BLOQUEIOS DEFINIÇÃO São caracterizados pela formação em larga escala de anticiclones anômalos e semi-estacionários, que se desenvolvem e permanecem atuando por vários dias (Braun et al., 2002). Responsáveis pelo brusco desvio de sistemas transientes (frentes frias, ciclones) que normalmente atravessam a região, seguindo o escoamento zonal de oeste predominante em latitudes médias em médios e altos níveis. Contudo, com a configuração e o estabelecimento de um bloqueio, este escoamento passa a ser meridional, pois não é possível penetrar a região de alta pressão. Se formam em latitudes mais altas que o cinturão de anticiclones semi-permanentes (formado devido ao ramo descendente da célula térmica de Hadley, em torno de 30º em ambos os hemisférios). No HS, os bloqueios são formados por volta de 60º de latitude. Bloqueio é uma anomalia de alta pressão persistente em altos níveis em latitudes mais elevadas que o normal. Uma vez estabelecido, seu deslocamento é relativamente lento de um dia para o outro, e persiste por vários dias (Sanders, 1953). BLOQUEIOS PADRÕES DE BLOQUEIO O tipo dipolo (no HS, formado por um anticiclone de grande amplitude acompanhado de um ciclone no lado equatorial); O tipo omega (formado por um anticiclone entre dois ciclones, na forma da letra Ω invertida no HS); O bloqueio de um anticiclone ou crista de grande amplitude (Bluestein 1992, p. 79). BLOQUEIOS DEFINIÇÃO Fonte: http://www.master.iag.usp.br/ BLOQUEIOS IMPORTÂNCIA O estudo mais detalhado da ocorrência de bloqueios e das características da circulação atmosférica durante a sua atuação é de grande importância meteorológica, pois permite diagnosticar os impactos causados nas áreas adjacentes (geralmente ocorre precipitação intensa) e na região bloqueada (ausência de nuvens). Estudos anteriores mostram um aumento da qualidade da previsão de curto e médio prazo nas regiões afetadas pelo fenômeno (Trenberth e Mo, 1985 e Tibaldi et al., 1994). Contudo, modelos de previsão de médio e longo prazo ainda apresentam erros sistemáticos, associados a sistemas persistentes como o bloqueio. BLOQUEIOS CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO Dois diferentes métodos para identificar a presença de um bloqueio: O método subjetivo ou qualitativo (realiza-se uma análise visual do comportamento e evolução dos campos de diversas variáveis atmosféricas); O método objetivo ou quantitativo (as regiões de alta pressão são identificadas a partir de programas computacionais, baseados nas características físicas conhecidas que uma região de bloqueio possui). BLOQUEIOS – exemplos de trabalhos Rex (1950) - Método subjetivo O autor caracterizou bloqueios em termos da forma do campo de altura geopotencial em 500mb, enfatizando: A divisão da corrente de jato em dois ramos com transporte de massa; A transição abrupta do escoamento zonal para meridional; A persistência da configuração de bloqueio durante mais de 10 dias; Sua extensão em mais de 45º de longitude. Lejeñas (1984) – Método objetivo 1º critério desenvolvido; O índice identifica variação da altura geopotencial em 500mb entre as latitudes de 35º e 50ºS: IZ(λ) = Z35ºS(λ) - Z50ºS(λ) onde IZ(λ) < 0 por pelo menos 6 dias, sobre uma região média de ~ 30º de longitude para que o fenômeno seja classificado como bloqueio (aumento de Z com a latitude). BLOQUEIOS – exemplos de trabalhos Tibaldi e Molteni (1990) - Método objetivo Φ0 = 60ºN + Δ ΦS = 40ºN + Δ ΦN = 80ºN + Δ Δ = -3.75º; 0; +3.75º Gradientes meridionais Para cada longitude, calcula-se dois gradientes meridionais da altura geopotencial em 500hPa: Z é a altura geopotencial em 500hPa, Φ é a latitude e Δ é um contador latitudinal. lat ↓ Z ↑ Uma longitude é definida como sendo bloqueada em um determinado instante de tempo se satisfaz as condições abaixo por pelo menos um dos três valores de Δ. BLOQUEIOS – exemplos de trabalhos Onde a condição GHGN assegura que não seja considerado uma situação de bloqueio quando o ciclone (baixa pressão desprendida) é anomalamente deslocado para norte (Tibaldi et al., 1994). 7 anos (Dez 1980 até Nov 1987); Verificaram bloqueios locais e setores bloqueados, para cada estação do ano e em ambos os hemisférios; Bloqueios: episódios > 5 dias Preferência de setores bloqueados: Atlântico e Pacífico (HN) e apenas uma região ampla em torno de 180º de longitude (HS). No HN: Ciclo Sazonal Marcado No HS: 30% dos dias sobre o ano são bloqueados (no setor Australian) Porcentagem dos dias bloqueados em função da longitude, no HN. DJF: bloqueios podem ocorrer com a mesma frequência nos dois setores (Euro-Atlantic e Pacific). Valor máximo de 20%. MAM: EA pico aumenta para 25%; PAC pico enfraquece (metade do pico de DJF). JJA: PAC mostra pouca diferença com a primavera. Através desta figura é impossível distinguir os dois setores. SON: PAC o pico começa a se reconstituir. Menores frequências de bloqueios Porcentagem dos dias bloqueados em função da longitude, no HS. Bloqueios são menos freqüentes e não mostram uma dependência sazonal forte. AUSTRALIAN: pouca variabilidade sazonal da intensidade. BLOQUEIOS – exemplos de trabalhos Mendes et al. (2005) - Método objetivo Método semelhante ao de Tibaldi e Molteni (1990). Região da Austrália, Nova Zelândia e Pacífico Sudoeste (120E - 120W); Quatro regiões preferidas para formação de bloqueios no HS: Pacífico Sudeste (120W - 80W); Sobre o Pacífico Sul (180W - 80W) os eventos de bloqueios se concentram praticamente entre as longitudes de 180W - 120W (Pacífico Sudoeste). Oceano Atlântico (80W - 10W); Oceano Índico (70E - 120E). Mendes et al. (2005) - Método objetivo Variabilidade mensal dos dias bloqueados (colunas) e da frequência dos eventos de bloqueios (linhas) para: Pacífico Sul, Sudoeste e Sudeste do Pacífico Sul. Fonte: Mendes et al, 2005. Maior ocorrência de eventos e de número de dias bloqueados nos meses de inverno e início da primavera para o Pacífico Sudeste e Sudoeste. Variabilidade interanual: redução do número de bloqueios em anos de El Niño e aumento em anos de La Niña, na região de maior ocorrência deste fenômeno (região da Austrália e Nova Zelândia). Na costa oeste da AS, não se observa mudanças da frequência entre estes dois períodos. Na região do Oceano Índico, há um aumento na frequência de bloqueios durante os anos de El Niño em relação aos anos de La Niña. A duração dos bloqueios no HS é menor do que o observado no HN. Sistemas de bloqueios no HS são menos freqüentes que no HN. Bloqueios no HS em média localizam-se em latitudes mais baixas que no HN. BLOQUEIOS – exemplos de trabalhos Lima e Yaguchi (2008) - Método objetivo GHGN 0 GHGS 10 Área específica que satisfaz todos os critérios citados na metodologia; intervalo de ~ 40º de longitude; intervalo de tempo de 5 dias (19/07/08 a 23/07/08). Valores dos gradientes meridionais GHGN (cores) e GHGS (contornos) para o mês de julho de 2008 e Δ=-10º num intervalo de longitude de 120ºw a 0ºW. REFERÊNCIAS Bluestein, H. B., 1992: Synoptic-Dynamic Meteorology in Midlatitudes. Vol. I, Oxford University Press. Braun, S., Herrmann, V. N., 2002: Análise de dois casos de bloqueios ocorridos próximos à América do Sul. XII Congresso Brasileiro de Meteorologia. Lima, D. O., e Yaguchi, S. M., 2008: Bloqueio Atmosférico de julho de 2008 sobre a América do Sul. Mendes, M. C. D., Trigo, R. M., Cavalcanti, I. F. A., DaCamara, C. C., 2005: Bloqueios Atmosféricos de 1960 a 2000 Sobre o Oceano Pacífico Sul: Impactos Climáticos e Mecanismos Físicos Associados. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 20, 175-190. Mendes, M. C. D., Trigo, R. M., Cavalcanti, I. F. A., Dacamara, C. C., 2005: Comparação entre os episódios de bloqueios atmosféricos no oceano Atlântico Norte e Sul durante o período de 1960 a 2000. Tibaldi, S., Tosi, E., Navarra, A., Pedulli, L., 1994: Northern and Southern Hemisphere seasonal variability of blocking frequency and predictability. Mon. Wea. Rev., 122, 1971-2003. Trenberth, K, E., Mo, K. C., 1985: Blocking in the Southern Hemisphere. Mon. Wea. Rev., 113, 3-21. REFERÊNCIAS - Notas de aula da Amanda Sabatini Site: MASTER – http://www.master.iag.usp.br/