Defesa do Presente: relação temporal em “O
Imortal” de Machado de Assis e O Presidente Negro
de Monteiro Lobato.
Vinícius Lima Figueiredo
UFPR/TN
Dra. Renata de Praça Souza Telles
Introdução/Objetivos
Dentro do objetivo maior de estudar a relação entre
presente passado e futuro em textos ficcionais de
diferentes momentos históricos, a pesquisa teve
como objetivo específico o estudo da ficção científica
enquanto gênero que fundamenta um intrincado jogo
temporal em um argumento científico.
Método : A 1a etapa do trabalho envolveu uma pesquisa bibliográfica que permitisse a formulação de
uma definição do gênero e de suas características
mínimas. A 2a etapa da pesquisa foi dedicada então
à análise de 2 textos de momentos distintos na literatura brasileira, que pudessem ser lidos a partir da
definição formulada para a F.C.: o conto “O imortal”
de Machado de Assis e o romance “O presidente
Negro” de Monteiro Lobato.
Referências
LOBATO, Monteiro. O Presidente Negro.
São Paulo: Globo, 2008. 202 p.
ASSIS, Machado de. O Imortal. In. Obras completas.
Vol. 3. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
Resultados/Discussão
Na análise do conto de Machado, um texto que abriga várias
possibilidades de leitura, mas raramente lido como F. C., a definição do gênero formulada revelou-se produtiva: uma trama
aparentemente fantástica, mas sustentada por um argumento
científico, o princípio similia similibus curantur da homeopatia;
um jogo temporal entre passado e presente do autor em que
transparece uma determinada concepção de tempo, circular e
sem saída. Na análise da obra de Lobato, a definição do gênero
formulada se mostrou problemática: uma narrativa fantástica em
um cenário futurista, mas explicada através de um argumento
místico – o psiquismo. Contudo, notou-se no romance a presença das outras características apontadas como necessárias ao
gênero: um jogo temporal entre presente do autor e futuro, que
revela uma determinada concepção de tempo, linear e progressiva; a previsão de aparatos tecnológicos a partir de conhecimentos científicos do presente; projeção do futuro a partir de
ideias correntes no presente, como a eugenia.
Conclusões
A pesquisa bibliográfica acerca da F. C. enquanto gênero
literário mostrou que ele é pouco estudado pela crítica brasileira
e que sua definição ainda é não é clara. A análise e comparação
dos textos selecionados revelou como a F.C. pode enriquecer
a leitura de textos ainda não estudados sob esse ângulo e como
a definição do gênero é mais complexa, necessitando ser
trabalhada mais extensamente.
Download

de Machado de Assis e O Presidente Negro de Monteiro