LEONARDO DA SILVA REIS ESTIMATIVA E COMPARAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DOS MÉTODOS DE BIOIMPEDANCIA E COMPASSO DE DOBRAS CUTÂNEAS EM ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO DA UNIVERSIDADE CATOLICA DE BRASILIA. Resumo Introdução O grau de desenvolvimento das capacidades físicas no futebol é fator determinante do nível desportivo do jogador, das necessidades energéticas específicas nas diferentes modalidades individuais e coletivas como e Futebol que são caracterizados como atividades intermitentes, com freqüentes variações de esforço. Objetivo: O objetivo do presente estudo é estimar e comparar o Percentual de gordura em atletas de futebol de campo da Universidade Católica de Brasília. Métodos:. Para tanto 15 atletas de futebol (idade=18,67±1,76 anos, peso=71,17±9,91kg, estatura=177,±0,04cm, IMC=22,59±2,74kg/m²). Resultados: Os resultados encontrados após os testes foram: o percentual de água ficou em 62,96±3,33%, a massa magra 44,77±2,19%, o peso ósseo 12,73±0,99kg, a bioimpedância 10,75±3,98%, as dobras cutâneas 12,61±3,12%), quando comparados, e não verificamos diferenças estatísticas entre os testes (Teste T, não pareado - p≤0,05). Conclusão: Os resultados encontrados demonstraram que os atletas do futebol apresentaram valores de percentuais de gordura esperadas, segundo a literatura, para os jogadores dessa modalidade esportivos. Palavras-chave: Composição corporal. Bioimpedância. Dobras cutâneas. Medidas e Avaliação. Futebol. INTRODUÇÃO A composição corporal é a divisão da massa corporal total em diversos componentes, como massa muscular, massa gorda, massa óssea e massa residual (LIMA et al, 2001) e têm sido usados como parâmetro por vários segmentos da atividade física, saúde e desempenho profissional e é de suma importância que seja calculada corretamente. O corpo humano é composto por muitos elementos, sendo 25 considerados essenciais para o funcionamento fisiológico normal. Cerca de 96% do corpo é formado pela combinação de quatro elementos (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio), que formam a base estrutural para a proteína, o carboidrato, a gordura e a água do organismo (WILLIANS, 2007). Informações associadas à composição corporal são de fundamental importância na orientação dos programas de controle do peso corporal e se tornam mais importantes, ainda, quando relacionados ao que temos de mais precioso: a saúde (FILARDO e PIRES NETO, 2009). Como a composição corporal pode afetar significativamente a saúde e o desempenho físico do indivíduo, os cientistas elaboraram várias técnicas para avaliar os componentes corporais (WILLIANS, 2007). A avaliação corporal quantifica os principais componentes estruturais do corpo- músculo, osso e gordura (McARDLE, 2001). A composição corporal serve de parâmetro para vários segmentos da atividade física, sendo extremamente importante a correta aplicação das técnicas de medidas e das fórmulas para o cálculo dos componentes, pois seus resultados serão utilizados para programas de controle de peso ou de desempenho físico (SALEM et al, 2004). Dependendo da finalidade, a composição corporal pode ser analisada como dois três ou quatro componentes. Os mais verificados são a gordura e massa livre de gordura (WILLIANS, 2007). Os procedimentos para avaliação da composição corporal envolvem a mensuração direta (por meio de análise química ou por dissecção) e as estimativas indiretas (Bioimpedância, mensuração simples e outros procedimentos) (McARDLE, 2001). Apesar da disponibilidade de uma variedade de métodos bem precisos e modernos, seus usos não são recomendados para avaliar um grande número de pessoas, pois utilizam equipamentos caros, gastam um tempo considerável e necessitam de profissionais altamente qualificados (NORTON e OLDS, 2000). Para selecionar o método e a equação mais apropriada deve-se considerar a idade, o sexo, o nível de atividade física, a etnia e a quantidade de gordura corporal do indivíduo (HEYWARD, 2001 apud REZENDE et al, 2006). A busca de técnicas mais simples e bem mais econômicas fez com que vários profissionais procurassem uma solução prática e menos dispendiosa nos métodos antropométricos, que preconizam as medidas de dobras cutâneas, perímetros musculares e diâmetros ósseos, realizados fora dos laboratórios (PETROSKI, 2003). Segundo o mesmo autor, existem várias vantagens no uso da técnica antropométrica, entre elas: a boa relação das medidas antropométricas com a densidade corporal obtida através dos métodos laboratoriais; o uso de equipamentos de baixo custo financeiro; a facilidade e rapidez na coleta de dados; e a não invisibilidade do método. Assim como a antropométrica a bioimpedância atualmente tem sido apresentada como uma alternativa rápida para a determinação da composição corporal, uma vez que é de fácil operação e relativamente confiável, podendo ser potencialmente usada no calculo das estimativas de gordura corporal (RODRIGUES et al.,2007). A avaliação da composição corporal por meio dos resultados da bioimpedância elétrica tetra polar baseia-se no fato de que os tecidos com elevados conteúdos de água e de eletrólitos apresentam elevada capacidade de condução elétrica, ao passo de que os tecidos com baixa concentração de água apresentam alta resistência a passagem de corrente (MCARDLE, 2003). O objetivo desse estudo é estimar e comparar a gordura corporal de atletas de futebol da Universidade Católica de Brasília usando as técnicas de dobras cutâneas e bioimpedância. MÉTODOS Amostra A amostra foi composta por 15 atletas de futebol da Universidade Católica de Brasília. A idade média dos jogadores foi de 18,67 (DP ±1.67) anos; a média de estatura foi de 177 cm (DP ±0,4). Para análise dos dados, os jogadores formaram um único grupo dos jogadores de futebol. Instrumentos Para medir a estatura e peso foi utilizado um estadiômetro Filizola modelo 67031 (Country Tecnology Inc, Gays Mills, WI) com precisão de 1 mm; e uma balança eletrônica/digital Filizola (modelo Personal Line) com 100g de precisão para medir a massa corporal respectivamente. Para realização da bioimpedância foi utilizada uma balança Avanutri (modelo SF 751b Reg. MS/ANVISA: Isento Importado e Distribuído por Ava nutri e Nutrição Serviços e Inf. Ltde), onde temos a s seguintes funções: Porcentagem (%) de gordura, peso Max (150 kg), grau de peso (0,1kg/0,2lb.), alcance de medição de gordura (1-60%), alcance de medição de água (20-75%), alcance de medição de músculos (10-50%), alcance de medição densidade óssea (3-30%), alcance da medição de calorias (0-9999). As medidas da dobras cutâneas foram obtidas com utilização de um compasso (LANGE, EUA) com leitura de 1 mm. Foi utilizado o programa GALILEU através do protocolo JACKSON & POLLOCK de sete dobras. Procedimentos As avaliações foram realizadas no Laboratório de Fisiologia – LEFE, localizado na Universidade Católica de Brasília. Os participantes foram esclarecidos sobre a finalidade do estudo e os procedimentos os quais seriam submetidos; e informado dos riscos e benefícios do estudo. Em seguida assinaram um termo de consentimento livre e esclarecimento, conforme a orientação do comitê de ética em pesquisa da Universidade Católica de Brasília. Os atletas compareceram devidamente trajados (sunga) para a realização do teste. Foi realizada anamnese e coletados os seguintes dados antropométricos: estatura (cm) e massa corporal (kg) IMC (Kg), percentual de água corporal, percentual massa magra, peso ósseo kcal, dobras e bioimpedância. A estatística descritiva foi utilizada para caracterizar a média e desvio padrão de cada parâmetro avaliado em cada grupo. Todos os testes foram realizados respeitando 24 horas sem atividade física. RESULTADOS e DISCUSSÃO Os atletas participantes desse estudo tiveram idade media 16 á 23 anos, e os dados antropométricos mostrados na Tabela 1: Tabela 1: Mostra a Estatura, o peso, o IMC, a %BIA, % dobras, % água, % massa magra, o peso ósseo e as calorias, como media ± desvio padrão. Dados % Kg 2 Estatura (cm) Peso (kg) IMC (kg/m ) % BIA 177 ± 0,4 71,17± 9.91 22,59± 2,74 10,75± 3,98 8,29 % dobras % H20 12,61± 3,12 62,9± 3,33 8,97 44,76 %Massa magra Peso ósseo(kg) k 44,77±2,19 31,86 12,73±0,99 É de suma importância investigar as possíveis diferenças entre os diversos tipos de métodos utilizados em estudos sobre a composição corporal. Os resultados aqui obtidos demonstram que as diferenças observadas entre as metodologias do compasso de dobras cutâneas e a bioimpedância não são significativas. Essas diferenças sugerem que não há diferentes níveis de precisão dos instrumentos utilizados. Também pode ser considerado insuficiente utilizar apenas dobras para obter um valor mais próximo e mais precisa da composição corporal do indivíduo. A importância em se determinar o perfil físico de esportistas reside no fato da existência de uma relação entre forma corporal e desempenho físico o que é de fundamental importância para determinamos o padrão ideal para um jogador de futebol (SLAUGHTER et al 1977). No Brasil, o somatotipo antropométrico passou a ser amplamente utilizado na década de 1970, em função da aplicabilidade e das informações que produzia em relação á estrutura física dos atletas (QUEIROGA 1997). A água constitui de 40 a 70% da massa corporal, dependendo de idade, sexo e composição corporal, representa de 65 a 75% do peso do músculo e cerca de 10% da massa de gordura. Conseqüentemente, as diferenças na água corporal total entre indivíduos resultam em grande parte de variação na composição corporal (McARDLE, 2001). 3163,5 As necessidades calóricas diárias dos atletas em desportos extenuantes provavelmente nem sempre ultrapassam as 4.000 Kcal, as exceções incluem os indivíduos com uma grande massa corporal ou aqueles envolvidos em níveis extremos de treinamento ou de competição (WILLIANS, 2007). Segundo Prentice et al. (1991), durante o processo de redução de peso corporal, o organismo sofre adaptações fisiológicas com o intuito de preservar a massa magra, tais mudanças na utilização de substratos metabólicos e alterações na composição corporal. Essas adaptações metabólicas também podem sofrer influência de algumas variáveis como genótipo, no início do processo de treinamento. Os resultados encontrados no presente estudo, em relação ao efeito da redução de peso sobre o percentual de massa magra, confirmaram essas considerações, pois quanto menor o peso corporal do atleta, maior foi seu percentual de massa magra. Segundo Costa (2001), o valor percentual de gordura corporal em atletas varia de 5 a 12% nos homens, dependendo da modalidade esportiva. Os ossos e a gordura, que contem uma baixa quantidade de água, constituem um meio de baixa condutividade, ou seja, de alta resistência a passagem da corrente elétrica. Já os músculos e outros tecidos ricos em água e eletrólitos são bons condutores, permitindo mais facilmente a passagem. Segundo (COSTA, 2001) o valor da bioimpedância para atletas de futebol varia entre 7 e 15% do peso corporal dependo da modalidade esportiva praticada. Segundo Lima et.al (2001)observando esportista de 15 a 23 anos,que praticam esportes de impacto ou de alta duração como futebol,basquete,ginástica e atletismo houve um aumento significativo na densidade mineral ósseo entretanto ambos apresentaram peso ósseo ou densidade entre 11a 15%do peso corporal dos esportistas.pode se inferir que o tipo de atividade física praticada influencia na magnitude das alterações do peso ósseo. Conclusão Podemos concluir que os dados aqui apresentados são de extrema importância para achados em atletas juvenis de futebol, para uma seleção profissional, na qual os indivíduos poderão ser escolhidos para o esporte. Assim os achados de porcentagem de gordura feita com dobras cutâneas e bioimpedância não tiveram diferenças significativas, mostrando que os aparelhos de bioimpedância são mais preciosas para análises da quantificação de água no corpo, massa magra, peso dos ossos e gordura controlada, muito mais rápido que os aparelhos de dobras cutâneas, que podem variar de avaliadores. Ainda esclarecemos que estes achados poderão ajudar técnicos e preparadores físicos do futebol, estimando a quantidade de peso, gordura, água e massa muscular e peso ósseo em atletas de equipes profissionais, colaborando com o controle ponderal de atletas. Sugerimos ainda que mais estudos sejam relacionados com achados semelhantes em outras categorias, para definição de dados antropométricos no futebol. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA McARDLE, W. D. et al. Fisiologia do Exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan ,2001. FILARDO, R. D.; PIRES NETO, C. S. 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