UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE FIDELIZAR O CLIENTE: UMA FERRAMENTA GERENCIAL Por: Lucita Alonso Rodriguez Saffier Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro 2 2004 3 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE FIDELIZAR O CLIENTE; UMA FERRAMENTA GERENCIAL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Estratégica . Por: . Lucita Alonso Rodriguez Saffier 4 AGRADECIMENTOS ....Primeiramente à Deus meu maior e melhor fornecedor, de quem sou cliente fiel. A Emilio e Aurita , meus pais, fornecedores de vida, carinho, afeto e amor. A meus filhos: Hugo, Bruno e Vítor, fornecedores de incentivo e alegria de viver. Especialmente à meu marido Ottmar meu sempre amigo, companheiro e incentivador em todos os momentos da minha vida. 5 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia à meu marido Ottmar que me incentivou a ingressar nesse curso , que tem sido de grande relevância na minha vida profissional. 6 - RESUMO Esta monografia tem a finalidade de apresentar idéias de diversos autores mostrando que a fidelização de clientes é a base que dá sustentabilidade para as organizações dos mais diversos segmentos do mercado. Analisa o marketing de relacionamento como a chave do sucesso para conquista e principalmente a fidelização de clientes. Apresenta algumas ferramentas consideradas fundamentais para desenvolver relacionamento de longo prazo, baseando-se nos conceitos de marketing, com foco no marketing de relacionamento, na valorização do cliente dada pela criação de valor com a qualidade dos serviços, obtido pela liderança organizacional e desempenho das pessoas envolvidas na estratégia da organização. A tecnologia é apresentada como instrumento que possibilita um aumento na capacidade de atendimento com velocidade e qualidade, reduzindo custos para a empresa e a clientela. Discorre sobre a tecnologia da informação ser vista como facilitadora de comunicação possibilitando a criação de banco de dados que dá às empresas capacidade de melhor planejar e estabelecer vínculos por sistema de feedback propiciando a interatividade e conectividade entre ela e o cliente. Trata da segmentação de mercado com a base do todo processo de fidelização, já que possibilita o posicionamento da empresa em relação ao mercado, ao seu objetivo e ao atendimento das necessidades especificadas de clientes específicos. Diga-se ¨fidelidade¨, ser benéfico para ambas as partes envolvidas. Mostra também que os processos para o desenvolvimento do relacionamento de longo prazo, tais como a segmentação de mercado, a tecnologia e valorização do cliente fiel têm fidelizado os clientes 7 METODOLOGIA A presente monografia foi realizada através de pesquisas bibliográficas acerca do assunto em estudo, artigos publicados em revistas e internet, constando de diversas etapas. Formatação e aplicação da pesquisa. Levantamento e tabulação dos dados da pesquisa. Organização e redação dos textos. Tudo na tentativa de desenvolver um bom trabalho e consequentemente desenvolver uma Monografia interessante e correta.. 8 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I – MARKETING VOLTADO PARA O CLIENTE CAPÍTULO 12 II – MARKETING DE RELACIONAMENTO: UMA ESTRATÉGIA PARA A FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE CAPTIULO III – PARADIGMAS 16 27 CAPÍTULO IV - O CONSUMIDOR ENTRA EM FOCO 36 CAPÍTULO V - COMO AS EMPRESAS ESTÃO VOLTANDO-SE PARA SEUS CLIENTES 44 CAPÍTULO VI – TENTANDO ENCANTAR O CLIENTE CAPÍTULO 54 VII – PROBLEMAS ORGANIZACIONAIS E MOMENTO DA VBERDADE 83 CONCLUSÃO 91 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 94 ANEXOS 97 10 ÍNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO 101 104 11 INTRODUÇÃO Conhecimento e a informação são dois novos recursos-chave para o sucesso de uma empresa. O conhecimento do mercado em que atua, os clientes e suas necessidades, a informação rápida e disseminada dentro da empresa. As mudanças que estão ocorrendo nos negócios não são simples tendências, mas o resultado da ação de duas forças: globalização dos mercados e tecnologia de informação. Além disso, tudo acontece ao mesmo tempo e muito rápido. Essas duas for5ças dependem uma da outra e se influenciam mutuamente. Esses dois recursos comandam as tendências identificadas no mundo dos negócios, em que se destacam a era do conhecimento e da criatividade, a era da tecnologia digital novas estruturas organizacionais, novo modelo de liderança e empresa em tempo real. A economia de escala vem sendo substituída por uma economia preocupada com a sinergia, velocidade e flexibilidade. Deixa-se o foco em produtos massificados e volta-se ao aspecto artesanal, ao produto customizado, ao marketing um a um. A preocupação deixa de ser o foco no cliente e sim o foco do cliente, que vive momentos diferentes a cada circunstância da sua vida e as suas experiências de desempenho de produtos variam no tempo e no espaço. É voz corrente que oferecer um bom negócio deve, portanto, ser a base de qualquer estratégia para retenção dos clientes. A necessidade de agilidade nas negociações para atender os clientes fez com que as decisões fossem descentralizadas, com maior autonomia é necessária a tecnologia de informação. A concorrência e a necessidade de ganho em escala, tem desencadeado um processo acirrado na disputa por novos produtos, manutenção de clientes e consequente competitividade. Outro fator decisivo na 12 sustentabilidade das instituições diz respeito ao comportamento dos clientes frente as mudanças. O desafio portanto ultrapassa as delimitações de buscar novos clientes, e sim priorizar a fidelização dos atuais, cujo assunto é o tema principal deste estudo. Surgem dúvidas de qual a melhor estratégia para a empresa? Como ganhar mercado e manter clientes? Como os clientes estão vendo todas essas mudanças o que ele espera e o que o atrai? Para salientar as mudanças e apresentar a estratégia que as empresas tem adotado, afirma-se que os desafios e as oportunidades para a sobrevivência e crescimento estão justamente na implementação de ações que permitam maior proximidade com o cliente, a compreensão de suas necessidades, a flexibilidade para ofertar mais valor de forma individualizada e a custos mais baixos. Enfim, que clientes e fornecedores construam relacionamentos produtivos com benefícios mútuos. Relacionamentos que desta forma, se tornarão significativos com benefícios extensivos a toda a sociedade. A importância de as instituições criarem estratégias e formas de manutenção de seus clientes é vital para o sucesso de qualquer organização. Portanto, só atingirão os objetivos aquelas que fidelizarem seus clientes. Assim sendo este estudo é relevante à medida que busca viabilizar estes conceitos e propor um plano de fidelização. Os fatores de fidelização serão levantados do ponto de vista estritamente do cliente: o resultado será suporte para instrumentalizar um plano de ação que contemple um processo de organização de aprendizagem que permita antecipar e aferir distorções e inadequações na prática de relacionamento com os clientes. Justifica-se também a proposta pela oportunidade de aprendizagem na prática da pesquisa para levantar tais fatores. Esta proposta de dissertação constitui um esforço teórico, prático, no sentido de problematizar as discussões relativas as metodologias correntes que possibilitem a investigação dos fatores relacionados ao marketing de relacionamento. 13 ¨Aquilo que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito¨ Claus Moller 14 CAPÍTULO I MARKETING VOLTADO PARA O CLIENTE 1.1 CONCEITO DE MARKETING Quando falamos em marketing logo imaginamos vendas e propagandas, no entanto são apenas parte de um grande composto de marketing. Diante de tantas mudanças, hoje o marketing não pode ser compreendido apenas no sentido de vender, mas também como satisfazer as necessidades do cliente e oferecer um valor superior a eles. Já dizia Peter Drucker (1973 apud KOTLER; ARMSTRONG,1995, p.3). ¨O objetivo do marketing é tomar a venda supérfula. É conhecer e compreender o cliente tão bem que o produto ou serviço sirva... e venda por si próprio¨. Para American Marketing Association (AMA), marketing é ¨[...] o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de idéias, produto e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais¨ (CHURCHIL; PETER, p.4). Para Nickels e Wood (1999) vários conceitos sobre marketing tem sido considerados incompletos, por não reconhecer o valor de se construir relacionamentos de longo prazo com clientes e outros grupos e indivíduos que estejam envolvidos com a organização. Na tentativa de mostrar que a construção de relacionamentos se tornou parte integral do marketing, Nichels e Wood (1999, p.4), definem marketing como ¨[...] o proce4ssos de estabelecer e manter relações de trocas mutuamente benéficas com clientes e outros grupos de interesses¨. 15 Esta definição segundo os autores vem abordar diversos conceitos importantes: · Relações de troca mutuamente benéficos - é a ação de comercializar ou vender alguma coisqa de valor e beneficiando ambas as partes. Essa troca deve satisfazer uma necessidade ou um desejo. · Cliente - Além do vendedor outra parte importante na transação de marketing é o cliente. É importante que o vendedor esteja voltado para o cliente, buscando satisfazê-lo em cada troca de marketing. · Grupos de interesse – A satisfação de outrso grupos de interesse também deve ser considerada em qualquer troca de marketing. Os grupos de interesse são indivíduos e organizações, incluindo os fornecedores, acionistas, a comunidade e também os empregados. I.2 – ORIENTAÇÕES DO MARKETING Com a tecnologia e a globalização mudando o atual panorama econômico, surge uma nova corrente do marketing. O marketing que tinha como foco a produção, vendas e depois o marketing passou suas orientações para o marketing voltado para o valor, que para Gordon (2000) é a evoluç~çao natural da estratégia de marketing. I.2.I. – Orientações para a produção Nesta época, em que a produção artesanal, a demanda era maior que a oferta. Com a Revolução Industrial começam a surgir as primeiras industrias organizadas, aplicando os conceitos da administraçãom científica de Taylor, ou seja, ênfase no produto e em como fabricá-los com eficiência (LAS CASAS, 1997). 16 Embora a orientação para a produção seja muito criticada, segundo Churchil e Peter (1999), existem situações em que ela é apropriada, como por exemplo em mercados de alta tecnologia com mudanças rápidas, ou quando a demanda por produtos ou serviços é bem maior do que a oferta. I.2.2 – Orientações para vendas Com a produção em série, por volta de 1930, começam surgir os primeiros sinais de excesso de oferta, acumulando produtos em estoques. A partir daí as empresas passaram a dar maior ênfase nas vendas. Portanto, as orientações para vendas é mais quando as atividades de marketing se concentram na venda dos produtos disponíveis, ou seja, quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda. I.2.3 – Orientações para marketing A partir de 1950, os empresários passaram a perceber que embora algumas situações a abordagem de produção e vendas eram apropriadas, o mais importante era a conquista e manutenção de negócios a longo prazo, onde os produtos devereiam ser vendidos para satisfazer as necessidades e desejo dos clientes. Dessa forma, os profissionais poderiam criar lealdade e competir de forma eficiente. I.2.4 – Marketing voltado para o cliente O marketing voltado para o cliente é uma extensão da orientação para o marketing. Ele tem como principal objetivo, compreender os clientes e ambientes, criar um valor superior e quando apropriado, construir relacionamentos duradouros. 17 Portanto para que empresas consigam ser melhores que seus concorrentes, nesse contexto globalizado, é preciso traçar estratégias de marketing diferentes e melhor que seus concorrentes, deixando de lado suas antigas práticas de negócio, buscando estratégias que se adapte a esse novo contexto, ou seja, que crie valor. Para que isso ocorra, um dos fatores essenciais é a análise ambiental da empresa, que englobará tanto o ambiente interno quanto o externo a ela. 18 CAPITULO II MARKETING DE RELACIONAMENTO: UMA ESTRATÉGIA PARA A FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE Durante muito tempo a teoria tradicional do marketing concentrava-se a atrair novos clientes e fazer transações com eles. Com a globalização e a tecnologia impulsionando a competitividade, percebeu-se a necessidade da criação de novas formas organizacionais em substituição às tradicionais. O marketing de Relacionamento vem de encontro a essas novas formas, através do processo contínuo de criação e compartilhamento de valores com clientes que a empresa escolher para atender. Para Nickels e Wood (1999, p.5), ¨O marketing de relacionamento é processo de estabelecer e manter relacionamentos de longo prazo mutuamente benéficos entre organizações e seus clientes, empregados e outros grupos de interesse¨. Gordon (2000,p.31), define o marketing de relacionamento como ¨[...] o processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria¨. Segundo Gordon (2000) o marketing de relacionamento se desenvolve a partir do marketing, porém possui seis dimensões que se diferem, são elas: 19 tecnologia e clientes individuais, objetivos da empresa, seleção e rejeição de clientes, uma cadeia de r4elacionamentos, realizações dos quatro Ps do marketing e utilização de gerentes de relacio9namento para ajudar as empresas a criarem novos valores com outras. II.I CAPACIDADES ESTRATÉGICAS PARA O MARKETING DE RELACIONAMENTO Para garantir que o marketing de relacionamento alcance seus objetivos, criando continuamente valores mútuos com os clientes, novas capacidades serão exigidas e portanto reavaliadas na empresa. Trata-se de uma mudança fundamental que irá repercutir em sua escritura que deverá considerar a organização o por relacionamento e capacidade, estratégias que serão alinhadas com os clientes, cultura e valores deverão ser conduzidos para formar relacionametos duradouros, liderança e principalmente na sua capacidade de desenvolvimento pessoal, tecnologia, processo e conhecimento /percepção. ¨As empresas que vêem o relacionamento com o cliente como um componente central de suas estratégias alcançarão, provavelmente, vínculos mais estreitos com os clientes ao se organizarem de acordo com categoria de relacionamento e (GORDON,1999,p.344) 2.1.1 Pessoal tipo de capacidade¨ 20 As pessoas são essenciais para qualquer relacionamento, por isso é importante que elas sejam treinadas e desenvolvidas, além de motivá-las para que possam desempenhar suas atividades com qualidade. È importante que exista um clima de cooperação entre os funcionários e elementos que contribuam para a criação de uma mentalidade de equipe. Vavra(1996), ressalta que o marketing de relacionamento, começa dentro da empresa, fazendo referência clara e direta ao cliente interno e à sua importância no processo de fidelização do cliente externo. Com o marketing de relacionamento as informações sobre os clientes são colocadas em linha de frente, onde empresas e clientes interagem, sendo necessário a habilidade para se comunicar com os clientes de modo a reconhecê-las, prever certos comportamentos, propor respostas, soluções ou sugestões apropriadas, de forma a agregar valor às suas empresas. Já dizia Gordon (1999, p.51), ¨Na era do marketing de relacionamento, a venda, o marketing, o atendimento e o suporte aos clientes tornaram-se processos integrados, que incorporam as oito dimensões do marketing de relacionamento¨. 2.1.2 Tecnologia Para que a empresa consiga desenvolver seu marketing de relacionamento uma das dimensões a serem analisadas é a tecnologia. É preciso empregar a tecnologia para dispor de um sistema de memória mais eficiente sobre os clientes. É importante dar aos clientes as opções de comunicação que eles querem para ajudá-los a repetir a experiência de compra. 2.1.3 Conhecimento e percepção 21 Através de tecnologia para marketing de relacionamento, os profissionais poderão desenvolver novos conhecimentos e percepções sobre o relacionamento com o cliente e facilitar ações através dessas informações. Os profissionais de marketing terão mais condições para antecipar o gerenciamento desse cliente. Segundo Gordon (1999, p.54), ¨Um desafio fundamental para o profissional de marketing é garantir recursos para investimento no conhecimento e percepção do cliente individual durante prazos mais longos¨. 2.1.4 Processos Como o marketing de relacionamento requer que os processos sejam estruturados em torno do cliente, é preciso exigir algumas mudanças nos processos existentes na empresa. A reengenharia, aplicada na última década, que excluía o cliente e o relacionamento com o cliente individual, com o marketing de relacionamento perdeu seu valor, pois além de conquistar clientes, tem como objetivo concentrarse os processos em torno dos clientes existentes, dando a cada um o valor que deseja. 2.1.5 Cultura e valores Empresas com culturas distintas podem criar valor juntas, porém as semelhanças e as diferenças entre as culturas precisam ser entendidas, caso contrário podem prejudicar a formação e a manutenção de um relacionamento. É preciso que os valores e a cultura dos clientes sejam conduzidos para formar relacionamentos duradouros. 22 2.1.6 Liderança Os líderes devem estar preparados para se concentrar no valor que pode ser desencadeado através do marketing de relacionamento. A liderança deve ver a partilha como uma virtude e entender o real significado de um relacionamento antes de se comprometer. Faz parte da liderança iniciar o marketing de relacionamento de acordo com os interesses de sua empresa, dos clientes e dos fornecedores. ¨É importante saber que nenhuma organização conseguirá ser bem sucedida em uma iniciativa de marketing enquanto a liderança estiver concentrada em sair ganhando às custas dos outros. Em algumas empresas, os executivos tentam assegurar de que estão maximizando os valores de cada negócio com todos os clientes. Nessas empresas, é considerado astucioso (como em um jogo) recolher todas as fichas para o seu lado da mesa. As empresas que tentam criar relacionamentos com essa abordagem subjacente aos clientes descobrirão, por razões óbvias, que os clientes não tem interesse em uma aliança a longo prazo com tais fornecedores¨(GORDON, 1999, p.48) 2.1.7 Estratégia Para que o marketing de relacionamento ocorra efetivamente, o cliente deve ser o centro das estratégias dos negócios. Isso inclui estratégias de clientes e estratégias para desenvolver as capacidades necessárias para aprimorar o relacionamento com o cliente. É importante que haja um alinhamento estratégico entre a empresa e seus clientes, ouseja, assegurar que ambos estejam na 23 mesma direção, além de colocar-se em uma posição capaz de progredir as iniciativas de modo positivo; 2.1.8 Estrutura Com o marketing de relacionamento toda a estrutura de uma empresa poderá mudar, pois a empresa se voltará para os relacionamentos e capacidades, ou seja, para o cliente, Uma empresa organizada conforme o marketing de relacionamento terá agentes que possuem categorias específicas de relacionamento, com clientes atuais, novos clientes, funcionários, fornecedores, investidores e assim por diante. Então, em vez de um departamento de vendas e marketing, por exemplo, uma empresa poderá Ter um departamento para criar novos valores com os clientes atuais mais importantes, enquanto que com outro poderá ficar encarregado de conquistar novos clientes cujos perfis combinem com os dos melhores da empresa. (GORDON, 2000, p.49) Pensando assim sua estrutura hierárquica também mudará. Segundo Vavra (1993) os varejistas e fabricantes não podem mais ser considerados a principal força na estrutura hierárquica, em vez disso, o sistema de informação de 24 clientes e os clientes unificarão o esforço, coordenando o processo de marketing e todas as entidades que participam do negócio. 2.2 RELACIONAMENTOS COMO ESTRATÉGIA: SELEÇÃO E REJEIÇÃO DE CLIENTES Sabemos que com a concorrência, a empresa tem que ter em mente que os clientes estão sempre em primeiro lugar, porém a maioria das empresas reconhecem que, embora todos os clientes sejam importantes, alguns são mais do que outros. É preciso conhecer os custos de atendimentos de cada cliente e sua lucratividade. Kotler (1999) afirma que é preciso avaliar a lucratividade de cada cliente, e acompanhar através da aplicação do método de cálculo de custo baseados da atividade (custeio ABC) o valor real dos serviços prestados a cada cliente. Desta maneira estará apurando o verdadeiro nível de lucratividade de cada um deles. A fórmula mais recente do custeio ABC é de 20/80/30, onde 20% dos clientes se situam no topo da lista e são responsáveis por 80% dos lucros da empresa e os outros 30% representam clientes menos lucrativos. Segundo Gordon (2000) é preciso conhecer o que chamam Custo de Atendimento de cada cliente e ser capaz de criar uma visão da lucratividade dele, buscando identificar os clientes potenciais de manhã. Diante desse foco, é apropriado para uma empresa mapear seu conjunto de clientes em uma matriz, que envolve quatro elementos: recompensa e investimento, administração, disciplina e demissão. Através desses elementos a empresa poderá identificar o mix de clientes que ela irá atender e desenvolver objetivos e estratégias com eles. 2.2.1 Recompensa e investimento 25 Os clientes ideais hoje e que parecem ser lucrativos no futuro, merecem ser recompensados pela empresa. A recompensa pode ocorrer de várias formas, tais como investimento por parte da empresa em seus clientes, atendimento diferenciado, premiações, recompensas financeiras, ou ainda serviços prioritários como 0800. 2.2.2 Administração Os clientes que atualmente são lucrativos, mas que podem vir a não ser no futuro, precisam ser administrados e construídos novos valor mútuos. As questões que possam vir a afetar esse relacionamento em hipótese alguma devem ser esquecidas ou ignoradas, mas sim tratadas pela empresa. 2.2.3 Disciplina Alguns clientes poderão ser disciplinados para manter o relacionamento com a empresa. Existem duas maneiras principais de fazer isso. Uma é mudar e/ou reduzir o custo dos processos que são empregados pela empresa para negociar, vender, atender, fazer a manutenção e administrar a conta. Outra é cobrar do cliente desta categoria uma taxa por não se encaixarem no perfil de ¨melhores clientes¨segundo as ¨regras de comprometimento¨ da empresa (GORDON, 2000, p.69) 2.2.4 Demissão 26 Os clientes que a empresa verificar que não são lucrativos hoje e que não se desenvolverão amanhã, não merecerão atenção, e serão demitidos, mas de uma maneira que não afete sua cadeira de relacionamentos com outros clientes. Demitir clientes pode realmente trazer benefícios adicionais para sua empresa. Pode valorizar suas situações de mercado de um modo inesperado, se os concorrentes recuperarem seus antigos clientes e , em razão disso, se tornarem menos lucrativos. O desafio financeiro deles pode causas um vôo do capital de investimento para sua empresa (GORDON,2000,p.71). 2.3 NOVOS PAPÉIS PARA O PROFISSIONAL DE MARKETING Com marketing de relacionamento, os profissionais de marketing passam a ter um novo papel dentro da empresa. O foco é colocado sobre quais clientes a empresa atenderá, e como colocar em vigor a capacidade dentro da empresa para retribuir as suas expectativas. Os profissionais de marketing tem agora de operar em tempo real. Eles não se encarregam mais de empurrar produtos para o mercado, mas tomam decisões sobre quais clientes serão atendidos, como serão atendidos e como mais clientes (adaptados aos perfis definidos como o ideal para a empresa) serão atraídos (GORDON, 2000, P.75) Através dessa perspectiva os profissionais de marketing de relacionamento tem um papel muito mais abrangente do que antes, porque lidam com praticamente todos os aspectos da empresa. 27 Seis funções distintas de um profissional de marketing de relacionamento são apresentadas por Gordon (2000), entre elas: · Determinar quais os clientes (mix de clientes) serão visitados; · Desenvolver uma estratégia para cada cliente prioritário, e alinhar estratégias da empresa às dos clientes individuais; · Administrar a implementação de capacidades e dispor de processos pelos quais a lucratividade dos clientes seja planejada, comunicada e aperfeiçoada; · Conduzir a implementação de capacidades dentro da empresa; · Atuar como defensor dos clientes individual e coletivamente dentro da empresa; · Garantir que a empresa seja organizada em torno de seus clientes. A avaliação de desempenho e os sistemas de recompensas devem refletir a importância do relacionamento como um bem. Os profissionais de marketing por se tornarem um indivíduo responsável pela avaliação do relacionamento, acaba se esbarrando na área de recursos humanos, onde trabalhará para estruturar abordagens para uma administração de pessoal apropriada. 2.4 BANCO DE DADOS Como o objetivo do marketing de relacionamento é retenção de clientes, é essencial que a empresa se familiarize e construa conhecimentos sobre seus clientes. Para isso empresas tem investido em informações através de banco de dados detalhados e interativos, que possibilite restaurar os relacionamentos pessoais em marketing. Segundo Vavra (1993, p.47), banco de dados é o ¨[...] reconhecimento da importância de tratar cada cliente individualmente e conduzir negócios de forma totalmente sob medida, não importando o tamanho da empresa¨ 28 A empresa que se utilizar de um banco de dados terá condições de conhecer ativamente o valor de um cliente, percebendo sua existência e estabelecendo um conhecimento de suas necessidades e desejos específicos. Por isso podemos considerá-lo uma ferramenta importantíssima ¨[...] capaz de vincular clientes às empresas como nunca.¨ (VAVRA, 1993,p.56). O banco de dados na visão de Vavra(1993,p.50) é importante em quatro aspectos, entre eles: · Acessibilidade – habilidade para identificar cada cliente e atingi-lo individualmente; · Mensuração – saber se cada comprador fez ou não compra, exatamente o que comprou, e como, onde e quando foi feita a compra (e seu histórico de compra); · Flexibilidade – oportunidade de atrair diferentes clientes, de diferentes maneiras e em ocasiões diferentes; · Contabilização – obtenção de quadros precisos da rentabilidade bruta de qualquer evento de marketing e dados qualitativos mostrando os tipos de clientes que participaram de cada evento específico. De acordo com Merlin (2001, p.152), ¨[...] quanto mais um banco for usado – alimento com informações sobre clientes e sobre os resultados da comunicação mantida entre eles – mais exatos serão os dados que o compôem¨. É preciso se atentar para o fato de que o sucesso das empresas não depende apenas das informações coletadas, mas também da forma que elas usam tais informações. 29 CAPÍTULO III PARADIGMAS Pensadores na arte de gerenciar dizem hoje que o antigo paradigma da gerência ocidental está falhando, funcionando mal e deve dar espaço a um novo paradigma. Paradigma é uma forma de ligar idéias, priorizar valores, abordar questões e finalmente, formar hábitos de comportamento em relação a um assunto. Existem muitos paradigmas no pensamento humano – provavelmente um número incontável. Por exemplo, um paradigma a respeito do casamento é uma forma de pensar a respeito dos elementos de uma relação homem – mulher em termos sociais, considerações religiosas, direitos e privilégios e papéis interpessoais. No mundo dos negócios existem muitos paradigmas quase sagrados. A maioria das organizações ocidentais ou ocidentalizadas opera ao longo de linhas semelhantes em relação a hierarquia de autoridade; a divisão formal de papéis e responsabilidades, as regras para a compensação das pessoas pelo trabalho e 30 assim por diante. Os paradigmas são passados de pessoa á pessoa, de empresa á empresa, país á país, cultura á cultura, por modelagem e imitação. A literatura gerencial, as publicações especializadas e a constante migração de profissionais de uma organização para outra causam uma constante comunicação e a resultante similaridade de paradigmas por todo o mundo empresarial. Uma visão atualizada da mudança de paradigma que está nos levando da antiga orientação industrial para uma nova orientação de valor para o cliente, pode ser constatada da seguinte forma: Paradigma: É o quadro de referência mental que denomina a maneira pela qual as pessoas pensam ou agem. • Paradigma industrial tende a ver a missão da empresa como sendo vender mercadorias, seu objetivo é fazer um bom produto e encontrar compradores para ele. O paradigma de valor para o cliente vê como sua missão, conquistar e manter o cliente satisfazendo necessidades, resolvendo problemas ou adicionando valor para ele de alguma forma. O pacote de valor para o cliente, por este ponto de vista, deve ser alguma coisa projetada para ele e não uma coisa para a qual encontramos clientes. • No paradigma industrial os clientes são vistos como mercadorias descartáveis ou substituíveis. Caso um cliente se aborreça conosco, sempre haverá outro para ocupar o seu lugar, pois não temos tempo para agradar cada um que possa estar insatisfeito conosco. Já o paradigma de valor para o cliente é visto como um ativo em valorização – uma pessoa que continuará nos proporcionando receitas se acertarmos com a mesma, poderá nos trazer outros clientes. 31 • No paradigma industrial os funcionários são como executores obedientes – operadores que executam as tarefas designadas por seus supervisores. O paradigma de valor para o cliente os vê como estrategistas e defensores da qualidade, bem como executores de tarefas. O conceito de serviços internos deixa claro que cada um tem um cliente, o conceito de cliente externo é aquele que mantém a empresa e a razão da empresa existir. • A visão do paradigma industrial diz que o trabalhador deve manter sua atenção nas tarefas, em relação a padrões de trabalho preestabelecidos, levando assim ao bem organizacional final. No paradigma de valor para o cliente o funcionário deve focalizar sua atenção na qualidade da experiência do cliente em cada “momento da verdade” quer o funcionário esteja diretamente envolvido ou não com o cliente. Cada funcionário em contato com o cliente tornase gerente dos “momentos de verdade” - são os momentos em que o cliente vive a percepção dos produtos ou serviços da empresa – particulares destes. • No paradigma industrial os gerentes avaliam o desempenho dos funcionários medindo sua produção ou procurando evidencias de que eles concluíram suas tarefas. Note que normalmente os gerentes não medem a si mesmos, em geral, quem está em posição de autoridade está isento da análise normativa do seu trabalho diário – somente os funcionários de linha de frente são medidos. No paradigma de valor para o cliente, o foco de medição está nos resultados – nos momentos de verdade e nos esforços que os fazem acontecer. A gerência de serviços reconhece que muitas coisas precisam acontecer para que os momentos de verdade sejam bons e que o papel de um funcionário é apenas um componente, focalizando a atenção na entrega de valor para o cliente, a gerência de serviços considera a organização como um todo responsável pelo desempenho e não apenas o trabalhador da linha de frente. 32 • O paradigma industrial caracteriza os funcionários simplesmente como engrenagens na máquina de produção. Assim como máquinas não funcionam bem se você não lhes fornecer energia elétrica, óleo, ou outras substâncias especiais das quais elas necessitam para seus processos, também os funcionários não funcionarão bem, segundo este modo de ver, se você não lhes der dinheiro e condições de trabalho adequados. Expressões como sistema de compensação, sistemas de recompensas e sistemas de reconhecimento denotam uma mentalidade ligada a insumos e resultados ao invés de valores culturais, valorização das pessoas como seres humanos e o desenvolvimento de um espírito comum de serviços entre os membros da organização. O paradigma de valor para o cliente reconhece explicitamente o laço subjetivo, intangível e psicológico de se fazer negócios e o trata como um elemento que as pessoas precisam de remuneração em suas vidas e não de “insumos”, e que um senso de orgulho pela qualidade, de propriedade dos resultados e de pertencer é uma remuneração tão valiosa quanto o dinheiro e compensações materiais. • A função do gerente de nível médio ou supervisor da linha de frente na visão do paradigma industrial é de assegurar que os trabalhadores executem tarefas preestabelecidas de acordo com os padrões designados. Sua política, decisões e intervenções servem para moldar o comportamento dos subordinados na linha de frente, tarefas impostas na direção do desempenho das mesmas. Em contraste, o paradigma de valor para o cliente vê a função do gerente em qualquer nível como de ser explícito para os funcionários da linha de frente, os quais devem servir os clientes. A missão dos gerentes é mais de capacitar do que de dirigir ou controlar, e suas ações devem ajudar a transformar os funcionários em estrategistas mais eficazes da qualidade. • No paradigma industrial, a própria organização é, por assim dizer, a mensagem, a estrutura organizacional, como sistema para distribuição de 33 recursos, tornar-se-á principal realidade intelectual, a estrutura, processo e controle legislativo tornam-se os temas principais na busca da eficácia. Contrapondo este modo de ver, o paradigma de valor para o cliente vê a estrutura e o aparelho organizacional apoiando os trabalhadores da linha de frente, não exercendo controle sobre eles e sim de ajudar os trabalhadores a conseguir o impacto mais valioso sobre seus clientes. Ela não tem nenhuma outra razão para existir e, quando deixa de servir a esse propósito, necessita de mudanças. Ainda na visão do paradigma industrial, a função da alta administração é de presidir a organização e exercer controle através da estrutura e dos processos. Já o paradigma de valor para o cliente representa o papel principal dos altos executivos como sendo de criar e manter uma cultura de serviços, na qual colocar o cliente em primeiro lugar é a preocupação primordial. Os líderes chaves devem exercer a força da sua autoridade e de suas personalidades para promover os valores principais de uma organização movida pelo cliente. Para os serviços do Séc. XXI, é preciso que o modo de pensar seja do mesmo século. Os realizadores bem sucedidos nos anos futuros serão aqueles que se libertem da antiga mentalidade para começarem a ver suas empresas de uma forma completamente nova. Eles estarão dispostos a ir para onde a busca os levar. Estarão dispostos a desenvolver suas organizações, transformando-as naquilo que for necessário para fazer o trabalho e eles estarão dispostos a permitir que as culturas organizacionais desenvolvam o foco na qualidade e no valor, tanto para seus clientes como dentro de suas próprias operações. Mesmo com a nova mentalidade, o caminho para a qualidade não será fácil, mas sem ela, provavelmente, estará num beco sem saída. Algumas empresas costumas desenvolver bons produtos, porém pecam na prestação de serviços sendo que o contrário também pode ocorrer. Por muitos anos, uma terminologia dupla a respeito de qualidade foi-se 34 desenvolvendo criando assim um paradigma. Em outras palavras, existem duas dimensões de desempenho, que diz respeito ao produtos e ao serviço, aparentemente separadas nas mentes dos gerentes. As iniciativas pela qualidade, por melhores que sejam sua concepção, sua estratégia e seu planejamento, fracassarão, caso não haja o comprometimento e o envolvimento das pessoas de toda a organização. Embora isso soe como óbvio, muitos executivos parecem acreditar que podem marchar alegremente pela estrada sem pensar muito nas pessoas que de fato trabalham com os clientes. Essa falta de comprometimento organizacional e de unidade de propósito explica por que tantas iniciativas pela qualidade malogram e acabam relegadas ao monte de lixo dos caprichos passageiros e truques gerencias. A meta das organizações do Séc. XXI, centralizada no cliente, deve ser de transformar cada funcionário em estrategistas da qualidade, isto é, alguém que possa dominar os problemas e questões de qualidade dos clientes e tenha capacidade e liberdade para resolvê-los. Para isso, os funcionários precisam possuir os conhecimentos, atitudes e qualificações para satisfazer as necessidades e expectativas dos seus consumidores. Funcionários insatisfeitos são “terroristas” da qualidade – eles podem destruir a qualidade dos serviços em suas origens. A abordagem tradicional dos executivos ao problema das mudanças organizacionais ocorre de cima para baixo. Eles querem dizer às pessoas o que fazer e como fazer, ao invés de empenhá-las como donas do processo. Muitos não querem saber das idéias e opiniões das pessoas na organização, nem se importam com elas. Eles esperam conquistar a obediência às mudanças através de comando, controle e persistência. No Séc. XXI acredita-se que as mudanças organizacionais ocorram de baixo para cima. Tais organizações conquistam apoio através de compreensão, 35 envolvimento e comprometimento e não pelo uso de controle ou do poder. O componente de educação, treinamento e comunicação para empresas com seu objetivo principal possibilita que os funcionários se tornem parceiros nas mudanças, ao invés de suas vítimas, ajudando-os a compreender o cliente, a visão e a missão organizacional e suas partes na entrega de uma experiência notável ao cliente. A qualidade em serviços passou a ser o grande filão já na Década de 90. Um dos maiores bancos brasileiros veiculou um comercial na televisão, cujo foco central era vender a idéia de que o referido banco tem um sistema eficaz de cobrança. Esta propaganda encerravasse com a seguinte mensagem: “A tecnologia faz a diferenca”. ¨A tecnologia faz a diferença¨ Na realidade, este slogan, na melhor das hipóteses demonstra um profundo equivoco quanto à leitura da realidade empresarial. A tecnologia pode ter feito a diferença até a Década de 80, entretanto, na década de noventa, ela só permite que a empresa comece a “jogar”, não garante que a empresa ganhe o “jogo”. Enfim, a tecnologia passou a ser apenas um pré requisito, e como tal, é apenas “piso". As empresas que não dispõem de um nível tecnológico adequado ao seu negócio, fica para trás, e rápido; e ficar para trás, pode significar nos dias de hoje, estar fora do mercado num futuro muito próximo. Exemplo: Os bancos, hoje, buscam oferecer aos seus clientes, serviços informatizados dos mais diversos: bancos 24 horas, extrato via fax, e-mail, etc. O banco que não oferece estes serviços, tem grandes chances de estar fora do mercado, (pois você abriria, hoje uma conta num banco em que não pudesse sacar 36 dinheiro a qualquer hora?). Entretanto esta não é a grande dificuldade para os bancos. A tecnologia se compra, basta Ter capital. No que se refere aos aspectos tecnológicos, todos os bancos de linha de frente São iguais ou muito parecidos. (Almeida, 1995, pag. 48). Na atualidade, há uma série de fatores críticos que determinam o sucesso de uma empresa, dentre os quais destacam-se a capacidade de inovar; a velocidade de resposta; a capacidade de aprendizagem organizacional; a maior ou menor importância destes fatores, depende das características específicas de cada negócio. Entretanto, a capacidade de a empresa focar e satisfazer o seu cliente, e, enfim, prestar-lhe um excelente serviço, destaca-se em importância os fatores críticos de competitividade. A tecnologia está nivelando todos. Passou a ser piso! Qualidade em serviços e o relacionamento com os clientes são o grande diferenciador da década de noventa. (Almeida, 1995, pág. 49). Muitas empresas japonesas repensaram suas estratégias corporativas. Agora que muitas companhias ocidentais superaram gradualmente o seu atraso em relação à qualidade de produtos, aproximando-se do padrão japonês, as empresas mudam de novo as regras da competição internacional. Acrescentam um valor extra aos seus produtos e redirecionam seu foco, centrando os esforços corporativos nos serviços prestados ao cliente. Um executivo da Matsushita Eletric Industrial diz: “No passado, nós ficávamos felizes em entregar ao mercado grande quantidade de novos produtos. O foco estava em ter flexibilidade para industrializar pequenas quantidades 37 de produtos diferentes. Agora, a quantidade de produto é dada como certa. O nome do jogo agora excelência em serviços!” Durante os anos oitenta, as companhias japonesas ganharam fatias substanciais dos mercados internacionais, graças á excelência de seus produtos. O que era essencial para a satisfação dos clientes. Agora, enquanto mantém níveis de alta qualidade dos produtos, essas empresas se esforçam como nunca antes, para satisfazer e superar as expectativas dos clientes (...). Nós prevemos que as companhias japonesas persigam tão intensamente a satisfação dos clientes, agiram como elas perseguiram intensamente a qualidade dos produtos antes “. (Turpin, 1995. pag. 63). Observa-se que as iniciativas pela qualidade, por melhores que sejam sua concepção, sua estratégia e seu planejamento, facassarão, caso não haja o comprometimento e o envolvimento da pessoas de toda organização. 38 CAPÍTULO IV “O CONSUMIDOR ENTRA EM FOCO¨ Para melhor entendermos a evolução do consumidor, mostraremos neste capítulo como ela aconteceu, estudamos a mudança do papel do cliente e sua relação com os produtores, comerciantes e prestadores de serviço, dentro de um processo evolutivo e dinâmico, que procuramos demonstrá-lo. Dando início neste processo da perda de foco no cliente “viajaremos” para uma época mais remota, mais especificamente no Séc. XIV, fim da Idade Média na Inglaterra, na época de transição do Feudalismo para o capitalismo. A unidade industrial típica da idade média era formada por um mestre como empregador trabalhando lado a lado com seus ajudantes. Acumulava as funções, de produtor e de vendedor. Nessa época, havia uma estreita relação entre quem produzia e quem consumia. O permanente contato entre ambos permitia um acompanhamento das necessidades e dos interesses do cliente, isto fazia com que o próprio produtor conhecesse bem o seu cliente. A partir da evolução da produtividade, de uma escala artesanal para industrial, o cliente passou a ser uma figura distante para o produtor. Produzir mercadoria para um mercado que ultrapassou os limites da cidade não permitia o conhecimento dos 39 clientes. A ampliação do mercado criou o intermediário, que chamou a si a tarefa de fazer com que as mercadorias produzidas chegassem ao consumidor. Além de assumir a função de fabricante de produtos, o Mestre artesão tinha também outras quatro funções: Quando negociava a matéria prima que utilizava, era negociante; tendo aprendizes sob seu comando, era empregador; ao supervisionar o trabalho deles, era capataz; quando vendia ao consumidor, no balcão, o produto acabado, era também um comerciante lojista. Com o intermediário em cena, as cinco funções do mestre artesão se reduziram a três: Trabalhador; empregador; capataz. Os ofícios de mercador e comerciante deixaram, de ser atribuições suas, para ser do intermediário, embora o intermediário não modificasse a técnica de produção, reorganizou-a para aumentar a produção das mercadorias. (Huberman,1982 pag.62,119-120). Como toda moeda tem dois lados, a intermediação - que se apresentava como a solução para o problema de escoamento e comercialização do produto – trazia uma “semente” de problema futuro, ou seja, estava contribuindo para o afastamento, para a perda de contato entre o produtor e o cliente final. Com o passar do tempo, houve um agravamento deste processo. O comércio cresceu, tornou-se cada vez mais complexo. Entre o produtor e o consumidor final estabeleceu-se uma interminável rede de intermediários. À medida que o tempo passava, as empresas se distanciavam cada vez mais dos clientes. O clímax foi atingido após a Segunda Guerra Mundial. A principal característica desta época consiste no fato de as empresas perderem totalmente o foco na razão de ser de todo e qualquer negócio, ou seja, no cliente. O pós Segunda Guerra Mundial é uma referência da explosão do consumo. Em 1945, os Estados Unidos da América, como principal país aliado, assumiram o comando do mundo, seja nos aspectos políticos e/ou econômicos. A economia mundial voltou a crescer de forma significativa, entrando numa era de euforia consumista. 40 Após a Segunda Guerra Mundial, “tudo” que se fabricava era consumido. As empresas passaram a produzir o máximo possível e o importante era produzir em grande escala, não se dava importância para a qualidade do produto e sim pela quantidade produzida, pois bom ou ruim, o produto tinha um mercado fácil e assegurado, consequentemente, houve um período em que as premissas fundamentais eram: O importante é produzir; tudo que é produzido é vendido; qualidade e custo de produção não são importantes; a principal concorrente da empresa era ela mesma, ou seja, sua capacidade de produção. Nessas ocasiões, nesse ambiente empresarial, o cliente não tinha importância. Era simplesmente um ser ignorado, alguém sem o mínimo prestígio. Nesta ocasião quem ditava as regras era a empresa, elas faziam o que queriam, como queriam e quando queriam, ao cliente restava comprar o que lhe era oferecido, nas condições que lhe eram impostas. No início do Séc. XX, Henry Ford, fundador da Ford, pioneiro na fabricação de automóveis chegou a dizer no lançamento do famoso carro modelo T: Henry Ford declarou que se alguém quisesse comprar o modelo T, poderia compra-lo de qualquer cor, contanto que seja preto. (Almeida, 1995. pag.61). Ao falar isso, Henry Ford não demonstrava ser louco ou um homem sem visão, muito pelo contrario, ele foi um dos maiores empreendedores de todos os tempos. Esta frase sintetizava a filosofia empresarial da época em que o foco das empresas era o produto, a produção! Uma época em que, para a empresa ser bem sucedida, bastava “desovar” o produto no mercado, de qualquer forma o cliente, ou melhor, ávido consumidor comprava-o. 41 A história começou a mudar na Déc. de 70 com a crise do petróleo, o mundo em geral entrou num período de crise econômica, em consequência disso, o consumo foi freado, a partir daí tudo começou a mudar, já não se vendia com a mesma facilidade de antes. Uma série de fatores políticos, econômicos e sociais começaram a consolidar uma mudança radical no comportamento do consumidor em todo o mundo, e consequentemente, na forma como as empresas se relacionavam com seus clientes. A crise do petróleo foi a “gota d’água”, para se iniciar uma revolução...“A revolução do Cliente”. A revolução desenvolveu-se com extraordinária força, e se confunde com a difusão da qualidade em todo o mundo. Por se falar em qualidade deve-se, necessariamente, uma referência ao Japão. Após a Segunda Grande Guerra, destroçado e humilhado, sob a tutela do governo americano, o Japão se reergueu, para isto, contribuíram dois grandes baluartes e pioneiros da área da qualidade, o Dr. Demin e Dr. Juran, que, naquela época, não eram ouvidos dentro dos Estados Unidos da América. Alunos extremamente aplicados, determinados e disciplinados, através de uma séria política de reconstrução – em que os dois pilares fundamentais foram – educação e a qualidade – o Japão deu a volta por cima, e em apenas vinte anos, já mostrava resultados extraordinários, tais como: 1º) O nível de qualidade dos produtos no Japão era reconhecidamente muito ruim. Na época do início da guerra, os japoneses tinham o conceito de fazer um produto “barato”, porém “ordinário”. 2º) Já no início da Déc. de 70 em apenas vinte anos, a imagem do produto japonês começava a superar, de fato, o produto ocidental. Uns chamam “milagre”, preferimos chamar de “determinação” japonesa. O que se assistiu foi o resultado de muito trabalho e determinação de um povo. 42 3º) O mundo ocidental ficou de braços cruzados até a década de oitenta. A partir daí, acordou! Era preciso estudar o fenômeno japonês e reagir a ele. Na Déc. de 70 os produtos japoneses, altamente competitivos (padrão de qualidade e preços baixos), já estavam em todo o mundo. Isto começou a incomodar, e muito, os países industrializados do primeiro mundo. Começou a parecer uma série de resistência (barreiras comerciais), à comercialização dos produtos japoneses – como sempre, medidas protecionistas, têm limitações e funcionam como placebos – no fundo, toda e qualquer política de restrição ao livre comércio tem como objetivo apenas “ganhar tempo”, para que a indústria local se prepare para competir. Porém, a revolução iniciada pelos japoneses, a que estamos nos referindo, é uma revolução fundamentada na qualidade do produto, na tecnologia. Como já dissemos na primeira parte, o diferencial competitivo, baseado na tecnologia e na qualidade de produtos, prevaleceu na Déc. de 80. O diferencial da Déc. de 90 passou a ser no campo da prestação de serviços. O progressivo “despertar do cliente” se deve a uma série de fatores que vem contribuindo para que o consumidor fique cada vez mais exigente, esses fatores são determinantes do comportamento – no Brasil e no mundo – tem feito com que os consumidores passem de uma posição passiva, secundária, para uma posição ativa e centralizadora de todas as atenções. Um dos fatores que muito contribui para este despertar é o Fator Histórico, pois no período compreendido entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a Déc. de 70, a situação era muito confortável para as empresas, de modo geral, e a procura de produtos era maior que a oferta – o mercado era essencialmente comprador. Este foi o comportamento até a recessão pela qual passou a economia mundial, provocada pela crise do petróleo. Como se isto não fosse 43 suficiente, a competição entre as empresas, acirrou-se. A partir daí estavam estabelecidas as condições para o surgimento de uma nova era, a “Era do Cliente”, invertendo radicalmente a situação, em função disto, as empresas começariam a correr atrás dos consumidores. O Fator Tecnológico teve sua influência e ás novas tecnologias vêm permitindo o acesso ás informações numa velocidade num volume crescente, possibilitando ao cliente o acesso a mais e mais opções de compra, assim como, mais informações que facilitem uma compra consciente. A tecnologia amplamente difundida, passa a ser uma aliada do consumidor, à medida que permite o fácil acesso deste, a informações de toda parte do mundo, em “tempo real”, ou seja, de forma instantânea. A formação de blocos econômicos, a exemplo da ECU (países europeus), da NAFTA (EUA, Canadá, México) e do MERCOSUL (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) demonstram a tendência a fusão em blocos maiores, os super blocos. Os quatro países do MERCOSUL e os quinze da União Européia acertaram que, dentro de cinco a seis anos, estarão prontos os alicerces para uma associação que, quando pronta, será o maior bloco econômico do planeta. No intervalo até o ano 2000 ou 2001, as relações entre os dois blocos serão regidas por um acordo No caso dos Fatores macroeconômicos, que possibilitaram O mundo caminha cada vez mais para ser uma “aldeia global¨. (...), passada a fase de transição, entra-se no período de associação inter-regional. É nesta fase que começam a ser reduzidos as tarifas para importação de bens de um bloco para outro, até eventualmente zerá-las.. (Folha de São Paulo, 15 de outubro de 1995 pág. 1-5). Isto nos leva a crer que dentro de alguns anos, não teremos dois ou três super blocos, mas sim um único mercado, totalmente livre, sem nenhum tipo de restrição ou barreiras, ou seja, teremos um grande “supermercado”, o mundo. 44 Com o fim da Guerra Fria, os países mudaram o principal foco de preocupação, que eram a segurança e a expansão ideológica (Capitalismo ou Comunismo), para se concentrarem na nova modalidade de guerra, a guerra comercial entre os países ou blocos comerciais, quem sai ganhando com isto é o consumidor, é claro. Uma “guerra” comercial limpa e ética significa produtos e serviços com maior valor agregado, ou seja, maior qualidade e menor preço. Os Fatores Políticos tiveram grande influência no desenvolvimento da consciência do consumidor, pois durante alguns períodos, principalmente, no que se refere ao militarismo, foi desenvolvida uma cultura de submissão. Associações e entidades de defesa de qualquer coisa eram muito difíceis de serem fundadas e/ou mantidas. Com o fim do “ciclo das ditaduras militares”, a liberdade começou a seguir aos poucos, à medida que perdia o medo e crescia a consciência das pessoas. A cidadania começou a ser resgatada, as instituições e associações foram recriadas. Já não era tão perigoso “brigar” pelos direitos. Enfim, com o resgate da liberdade, todos começaram, ou todos reaprenderam a exigir os seus direitos. Estava restabelecida a mínima condição para que aparecesse o “consumidor-cidadão”, o consumidor consciente. Quanto ao Brasil, várias iniciativas importantes ocorridas nos últimos anos, incrementaram o desenvolvimento da qualidade e o “despertar” de uma consciência dos empresários e dos consumidores. Dentre elas destacamos: PBQP: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade; Lançado pelo governo, com o apoio e atuação da iniciativa privada, em novembro de 1990, com o objetivo de “despertar”, conscientizar e incentivar as empresas brasileiras a implementarem e promoverem a qualidade. O PBQP, em sua forma original, foi constituído de cinco subprogramas. Conscientização e motivação para a qualidade; Capacitação de recursos humanos; Desenvolvimento de métodos de 45 gestão; Adequação dos recursos tecnológicos para a qualidade; Articulação institucional. Sem sombra de dúvidas, principalmente nos três primeiros anos após o seu lançamento, o PBQP cumpriu um importante papel da difusão da filosofia da qualidade na área empresarial. CDC: Código de defesa ao consumidor (Lei nº 8.078, 11/09/90); entrou em vigor no dia 11/03/91, se tornou um marco referencial de uma nova era na relação empresa/consumidor, no país. Constitui-se num extraordinário instrumento que “estabelece normas de proteção e defesa do consumidor. (IDEC, 1991 pág. 1). Como tal veio contribuir significativamente para a elevação do nível da qualidade dos serviços prestados no Brasil. Vejamos alguns comentários sobre o código, feitos por um especialista e um de seus redatores. “... não é um instrumento para revolução social; é antes de tudo, um caminho para a modernização”. ... finalmente reconhece um importante fator econômico antes ignorado e desprotegido; o consumidor. Cada aplicação do código será, então, uma oportunidade de purificar, mais de que ruptura nas relações entre consumidores e fornecedores. (Benjamin, 1991 p. 9 e 13). Hoje já existe no Brasil, uma série de entidades governamentais e sociedades civis – atuantes na proteção e defesa do consumidor, como: IPEM; CONAR; PROCOM; PNQ. 46 CAPÍTULO V “COMO AS EMPRESAS ESTÃO VOLTANDO-SE PARA SEUS CLIENTES¨ As definições que se encontram na literatura para designar clientes possuem um caráter muito amplo, a exemplo da definição de Nickels & Wood (1999:321): ¨indivíduo ou organização que compra ou troca algo de valor pelos produtos da empresa¨. Reconhecer a importância e dar a devida atenção ao público interessado – leia-se clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores; é o que estão fazendo as empresas para alcançar os lucros desejados. Sem clientes não há negócios, Kotler (2000). Vale salientar que todos os Stakeholders são importantes e devem ser considerados como clientes. Não somente objetivando o lucro da empresa, mas uma parceria lucrativa para todos os envolvidos. Isso é o que fidelizará o cliente e sustentará a empresa. 47 Há que se ressaltar que os concorrentes também oferecem vantagens semelhantes, Kotler(2000) diz que as empresas estão enfatizando a retenção de clientes em vez de simplesmente conquistar novos clientes. Mas eles já não são tão leais quanto antes, possuem múltiplas escolha no mercado, ao mesmo tempo em que os produtos e serviços de empresas concorrentes estão atingindo uma paridade crescente. Os clientes esperam, segundo Stone e Woodcock(1998), que seus relacionamentos com as empresas sejam gerenciados. Desta forma a chave para o marketing competitivo está na satisfação das expectativas relevantes do cliente de forma melhor que a proporcionada pelo concorrente. Na visão dos autores, o relacionamento entre empresa e cliente inclui: · A mídia e os meios e comunicação através dos quais ocorre o contato (correio, telefone, encontros presenciais); · A frequência dos contatos; · Com quem é feito cada contato; · O escopo dos contatos; · As informações trocadas em cada contato; · Os resultados provenientes de cada contato; · O custo dos contatos com o cliente. Com relação ao conhecimento e percepção do cliente Gordon (1998) afirma que devem ser considerados os seguintes atributos: · Infraestrutura tecnológica que aprenda, armazene e processe os dados necessários e que resultem no conhecimento sobre o cliente, além de uma arquitetura tecnológica que coloque esses dados em seu centro estratégico; 48 · Cultura e liderança que enfatize e valorize o conhecimento e a percepção sobre o cliente; · Estratégias explícitas para recrutar, treinar e preservar profissionais que vejam o cliente como centro de seu trabalho; e, · Processo de negócios, recompensas e reconhecimento de maneira a enfatizar os níveis de aprendizado sobre o cliente para o pessoal interno: o aprendizado individual; o aprendizado em equipe dentro da empresa; o aprendizado em equipe entre as empresa e outras empresas com as quais ela faça negócios, tais como fornecedores e os canais intermediários de distribuição; e o aprendizado com os clientes. A integração do cliente à empresa é resultado da metodologia de voltar a empresa para o mercado e, quando há opção por esta estratégias torna-se necessário estruturar e capacitar a organização para tal. Portanto, as principais capacidades que uma empresa precisa desenvolver, levando-se consideração o marketing de relacionamento são: em pessoal, processo, tecnologia, conhecimento e percepção. Os clientes podem ensinar às empresas como querem que elas lhe sirvam diz Berry (2001). Empresas de relacionamento captam e utilizam esse conhecimento e tornam difícil para os clientes abandonar essa relação. È o que se pode chamar de aprendizagem contínua sobre os clientes. Desta forma, a capacidade de agradar os clientes é um desafio para as empresas, tendo em vista que eles querem, cada vez mais , produtos superiores e adaptados às suas necessidades, fornecidos com rapidez, pelos menores preços e com serviços adicionais gratuitos. 49 A Década de 80 foi a década da conscientização do cliente, “toque de despertar”, para que as empresas soubessem que não poderiam mais ter clientes como certos. Com tudo, o pensamento dos anos oitenta pouco contribuiu em termos de abordagens fundamentalmente novas ou conceitos para a conquista e manutenção de clientes. Porém, foi uma grande revolução da “Era dos Produtos”, usando soluções reflexivas herdadas de uma era de fabricação e de pensamento industrializado. Já na Década de 90 o “despertar do cliente” ainda aumenta, sua revolução agora parte não só para obter qualidade nos produtos adquiridos, mas também, nos preços, na qualidade dos serviços prestados, enfim na sua satisfação. As organizações empenhadas na busca da “qualidade” têm feito muitos tipos de tentativas para encontrar o santo graal da qualidade notável em serviços. Existem mais fracassos do que sucessos, mais frustrações que satisfações nos programas de qualidade com nomes inspiradores e metas vagamente especificadas, isto porque a maior parte das organizações estão aplicando idéias e soluções do século vinte para problemas do século vinte um, onde a dificuldade esta na mentalidade, não no método..(Albrecht, 1995 pag.01) Muitas empresas ainda vivem um grande mal, já que elas estão aplicando idéias do século vinte a problemas do Séc. XXI. Na verdade, em termos de perspectivas dos clientes, muitas empresas ainda estão presas nos anos cinqüenta, elas ainda vêem os clientes como unidades estatísticas ou alvos de vendas. Elas definem seu principal objetivo como sendo vender mais daquilo que fazem a consumidores selecionados. Elas se empenham em um modo de pensar “centralizado na empresa”, ou de dentro para fora. 50 Em primeiro lugar, vamos projetar nosso produto ou serviço, depois decidiremos como embalá-lo da forma mais eficaz para fazer com que o consumidor queira comprá-lo. Esta mentalidade, encontrar clientes para nossos produtos, é considerada retrógrada, pois objetiva somente a empresa de dentro para fora não se espelhando no que o cliente necessita. Organizações de qualquer tamanho podem cair na armadilha da mentalidade centralizada na empresa. Ex: Os serviços telefônicos sem um exemplo desse modo de pensar. Ao longo dos últimos anos, a AT&T e as companhias telefônicas regionais desenvolveram várias maravilhas tecnológicas, como o cartão de identidade para chamadas, o toque distintivo, a localização de chamadas e o retorno de chamadas. Entretanto, o público usuário não pareceu muito impressionado com esses produtos. Com um ponto de equilíbrio de utilização, a maioria desses opcionais não atingiu dez por cento (10%) em mercados pilotos. Na verdade, hoje pelo dispositivo de espera de chamadas, dez anos depois do seu lançamento. Os bancos também tem sofrido com esse foco mal colocado. Muitos executivos de bancos falam de vender produtos, isto é, diferentes espécies de pacotes para a aplicação de dinheiro e assumir sua aplicação. Com as companhias de seguros, muitos bancos – provavelmente a maioria – entendem muito poucos a respeito das vidas, dos problemas e das necessidades dos seus clientes. Eles pensam em termos contas e produtos, não de clientes individuais. (Albrecht, 1995. pag.06) Um grande número de empresas possui apenas noções vagas sobre seus clientes e muitas delas focalizam seu pensamento e tomadas de decisões quase que exclusivamente em seus produtos, produtos que por não surgirem em respostas a necessidades definidas pelos clientes, muitas vezes fracassam. 51 Já as empresas centralizadas nos clientes apresentam um forte contraste a esses exemplos, elas os vêem como ponto de partida, posto de escuta e árbitro final para tudo aquilo que fazem. Elas partem das necessidades e expectativas dos mesmos. Então desenvolvem e aperfeiçoam produtos ou serviços para satisfaze-los. A Coutyard Marriott, é uma das cadeias de hotéis de melhor desempenho, a razão do seu sucesso é direta. Como afirmam os anúncios da Marriot para a Courtyard, a cadeia foi” projetada por viajantes a negócios para viajantes a negócios”. O conceito da Courtyard foi desenvolvido com base em extensas pesquisas junto aos clientes. A Marriot entrevistou milhares de pessoas de negócios para descobrir como se sentiam a respeito da expectativa de ficar em um hotel, estas pesquisas perguntavam que concessões as pessoas estariam dispostas a fazer entre vários itens e seus custos associados. Decisões tais como instalar o telefone em uma mesa, ao invés de ao lado da cama, foram tomadas em função de dados dos clientes, não por arquitetos ou decoradores de interiores..(Gerber, 1990 pag. 9698). A centralização no cliente é mais fácil de dizer do que de fazer em uma organização, a linguagem utilizada pelas pessoas quando se referem aos clientes ou quando descrevem programas de qualidade em serviços assinala muito claramente como elas vêem seus clientes e a si mesmas em relação a eles. As empresas que estão na vanguarda da revolução do cliente compreendem que a maneira pela qual falam a respeito deles e seus programas transmitem uma mensagem clara. Essas empresas centralizam tudo aquilo que fazem em seus clientes, elas não os vêem como um estranho, muito pelo contrário, cada cliente é visto como um indivíduo, e fazem o possível para “entrar em sua mente”. 52 As empresas se ¨personalizam¨, comprometendo-se através das suas pesquisas, do projeto dos produtos e da prestação de serviços para conquistar os clientes um a um. “Colocar o cliente em primeiro lugar” tem o jeito de um grande “slogan” uma banalidade ululante – é a frase curta, seca e foneticamente agradável. Mas, podemos fazer dela algo mais do que um simples “slogan”. Quais as características da empresa que coloca seus clientes em primeiro lugar? Para começar, podemos concordar que as verdadeiras empresas nas quais o consumidor é soberano, pensam e falam muito dele; estão sempre avaliando sua percepção; tendem a resolver questões de prioridade considerando o impacto mais provável sobre o cliente como critério; cedem, fazem concessões ou acrescentam valor para ele em situações de disputa nas quais o valor supera o que está em jogo em termos econômicos; recupera-se conscienciosamente de erros ou “momentos da verdades” mal cumpridas; penitenciam-se com o cliente que recebeu mau tratamento; adotam uma política de “fazer o que necessário” para procurar remediar a situação com um cliente insatisfeito ou com necessidades especiais; projetam sistemas, transferem recursos, e livraram-se de “vacas sagradas” quando atrapalham esforços visando conseguir serviços de qualidade. Podemos citar alguns passos importantes para que as empresas desenvolvam um bom atendimento. Num primeiro momento citamos a abordagem do cliente, no instante em que ele é atendido ou abordado dentro da empresa, inicia-se um relacionamento envolvendo as duas partes, o cliente e a empresa. A qualidade desse 53 relacionamento será determinante para criar condições favoráveis de negociação. Nesse momento o profissional de vendas que estiver recepcionando o cliente estará representando a organização, assim, para termos sucesso na aplicação prática, é importante tomar como base algumas noções de atendimento, como apresentar-se ao cliente com boa postura; atender com prontidão, rapidez e objetividade; demonstrar interesse em ajudá-lo, sendo pró ativo. Os laços de amizade criam uma maior afinidade entre o cliente, o profissional de vendas e a empresa. A maioria das pessoas preferem negociar com quem elas conhecem, ou melhor, com quem elas se sintam bem e com os amigos. Num segundo momento o importante é conhecer as necessidades do cliente. Para estar sempre em sintonia com ele, é preciso que haja um acompanhamento, para que este não caia no esquecimento, pois ele não é cliente uma só vez. O acompanhamento se torna uma vantagem competitiva, os aspectos fundamentais para o desenvolvimento deste passo é saber ouvir atentamente o consumidor para entender as suas necessidades e expectativas. Quando o profissional de vendas consegue diagnosticar as necessidades do cliente, ele poderá oferecer a solução mais apropriada que visa resolver e solucionar as questões colocadas por ele. A solução para uma determinada necessidade é possível quando temos bem definidas sua origem, ao oferecer a solução deve-se prometer a ele somente aquilo que a empresa poderá cumprir; apresentar-lhe a melhor solução para sua necessidade é o ideal. Outro passo de fundamental importância para o processo de bom atendimento é a constante avaliação do atendimento prestado, além de nos colocar em contato direto com o cliente, nos permite melhorar o atendimento com base em suas opiniões. Identificar e descobrir pontos “fortes e fracos” no 54 atendimento praticado, é fundamental para que se possa implementar melhoria e corrigir o que está errado, ou em desagrado ao cliente: Incorporar rotinas que visem analisar e pesquisar sistematicamente a qualidade do atendimento prestado ao cliente. Entrar em contato com o cliente com o objetivo de colher impressões, sugestões, reclamações, etc. Mais importante do que identificar e descobrir os pontos fracos e fortes do atendimento prestado ao cliente é gerar melhorias e implementa-las. Isto significa avaliar a pertinência das mudanças e melhorias sinalizadas pelo cliente; colocar em prática ou encaminhar as mudanças sinalizadas pelo consumidor; acompanhar os resultados reavaliando sempre as melhorias. Caso a implementação das melhorias dependa única e exclusivamente do atendente, deverá colocá-la em prática o mais rápido possível, caso dependa de outros setores, encaminhar as sugestões e acompanhar a evolução dos resultados, tendo em vista a satisfação do cliente. Através do atendimento denominado pós-vendas, verificando com o cliente se suas necessidades foram atendidas e se o mesmo ficou satisfeito com o serviço prestado, através de questionários e entrevistas. A aplicação destes passos, tem como objetivo criar um processo de melhoria contínua no atendimento, podendo assim melhor gerenciar os riscos. A empresa busca gerenciar as percepções de valor subjetivo buscada pelos clientes em um determinado aspecto das transações com sua organização. 55 Ela procura ampliar essa percepção subjetiva como meio para estabelecer um elo de aceitação e aprovação na mente do cliente. Ter qualidade é poder atender aquilo que se propõe a fazer, atendendo os requisitos acima citados. Quando a alta administração assume o compromisso de formar uma organização dedicada a servir aos clientes, o próximo estágio do processo consiste em descobrir do que eles precisam e o que valorizam. As necessidades e os valores dos mesmos devem influenciar todos os aspectos da organização; estratégia, seleção e desempenho dos funcionários, desenvolvimento de produtos e serviços, programas de vendas e de marketing, procedimentos operacionais e sistemas de informação e de medição. Compreender o cliente é fundamental para o êxito de qualquer iniciativa de foco nele. Essa compreensão é também muito complexa; envolve saber não apenas o que os clientes valorizam atualmente, mas também que valores novos estão sendo criados pelos concorrentes. As técnicas para descobrir valores tornaramse mais numerosas e passaram a exigir mais tempo para serem implementadas e analisadas. O primeiro passo para conhecer os clientes é ouvi-los. A empresa precisa escutar o que deles dizem sobre o seu pessoal, produtos, serviços e visão. Para descobrir o que pensam, algumas empresas os deixam formularem as perguntas que gostariam que lhes fossem feitas. Dessa forma, a organização consegue saber o que na verdade os aborrece ou agrada e, assim, o que é de fato importante para eles. Seja como for, o ato de ouvi-los deve se constituir num processo constante, cujos resultados têm de ser comunicados e postos em prática em toda a organização. As organizações precisam de muitos tipos diferentes de informações a respeito de seus consumidores. É óbvio que elas querem saber o que os clientes pensam sobre elas, seus produtos e concorrentes, mas também precisam saber 56 da vida pessoal deles. Essas informações as auxiliam a desenvolver produtos e serviços de importância para os mesmos. As organizações precisam ouvir os satisfeitos, os insatisfeitos, os neutros e os que poderão se tornar cliente. Falar com os satisfeitos é como falar comigo mesmo – a menos, claro, que o cliente satisfeito também esteja usando o produto ou serviço de um concorrente. Essa comparação pode ser muito esclarecedora. Os clientes insatisfeitos ou que migraram também podem fornecer um insight muito grande sobre os valores que não foram atendidos. Ouvir esses clientes pode ser mais difícil porque os valores e idéias que mencionam são em geral aqueles que as empresas nunca levam em consideração. Quando as mudanças se justificam, a empresa pode fazê-las com base no que ouviu. CAPÍTULO VI “TENTANDO ENCANTAR O CLIENTE” No capítulo anterior vimos como algumas empresas estão buscando melhorar sua prestação de serviços direcionado para os clientes e outras inequivocadamente tentando mostrar qualidade. Neste capítulo mostraremos o significado e a importância do “encantar” o cliente. Quando as empresas estão com os seus esforços voltados para eles, sua preocupação é satisfazê-los e buscar encantá-los, ou seja, oferecer a ele algo 57 mais, o que ele não espera, mas possa agradá-lo. Para falarmos de clientes encantados, primeiramente é preciso sabermos da insatisfação dos mesmos. Ao analisar algumas empresas, mesmo sem o conhecimento técnico sobre atendimento ao cliente ou qualidade total, o consumidor pode perfeitamente diagnosticar e selecionar aquelas que possuem o "feeling" de realmente lhe satisfazer. Embora seja difícil avaliar as características intrínsecas das mais bem sucedidas na tarefa de conquistar e manter clientes, elas possuem um diferencial em comum: no momento da verdade, ou seja, no dia-a-dia com a clientela, não desperdiçam as oportunidades a fim de encantá-la. No entanto, a bem da verdade, não é fácil encontrar empresas com este perfil, são poucas as vezes na vida as situações que o consumidor sente-se empolgado com o atendimento prestado por alguma empresa envolvida com a comercialização de bens ou a prestação de serviços. Mesmo com toda a explosão de técnicas relacionais voltadas para o atendimento eficaz (considerado por muitas delas como a razão de ser de qualquer negócio), ainda é difícil encontrar uma pequena loja ou uma grande empresa seduzindo, de fato, aqueles que proporcionam sua sobrevivência no mercado. Observa-se no cotidiano das empresas devido, entre outras razões, à complexidade das relações humanas, ao próprio ritmo de vida e também devido às transformações irreversíveis no mercado de trabalho, que as pessoas vivem em função dos ponteiros dos seus relógios, do sobe e desce de ônibus, do engarrafamento cada vez mais presente nas capitais, do receio em perder seus empregos ou da falta de perspectiva em conseguir um. Por isso, vendedores, recepcionistas e atendentes de forma geral, tanto de empresas públicas quanto de privadas (inclusive gerentes e profissionais similares), sentem-se inseguros e estressados quanto às mudanças em curso e isso acaba afetando negativamente o seu desempenho no trabalho, pois inevitavelmente lidam com pessoas. O resultado disso tudo é que os momentos especiais de 58 interação empregado-cliente são eivados de impaciência e indiferença de ambas as partes. Nessa situação, por mais que a empresa tente novos planos ou abordagens para transformar o consumidor em "fiel cliente", muitas vezes isso não surte os efeitos desejados. Em número considerável de organizações, atualmente o atendimento ainda é feito de forma tão esdrúxula e às pressas, sem a devida atenção aos anseios do cliente que o consumidor sente por vezes que "não é nem um pouco" importante para o resultado final da empresa. Em outras palavras, esse atendimento ineficiente faz com que o cliente não volte mais ou, na melhor das hipóteses, já retorne de "espírito armado" para eventual desentendimento ou indiferença no atendimento, por parte de determinados tipos de empregados. E quando o atendimento não é realizado pessoalmente e sim, on line, a impressão que o cliente tem em alguns casos é a sensação de estar se comunicando com um robô ou coisa parecida, pois muitas telefonistas são treinadas a fim de desenvolverem uma postura tão impessoal que acabam por tornarem-se desprovidas de qualquer sentimento positivo em relação ao consumidor. Às vezes, mesmo que sofisticados computadores possam estar envolvidos nessa tarefa, a satisfação final da pessoa que procura determinada empresa não é alcançada, com isso até os famosos canais de comunicação utilizados via telefone, os 0800, tornam-se redundantes por não atenderem em muitos casos as expectativas do cliente. E isso é muito desgastante, tanto para quem atende como para quem procura uma empresa na expectativa de ser bem servido. Além do mais, clientes insatisfeitos podem perfeitamente minar – á longo prazo – as energias de determinada empresa ao propagarem uma imagem negativa dela no mercado. Ademais, estudos demonstram que um cliente mal atendido repassa essa 59 experiência para um número bem maior de pessoas do que aquele que teve seu atendimento de acordo com expectativas positivas. Há, ainda, a figura do cliente insatisfeito, mas que não reclama. Ele simplesmente nunca mais retorna à empresa que não soube conquistá-lo, além de disseminar as razões disso para outras pessoas. Muito se tem falado sobre encarar o cliente como "rei", maravilhando-a. Nessa perspectiva, busca-se agradá-lo; sondar e até antever suas necessidades; sugerir novos produtos ou serviços que o mesmo ainda não conheça; ouvi-lo atenciosamente; mostrar-se interessado em resolver seus problemas (na medida do possível); abordá-lo educadamente, com paciência, a fim de "mantê-lo" na organização, pois ele faz parte dela, assim como tantos outros pressupostos inerentes à arte de negociar. Na teoria todo esse romantismo funciona bem, sendo as pessoas exortadas a introjetarem essas posturas e agirem de acordo com as instruções dos grandes gurus em administração. Mas, no cotidiano, como são de fato essas interações empresa x cliente? Infelizmente, na prática, parece que é mais fácil desencantar um cliente, transformando-o num "sapo" que num "rei ou príncipe", com todos os privilégios da realeza. Por isso, a oportunidade primeira de envolver um cliente não pode ser desperdiçada de forma alguma. Afinal, "a primeira impressão é a que fica", e a imagem da empresa é muito importante para ser denegrida em poucos minutos de interação. No entanto, paradoxalmente, em muitos casos, o consumidor é visto como um estorvo, como um estranho ao negócio da empresa, e não como uma pessoa que contribui para o seu nível satisfatório de desempenho e para o seu sucesso. Inevitavelmente, isso acaba desgastando a imagem da empresa e dos seus produtos e serviços no mercado. Em longo prazo, essa realidade torna-se totalmente adversa ao funcionamento normal da organização, e os custos maiores ainda para reverter à situação. 60 Quanto ao "Respeito ao Cliente", slogam tão divulgado nos dias de hoje, o grande problema vem da falta de sabedoria sobre o seu verdadeiro significado. Para que este respeito seja efetivado é importante haver uma reciprocidade entre a empresa e o cliente, a empresa cumpre a sua parte respeitando-o e este mantém a fidelidade à empresa. Numa situação prática um funcionário deverá agir da seguinte forma, em seu primeiro contato com o cliente, respeitá-lo, e durante a negociação citar os clientes que fecharam negócios e que ficaram muito satisfeitos. Outro cuidado que se deve tomar no atendimento é a colocação adequada e objetiva das palavras, eliminando qualquer ponto obscuro na negociação. Percebemos que muitas empresas não treinam seus colaboradores para cuidar do visual daquilo que é vendido, como também ressaltamos que muitas empresas vencedoras investem fortunas para que seu produto seja um destaque entre tantos outros, quer seja, na gôndola de um supermercado, na rua em que o estabelecimento opera, na hora que o cliente adentra a empresa. Portanto, é muito importante que o empresário faça diariamente uma verificação de seu negócio, de seus funcionários, enfim, de tudo que o envolve inclusive os seus clientes, através de uma planilha que contenha todos os aspectos que agradariam aquele que mantém seu estabelecimento aberto, por dar lucro quando compra algo, e encarregue seus funcionários para fazerem as verificações diárias. Agindo desta maneira, seus funcionários também entenderão o que é o respeito ao cliente. Portanto, compromisso e confiança é a união contínua das atitudes formadoras do respeito, sendo assim, para as empresas, a manutenção do respeito gera fidelidade do cliente, e tudo se transforma em lucro. Já na visão do empresário perdedor: “Dar treinamento para os meus funcionários é jogar dinheiro fora, pois é só treiná-los que eles vão para a empresa concorrente. Cuidar do visual para quê, os clientes que atendo não dão 61 a mínima importância para estas coisas, o que querem mesmo é pagar tudo mais barato”. Visão do empresário vencedor: “Tenho que investir em meus funcionários, não só em técnicas de atendimento ao cliente, como também em seus aspectos visuais e higiênicos, pois eles passam o dia inteiro fora de casa e podem ter problemas com transpiração, ou estarem trajados inadequadamente. Preciso cuidar do visual dos produtos que represento”. Visão do cliente insatisfeito: "Tudo aqui está em desordem, como o vendedor pode afirmar que estou fazendo uma grande aquisição, se eu não confio em suas palavras. Deixei meu produto para eles venderem e não cuidaram de nada, como esperam trabalhar deste jeito?” Visão do cliente satisfeito: “Esta empresa ano após ano continua mantendo o compromisso para com seus clientes, é por isso que”. Faço parte de sua clientela. Que atendimento! Os funcionários são bem treinados e se preocupam com a minha satisfação“. Isto é agregar valor para o cliente. Valor é uma relação entre a qualidade do que se leva e o preço pago por isso, portanto, se o que se quer é agregar valor a alguma coisa, aumente-se à qualidade e mantenha-se o preço - em termos absolutos ou relativos, tanto faz, a questão é o cliente perceber que levou vantagem em relação à troca anterior. Mas cuidado! – as pessoas querem mais. Elas “querem levar vantagem em relação a tudo”. O valor de alguma coisa resulta da relação qualidade/preço ser positiva, a qualidade sobrepuja o preço, mas também competitiva, ou seja, melhor do que outras relações qualidade/preço é oferecer alternativas acessíveis ao cliente. 62 Agregar valor para o cliente a uma transação envolve manobrar com os componentes da equação do valor percebido, ou seja, qualidade e preço. Não importa o que for com um ou com outro, ou com ambos: agrega-se valor quando a relação matemática entre eles “engorda” (a qualidade sobrepuja o preço). E, sobretudo, quando o cliente percebe isso. Setores como os de cartão de crédito oferecem bons exemplos de valor agregado para o cliente. Hoje, com um mesmo cartão, você compra coisas, obtém descontos, participa de sorteios e ganha milhagem aérea... e não paga um centavo a mais por conta. E veja o que rola no setor de seguros. Dias atrás o meu carro morreu e eu quase vou junto. Moro no mato, a cinqüenta quilômetros de São Paulo. Quando é que conseguiria levar o maldito carro até um mecânico? Pensei. A minha esposa, calmamente, discou um número telefônico e em dois dias eu tive o carro de volta, funcionando, na minha garagem, exatamente onde antes falecera. Obra e graça de um serviço de assistência fornecido pela minha companhia de seguros”. Recentemente assessorada por consultores da minha equipe, esta empresa instalou nas concessionárias de veículos estações tecnológicas que permitem a transmissão de imagens do carro batido para uma central de vistoria, agilizando a autorização do conserto e, como conseqüência, a devolução do carro ao cliente. Pelo mesmo preço, será que isso não é agregar valor? (Lobos, 1998 pag. 23) É. Mas que característica os setores antes mencionados – cartão de crédito, seguro – têm em comum? São serviços. Os consumidores exigem mais 63 deles em termos de valor agregado, serviços são intangíveis, depende de gente, carregam incerteza e risco... o que já não ocorre com produtos. Não se discute pagar um bom dinheiro pelos itens “opcionais” de um novo automóvel, mesmo sabendo ser isso uma artimanha de quarto mundo. Por quê? Porque o carro é uma coisa concreta e para o vendedor fica fácil – pelo menos no Brasil – argumentar que os tais itens opcionais não fazem parte do conjunto mecânico. Por outro lado, veja o caso dos serviços. Supõe-se que uma academia atlética ofereça, alem de vestiários limpos e equipamentos adequados, instrutores sorridentes. Ou que um conferencista seja também um sujeito capaz de contar piadas engraçadas. Ou que o gerente da nossa conta bancária tome a iniciativa de nos avisar quando houver uma aplicação financeira interessante, mas imagine ter de pagar mais por eles! Quando uma empresa busca agregar valor para o cliente, ela está buscando satisfazer suas necessidades e até mesmo poder encanta-lo com seus serviços. Mas o que significa satisfazer, seduzir o cliente? O julgamento da qualidade de um serviço recebido depende da expectativa e da percepção de cada um, pois este é o único juiz da qualidade em serviços. Expectativa: esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. (Ferreira, Dicionário Aurélio, 1986). Expectativa todo mundo tem, de tudo. Ter expectativa é como respirar, é uma ação automática vinculada à natureza humana. Toda ação ou situação a ser vivida no futuro, é precedida de uma expectativa consciente ou inconsciente. Assim como o “pensar”, “ter expectativa” é uma prerrogativa do ser humano. Uma das importantes diferenças entre o animal racional (o homem) e o irracional é que 64 o primeiro tem visão do futuro e noção de passado; enquanto o segundo vive só no presente, o instante. Basta haver a capacidade de ter visão de futuro, para se ter expectativa. Mas também temos que saber o que é percepção do cliente. Percepção: formar idéia de..(Ferreira, Dicionário Aurélio, 1986). A percepção é a realidade sentida, ou a realidade percebida por uma pessoa. Ela é única, ou seja, cada pessoa tem uma, a depender do ponto de vista de cada um. A percepção que o cliente tem de uma empresa ou de um serviço recebido pode ser positiva ou negativa. Em cada momento que o cliente vivencia numa empresa, a percepção pode variar entre fortemente positiva, ou extremamente negativa. A satisfação dele pode ser analisada através do que foi citado acima, ou seja, a satisfação é igual à percepção sobre a expectativa. A satisfação do cliente é uma relação entre o que ele viu (percebeu) e o que ele esperava ver (expectativa). Se analisarmos esta situação, poderemos obter algumas conclusões. Quanto maior for a expectativa (visão prévia do nível de serviço), maior também será a possibilidade de o cliente se frustrar, portanto de ficar insatisfeito; Quanto maior for a percepção (percepção positiva) do cliente, maior também será a possibilidade dele ficar satisfeito. Os fatores que influenciam tanto a percepção como a expectativa dos clientes em relação a um serviço, dependem de uma série de fatores. A influência, maior ou menor, de cada um deles está diretamente relacionada com a vivência de cada cliente. Destacamos alguns fatores, considerando-os importantes: 65 • Estrutura da personalidade: há vários tipos de pessoas, como as quais lidamos no dia a dia, pessoas de personalidade diferentes, algumas difíceis de ser agradadas. Por outro lado, há pessoas com um maior grau de tolerância. A estrutura da personalidade do cliente influencia a percepção dele diante de um serviço recebido. • Estado de espírito: de modo geral, o “estado de espírito” de uma pessoa varia com o seu estágio evolutivo, com as pressões do cotidiano, com os problemas que tem de administrar, varia com o dia a dia, e eventualmente, até com o momento de cada um. Daí a expressão “hoje estou com um alto astral”. • Informações armazenadas: o nível, o volume e a “qualidade” das informações e experiências, que se vão acumulando durante o passar do tempo, influenciam na percepção que as pessoas tem sobre as coisas e as diversas situações do cotidiano. • Experiências em outras empresas: todo o julgamento é relativo, é comparativo. O cliente, quando julga ou percebe a qualidade de um serviço, ele o faz de forma comparada com experiência que o cliente tem com outras empresas, concorrentes ou não, é determinante da opinião pessoal. • Experiência com a própria empresa: se o cliente já teve uma experiência com a empresa, portanto já experimentou um determinado padrão de serviço naquela empresa, ele não aceita recuos, ou seja, o cliente retorna, ele faz consigo um padrão de serviço histórico (uma percepção histórica), e isto vai influenciar o 66 julgamento da qualidade presente. São comuns os seguintes comentários; “... esta loja já teve um atendimento muito melhor”. O processo de encantamento do cliente nunca para. A palavra “encantar” guarda uma estreita relação com as palavras “surpreender” e “inesperado”. A empresa que busca encantar o cliente é inquieta, é criativa, supera-se a todo momento e tem como meta exceder sempre! Encantar significa superar as expectativas do cliente, tentar fazer com que suas percepções sejam melhores que suas expectativas. Observamos algumas empresas e conseguimos separar alguns exemplos de estratégias, voltadas para o atendimento e encantamento ao cliente, como podemos ver abaixo: Até U$ 500 é provável que não discutamos com ninguém. Acima disso, porém, a questão entra na área de julgamento., (Sewell, 1993, p.56). Este exemplo é o de Carl Sewell, o maior vendedor de carros de luxo dos Estados Unidos; nos mostra a seguinte situação: Até $500 dólares o cliente tem razão, pois não vale a pena o envolvimento com apurações, se o cliente tem ou não razão, em questão ou reclamação de valores menores que U$ 500 dólares, paga-se e pronto! Para este tipo de negócio – venda de carros de luxo – possíveis pequenos prejuízos (U$500) são considerados como investimento no relacionamento com os clientes. Isso nos mostra que uma política e diretrizes escritas – que efetivamente funcionem, são indispensáveis para estabelecer os limites dos funcionários, quanto a responsabilidade que assumem na relação com os clientes e a empresa. Entretanto, isto não é tudo, a equipe tem que estar muito bem preparada para o 67 trabalho. Sem o envolvimento e o compromisso de todos que trabalhem na empresa, não é possível o desenvolvimento de uma cultura de encantamento. “Ao chegar á recepção, uma moça de rosto alegre, saudou-me amavelmente. “Bem vindo ao ” Venetia “, fiquei impressionado com a facilidade do procedimento. E o quarto! A principal impressão foi de discreta opulência. A refeição foi tão deliciosa, como tudo que tinha experimentado até então. Ansioso pelo fogo da lareira, alguém havia se antecipado e preparado o fogo na lareira. A cama estava preparada, os travesseiros arrumados com uma bala de menta, me senti muito bem servido. Na manhã seguinte, havia uma cafeteira ligada por um timer automático, estava preparando meu café. Um cartão apoiado nela dizia, “sua marca predileta de café, Bom apetite!”. E era mesmo. Como eles poderiam saber esse detalhe? De repente lembrei-me. No jantar perguntaram-me quais a minha marca de café preferida. E aqui estava ela! Houve um leve toque na porta. Fui abrir, na frente da porta, jazido um jornal, meu jornal, como era possível eles saberem disso? Mais uma vez lembrei-me quando me registrei, a recepcionista havia perguntado qual o jornal que preferia. O sistema ofereceu um fósforo, uma bala de menta, uma xícara de café e um jornal! Cada componente individual era uma solução orquestrada. (Gerber, 1990 pág. 96/98). Esta experiência nos leva a crer que para se ter qualidade, não é preciso gastar altas quantias de valores monetários, basta usar a criatividade e os recursos disponíveis. Porém é de fundamental importância ter pessoal qualificado e bem treinado para poder atender bem e com qualidade. Todo padrão de serviço que é adicionado ao cliente termina incorporado, passa a ser direito adquirido. Se a empresa retira uma vantagem adicionada anteriormente, isto é 68 um retrocesso! O cliente passa a “perceber” uma falha, um defeito. O que de fato ocorre, é que o padrão de qualidade cai sob o ponto de vista do cliente. Uma empresa diferencia-se da concorrência se puder ser singular. A qualidade no atendimento ao cliente, procura ser este fator diferencial para agregar valor a ele. O comprador seleciona um ou mais atributos, os quais consideram importantes, e que pode ser baseada no próprio produto, no sistema de entrega, no marketing, no atendimento, etc. Uma empresa que se diferencia das demais e que agrega valor para o cliente, será uma competidora acima da média. Para que possamos melhor entender este fator diferenciador, esclareceremos este termo com base nos valores. Em termos de competitividade de mercado, valor é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa ou produto oferece. Valor não é custo, deve ser usado na análise da posição competitiva, pois se oferecemos uma mercadoria igual á uma já existente, estipulando o mesmo preço, é necessário que esta tenha algo diferencial que agregue valor para o cliente, para que ele a compre. 6.1 A gestão da qualidade Apesar das várias contribuições no sentido de definir a qualidade, ora na visão de quem produz, ora na visão de quem usa, falta uma definição universalmente aceita para qualidade. O conceito de qualidade desde os anos 60 esteve ligado à noção de atendimento às necessidades dos clientes e hoje, num novo contexto, os clientes são todos afetados por nossos produtos ou serviços. A maior consciência da qualidade implica na aceitação do que o cliente valoriza, e não nas intenções do comerciante. A aceitação de que a qualidade de produtos ou 69 serviços de uma empresa é a principal determinante para o sucesso de mercado, e, de que existe qualidade quando a necessidade/expectativa do cliente é atendida, é também abordada por autores como Kotler (2000): “a qualidade total é a chave para a criação de valor e satisfação dos clientes”; e Paladini (1995), que afirma: “se é verdade que a qualidade começa e termina no cliente, também é verdade que a qualidade é projetada, é desenvolvida e gerada no processo. E isto independe do tipo de produto que estamos falando - se bens tangíveis, métodos ou serviços”. Ainda segundo o Autor, o direcionamento do processo produtivo no pleno atendimento ao cliente requer que se saiba o que ele quer, e exige um modelo de contato permanente com os consumidores. As melhorias no processo produtivo estendem-se então, aos relacionamentos com os clientes, partindo da interação da equipe produtiva rumo ao atendimento das necessidades daqueles. A definição de Kotler (2000) é da qualidade claramente voltada para o cliente: “qualidade é a totalidade dos atributos e características de um produto ou serviço, que afetam sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas ou implícitas”. A qualidade é o mínimo que o cliente espera de qualquer produto ou serviço. Se não houver qualidade, fatalmente não haverá relacionamento, porque não haverá recompra. Justifica-se o enfoque da qualidade por ser componente essencial para a formulação de políticas e estratégicas de excelência e relacionamentos em qualquer tipo de organização. Pode-se considerar que qualidade é uma das mais importantes ferramentas para conquistar consumidores, competitividade e produtividade, dando sustentação às empresas bem como a todo o sistema econômico de um país. Isso fica confirmado com a definição feita por alguns autores descritos a seguir: Estar sempre atendendo as necessidades dos clientes, com preço compatível à satisfação dos mesmos, onde o cliente define o quanto quer pagar, 70 é a definição de qualidade para Deming (1990), portanto os clientes indiretamente definirão os preços dos produtos, considerando-os adequados a sua satisfação. Produzir bens e serviços que os clientes considerem adequados ao desempenho que destes desejam. Essa definição é sintetizada por Juran (1990) ao dizer que qualidade é a adequação ao uso. Alguns autores já incluem outros fatores na definição de qualidade, considerando não somente as necessidades, mas também valorizando a opinião dos clientes, ou seja, fornecer produtos que ofereçam o que ele espera. Nesta visão Kotler (1998:65) define: “Qualidade é, a totalidade de aspectos e características de um produto ou serviço, que proporcionam a satisfação das necessidades declaradas e implícitas”. Quer o autor mostrar que nem sempre o cliente explicita tudo o que quer. Deve a empresa saber entender o que ele deseja dentro de um conceito de intangibilidade. Não se espera só o produto ou serviço em si, mas o que ele pode oferecer além da função primária que lhe é característica inicialmente. Este, já é considerado um conceito mais completo de qualidade, antes visto somente como o atendimento das necessidades dos clientes. Nesse processo de transição percebe-se que ela não pode ser voltada somente para a necessidade, mas também a um novo conceito de cliente, aquele que tenha satisfeitas até as necessidades não previstas. É a superação. Sobre o assunto Kotler (1998), defende que existe uma interligação direta e inegável entre qualidade de produto e serviço, satisfação do consumidor e rentabilidade da empresa já que quanto maior a qualidade, maior a satisfação do cliente e menores os custos; e, embora com preços maiores o cliente paga pela melhor qualidade que resulta em maior rentabilidade para a empresa. Um dos fatores-chave para o sucesso de uma empresa é a qualidade de seus produtos/serviços. Essa qualidade deve estar adequada aos desejos do cliente, sendo sempre superior a suas expectativas, nunca inferior. Cobra (2000:173) corrobora esta idéia ao afirmar que: “a qualidade de um produto ou 71 serviço financeiro deve estar focada nas necessidades dos clientes, procurando oferecer sempre algo que exceda as expectativas”. São necessárias três revoluções na qualidade para que se chegue à vantagem competitiva: a primeira refere-se à qualidade do produto; a segunda, à qualidade do serviço e a última, à qualidade da informação conforme Albrecht (2000). Essa afirmação do autor leva a considerar que a tecnologia da informação possibilita a revolução na qualidade da informação, não se trata somente da qualidade de dados, mas também da qualidade do conhecimento e das idéias que fluem, e isso é pode criar um relacionamento mais rico e duradouro com os clientes. Qualidade é essencial, e envolve uma gama de fatores que serão responsáveis pelo sucesso de qualquer empresa. Qualidade envolve a tudo e todos, é uma palavra de ordem também em bancos de todas as dimensões. Essa palavra de ordem é emitida em meio a uma borrasca, causada pelas transformações sentidas no mercado financeiro, decorrente da estabilização monetária e da acirrada concorrência, decorrentes da globalização acelerada da economia. A qualidade deve incidir na rotina da atuação dos bancos através de dois fatores: na atenção para com o cliente, quanto ao fornecimento de produtos e serviços e na qualidade da gestão de seus clientes. Partindo-se da busca da satisfação das necessidades dos clientes, oferecendo excelência e qualidade nos produtos e serviços, é necessário então que a instituição como um todo, esteja atenta para perceber quem são seus clientes, o que eles pensam e sentem. 6.2 Importância da qualidade em serviços O gerenciamento da qualidade em serviços tem ganhado notória importância entre as empresas do mercado mundial. O setor de serviços tem 72 crescido consideravelmente à medida que um país se desenvolve e conseqüentemente aumenta o poder aquisitivo das pessoas. Isso fica comprovado com a afirmação de Albrecht (2000), de que nos Estados Unidos, apenas 13% das empresas fabricam bens de todos os tipos, as demais (87%), dedicam-se às atividades de informação e serviço. Gerenciar o movimento pela qualidade dos serviços é uma evolução que necessariamente avança a cada dia, já que diariamente aprende-se como incorporá-la melhor às atividades das empresas. A importância desse gerenciamento é traduzida pela afirmação de Gale (1996:103), “serviço ao cliente, de alta qualidade, significa lucros”. O Autor complementa que o resultado de sucesso alcançado por empresas que administram estrategicamente a qualidade em serviços, é visto em empresas importantes tais como a Xerox, uma empresa industrial que está administrando a qualidade dos serviços que presta ao cliente, como apoio aos produtos que vende. Essa flexibilização nos serviços é necessária. No conceito de Paladini (2000), o atendimento ao cliente depende das expectativas que ele demonstra ou expressa durante a relação existente no processo. Para tanto, é necessária extrema flexibilidade, criatividade e capacidade de adaptação. Não há porque fazer diferenciação entre serviço e qualidade, uma vez que serviço é todo trabalho que agrega valor ao que uma pessoa faz em benefício de outra. A não diferenciação justifica-se quando Albrecht (2000) define qualidade como a medida em que uma coisa ou experiência satisfaz uma necessidade, soluciona um problema, ou agrega valor em benefício de uma pessoa. Dar ênfase ao valor para o cliente e entender o que ele quer comprar se traduz em qualidade de serviço, de criação de valor para ele. É preciso que as coisas tenham significado para que se possa fidelizar o cliente, porque a 73 fidelidade não se prende ao vazio ou a propostas abstratas, o cliente é fiel a algo que quer e acredita. Isso é enfatizado por Cobra (2000:57): A razão do sucesso de uma empresa em qualquer ramo de negócios depende do grau de relacionamento da empresa com seus clientes. Essa integração depende do adequado atendimento da clientela. Portanto, prestar serviços de qualidade significa estreitar com os clientes um importante elo. Atualmente, esforços de qualidade bem-sucedidos exigem que a administração da empresa atinja e exceda a satisfação dos consumidores, dentro desse enfoque a qualidade de produtos e serviços é somente uma parte, uma das prioridades estratégicas das empresas. Necessário se faz ainda, difundir essa idéia largamente, proporcionando a todas as pessoas da organização o treinamento e o apoio necessários para que se atinjam esses objetivos, defende Oliver (1999). A liderança na qualidade, nos dias de hoje, começa com um íntimo conhecimento de como os consumidores definem satisfação e qualidade de produtos e serviços e uma ênfase nos resultados obtidos ao se alcançar e superar as expectativas dos consumidores. O elemento-chave aqui é a expectativa do consumidor, costumeiramente esquecida na aplicação dos antigos parâmetros padronizados de qualidade. A melhoria contínua na qualidade é fator de competitividade essencial para que a empresa enfrente a disputa direta no mercado de seus produtos e serviços. Berry (2001:13) afirma que a confiança do cliente é o ativo mais precioso que qualquer empresa pode ter e “a excelente execução do serviço dia após dia á um elemento fundamental na construção de confiança”. De acordo 74 com Cobra e Rangel (1993) é fundamental que os produtos e serviços oferecidos aos consumidores estejam de conformidade com suas necessidades e expectativas. Um bom produto pode tornar-se mais competitivo se for acompanhado de um bom serviço aos clientes e a prestação de serviços àqueles se apoiar em uma metodologia e/ou qualidade diferenciadora, como chave para incrementar os negócios. No caso dos serviços financeiros, Berry (2001) acrescenta que os clientes são motivados a permanecer como tais quando compram esse tipo de serviço e têm uma excelente experiência. Para Levitt (1990), o relacionamento entre vendedor e comprador raramente termina após a venda. Na realidade este relacionamento intensifica-se e torna-se o fator crítico na escolha do consumidor para uma próxima compra. Este caso está explícito principalmente nos serviços financeiros, consultoria, empreitadas em geral, bens de capital e todas as outras organizações que envolvem transações de compra e venda. A satisfação do cliente é uma conseqüência de uma série de eventos, que começa quando uma empresa entra em contato com aquele; e isto é algo que nunca termina. Cobra e Rangel (1992) afirmam que o aftermarketing se inicia logo após fechado o negócio e transferida a posse do bem ou serviço. A transformação de um cliente potencial em cliente de longo prazo faz com que entrem em cena uma série de outras atividades. É extremamente importante que após a venda o vendedor faço o acompanhamento para certificar-se que o cliente está satisfeito, Nickels e Wood (1999). Esta verificação posterior leva o vendedor a saber se a entrega, instalação e desempenho do produto atenderam as expectativas, bem como o acompanhamento completo e constante mostra ao cliente que os vendedores se importam com ele. Quanto maior o número de formas e maneiras pelas quais é possível satisfazer o cliente, mais forte é o relacionamento. 75 6.3 Fidelização do Cliente Em qualquer setor de atividade há a preocupação em conquistar clientela. Todavia tão importante quanto atrair clientes senão de maior valia, é fidelizá-los diz Reichheld (1996). Para isso é necessário o conhecimento e estudo de técnicas que determinem o caminho, permitindo levar as organizações ao sucesso de tal iniciativa. Para se ganhar a fidelidade dos clientes é exigida, além de uma análise cuidadosa, ação coerente, buscando respostas para a tomada de decisão e definição de estratégias, baseando-se principalmente no conhecimento do que é importante e interessa aos mesmos. Algumas correntes anunciam o fim dos clientes fiéis, pois pesquisas feitas nos Estados Unidos, apontam que há uma grande rotatividade não somente com os clientes (50% mudam de fornecedor a cada cinco anos), mas também com seus funcionários (50% saem de suas empresas a cada quatro anos), e até mesmo seus investidores as abandonam (50% em menos de um ano) comenta Reichheld (1996). Então, surge a questão de quanto vale fomentar a lealdade. Para a empresa com o foco na manutenção dos clientes, é garantida em longo prazo a manutenção de seus ativos, e isso é vital para que tenha resultados positivos e seja competitiva. Tschohl (1996), diz que tendo como conseqüência a perda de clientes pela deslealdade é que se visualiza o valor da lealdade do cliente, ele enfatiza ainda que a empresa deve considerar o cliente como o ‘patrocinador’ vitalício de seu investimento em marketing . Percebe-se então, que as empresas que ainda apostam na fidelidade de seus clientes têm obtido bons resultados, conservando os melhores clientes e funcionários, aqui considerados clientes internos. Como exemplo de empresas que cultuam a fidelidade de seus clientes, Reichheld (2000), cita: HarleyDavidson, Dell Computer e New York Times. 76 Ao avaliar-se o nível de fidelização dos clientes da Harley-Davidson percebe-se que a empresa conseguiu uma cultualização aos produtos, os seus clientes são o marketing e a propaganda viva. Existem clubes, encontros e caravanas completamente caracterizados pela marca, que os usuários fazem questão de difundir e defender. Não se pode confundir compras constantes com fidelidade. As atitudes dos clientes Harley-Davidson são explicadas por Heath (1998:48) ao citar declaração do presidente da American Marketing Association: Clientes fiéis são aqueles que superam qualquer obstáculo para comprar um produto específico e não um equivalente, e têm menos probabilidade de mudar após uma experiência ruim”. Há que se analisar levando em consideração a idéia do autor, que são poucas as empresas ou marcas que conseguem uma lealdade comparada à da Harley-Davidson e até da Ferrari; e o nível econômico das pessoas que se enquadram em tal conceito é restrito e elitizado. Analisando se o que custa mais caro é conquistar um novo cliente ou reter um cliente atual, verifica-se que a busca de novos clientes pode ser mais atraente e motivadora para a Força de Vendas nas agências, mas é mais cara do que manter um cliente atual. Esta é uma boa razão para a empresa desenvolver uma estratégia de fidelização de clientes. Além disso, atender as necessidades dos atuais clientes pode ser mais fácil, porque se pode saber melhor quem são, onde estão e quais as suas necessidades. Quando perde um cliente a empresa perde todo o lucro que teria com as compras futuras deste com o qual já teve custos para conquistar, a tais custos 77 terá de acrescentar ainda, o custo de reposição dessa perda. Segundo Kotler (2001), pesquisas da TARP (Techinical Assistance Research Program), revelam que além de custar cinco vezes mais conquistar um novo cliente, do que manter o atual, poderá demorar alguns anos até que o novo cliente compre na mesma proporção do antigo. Torna-se então valiosa a recomendação do autor, quando diz que a empresa deve monitorar o nível de satisfação de seus clientes atuais em relação ao que está oferecendo a eles, não presumindo que os clientes que possui estão garantidos pois constantemente estão tentando fisga-los. Deve-se fazer algo especial para eles sentirem-se valorizados, percebendo que para ele, cliente, também é vantajosa a parceria, como também encorajá-los a opinarem, darem feedback. Para Kotler, grandes empresas desenvolveram uma hábil capacidade de obter e manter clientes. Os principais processos envolvidos são: localizar clientes potenciais; vender pela primeira vez para eles, e mantê-los, fazendo com que suas compras cresçam, se possível para sempre. A característica dos mercados atuais é ter abundância de fornecedores e marcas. Há escassez de clientes. Achá-los deixa de ser função dos vendedores que devem vender e não procurar clientes. As empresas podem descobrir e indicá-los a seus vendedores reduzindo seus custos, é a chamada geração de indicações que se divide em três etapas: definição do mercado alvo; o uso de ferramentas de comunicação para coletar dados dos clientes potenciais, e classificá-los como qualificados. A criação de valor é essencial para a fidelização dos clientes diz Gale (1996), ao defender que é necessário oferecer uma proposta de valor melhor que a da concorrência e não simplesmente a oferta de utilidades imediatas. Esse valor precisa ser também administrado por meio do gerenciamento da qualidade na organização. 78 Criar valor é oferecer algo que destaca um produto ou serviço sob a visão do cliente. Não é o que o produto faz, mas o que aquele espera que o produto faça por ele de maneira destacada e, se possível, única. Para se saber o que representa valor para ele deve-se pesquisar junto ao mesmo diz, Cobra (2000), ele que irá dizer o que quer. Por meio de pesquisa junto ao cliente sabe-se criar valor. Este último ajuda a “construção” da fidelidade diz Raphel (1999). Para o Autor criar valor e transformar um cliente eventual em cliente leal é construir fidelidade; e não existe motivo para um cliente ser fiel a uma organização se ela não for fiel à ele. Mckenna (1999), coloca todo o sucesso dos anos 90 na construção de relacionamentos com a infra-estrutura que envolve determinada indústria ou atividade, principalmente com os clientes. Continuando, Mckenna afirma que o marketing moderno é uma batalha para obter a fidelidade destes. Fidelização nasce do marketing de relacionamento; vendas repetidas do esforço de vendas. Hoje as pessoas desejam fazer negócios com empresas de serviço que ofereçam serviços agregados a seus produtos antes, durante e após a venda. Procuram um relacionamento de longo prazo, onde as necessidades individuais possam ser atendidas não somente hoje, mas também no futuro. Uma empresa precisa executar 5 etapas para a implementação da estratégia orientada ao cliente. Seybold (2000) demonstra-o conforme figura abaixo. 79 AS CINCO ETAPAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA ORIENTADA AO CLIENTE 1- É necessário facilitar os negócios do cliente com a empresa. 2- Ter como foco o cliente final de seus serviços. 3- Estruturar seus negócios de acordo com o ponto de vista de seu cliente. 4- Dentro de uma visão abrangente e progressiva buscar a lucratividade da empresa. 5- Buscar constantemente a lealdade do cliente que é a chave da rentabilidade da empresa. Fonte: Adaptado de Seybold (2000). As cinco Etapas para a Implementação da Estratégia Orientada ao Cliente Fidelizar clientes é uma das conquistas mais importantes para se manter boa performance. É essencial manter-se atento a tudo o que acontece no mercado e principalmente ao que possa interessar aos clientes, porque é a partir da satisfação das necessidades deles que se chega ao sucesso empresarial. Dentre os setores em que as transformações são mais evidentes, está o financeiro. A corrida pelo ganho de produtividade e competitividade, semelhante ao ocorrido em outras economias, desencadeou um processo de fusões e incorporações de relevante impacto no Brasil. A presença de bancos internacionais aliados à conjuntura econômica, tem orientado os profissionais de marketing a desenvolverem estratégias voltadas para o ganho de escala, alavancando produtos e serviços por meio do aumento da base de clientes, e, principalmente, para a retenção dos que já possui. 80 Conforme Gusmão e Watanabe (2001), no setor bancário de outras economias já houve grandes transformações e estas continuam acontecendo também no Brasil. A exemplo de outros países, no mercado bancário brasileiro estão ocorrendo muitas mudanças, sendo as principais apresentadas a seguir. TRANSFORMAÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO · A Revolução tecnológica. · Aumento da participação de grandes bancos internacionais, por meio da compra e incorporação de bancos nacionais, privados e estatais. · Aquisições e incorporações de bancos de capital nacional Fonte: Adaptado de Gusmão e Watanabe (2001) Transformações no Mercado Financeiro Os bancos estão preocupados em ampliar o mercado, sua área de atuação, sua base de clientes, e a pulverização do crédito. A manutenção e o aumento da base de clientes é o fator de maior influência para a diminuição do risco, maior lucratividade e sustentabilidade em longo prazo. Essa preocupação cresce devido à concorrência acirrada no mercado financeiro brasileiro pela entrada de Bancos internacionais, que estão se voltando para as economias emergentes e com potencial de mercado visualizado em longo prazo. A importância de as instituições financeiras criarem estratégias e formas de manutenção de seus clientes é vital para o sucesso de qualquer organização, porque uma empresa ou qualquer instituição financeira só existe ou tem sustentabilidade se tiver clientes, independente do setor em que atue: comercial, industrial, prestação de serviços, ou bancário. Portanto, de maneira geral, só atingirão seus objetivos as instituições que tiverem estratégias para fidelizar seus clientes. 81 6.4 Importância das pessoas na fidelização A satisfação do cliente já não é mais o bastante, é preciso deixá-lo encantado, considera Whiteley (1995). Além de ouvir sua opinião é necessário amarrá-la completamente à forma da empresa agir, e essa forma de agir está pautada em um compromisso baseado em relações sólidas, em que a honestidade é o princípio básico para o relacionamento, resguardando os interesses de ambas as partes. Isto as máquinas não podem fazer, somente as pessoas. Ouvir o cliente, colocar a sua opinião como ponto de partida para a definição das estratégias da empresa, empresa esta preocupada em formar uma relação de parceria pautada de transparência e confiança com resultados e benefícios que prevêem a satisfação mutua das partes; somente são alcançados com o envolvimento e desempenho de pessoas. A confirmação de tal premissa é verificada a partir do que diz Cobra (2000:71): (...) o grande diferencial não são os serviços, são as pessoas, uma vez que os serviços dependem do desempenho das pessoas e não apenas de máquinas e equipamentos destinados à prestação dos serviços financeiros por meio de cartões inteligentes, atendimentos a segurados, emissão de bilhetes aéreos. No final do século XX, os administradores de empresas vieram a aceitar que o diferenciador crítico de uma organização comercial ou industrial, são as pessoas e não o patrimônio em imóveis, dinheiro, equipamentos. Ao se depararem com uma economia do conhecimento, as pessoas são a alavanca dos lucros diz Fitz-enz (2001). 82 Todos os outros recursos de uma organização, ou seja; seus bens patrimoniais são passivos e inertes. As pessoas ao utilizá-los aplicando conhecimentos, fazem a geração do valor. “Somente as pessoas geram valor por meio da aplicação de suas características humanas intrínsecas, da motivação, das habilidades adquiridas e da manipulação de ferramentas” (FITZ-ENZ, 2001:4). A partir da colocação do autor, considera-se que para uma empresa ser bem sucedida precisa que as pessoas participantes da organização tenham o conhecimento, as habilidades e as atitudes certas para poder distingui-la de suas concorrentes. Não são simplesmente pessoas, mas sim a capacidade que a empresas devem ter de compartilhar dados oportunos, relevantes e organizados com seus funcionários, que geram o conhecimento para o melhor desempenho das funções de cada um dentro da organização. Os computadores e programas não agregam valor até quando pessoas instruídas colocarem suas mãos treinadas sobre o teclado e começarem a extrair o potencial existente nos programas de software. Alcançar qualidade e valor excelentes; diz Gale (1996), só se consegue com o apoio constante de cada um na empresa, e isso precisa ser reconhecido por administradores sábios. O sucesso do marketing de bancos está atrelado à qualidade dos produtos e aos serviços oferecidos, como também de pessoas comprometidas e motivadas. Se as empresas deixarem de investir em seus colaboradores, estarão deixando de investir na qualidade de seus produtos e serviços. Dentro desse enfoque, a qualidade e a excelência no atendimento tem significativa importância na satisfação dos clientes. Para o bom atendimento Zemke (1995) destaca alguns princípios: 83 • Ouvir, entender e corresponder ás necessidades dos clientes de forma personalizada e criativa. • Estabelecer uma visão clara do que é atendimento superior e comunicar essa visão aos colaboradores. • Ter bons colaboradores, treinando-os e informando-os para atingirem padrões de atendimento, como também lhes dar autonomia. • Reconhecer e recompensar os funcionários que dão um passo além por seus clientes. Além do posicionamento da empresa, entende Moller (1997), que são necessários alguns fatores um funcionário ter um bom desempenho: comprometimento, responsabilidade, fidelidade, iniciativa, produtividade pessoal, relacionamento pessoal, qualidade pessoal e, por fim, a competência profissional. O Autor, ao citar tais fatores, está expandindo ou mudando o conceito inicial que as empresas geralmente consideram como essencial ao contratar e manter determinado funcionário. Qual a formação, quantos idiomas fala, onde já trabalhou, qual a experiência que possui, são geralmente os que mais têm peso. Não que não sejam também importantes as competências técnicas, mas elas são adquiridas mais facilmente, enquanto o comprometimento, a responsabilidade, a fidelidade, iniciativa e produtividade pessoal são básicos e muitas vezes nem sequer observados pelos administradores. A contratação e manutenção dos funcionários certos têm tudo a ver com a obtenção e manutenção dos clientes certos na concepção de Reichheld (1996). As empresas que não investem na lealdade de seus funcionários e, conseqüentemente. de seus clientes conhecem seus custos, mas não conhecem seu valor. 84 Na idéia do Autor, saber identificar as competências essenciais nos funcionários, entender sua importância reconhecendo e recompensando o seu valor, tornando-os comprometidos e fiéis à empresa, são maneiras indiretas de buscar a fidelidade dos clientes. A People Soft é um caso a ser apontado como exemplo da importância das pessoas no relacionamento e fidelização de clientes em prestação de serviços, relata Oliver (1999). Ela fornece pacotes de software para auxiliar no desempenho da coordenação diária das áreas de recursos humanos, logística, planejamento da produção e contabilidade. São mais de 1300 clientes de uma enorme variedade de indústrias. A empresa acredita que o real poder da organização está na sua linha de frente, nos empregados prestadores de serviços que lidam diretamente com os clientes e seus problemas. Todos os empregados são estimulados a criarem e desenvolverem fortes vínculos com os clientes; e são autorizados a utilizarem fundos de reserva para satisfazer as necessidades de um determinado cliente. Atualmente grande parte das idéias que auxiliam em processos de melhoria provém de funcionários de linha de frente, que se encontram mais próximos dos processos produtivos e dos clientes da organização, bem como os produtos e serviços oferecidos por esta, afirma Santos (2000). Portanto ouvir a opinião dos funcionários e partilhar com eles as informações através de treinamento e comunicação é imprescindível para que eles sejam colaboradores ativos no processo de fidelização dos clientes. 6.5 Definição do mercado alvo – segmentação 85 Segmentar um mercado significa reconhecer que ele está composto por diferentes pessoas e que estas reagirão de formas diferentes as propostas de marketing da organização financeira. Cada segmento pode representar uma oportunidade diferente para a instituição. A segmentação de mercado baseia-se na idéia de que um só produto dificilmente pode atender a necessidades e expectativas de todos os clientes. Isto se deve ao fato de que são demasiadamente numerosos, estão espalhados e são diversas as exigências quanto a produtos e serviços oferecidos, sentencia Cobra (2000). Entende-se a partir da idéia do Autor, segundo a qual, com um mercado alvo definido, a empresa tem condições de se posicionar e consegue maior eficácia na aplicação de suas estratégias de marketing; conseqüentemente de fidelizar seus clientes. Portanto a segmentação de mercado é a maneira mais adequada para atender às necessidades específicas dos clientes classificados de forma homogênea. Pelo fato de os mercados serem compostos por compradores diferentes entre si em muitos aspectos, podem ser segmentados de várias maneiras, diz Kotler (1998). A idéia do autor dá a entender que para a definição de mercado alvo, as empresas devem fazer um processo de segmentação, definindo seu alvo. Fazer uma seleção tendo o posicionamento a partir do conhecimento desse mercado; o que ele quer, onde e quando compra, como compra. À medida que a empresa aprofunda esse conhecimento, melhora sua capacidade de encontrar novos clientes e principalmente de reter os que já possui. Para construir a fidelização é essencial entender as necessidades, desejos, e valores, pois constantemente a comunicação deve reforçar a percepção sobre o produto ou serviços, com a mensagem certa na hora certa e para o cliente certo. O diálogo sistemático com os clientes facilita à empresa obter dados relevantes para a formação do database de clientes, que agregados aos dados de compras, permitem 86 desenvolver programas para indivíduos ou pequenos grupos de clientes, criando uma forte afinidade com a empresa, conclui Oliver (1999). CAPÍTULO VII “PROBLEMAS ORGANIZACIONAIS E MOMENTOS DA VERDADE¨ Os “momentos da verdade” são aqueles momentos em que o cliente entra em contato com a empresa ou vice versa. São momentos vividos por ambos nos quais o cliente vive a expectativa e a percepção, anteriormente detalhadas. É de fundamental importância que os “momentos da verdade” não se tornem um desagradáveis para os clientes, tanto os internos quanto os externos, assim, estes contatos devem ser ao mesmo tempo prazerosos e valiosos para os mesmos para que se sinta bem. Para podermos implementar “momentos de verdade” sempre favoráveis aos clientes é preciso que primeiramente a empresa capacite sua estrutura humana, a fim de seus colaboradores estejam predispostos a buscar a melhoria, se comprometam com a empresa e realmente querem um processo de mudança com uma visão voltada para atender os consumidores. Descrevemos alguns dos problemas geralmente encontrados nas empresas onde seus colaboradores não atingem um nível de comprometimento adequado e necessário para obter essa mudanças. 87 Pode-se haver fatores de bloqueio dentro da própria cultura da empresa, ou seja, certas normas, tradições e regras de comportamento podem fazer com que as pessoas ajam cautelosamente, preocupadas apenas com si mesmas, e sejam passivas em suas atividades do dia-a-dia. Isto tende a ser particularmente verdadeiro em organizações de grande porte e bem estruturadas que atuam em setores maduros. Os bancos, por exemplo, comumente possuem tais regras e políticas restritivas a respeito de riscos e tomada de decisões, o que faz com que as pessoas que ali trabalham se tornem mecanicamente condicionados a não há regra alguma a ser seguida. Geralmente as grandes seguradoras são bem assim. Pressões executivas podem empurrar pessoas em direções não desejadas, as mensagens ambíguas que os funcionários recebem dos executivos superiores podem ser contraditórias para eles e cancelarem umas as outras. Por exemplo a grande e nova campanha motivacional pode estar dizendo “faça tudo o que for possível para “agradar o cliente”, enquanto as mensagens mais antigas, consolidadas e silenciosas podem estar dizendo: “É melhor você controlar seus custos”, ou “Não pare, não perca tempo com um único cliente”. A verdadeira mensagem, predomina normalmente o sistema de recompensa. Quando as pessoas sofrem, por qualquer motivo, elas encontram dificuldades para se entusiasmarem por qualquer coisa, ainda menos por algo tão abstrato como “serviço excelente”. A atmosfera organizacional pode atuar contra as tentativas dos executivos no sentido de mostrar ás pessoas que a “qualidade” do serviço pode ser uma chave da sobrevivência competitiva. Ficam tão preocupadas com que a simples idéia da sobrevivência da organização fica muito para que com ela possam lidar. É cada vez maior o número de organizações usando o conceito de qualidade de vida no trabalho como idéia individual e unificadora para a 88 compreensão e administração da cultura. A qualidade de vida no trabalho é o somatório das experiências individuais do funcionário com a empresa, tal como ele as encara. É uma questão pessoal e individual, e não cultural. Se uma pessoa for bem remunerada, tiver uma função agradável, mantiver uma relação positiva com seu superior e vislumbrar oportunidades de progresso, então a qualidade de vida no trabalho será elevada para ela. Inversamente, se uma pessoa se sentir bloqueada, discriminada ou impedida de aproveitar oportunidades, sentir-se presa a uma função sem perspectivas, tiver um supervisor nocivo e for encarregada de todas as missões desagradáveis, então pode-se dizer que é baixa a qualidade de vida no trabalho para essa pessoa. Uma organização não pode ter uma cultura positiva e voltada para o sucesso quando a qualidade de vida no trabalho é baixa para muitos de seus membros. Se os executivos deixarem de prestar atenção à qualidade de vida no trabalho ou nunca aprenderam a pensar nesses termos, eles terão grandes dificuldades para conquistar a dedicação e o entusiasmo dos funcionários. O funcionário raciocina: “Você não liga pra mim, por que cargas d’água vou me preocupar com você?” Fica bastante difícil criar o sentimento de objetivo comum necessário para um programa importante de qualidade de serviço quando há esse senso de “nós e eles” de parte tanto dos executivos quanto dos funcionários. É sabido que sentimentos negativos de parte dos funcionários que tem contato com os clientes tendem a contaminar os “momentos da verdade”, se os funcionários estiverem furiosos, incomodados e descrentes na empresa, é muito difícil que sejam alegres, cordiais, dinâmicos e positivos em seu relacionamento com elemento com os clientes. Às vezes, os funcionários de uma empresa não comprometem-se pessoalmente e com a filosofia da empresa. Problemas de cultura e clima organizacional, problemas de qualidade de vida no trabalho ou circunstâncias 89 além do alcance administrativo podem ter causado falta e estimulo do funcionário. Talvez se sintam descrentes e pessimistas quanto às perspectivas de mudança na organização. Podem ter perdido a confiança na administração superior ou podem ter perdido a fé na idéia de que a qualidade seja algo importante para o cliente. No meio de uma recessão econômica, quando as pessoas estão perdendo seus empregos e a administração parece não ter outro vocabulário, que não o da redução de custos. Os indivíduos podem ficar desesperançosos e alheios aos programas de melhorias propostos pelos administradores. Quando um alto executivo possui um índice baixo ou negativo de credibilidade junto aos administradores de escalões médios, estes últimos tendem a reagir sem grande entusiasmo às suas idéias e à sua direção. Tornase necessário aos executivos usarem a autoridade formal, pressão e ordens para fazer com que reajam. A administração eficaz tem duas partes: A força e carisma. A força é representada pela autoridade formal, enquanto o carisma é a autoridade conquistada. Um executivo que possui os dois pode conseguir uma resposta irrestrita dos administradores de escalões médios; metade da resposta é uma reação a autoridade, e a outra metade é uma reação a uma pessoa respeitada. Se a credibilidade desaparecer, o carisma se irá com ela, deixando a força como único instrumento de influência. Um executivo que viola as regras da credibilidade e perde o respeito dos seus subordinados normalmente encontra dificuldades para recuperá-lo, o que pode requerer muito tempo. Às vezes, os executivos se preocupam tanto com questões operacionais e financeiras que não parecem conhecer ou se interessar pelas preocupações importantes dos empregados, na ênfase de sua atenção, mostram que as 90 questões humanas estão no final de suas listas de prioridades. Quando chega o momento em que precisam do apoio, não os tem com simpatia e prontidão. As pessoas não acreditam que sejam capazes de fazer o que seria certo. Quando a palavra do chefe não vale nada, é muito longo o caminho para se fazer com que as pessoas se motivem. Trabalhadores de linha de frente condicionados e robotizados, que se encontram em suas posições há muitos anos, podem ter muita dificuldade para analisar com objetividade o que fazem, denominando assim a artrite organizacional. E os administradores fossilizados que nunca foram obrigados a pensar com originalidade e criatividade, tornam-se guardiões do status “quo”. Na organização artrítica, as pessoas não estão autorizadas a pensar. Políticas, procedimentos, sistemas, regras, critérios de decisão e descrições de cargos são otimizados em termos de máximo controle e mínimo risco. Neste tipo de organização, não fazer nada errado torna-se mais importante do que fazer alguma coisa certa. Na realidade, algumas organizações passam a ser tão rigidamente estruturadas internamente que se torna quase impossível à ocorrência de mudanças significativas provenientes de seu interior. Elas requerem alguma intervenção externa sob a forma de um choque de algum tipo, ou uma ameaça ambiental, ou um inimigo comum, ou talvez um novo executivo com idéias novas. As regras e os controles se tornaram acima de tudo um fim em si mesmos, e por isso algo ou alguém é obrigado a impor alternativas ao padrão habitual corrente. Sua preocupação quase neurótica com regras e controles dificulta a liberação de energias, iniciativa e criatividade individual são necessárias na linha de frente para que a qualidade do serviço seja afetada significativamente. Os sistemas de recompensa de muitas organizações estão substancialmente fora de sintonia – incentivos desalinhados – quanto aos tipos 91 de comportamento que a alta administração esperaria obter de parte dos funcionários. Há influências no trabalho do dia-a-dia que podem fazer com que os indivíduos se afastem de uma orientação de serviço, em lugar de se aproximarem dela. Algumas dessas influências provém diretamente da administração; outras das prioridades operacionais existentes. Os administradores de escalões médios e inferiores percebem quem é premiado e quem é castigado – em termos psíquicos e econômicos – e evitam fazer o que os leva a serem castigados. Quando as demonstrações de lucros e perdas ocupam uma posição central na consciência da empresa, todo o resto é relegado a segundo plano. Quando gerentes de hotéis, lojas, restaurantes e outros com responsabilidade por lucros e perdas ouvem apenas a linguagem de seus chefes, eles aprendem rapidamente que o desempenho financeiro é o ponto de partida, e não o ponto final para que se avalie a qualidade do produto. Quando o chicote de lucros e perdas, é empunhado, ele geralmente produz o efeito de contradizer tudo o que fora dito antes sobre o serviço ao cliente, satisfação do cliente, e assim por diante. Um personagem é ideal; a outra é real. Este conflito observado entre a qualidade e custo aflige os executivos de muitas empresas de prestação de serviço, e eles sentem grande dificuldade em resolvê-lo, é importante caracterizar as prioridades de preocupação com os custo e de controle de custo, e até mesmo de redução de custos, como pertencentes ao esforço global de qualidade do serviço, e não como antagônicas a ele. Uma outra fonte de incentivos conflitantes é a síndrome produção vs. qualidade. Nas empresas de serviços orientadas para a produção, nas quais o “produto” serviço é altamente rotinizado e mensurável, prioridades operacionais tendem a fluir para a eficiência produtiva e afasta-se da atenção menos definida com o valor para o cliente. Assim como ocorre o conflito entre lucro e qualidade, o conflito entre produção e qualidade não é insolúvel. É possível estabelecer um 92 equilíbrio para obter eficiência em termos de custo e controle de recursos. Mas, a chave é promover o equilíbrio num contexto que faça da qualidade do serviço a principal prioridade organizacional, e não um resíduo de uma mentalidade de controle de custos. Mais e mais executivos estão percebendo que as pessoas que trabalham em suas organizações têm necessidades de receber deles algo diferente da administração tradicional que têm proporcionado por tantos anos. Muitos executivos que, ao lançarem programas no campo dos serviços, têm examinado as suas organizações e detectado uma necessidade de uma cultura interna mais forte e vibrante. Têm começado a perguntar a si mesmos: “Como podemos, como executivos, fornecer as espécies de valores, direção, motivação e energia de que o nosso pessoal necessita para enfrentar esta nova missão?” Em termos ideais, o que chamamos de administração deveria ser uma constelação completa de habilidades, incluindo o pensamento original e a aplicação de valores humanos, e não meramente a adesão servil à estrutura e às normas. Um conceito adequadamente amplo de administração como um conjunto de habilidades inclui um equilíbrio razoável entre o pessoal e o impessoal; o social e o técnico; o intuitivo e o racional. O administrador eficaz deve ter visão perspectiva; estar disposto a ser capaz de criar estratégia e direção e não se afastar delas; exercer influência pessoal, isto é, o uso habilidoso de si próprio; projetar e defender valores importantes; envolver-se com as pessoas em termos de ajuda, apoio, orientação e como colega; saber se comunicar claramente e com firmeza, influenciando com isso as pessoas na direção escolhida; desenvolver os indivíduos e exigir o melhor deles; e assegurar que o “feedback” e as recompensas que estejam recebendo façam com que trabalhem com entusiasmo em prol da missão da empresa, em outras palavras, exercer a administração com mais liderança. 93 Embora todos os momentos da verdade vividos num contato de serviços sejam importantes, geralmente há alguns que são tão importantes para o sucesso da empresa que são chamados de momentos fundamentais, citamos abaixo alguns momentos que são críticos e merecem atenção especial, não que os demais não sejam importantes. Primeiramente é preciso que a direção tenha entendido o “espírito da coisa”, sejam sensibilizados para a qualidade nos serviços para que possam repassar para os demais níveis da empresa, digamos que funcione numa escala hierárquica, só que de cima para baixo. Os momentos que, caso não tenham resultado positivo poderá resultar na insatisfação do cliente, por isso é importante que se tenham pessoas com habilidade necessária para obter bons resultados, pois quando ocorrer alguma falha neste momento é preciso uma pessoa de raciocínio rápido que acerte a situação do cliente. Quando este não for resolvido invariavelmente o cliente perde a confiança na empresa e por conseqüência poderá a empresa perder o cliente. 94 CONCLUSÃO Face ao que foi estudado, concluímos que a satisfação das necessidades dos clientes e sua fidelização, um esforço muito grande é requerido, bem como muita dedicação, persistência, qualificação de pessoal, constante atenção voltado para o cliente, isto apenas para poder satisfazer algumas de suas necessidades. Para poder encantá-lo requer um esforço incomparável, com dedicação exclusiva para poder saber o que realmente agrega valor para ele. Analisando os autores descritos neste trabalho, identificamos , ao meu modo de ver que as empresas com status de Segunda Dimensão, que são as empresas que de alguma forma conseguem sobreviver no mercado, porém não há uma ética discernível de “qualidade”, nem o compromisso com uma experiência de qualidade voltada para o cliente, nem qualquer qualificação especial na entrega do produto e do serviço, operam sem nenhuma inspiração ou impulso para a “excelência”. Conseguem sua “participação natural no mercado”, que é a parcela dos negócios à disposição de quem simplesmente aparecer. A alta administração da empresa está fundamentada em administrar, buscando obter uma parcela de um mercado muito competitivo e “prostituído”, porém existem falhas no que se diz respeito ás estratégias utilizadas na busca da “excelência” em sua prestação de serviços não tomando como base os clientes, mas sim voltadas para dentro da empresa. 95 Em seu livro Serviços com Qualidade, Karl Albrecht relata a importância da diretoria em traçar estratégias de serviços, no qual devem ser baseadas em informações demográficas e psicográficas obtidas na busca do profundo conhecimento dos seus clientes, que por sua vez tem duas parte: o compromisso formal da empresa em prestar serviços (cujo foco é interno), e a promessa de prestar serviços aos seus clientes (cujo foco é externo). Esta estratégia de serviços torna-se um modelo administrativo para se tomar futuras decisões sobre a empresa, sobre seus serviços e suas operações. No que se refere à gerência de vendas, a empresa possui uma visão voltada para o princípio do lucro, esquecendo que para isto precisa atingir a satisfação dos clientes, tanto os internos quanto os externos. A mesma está apoiada no paradigma industrial, onde se coloca como “capataz”, verificando os resultados e verificando se cada um anda cumprindo as tarefas preestabelecidas, não se comportando como líder e capacitador dos trabalhadores da linha de frente. Segundo Karl Albrecht, a figura do gerente é responsável pelos seus subordinados diretos, pela sua orientação, coordenação, apoio, controle, etc. Os gerentes precisam ampliar sua concepção, papéis para incluir o apoio e a habilitação de empregados de linha de frente à tarefa de lidar com os momentos da verdade, isto significa orientar melhor sua equipe no que diz respeito ao atendimento aos clientes e saber quais as dificuldades encontradas por seus colaboradores diretos nos “momentos de verdade” vividos por eles e assim poder dar melhores informações e diretrizes mais claras. Existe uma falta de conscientização e comprometimento dos Consultores de Vendas para o acompanhamento de seus clientes, maior identificação de suas necessidades e acompanhamento dos mesmos formando assim um vinculo entre a empresa e o cliente. Segundo Karl Albrecht, o que se sente no “momento da verdade” vivida pelos consultores, consiste em descobrir de que os clientes precisam e o que valorizam, compreender o cliente é fundamental para o êxito de qualquer iniciativa 96 de foco voltado para ele, estar sempre avaliando as percepções de seus clientes para assim poder oferecer a eles produtos e serviços que estejam de acordo com suas percepções de prioridade. No que condiz ao departamento de pós-venda existe uma falta de acompanhamento no que diz respeito ao cliente, para que possa saber de suas queixas, reclamações, sugestões, necessidades, satisfação, etc., podendo assim medir a atual situação de seu atendimento. Karl Albrecht em Serviços com Qualidade, relata que (96%) dos clientes insatisfeitos não reclamam diretamente para a empresa, porém passam a informação em média para quinze pessoas. Porém, quando o cliente está satisfeito por ter vivido uma ótima experiência repassam a informação para apenas seis pessoas. A avaliação constante do atendimento prestado, além de colocar em contato com os clientes, permite melhorar o atendimento com base em suas opiniões, desde que estas sejam aceitas e implementadas. Identificar e descobrir os pontos fracos e fortes no atendimento praticado é de fundamental importância para que se possa implementar as melhorias necessárias e corrigir o que está errado, ou em desagrado ao cliente. Para atingir um status de empresa modelo com foco voltado para seus clientes, aconselha-se que a referida empresa, primeiramente passe por uma mudança cultural, onde haja o reconhecimento de que a energia humana é o maior recurso, pouco explorado, na maioria das organizações, pois é o correspondente de alto valor dado a participação dos clientes. É importante que se quebre antigos paradigmas, principalmente no que afetem os funcionários, torná-los estrategistas e defensores da qualidade, para isto é necessário que a empresa crie condições para que ele possa adquirir novos conhecimentos e assim melhor qualificação, podendo interagir melhor com os clientes. 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHURCHIL Jr,. Gilbert A PETER, J. Paul. Marketing:criando valor o para o cliente.São Paulo: Saraiva,2000 GORDON, Ian. Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura,2000 KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 7a Rio de Janeiro:LTC, 1995. KOTLER, PHILIP. Marketing para o Século XXI: como criar, conquistar e dominiar mercados .5a São Paulo: Futura, 1999. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 4a ed. São Paulo: Atlas, 1997. MERLIN, Stone et al. 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FNPQ, Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de excelência: o estado da arte da Gestão da Qualidade Total. São Paulo, SP, 1995 GERBER, Michael. O mito do empreendedor: como fazer de seu empreendimento um negócio bem-sucedido. São Paulo: Saraiva,1992. HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 18 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor , São Paulo: AVS, 1991. 99 LOBOS, Julio. Como dirigir a sua empresa de fora para dentro...e em alta velocidade.São Paulo: Makron Books, 1998. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 4ª ed. São Paulo, SP: Atlas, 1996. PORTER M. Vantagem competitiva, Rio de Janeiro: 1990. SEWELL, Carl & Paul Brow. Clientes para sempre. São Paulo, SP: Harbra, 1993. 100 ANEXO 1 PRODUZINDO O MATERIAL IPEM: Instituto de Pesos e Medidas; controla a qualidade e a quantidade de produtos alimentícios e industriais, fiscaliza taxímetros, bombas de \combustíveis, etc. PROCOM: Proteção ao Consumidor; atende e encaminha todo o tipo de queixa relacionada ao consumo. CONAR: Centro Nacional de Auto Regulamento Publicitário; apura queixas de propaganda enganosa. PNQ: Prêmio Nacional da Qualidade; “O Prêmio Nacional da Qualidade é um prêmio anual em reconhecimento ás empresas brasileiras que se destacam em relação à qualidade e sua gestão. O Prêmio promove”: A consciência de que a qualidade é um elemento cada vez mais importante para a competitividade: O entendimento dos requisitos para a excelência em qualidade; A difusão das informações sobre as estratégias bem sucedidas para a qualidade, e os benefícios advindos da implementação dessas estratégias”. (FPNQ, 1995 p.4). O PNQ é administrado pela fundação para o prêmio nacional da qualidade, uma instituição independente do governo, mantida pela iniciativa privada. Para serem premiadas, as empresas são avaliadas segundo os “Critérios de Excelência”. Estes critérios são referenciais de qualidade, adotados pelas empresas de vanguarda, em todo o mundo. “O PNQ é inspirado nos principais prêmios mundiais: o Malcolm Baldrige (Prêmio Americano), o Prêmio europeu e o precursor de todos, o prêmio Deming (Prêmio japonês). O PNQ também 101 incorpora tópicos das normas ISO9004; e tem além disto, muito mais que um conjunto de normas, constitui-se numa ferramenta de gestão estratégica, são esses os critérios”: 102 ANEXO 2 Reportagens Jornal Comunicandido - Rio, Maio de 2004 Porque Marketing de Relacionamento? Willians Rezende 103 ANEXO 3 INTERNET www.qualitividade.com.br/ Empresa A Liderança O Planejamento Estratégico O Foco no cliente e no Mercado A informação e Análise A Gestão de Pessoas A Gestão de Processos www.grito.com.br Marketing de Fidelização Adriana Jordan www.institutomvc.com.br Como vender mais (e melhor) em 2002 Ter foco no cliente Diferenciar ou fidelizar clientes Aprender com os clientes Desenvolver a liderança de vendas Material retirado do programa Vendas Consultivas e dos vídeos ¨Como Vender se o Cliente está Fugindo de Nós¨ e ¨Liderança Estratégica em Vendas¨ Fidelização de Clientes – Medindo, gerenciando e Criando Valor Considerações Sobre Ética www.acomp.com.br Pós-Venda é Oportunidade para Fidelizar Clientes www.portaldomarketing.com.br/artigos Marketing de Relacionamento www.empresario.com.br 104 Como Vender e Manter o Comprador Satisfeito ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO CAPÍTULO I – MARKETING VOLTADO PARA O CLIENTE 09 12 I.I - CONCEITO DE MARKETING 12 I.2 – ORIENTAÇÕES DO MARKETING 13 1.2.1 – Orientações para a produção 13 1.2.2 – Orientações para vendas 14 1.2.3 – Orientações para o marketing 14 1.2.4 – Marketing voltado para o cliente 14 105 CAPÍTULO II – MARKETING DE RELACIONAMENTO: UMA ESTRATÉGIA PARA A FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE II.1– CAPACIDADES ESTRATÉGICAS 16 PARA O MARKETING RELACIONAMENTO 17 II.1.1 – Pessoal 17 II.1.2 – Tecnologia 18 II.1.3 - Conhecimento e percepção 18 II.1.4 - Processos 19 II.1.5 – Cultura e Valores 19 II.1.6 – Liderança 19 II.1.7 - Estratégia 20 II.1.8 - Estrutura 21 II.2 - DE RELACIONAMENTOS COMO ESTRATÉGIA: SELEÇÃO E REJEIÇÃO E CLIENTES II.2.1 - Recompensa e investimento 21 22 II.2.2 - Administração 22 II.2.3 - Disciplina 23 II.2.4 - Demissão 23 II.3 - NOVOS PAPÉIS PARA O PROFISSIONAL DE MARKETING II.4 - BANCO DE DADOS CAPTIULO III – PARADIGMAS CAPÍTULO IV - O CONSUMIDOR ENTRA EM FOCO 24 25 27 36 106 CAPÍTULO V - COMO AS EMPRESAS ESTÃO VOLTANDO-SE PARA SEUS CLIENTES 44 CAPÍTULO VI – TENTANDO ENCANTAR O CLIENTE 54 6.1 – Gestão da qualidade 65 6.2 – Importância da qualidade em serviços 6.3 – Fidelização de cliente 69 72 6.4 – Importância das pessoas na fidelização 78 6.5 – Definição do mercado alvo – segmentação CAPÍTULO 81 VII – PROBLEMAS ORGANIZACIONAIS E MOMENTO DA VERDADE 83 CONCLUSÃO 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94 ANEXOS 97 ÍNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO 101 104 107 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: