Dominó das ligações iônicas: um auxílio didático como estratégia de ensino e aprendizagem. Paulo D. da S. Correia, André A. Silva, Ana Paula Souza Centro Acadêmico do Agreste (CAA), UFPE, Caruaru, PE/Brasil. RESUMO Este trabalho teve como objetivo a aplicação de uma metodologia lúdica empregando uma abordagem dinâmica e interativa. No jogo os participantes devem combinar elementos da tabela periódica para formar ligações químicas iônicas. A atividade foi elaborada por um grupo de estudantes do curso de licenciatura em química da UFPE/CAA, bolsistas do PIBID e aplicada a uma turma do ensino médio. O impacto motivacional do jogo sobre os alunos foi evidente, eles se envolveram e participaram de forma muito descontraída. O jogo permitiu aos alunos compreender o conteúdo de forma mais dinâmica. Com essa atividade foi possível discutir os principais problemas, como o ensino tradicional, centrado na memorização de nomes, fórmulas, símbolos e cálculos que fogem da realidade cotidiana, encontrados no ensino de química e avaliar, através de um questionário aplicado em sala, o uso desta atividade como meio de facilitação do aprendizado, servindo como estratégia pedagógica alternativa agregando o lúdico ao conhecimento químico. PALAVRAS-CHAVE: Atividades lúdicas, ligações iônicas, PIBID. INTRODUÇÃO Quando fazemos a seguinte pergunta aos estudantes, porque estudar química? Inúmeras são as respostas, mas independente de suas explicações elas sempre irão chegar a um denominador comum, que é: aprender Química é uma atividade exaustiva, considerando que se baseia num ensino tradicional, centralizando-se na memorização de nomes, fórmulas, símbolos e cálculos que fogem da realidade cotidiana de que os alunos se encontram. Entretanto, a parte interessante que deveria chegar aos alunos muitas vezes é esquecida, como por exemplo: “Quando uma folha de árvore é exposta à luz do sol e é iniciado o processo da fotossíntese, o que está ocorrendo é química”. Para que esse “desinteresse” dos alunos seja diminuído o professor deve utilizar técnicas dinâmicas no dia-a-dia da sala de aula para que desta forma seja estimulado o aprendizado. “Segundo os PCNs (1999), ‘‘ a química não deve ser entendida como um conjunto de conhecimentos isolados, prontos e acabados, mas sim como uma construção da mente humana em continua mudança”. Uma alternativa para a dinamização das aulas é variar as técnicas de ensino empregadas. Os jogos no ensino de química surgem como uma ferramenta pedagógica muito importante que auxilia o professor no cotidiano escolar, o ato de “brincar” é uma das formas significativas de aprendizado durante a infância e até mesmo na fase adulta, mas em sala esse ato é utilizado não por simples diversão ou para fugir da rotina de memorizações a que estão acostumados e sim como uma forma de promover a aprendizagem significativa dos conteúdos abordados. Quando se cria ou se adapta um jogo ao conteúdo escolar, ocorre o desenvolvimento de habilidades que envolvem o indivíduo em todos os aspectos: cognitivos, emocionais e relacionais. Segundo Vygotsky (1989), “os jogos estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, aprimoram o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração e exercitam interações sociais e o trabalho em equipe”. O jogo, quando considerado como uma atividade lúdica, segundo Kishimoto (1994) “possui duas funções: a lúdica e a educativa, onde as mesmas devem coexistir em equilíbrio”. Nesse caso, se a função lúdica prevalecer, não passará de um jogo e se a função educativa for predominante será apenas um material didático, desta forma, o professor deve está bem orientado para que não erre nesse quesito. Além disso, o jogo deve ser associado ao conteúdo que será abordado em sala de aula, e ser adequado a faixa etária dos alunos para que desta forma o professor possa ter o comando da sala na hora do jogo. O lúdico caracteriza-se por dois elementos: o prazer e o esforço espontâneo, desta forma ele integra as várias dimensões do aluno, como a afetividade, o trabalho em grupo e das relações com regras pré-definidas. Sendo assim, esse trabalho teve como objetivo mostrar a importância de atividades lúdicas no ensino de química, através da apresentação de um jogo lúdico que se trata de um dominó das ligações iônicas, no qual se empregou uma metodologia alternativa para se fazer uma abordagem dinâmica e interativa como forma de auxiliar os alunos, para tirá-los da monotonia das aulas expositivas (giz e lousa) e terem um melhor desempenho na disciplina, já que os jogos lúdicos são ferramentas importantes no ensino e aprendizagem de química. MATERIAIS E MÉTODOS Foi proposta a confecção e aplicação de um jogo lúdico para a contribuição no processo de ensino-aprendizagem. O jogo denominado “dominó das ligações iônicas” foi aplicado a 40 alunos do 2ª ano do ensino médio, de uma escola pública de CARUARU-PE, sendo elaborado e discutido por um grupo de pesquisa formado por alunos bolsistas do PIBID do curso de Licenciatura em Química da UFPE/CAA. Para avaliar a viabilidade do jogo como recurso didático, antes da aplicação do mesmo foi aplicado um questionário aos alunos sobre conceitos referentes ao conhecimento prévio de ligações químicas. O objetivo deste pré-teste foi verificar se eles tinham esses conceitos bem definidos e apontar as principais dificuldades encontradas pelos mesmos. Para complementar a avaliação, ao final do jogo realizou-se uma pesquisa qualitativa. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados questionários estruturados com questões objetivas com a finalidade de investigar a aceitabilidade do jogo como recurso didático e o equilíbrio das funções lúdicas e educativas como colaboradoras para o processo de ensino aprendizagem. Os questionários foram respondidos individualmente, ressaltando que, os questionários foram realizados sem a identificação dos alunos, ou seja, de forma anônima. RESULTADOS E DISCUSSÃO Antes de tudo foi proposto um questionário para sondar a compreensão que os alunos tinham da química no cotidiano. Após isso apresentamos alguns conceitos necessários para a compreensão do conceito de ligações iônicas como: átomo, tabela periódica e camada de valência. Depois passamos para apresentação do conteúdo proposto pelo presente trabalho, ligações químicas iônicas, os conteúdos foram postos de forma simplificada visando uma melhor compreensão para os alunos. Após a explanação dos conteúdos o jogo Dominó das Ligações iônicas foi aplicado. O impacto motivacional do jogo sobre os alunos foi evidente, eles se envolveram e participaram de forma muito descontraída. O jogo permitiu aos alunos compreender o conteúdo de forma mais dinâmica. Na primeira partida eles tiveram um pouco de dificuldade, mas com a repetição do jogo eles conseguiram jogar bem e o jogo fluiu normalmente. Após o jogo nós aplicamos o mesmo questionário que foi proposto no início, a fim de saber se o jogo auxiliou realmente no entendimento do conteúdo. De acordo com as respostas os alunos entenderam bem o conteúdo depois da aplicação do jogo e das orientações dadas em sala de aula, podemos observar nitidamente isso nas respostas abaixo: ALUNO 11 1. O que você entende sobre ligações químicas? Pré-teste É quando duas substâncias químicas, se encontrando uma com a outra. Pós-teste É uma ligação de átomos, iônica, covalente e metálica. ALUNO 23 2. Você já encontrou algum composto no seu dia-a-dia, onde pôde reconhecer alguma ligação química? Pré-teste Na própria ligação de energia existe ligações químicas. Pós-teste Sim, o sal que é o conjunto de sódio e cloro e a H2O que é a água. ALUNO 11 3. Você acredita que a atividade lúdica no ensino de química facilita na aprendizagem do conteúdo? Pré-teste Sim Pós-teste Sim, porque com o jogo fica mais fácil de aprender a química. A partir das respostas dos alunos foram construído dois gráficos do pré e do pós teste para facilitar nossa análise. Gráficos dos resultados obtidos no Pré-Teste 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Certo Mais ou menos certo Errado Não respondeu Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Gráficos dos resultados obtidos no Pós-Teste 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Certo Mais ou menos certo Errado Não respondeu Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 CONCLUSÃO Estudar Química tem sido encarado como uma atividade exaustiva e baseada num ensino tradicional, voltado para a memorização de nomes, fórmulas, símbolos e cálculos que fogem da realidade cotidiana. Para superar essa frustração utilizamos uma atividade lúdica e observamos que ela colaborou positivamente para a aprendizagem dos alunos, além de despertar neles o interesse pelo conteúdo, também contribuiu para melhorar as relações entre os alunos e entre aluno e professor. O jogo é uma ferramenta que exige do aluno dedicação para ganhar e assim ele utiliza o seu conhecimento e se submete as regras do jogo. A competitividade existente na atividade exige cortesia, confiança e respeito, e a derrota deve ser aceita sem desespero. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 1. KISHIMOTO, TizukoMorchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994. 2. SANTANA, Eliana Moraes de - A Influência de atividades lúdicas na aprendizagem de conceitos químicos. Universidade de São Paulo, Instituto de Física - Programa de PósGraduação Interunidades em Ensino de Ciências - 2006. 3.SOARES, M.H.F.B. O lúdico em Química: jogos e atividades aplicados ao ensino de Química. Universidade Federal de São Carlos (tese de doutorado, 2004). 4. BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnologia, Ministério da Educação. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. In: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 1999. 5. SANTANA, E.M.; WARTHA, E. J. O Ensino de Química através de jogos e atividades lúdicas baseados na teoria motivacional de Maslow. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 13, Campinas (Unicamp), 2006. Anais, Campinas –São Paulo, 2006. 6. SOARES, M.H.F.B.; OKUMURA, F; CAVALHEIRO, E.T.G. Proposta de um jogo didático para ensinar o conceito de equilíbrio químico. Química Nova na Escola,n.18, p.13, 2003.