequeno para comportar grande número de alunos. Quando prefeito Graciano Antônio da Silva, fundador, conclui o novo prédio, situado na Praça Santana, em 1945. O grupo escolar mudou novamente de nome, passando a se chamar Grupo escolar Antensina Santana, em homenagem à filha de Moises Augusto de Santana, apenas nascida em Santana das Antas. A referida professora era grande educadora e portadora de muito conhecimento, uma ótima professora que lecionava nos três turnos mesmo com todas as dificuldades da época, onde uma mulher tinha de enfrentar enormes obstáculos para se firmar na sociedade. Iniciou suas atividades educacionais na Escola Municipal de Itaberaí. Prematuramente ceifada pela morte, Dr. Nicanor de Faria e Silva, viúvo de Antensina doou ao grupo a placa com a nova denominação. O Colégio Estadual Antensina Santana, hoje, continua zelando pelo seu junto à comunidade. Funciona em três turnos, contando com uma clientela estudantil de 1.100 alunos, matriculados nos cursos de Ensino Fundamental (6º a 9º ano) e Ensino Médio. A escola conta com 37 professores todos com graduação e a maioria com pós-graduação e o total de funcionários são 67 entre professores, direção, vice – direção, secretaria – geral, coordenação, dinamizadores de laboratórios, dinamizadores de biblioteca, auxiliares de serviços gerais, merendeira e vigia. A unidade escolar tem como filosofia promover um ensino de qualidade para os alunos por este trabalho desenvolvido muitos se destacam em vestibular e concursos. • Perfil Sócio-Economico 28 Faz se necessário considerar a realidade sócio-econômico da clientela que é atendida nesta escola, que está localizada na parte central da cidade, mas atende aos alunos de bairros periféricos envolvidos em problemas de sobrevivência e dimensões sociais desagradáveis. Sabemos que acontece em caráter educativo e os acontecimentos que surgem, através de várias dimensões, exercem influências nas relações de ensino e na qualidade do mesmo. • Clientela Atendida O Colégio Estadual Antensina Santana acredita na escola enquanto um espaço de promoção humana, por isso atende os educandos, em sua maioria vindos da periferia, aonde os pais vêm para seu local de trabalho e já deixam seus filhos no colégio, e ao final do expediente, retornam e buscam seus filhos. • Recursos Humanos Proporciona condições de funcionamento da escola cumprindo as atividades determinadas no Regimento da Escola. Todas as atividades e processos desenvolvidos no setor administrativos são documentados e arquivados devidamente. 3.2. Resultados e discussões Para melhor compreensão das dificuldades apresentadas no ensino-aprendizagem de matemática foi utilizado como instrumento de pesquisa questionários, que foram aplicados aos alunos, cujo modelo está no apêndice 01, e outro destinado aos professores - apêndice 02. O questionário foi respondido por 70 alunos, sendo 35 do Ensino Fundamental, e os 35 restantes do Ensino Médio. O questionário dos professores foi aplicado para uma amostra de 05 professores. A escola escolhida possui 1.100 alunos matriculados. A escolha da amostra se deu de forma aleatória, e os resultados foram os seguintes: 29 • Resultados da pesquisa com alunos Perguntamos aos alunos sobre o gosto pela disciplina, e o que observamos foi que praticamente 50% dos alunos gostam da disciplina e que no Ensino Fundamental os alunos que afirmaram gostar são em maior número. Gráfico 01 Gráfico 01- Gosto pela Matemática 25 20 Sim 15 10 Não 5 0 Fundamental II Médio Quando perguntado aos mesmos se eles têm dificuldades em entender a matemática, nota-se claramente que a maioria encontra dificuldades. Gráfico 02 Gráfico 02- Dificuldade em entender a Matemática 30 25 20 Sim 15 Não 10 5 0 Ensino Fundamental Ensino Médio Como a maioria respondeu que possui dificuldade em Matemática, foram perguntados também quais eram essas dificuldades e qual o real motivo. E pôde-se observar 30 que no nível fundamental a dificuldade deles está entre fazer contas, isto é, dificuldades com operações simples, e entender o que o professor explica Gráfico 03. Gráfico 03- Onde está a Dificuldade – Nível Fundamental Fazer contas 18% 25% Entender o professor Entender para que serve a matemática 4% Dificuldades por não ter aprendido conteúdos anteriores 20% Outros motivos 25% Nenhuma Dificuldade 8% Analisando a mesma pergunta relacionada a dificuldade, no Ensino Médio, obteve-se 25% de alunos que disseram que não apresentam dificuldades em matemática. Mas em relação aos alunos que têm dificuldades foi apontada como a maior delas, a deficiência de não ter aprendido conteúdos anteriores, nesse caso pôde-se observar que no ensino médio os alunos conseguem enxergar a falta que esses conteúdos passados fazem para o aprendizado de novos conteúdos. Gráfico 04. Gráfico 04- Onde está a Dificuldade – Nível Médio Fazer contas 21% 25% Entender o professor Entender para que serve a matemática 0% 21% 23% 10% Dificuldades por não ter aprendido conteúdos anteriores Outros motivos Nenhuma Dificuldade 31 Logo após, perguntamos a eles em relação a seus professores; nesse contexto, a pergunta foi se eles sempre tiveram bons professores de matemática. Percebe-se que tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio os alunos responderam que na maioria das vezes eles tiveram bons professores de Matemática. Gráfico 05. Gráfico 05- Sempre teve bons professores de Matemática 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Ensino Fundamental Sempre Na maioria das vezes Ensino Médio As vezes Nunca Perguntamos a eles também de que forma eles mais gostavam das aulas de Matemática; dentre as alternativas apresentadas, a maioria dos alunos do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio responderam que o Professor não propõe atividades diferenciadas em sala, somente exercícios. Gráfico 06. Gráfico 06- Qual maneira gostam da aula de Matemática 32 Também foi perguntado a eles em relação à disciplina de cada um, em qual categoria cada um se encaixava. No Ensino Fundamental a maioria se considera regularmente comportado, já no Ensino Médio a maior parte afirmou ser comportado. Gráfico 07. Gráfico 07- Disciplina do aluno Perguntamos também a eles se seus pais frequentavam a escola, e se acompanhavam sua vida escolar. Observamos que a maioria dos pais só se encaminha até a escola quando os mesmos são solicitados, tanto para os alunos de Ensino Fundamental, quanto aos alunos do Ensino Médio. São poucos os pais que nunca vão à escola, mesmo quando chamados. Gráfico 08. Gráfico 08- Acompanhamento dos pais 20 15 10 5 0 Ensino Fundamental Sempre vinham a escola Somente quando solicitados Ensino Médio Vinham raramente Nunca vinham a escola 33 Quando perguntamos aos alunos se a matemática era importante para a vida deles, cerca de 80% dos alunos, tanto do Ensino Fundamental, como do Ensino Médio responderam que a Matemática é importante sim, apenas um aluno de cada nível escolar alegou que não era importante. Gráfico 09. Gráfico 09- Importância da Matemática 35 30 25 20 15 10 5 0 Ensino Fundamental Importante Deve existir na escola Ensino Médio Não é importante Não deveria existir na escola E para finalizar o questionário, perguntamos aos mesmos sobre a Matemática que eles estudam na escola, dentro da sala de aula, qual relação que ela tem com a vida cotidiana de cada um. Para os alunos do Ensino Fundamental, a maior parte, respondeu que a Matemática ensinada na escola não apresenta nenhuma relação com o cotidiano deles. Já os alunos do Ensino Médio, cerca de metade dos alunos, disseram que a Matemática faz parte do dia a dia deles, e a outra metade respondeu que não tem nenhuma relação com o cotidiano deles. Gráfico 10. 34 Gráfico 10- Sobre a Matemática • Resultados da pesquisa com professores Para os professores foi elaborado um questionário de forma qualitativa, com perguntas abertas. O mesmo foi aplicado no Colégio Antensina Santana e contou com a participação de cinco professores. Perguntamos primeiramente, qual o tempo de docência de cada um deles; as respostas foram; um professor com três anos, dois com cinco anos, um com onze anos e um com dezesseis anos de prática docente. Quando perguntamos em relação à formação inicial desses professores, ficamos surpresos; dos cinco participantes da pesquisa, três são formados em Matemática, e os outros dois professores são formados em Química Licenciatura. Os professores formados em Química justificaram que devido à disciplina de Matemática apresentar maior campo de trabalho nas escolas e necessitar de mais professores para cumprimento da carga horária que é mais extensa, eles, mesmos sendo formados em outra área, atuam como professores de Matemática porque é mais fácil conseguir vaga de trabalho. Os professores relataram também que a matemática está relacionada diretamente com a Química e que possuem afinidade pela disciplina. Logo após perguntamos quais as maiores dificuldades que eles encontram para lecionar Matemática; eles destacaram a falta de interesse por parte dos alunos, a indisciplina, a falta de compromisso dos pais, e o que a maioria citou como maior dificuldade foi a dificuldades que os alunos trazem dos conteúdos anteriores da matemática básica. Dentre as respostas à esta pergunta, vale destacar a resposta de dois dos professores entrevistados; Professor 1: “Acredito que a Matemática exige um pouco mais de dedicação dos alunos e muitas vezes isto 35 não acontece. Outra dificuldade é convencer os alunos da necessidade e da importância da Matemática. Existem outros fatores também como a estrutura física da escola, a organização das turmas.” Professor 2: “Os alunos são desinteressados, não gosta, de estudar, têm muita dificuldade na Matemática básica, na verdade eles carregam esta dificuldade ano após ano.” Perguntamos a eles como vêem à formação de professores de Matemática, e se ela é ideal. Todos eles alegaram que a formação na forma de conteúdo é boa sim, porém quando levado à prática, se torna uma experiência frustrante, onde a teoria se mostra cada vez mais distante da prática. Veja a fala de dois professores: Professor 1 :“Ideal não é, especialmente para trabalhar com as séries de ensino fundamental, a didática de nós professores de Matemática não condiz com a série que trabalhamos. O curso de licenciatura esta voltado mais para bacharel.” Professor 2:“Penso que tinha que tratar mais da realidade encontrada nas escolas, pois na teoria tudo funciona perfeitamente, já na prática isso é difícil de acontecer.” Perguntamos então a eles o que seria necessário para melhorar o ensino da Matemática, as respostas foram diversas, tais como; trabalhar com a matemática básica em todas as séries, melhorar as condições de trabalho e valorização do professor, acabar com o mito da matemática ser a pior disciplina da escola, trabalhar com jogos lúdicos de forma contextualizada na Matemática. Nesse ponto é importante destacar a fala de dois professores: Professor 1: “Na verdade o que precisa ser melhorado é a educação no Brasil. Melhorar as condições para que o professor possa desempenhar seu trabalho, valorizar o professor com um salário mais justo, não ‘obrigando’ o profissional a ter uma carga máxima e com qualidade baixa.” Professor 2: “Primeiramente tirar esse mito que a Matemática é o bicho papão entre as outras disciplinas, segundo disciplina dentro e fora da sala de aula. Outra parte importante é a qualificação profissional estudar mais, pesquisar e buscar formas de trabalhar a Matemática de forma dinâmica.” Logo após perguntamos se os professores têm algum tratamento diferenciado com os alunos que tem dificuldade em aprender Matemática, todos eles responderam que o querer ajudar está distante da realidade, pois em salas lotadas é difícil dar atenção exclusiva para um aluno que tenha dificuldade, alguns encaminham para projetos de contra turno, outros ainda tentam ajudar mandando tarefas extras, porém alegam que é complicado porque ao fim do ano eles precisam ter ensinado uma quantidade determinada de conteúdos, então não sobra tempo para ajudar alunos com dificuldades, como vemos na fala de um professor: “Trabalho em uma escola pública onde você não tem apoio, nem valorização e que tenho que apresentar resultado, ou seja, não pode ter reprovação com isso não é fácil sanar as dificuldades encontradas que são tantas. Mas mesmo assim tento trabalhar com atividades extras e tratamento individual.” E por fim perguntamos se eles como professores se atualizam no dia-a-dia, 36 participando de encontros, seminários, simpósios ou outras formas de formação continuada. Todos responderam que buscam participar desses encontros ou simpósios quando têm oportunidade, dizem que participar sempre é complicado, mais que participam ao menos uma vez ao ano. Exceto um professor, o qual é formado em Química, disse que dificilmente participa de alguma formação, mais quando ele participa é sempre de encontros voltados para a área de Química e não de Matemática que é a disciplina que ele leciona há cinco anos. CONCLUSÃO Através da realização deste trabalho foi possível analisar e refletir a cerca das dificuldades apresentadas no ensino-aprendizagem de Matemática. Os alunos afirmam ter dificuldades e de entender o que o professor explica, e também não conseguem fazer contas. Essas dificuldades mostram as deficiências em matemática básica o que dificulta a aprendizagem de outros conteúdos posteriormente. A Matemática não é só para “Matemáticos”, e sim para todos, por mais complexa que ela seja, é possível entender, aprender e ensiná-la de forma motivadora e que se torne prazerosa. O que se nota nas salas de aula atualmente é que os alunos já dizem não gostar da Matemática e já se fecham para a disciplina, ignorando a matéria e o próprio professor. Muitos professores não se importam com o que os alunos pensam a cerca da disciplina. É preciso que o professor instigue o aluno a gostar da disciplina, o professor precisa relacionar a Matemática com o cotidiano do aluno para o mesmo ver a importância que ela tem, e assim tomar curiosidade, um gosto em aprendê-la. Ao observarmos através da pesquisa realizada, pode-se dizer que os alunos chegam à escola e gostam da disciplina de matemática, porém ao longo de suas jornadas escolares eles vão perdendo esse gosto e desmotivam-se. Por meio disso as dificuldades aparecem cada vez maiores, os próprios alunos dizem que não conseguem entender o que seus professores explicam, as aulas são monótonas e cansativas. Mesmo eles apontando que a Matemática é importante, na escola o professor não consegue conciliar com o dia a dia do aluno, fazendo com que o gosto pela disciplina acabe totalmente se transformando em frustação com a disciplina. Dentre as causas das dificuldades no ensino-aprendizagem da Matemática, foi possível analisar o quanto é importante que o professor de Matemática tenha boa formação acadêmica, e que ele continue buscando formação continuada, sendo um professor reflexivo que busca novas técnicas, pesquisa e traga para a sua sala de aula tudo aquilo que pode contribuir para melhorar o ensino. A participação dos pais na vida escolar do filho também se faz de grande importância, pois com o apoio dos pais os filhos se sentem mais motivados a estudar e a aprender. A indisciplina dentro da sala de aula é evitada quando os pais educam seus filhos, e lhes mostram a tamanha importância em estudar para terem um melhor futuro. Já aqueles pais 38 que não motivam seus filhos, esses são causadores de indisciplina e transtornos nas redes escolares, atrapalhando e desmotivando professores em sua carreira. A melhor forma de fazer o aluno se interessar pela Matemática, é aproximá-la e relacioná-la com o dia-a-dia dele. Isso não é tarefa fácil para o professor, mas também não é impossível, basta investir em metodologias criativas que façam a contextualização da matemática com o cotidiano dos aprendizes. A formação do professor de Matemática ainda não é ideal, porém o professor não deve cruzar os braços e esperar que as soluções para suas dificuldades na sala de aula se resolvam sozinho. O professor deve sempre buscar se qualificar, participar de encontros, simpósios, ou outras atividades que possam contribuir para a melhoria contínua de sua prática docente. Melhorar a educação é um processo que depende de todos; governo, pais, alunos, grupo gestor e, sobretudo dos professores. Conforme afirmou Paulo Freire: “Ninguém ensina ninguém, o professor apenas é o caminho para que o aluno produza conhecimento e se torne o sujeito de sua aprendizagem”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Leila Cunha; GONTIJO, Cleyton Hércules. 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C., os babilônios criam as primeiras formas de numeração posicional, ou seja, um número pode ter diferentes valores, dependendo da posição em que está. 1650; Papiro de Rhind – mais extenso documento existente sobre a matemática do Antigo Egito; 600; inicio da geometria dedutiva com Tales de Mileto; 540; provável época do auge da Escola Pitagórica; 400; Platão e Aristóteles fazem da Geometria uma ciência abstrata; 300; Euclides escreve Os elementos, considerada a mais bem sucedida obra matemática de todos os tempos; 200; Arquimedes obtém para Pi o valor 3,14286. Uma precisão notável para a época; Século III a. C., Euclides, o maior matemático da Antiguidade, estrutura o conhecimento matemático. Século VI a. C., os gregos simplificam notação numérica, abandonam as formas gráficas dos números as substituem por letras, que correspondem à designação inicial de número. (Andrini, 2002, p. 4-5) • Depois de Cristo 150 d. C; Ptolomeu reconhece a forma esférica da terra e das órbitas dos planetas. Após essas informações, o astrônomo e matemático traça o primeiro mapa, tendo a Terra no centro do Universo; 275 d. C; Diofante de Alexandria inicia os estudos do que hoje chamamos de Álgebra; 830 d. C; O sábio árabe Al-Khowarizmi escreve o Al-Jabr, um tratado de álgebra não simbólica. Suas obras foram importantíssimas para a divulgação do sistema de numeração posicional hindu na Europa. 876 d. C; data da primeira inscrição conhecida que inclui o símbolo do zero para indicar numa 45 posição vazia no número. 1114 d. C; Nasce na Índia, Bhaskara, considerando o mais importante matemático do século XII; 1150 d. C; Bhaskara propõe um sistema de multiplicação. Escreve Lilavati, uma coleção de problemas de Álgebra não- simbólica e de aritmética; 1202 d. C; O italiano Leonardo de Pisa (Fibonacci) escreve o Líber Abaci, defendendo a utilização do sistema de numeração indo-arabico; 1482 d. C; Primeira impressão de um livro de Matemática: os elementos, de Euclides; 1489 d. C; Pela primeira vez aparecem um livro os sinais de + e -; 1540-1603 d. C; o francês François Viète traz grandes avanços à álgebra. 1596-1650 d. C; René Descartez, um dos mais ilustres franceses da história, complementa e aprofunda o trabalho de Viète e de outros, apresentando uma linguagem algébrica próxima da atual; 1642 d. C; Blaise Pascal desenvolve a somadora – uma espécie de calculadora- aprimorada em 1622 para a maquina registradora; 1654 d. C; Pierre de Fermat, Blaise Pascal, entre outros, dão início ao estudo das probabilidades; 1687 d. C; Isaac Newton publica o Principia, no qual foram introduzidas as bases do Cálculo Diferencial e Integral; 1777 d. C; Nasce Carl Friedrich Gauss, um dos maiores matemáticos de todos os tempos. Em 1.801 Disquisitiones Artmeticae, pública um tratado em latin sobre a Teoria dos Números, sua obra mais importante; 1829 d. C; O russo Nicolai Lobachevsky apresenta os fundamentos de uma geometria não euclidiana que ficou conhecida como geometria de Lobachevsky; 1826- 1866 d. C; Georg F. B. Riemann desenvolve a geometria riemanniana, base para o modelo matemático da Teoria da relatividade; 1829 d. C; O italiano Penao estabelece os postulados para os números naturais; 11916 d. C; a Teoria de Relatividade de Albert Einstein. 1930- 1945 d. C; O inglês Alam M. Turing e o húngaro Von Neumann desenvolvem ideias matemáticas para construir computadores; 1937 d. C; com a construção do Mark I, em Harvard, inicia-se a era dos computadores. 1946 d. C; Na universidade da Pensilvânia, EUA, funciona pela primeira vez o ENIAC, 46 Considerando o primeiro computador eletrônico. Século V d. C; os Hindus criam um sistema de numeração que reúne o uso do zero, o princípio de posição e a base 10, criando o sistema que é hoje utilizado. Século VIII; Depois das cruzadas, o matemático e comerciante Leonardo de Pisa levam para a Europa o sistema indo – arábico, que impulsiona o desenvolvimento do mercantilismo. Começam a chegar livros árabes, provocando reações da igreja, contra o sistema herege ( que professa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé). Século XIV; Grande produção dos matemáticos a partir dos livros árabes de matemática. O sistema indo – arábico vira coqueluche entre comerciantes por sua praticidade. Séculos XV e XVI; Estudos da matemática entrelaçam-se com a filosofia (Descartes) e com os avanços da física (Galileu). Séculos XVII e XVIII; Momento decisivo da matemática moderna, com a publicação de “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, de Isaac Newton. Surgem novas conceituações da matemática. Começa a ser formulada a teoria das funções. APÊNDICE 1 Este questionário destina-se a contribuir para o meu Trabalho de Conclusão de Curso. Questionário Aluno 1- Você gosta da disciplina de matemática? ( )Sim ( )Não 2- Você tem dificuldade em entender a matemática? ( )Sim ( )Não Em caso afirmativo, responda a questão número 3 3- Dificuldade em: ( ) Fazer contas ( ) Entender o que o professor explica ( ) Entender para que serve a matemática ( ) Sente dificuldade porque não aprendeu conteúdos anteriores ( ) outros: ______________________________________________________- 4- Você sempre teve bons professores de matemática? ( )Sempre ( )Na maioria das vezes ( )As vezes ( )Nunca 5- Você gosta de aulas de matemática: ( ) Só com resolução de exercícios ( ) Com jogos (atividades práticas) ( ) Trabalho em grupo ( ) Gincana ou outras atividades ( ) Seu professor não propõe atividades diferenciadas, somente exercícios 48 6- Você se considera um aluno: ( ) Comportado ( ) Bem comportado ( ) Regularmente comportado ( ) Não sou comportado 7- Seus pais ou familiares sempre acompanharam sua vida escolar? ( ) Sempre vinham a escola ( ) Vinham raramente a escola ( ) Somente quando solicitados ( ) Nunca vinham a escola 8- Para você matemática é: ( ) Importante ( ) Não é importante ( ) deve existir na escola ( ) não deveria existir na escola 9- Sobre a matemática que você estuda na escola: ( ) Faz parte do seu dia a dia ( ) Não tem nenhuma relação com seu cotidiano ( ) É muito difícil ( ) Não tem nenhuma dificuldade APÊNDICE 2 Pesquisa de Campo – Curso de Matemática Questionário Professor Professor ao responder essas questões não será necessário ser identificado, pois o objetivo é avaliar o ensino-aprendizagem da matemática e não do professor. 1- Há quantos anos é professor de matemática? _________________________ 2- Qual sua formação? ______________________________________ 3- Porque sua opção em lecionar matemática? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4- Quais as maiores dificuldades você encontra para lecionar matemática? ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 5- Como você vê a formação de professor de matemática? Ela é ideal? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 50 6- O que você acha que seria necessário para melhorar o ensino da matemática? ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 7- Você tem um tratamento diferenciado com os alunos que tem dificuldade de aprendizagem? ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 8- Você se atualiza, participa de encontros, seminários, simpósios, ou outra forma de formação continuada? Há quanto tempo participou do último? ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Obrigado pela participação e contribuição!