Across the lines Who would dare to go? Under the bridge Over the tracks That separate whites from blacks Tracy Chapman (1988) Para o outro lado das vias Quem ousaria ir? Por debaixo da ponte Cruzando os carris Que separam brancos de negros A segregação de facto de comunidades locais e as políticas opressivas da “contenção” Cathryn Teasley Severino Universidade da Corunha 16 de dezembro de 2014 Contenção Definições: George Kennan (1947) Jean-Pierre Liégeios (2007) Thomas Pedroni (2011) Shari Popen (2002) Contenção como neocolonialismo Contenção dos diferentes espaços habitáveis: • Físico-geográficos: – zonas residenciais, bairros, etc. • Económicos: – benestar físico e material, condições de vida, necessidades e direitos básicos satisfeitos, poder adquisitivo, classe social (Bourdieu: habitus). • Políticos: – grao e níveis de participação e poder de decisão, o sentirse conectada(o), representada(o), manip. do discurso. • Culturais-discursivos-simbólicos: – manipulação do discurso, reconhecimento cultural (nos meios de comunicação, nos livros de texto), benestar anímico, estímulos intelectuais. Contenção neocolonial no Norte (espaços físicos) • Perdura a segregação pública-intencionada do povo cigano (Rromanò) no leste de Europa: – Hungria, Romênia, República Checa, Eslováquia. Muro de contenção – 13.000 € Ostrovany, Eslováquia (Thorp, 2010) Contenção neocolonial no Norte (espaços físicos, económicos e políticos) • Políticas que impõem restrições e expulsões: – Roma, Itália, 2008: Expulsão população cigana. – França, 2010: Expulsão populações ciganas. – UE-EUA: Acordo TTIP = cerco neoliberal dos direitos laborais. – EUA: vivendas sociais, serviços de saúde e escolas públicas. prisões (cada vez mais privatizadas) (Jones, 2012). – Espanha: “Devoluções em quente” de imigrantes sem papéis desde Ceuta, Melilha, etc. (legalização do mesmo com a “Lei Mordaça”). Melilha - El Diario, 22/10/2014 Contenção neocolonial no Norte(espaços físicos, económicos e políticos) • Segregação de facto na Espanha e na Galiza: – Políticas de urbanização e especulação por zonas urbanas. – Exemplo corunhês: • Pena Moa: da contenção à demolição (3ª ronda). • Fortes protestos perante a possível relocação dos exresidentes de Pena Moa a outros bairros. • Vizinhos do Novo Mesoiro colapsam a Avda. Alfonso Molina em 2008 (acima). Contenção na Corunha (Beiramar) O Portinho (Pena Moa) (A Cubela) (Oleoduto) As Ranhas Ponte de Passagem Ponte de Passagem 9 Contenção na Galiza e na Espanha(espaços físicos, económicos e políticos) • Formas segregadas de escolarização: – 3 redes diferenciadas: pública / concertada / privada. – Desvio do alunado cigano, imigrante e com discapacidade – “fugida” dos mais acomodados, dos “brancos”. – Investigação de Santiago e Maya (2012). – Radio Coruña – Cadena Ser (16 dez. 2012). • Práticas neoliberais no sistema educativo: - rátios (docentes / alunado). - intensificação e precariedade laboral. - competição entre centros: provas, rendição de contas, rankings, especialização curricular, etc. Contenção como neocolonialismo Contenção dos espaços simbólicos (culturais, discursivos, epistemológicos) • O pre-enquadramento do pensamento: – “Autoridade narrativa” (Popen, 2002). – “Privilégio epistémico” (Popen, 2002). – Crítica anti-colonial (Fanon, 1968; Memmi, 1973). – Crítica decolonial (Galeano, 1982; Santos, 2005). – Crítica pós-colonial (Said, 1993; Hall, 2008). Exemplos da contenção do conhecimento • O galego-português e AGAL: ortografias excluídas – Polas regras do mercado capitalista, como factor neocolonial de contenção (entre outros): • “Publicaríamos o teu libro se houbese subvencións específicas porque o libro en portugués non vende aquí.” • Invasão neocolonial do inglês na sinalética, na publicidade, na fala, etc. – prática neoliberal engadida à contenção histórica do galego. Exemplos da contenção do conhecimento Planificação Urbana como matéria universitária (Sánchez e Afzalan, 2014) Análise Gestão de recursos Avaliação de impactos Governança Cidades sustentáveis Transporte Serviços de infraestrutura Sanidade pública Participação Desenvolvimento internacional Economia regional Ética Vivenda Desenho urbano Justiça social Contenção como neocolonialismo Contenção dos espaços simbólicos (culturais, discursivos e epistemológicos) – Também reflectida na investigação educativa (John & Jill Schostak, 2008). – No literalismo dos livros de texto: informações descontextualizadas, ahistóricas, etc. (Popen, 2002; Torres, 2011). – Nas culturas silenciadas do curriculum (Zinn et al., 2008; McCarthy, 1990; Torres, 2011). – Nas concepções dominantes das crianças, das famílias e do tecido social em geral. – Instrumentalização dos seus direitos educativos e humanos para facilitar a exploração capitalista (Sánchez Blanco, 2013). Contenção epistemológica Contenção como neocolonialismo • Repercussões injustas: – Segregação (residentes, alunado) mediante: – urbanizações fortificadas / ghettos / sistemas educativos diferenciados. – Um pluralismo cultural e um multiculturalismo fragmentado e atomizado = interculturalismo. – Atomização dos problemas sociais: crianças pobres vs. famílias pobres “desestruturadas” (Sánchez Blanco, 2013). – Serviços de segurança social que tendem a culpar em lugar de empoderar estas famílias, e de “proteger” as suas crianças de maneiras neocoloniais (Sánchez Blanco, 2013). Contenção como neocolonialismo – Serviços de comedor escolar a preço reduzido e outros subsídios e ONG que tratam os sintomas, não as causas. – Negação, invisibilidade, ausência, distorção da representação, descontextualização, subordinação, marginação e discriminação de povos inteiros, de determinados colectivos e sectores da sociedade, assim como das suas histórias. – Desigualdade sócio-cultural, exclusão, frustração, anomie, desesperança (Bourdieu, 2000). A contenção através da intersecção de “ismos” (McCarthy, 1990; Bouteldja, 2013; McBean, 2013) Resposta pedagógica em três partes 1. Conscientizar a mocidade e conscientizar com a mocidade (Freire, 1970). 2. Negociar, com a mocidade, uma potente ética da coexistência. 3. Pôr em prática essa ética mediante intervenções locais/globais nas comunidades – com a própria mocidade e as suas famílias. -Muito obrigada- pola sua atenção 20 A segregação de facto de comunidades locais e as políticas opressivas da “contenção” Cathryn Teasley Severino Universidade da Corunha 16 de dezembro de 2014 Referências Anzaldúa, Gloria (1987). Borderlands / la frontera: The new mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books. Ayers, Rick & Ayers, William (2011). Teaching the Taboo: Courage and imagination in the classroom. New York: Teachers College Press. Barnes, Douglas (1992). From communication to curriculum (2nd ed.). Harmondsworth: Penguin. Berry, Kathleen S. (1998). Nurturing the imagination of resistance: Young adults as creators of knowledge. In In Joe L. Kincheloe & Shirley R. Steinberg (Eds.), Unauthorized methods: Strategies for critical teaching (pp. 43-55). New York: Routledge. Boal, Augusto (2009). Teatro del oprimido: Teoría y práctica. Barcelona: Alba. 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