HFQ XI Encontro de Educação em Química da Bahia (EDUQUI) O uso de modelos científicos no ensino de Ligações Iônicas: principais problemas no ensino Bárbara Carine Pinheiro [email protected] da Anunciação1 (PG)*, Edilson Fortuna de Moradillo 1(PQ) Instituto de Química da UFBA – 40.170-115 Salvador-Ba. Palavras Chave: Ensino de Química, Modelagem e Ligações Químicas Introdução Diariamente utilizamos diversos objetos que são formados por diferentes materiais, que se caracterizam por terem propriedades diferentes. Estas propriedades específicas de cada material, fundamentam-se nas estruturas internas destes, em outros termos, em suas constituições. Compreender as interações internas e externas a estes blocos construtores da matéria se configura em uma importante tarefa desempenhada pela Química. O estudo das ligações químicas é fundamental para a compreensão das propriedades dos materiais. A finalidade deste trabalho é apresentar alguns problemas no uso de modelos explicativos para as ligações iônicas que dificultam a compreensão das propriedades dos compostos iônicos. Resultados e Discussão Frequentemente na ciência Química, utilizamos modelos para representar as ligações químicas3. Em Ciência devemos tratar os modelos não só como representações de objetos, mas também de eventos, processos ou idéias4. O uso do modelo eletrostático simples é recorrente nas salas de aula de Química. Com base neste modelo uma série de propriedades dos materiais podem ser explicadas, entretanto, a sua simplicidade pode nos direcionar para alguns problemas no ato educativo2. Com relação as ligações iônicas, a ideia de forte atração entre átomos e posterior formação de íons podem gerar nos estudantes a noção de que ocorre apenas uma única ligação nos compostos iônicos: entre o par de átomos para o qual o elétron foi doado e recebido. Esta concepção remete a ideia de formação de unidades discretas (como moléculas) nos compostos iônicos; fato que não ocorre, uma vez que nos sólidos iônicos os compostos formados por cátions e ânions arranjados em uma rede tridimensional. Além disso, professores e livros didáticos associam a ligação iônica à regra do octeto, que estabelece que átomos em geral se estabilizam com 8 elétrons em sua última camada. Nessa visão, a configuração eletrônica dos átomos e os oito elétrons no último nível são fatores determinantes na formação da ligação iônica. De modo a criar um dogma que dificulta a compreensão da formação dos compostos iônicos, uma vez que substitui princípios mais gerais como as variações de energia envolvida na formação das ligações entre os átomos1. A utilização indiscriminada de termos antropomórficos e aplicações animistas da regra do octeto levam os estudantes a acharem que as espécies podem “optar” por ganhar ou perder elétrons4. Como os estudantes não têm claro o modelo para a estrutura de um composto iônico, passam a ter dificuldades em explicar as propriedades desses compostos. Conclusões O uso de modelos representativos do retículo cristalino pode auxiliar os estudantes na compreensão das ligações iônicas de modo que através deste eles passam a perceber que não há uma unidade discreta, composta por cátions e ânions, mas sim um retículo cristalino em que os íons presentes nos pontos de rede dos sólidos interagem por meio de interações eletrostáticas. Além disso, através da utilização destes modelos os estudantes podem compreender que o que é expresso na fórmula molecular de um composto iônico é a proporção mínima dos íons constituintes da substância. Agradecimentos Ao programa de pós graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA. Ao Grupo de pesquisa em Ensino de Ciências e Formação de Professores do Instituto de Química da UFBA. ____________________ 1DUARTE, H.A. Ligações químicas:iônica, covalente e metálica. Química Nova na Escola Cadernos Temáticos n.4, mai., 2001. 2FERNANDEZ, C.; MARCONDES, M.E.B. Concepções dos estudantes sobre ligação química. Química Nova na Escola. n.24, nov., 2006. 3FERREIRA, P e JUSTI, R. Modelagem e o fazer Ciências. Química Nova na escola. N° 28, 2008. 4GILBERT, J.K. e BOULTER, C.J. Stretching models too far. Annual Meeting of the American Educational Research Association. Anais. San Francisco, 1995