Matéria: literatura
Assunto: modernismo - monteiro lobato
Prof. IBIRÁ
Literatura
MONTEIRO LOBATO (1872-1948)
Obras: Urupês (1918), Cidades mortas (1919) e Negrinha (1920)
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Fixação dos costumes interioranos
Descoberta do caipira paulista (Jeca Tatu)
Denúncia social
Contos tradicionais e patéticos
Linguagem conservadora e ideias progressistas
Polêmico, divulgador de ideias progressistas, procurou em seus contos revelar a situação
miserável do homem do interior. No caso, o caboclo paulista. A predominância de personagens
e cenários rurais, os jecas-tatus e as cidades mortas  cidadezinhas decadentes do Vale do
Paraíba, onde brilhara a civilização do café  fez com que alguns críticos o rotulassem de
regionalista, o que parece um equívoco.
Embora o sentido modernista dos temas, há na técnica dos seus contos nítida inspiração em
Maupassant, isto é, do conto tradicional, aquele que busca o efeito fácil, com finais imprevistos
e soluções anedóticas ou macabras. Também a sua escritura está presa nas fórmulas do séc. XIX.
Não foi à toa que se manteve afastado do movimento de 22, recusando a destruição proposta
pelos círculos que fizeram a Semana da Arte Moderna. Principalmente porque esta destruição
dirigia-se mais à linguagem, onde o escritor paulista revelava-se bastante conservador.
Podemos entender assim a sua incompreensão diante da pintura de Anita Malfatti, em 1917,
fato importante para a deflagração da Semana de Arte Moderna. Assim, realiza uma forte
crítica à exposição feita pela artista plástica no seu famoso e destruidor artigo “Paranóia ou
mistificação”.
Literatura infantil
Como precursor no Brasil, na literatura infantil, Lobato encontraria o seu verdadeiro caminho.
As histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo e seus habitantes, Dona Benta, Pedrinho, Narizinho,
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Literatura – Prof. Ibirá Costa
Emília, o Visconde e tantos outros permanecem como modelos quase insuperáveis do
gênero. Rompendo com os mitos europeus, as narrativas baseiam-se na realidade brasileira,
apresentando uma síntese perfeita entre informação e ficção, magia e verdade.
Quando reuniu sua Obra Completa, Monteiro Lobato dividiu sua vasta produção em duas seções: Literatura Geral (1946) e Literatura Infantil (1947). Esta última, pela extensão e pelo interesse que suscitou do público, garantiu ao escritor o posto de melhor brasileiro do segmento.
Entre os vários títulos e reedições desses livros, a versão de O Picapau Amarelo de 1939 ocupa
um lugar de destaque. É nessa obra que se narra como os personagens de várias histórias fabulosas passam a morar no Sítio do Picapau Amarelo. Lá já estavam Dona Benta e outros protagonistas: os netos Pedrinho e Narizinho, a boneca de
pano falante Emília, o Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia, Tio Barnabé, o Marquês de Rabicó,
o sábio burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim. No contrato de compra de uma propriedade vizinha, destinada a abrigar mais personagens, havia uma cláusula segundo a qual deveriam
vir também todos os “personagens do Mundo-da-Fábula para as Terras Novas de dona Benta”.
Esses seriam seres como Pequeno Polegar, Branca de Neve com os sete anões, Cinderela, Barba
Azul, gênios e personagens das Mil e Uma Noites, Netuno, Medusa, entre outros, além de Dom
Quixote. Mas havia uma condição: “Eles ficavam para lá da cerca e ela e os netos ficavam para
cá da cerca, nas velhas terras do sítio. Quando algum quisesse visitá-los, tinha de tocar a campainha da porteira e esperar que o Visconde abrisse. Proibido pular. Quem o fizesse, correria o
risco de espetar-se no pontudo chifre de Quindim -o guarda”. Monteiro Lobato joga com várias
tradições da literatura infantil e das fábulas neste livro, para onde converge a narrativa de obras
anteriores. A saga do Sítio do Picapau Amarelo começou em 1921, com a publicação de Narizinho Arrebitado. Outros viriam, como O Saci (1921), Fábulas de Narizinho (1921), O Marquês
de Rabicó (1922), O Noivado de Narizinho (1927), Reinações de Narizinho (1931), As Caçadas
de Pedrinho (1933), Emília no País da Gramática (1934), Geografia de Dona Benta (1935), Histórias de Tia Anastácia (1937). Nessas obras, percebe-se -além de uma imaginação poderosa -um
sentimento de nacionalismo e de apego ao rural. Havia também uma clara orientação didática
a guiar Lobato na composição desses textos. Por meio de fabulações, o autor educava e incentivava nas crianças o gosto pela leitura. Há até remissões de um livro para outro, que serviam
assim não apenas como apontamento de uma coerência interna de toda essa produção. Nascido em 1882, em Taubaté, e falecido em São Paulo, em 1948, Monteiro Lobato teria
adaptada pela tevê sua literatura infantil. A série Sítio do Picapau Amarelo faria enorme sucesso
nas décadas de 70 e 80. Já sua “obra geral” também teria momentos de grande repercussão,
como a criação em Urupês (1918) de um dos personagens brasileiros mais populares, o Jeca
Tatu, um caipira preguiçoso, doente e inadaptável à civilização -imagem preconceituosa que ele
corrigiria posteriormente. Passou à margem do Modernismo brasileiro, contra o qual chegou a
travar polêmica ao criticar uma exposição da pintora Anita Malfatti (1889-1964).
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