BRADIARRITMIAS E BLOQUEIOS RITMOS DE ESCAPE • No coração existem várias áreas capazes de gerar batimentos cardíacos, cada uma com frequência de disparo diferente. • A frequência cardíaca é determinada pelo foco de disparo que possui a →→→→ frequência mais alta. • Na falha do foco dominante, assume o(s) foco(s) que possui(em) a frequência imediatamente inferior a ele, criando assim uma hierarquia de ritmos de escape. RITMOS DE ESCAPE • • • • Nó SA: 100 – 60 bpm Marca-passo atrial ectópico: 75 bpm Marca-passo idionodal (AV): 60 - 40 bpm Marca-passo ventricular: 40 - 8 bpm RITMO IDIOATRIAL • QRS estreito • FC = 60 – 40 bpm • Onda P de morfologia diferente da P sinusal, com PR > 120ms • De acordo com a morfologia da P é possível localizar o foco • - em aVL e + em V1 = átrio direito • + em aVL e – em V1 = átrio esquerdo • - em D2, D3 e aVF = porção baixa dos átrios BRADICARDIA ATRIAL MULTIFOCAL • • • • Sinônimo = Marca-Passo Migratório Bradicárdico QRS estreito FC = 60 – 40 bpm 3 ou mais morfologias da onda P na mesma derivação RITMO IDIOJUNCIONAL • QRS estreito • FC = 60 – 40 bpm • Pode ou não aparecer onda P retrógrada (negativa em D2) • A onda P pode vir antes do QRS ou depois, com encurtamento de PR RITMO IDIOVENTRICULAR • QRS alargado e aberrante • FC < 40 bpm • Maligno por provocar baixo débito e por ser instável, gerando grandes pausas em assistolia BRADIARRITMIAS SINUSAIS BENÍNIGNAS • Bradicardia sinusal • Vagotonia • Crise vagotônica (hiperintensa e súbita): vasodilatação, hipotensão sintomática (pré-síncope, síncope), principalmente durante ortostatismo. • Forma branda e persistente: sono. • Drogas cronotrópicas negativas • • • • • • • Beta- bloqueadores Digitálicos Verapamil/Diltiazem Amiodarona Sotalol Propafenona Clonidina BRADIARRITMIAS SINUSAIS BENÍNIGNAS SÍNCOPE VASOVAGAL • Surge após sintomas prodrômicos: náuseas, sudorese fria, palpitações, taquicardia) • Desencadeada por estresse • Posição ortostática • Formas vasodilatadora, bradicárdica e mista • Causa: contração ventricular vigorosa em câmara com baixo volume • Reflexo de Cushing: HIC • Reflexo de Bezold-Jarisch: IAM de parede inferior SÍNCOPE VASOVAGAL • Confirmação: Tilt Test • Tratamento: controle dos fenômenos desencadeantes • Em casos muito sintomáticos: Beta-bloqueadores cardiosseletivos (atenolol, metoprolol), mineralocorticóides retentores de líquido (fludrocortisona), marcapasso DDDR HIPERSENSIBILIDADE DO SEIO CAROTÍDEO • Compressão do seio carotídeo em paciente monitorado (5-10s) • Pausa sinusal > 3s: hiperssensibilidade cardio inibitória – marcapasso DDDR • Queda de 30mmHg na PA + sintomas de baixo débito ou queda de 50mmHg sem sintomas: hipersensibilidade vasodepressora – clonidina, metildopa, digitálico, betabloqueador, fludrocortisona BLOQUEIO SINOATRIAL DE 2º GRAU • Os bloqueios sinoatriais de 1º e 3º não podem ser identificados no ECG • Diversas pausas sinusais • Períodos sem P e QRS • Tipo 1: P-P reduz progressivamente até a pausa sinusal • Tipo2: sem redução progressiva de P-P BLOQUEIO SINOATRIAL DE 2º GRAU BRADIARRITMIAS SINUSAIS MALÍGNAS • Doença do nó sinusal • Fibro-degenerativa do nó SA ou região perinodal • > 65ª • Associada a taquiarritmias atriais em 50% dos casos • • • • Bradicardia sinusal crônica inapropriada Pausas sinusais longas (>3s), geralmente sem escape apropriado Bloqueio sinoatrial Síndrome bradi-taqui: taquiarritmias atriais paroxísticas intercaladas com pausas sinusais e bradiarritmias • Síncope/pré-síncope • Stoke-Adams • Tratamento: • Sintomático: suspender drogas cronotrópicas negativas • Definitivo: MP DDDR BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES BENÍGNOS • Causas: vagotonia; drogas cronotrópicas negativas (dromotrópicas negativas) • Bloqueio situado no nó AV (supra-hissiano): respondem ao uso de atropina e ao exercício • QRS estreito: caracteriza bloqueio supra ou intrahissiano (se houver QRS largo, o paciente possui BR concomitante) • Graus de bloqueio: 1º e 2º Mobitz I BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES BENÍGNOS • Relacionados à fase aguda do IAM de parede inferior (15% BAV de 1º grau; 10% BAV de 2º grau Mobitz I) • Bloqueio AV de 1º Grau • PR > 200ms • Ausência de ondas P bloqueadas • Assintomático, a não ser em casos de PR extremamente longo. • Bloqueio AV de 2º Grau • Podem ser 2:1, 3:2, 4:3, etc... • É necessário saber o tipo para determinar se é benigno ou maligno • Mobitz I: PR possui aumento progressivo até chegar à onda P bloqueada (fenômeno de Wenkebach); PR antes > PR após bloqueio. • Redução progressiva do intervalo R-R até o bloqueio • Pode evoluir para BAVT • Quando sintomático: atropina 0,5 – 1mg EV (até 3mg); MP só é indicado em casos refratários ou em bloqueios intra ou infra-hissianos. BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES BENÍGNOS BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES BENÍGNOS BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES BENÍGNOS BLOQUEIOS AV MALÍGNOS • Intra ou infra-hissianos • Causas: Doença Fibrodegenerativa Senil (Lev-Lenégre), IAM, doenças infiltrativas, infecciosas ou parasitárias do miocárdio, congênito • Não respondem à atropina ou exercício (podem piorar) • Frequentemente sintomáticos (síncope, cansaço, dispnéia), irreversíveis e podem evoluir para morte súbita • QRS alargado e aberrante na maior parte dos casos • Degeneram para morte súbita diretamente por assistolia/FV ou para TV polimórfica pausa-dependente (Torsades de Pointes), as quais degeneram para FV. BLOQUEIOS AV MALÍGNOS • BAV de 2º Grau 2:1 • Não há como saber se existe fenómeno de Wenckebach • QRS estreito, sem BAV de 1º grau associado: supra-hissiano (benigno) • QRS alargado, sem BAV de 1º grau associado: infrahissianos (maligno) • Diferenciação: • Teste de atropina/exercício (melhora indica localização suprahissiana) • Estudo eletrofisiológico: padrão-ouro BLOQUEIOS AV MALÍGNOS • Bloqueio AV de 2º Grau Mobitz II • Eventuais ondas P bloqueadas, com relação 3:2, 4:3, 5:4, etc. • Intervalos PR pré-bloqueio iguais entre si; PR antes = PR após bloqueio • Não há dissociação AV • Alto grau de degeneração para BAVT - necessidade de marcapasso! BLOQUEIOS AV MALÍGNOS BLOQUEIOS AV MALÍGNOS BLOQUEIOS AV MALÍGNOS • BAV avançado • Presença de mais de uma onda P bloqueada consecutivamente • Mau prognóstico • BAVT • Dissociação AV – ondas A em canhão • Intervalos P-P e R-R regulares, respeitando o ritmo de escape • O escape pode ser juncional (QRS estreito e FC > 40bpm) ou ventricular (QRS alargado e FC < 40bpm) • Tratamento: MP BLOQUEIOS AV MALÍGNOS BLOQUEIOS DE RAMO • Podem ser incompletos (1º e 2º graus) ou completos (3º grau) • Bloqueio de Ramo Direito: • Degeneração leve do sistema de condução • Quando isolado, não aumenta o risco de cardiopatia e não influencia no prognóstico a longo prazo • DDX: hipertensão pulmonar, DAC, IAM, CIA, DPOC, TEP • Presença de onda R’ alargada em V1 e ondas S alargadas em D1 e V6 (nos bloqueios incompletos o padrão se mantém, porém sem alargamentos) BLOQUEIOS DE RAMO BLOQUEIOS DE RAMO • Bloqueio de Ramo Esquerdo: • Prevalência: • 0,4% aos 50a • 2,3% aos 75a • 5,7% aos 80a • Em pessoas jovens, só está associado à cardiopatia em 5% dos casos • Em > 60ª, está associado à cardiopatia/disfunção em 50% dos casos (cardiopatias hipertensivas, coronarianas, valvopatia aórtica, IAM) • Onda S alargada em V1 e onda R alargada + ausência de onda Q em D1 e V6 (nos bloqueios incompletos o padrão é semelhante, porém com alargamentos mais discretos) BLOQUEIOS DE RAMO BLOQUEIOS DE RAMO HEMIBLOQUEIOS • Hemibloqueio Anterior Esquerdo (BDAS) • Mais comum (fascículo fino, irrigação única – DA) • Desvio do eixo do QRS para a esquerda, entre -30º e -120º (predomínio negativo em D2, D3 e aVF), afastada necrose de parede inferior • Hemibloqueio Posterior Esquerdo (BDPI) • Mais raro (fascículo espesso, dupla irrigação – DA e CD) • Desvio do eixo do QRS para a direita, ao redor de +120º (predomínio negativo em D1 e aVL, predomínio positivo em aVR), afastada a necrose de parede lateral alta • Bloqueios Bifasciculares • Maior chance de evoluir para BAVT • BRD + BDAS – mais comum, frequentemente visto nas coronariopatias, IAM, cardiomiopatia dilatada e na Doença de Chagas • BRD + BDPI • Bloqueios Trifasciculares • Alta taxa de evolução para BAVT • BRD + BDAS alternando com BDPI • BRD alternando com BRE • Bloquieio bifascicular alternando com BAV de 1º Grau HEMIBLOQUEIOS INDICAÇÕES DE MARCA-PASSO INDICAÇÕES DE MARCA-PASSO INDICAÇÕES DE MARCA-PASSO INDICAÇÕES DE MARCA-PASSO