Mirian Jonis Centro de Educação - UFES Celebrar os 150 anos da obra de Darwin é também uma oportunidade para reconhecer a importância e o valor da ciência e dos cientistas para a sociedade. Direito... De todos? É imprescindível desenvolver um olhar crítico sobre o papel da Ciência na sociedade atual, entendendo que o acesso ao conhecimento científico é, sobretudo, um direito de todos. É preciso lutar pela implementação de políticas de aperfeiçoamento, inovação e investigação no campo do ensino das ciências, visando à superação das desigualdades e propondo uma educação científica para todos. Ele ousou duvidar dos modelos científicos aceitos no seu tempo e propor novos modelos explicativos, mesmo ciente de que suas idéias seriam alvo de confrontos e fervorosas controvérsias. KARL POPPER - propôs o princípio de “falseabilidade”. Criticava fortemente o princípio positivista, segundo o qual “qualquer hipótese, para ser científica, tinha de ser considerada “verificável”. THOMAS KUHN - também afirmava que a ciência se desenvolve a partir de revoluções científicas, porém essas mudanças não seriam tão constantes, exigindo grandes períodos de transição até a ruptura de velhos paradigmas. Tal como o modelo heliocêntrico de Copérnico, aprimorado por Galileu Galilei, que deslocou a Terra do centro do Universo, abalando as bases do paradigma vigente, o darwinismo marcou o final de um período de transição, no qual a ciência clamava por um novo paradigma. Surge então uma concepção de natureza em constante transformação, determinando o fim da hegemonia do fixismo e da influência política exercida pela igreja. O embate entre religião e ciência, que se estabeleceu no século XIX, deu origem a uma controvérsia que ainda hoje mobiliza pesquisadores, educadores, políticos, religiosos e a sociedade em geral, em diversas partes do mundo. É apropriado tratar qualquer questionamento em relação ao paradigma evolucionista como uma questão de fé ou crença, deslocando a questão para um outro âmbito, alheio ao domínio da ciência? Questionar o evolucionismo ou qualquer outra teoria científica, deveria ser, portanto, atribuição e responsabilidade de todos os cientistas e professores, especialmente dos que se dedicam a aprofundar as bases filosóficas da ciência. Se admitirmos que a explicação científica é a única admissível, embora seja a consensual no meio acadêmico, estaremos agindo com a mesma intransigência da qual foram vítimas os cientistas condenados no passado. É preciso que estejamos abertos ao diálogo, reconhecendo as interfaces entre os diversos campos do conhecimento, adotando sempre uma postura crítica, porém respeitosa e ética.