A América na literatura infantil de Monteiro Lobato Ana Carolina Werner da Silva Iniciação Científica UFPR/TN Orientador: Milena Ribeiro Martins O objetivo deste projeto é analisar as imagens dos Estados Unidos (de seus aspectos sociais, políticos e culturais) e o impacto da viagem do escritor àquele país em sua produção literária para crianças. Para tanto, partimos da avaliação de elementos daquela sociedade registrados e discutidos pelos personagens de América (1932), livro publicado logo após o retorno do escritor ao Brasil, depois de ter vivido por quatro anos em Nova York. A fim de documentar a presença de elementos culturais da sociedade norte-americana nas obras infantis de Monteiro Lobato, partimos da análise de América e de boa parte da obra infantil do escritor (da qual destacamos Reinações de Narizinho (1931), Memórias de Emília (1936) e A Chave do Tamanho (1942)), valendo-nos do aporte teórico da literatura comparada e das teorias bakhtinianas sobre o discurso. LOBATO, Monteiro. Obras completas de Monteiro Lobato. 2ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1948. C. A. , TEZZA, C., CASTRO, G. (Orgs.). Diálogos com Bakhtin. Curitiba: Editora da UFPR, 1996. NITRINI, Sandra. Literatura Comparada: história, teoria e crítica. São paulo: editora da USP, 1997. A pesquisa indica que Monteiro Lobato incorporou à sua obra infantil muitos elementos relativos à sociedade norteamericana que também foram temas de América (como por exemplo a independência feminina). Essa permeabilidade entre as obras sugere que seja relevante o estudo das obras do escritor para além da fronteira entre gêneros e públicos. Em geral, a crítica se dedica ao estudo de uma ou outra faceta da obra de Lobato, de sua obra para adultos ou de sua obra para crianças. A ilustração reproduzida em América faz alusão à iniciativa das mulheres norteamericanas, observada tanto no mundo do trabalho como nas relações pessoais. Percebemos, através dos diversos discursos incorporados por Lobato ao texto ficcional, que seus escritos comportam discussões sobre o moderno e também sobre o antigo; analisam e elogiam a tradição e o passado, mas também discutem a modernização e o tempo presente. Esses discursos que se encontram refletem uma sociedade que possuía uma aversão e, ao mesmo tempo, um apego à modernidade.