O NASCIMENTO
PEDAGÓGICAS
DA
LITERATURA
INFANTIL
E
SUAS
IMPLICAÇÕES
Apresentação
Caro aluno, a disciplina Linguagens: Expressões em Educação tem como foco a
compreensão da Literatura Infanto- Juvenil enquanto arte, uma forma de expressão,
fundamental ao pequeno e jovem leitor. Dessa forma, estudaremos o nascimento da
Literatura Infantil e a importância de se desenvolver um trabalho adequado na
escola por meio dessa expressão.
Nossa proposta é a de levar o futuro professor a conhecer as diferentes fases do
desenvolvimento psicológico da criança e o livro indicado para cada fase; ler e
avaliar diferentes livros e gêneros literários destinados às crianças, bem como
conhecer os critérios de avaliação da matéria literária: texto e imagem. Ainda,
desenvolveremos um trabalho de autoria e criatividade possibilitando ao futuro
professor a criação de um livro: texto, imagem e diagramação. Esse trabalho tem
como objetivo levar o futuro professor a vivenciar a importância dessa atividade e
desenvolvê-la com seus alunos, para que a leitura e a escrita possam ser fonte de
prazer.
Perrault e o livro para crianças
Você sabia que a Literatura Infantil nasce com Perrault – no
final do século XVII, na França?
Vamos, então, compreender esse processo.
Perrault foi um escritor preocupado com a situação da mulher; a temática de seus
contos era centrada em mulheres injustiçadas, ameaçadas ou vítimas da sociedade.
A principal intenção do autor, num primeiro momento, foi a de apoio à causa
feminista. Somente após sua terceira adaptação A pele de asno (um conflito
feminino ocasionado pelo desejo incestuoso de um pai por sua jovem filha)
manifesta-se sua vontade de desenvolver uma literatura para crianças. Com a
redescoberta da narrativa popular maravilhosa percebeu que poderia, por meio
desse material, divertir as crianças e também orientar as meninas para sua formação
moral.
A Literatura Infantil, como a conhecemos, nasce com a publicação dos oito Contos
da Mãe Gansa: A Bela Adormecida no Bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Barba
Azul, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, Henrique do Topete e O
Pequeno Polegar, textos originários de antigos romances céltico-bretões e de
antigas narrativas originais indianas.
Quem foi a Mãe Gansa?
Segundo COELHO (1991), a Mãe Gansa era uma personagem de velhos contos
populares, muito familiar aos franceses (Mére l’ Oye), cuja função era contar
histórias para seus filhotes fascinados. Era comum na Europa, as mulheres
contarem histórias durante os longos dias de inverno ou enquanto fiavam. Daí a
vinheta que ilustrava a capa ser a de uma velha fiandeira. Assim, o nome Mãe
Gansa passou a referir-se a uma velha contadora de histórias, pois o ato de fiar
sempre foi associado à mulher, algo estreitamente ligado ao feminino.
Curiosidades
• A primeira coleção de pequenos volumes de contos traduzidos de Perrault, Grimm
e Andersen, feita no Brasil, a da Biblioteca Infantil da Melhoramentos – São Paulo,
1915 – 1925 – conserva na capa a figura da velha fiandeira contadora de histórias, o
que se tornou o símbolo do maravilhoso para várias gerações de crianças
brasileiras.
• Os contos de fadas, em Portugal e Brasil, surgiram no final do século XIX, como
contos da carochinha. Câmara Cascudo chama-as de contos de encantamento.
”... na passagem da era clássica para a romântica, grande parte da antiga literatura
maravilhosa destinada aos adultos é incorporada pela tradição oral, popular e
transforma-se em literatura para crianças”.(COELHO, 1991). O autor que deu início à
Literatura Infantil foi Charles Perrault.
10.1 BRASIL – SÉCULO XX – MONTEIRO LOBATO – UM MARCO NA
LITERATURA INFANTIL
José Bento Marcondes Monteiro Lobato (1882 – 1948) – foi o
homem que desencadeou as mudanças na Literatura Infantil.
Rompeu com o racionalismo tradicional e liberou toda a criatividade
de que a literatura precisava. Sua maior preocupação era com a
renovação da Literatura Brasileira e principalmente com a linguagem
brasileira na literatura. Lobato buscava uma dimensão
verdadeiramente “brasileira” em sua obra.
O sucesso das obras de Lobato em relação às crianças teve um fator decisivo:
apontar a realidade comum e familiar à criança, em seu cotidiano, envolvida pelo
maravilhoso, pelo mágico, de uma forma natural e verossímil, em que o real e o
maravilhoso se misturam em uma só realidade. Segundo COELHO (1982)“...
personagens ”reais“ (=Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, o leitão Rabicó...)
têm a mesma “contextura” das personagens “inventadas” (= a boneca Emília, o
Visconde de Sabugosa, o Pequeno Polegar e todas as dezenas de personagens que
povoam o universo literário lobatiano). Todas elas são verossímeis, fazem parte do
universo do faz-de-conta que Lobato criou, durante anos, e onde a criançada
brasileira de várias gerações tem “morado”, como ele mesmo fez com as grandes
obras lidas na infância ou adolescência...”.
Monteiro Lobato pôde por meio de sua obra mostrar o valor essencial da Literatura,
privilegiando sua função lúdica essencial ao espírito infantil. Precisamos enfatizar
sua habilidade em fundir o imaginário com a realidade concreta, onde se vivem
aventuras maravilhosas, o que foi decisivo para a atração das crianças. A maior
originalidade de Monteiro Lobato está em redescobrir realidades estáticas,
cristalizadas na memória cultural e dar-lhes nova vida, em meio às reinações do
pessoalzinho que vive no Sítio do Picapau Amarelo, como aponta COELHO (1982).
Como pais, professores, cidadãos brasileiros não podemos deixar de propiciar a
leitura de Lobato às nossas crianças, pois ele foi o grande inovador de nossa
Literatura Infantil. Hoje, precisamos de autores na Literatura Infanto-Juvenil que
estimulem a consciência reflexiva e crítica de seus leitores, que desenvolvam a
imaginação e a criatividade da criança.
Obras importantes: A Menina do Narizinho Arrebitado – 1921; Fábulas e O
Marquês de Rabicó – 1922; A Caçada da Onça – 1924; A Cara de Coruja,
Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho e O Circo de Cavalinho – 1927; A
Pena de Papagaio e O Pó de Pirlimpimpim – 1930; As Reinações de Narizinho –
1931; A Viagem ao Céu – 1932; As Caçadas de Pedrinho e Emília no País da
Gramática – 1933; Geografia de Dona Benta – 1935: Memórias da Emília – 1936;
O Poço do Visconde – 1937; O Pica-Pau Amarelo – 1939 e A Chave do
Tamanho – 1942.
Aspectos importantes sobre Lobato:
• Monteiro Lobato foi o divisor de águas em nossa Literatura Infantil; pois possibilitou
o novo, o criativo que faltava.
• Podemos dizer que Monteiro Lobato foi um autor preocupado com a nacionalização
de nossa Literatura.
A Literatura Infantil produzida por Lobato buscou:
• Romper com o racionalismo tradicional e abriu as portas para a criatividade da
Literatura Infantil.
• Fundir o maravilhoso, o mágico, à realidade comum e familiar da criança com
absoluta verossimilhança ou naturalidade.
• Redescobrir realidades estáticas, cristalizadas pela memória cultural e dar-lhes
nova vida.
• Levar às crianças o conhecimento da tradição (com seus heróis reais ou fictícios,
seus mitos, conquistas da Ciência, entre outros).
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O NASCIMENTO DA LITERATURA INFANTIL E SUAS