Janeiro a Abril 2011
nº2
Número dois • mensário newsletter
Vinhos: com ou sem sulfitos?
Entrevista com Mário Louro, director do Concurso Nacional
de Vinhos e figura de referência do sector vitivinícola.
O enólogo exige formação séria de profissionais dos
restaurantes como “um imperativo para bem do mercado
interno”
02
Região do Douro com 10 excelências pela
Revista de Vinhos
04
Azeite em Angola num futuro
Empresárias no rasto de Madame
Cliquot e D. Antónia Ferreirinha.
direitos reservados
Veja a relação entre as oliveiras da província do Namibe e a corrente fria de Benguela, e
como os agrónomos portugueses plantaram 500 hectares de oliveiras nos Anos 60 do
08
século XX.
Hoje em dia a produção de vinho tornou-se também um
negócio de requinte, a que a elegância, o bom gosto e o
empenho das herdeiras dão um toque de prestígio, derrubando fantasmas e barreiras impostas por um mundo
masculino e, contribuindo para uma visão mais cosmopolita e humanista do sector.
Por todo o mundo é assim, mas com muito mais intensidade em Itália, onde a Associação Nacional de Mulheres do Vinho tem quase 800
filiadas. Em França há apenas 80 empresárias e em Portugal uma meia dúzia... o que não
obsta ao dinamismo existente.
Nesta edição apresentamos alguns casos paradigmáticos de empresárias vitivinícolas
na Itália, Portugal e no Chile
11
Portugal: a mística do azeite em 4 regiões
Cientistas portugueses fazem em
Elvas o apuramento da oliveira
galega, cruzando genes com
outras variedades, mediante a
chamada tecnologia do crescimento rápido de 24 horas, no
Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIA), cujas funções
incluem informações e conselhos preventivos a agricultores e
viveiristas, e tentar obter novas
variedades de oliveiras, a partir
06
das existentes.
APRESENTAÇÃO
1. Correio dos Vinhos &.....é uma publicação
nacional bilingue com carácter global e internacional, que implicitamente trata de
vinhos e produtos certificados, sem perder
evidentemente o seu leit-motiv, o vinho, essa
bebida nobre que já se fazia na Pérsia há 6 mil
anos, de onde veio exactamente o tipo Syrah.
2. Correio dos Vinhos &… pretende ser um
espaço de reflexão e debate dos produtores
portugueses em geral, especialmente aqueles ligados às empresas de menor escala,
de carácter familiar, que de algum modo
lograram implantar-se no circuito comercial português; e se preparam agora para
os mercados externos, ou seja a exportação
-- China, Índia, Brasil, Rússia e Angola estão
aí receptivos aos bons vinhos portugueses;
tudo depende de factores qualidade e preço
e, naturalmente da promoção e marketing
das entidades e das diligências que vitivinicultores desenvolvam.
Dado o contexto global em que se integra o
sector - é normal ver um bom vinho chileno
na prateleira de hipermercados a menos de
2 euros a garrafa -- refira-se que a qualidade
e preço (mesmo sem a quantidade) são a pedra de toque nas exportações portuguesas,
aliadas a um terceiro factor... honestidade!
Por outro lado, os vinhos ganham qualidade
com a viagem de navio até África (Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique),
Brasil, China ou Índia…semanas de mar
melhoram muito os vinhos…passe o folclore literário!
3. A publicação pressupõe uma periodicidade mensal em formato digital, que a médio prazo será complementada com newsletters impressas oportunamente, visando
outros produtos certificados, tais como
azeite, queijos, frutas, carnes, entroncandose na perspectiva da geografia corográfica
tradicional, ou seja, naquilo que as regiões
podem oferecer a todos os níveis, incluindo a
gastronomia e os circuitos turísticos.
4. Ser objectivamente um forum de debate
sério e lúdico sobre a reabilitação de quintas
e patrimónios abandonados e estimular a
organização do território de forma equilibrada e racional, gerindo-se pelo rigor e
pela diversidade de opinião e os elementares
princípios de um Estado de Direito.
A produção mundial de vinho
continua a baixar, prevendo-se 259
milhões de hectolitros para 2010
Três vinhos portugueses entre os 100 mais da Wine Spectator: Carm Douro (9º),
Dow Porto(14º) e Quinta do Vallado (22º).
01
Vinhos: Com ou sem sulfitos?
... uma questão “irrelevante” para Mário Louro
A grande questão do lobby português do vinho é “a falta de profissionais no mercado
interno que saibam vender os vinhos nos restaurantes”, diz o enólogo em entrevista
ao “Correio dos Vinhos & ...”, realçando também a China, Brasil e India como mercados
a não perder de vista pelos produtores-exportadores portugueses.
Vinhos com ou sem sulfitos é uma
questão irrelevante para o engenheiro
Mário Louro, figura incontornável do
sector vitivinícola português e director
do Concurso Nacional dos Vinhos que
se realiza todos os anos em Santarém.
Os sulfitos começaram a ser usados
há 20 anos pelos americanos como
“exigência”, e a União Europeia só recentemente obrigou a essa introdução”.
Quanto ao dito vinho biológico, sem
sulfitos, os franceses e os espanhóis são
os que mais produzem, tendo como
principal mercado os países escandinavos , nomeadamente a Suécia.
Para o enólogo, afinal, o grande problema do lobby português do vinho é
que “anda distraído há muito tempo”,
e “só podemos vender vinho no mercado interno se tivermos profissionais
formados. Há que exigir do Estado essa
formação nas escolas de hotelaria !...
nos restaurantes existem umas pessoas
que empurram os pratos e de certa
forma expõem o vinho à mesa, pessoas
sem noções de vinhos e sem qualquer
formação adequada”, comenta.
“Não posso vender vinho se não tiver
um bom profissional no restaurante
para o fazer...e tal requer formação...
mas as cadeiras ou disciplinas específicas de sommeliers (escanções) não
são leccionadas nas escolas hoteleiras”,
sublinha.
“Em termos de negócio, estamos com
todo este trabalho específico especialmente para os estrangeiros; e se eu lhes
perguntar o que é um escanção não sabem, mas se for sommelier conhecem o
termo !, adianta.
Mário Louro, que leccionou Enologia
entre outras cadeiras durante 22 anos
na Escola de Hotelaria do Estoril, diz
que actualmente tais escolas não dão
cursos para sommeliers, nem cursos
de restaurantes ou cursos de cozinha
ou tão pouco disciplinas específicas
de vinho... “Portanto, no futuro não há
quem nos sirva o vinho.!.. tudo isto é
mau, acima de tudo para os produtores..mas as condições têm de ser criadas pelo Estado..”, reitera ..
Outro problema, é o preço excessivo
dos vinhos portugueses no mercado
interno, “mas estamos a caminhar para
servirmos vinho a copo e podermos
beber um copo a preço aceitável... combatendo preconceitos de que o vinho
não é rentável ..embora no mundo inteiro se sirva vinho a copo ou a taça “
Para o efeito a ViniPortugal lançou neste
momento uma campanha promocional
de vinho a copo, com o site www.vinhoacopo.com
Brasil lança sites para vinhos
lusitanos
Sobre apetência global pelo vinho e os
novos produtores, nomeadamente os
países emergentes BRIC, como o Brasil,
índia e China ( este o 7º maior produtor mundial) Mário Louro é categórico :
“por muito que eles produzam… nós
temos espaço para vender ... note-se
que Brasil e China também exportam.
E no caso da India, tem “60 milhões
de consumidores de vinho” (pertencentes a uma classe média de 300 milhões), entre uma população de quase
1.000 milhões de pessoas. Trata-se de
“um mercado com muito interesse para
os produtores portugueses. Ou veja-se
caso dos EUA, grande produtor…que se
calhar é o maior importador de vinhos…
Ora faz todo o sentido que sejamos
agressivos e tenhamos capacidade
para enfrentar as feiras e os locais de
venda.
“O Brasil é um grande mercado para nós
… os brasileiros gostam dos vinhos portugueses, só têm um inconveniente as
taxas altas que o Brasil aplica aos vinhos
portugueses, porque eles só protegem
os países do Mercosul, apesar de termos
protocolos assinados com o Brasil.. E
ainda que haja vinhos bons…. Chile, Argentina e Uruguai, mas isso não obsta à
entrada dos nossos vinhos no mercado
brasileiro”, regista.
Aconselho a visitarem um site que se
chama canal do boi e há outro adega
atlântico … é o novo sistema brasileiro
de venda de vinhos portugueses.
O Canal do Boi vai em 20 milhões de
casas, e com a Adega Atlântico estão a
fazer uma promoção dos vinhos portugueses directamente ao consumidor ;
são vendidos directamente na internet
e, neste momento as coisas correm francamente bem. Neste canal estão 30 a 40
vinhos de 10 produtores portugueses,
adianta o enólogo.
Em matéria brasileira, Mário Louro, regista ainda o Estado do Rio Grande do Sul,
zona produtora por excelência, essencialmente mais brancos que tintos, mas
há várias zonas do Nordeste a produzirem vinhos por portugueses, tais como
a Quinta do Cabriz, o engenheiro Paulo
Laureano e mais dois ou três outros
produtores portugueses.
Concorda que o vinho é um negócio
global como o petróleo, em que as
grandes empresas vinícolas investem
em todos os continentes como as
petrolíferas?
“Há uma diferença, porque o petróleo
não precisa do terroir, e o terroir é sem
dúvida a grande ciência do vinho. Quando temos terroir (que vem do latim, da
mesma palavra território) temos um
puzzle de quatro peças interligadas.
E se o homem estiver em cima delas,
naturalmente vamos perceber que o
clima, o sol, a casta e a técnica devidamente articulados conseguem fazer um
grande vinho.
Mas isto tem de ser um puzzle e as
peças encaixarem todas. Ora o petróleo só tem humanidade, falta-lhe o
resto, está dependente de uma série de
coisas nas zonas onde é produzido ou
extraído… não tem vida… enquanto o
vinho tem… é um ser vivo! Tem a sua
evolução, nasce vivo e morre tal e qual
uma pessoa”. Mas naturalmente, a gente
precisa que essas condições do terroir
sejam criadas para esse efeito”, explica o
enólogo.
02
entrevista
Suécia principal mercado
dos sem sulfitos
O anidrido sulfuroso é um antibacteriano, um anti-oxidante e conservante e, a Organização Mundial
de Saúde (OMS) “estabelece limites
muito baixos à introdução do composto”.“E até ao momento não temos
outro substituto que possa alterar
a forma de fazer vinho “, esclarece
Mário Louro.
Em relação ao vinho biológico, sem
sulfitos, a “capacidade de conservação
é diminuta e os caracteres dos vinhos
biológicos não são assim tão evidentes; mas se tiver qualidade tudo bem,
não ponho em dúvida” !
Por outro lado, lembra algumas vantagens do vinho, como sendo, “ um
anti-oxidante das células, um co-adjuvante da nossa saúde em termos da
circulação sanguínea”, e “muito mais
prejudicial quanto consumido em
excesso… Um copo ou dois de vinho
por dia é positivo”!...
Os sulfitos começaram a ser usados
no vinho no século XX; antes usava-se
o metabissulfito de potássio, substância que também libertava anidrido
sulfuroso. Mas só o anidrido sulfuroso
visando a eliminação das bactérias e
a conservação do vinho …é a única
substância química com função tripartida, embora se possa usar outros
químicos com funções parcelares, explica o enólogo.
Os americanos começaram usar o anidrido sulfuroso há 20 anos, e todos os
vinhos que importam devem declarar
se têm ou não… A Comunidade Europeia só recentemente obrigou a essa
introdução pelos vitivinicultores. E os
americanos obrigavam também que
nessa informação as mulheres grávidas não podiam beber vinhos com
sulfitos...isto há´20 anos… porque
se verificou um grande evolução, diz
Mário Louro..
Os pioneiros dos vinhos biológicos
são os franceses, mas os espanhóis
vão em frente com muitas marcas ditas biológicas, não usando o anidrido
sulfuroso, mas outras substâncias permitidas. Em Portugal há meia dúzia de
produtores com esse cuidado… acho
interessante, mas não é mercado para
nós. O grande mercado é a Suécia, que
necessita de grandes quantidades e todos os países escandinavos são muito
exigentes nessa matéria”, conclui.
Vinho hoje é sustento de
2,5 milhões
de portugueses
“Preocupo-me com a formação das
pessoas, que acho muito importante
, sejam elas consumidores ou profissionais, de modo a serem esclarecidas,
porque somos um país produtor que
vive disto…Antigamente Salazar dizia
que um milhão de pessoas vivia do
vinho, e eu hoje digo que vivem dois
milhões e 500 mil, e há muita gente a
precisar de apoio e de mecanismos”,
sublinha Mário Louro
“Outra coisa importante é a nova geração de enólogos, que vai permitir que
tenhamos cada vez melhores vinhos;
mas vamos ter que saber vendê-los,
para bem dos enólogos, já que eles
são a grande força desta mudança”,
adianta, reportando-se a outros tempos em que “havia pouca gente dedicada ao vinho em exclusivo, fazendo
outras actividades”.
“No tempo do meu pai (que era enólogo), havia meia dúzia de enólogos e
também meia dúzia de produtores, e
houvesse muita gente a fazer vinho
em casa sem qualquer assistência…”,
regista Mário Louro, que sempre se
dedicou à sua actividade, de tal forma
que aos 16 anos já frequentava os
laboratórios da Junta Nacional dos
Vinhos. Foi técnico da mesma junta,
do IVV e da firma Carvalho Ribeiro &
Ferreira, vindo a formar-se em Enologia na Université du Vin de Suze La
Rousse, França.
Nascido a 6 de Agosto de 1945, no dia
da destruição de Hiroshima, Mário
Louro é um homem do mundo, sempre solicitado para todo o lado, como
técnico, como professor( deu aulas na
Escola de Hotelaria do Estoril durante
22 anos e mais três anos em Macau e
Hong Kong), como consultor da CAP, ou
inclusive na qualidade de director do
Concurso Nacional dos Vinhos, sempre
disponível para esclarecer ou explicar
de forma didáctica as dúvidas dos que
o procuram, sendo um grande exemplo
do exercício da cidadania.
Angola vai produzir
em 2014
...”Porque há uma série de produtores portugueses que pretendem
instalar-se em Angola, isto na Huíla, na
zona da antiga Sá da Bandeira (hoje
Lubango), que muito bem conheço,
com condições para produzir vinho
como nos outros países..e azeite também… E não nos vão tirar mercado,
porque em Angola há a noção de que
os vinhos portugueses ao bons”,afirma
Mário Louro, lembrando que naquele
mercado estão o Chile e o Brasil, mas
os vinhos portugueses ainda são os
mais aceites”.
Porquê 2014 ? Porque, segundo o
enólogo, “decorrem negociações e ao
fim de três anos temos vinha”!
Uma deixa que nos leva a reflectir sobre o facto de o antigo regime não
autorizar que se produzisse vinho
e azeite em Angola para proteger a
produção portuguesa. Ainda hoje, a
caminho do Namibe, se vêm zonas
com grandes oliveiras, constatam
empresários portugueses que ali têm
negócios.
O engenheiro Mário Louro tem contudo, uma explicação mais plausível
e mais técnica: “havia um sentido de
que o vinho e o azeite só se podiam
produzir em determinados paralelos
(geográficos) e esses paralelos estão
ficar agora mais largos, e é natural que
num futuro Angola venha ser um bom
produtor de vinhos”.
“ Não devemos ter medo e temos de
procurar mais mercados, e quanto
mais parceiros africanos tivermos
melhor… os vinhos do mercado angolano não serão já de imediato de
garrafeira ou de reserva. Mas vai ser
preciso mais uma geração para Angola se transformar num colosso como o
Brasil”, considera.
03
Douro arrebata
dez excelências
Pela 14ª vez a Revista de Vinhos distinguiu os melhores vinhos nacionais,
personalidades e empresas ligadas
ao sector, tendo a região do Douro arrebatado dez prémios de Excelência.
A distinção foi atribuída no espaço da
Alfândega do Porto, tendo a revista
seleccionado 150 vinhos considerados de “qualidade absoluta muito boa”.
Posteriormente o júri seleccionou 34 a
quem atribuiu o Prémio Excelência.
Assim, a a região do Douro averbaria dez prémios, com destaque
para Abandonado Douro tinto 2007,
Charme Douro tinto 2008 e Curriculum Vitae Douro tinto 2008. O Alente-
jo foi a segunda região mais premiada,
com cinco Excelências, destacando-se
o Esporão Private Selection tinto 2007;
Marias da Malhadinha tinto 2007 e
Mouchão Tonel tinto 2005.
O Dão seria a terceira mais premiada
com quatro Excelências, destacandose o Cabriz branco 2009, Paço das Cunhas de Santar branco 2009 e Condessa
de Santar branco 2009.
Ainda em Excelência, o único da Bairrada foi Sidónio de Sousa tinto 2005; nas
Beiras também o único, foi para Quinta
da Foz de Arounce Vinhas Velhas de
Santa Maria tinto 2007, enquanto que
o único da região de Lisboa foi para Ex-
deverá es15.000 pessoas no Festival datar poeira
resolvida pela Asde produdo Queijo, Pão e Vinho sociação
tores de queijo e
em Palmela
Nos três
dias do
17º Festival do Pão, Queijo & Vinhos
da Quinta do Anjo estiveram cerca
de15 mil visitantes, que este ano pagaram simbolicamente a um euro na
entrada para cobrir as despesas da
Associação dos Criadores de Ovinos
e Produtores de Queijo de Azeitão;
numa zona , onde a excelente fruta
também se junta aos produtos desta
autêntica zona de excepção situada
no coração da península de Setúbal .
A escassos quilómetros do mar e a 30
quilómetros da capital, sente-se contudo, a ausência de um verdadeiro
turismo e de uma estrutura organizativa que existe por exemplo em
Óbidos, Mafra ou Sintra, razão pela
qual ainda se pode condescender às
grandes nuvens de poeira levantada
dos caminhos de brita que delimitam
o recinto da feira e exposições, como
se estivéssemos no século XIX.
Os produtos eram excelentes e credores da melhor certificação, pelo
que nas próximas edições a questão
pelas autarquias e, merecendo uma
reflexão da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal, um dos organizadores
do evento.
Conhecemos algumas feiras idênticas com exposição e venda de gado,
que se realizam em Inglaterra, onde
todo o espaço é organizado, inclusive
com tendas atraindo visitantes dos
vários condados em redor, apesar do
rigoroso clima temperado marítimo,
mesmo no Verão.
Com efeito, a península de Setúbal
é uma região já bafejada com o prémio do melhor vinho tinto do mundo
atribuído em 2007 à casa Ermelinda de
Aequo Reg. tinto 2006. Da península
de Setúbal - Periquita Superior tinto
2008; no Vinho de Mesa Doda tinto
2007; no Vinho do Porto - Andresen
colheita 1980; no Vinho da Madeira Barbeito Malvasia 20 anos lote 7199 e
nas Aguardentes : Magistra Lourinhã
Vínica Velha.
No Vinho Verde Alvarinho - Anselmo
Mendes Parcela Única branco 2009 e
nos Espumantes Murganheira PinotBlanc 2005.
Foram ainda atribuídos Prémio dos
Melhores Vinhos a 116 vinhos de
várias regiões, incluindo generosos
Porto, Madeira e Moscatel.
Também foram distinguidas as personalidades e empresas 2010 do sector vitivinícola : Produtor revelação
– Monte da Raposinha; Adega Cooperativa – Carmim; Empresa – Sogrape
e J.H. Andresen (Vinhos Generosos);
Produtor – Anselmo Mendes; Enólogo
– Francisco Olázábel e Ricardo Barbeito (Vinhos generosos); Viticultura – J.
Portugal Ramos ; Organização vitivinícola – Wines of Portugal; Enoturismo
– Palácio da Brejoeira ; Restaurante
– Panorama; restaurante (Cozinha
tradicional portuguesa) – Solar dos
Presuntos; Escanção – Inácio Loureiro;
Prémio Especial Gastronomia – Vasco
Mourão e Senhor do Vinho 2010 –
António Dias Cardoso.
Freitas (Terras do Pó), que tem ainda
muito para preservar, não obstante o
modelo de desenvolvimento perverso
decorrente da especulação fundiária,
onde antigas quintas e pinhais deram
lugar a cidades-dormitórios que marcam a Margem Sul do Tejo, com custos
sociais acrescidos.
Na Quinta do Anjo estiveram os concelhos representativos das actividades agrícolas (incluindo o tipo das
casas tradicionais ou pequena casa de
lavoura) que alguns especialistas consideram pertencente à Cultura Saloia,
já que para o géografo Jorge Gaspar
ou para o antropólogo Albano Matos,
esse espaço físico “saloio” vai desde a
bacia do rio Liz (Leiria) até à foz do rio
Sado.
O pão caseiro, o queijo, o vinho, o mel,
alguma doçaria destacam-se num espaço territorial já relativamente pequeno,
situado desde a Azóia, perto do Cabo
Espichel, até às Terras do Pó, passando
pelos vales de Azeitão protegidos dos
ventos e do mar por três pequenas serras a lembrar: Louro, Barris e Arrábida,
que funcionam como moderadores
dos microclimas ideais para os pastos,
a produção de vinho e a variedade de
pomares existentes até há 30 anos.
04
Vinho do Pico: queda de 80%
As vindimas na Ilha do Pico
sofreram uma baixa de 80%,
mas no geral em todo o país,
houve um aumento de 13 %
nas colheitas de uvas
As vindimas de 2010 na Ilha do Pico
registaram uma queda de 80 % nas
colheitas face a 2009, enquanto que
nas ilhas Terceira e Graciosa a baixa
foi de 40 % conforme os cálculos das
cooperativas locais, muito embora
as previsões no final de Agosto da
ViniPortugal baseadas nos enólogos
apontassem uma baixa média de
apenas 30 % para os Açores.
As razões apontadas para esta forte
descida nas colheitas das uvas nos
Açores deveu-se às fortes chuvas na
Primavera e em Agosto, deixando os
vitivinicultores apreensivos. Recordese que o vinho do Pico é famoso, e
nos séculos XVIII e XIX a maioria da
produção era exportada para Inglaterra, norte da Europa e para a corte
do czar da Rússia.
Na Madeira, as colheitas para a
campanha deste ano registaram
uma baixa entre 10 a 15 por cento,
ou seja 400 a 600 toneladas de uvas
a menos face a 2009, segundo Paula
Cabaço,presidente do IVBAM (Instituto
do Vinho, do Bordado e Artesanato da
Madeira).
Contudo, no geral em todo o país, as
vindimas apresentaram uma subida
média de 13% face a 2009., sendo as
maiores subidas nas regiões Tejo (15%)
, Beira Interior (14%) e Douro (13%).
Já na Península de Setúbal verificouse uma descida de 16% e no Algarve
também uma baixa de 12 % na
recolha das uvas face a 2009.
No total, as uvas colhidas representam
6,347 milhões de hectolitros contra
5,868 milhões em 2009, e uma variação de menos 2% face à média dos
últimos cinco anos...
A produção mundial de vinho continua a baixar, prevendo-se 259 milhões de hectolitros para 2010, (após um pico de 300 M
hl em 2004), anunciou em Novembro a Organização Internacional da Vinha do Vinho (OIV).
Em 2009 a produção fora de 268,7 milhões de hectolitros. Para esta baixa em 2010 contribuiu a redução de 70 mil hectares de vinha na União
Europeia e também a redução das áreas de cultivo no Hemisfério Sul (excepto na América do Sul) e nos EUA, adiantou a OIV.
Entre os três grandes produtores de vinho europeus, apenas a Espanha manteve-se estável, enquanto que a Itália teve um baixa de 11 % face a
2009, a França menos 2% , Alemanha e Áustria e Suíça, países mais afastados do paralelo mediterrânico, registaram quedas respectivas de 5 %,
13 % e 15% face a 2009. (continua na pag.7)
05
Portugal: a mística do azeite
em 4 regiões olivícolas…e muitos microclimas
Onde a variedade galega, a humilde azeitona preta e pequena é considerada pelos investigadores portugueses como uma das melhores variedades de oliveira do país, que dá um excelente azeite, finíssimo. ..
Só que a produção da galega é intermitente, sendo atreita a doenças, o
que faz dela a azeitona mal-amada dos industriais.
Para inverter a situação, cientistas portugueses fazem o apuramento
da galega, cruzando os genes desta com outras variedades, mediante a
chamada tecnologia do crescimento rápido de 24 horas, no Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIA), em Elvas, cujas funções incluem informações e conselhos preventivos a agricultores e viveiristas, e tentar
obter novas variedades de oliveiras, a partir das existentes.
Fica o registo da estória pacata de três
investigadores junto à raia espanhola, no
INIA, antiga Estação de Olivicultura de Elvas, construída em 1962 pelo Estado Novo,
na Herdade do Reguengo.
Quem vem da estrada de Elvas para Campo
Maior, julga que pelo edifício estilo pastiche modernista-clássico, se trata de uma
agradável pousada no meio de um amplo
vale, ladeado de duas colinas cobertas de
oliveiras; mas à medida que avançamos,
percebemos que nenhum cientista poderia
trabalhar nos meros armazéns que surgem
no primeiro plano, até porque existem laboratórios, cromatógrafos e outras tecnologias e salas de prova.
Só mais tarde nos apercebemos da estrutura do edifício - tem um pátio interior
estilo conventual ou de inspiração andaluza, com claustros… Um trabalho notável
de arquitectura , inacabado.. . já que ficou
por fazer a ala nascente, remetida para
segundas núpcias, isto em 1962, segundo
ano da guerra colonial assinale-se, quando
muitas das sinergias do país começavam a
ser transferidas para o esforço de guerra e
algum desenvolvimento do então Ultramar.
da Estação Olivícola de Elvas
A produção de azeitona exige um clima
mediterrânico, e as temperaturas médias
não devem descer muito abaixo dos 7
graus… Tudo isto sustentado por muitos
microclimas, uma característica do território nacional “, destaca António Manuel
Cordeiro, especialista em Ecofisiologia.
Temos de seleccionar e optimizar os recursos que temos, ou seja , “as variedades
de oliveira” existentes no país, “ das quais
a Galega, a Cobrançosa, a Cordovil, a Carrasquenha e a Verdeal são as mais importantes.
“O objectivo é investigar sobre “o comportamento agronómico e sanitário delas. Há
que comparar umas com as outras, todo
um conjunto de variedades que conhecemos bastante bem. E tanto a
Cobrançosa como a Galega são variedades
iedade, juntaram-se os genes da galega
aos genes de outras variedades. Depois
provoca-se na estufa o crescimento rápido laboratorial, aquilo a que os cientistas
designam por crescimento 24 horas por
dia… com luz artificial
As luzes são acesas ao final da tarde e desligadas ao início da manhã, permitindo
assim a fotossíntese ou função clorofilina
(mesmo sem sol) para acelerar o cresci
mento das oliveiras, que demorariam 10
anos, em vez de um ano em entrar em
Teresa Carvalho, António Manuel Cordeiro e Leonilde Santos fazem ciência com boa disposição.
portuguesas, distribuídas por quatro principais regiões olivícolas - Trás-os-Montes,
Beira Interior, Ribatejo e Alentejo”, explica.
Cada região tem cultivares (ou variedades)
diferentes..... e a produção de azeitonas e
regularidade da produção são os objectivos de fundo do Instituto, a fim de fornecer
indicações e conselhos aos produtores.
Existem oliveiras noutras zonas, fora
das quatro áreas tradicionais, mas cuja
produção pode ser intermitente devido a
factores climáticos, como a norte de Coimbra, que menos favorável à olivicultura por
influência marítima e do vento de noroeste
: mas na mesma região pode haver alguns
montes e servirem de protecção e por isso
também podemos encontrar olival.
De todas estas, a melhor e maior variedade
do olival português, é pequena galega preta, uma azeitona muito boa e que dá um
dos melhores azeites (muito fino), apesar
de ser uma variedade mal-amada pelos industriais, que põem alguns entraves… Isto
porque a galega tem uma produção alternada, não regular, nem todos os anos tem
boa safra, além de ser atreita a doenças.
Então, no INIA, para melhoramento da var-
produção! Isto com vista ao programa de
melhoramento científico.
Esta tecnologia foi descoberta há 18 anos
em Israel pelo cientista Lavee, e posterior
mente trabalhada em Espanha, na Universidade de Valência e, optimizada na Universidade de Córdova pelo Prof. Rallo.
“Se não houvesse esta tecnologia era impossível a investigação nesta área. São procedimentos experimentais para encurtar o
período juvenil”, sublinha António Manuel
Cordeiro.
O novo Plano Nacional de Olivicultura passou de um aparente argumento político
para uma importante realidade, de tal forma que atraiu os produtores espanhóis. E o
Instituto prosseguiu a sua tarefa científica,
paciente e metódica.
António Manuel Cordeiro tem um doutoramento feito na Universidade de Córdova (Andaluzia), onde viveu alguns anos,
naquela que é considerada um santuário
agronómico , onde existe uma numerosa
equipa de professores-investigadores a
trabalhar nesta cultura. No Instituto em
Elvas, António Manuel Cordeiro é co-adjuvado por duas colegas investigadoras,
06
agrónomas de formação Leonilde Santos
e Teresa Carvalho.
“A nossa intervenção é ao nível do material
vegetal. E nos últimos sete anos a área do
olival aumentou substancialmente, com o
programa de plantação de 30.000 novos
hectares, aprovado pela União Europeia,
iniciado em 2002 e terminado em 2008,
no âmbito do 3º quadro comunitário de
apoio, e distribuídos pelas quatro regiões,
com maior incidência no Alentejo por ser
a maior região olivícola do país”, lembra..
“Para além do programa houve subsídios,
sublinha a engenheira Teresa Carvalho, reportando-se também “à vinda de muitos
produtores espanhóis para Portugal, por
as quotas espanholas de olivicultura já estarem preenchidas”.
Antes disso, o estado de apatia e um certo
abandono do olival por parte dos portugueses deveu-se ao facto de os “lagares
serem muito arcaicos, e precisarem de
muita mão-de-obra: os antigos lagares não
davam vazão”, considera Teresa Carvalho.
Antigamente era tudo manual, e podia-se
voltar duas ou três vezes ao olival, o que
hoje é impensável. A azeitona quando é
apanhada deve ser imediatamente laborada para se obter alta qualidade, não devendo ficar mais de 24 horas à espera de
ser trabalhada”, realça
“A nova dinâmica tornou a olivicultura atractiva para os agricultores, de
tal forma que se estão a implementar
olivais sem subsídios, o que antes era
completamente impossível”, sublinha.
O nosso trabalho passa por conhecer melhor a susceptibilidade das cultivares à pragas e doenças a fim de podermos aconselhar os agricultores na instalação de novos
olivais e seu manuseamento.
A praga mais importante mais importantes é a mosca. Esta ambienta-se a
temperaturas muito elevadas de 32 ou 33
graus. A mosca pica azeitona, deposita um
ovo e após um certo tempo aparece uma
lagarta que vai comer a polpa da azeitona,
fazendo posteriormente cair os frutos.
Mas doença mais relevante da oliveira é
conhecida em Portugal por “Gafa” e tem
como agente causal um fungo. Ataca essencialmente o fruto, provocando perdas
tanto na produção (queda da azeitona)
como na qualidade do azeite e afectando
negativamente muitos parâmetros químicos do azeite”.
O Instituto não concebe antídotos, porque
“não é sua missão trabalhar moléculas, mas
dá pareceres preventivos sobre o assunto”,
adianta por seu turno Leonilde Santos.
um papel muito importante para fazer
chegar este material vegetal à Península
Ibérica e outros países fora do continente europeu”. A oliveira e o azeite são indissociáveis
da cultura e dieta mediterrânicas, sendo
o azeite considerado a melhor gordura
natural, ajudandoa reduzir o mau colesterol
(LDL), combatendo as oxidações biológicas e
combatendo os radicais livres.
Civilizações antigas
trouxeram para a Península
Ibérica
Porque as oliveiras vivem
tantos séculos e algumas
chegam ao milénio ?
A oliveira tem a sua origem na Ásia Menor
e “as civilizações antigas desempenharam
Apenas 1 a 3% da flor produz azeitona
“Apenas 1 a 3 por cento da flor da oliveira produz fruto, o que já é muito bom. E se a ciência
optimizasse para mais 1 por cento seria fantástico”,explica António Manuel Cordeiro.
Mas tal tarefa não é nada fácil e tem implicação nos genes da oliveira, nas condições
climáticas, na quantidade de água, e nos nutrientes -- potássio (macro) , boro (micro) os
mais importantes para efeitos de floração.
Embora outros macro e micronutrientes,
como o azoto e o manganês, respectivamente , sejam igualmente importantes .
“Em química agrícola dá-se muita importância à Lei do Mínimo, ou seja, um
micronutriente em falta condiciona a assimilação/nutrição de todos os outros nutrientes, com repercussões no crescimento
e na produção”.
A título de comparação, diga-se que nas
outras árvores de fruto normalmente o
vingamento é acima dos 10 por cento.
De resto, a floração abundante na oliveira
é uma característica da espécie, porque é
de uma zona semi-árida (mediterrânica),
em que pode haver grandes alterações
climáticas de uns anos para os outros : Primaveras mais chuvosas ou mais secas, mais
frias ou mais quentes. E é a essa irregularidade climática a quem se adapta a grande
abundância de flor.
“Tem a ver com a capacidade de adaptação e da regeneração. A oliveira tens folhas
xerófitas ( tipo cacto) que se adaptam às
variações climáticas e às condições secas
e quentes. Aos 32 graus, os estomas (que
ficam na parte detrás da folha, e onde se
fazem as trocas gasosas) fecham-se e voltam a abrir quando a temperatura desce.
Com a sucessão dos dias quentes e secos,
típicos do Verão, num olival em sequeiro
as folhas podem ficar verde - amareladas
; mas quando começa a chover, as folhas
adquirem muito rapidamente a normalidade, o verde”.
A palavra azeite vem do árabe Al-zait, que
significa sumo de azeitona, e pensa-se que
a as oliveiras mais antigas situam-se Portugal na zona de Tavira e no antigo Alqueva, com mais de mil anos.
Quando da construção da barragem, que
criou o maior lago artificial da Europa,
parte dessa oliveiras foram compradas
por espanhóis e, outras por portugueses ,
que as utilizaram para decoração de quintas e até autarquias como a de Oeiras, se
empenharam em recuperar este legado
natural.
Paladares lusitanos Cada olivei-
ra pode produzir em média 20 quilos de
azeitonas, sendo necessários cinco quilos
para produzir um litro de azeite.
Portugal tinha em 2009 uma área de
olival na ordem dos 386.000 hectares,
tendo produzido 681.850 hl de azeite...As
quatro grandes regiões portuguesas produzem azeite de paladares diferentes, que
só os próprios naturais com o tempo e a
idade sabem reconhecer. Um transmontano pode ter um paladar bem diferente
de um alentejano ou vice-versa, o que
indica que os portugueses têm na sua
matriz uma grande diversidade cultural, o
que só abona a favor do país.
António Manuel Cordeiro conta que seus
pais são de Trás-os-Montes, enquanto que
familiares de sua mulher são de Ferreira
do Alentejo.
O cientista tem o hábito de quando visita
os pais levar-lhes azeite do Alentejo, e o
contrário quando vai a Ferreira.Os pais,
transmontanos, ao provarem o azeite do
sul, dizem, que não tem sabor a azeite; o
mesmo é corroborado pelos outros familiares quando provam o azeite de Trás-osMontes.
O INRB IP. / INIA para além do INIA Elvas, o
principal centro de investigação olivícola
do país, possui outros centros onde realiza
investigação / experimentação olivícola;
o INIA Tapada da Ajuda com os investigadores Encarnação Marcelo, Pedro Jordão e C.
Sempiterno, na área da Fertilização; no INIA
Oeiras com os investigadores Cidália Peres,
Amélia Lopes, I. Calha, etc, na Tecnologia
da Azeitona de Conserva e na Protecção de
Plantas; e o INIA Lumiar com a investigadora
Ana Partidário, na Tecnologia do Azeite.
07
Angola futuro produtor de azeite:
Corrente fria de Benguela permite
floração de oliveiras no Namibe
Tudo se perspectiva para que Angola se junte aos países produtores de azeite fora da tradicional região mediterrânica - África
do Sul, Chile , Argentina e Brasil,
aproveitando as virtualidades
da corrente fria de Benguela e
muita abundância de água vinda
da Serra da Leva.
tempo colonial, onde os barcos aportavam, e grande parte da azeitona colhida era consumida pelos pescadores,
conta por sua vez António Manuel
Cordeiro.
A corrente fria de Benguela, que permite uma abundância de pes cado,
naquela costa, vai colmatar o clima
desértico do Namibe , citando um trabalho feito pelos professores Carlos
Portas e Jorge Araújo.
De noite, o frio da brisa marítima completa um conjunto de horas necessárias,
que permite o crescimento de flores, ou
seja a endormência das gemas.
Esta melhoria do clima de Moçâmedes, permite espécies tipicamente
mediterrânicas , como a oliveira. E à semelhança da África do Sul, Argentina e
Brasil, também Angola pode vir a produzir azeite.
Inclusive, o olival na zona do Namibe
tem água a pouco mais de dez metros de profundidade, porque aquela
província fica junto à Serra da Leva
(num dos extremos do planalto da
Huíla), onde há níveis de precipitação muito elevados, sendo depois as
águas das chuvas encaminhadas para
Produção mundial de
azeite baixa 2,5%
os maiores consumidores os 27 países
da União Europeia com 1,88 milhões de
toneladas de azeite, seguindo-se EUA
260.000, Síria 125.000, e Turquia 115.000.
Em termos de exportações mundiais
de azeite para a campanha 2010/2011,
estima-se em 707 mil toneladas, mais
5,05 % face ao ano transacto. Ao bloco
de países produtores da União Europeia
cabe a maior fatia com 438.000 toneladas,
seguindo-se a Tunísia com 90.000, Síria
50.000, Marrocos 40.000 e Turquia 38.000.
Quanto às importações de azeite que
abarcam o período entre 1 de Outubro de 2010 e 1 de Setembro de 2011,
poderão atingir as 684.000 toneladas,
mais 2,93% face ao ano anterior.
Como ponto de partida estão os 500
hectares de olival plantados nos Anos
60 anos, para além de outras pequenas experiências anteriores e isoladas
desenvolvidas por alguns portugueses.
Numa faixa litoral de 150 kms, na
província do Namibe (antiga Moçâmedes) há condições climáticas semelhantes às regiões mediterrânicas para o crescimento de oliveiras.
A agrónoma e investigadora, Leonilde Santos, recorda uma visita de
estudo ao olival, quando as árvores
ainda eram pequenas. Hoje, segundo
muitos viajantes portugueses, as oliveiras estão enormes, em parte por
não se apanhar as azeitonas.
Moçâmedes, hoje Namibe, era um
porto de pesca muito importante no
Segundo dados do Conselho Oleícola
Internacional (COI) a produção mundial
de azeite terá uma baixa de 2,5% face
à campanha de 2009/2010, atingindo
2,95 milhões de toneladas para o ano de
2010/2011.
A maior fatia caberá aos países produtores da União Europeia (UE) com 2,1
milhões de toneladas, das quais 1,2 milhões cabem à Espanha, o maior produtor
mundial de azeite; Espanha que regista
uma baixa de 14,24% em relação à anterior campanha.
A Itália, segundo produtor mundial,
regista 480.000 toneladas, seguindo a
Grécia com 336.000, Portugal 67.500,
Chipre 6.500, França 6.000 e Eslovénia
600 toneladas.
Fora da UE, estima-se para a Síria193.500
toneladas , Turquia 160.000, Marrocos 150.000, Tunísia 120.000, Argélia
48.000, Palestina24.900, Jordânia 19.000,
Austrália 18.000, Argentina 17.500 e
Líbia15.000 toneladas de azeite.
Estima-se que o consumo mundial
subirá 3,65 % face ao ano anterior, sendo
Produção portuguesa autosuficiente em 2016
Portugal deverá alcançar a auto-suficiência em azeite na campanha de 2015/2016,
atingindo as 100mil toneladas, segundo
a Casa do Azeite, organismo associativo
que representa 95% de todo o azeite de
marca embalado.
Por outro lado, a produção de azeite
em Portugal com vista à campanha de
20010/2011 atingiu as 70 mil tonela-
A célebre Serra da leva com a sua estrada
com meandros.
o oceano por via subterrânea.
“Já no tempo colonial se aproveitava
essa água para o olival, em pleno deserto, com canais de rega”, comenta
ainda António Manuel Cordeiro, reportando-se aos benefícios que os
microclimas podem suscitar para certas produções.
“Veja-se uma cerejeira em Elvas, normalmente, não dá cerejas, porque o
nosso Inverno não dá a quantidade
de horas suficientes de frio que permitam o aparecimento de flores e depois o fruto”.
Mas na região da Serra da Gardunha,
Fundão, Beira Baixa, com o seu microclima já é possível ter a produção de
cerejas. Diga-se que nosso país é um
conjunto de microclimas, e com essa
diversidade podemos potenciar ecossistemas vantajosos”, conclui.
das, ou seja, o dobro face ao ano de
2006. Estes indicadores já reflectem os
30.000 hectares de oliveiras plantadas
entre 2000 e 2006, que ao fim de 5 anos,
começam a produzir azeitona.
Também no mesmo período em estudo,
as exportações portuguesas de azeite
aumentaram 22, 5%, sendo os principais
clientes os EUA, Brasil, Venezuela, Angola
e Coreia do Sul. Em 2010, as exportações
do sector atingiram 310 milhões de euros, dos quais 130 milhões directamente
da exportação de azeite.
Oliveira: área mundial 8,3
milhões hectares
A área mundial de oliveiras no mundo
é de 8,3 milhões de hectares, maioritariamente repartidos pela bacia mediterrânica, para uma produção total de
16 milhões de toneladas de azeitonas
(e quase 3 milhões de toneladas de
azeite):Portugal tem uma área situada
entre 335 mil hectares para algumas
fontes e 525 mil hectares para outros,
que incluem velhos olivais desactivados
quase em estado de abandono, para 36
milhões de oliveiras plantadas.
08
Uma boa colheita
no hemisfério Norte
Austrália, Chile) !!!
A um ano de boa colheita de vinhos na região Mediterrânica, não
corresponde forçosamente o mesmo nas regiões vinícolas do hemisfério
Sul, nomeadamente na África do Sul, Austrália, Chile ou Argentina, onde
o fenómeno meteorológico El Niño pode comprometer uma boa vintage,
afectar a qualidade e quantidade, seja por excesso de chuvas ou por
acentuadas secas.
Nessas regiões do hemisfério sul, pelo efeito intercontinental e com base
nessas oscilações, especialistas sul-africanos, australianos e chilenos
podem prever com antecedência se as produções vão ser piores ou
melhores.
Para o especialista em Climatologia e Agrometeorologia, professor José Paulo de Melo
e Abreu (do Instituto Superior de Agronomia, ISA), “efectivamente não há grande
relação entre os climas do hemisfério Norte
e do hemisfério Sul, porque o clima do
hemisfério Sul é mais marcado pelos anos
em que surge El Nino e a El Niña, fenómeno
inverso”.
“Aqui no hemisfério Norte, nas nossas latitudes, - prossegue o especialista, temos a
influência de um outro sistema, que é a oscilação do Atlântico Norte, embora no nosso hemisfério, existam pequenas zonas do
continente americano, influenciadas pelo El
Niño, designadamente o México e a Baixa
Califórnia, onde se produz vinho”.
Segundo o docente do ISA, o que já se está
fazer em muitas regiões afectadas pelo El
Niño, é incorporar essas oscilações climatéricas nos próprios modelos matemáticos e,
com uma certa antecedência determina-se
se as produções vão ser piores ou melhores
em determinadas áreas do Globo, como
na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul,
Chile.
Já em Portugal, Espanha e sul da França,
há a “oscilação do Atlântico Norte que tem
alguma influência ao nível da precipitação,
embora seja uma pouco obscura e menos
marcada esta influência. Digamos, que não
é tão forte nem tão claro, como o fenómeno
do El Niño nas vastas áreas banhadas pelo
Oceano Pacífico, no Sul. Portanto, uma boa
colheita no hemisfério Norte (Portugal,
França, Espanha, Marrocos, Itália), não quer
dizer que seja o mesmo no hemisfério sul”,
comenta Melo e Abreu.
“Dado o desfasamento das culturas, podese saber com alguma antecedência se as
colheitas ou produções vão ser favoráveis
no hemisfério sul”, adianta.
“Quando aqui é Inverno, lá é Verão, logo
as colheitas fazem-se nessa altura e nós
ficamos a saber mais cedo das colheitas
no hemisfério Sul e, por consequência tirar
conclusões ao nível do comércio mundial:
África do Sul, Chile, Argentina , etc “..
O Chile, a Argentina que são grandes produtores de vinho, e o Brasil, que já produz
bastante, são países também muito influenciados pelo El Niño, salienta Melo e Abreu.
Quando há cheias no hemisfério Sul, a pluviosidade é menor no hemisfério Norte ?
La Niña têm influências muito diferentes:
nuns sítios há pluviosidades muito intensas e
noutros há secas. Isto é bastante conhecido, e
se ocorre muita chuva ao nível do Perú, pode
haver secas ao nível da Austrália, portanto,
influências diferentes. Dentro da zona do El
Niño, aquando da ocorrência do fenómeno,
umas zonas tornam-se muito pluviosas, e
outras pelo contrário têmtendência para secas muito pronunciadas. Isto é bastante conhecido, e se ocorre muita chuva ao nível do
Perú, pode haver secas ao nível da Austrália,
portanto, influências diferentes.
Que factores podem determinar uma boa
ou má produção de vinho?
“Há factores que influenciam o crescimento
e a produção, nomeadamente se tivermos
mais sol, mais temperatura, mais humidade,
maior disponibilidade de água na fase de
crescimento das plantas. Tudo isso vai influenciar no desenvolvimento e crescimento,
porque as plantas precisam de sol e água.
Mas por outro lado, há influências sobre pragas e doenças da vinha ao longo do ano. Há
anos em que as principais doenças que atacam a vinha, por exemplo o míldio e o oídio,
que necessitam de humidade e de água líquida para proliferarem, são mais importantes.
Então, nos anos de maior pluviosidade, o
número de tratamentos (curas) necessários
aumenta muito.
E, havendo muita chuva concentrada por
altura da floração, pode resultar mesmo em
vingamentos deficientes, que tem a ver com
a formação dos bagos das uvas;ou seja, a passagem da flor para fruto - dá-se a polinização
da parte feminina e depois forma-se o fruto.
Se houver muita precipitação por altura da
floração, o pólen fica num estado pastoso e
de difícil libertação, e também há o arrastamento de constituintes que estão no estigma, fazendo com que as flores não sejam
(França, Portugal, Espanha)…
... não significa o
mesmo no hemisfério Sul (África do Sul,
Melo e Abreu : “No hemisfério Norte os climas são
marcados pela oscilação do Atlântico Norte, um
sistema menos forte do que o El Ninño nas vastas
zonas banhadas pelo Pacífico”
polinizadas, resultando o escasso número
de bagos de uva e, logicamente produções
deficientes.
Chuva abundante aquando da colheita dificulta esta e pode dar lugar ao aparecimento de fungos nos bagos, o que faz baixar a
qualidade do vinho. Também o excesso
de chuva vai encharcar o solo, provocando
doenças ao nível das raízes e declínio de algumas videiras. Outro factor importante é o
oposto, as secas, que prolongadas tornam as
produções baixas. Depois temos a temperatura. O excesso de calor já na fase em que há
bagos, impede dos bagos de crescer convenientemente; em situações extremas dá-se
o, dando-se o chamado escaldão da vinha,
que ocorre quando o desenvolvimento dos
bagos de uvas é são afectados pela temperatura e radiações muito elevadas”.
Sobre a pluviosidade nos diferentes
países da Bacia Mediterrânica e suas repercussões na vinha , existem realidades
diferentes, que Melo e Abreu especifica:
“Os sistemas frontais muitas vezes atravessam a Península Ibérica e depois é que atingem esses países.e essa influência vai-se
diluindo à medida que nos afastamos da
frente atlântica. No caso da Turquia e Grécia
são outra realidade climática, com influências de natureza continental”, conclui Melo e
Abreu.
Por outro lado, o agrónomo chama atenção
para a possibilidade de se gerir previamente
do ponto de vista empresarial a actividade,
exemplo dos “australianos, que conseguem
muitas vezes prever a produção dos seus
vinhos com muitos meses de antecedência,
por anteciparem se é ano de El Niño ou não!!
E conseguem realmente grandes resultados e obter ganhos em termos de compra e
venda de determinados produtos agrícolas,
metendo essa influência nos modelos de
gestão”.
As cores amarelas, laranjas e vermelhas representam
o aquecimento das águas do Pacílico que vão originar
o fenómeno do El Niño, traduzindo-se por grandes precipitações de chuva, tempestades tropicais ou secas,
conforme os continentes.
09
Índia aderiu à OIV...
... e já exporta vinho para União Europeia
A Índia apesar de só ter aderido há em Abril de 2010 à Organização Internacional da Vinha e do
Vinho (OIVV), já está a exportar vinho dos quase 2.000 hectares de vinha cultivada na região
de Bangalore, o grande centro internacional de investigação e formação de quadros da Índia
À VOLTA
DO
MUNDO
Sediada em Paris, a OIVV é o organ- Em Karnataka, a partir de progra- consumo de vinho.
ismo e que superintende os países
produtores de vinhos. À partida
havia alguma relutância na admissão indiana, por o país não ter uma
legislação específica e cuja produção
de vinhos ser um autêntico Far West,
segundo os observadores
Quando da entrada da Índia, esta
anunciou a plantação de mais 400
hectares de vinha nos Estado de
Maharashtra, mais concretamente
em Karnataka, perto de Bangalore,
a chamada Silicon Bay indiana ou
a Harvard da Índia, onde se formam quadros indianos para todo o
mundo - economistas, gestores, engenheiros, médicos, físicos, e muitos
outros investigadores das mais variadas áreas. Bangalore é, de resto, a
capital da Informação tecnológica,
isto é, da Inovação e das tecnologias
mais sofisticadas, da India, um dos
países BRIC.
mas específicos estão-se a formar
quadros especialistas( agrónomos)
na produção de vinhos, bem como
na apreciação (enologia) e no respectivo negócio, no qual a Wine Society
of India tem um papel pioneiro para
a futura indústria do vinho da Índia e
negócio vitivinícola.
Como cidade universitária voltada para a inovação e investigação
científica, Bangalore também é conhecida pelos seus pubs e uma certa
vida nocturna, já tendo alguns clubes
de vinho, que os indianos fundaram
na linha dos clubes britânicos, locais
reservados e discretos.
A Índia tem uma classe média de 300
milhões de pessoas, sendo por isso,
à semelhança da China e Brasil, um
dos mercados mais atractivos para
os produtores ocidentais. A Índia deverá integrar este ano o ranking dos
dez países que mais cresceram no
Nos vinhedos de Karnataka, já existem nove adegas nos actuais 1.800
hectares de vinha cultivada nos Vales
de Krishna e Nandi, exportando-se
30 por cento para o Reino Unido,
França e EUA.
Na região ficam situados 60 por cento
da cordilheira dos Gates Ocidentais,
que influenciam o clima de região,
que é composta de uma grande..
biodiversidade e uma temperatura
anual média de 15 graus…e onde
existem 10% por cento dos elefantes da Índia, que são domesticados e
usados para trabalhos.
Registe-se que em Goa, antiga Índia
portuguesa, e hoje um dos estados
da União Indiana, existem ainda algumas adegas fundadas por portugueses, que levaram inclusivamente
algum know-how de Portugal ao
longo dos séculos, que se foi esboroando.
A área mundial de vinha plantada é de 7,66 milhões de hectares, tendo a Espanha a maior fracção de vinha cultivada com 1,113 milhões de hectares, ou seja, 14,5% do total da vinha mundial, enquanto Portugal está no 8º lugar, com 243 mil
hectares de vinha (3,2 %).
Em 2º lugar vem a França com 840 hectares (11%), 3º Itália 818 mil há (10,7%), 4º Turquia, 5º China, 6º EUA, 7º Irão, 9º Argentina e
10 Roménia.
10
Empresárias
na esteira de Madame Cliquot
e D. Antónia Ferreirinha.
Mulheres empresárias vitivinícolas continuam os passos de duas
célebres mulheres que ficaram nos anais da História do Vinho como
grandes pilares das respectivas casas, e em épocas tão conturbadas
como a Revolução Francesa e a ascensão de Bonaparte ao poder,
na França; ou as lutas liberais, em Portugal. São elas Barbe-Nicole
Ponsardin Cliquot, mais conhecida por Madame Veuve Cliquot, que
na região de Reims construiu o império do champanhe da mesma
marca, e D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha,no Douro, contemporânea do marechal Saldanha e do romancista Camilo Castelo
Branco, e que está na origem da famosa marca de vinho do Porto.
Quando faleceu em 1896, D.Antónia deixou apreciável fortuna e cerca de 30 quintas.
vista para além de uma mera indústria agro-alimentar, tornando-se
também um acto cultural e de algum status.
Registe-se que a Itália, é o país
com mais mulheres empresárias
produtoras de vinhos, com 780
filiadas na Associazone Nazionale
Le Donne del Vino, contra uns escassos 80 da sua congénere francesa
Femmes du Vin…
Em Portugal não há uma associação específica das vitivinicultoras,
mas podemos salientar três empresárias de renome, todas herdeiras
de família e que se distinguem pela
inovação ou pelos prémios obtidos
Hoje em dia a
produção de vinho tornou-se também um negócio
de requinte, a que
a elegância, o bom
gosto e o empenho das herdeiras dão um toque de
prestígio, derrubando fantasmas e
barreiras impostas por um mundo
masculino e, contribuindo para
uma visão mais cosmopolita e humanista do sector.
Aliada ao bom gosto e até à defesa
do património de velhas quintas,
a produção de vinho passou a ser
Teresa Cadaval é descendente de várias casas reais europeias, nomeadamente de Frederico II, da Prússia, e de
D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, e lidera a Casa Cadaval, no Ribatejo, desde 1998.
Madame Clicquot e sua neta Anne. Nascida em 1777,
a Senhora Clicquot liderou negócios bancários, comércio de lã, além da famosa produção de champanhe de
Reims.
no estrangeiro: são elas Luísa Amorim, na sua quinta de Douro, Teresa
Cadaval e Leonor Freitas, esta uma
socióloga que herdou a Casa Ermelinda Freitas (em Fernando Pó,
Palmela) ,e que em 2008 viu uma
casta Syrah obter em França o prémio do melhor vinho do mundo entre 3.000 concorrentes.
Luísa Amorim, fez a recuperação da
Quinta de Nossa Senhora do Carmo, propriedade de família, onde
adaptou um velho solar do século
XVIII a hotel, lançando ao mesmo
tempo sua própria marca de vinhos.
Teresa Álvares Pereira Schoenborn-Wiesentheid, mais conhecida por Teresa Cadaval, é neta da
célebre marquesa Olga Cadaval,
grande mecenas das artes e da cultura, estando desde 1998 à frente
da casa agrícola da família, com 400
anos de existência, embora as raízes de família remontem por parte
de sua mãe a D. João I e a D. Nuno
Álvares Pereira.
Foi seu pai, o conde alemão Karl von
Schoenborg-Wiesentheid
quem
aconselhou sua mãe Graziela Cadaval a plantar as castas cabernet
sauvignon, pinot noir e trincadeiras
em parcelas separadas, uma novidade na época numa parte da pro11
recepções... mas é na verdade uma
empresária responsável pelo negócio de vinhos da família em Veneto
desde os 29 anos… A família produz
vinhos espumantes desde 1899 e
Piera alargaria a produção aos vinhos tintos, expandindo-se para a
região vizinha de Friuli, contribuindo
para a produção de 8 milhões de garrafas anuais daquela casa italiana.
direitos reservados
priedade do Ribatejo, que totaliza
5.400 hectares, onde também fazem
criação de cavalos de toureio.
As principais castas da Casa Cadaval
são:Touriga nacional, trincadeira,
merlot cabernet e pinot nos vinhos
tintos, enquanto que os brancos
integram Fernão Pires, arinto e riesling.
Em 2008, Teresa Cadaval foi distinguida com o Prémio Internacional
EVA, na versão “Mujer del Vino”, criado pela Associação de Mulheres
Empresárias de Navarra, e o único
prémio internacional gastronómico feminino. Os Prémios Internacionais EVA são atribuídos a nível
mundial e distinguem a “Cozinheira
do Ano”, a “Jornalista gastronómica”, a “Empresária gastronómica”, a
“Mulher Tendências” e “Uma Vida
Gastrónómica”, além da “Mulher do
Vinho”.
Piera Martellozzo podia ser, para
quem não a conheça, mais uma
aristocrata italiana, ou uma das muitas distintas damas que assistem a
passarelles, ou que participam em
direitos reservados
Teresa Cadaval numa das vinhas de Muge, Ribatejo
marca de vinhos – Viña Casa Marin,
numa quinta situada no Vale de
Santo António, no litoral chileno,
a escassos 5 kms do Oceano Pacífico, fazendo jus à tradição da tal
geografia por excelência.
As castas principais de uvas cultivada são: sauvignon blanc, sauvignon gris, pinot noir e syrah, entre outras.
Maria Luz Marin é a única chilena vitivinicultora, pelo que foi
eleita para fazer parte das “200
Mulheres Protagonistas do Bicentenário” do início do processo de
independência do Chile,.que se
comemora este ano, e que homenageia mulheres que se destacaram em todas as áreas da vida
pública, desde as artes e cultura,
passando pela política, ciências,
desporto, sindicalismo, educação,
jornalismo, entre muitas outras.
A italiana Piera Martellozzo é o charme e a elegância
em pessoa, e desde os 29 anos que lidera a casa centenária da família, no Veneto, Itália
Maria Luz Marin foi a primeira
enóloga do Chile há 30 anos, quando esta engenheira agrónoma, especializada em viticultura numa universidade francesa, começou a fazer
consultoria…para em 2000, aos 50
anos de dade lançar a sua própria
A chilena Maria Luz Marin decidiu fundar a sua própria
casa vinícola no ano 2000 já com 50 anos de idade, tornando-se na primeira vitivinicultora do Chile
Portugal, Grécia e Bulgária tiveram pequenas subidas face ao ano anterior, mas no cômputo dos países produtores de vinho da UE, a produção
total caiu 6 %. face a 2009.
Nos EUA prevê-se uma descida de 9,3%, Austrália ( -7%) mantendo-se estável na África do Sul e no Chile. Já a Argentina apresenta uma subida
de 33 % na produção de vinho face a 2009.
Para 2010, os dados de produção vinícola, segundo a OIV são os seguintes: França 44 milhões de hectolitros, Itália 42 M hl, Espanha 35 M hl, EUA
19 M hl, Argentina 16 M hl, Austrália 10 M hl, África do Sul 9 M hl; Chile 9 M hl, Alemanha, 8 M hl, Portugal 6 M hl.
Do total mundial, a Europa produz 67,8%, Américas 17,9 %, Ásia e Oceânia 5,1 % e África 4,1 %.
12
Vinhos portugueses: um sector campeão
que pode ultrapassar crise macroeconómica
Em 20 anos, a produção nacional
de vinho diminuiu em quantidade,
mas em contrapartida o factor
qualidade foi preponderante na
primeira década do século XXI,
num sector considerado o grande
campeão da economia portuguesa
no meio de tantas adversidades,
na sequência da crise macroeconómica desencadeada a partir
do Verão de 2008.
A esta qualidade, não foi estranha a
nova filosofia dos produtores, que ao
investirem no vinho de origem protegida (DOP - denominação de origem
protegida) puseram igualmente o
esforço na imagem dos rótulos, embalagens e novos modelos de garrafa...
que invadiram supermercados e centros
comerciais, por vezes para grande embaraço e hesitação do consumidor.
Os resultados têm animado os pequenos e médios produtores, normalmente
empresas familiares, cuja produção
situa-se em média nos 300 mil litros por
ano. Ainda assim, dizem os especialistas,
ainda é “preciso queimar algumas etapas” no marketing e promoção dos vinhos portugueses nos mercados exter-
Na década de 80, os três maiores anos
de produção foram 1990/1991, com
11,351 milhões de hectolitros, e logo o
ano a seguir 1991/1882, com 10,021 M
hl, seguindo-se 1996/1997 com 9,712 M
hl.
O ano de menor produção foi de
1998/1999, com 3,750 milhões de hl.
Por seu turno, a primeira década
do século XXI teve na campanha
de2001/2002 a maior produção dos
últimos dez anos, com 7,789 M hl,
seguindo-se 2006/200/com 7,543 M hl e
2004/2005 com7,481 M hl.
O célebre ano de 2003(campanha
2002/2003) , que metaforicamente foi
considerado a maior vintage dos últimos 500 anos, registou uma produção
total de 6,677 M hl, dos quais 2,934 M hl
relativos a vinho DOP (44%) e 3,743 M
hl de vinho com IGP + vinho (56 %):
A propósito recorde-se o que se passou
em França, nesse Verão quente de boa
memória para os vitivinicultores. Nos
vales do Garona e do Ródano, onde os
“grands crus” ficaram famosos em 2003,
as vindimas foram antecipadas em um
mês, para Agosto, bem como em muitas
produções em Portugal.
nos. Angola e alguns países BRIC, como
China, Índia e Rússia são alguns destinos
a incidir as acções nesse sentido... e jogar
forte e fundo tanto no preço como na
qualidade.
Na primeira década do século XXI, os
vinhos de origem protegida representaram 47% da produção total, contra
37% na anterior, sendo de realçar as melhores condições atmosféricas (melhor
repartição da chuvas para o desenvolvimento das vinhas temperatura elevada
no mês certo para melhores produções).
Segundo estudos do Instituto da Vinha
e do Vinho (IVV) a primeira década do
século XXI face à anterior caracterizou-se
por uma diminuição da Produção Total
(9%), motivada essencialmente por uma
diminuição da área de vinha e por um
aumento significativo da produção de
Vinhos com Denominação de Origem
Protegida (DOP) face aos outros vinhos
(Vinho com IGP + Vinho).
Por outro lado, a última década ficou
marcada por valores de produção mais
uniformes face à anterior, com uma variação mínima 2,1 milhões de hectolitros
(M hl), enquanto que nos anos 90 essa
variação foi de 7,6 milhões de hectolitros
de vinho.
Produção Vinícola Nacional (milhares de hectolitros)
(1990/1991 a 2009/2010)
12,000
10,500
9,000
7,500
6,000
4,500
3,000
1,500
0
Produção
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
11,351
10,021
7,771
4,871
6,521
7,255
9,712
6,124
3,750
7,859
6,710
7,789
6,677
7,340
7,481
7,266
7,543
6,073
5,689
5,868
13
ViniPortugal:
Conferência Internacional do Porto
relança casta Touriga Nacional
Um sucesso em toda a
escala a I Conferência Internacional sobre Vinhos
Portugueses, iniciativa da
ViniPortugal e realizada
na Alfândega do Porto, a
começar pelo relançamento da Touriga Nacional,uma
casta de uvas portuguesas,
que esteve quase extinta
há 30 anos, e actualmente
aconselhada para servir
de catapulta aos vinhos
portugueses. Durante três
dias 450 participantes de
Portugal, EUA, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Áustria
Noruega, China, Canadá, Rússia , Austrália debateram novas castas e novas regiões de vinhos, os vinhos na internet, alternando com prova de vinhos e visitas a quintas vinhateiras da região
balho mais conjunto com a produção. A
touriga ajuda nos lotes e na exportação,
então, tem-se de trabalhar mais nas varietais de região para região “ defendeu o
enólogo.
A Mesa4 incidiu o debate sobre Regras/
regulamentação e rastreabilidade,
juntando João Nicolau de Almeida, Luís
Costa, Bento Amaral, Dora Simões, Tim
Hogg, Paula Osório e António Luís Cerdeira.
“A touriga representa 2 a 3% do vinho nacional”, disse Nicolau de Almeida apontando a estratégia a tomar para “a afirmação
das regiões e afirmação das castas”.
“Depois vêm os rótulos, e mais tarde ou
mais cedo o mercado vai exigir a touriga nacional. Ainda estamos numa fase
primária e as nossas universidades estão
aptas para estudar e resolver o problema”,
reportando-se ao ISA que está a fazer “um
estudo sobre as características básicas “.
“As castas não aparecem de repente, foi assim em Bordeaux, na Borgonha.. por isso
não vamos dar tiros no pé e pôr a carroça à
frente dos bois. Vamos promover as nossas
regiões, e com isso se verá a touriga nacional”, acrescentou.
O Forum dos Enólogos foi a primeira parte deste encontro internacional, em que os
técnicos e investigadores responsáveis pelo apuro dos nossos vinhos discutiram amplamente em quatro mesas redondas as estratégias para fazer da Touriga Nacional a
grande referência da vitivinicultura portuguesa; uma designação “talvez mais conhecida do que o próprio país em termos de vinhos””.
Francisco Borba, presidente da ViniPortugal, nas conclusões finais do Forum dos Enólogos sintetizou três items: é incontroverso que a touriga é adequada para Portugal; a
falta de notoriedade de Portugal é um facto e o programa de 2011 visa comunicar e
99 produtores e centenas
colocar Portugal como grande produtor de vinhos”..
A Mesa nº 1 juntou os enólogos Nuno Cancela d’Abreu, João Paulo Martins, Francisco de marcas
Campos, Sandra Tavares, Carlos Lucas, Joana Cunha e Tiago Alves de Sousa, sob o tema A presença de 99 produtores, repre“Como se projecta a Touriga Nacional como casta importante “? tendo o porta- sentando largas centenas de marcas porvoz, João Paulo Martins referido (....) “para além do vinho do Porto, precisamos de uma tuguesas, assinalou os três dias de provas
bandeira que sirva de chapéu para os nossos vinhos, e a touriga nacional é uma cas- de vinhos na vasta sala do segundo andar
ta suficientemente personalizada e marca os vinhos mesmo produzidos em regiões do edifício da antiga Alfândega do Porto,
diferentes ..Bragança .. Faro..é um risco que se corre, mas depende da forma como é à beira-Douro, alternando com interventrabalhada pelos enólogos”, comentou.
ções temáticas e visitas às quintas vin”Ou fazemos 10 /11 toneladas para vendermos a 2 euros , ou então optamos por 6/7 hateiras da região.
toneladas para um preço mais ajustado. A casta touriga precisa de
gente que trabalhe e investigue bem e que pense menos na questão
financeira”, concluiu,
A Mesa2 versando o tema Touriga nacional no ciclo das grandes
castas mundiais, que falta fazer”? juntou José Maria Soares Franco,
Luís Lopes, Rui Reguinga. Luís Pato, Álvaro de Castro, David Baverstock,
António Graça e Maria João Almeida,. No final , J.M. Soares Franco apontou a casta como “âncora dos vinhos portugueses, faltando melhorar o
carácter da casta em todas as regiões do país.É à volta da touriga nacional que se pode promover as outras castas portuguesas”.
A Mesa3, sob “Touriga nacional, diferentes perfis em diferentes
terroirs?, juntou Domingos Soares Franco, Rui Falcão, Manuel Soares,
Anselmo Mendes, Filipa Pato, Luís Duarte e Jorge Queiroz. No final. Domingos Soares Franco, reportou-se à casta, quase extinta nos Anos 70,
variar de região para região, em função do cima e solos.
“Ela é melhor em lotes, não podemos ter a massificação da casta como
outros países. Trata-se de uma casta antiga, e enquanto no estrangeiro A jornalista angolana Sofia Buco e o cameraman Carlos Gamboa,
sabem par onde ir , nós ainda não sabemos o rumo. É preciso um tra- da TV Zimbro
14
Enólogos, produtores, investigadores,
empresários, jornalistas, especialmente
da imprensa especializada estrangeira,
bloguistas e outros profissionais e visitantes por lá circularam, contribuindo
para o debate e sucesso desta I conferência internacional de vinhos portugueses,
que em termos de organização é também um ensaio preliminar para o XXIV
Congresso Mundial da OIV, que se realizará
no mesmo local, em Junho de 2011.
Angola, um mercado em ascensão para
os produtores-exportadores portugueses, enviou a esta conferência uma
dezena de jornalistas, incluindo uma estação privada de televisão, a TV Zimbro, o
que revela a atenção com que os angolanos seguem os vinhos portugueses.
Mas a expectativa para com os vinhos
portugueses também paira no Reino
Unido e nos EUA , onde os apreciadores
querem provar castas de regiões menos
conhecidas”, uma nova moda” segundo
o jornalista britânico Charles Metcalfe e
“da qual a Espanha já se está aproveitar”.
Jornalista britânico propõe
uma Sala Ogival no Algarve
Portugal e Espanha são os países com os
vinhos de características
mais distintas e, de 1.600
castas comercializadas no
mundo Portugal é responsável por 10 % e “agora é
C. Metcalfe
o momento de arrancar…
A França tem Paris, a Itália tem Milão, a
Espanha tem a tourada, o flamengo e as
tapas , e Portugal ainda não projectou
uma imagem... é discreto e a mensagem passa despercebida. Portugal é o
próximo país vinhateiro a ser visitado, e
o Douro é uma região como o Bordeaux”,
enfatiza.
“Portugal tem uma localização privilegiada sobre vinhos e castas e agora é a altura certa de se promover”, aconselha Metcalfe, um dos críticos britânico de maior
renome mundial, autor de programas de
TV, vice-presidente da International Wine
Challenge, e consultor da City of London
Corporation para os vinhos e banquetes
oficiais do Estado.
Para o especialista britânico a “casta
Touriga Nacional é de topo”, e o constitui
“o começo do renascimento de Portugal”,
embora seja também “apenas o início,
porque plantar uma casta é um projecto
a longo prazo”.
“É um património, e só a Itália se lhe pode
comparar, porque tem muitos vinhos
diferentes e castas, mas a Itália é muito
maior e mais conhecido”,
comenta.
“Os portugueses têm
de ser criativos e imaginativos, porque não é só
o golfe e a praia que têm
para oferecer... precisam
divulgar as suas aldeias,
a arquitectura, os Descobrimentos, por exemplo,
apostar nas quintas e
hotéis vínicos, especialmente do Douro. E desta
forma, haverá troca de
ideias, vender-se-ão mais
vinhos e os vossos livros também…
Há excelentes unidades hoteleiras,
grandes e pequenas que deveriam estar
presentes em feiras e certames... e o proprietário do vinho não aparece... gostaria
de ver uma sala ogival no Algarve, semelhante à do Terreiro do
Paço”, rematou o jornalista
inglês.
A jornalista americana, da
agência Bloomberg, Elin
Elin McCoy
McCoy, autora especializada em leilões e colecções de vinhos,
reportou-se à importância da internet
para o negócio e a divulgação dos vinhos
“A net é algo global em qualquer parte do
mundo, um caso paradigmático, e as pessoas querem histórias atractivas que as
façam escolher o vinho”.
Por sua vez, o consultor chinês de vinhos,
Simon Tam, mas que cresceu e estudou
na Austrália, falou do mercado da China,
onde de momento imperam os vinhos
franceses”, embora “Portugal tenha tanto
para oferecer, tantas regiões, devendo
encontrar uma forma de abrir as portas
e promover as suas marcas, além de ter
uma cultura muito antiga”.
Portugal tem uma área de vinha com
237.000 hectares, ou seja 6,3% da superfície agrícola útil, estando os vinhos portugueses em crescimento na maioria dos
mercados, com mais 11 % no primeiro
semestre do ano face ao mesmo período
de 2009.
O ano de 2010 foi considerado excelente
para os vinhos nacionais, e segundo o
ministro da Agricultura, António Serrano,
as exportações totais no sector do vinho
deverão atingir os 600 milhões de euros.
A revolução provocada pela Internet
no negócio do vinho, designadamente
na venda e promoção dos vinhos fora
dos circuitos tradicionais, foi amplamente
debatida durante quase três horas, com
questões postas pela assistência, por experts como Ryan Opaz (americano radicado em Espanha e, chefe de cozinha e organizador de workshops e conferências),
Joe Roberts (EUA, jornalista e bloguista responsável pelo1WineDude.com, eleito re-
centemente o melhor blogue de vinhos) ,
Robert Mcintosh ( embaixador ou agente
de marcas de vinho no Reino Unido, representando produtores de Rioja, ) Louise
Hurren (França) André Ribeirinho (Portugal, bloguista e fundador da Adega), Neal
Martin (jornalista britânico e bloguista do
wine-journal.com com 100.000 leitores) e
Jancis Robinson, editora da secção de vinhos do Financial Times.
Sobre fenómeno da net e o impacto na
indústria do vinho,“é importante interagir
com as pessoas….imaginem a nosso vida
sem telemóvel”, comentou Ryan Opaz,
relembrando os 25 anos do telemóvel no
Reino Unido.
“As redes sociais para o negócio e promoção do vinho são como o telemóvel,
temos de interagir, fazer parte desta
rede social para nos afirmarmos. Há pessoas que estão no Facebook por causa
da Moda ou do Futebol, então temos de
puxá-las para os vinhos”, sugeriu o especialista americano, aludindo aos 500 milhões de membros do Facebook em todo
o mundo, com um ritmo de crescimento
anual de 2 milhões e 700 mil milhões de
minutos por gastos pelas pessoas que
nele comunicam.
Há marcas de vinhos que não têm essa
expressão na Comunicação Social clássica, daí ser importante estarmos online
para ficarmos na corrida, porque o grande
desafio é afirmar a nossa opinião no meio
da multidão”, sublinhou.
“Cada empresa vinícola tem uma história
fantástica para contar. Interessa por trás
do rótulo passarmos a conhecer melhor o
homem ou a mulher que produz o vinho”.
A registar também a presença nos trabalhos de José A. Salvador, do Expresso,
Rui Falcão, da revista Wine Essência do
Vinho, colunista do Público e, autor do
Guia dos Vinhos; Tom Marthinsen (Noruega, ligado ao diário económico Dagens
Naeringsliv e editor do Vinguiden, o maior
site internet de enologia da Escandinávia;
Tom Lam, de Hong Kong, e considerado
a maior autoridade chinesa sobre Enologia., com um MBA; Kristine Baeder, editora
–chefe da revista alemã German Sommelier Magazin.
15
export & import
Quando o Canal do Panamá abrir
em 2104 aos grandes navios, estes virão da China carregados de
mercadorias destinadas à Europa
e Américas, rumando pelo Pacífico
com uma única escala no Panamá.
Aqui, descarregam os contentores
destinados à América do Norte,
América do Sul e Antilhas, servidas
por transhipment ou cabotagem.
Depois seguem para a Europa com o
resto da carga, sendo Tanger Med (o
novo porto a 20 kms ao norte daquela cidade marroquina, e só para carga)
e Sines os portos mais bem posicionados para receberem este tipo de
navios vindos da China..via Panamá.
Com os Pós-Panamax, os armadores
poupam duas semanas de viagem na
rota para a Europa --- uma na ida e
outra no regresso.
Segundo o comandante Joaquim
Ferreira da Silva (antigo director e exprofessor da Escola Náutica), a partir
de 2014, os navios Pós-Panamax vão
sair à média de 40 navios diários do
Oriente para a Europa. “Trata-se de
um novo tráfego, que implica a “rentabilização do transhipment”, ou seja,
dos navios que no Panamá fazem a
cabotagem das mercadorias para os
EUA (Costas Leste e Oeste), Canadá,
Caraíbas, Antilhas, Brasil, Argentina,
Chile, Perú; e também a partir de
Tanger ou Sines para os portos europeus do Norte da Europa e Mediterrâneo. “Os armadores da China
estão à espera da oportunidade, e
dos 40 navios diários a zarparem
da China, Sines terá possibilidade
de receber 10 por cento”, adianta o
especialista.
Por outro lado, até 2015 os tráfegos
de transhipment terão 42 linhas regulares, e o futuro dos porta-contentores será só de grandes navios (20
a 25 tripulantes ) e navios pequenos
(7 a 8 tripulantes), sendo abatidos os
navios médios, à semelhança do que
sucedeu aos petroleiros.
A China “passou a ter um papel
crucial em termos intercontinentais”,
com o crescimento do PIB para 5,877
triliões de USD em 2010 (e 14,62
triliões USD dos EUA), que já é o
segundo maior PIB mundial, China
Sines e Tanger Med à espera
dos navios Pós-Panamax,
de 400 metros… carregados
de mercadorias do Extremo Oriente!
Os grandes navios pós-Panamax vão revolucionar o transporte
marítimo de contentores a grande distância e, por inerência, o negócio dos fretes marítimos e das operações portuárias. Isto, na sequência do alargamento do Canal do Panamá para navios com 50 metros
de boca (chamados Pós-Panamax, com 400 metros de comprimento),
e que estão a ser construídos nos estaleiros da China e Coreia do Sul.
A esta revolução no shipping de longa distância estão associadas
as economias emergentes da China, India e Brasil. Estes países têm
novas classes médias com novas exigências e novos hábitos de consumo, nomeadamente nos vinhos europeus de qualidade, na gastronomia, entre outros aspectos.
que só utiliza 300 a 400 milhões de
habitantes no seu desenvolvimento
“, disse o economista José Augusto
Felício, professor do ISEG, numa conferência na Sociedade de Geografia
“Estamos a assistir a um momento extraordinário de uma revolução global
de que a China é o grande propulsor.
E o fenómeno da globalização tem a
ver com a possibilidade de todos os
países poderem interagir entre si na
exportação e na importação, o que
se reflecte no crescimento do tráfego
de contentores, traduzindo-se em
duas lógicas : os grandes armadores
mundiais e os grandes operadores
portuários mundiais”.
No final de 2010, o movimento total
de contentores ascendia a mais de
200 milhões de TEUs (uma baixa
face aos 400 milhões de TEUs em
2009 devido à crise global que parou
muitos navios). E, dos maiores vinte
terminais de contentores, a nível
mundial, onze situam-se na China
Para esta nova realidade dos Pós-Panamax vindos da China, e que envolve
armadores e operadores, os governos português e marroquino terão
de formular as melhores condições
quer logísticas, quer de preços e as
melhores garantias, para competirem
entre si… faltando ainda a palavra
dos espanhóis em relação a Algeciras,
uma equação de três portos colocada
pelo professor do ISEG.
Para o desfecho e êxito desta autêntica “nova Rota da Seda” --- China/
Panamá/Europa (ou Oriente/Ocidente via Panamá) “que mercadorias
levam os navios na sua viagem de
retorno para a China?”, interroga-se
o director de operações de Sines,
comandante Carlos Oliveira.
Entre as possibilidades, além dos bons
vinhos e azeites -- que serão apenas
uma gota num grande navio de 400
metros (com 11.000 TEUs), mais de 50
metros de boca e 18 metros de calado,
-- podemos aventar algumas variedades de rochas, inclusive ornamentais
e, com certeza alguma sucata devidamente acondicionada para as siderurgias e estaleiros navais chineses.
Palavras-chave: China/ PIB/ portos /Economia /contentores /armadores /operadores /Panamá /Europa / Tanger/ Sines/ Algeciras/
vinhos/ azeites /Rota da Seda /sucata /siderurgias /estaleiros
16
aviação comercial
Beja / Ilha do Fogo
primeiro voo internacional
O aeroporto de Beja teve o seu primeiro
voo internacional da aviação comercial
no dia 14 de Abril, com destino à Ilha do
Fogo, com escala pela Cidade da Praia,
capital de Cabo Verde, e no âmbito da
geminação de Ferreira do Alentejo com
São Filipe.
Este primeiro voo internacional civil a
partir de Beja pertenceu à companhia
cabo-verdiana TACV, que utilizou um
boeing 757-200ER para a Praia, na Ilha de
Santiago, onde os passageiros tomaram
outro avião para o aeródromo de São Filipe, na Ilha do Fogo, o mesmo sucedeu
no regresso.
A certificação da pista para voos comerciais está a ser preparada pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) juntamente
com a Força Aérea, devendo estar concluída por toda a segunda metade do ano,
não impedindo que se realizem os voos já
programados entre Maio e Outubro.
Ali funciona base aérea militar nº11,
sendo os voos civis perfeitamente compatíveis, um hábito que já vem desde os
anos 70 e 80, altura em que pilotos da
TAP iam de vez em quando treinar para
Beja subidas e descidas com os “Jumbos”
Boeings - 747.
Assim, treze anos após conversações arrastadas, Beja tornou-se finalmente operacional ao tráfego civil, uma operacionalidade em muito incipiente, segundo
os especialistas, que fica muito aquém
das capacidades da antiga base aérea
alemã, que tem as duas melhores pistas
do país com cerca de 4.000 metros de
comprimento e paralelas., capazes de
receberem os maiores aviões da indústria aeronáutica como o Antonov ou o
Airbus 380 ou A- 400 de carga.
Daí se ter estudado a possibilidade de
criar um grande cluster aeronáutico em
Beja, para reparação de aviões, aventando-se a hipótese de transferência das
OGMA para lá por motivos de espaço
logístico e segurança. Mas tal nunca passou de conversações. Tudo ficaria muito
aquém do projecto de uma Plane’s Station da empresa inglesa Wiggins que
em 1998 propôs um cluster aeronáutico
para Beja, onde inclusivamente os Airbus
viriam pintar , além de outras assistências técnicas.
O plano da Wiggins incluía uma nova
cidade para 20.000 pessoas com todos
os equipamentos sociais e uma escola
técnica especializada…em Aeronáutica,
a partir do 9º ano de escolaridade.para
formação de quadros.
O projecto previa um entrosamento
com o Porto de Sines e ao complexo do
Alqueva e. mais tarde o reaproveitamento
turístico do antigo complexo das Minas
de São Domingos ( Aljustrel) e o Porto do
Pomarão.
A Wiggins, grande consórcio britânico,
que já construiu mais de 200 aeroportos
em todo o mundo , também ligada a fundos de pensões e ao turismo, propunhase fazer todas as infra-estruturas a troco
de uma concessão por 25 anos..
Alguns observadores viam no projecto a
melhor forma de repovoar o Alentejo e
fixar as populações.
Em Julho início de voos para
Mindelo
Mindelo, na Ilha de São Vicente e, capital
cultural de Cabo Verde, é o 13º destino da
transportadora portuguesa em África e o
terceiro para aquele arquipélago, depois
de Santiago e Ilha do Sal.
São Vicente é a segunda ilha mais populosa de Cabo Verde, e a nova ligação da
TAP servirá também a ilha vizinha de Santo Antão, que não dispõe de aeroporto.
Os voos iniciam-se a 1 de Julho, com duas
ligações semanais às terças e sextas-feiras, com duração de quatro horas, sendo
os voos de regresso no mesmo dia.
A maior encomenda da aviação comercial
A Indigo Air, a maior companhia aérea da
Índia de voos low-cost (Médio Oriente,
Dubai, Singapura, Bangkok) assinou com
a EADS (proprietária da fabricante Airbus)
a maior encomenda de sempre na história
da aviação comercial -180 aviões Airbus,
dos quais 150 da nova versão A-320 , que
entrará ao serviço em 2016, uma versão
que permite uma poupança de 15% de
combustível, ou seja menos 3,6 toneladas de emissões de CO2 por ano.
O negócio assinado no início do ano, ascende a 15,6 mil milhões de USD (10,79
mil milhões de euros)
A encomenda vai de encontro ao boom
económico da Índia, uma dos três países
BRIC, que à semelhança do Brasil e da China, viu a crise global passar ao lado.
Outra razão é o aumento na procura nos
voos domésticos da Índia ou nos países
onde existem fortes contingentes de emigrantes indianos, seja a Malásia, o Golfo
Pérsico ou o Médio Oriente, o que deter-
mina também a continuação na política
dos voos de baixo custo (low-cost).Na Índia existe uma dúzia de transportadoras
aéreas.
Registe-se que a Airbus atingiu em Janeiro último um total de 10 mil encomendas no cômputo dos seu modelos. As
primeiras 5 mil encomendas haviam sido
atingidas em Agosto de 2004.
TAP interessa a Taiwan e
à Ibéria
Depois do Qatar e de Taiwan, surge agora um terceiro interessado à privatização
da transportadora portuguesa, a Ibéria,
que após a fusão de há alguns anos com
a British Airways ficou a deter o mercado
da América Latina, só lhe faltando juntar
mercado brasileiro liderado pela TAP.
Já em Março, empresas de Taiwan ligadas ao sector energético estavam interessadas no capital da TAP, segundo
declarações do representante comercial
daquele país, Diego Lin Chou.
Há mais de dez anos que se fala na privatização da TAP, e já em tempos o então ministro socialista Jorge Coelho defendera da
necessidade de se avançar nesse sentido.
Em Janeiro o primeiro-ministro em
gestão e os ministros dos Estrangeiros
e Obras Públicas estiveram em visita oficial ao Qatar apara apresentar o plano
de privatizações e reforçar a presença de
empresas portuguesas naquele país do
Golfo Pérsico.
A privatização da TAP poderá racionalizar recursos humanos e rever tarifas
demasiado caras em rotas africanas, especialmente nos voos para Cabo Verde.
Microalgas dão bicombustível para aviação
O Laboratório Nacional de Energia e
Geologia (LNEG) está a desenvolver juntamente com a Associação portuguesa
de transporte e trabalho aéreo (APTTA)
um projecto de investigação com vista à
produção de bicombustível destinado à
aviação comercial.
Em 2012 o transporte aéreo será incluído no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), um objectivo
definido pela Comissão Europeia para
uma redução efectiva de 3% nas emissões de CO2 da aviação comercial no
espaço europeu para obviar os efeitos
de estufa.
O LNEG prevê que complementarmente à microalgas se possa utilizar
qualquer outra fonte de biomassa para
a produção de combustíveis, incluindo
lixo de qualquer proveniência.
17
p e n ú l ti ma s
Enoturismo:
Quintas e hotéis do
Douro premiados
com “Best of Wine
Tourism 2011”
Um júri internacional de nove países
produtores de vinho distinguiu com o
Prémio “Best of Wine Tourism 2011 três
projectos de hotelaria e gastronomia no
Vale do Douro --a Quinta da Avessada
(Alijó) na categoria Inovação; a Quinta
do pego (Tabuaço) na categoria Alojamento e, o Restaurante DOC (Armamar)
na versão Restaurante Vínico.
O concurso, que visa desenvolver o
enoturismo, é instituído pela Great Wine
Capitals Global Network, rede que integra as nove cidades e regiões vinhateiras
mais importantes do mundo--Bordeaux
(França), Bilbao-Rioja (Espanha), Cidade
do Cabo (África do Sul), Christchurcg
(Nova Zelândia), Florença (Itália),
Mendoz (Argentina), Meinz-Reinhessen
(Alemenaha), São Francisco - Napa Valley
(EUA) e Porto.
A Quinta da Avessada em Favaios, Alijó,
desenvolveu um projecto de Enoteca interactiva, ou seja, um museu que recorre
à multimedia, dando uma retrospectiva
da cultura da vinha e do vinho no Alto
Douro.
O Restaurante DOC situa-se no Cais
da Folgosa, entre o Pinhão e a Régua
e constitui um marco na gastronomia
da região, tendo sido eleito em 2008
como o melhor “Novo Projecto Privado”,
Prémio Turismo de Portugal, e também
distinguido com o “Garfo de Ouro pelo
anuário “Boa Cama / Boa Mesa”. do semanário Expresso.
Já o Hotel Rural Quinta do Pego nasceu
da criatividade do dinamarquês Karsten
Sondergaard, grande apaixonado da
geografia duriense, onde adquiriu uma
propriedade. A partir de então foi construído uma unidade topo de estrelas
com 10 quartos, 30 hectares de vinha e
piscina sobranceira ao Douro..
Viana do Castelo Cidade do
Vinho 2011
Fundamental para esta eleição de Viana
do Castelo foi o trabalho desenvolvido
pelo município local à volta da marca
“Vinhos das Terras do Gerez”, tendo em
vista a criação de riqueza económica no
concelho.
Ao longo de 2011, Viana do castelo será
palco de grandes eventos, tais como
Gala da Cidade do Vinho, Dia de Reis, os
Fins-de-Semana Gastronómicos, Gala da
Eleição da Rainha das Vindimas, Conversas à Volta do Vinho, Jornadas Europeias
do património, Dia Europeu do Enoturismo, variados cursos de formação e promoções de vinhos no Mercado Municipal.
Novo produtor lança vinho
“Cultural” em Estremoz
Artur Ferro, um novo produtor de vinhos
no concelho de Estremoz, acaba de lançar
a marca “Cultural”, da responsabilidade
do enólogo Joachim Roque, começando
a nova marca de vinhos com13.500 garrafas destinadas ao Alentejo e Algarve,
embora os proprietários já tenham contactos para a exportação.
Com uma pequena propriedade de
6,5 hectares, o casal Artur e Luísa Ferro,
cultivam uvas das castas tintas Aragonez
e Cabernet Sauvignon,, na Quinta D.
Joaquim.
No restaurante Res Publica ao Bairro Alto, em
Lisboa, prosseguem as tertúlias mensais, cujo
início foi a 31 de Janeiro passado, com o tema
“ Revolta republicana do Porto de 1890”, que
teve como principal orador Artur Santos Silva.
A Guerra Colonial foi o segundo debate, que
juntou no restaurante os coronéis Carlos de
Matos Gomes e Aniceto Simões, sendo moderador o actor-declamador Luís Machado.
As iniciativas incluem também almoços às
quartas-feiras com políticos convidados e,
concertos clássicos e jazz todas as sextasfeiras com alunos e professores do Conservatório Nacional.
O Res Publica situa-se na Rua da Misericórdia,
na sede da Associação 25 de Abril, tendo
novos concessionários desde Novembro de
2010.
Prova dos Sentidos
nas Caldas da Rainha
Chama-se Prova dos Sentidos, um restaurante a não perder pelos verdadeiros
gourmets que visitam as Caldas da Rainha, junto à Praça da Fruta, e a dois passos
do Parque e do Museu José Malhoa.
Os donos, dois jovens amigos, Ricardo
Leitão e Sara Couto, decidiram há um ano
pôr mãos à obra, e arrancarem com um
espaço de decoração minimalista, onde
além da boa comida, é também ponto de
tertúlias e de provas de vinhos.No cardápio da casa há a considerar os....petiscos
e entradas, que só por si enchem um
comensal menos precavido, sobretudo
perante a excelente Morcela com ananaz,
as Migas de broa de mel e legumes ou as
Tostas de Chèvre (queijo de cabra) com
tomate seco ou ainda a Farinheira com
ovos mexidos, optando pelos pratos
Francesinha à Porto e a clássica Picanha
argentina..
Nos vinhos, pode ouvir os conselhos
argutos de Ricardo, que
desempenha o papel de um
verdadeiro sommelier e provar
as colheitas da Herdade das
Servas (Alentejo), toda a gama
da Casa Santar (Dão Sul) ou da
Quinta de São Francisco (Óbidos); Vale Zias, cujo produtor é natural
das Caldas, embora as vinhas situam-se
no sopé da Serra do Montejunto, dando
origem a uma óptima monocasta Syrah.
Nas provas de vinhos efectuadas an
prova dos sentidos, destacam-se as
seguintes : Casa de Santar, Murganheira
e Raposeira, Casal d’ Além (branco..
arinto de Bucelas) e Herdade do Rocim
(Alentejo, Vidigueira, do grupo MoviCortes)
Prova dos Sentidos - Rua General Queiroz, nº
50...indo de carro ou a pé, a partir da estátua
da Rainha D. Leonor, subindo em direcção à tal
Praça da Fruta.
Café Luso vai explorar Adega Machado
O mítico Café Luso, que nos Anos 30 foi
pioneiro na divulgação do Fado, vai passar a
explorar a Adega Machado, também situada
no Bairro Alto, na Rua do Norte. Segundo
apurou o “Correio dos Vinhos &” as obras de
remodelação deverão prolongar-se até final
do Verão.
Fundado em 1927, Luso tem actualmente
quatro sócios, João Pedro Ferreira Borges,
último descendente dos antigos donos , e
ainda João Ribeiro Fevereiro, Armando Fernandes e Belmiro Santos.
Recorde-se que a sociedade, dona do Luso, é
também proprietária de outra famosa casa de
Lisboa ligada ao Fado, o Restaurante Timpanas , em Alcântara , adquirido ao Trio Odemira
em finais dos Anos 60.
No conjunto global das três casas de Fado, cerca
de 80 pessoas trabalham, incluindo artistas.
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p e n ú l ti ma s
Poetas
do facebook
no Martinho da Arcada
São os chamados poetas do Facebook, oriundos de variadas profissões :
economistas, juristas, professores ou até
ligados às artes plásticas e outras actividades, que por iniciativa de Rogério
Martins Simões, antigo economista da
Alfândega, se reuniram no café-restaurante Martinho da Arcada, ao Terreiro do
Paço, precisamente no Dia Mundial da
Poesia e da Floresta.
No programa, com um vulgar e frugal
jantar - interessava mais a jornada de
poesia - caldo verde, bacalhau espiritual
acompanhado de um vinho tinto Pancas, - 70 comensais encheram o mítico
Martinho, frequentado nos Anos 30 por
Fernando Pessoa, também para homenagearem o poeta e seus heterónimos
e, divulgarem poemas próprios ou declamarem outros notáveis como Bocage,
Cesário Verde, Florbela Espanca.
José Baião, jurista da alfândega, e nas
horas livres músico, cantor, poeta, crítico
literário e, atleta na juventude, acabaria
por se cruzar volvidas décadas com
Joaquim Monteiro, poeta amador, investigador e declamador de Bocage, tal
como Rogério Simões e o autor destas
linhas que ainda arrebataram alguns
saudosos títulos de circunstância. Uma
mão-cheia de anos passados quase num
ápice que a poesia juntou em tertúlia.
Baião referiu-se à poesia como um dos
instrumentos propícios a certas surpresas... quando as palavras brotam”, tendo
declamado o Dia do Meu Aniversário,
de Pessoa, “No Tempo em que festejava
o dia dos meus anos “, saudade de uma
infância feliz.
Armando Figueiredo, professor e poeta
com o pseudónimo Daniel Cristal, veio
expressamente do Porto para a tertúlia,
reportou-se ao Martinho da Arcada
como “local mítico”, cuja “ambiência presente se torna mítica (...) uma homenagem também aos artistas que por aqui
passam, incluindo o canto, a declamação, a pintura e a música”.
“O Martinho é um templo destinado
ao culto do convívio, sublinhou. Depois
aludiu à personalidade de Fernando
Pessoa e aos seus 72 pseudónimos ou
heterónimos, também “encarado como
um medium e de certeza também como
um romancista que cria personagens de
uma narrativa que nos dá vida “.
As intervenções sucederam-se em cadeia
,João Veríssimo, António Martins Laborinho, a escritora Julieta Pereira, Dalila
Moura, a escritora brasileiraIsabel Lemos,
que elaborou um livro baseado em
personagens do facebook, Alice Ruivo e
João Raimundo, terminando com Joana
Duarte, professora em Évora, que leu
o poema “Cobri de Rosas” (de Rogério
Simões), e declamando a Nau Catrineta.
Martins Simões tem o blogue “Poemas de
amor e dor, com mais de três milhões de
visitas, com predominância de Portugal,
Brasil e Argentina.
Nicolau Santos
e Costa Silva
em incursão poética
“Aroma de pitangas num país que não
existe” é um livro de poemas (da editora Babel) feito por um jornalista de economia em co-autoria com um engenheiro de minas e professor do Técnico,
revelando a fina cultura humanística de
ambos - Nicolau Santos e António Costa
Silva.
Nicolau Santos, economista de formação
académica e jornalista de longo percurso
até chegar ao Expresso, onde é directoradjunto, não nos surpreendeu por este
novo livro de poemas, habituados que
estamos a uma saudação corporativa de
tempos a tempos, numa ida a concertos
clássicos ou de jazz, alternados com sessões de poesia organizadas pelo próprio,
como sucede na Feira do Livro.
Natural de Luanda e, um dos rostos
do Expresso ou da Sic, diz com ênfase
poético “tiraram-nos Angola, mas não nos
tiraram Angola dentro de nós… hoje em
dia somos uma espécie de “joint-venture,
e quando escrevemos trazemos esta dicotomia de dois países separados por 7.000
quilómetros,,. mas ligados por lianas”.
E depois ao som de Jazz pelo Quarteto
de Manuel Lourenço, os dois autores,
quais diseurs, declamaram os próprios
poemas num momento de tertúlia inolvidável para quem acorreu ao auditório
da Biblioteca Nacional de Lisboa.
“Eu nasci num país que já não existe.
Agora tenho dois países. O país onde vivo
e o país onde nasci. É outro país embora
tenha o mesmo nome do país onde nasci.
E o país onde vivo é agora o meu país.
O país onde vivo não me faz esquecer o
país onde nasci. Mas o país onde nasci é
agora outro país. E por isso no país onde
vivo procuro o país onde nasci”, abre assim Nicolau o seu turno de poemas.
Mas António Costa Silva, -- o presidente
da Partex (empresa da Gulbenkian para
os interesses petrolíferos da Fundação do
Senhor cinco por cento, como chamavam
a Calouste Gulbenkian) aparentemente
circunspecto, mas sempre didáctico e
profundo nos debates televisivos sobre
o mercado de combustíveis, a macroeconomia e a temática das relações internacionais) - foi uma agradável surpresa que
revelou a grande cultura humanística
deste engenheiro de minas e professor
universitário do Técnico…
O agora Costa Silva, homem da poesia,
convém lembrar, foi um activista na
Universidade de Luanda, ao tempo do
regime marcelista, tendo fundado o cine
clube universitário local. Mas viria pagar
o seu humanismo, o seu ecletismo cultural e a sua coerência com alguns anos
de prisão entre 1977 e 1980 em Luanda.
Na sua alocução declamatória reportouse às “conquistas da civilização” como
“dados não adquiridos… os sinais da barbárie são reversíveis e é preciso repudiar
os ideólogos das verdades absolutas. A
essência da política é o amor pela liberdade, e isso distingue-nos das mentes
totalitárias (…)”
“O Nicolau tem um grande amor pela
literatura e a poesia. E este livro ilustra
que nossa maior profissão é viver a vida;
é também um livro de alerta, acordem
estamos vivos (citando Heidegger), a
poesia reabilita a palavra e escrevemos
para nos decifrarmo-nos a nós próprios”,
diz Costa Silva.
Aroma de pitangas num país que não existe,
António Costa Silva // Nicolau Santos (prefácio de António Dornelas, ilustrações Amílcar
Soares) Lisboa, editorial Babel, 2011
Provas de vinhos portugueses no Brasil e Angola
Com vista a novas oportunidades de
negócio, a ViniPortugal realiiza de novo
provas anuais de vinhos portugueses no
Brasil, em São Paulo e Curitiba a 7 e 9 de
Junho, respectivamente.
Também em Angola e no âmbito de novos mercados para os agentes económicos portugueses, a ViniPortugal leva a
efeito provas de vinhos em Luanda, a 5
de Julho próximo.
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Carm Douro em 9º nos
100 mundiais da Wine
Spectator
O vinho Carm Douro (Reserva 2007) da
casa agrícola Reboredo Madeira alcançou o 9º lugar no top dos 100 melhores
vinhos do mundo da revista americana
Wine Spectator, a mais prestigiada publicação mundial do sector vitivinícola.
A família Madeira está instalada no
Douro desde o ano de 1600, e para
grande surpresa de muitos está mais
associada à produção de azeite e olivicultura. So mente em 1999 começou
a produzir vinho. As castas do vinho
premiado são touriga nacional, touriga
francesa e tinto roriz.
O primeiro lugar desta edição (referente
a vinhos produzidos até 2009) da Wine
Spectator foi atribuído ao tinto Saxum
(2007) da Califórnia,
das castas grenache,
mouvedre e syrah,.
O 2º,lugar coube ao
syrah australiano
Two Hands (2008),
enquanto que até ao
sexto lugar destacaram-se novamente os
vinhos da Califórnia.
Um desses, o 4º
lugar, o tinto Revana
(2007) das castas
cabernet e sauvigon,
foi produzido pelo
médico cardiolologista de Houston, o
indiano Madaiah Revana, que imigrou
de uma zona rural da India para os EUA:
O 7º lugar foi para um syrah da Austrália,
o Schild (2008), enquanto que o 8º foi
para o tinto da Toscana, Itália, da família
Flacianello. Em décimo, o branco francês
Clos des Papes (2009).
Desde 1988, que a revista elege os melhores vinhos do mundo durante a tradicional avaliação que realiza anualmente
na segunda quinzena de Novembro.
Para este ano, a revista recebeu (para
avaliar os vinhos até 2009) 15.800 concorrentes de 14 países. dos quais 3.400
mereceram a pontuação entre 90 a 100
na escala da WS.
Segundo a revista a qualidade mantevese alta, acima dos 93 pontos, e o preço
médio por garrafa dos vinhos a concurso foi 48 dólares (35,5 euros).
Registe-se que a Wine Spectator também já distinguiu os 100 melhores queijos do mundo relacionados com o vinho,
entre os quais o português de Nisa,
entre queijos de 11 países concorrentes.
Na altura do concurso, em Setembro de
No fecho da edição
Na Era da produção global de vinho, alguém me fala que o Chile, na sua longa faixa litoral junto ao Pacífico, de 4.300 kms por 300 kms de largura ((fronteiras políticas delineadas
na primeira vintena do século XIX , quando as relações internacionais, a geoestratégia e a
economia eram já um paradigma tripartido...entendido por profissionais e políticos)) tem os
melhores terrenos do mundo e as condições naturais por excelência para a produção de vinho,
que protegem a vinha das doenças endémicas, sem ser necessário recorrer a tratamentos de
pragas, aliado à rega natural, com a abundância das águas provenientes do degelo da cordilheira dos Andes.....uma geografia inteligente que fez dos vinhos chilenos autênticas vedetas
da excelência, tornando-os concorrentes dos Bordeaux e outros afamados.
Estas virtudes das terras chilenas foram bem compreendidas logo no primeiro terço do século
XIX, quer por franceses, espanhóis, nomeadamente bascos; e posteriormente americanos. Estavam lançados os dados para grandes vinhas e produção de qualidade, um processo que levaria
à primeira cotação de uma empresa vitivinícola na Bolsa de Nova Iorque em 1994.
Falta no entanto ao Chile, a longa História e a tradição do Mediterrâneo, neste caso o ocidente latino de Portugal, cruzado e erguido por gregos, fenícios, romanos, judeus, árabes,
que nos moldaram, o pensamento, o paladar.... o nosso modus vivendis com uma variedade de
produtos que fez a matriz da dieta mediterrânica.
O mar, elemento moderador das amplitudes térmicas-- frio e calor, além de influenciar os sabores dos frutos e legumes, é por isso uma marca portuguesa a não esquecer, face à qualidade
do que se produz em terra. Os vinhos portugueses, -- de escassa produção, comparada com
as extensas áreas australianas, chilenas ou sul-africanas, - têm no entanto a grande carga da
cultura mediterrânica, ou seja, a marca das civilizações greco-romana, judaico-cristã e árabe,
que andaram por aqui e nos moldaram os sabores, e também aos franceses, espanhóis ou
italianos, estes últimos referenciados pelos Gregos, que chamaram à Península Itálica “Oenotria”,
a terra do (bom) vinho.
2008, dos onzes países, os EUA lideraram com a apresentação de 32 tipos de
queijo e a França com 29 a concurso.
O queijo de denominação de origem
protegida (DOP) de Nisa baseia-se em
leite somente leite de ovelha, e a sua
produção estende-se aos concelhos de
Castelo de Vide, Marvão, Crato, Alter do
Chão, Portalegre, Monforte e Arronches.
Também a Vanity Fair distinguiu em Outubro de 2008 o queijo Amarelo da Beira
Baixa, no Fundão, como dos melhores do
mundo, e que se baseia em leite cru de
ovelha e de cabra.
Monte das Servas medalha
de ouro em França
O vinho tinto Monte das Servas colheita
seleccionada 2008 , do produtor Luís
Serrano Mira, Sociedade Vinícola Herdade das Servas (Estremoz, Alentejo), foi
premiado em França com a medalha de
ouro da 35ª edição do Challenge International du Vin (2011).
No certame estiveram a concurso 5.000
vinhos de 35 países e a distinção surge
após o mesmo tinto Monte das Servas
ter sido seleccionado entre 834 vinhos
num concurso de distribuição da Liquor
Control Board of Ontario, Canadá.
O Monte das Servas 2008 foi elaborado a
partir de quatro castas em percentagens
diferentes : 40% de Touriga Nacional, 25%
de Alicante Bouschet, 20% de Aragonez e
15 % de Trincadeira.
Esporão lança novas castas
A Herdade do Esporão (Alentejo) do
Grupo José Roquette lançou os novos
vinhos da renovada gama de monocastas - Touriga Nacional, Syrah, Petit Verdot
e Alicante Bouschet.
Estes vinhos distinguem-se pela superior
qualidade demonstrada por estas castas
no ano de 2008, e caracterizam-se pela
baixa produção, na ordem dos 5.000
litros cada variedade, em que o Syrah e o
Petit Verdot são estreias nesta gama.
Seminário Vitivinicultura dos Açores, Madeira e
Canárias
Os vinhos dos arquipélagos dos Açores,
Madeira e Canárias vão estar em debate
no Semináio e Vitivinicultura Atlântica,
que decorre de 10 a 11 de Junho na
Madalena, Ilha do Pico, Açores. O evento
integra-se nas comemorações dos 50 anos
da Adega Cooperativa da Ilha do Pico.
Entre os temas abordar está a promoção
dos vinhos atlânticos, património vitivinícola das ilhas atlânticas; História e
tradições na produção de vinho; viticultura e sanidade da videira; vinhos atlânticos, enoturismo e gastronomia.
Para as conferências são esperados
especialistas dos três arquipélagos e
internacionais, estando previstas actividades paralelas, designadamente visitas
à paisagem da Ilha do Pico, classificadapatrimónio mundial pela Unesco, ao
Museu do Pico ( vinho e indústria da baleia) e à montanha do Pico, uma das Sete
Maravilhas de Portugal e, participação
nas festividades do Divino Espírito Santo,
além de provas de vinhos e eventos
gastronómicos.
Importadora brasileira procura exclusividade portuguesa
A empresa de distribuição Vila de Arouca,
com sede no Rio de Janeiro, procura vinhos portugueses para trabalhar em exclusividade e e estabelcer parcerias com
empresas portuguesas, tendo em vista
um portefólio de vinhos do Alentejo,
Douro, Dão~e também do Minho, em
matéria de vinhos verdes.
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Vinhos: com ou sem sulfitos?