Série: 4º ano Professoras: Márcia Regina Chefaly Maria Isabel F. Mandaji Michelle Oliveira Romano Patricia Gabriele de Oliveira Lopes Renata Valéria de Roce Professora substituta: Thamyris Galvão Livro: O PICAPAU AMARELO Monteiro Lobato Editora Globo “― Sinto um comichão no cérebro – disse Pedrinho – Quero conhecer coisas. Quero saber tudo quanto há no mundo... ― Muito fácil, meu filho – respondeu Dona Benta. – (...) está nos livros. Basta que os leia.” Monteiro Lobato Segundo o pesquisador Léo P. Ferreira, nas obras infanto-juvenis de Monteiro Lobato, o bem e o mal não aparecem por meio de personagens. Considera-se como vilã a ignorância, que pode ser derrotada pelo conhecimento, que é o único herói de suas histórias. Os textos de Lobato incentivam a capacidade de raciocínio e o uso do senso crítico em relação à cidadania. O medo dá lugar à liberdade de pensar. Desse modo, o autor ensina a pensar, possibilitando aos seus leitores o emprego das habilidades intelectuais por meio do exercício da razão e da lógica. Outro ponto importante é a íntima união entre o real e o imaginário. São perfeitamente aceitáveis as existências de uma boneca de pano, a Emília, que fala e é muito esperta, e de um boneco feito de um sabugo de milho, o Visconde de Sabugosa, que também fala e é um sábio, por ter ficado, por algum tempo, junto com os livros nas estantes da biblioteca de Dona Benta, o que ressalta a importância do livro e da leitura. Ao longo do projeto serão trabalhadas as seguintes habilidades: desenvolver a competência leitora, assim como o gosto e o interesse pela leitura de uma forma prazerosa; reconhecer alguns gêneros textuais presentes na cultura popular brasileira; tomar conhecimento de algumas obras do autor; respeitar a diversidade da cultura brasileira. Todos devem ler os livros que Monteiro Lobato escreveu, crianças e adultos. As crianças e os jovens para aprenderem muitas coisas, entre elas um bom conhecimento da língua portuguesa e a formação de um censo crítico positivo das coisas que nos cercam, e os adultos, para voltarem a rever conceitos, que talvez tenham esquecido ou que não tenham aprendido. Um pouco sobre o autor Monteiro Lobato (1882-1948) foi um escritor e editor brasileiro. "O Sítio do Picapau Amarelo" é sua obra de maior destaque na literatura infantil. Criou a "Editora Monteiro Lobato" e mais tarde a "Companhia Editora Nacional". Foi um dos primeiros autores de literatura infantil de nosso país e de toda a América Latina. Metade de suas obras é composta pela literatura infantil. Destaca-se pelo caráter nacionalista e social. O universo retratado em suas obras são os vilarejos decadentes e a população do Vale do Paraíba, quando da crise do café. Situa-se entre os autores do Pré-Modernismo, período que precedeu a Semana de Arte Moderna. Registrado com o nome de José Renato Monteiro Lobato, resolve mudar de nome, pois queria usar uma bengala, que era de seu pai, que havia falecido no dia 13 de junho de 1898. A bengala tinha as iniciais J.B.M.L gravadas no topo do castão, então mudou de nome, passou a se chamar José Bento, assim as suas iniciais ficavam iguais às do pai. Em 1921 publica "Narizinho Arrebitado", livro de leitura para as escolas. A obra fez grande sucesso, o que levou o autor a prolongar as aventuras de seu personagem em outros livros girando todos ao redor do "Sítio do Picapau Amarelo". As histórias do "Sítio do Picapau Amarelo", e seus habitantes, Emília, Dona Benta, Pedrinho, Tia Anastácia, Narizinho, Rabicó e tantos outros, misturam a realidade e a fantasia usando uma linguagem coloquial e acessível. Resenha A história de “O Picapau Amarelo”, lançado em 1939, inicia-se com uma carta do Pequeno Polegar, escrita em uma pétala de flor, na qual esta figura tão recorrente nas histórias diz que os personagens do Mundo das Fábulas estão com muitas saudades do Sítio do Picapau Amarelo e desejam se mudar para lá definitivamente. Dona Benta concede o pedido e, a partir de então, muitos acontecimentos divertidos e inesperados ganham corpo, compondo uma história rica e bem estruturada, capaz de despertar o interesse do leitor. Alguns elementos presentes na obra merecem ênfase e uma explicação mais detida, principalmente quando se visa à leitura nos espaços escolares. Percebe-se que Monteiro Lobato não pretende escrever uma obra moralizante, só cheia de bons ensinamentos, mas propiciar a fruição e possibilitar ao leitor a formação de uma posição crítica sem mecanismos artificiais e catequizantes. Tendo em vista que a obra foi lançada na década de 1930, percebe-se que em certos momentos há uma postura inovadora com relação às questões de gênero, como na passagem em que a Branca de Neve casa-se pela segunda vez após ter ficado viúva, comportamento que não era bem visto naquela época. Ainda com relação a esse casamento, Visconde diz que a princesa deveria se casar com o Príncipe Codadade somente se sentisse amor por ele, e não por obrigação. Quebra-se, dessa maneira, o estereótipo que determinava que as princesas (como possível representação de todas as mulheres) eram submissas e que precisavam de príncipes para salvá-las e “serem felizes para sempre”. Infere-se, portanto, que Lobato, mesmo que implicitamente, conseguiu sugerir que as mulheres tinham a escolha de se casarem com quem quisessem, podendo se divorciar e não sendo melhores ou piores por isso. Como ponto negativo da obra, pode-se apontar o distanciamento que opõe o narrador culto e Tia Nastácia, que por vezes troca letras e palavras, apresentando vocabulário diferenciado do autor e dos demais personagens. Como exemplos, temos o trecho em que o narrador diz que Nastácia “estropia” a palavra escorbuto, pronunciando-a “escrubuto”, a ocasião em que esta diz “truxe” ao invés de trouxe, entre outros. O leitor passa a ver Tia Nastácia como uma personagem que destoa socialmente das demais, o que sugere que ela ocupa uma posição de inferioridade e é marcada pelo exotismo. Para finalizar, pode-se afirmar que ler esta obra de Monteiro Lobato pode ser uma experiência enriquecedora para os alunos, já que, tacitamente, ela rompe com paradigmas e estereótipos, podendo proporcionar outras visões de mundo. Diversas abordagens podem ser feitas, principalmente no que diz respeito ao momento histórico em que o livro foi lançado e ao caráter inovador presente nos diálogos entre os personagens do “sítio”. Referente à posição ideológica em relação à Tia Nastácia, a contextualização histórica pode ser tema de uma discussão mais profunda na escola sobre preconceitos linguísticos e especificidades culturais, incitando reflexões e auxiliando na formação de opiniões e argumentações.