1
2º Unidade
Capítulo V
Tema Objetivo e subjetivo___________________________________________________________3
Capítulo VI
Formas Variáveis da Língua________________________________________________________7
Capítulo VII
Função Metalinguística_____________________________________________________________12
Capítulo VIII
Coesão e Coerência_______________________________________________________________13
Questões do ENEM______________________________________________________________16
Organização:
Apoio:
2
Capítulo V
Para entender a diferença entre um tema objetivo e um tema subjetivo, faz-se
necessário, antes, relembrar que há mais de uma forma de usar as palavras: no sentido real ou
no sentido figurado. Essa diferenciação não se faz apenas no uso da linguagem escrita ou
falada, mas também ao se fazer uso de outras linguagens. Explico: quando se assiste a um
filme, é possível associar seu enredo a outros significados que não apenas aquele aparente;
você assistiu a “Matrix”, por exemplo? Será que aquela história de se viver um mundo falso,
que alguém programa para nós, não é uma grande metáfora? Vemos tudo o que existe? O que
existe é real ou nossos sentidos nos enganam? O verde que você vê é o verde que eu vejo?
Como saber?
Você poderá pensar desta forma também ao admirar uma pintura, uma escultura, um
grafite na rua, e se perguntar: o que será que se quis dizer com essa representação? Enfim,
consegue perceber a possibilidade de mais de uma leitura nas diferentes linguagens? Os
examinadores esperam que você seja analítico, que faça associações, que entenda não ser
mundo algo estático sócio-econômico-política e culturalmente. Então, guarde esses conceitos:
Denotação - palavra usada em sentido literal: objetividade:
Ex.: Meu coração está batendo acelerado.
Conotação - palavra usada em sentido figurado: subjetividade.
Ex.: Meu coração galopa quando te vê...
Denotação
Conotação
palavra com significação restrita
palavra com significação ampla
palavra com sentido comum do
dicionário
palavra cujos sentidos extrapolam o
sentido comum
palavra usada de modo automatizado
palavra usada de modo criativo
linguagem comum
linguagem rica e expressiva
3
Capítulo V
Construindo um Texto a Partir de Um Tema Objetivo e Um Subjetivo
Vimos anteriormente que, o tema é a proposta para a redação. Você irá delimitar o
assunto e a partir dessa delimitação irá formular sua tese (a afirmação central sobre o assunto,
que será desenvolvida e comprovada no texto).
Observe que há uma tendência de os
vestibulares apresentarem o tema e uma coletânea de textos, de todos os tipos: fragmentos
filosóficos, excertos literários; poemas; reportagens ou notícias de jornais e revistas; cartuns ou
pinturas. Normalmente, o avaliador não deseja um texto com visão limitada sobre o assunto.
Caso tenha pela frente um tema subjetivo, haverá a necessidade de se interpretar a proposta.
Observe os seguintes modelos:
Modelo com tema subjetivo
1º. Tema subjetivo: “Tudo o que é sólido desmancha no ar.” (Karl Marx )
2º. Delimitação do Assunto:
• a observação de como a história elimina estruturas aparentemente eternas.
• trata-se de uma referência às instituições, comportamentos, modelos
econômicos, que se modificam no tempo.
3º. Tese: Nosso cotidiano parece cercado por estruturas fixas, imutáveis, sejam
instituições, relações de poder, formas de vida. Mas, se dermos um passo atrás e
olhamos a história, o que encontramos é uma sucessão de transformações, em que estas
estruturas, que pareciam eternas, são criadas e destruídas.
Esse foi um exemplo com tema subjetivo. Vejamos um exemplo de tema objetivo. Lêse o tema e imediatamente se reconhece sobre o que se pode falar no texto.
Modelo com tema objetivo
1º. Tema: Desenvolvimento e Meio Ambiente.
2º. Delimitação do Assunto:
• como conciliar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente?
• estar o meio ambiente em estado de degradação é sinal de evolução da
sociedade capitalista ou “involução”?
3º. Tese: Depois de as grandes potências econômicas passarem pelo período de
exploração da maior parte dos recursos naturais existentes, e pelo completo descuido
com o meio ambiente, surge a preocupação em se controlar esse processo, antes
desordenado, para que se possa falar em gerações futuras.
Título X Tema
Enquanto o tema é a proposta; o título é o nome que se dá ao texto. Cada um que
escreve, escolhe um nome que pode ser a síntese do conteúdo ou, apenas, um chamariz
original, que atraia o leitor para o texto. Por exemplo:
Tema - Desenvolvimento e Meio Ambiente.
4
Capítulo V
Título - “Não verás país nenhum.” (Título de uma obra usado como título para a
redação, por isso está entre aspas.)
Título original - Quais as necessidades do homem moderno? (O uso de aspas ou
grifos é desnecessário).
O Parágrafo
Inventário da Infância Perdida
Um homem é feito na infância, aperfeiçoado na adolescência e
cristalizado na idade madura. Depois dos quarenta a existência humana, a
não ser para os asiáticos, que têm o segredo da vida longeva e produtiva,
assinala realmente uma decadência interminável, até que ela se torna
insuportável: toda a razão da vida se concentra em algumas coisas muito
específicas, em seres, sobretudo, e daí o conflito que se trava no interior
de cada ser humano quando aquilo que ele quis ser para duas, três ou
quatro pessoas — pois é nisso que se concentra a nossa vida — deixou de
ser o que realmente se quis ser ou parecer.
Mas uma grande parte de nossa vida é desenhada muito cedo, quando se inicia o que
alguns românticos chamam de aventura humana e que aos poucos vai-se transformando
numa incansável continuidade de diminutas frustrações e pequenos embates corporais com a
realidade, frustrações que depois se transformam em fontes de amargura. (...)
O que é a infância, no fundo, senão um período de nossa vida tal como nós o olhamos,
depois de adultos: é a versão que se sobrepõe, poderosa, sobre a realidade, e essa versão,
por mais suscetível de ser destruída pela análise fria, é a que prevalece e guia nossos
passos, por anos intermináveis.
Todo mergulho na infância é ao mesmo tempo doloroso e doce, como aqueles
diminutos pratos chineses que misturam gostos e odores. Assim, eu, por exemplo, me
lembro, quando faço muita força, de trechos de minha infância: não consigo lembrá-la toda,
ou largos períodos dela, talvez porque o que foi doloroso nela tenha sido mais abundante e
mais avassalador do que o que foi doce.
(ABRAMO, Cláudio. In: A regra do jogo. São Paulo. Cia das Letras, p. 41, 1989.)
O parágrafo é marcado por um pequeno recuo com relação à margem esquerda da
folha e possui tamanho variado: há parágrafos longos e parágrafos curtos. A unidade temática
determina a extensão do parágrafo, já que cada ideia exposta na redação deve corresponder a
um parágrafo.
Geralmente, as dissertações são estruturadas em quatro ou cinco parágrafos (um para
a introdução, dois ou três para o desenvolvimento e um para a conclusão). Esssa divisão não é
padronizada, pois, dependendo do tema que você escolher e da abordagem seguida, ela
poderá sofrer alterações. Mas, o que você não pode esquecer é que a divisão do texto em
parágrafos tem os objetivos de facilitar, a quem escreve, a estuturação coerente do texto e a
quem lê, uma melhor compreensão do texto em sua totalidade.
O professor Othon M. Garcia nos ensina que:
“O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um
período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se
5
Capítulo V
agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela.”
(GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 7 ed. Rio de Janeiro, FGV, 1978. p. 203)
É evidente que essa explicação não se aplica a todos os tipos de parágrafo: trata-se de
uma sugestão, denominada parágrafo-padrão, que é utilizada por escritores e os alunos
podem e devem imitar.
O parágrafo-padrão apresenta a seguinte estrutura:
•
tópico frasal – período que traz a ideia central do parágrafo;
•
desenvolvimento – explicação do tópico frasal;
•
conclusão.
Nem todos os parágrafos apresentam a estrutura acima. Em pequenos parágrafos e
naqueles cuja ideia central não apresenta grande complexidade, a conclusão normalmente não
aparece.
Treine bastante a construção de parágrafos, procurando redigir
o tópico frasal de forma clara, pois como já vimos, é nele que a
ideia central está contida.
No texto inicial “Inventário da infância perdida”, o autor apresenta o tópico frasal (ideia
central) em mais de um período. O primeiro período “Um homem é feito na infância(...)” está
baseado numa ideia crescente (gradação); já o segundo período “Depois dos quarenta(...)
assinala realmente uma decadência interminável”, quebra o ritimo crescente do primeiro
período e insere uma ideia oposta à anterior. Logo após, outras ideias se unem à ideia central:
o conflito motivado pela distância entre o ser e o não-ser e a razão da vida.
6
Capítulo VI
As variações de linguagem ocorrem de acordo com o receptor, o contexto em que ele
está inserido e o tipo de informação que desejamos transmitir. Os linguistas (especialistas em
linguística, que é a ciência, estudo da linguagem e gramática das diferentes línguas, de sua
história, bem como da aplicação dos resultados obtidos na solução de problemas práticos)
afirmam que não há expressão “certa” ou “errada”, ou erro e acerto. Todos nascemos com a
competência necessária para aprendermos as regras da gramática normativa, porém, nem
sempre temos o desempenho esperado para aprender e colocar em prática em nossos
diálogos cotidianos. Vale ressaltar que o fato de uma pessoa naõ ter o desempenho adequado
na fala e escrita, não quer dizer que ela não se faça entender pelos que estão ao seu redor.
Sobre esse tema, leia um trecho de palestra proferida, na Academia Brasileira de
Letras, por um dos maiores gramáticos brasileiro, o professor e imortal Evanildo Bechara:
“E agora, para terminar, retomemos o nosso tema inicial que é o saber, a normal culta
na democratização do ensino. O que vem a ser isso? Vem a ser o seguinte. O professor deve
convencer-se de que uma língua histórica (português, francês, espanhol), não é uma
realidade homogênea e unitária; ela está dividida em várias línguas, de acordo com as
variedades regionais, as variedades sociais e as variedades estilísticas. Cada variedade
dessas tem uma tradição linguística e essa tradição é um modo correto, é uma maneira de
correção da linguagem.
Agora, todas essas variedades linguísticas confluem na língua exemplar, que é a língua
de cultura. Então, a língua exemplar não é nem correta, nem incorreta, porque correto na
língua é o que está de acordo com uma tradição. Se existe, por exemplo, uma tradição
coloquial que diz "chegar em casa", esse é o padrão de correção na língua exemplar. Agora,
o "chegar à casa" já é uma eleição cultural, que é exclusiva da língua exemplar. De modo que
quando os consultórios gramaticais dos nossos jornais falam: isto está certo, isto está errado
- na realidade, não é isso. Cada modo de dizer tem o seu padrão de correção; entretanto,
todos esses padrões convergem, por eleição, a uma forma exemplar. Essa forma exemplar é
a forma que está na língua literária, quando o escritor sabe trabalhá-la artística, cultural e
idiomaticamente.
Então, o que acontece? A democratização do ensino consiste em que o professor não
acastele o seu aluno na língua culta, pensando que só a língua culta é a maneira que ele tem
para se expressar; nem tampouco aquele professor populista que acha que a língua deve ser
7
Capítulo VI
livre, e portanto, o aluno deve falar a língua gostosa e saborosa do povo, como dizia Manuel
Bandeira. Não, o professor deve fazer com que o aluno aprenda o maior número de usos
possíveis, e que o aluno saiba escolher e saiba eleger as formas exemplares para os
momentos de maior necessidade, em que ele tenha que se expressar com responsabilidade
cultural, política, social, artística etc.
E isso fazendo, o professor transforma o aluno num poliglota dentro da sua própria
língua. Como, de manhã, a pessoa abre o seu guarda-roupa para escolher a roupa adequada
aos momentos sociais que ela vai enfrentar durante o dia, assim também, deve existir, na
educação linguística, um guarda-roupa linguístico, em que o aluno saiba escolher as
modalidades adequadas a falar com gíria, a falar popularmente, a saber entender um colega
que veio do Norte ou que veio do Sul, com os seus falares locais, e que saiba também, nos
momentos solenes, usar essa língua exemplar, que é o patrimônio da nossa cultura e que é o
grande baluarte que esta Academia defende.“
O que o grande professore quer dizer neste texto, é que o aluno precisa ter a
capacidade de adaptar sua linguagem de acordo com o local e a situação em que está
inserido.
Hoje, consideram-se as variações linguísticas como absolutamente aceitáveis, sempre
com a ressalva de que a norma culta deve ser conhecida e observada em situações formais:
• Culta - A norma culta é aquela que deve ser empregada, quando em situações
formais, ou em textos científicos e acadêmicos. Não se permite ambiguidade na
linguagem formal: a objetividade deve ser o principal traço desse uso da língua. Exemplo:
“A superioridade da civilização ocidental, representada pelo império norteamericano,
carece de medidas e atitudes de nível planetário que evitem ao máximo o rastro de
destruição deixado em seu curso expansionista. Há a urgência de uma racionalidade outra
que a do americanizado mundo contemporâneo.”
(Revista Cult, dezembro de 2001)
• Coloquial - Os objetivos na
linguagem coloquial são totalmente
opostos
à
culta:
desejamos
simplesmente conversar ou escrever
como se estivéssemos conversando.
Verificamos a descontração presente
no uso da língua, contudo, não se
trata de cometer barbarismos contra a
língua culta e, sim, adaptá-la,
deixando-a mais pessoal.
Observe que, no primeiro
quadrinho desta tirinha de Hagar - o
Horrível - , sua esposa usa a linguagem
coloquial para iniciar sua pergunta: “Tá
legal, espertinho!...”.
Na linguagem do dia-a-dia, por exemplo, podemos, usar frases como “Você pegou o
que eu te pedi?. Formalmente essa construção em que se misturam as pessoas gramaticais
está inadequada, pois você indica terceira pessoa e “te” é um pronome oblíquo que se refere
a segunda pessoa ; o correto seria dizer "Você pegou o que eu lhe pedi?". Observe outro
exemplo retirado da Folhateen, de fevereiro de 2002:
8
Capítulo VI
“A Jô e a irmã dela acreditam que um vizinho antropólogo mora em frente ao prédio
delas. Quando fazemos coisas absurdas, tipo ficar brincando de tocar percussão ou pulamos
sem parar gritando às 2h da manhã, alguma delas sempre disse. O vizinho não deve estar
entendendo nada. Ou... essa cena deve estar sendo super importante para a tese de
mestrado dele. Na verdade, elas nunca pensaram que poderia ser tipo um tarado se
divertindo com duas loucas pulando pela sala de camisola.”
• Regional – Existem expressões que são usadas apenas em alguns lugares do
país, como formas diferentes de nomear um mesmo objeto ou uma mesma situação.
Observe que, em uma conversa numa roda de amigos, existem diferenças linguísticas ao
falar com uma pessoa de outro estado ou, às vezes, no interior, na zona rural de um
estado em relação à linguagem daquele que mora na zona urbana. Leia mais um pouco
da conferência de Evanildo Bechara sobre o aspecto das variantes linguísticas:
“Afora essa dimensão no tempo, esse saber idiomático identifica variedades que
ocorrem numa língua histórica, isto é: variedades regionais, que são os dialetos; variedades
sociais, que são os estratos sociais falados pelos diversos integrantes de uma sociedade; e o
falar regional, vale dizer, se um ato linguístico (palavra, expressão ou frase) é típico de uma
região (por exemplo, o que no Brasil é trem, em Portugal é comboio; o que em Portugal se
opta por "estar a almoçar", no Brasil preferimos "estar almoçando"; o que no Rio de Janeiro
se chama "sinal luminoso de trânsito", em São Paulo é "farol", mais para o Sul, "semáforo", e
em Porto Alegre, "sinaleira").”
Vejamos outras variações: a média em São Paulo é “café com leite”; em Santos, é um
“pãozinho”. Pãozinho, em Itu- SP, é filão; em São Paulo, capital é um “pão grande”.Bem,
vamos ler um exemplo literário, um fragmento do conto “Bicho Mau” de Guimarães Rosa:
“Se o Quinquim olhou, também. Teria por gosto aproveitar uma curta folga. Colher um
ananás? Não, dava muito trabalho. E estão azedos, decerto, apertam na língua, piores do
que o gravatás. Seo Quinquim se mostra alegre,. Às vezes banzativo, ora a dar um ar de riso,
ele está nos dias de ser pai. Não tardava mais uma semana...”
Na linguagem literária, especialmente nos textos de Guimarães Rosa, é bastante
comum a mistura entre linguagem culta, coloquial e o falar regional. Aliás, em Guimarães, há
também arcaísmos, o que demonstra um conhecimento profundo da linguagem. Você deve
saber identificar essas variações e entender quais foram os objetivos do autor ao fazer uso
dessas diferentes expressões da língua.
Nos concursos públicos e vestibulares são
utilizados textos literários de autores brasileiros. Para
manter-se atualizado: leia suas principais obras e
resenhas. Alguns sites na internet, fornecem estes
materiais
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9
Capítulo VI
• Gíria – É uma forma de expressão oral de determinados grupos, que teem
afinidades quanto à ideologia, ou à faixa etária, ou à condição sócio-econômica, enfim,
algum tipo de traço característico, que também é tranferido para a forma de expressão
lingüística. Algumas palavras da gíria passaram a compor nosso vocabulário, perdendo a
identidade antes conferida apenas a um grupo. Veja um exemplo, retirado de uma
excelente questão de Vestibular, na qual se explorava os diferentes níveis de linguagem:
Massa
“Pô, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na
Sampa, quem sabe tu te anima e acha aí um point pra botá o nome de Magdalena
Tagliaferro, Cláudio Santoro (...) e Radamés Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda a
la “Trogloditas do Sucesso”, mas se a tua moçada não manjar quem eles foi, dá um look aí
na Enciclopédia Britânica ou no Groves International e tu vai sacá que o astral do século 20
musical deve muito a eles.”
Este trecho está contido na carta escrita pelo maestro Júlio Medaglia que foi publicada
no Painel do Leitor do jornal Folha de S.Paulo. Ele faz uso de uma linguagem que certamente
não é a dele, para fazer criticar a decisão da então prefeita Luiza Erundina (melhor dizendo,
aos administradores públicos em geral) que, em nome do populismo, preocupam-se em dar
nomes de ídolos populares aos logradouros públicos.
Ao “navegar na rede” (veja aí um exemplo de neologismo: criação de novas palavras),
você encontrará o site http://www.cowboysdoasfalto.com.br que contém um link com gírias
utilizadas pelos caminhoneiros entre si. Observe algumas, por curiosidade, verificando a
apropriação que esse grupo fez da linguagem:
água de eloquência – cachaça;
chuva artificial - banho;
anzol – polícia rodoviária;
cristalina – filha;
batom a batom - pessoalmente (ela/ela);
cristalíssima/primeiríssima – mãe;
bigode a bigode - pessoalmente (ele/ele);
cristalografia – família;
capacete – sogro;
cristalórde - filho;
casa de beijo – motel;
feijão queimado – amante.
Será que existe algum erro nesse vocabulário específico dos caminhoneiros? Não! Por
isso, o aluno precisa ter a habilidade de reconhecer essas variantes linguísticas e entender o
contexto em que são usadas.
Poesia e Prosa
Antes de terminarmos este capítulo, acrescentamos que existem diferentes linguagens
também na escrita, por exemplo, em prosa ou em poesia. Na poesia, a linguagem é subjetiva
e pode-se quebrar a estrutura lógica das frases, contrariar a gramática, usar palavras em
sentido figurado, enfim, escrever sem muitas “regras”. Já na prosa, produzimos frases
10
Capítulo VI
organizadas em parágrafos e utilizamos completamente as linhas, enfim, o que chamaríamos
“convencional”.
Lembre-se que a língua transforma-se ao longo do tempo. Procure lembrar um texto da
época do Trovadorismo (na apostila de Produção Textual e Literatura), um texto do século
XVIII ou do XIX. Você também ouve músicas, vê propagandas, lê tirinhas de jornal, vê quadros
que são diferentes formas de expressão. Um aluno produtor de textos precisa aguçar sua
visão, para conseguir interpretar a mensagem contida na obra e perceber por exemplo,
diferenças na escolha do vocabulário e na estrutura das frases, que fazem total diferença no
resultado final de uma produção.
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Capítulo VII
Observe os quadrinhos acima. Eles fazem parte do acervo do genial cartunista
argentino Quino e sua personagem Mafalda. Neles, Susanita, amiga de Mafalda nos dá um
belo exemplo de um texto metalinguístico ao “explicar” a fala do primeiro quadrinho.
Nosso objetivo neste capítulo é tratar sobre a função metalinguística da linguagem que
concentra-se no próprio código, ou seja, o código é o assunto da mensagem ou serve para
explicar o próprio código. Por exemplo, se um filme tem como tema principal o próprio cinema
ou se um poema fala sobre a poesia, ambos contêm a função metalinguística.
Quando um professor explica um conteúdo e o aluno pergunta: “Professor, o senhor
pode repetir a explicação?”, com certeza a resposta do mestre será um texto metalinguístico.
Esse fato também acontece com as definições. As gramáticas e dicionários ao utilizarem
palavras para explicar palavras, exemplificam a utilização da função metalinguística.
Também ressaltamos que as expressões explicativas do tipo “ou seja” e “isto é”,
introduzem textos metalinguísticos. Por isso, consideramos como metalinguístico todo o texto
que faz referência a outro texto. Alguns escritores utilizam a função metalinguística para
reafirmar ideias, questionar ou mesmo parodiar produções anteriores.
O estudante muito utiliza a função metalinguística da linguagem no decorrer de sua
vida acadêmica: na análise de um texto, quando elaboramos definições em trabalhos escolares
e nas avaliações quando “explicamos com as nossas palavras”.
12
Capítulo VIII
Coesão e Coerência formam uma dupla de heróis muito conhecida nos vestibulares,
concursos e aulas de produção textuais. Assim como na ficção a presença de grandes heróis é
imprenscindível, na montagem de um bom texto não podem faltar coesão e coerência! Vamos
conhecê-los melhor e saber como eles nos protegem da “má nota”...
O Dicionário Aurélio define coesão como “união íntima das partes de um todo, dois
mecanismos: retomada de elementos; encadeamento de segmentos do texto”. Portanto, a
ligação, a relação entre as palavras, frases, ou mesmo entre os parágrafos é chamada coesão
textual. Saber ligar as ideias é muitíssimo importante para que o texto tenha unidade e
consequentemente, com qualidade.
O fragmento a seguir foi retirado do Editorial do jornal Folha de S.Paulo (14 de março
de 2002), no qual se comenta uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de uma
proposta feita pelos EUA da criação de um Estado Palestino:
“Pode-se argumentar ainda que o interesse dos EUA é circunstancial. O
governo norteamericano teria dois objetivos: criar condições favoráveis à missão de
paz de seu enviado à região do conflito e obter apoio árabe para um eventual ataque
ao Iraque”. Nada disso, porém, deveria minimizar a importância da resolução.
Afinal, ela foi bem recebida por ambos os lados.(...) Não é o caso, por outro lado,
de alimentar expectativas de que a resolução da ONU, por si, contenha a onda de
violência que já dura 17 meses.”
Observe que destacamos os elementos de coesão presentes no texto. A escolha dos
elementos de coesão dependerá do sentido que você pretende dar às orações: oposição,
adição, explicação etc. Dentre os elementos de coesão disponíveis temos: conjunções,
pronomes, advérbios, verbos, substantivos ou expressões. Em uma prova, é avaliada sua
capacidade de empregar adequadamente os recursos (vocabulares, sintáticos e semânticos).
Outra questão importante é a da coerência entre as ideias (encadeamento) expostas
no texto. Você deve escolher os elementos de coesão para ligar as partes, sempre observando
a coerência textual.
13
Capítulo VIII
Coerência e Coesão Relacionadas
A relação da coesão com a coerência existe porque a coerência é estabelecida a partir
da sequência linguística que constitui o texto, isto é, os elementos da superfície lingUística é
que servem de ponto de partida para o estabelecimento da coerência.
Vamos ler um texto em que um trecho, propositadamente, foi alterado e tornou-se
incoerente:
“Apesar dos benefícios, nem sempre os derivados de soja são a opção mais
saudável. Na hora de fazer frituras, vale a pena trocar o óleo de soja pelo azeite de
oliva. A manteiga leva vantagem sobre o azeite de oliva. Esse derivado do leite é
rico em gordura saturada, que tem um efeito perverso no sistema circulatório. Ela
aumenta a taxa do colesterol ruim e reduz o nível do bom (HDL). Assim, facilita a
agregação de placas nos vasos sanguíneos, contribuindo para problemas como o
infarto.”
Fonte: http://sites.uol.com.br/angelicarissi/textual.htm.
Esse texto foi extraído de uma reportagem sobre nutrição,
com o título “Trocas Inteligentes” – e, claro, você percebeu que ele se
tornou incoerente quando foi trocada a frase original “O azeite de oliva
leva vantagem também sobre a manteiga” por “A manteiga leva
vantagem sobre o azeite de oliva”.
Eu-lírico
Ambiguidade e Paráfrase
Ambiguidade
Já falamos bastante sobre texto dissertativo e a necessidade de se usar uma
linguagem clara, objetiva e coesa. O aluno precisa atentar para a seleção do vocabulário e das
estruturas frásicas, para que não haja falha no entendimento do texto ou até a compreensão de
um sentido diferente daquele que se esperava. É possível, inclusive, que o texto, ou uma parte
dele, torne-se ambíguo. E o que quer dizer ambíguo? Ambiguidade é o que se pode entender
em mais de um sentido. Ela pode ser casual, isto é, ocorre sem que se tenha a intenção de
construí-la; ou também pode ser propositadamente construída, o que acontece com frequência
em textos publicitários, cartuns, músicas, enfim – às vezes, com o objetivo de criar um texto
com humor. Analise os exemplos:
“Ele viu o acidente do carro”
Você poderia entender este enunciado de duas formas:
1ª. alguém viu um acidente que ocorreu com um carro;
2ª. alguém estava no carro e viu um acidente.
Afinal, onde estava o observador? A informação não é clara!
14
Capítulo VIII
Capacete - quem tem cabeça usa.
Já nesta segunda construção, veiculada como propaganda educativa com o objetivo de
aumentar a conscientização da necessidade do capacete, vê-se uma ambiguidade intencional:
1ª. "cabeça" com significado óbvio: só usa capacete quem tem uma cabeça (se o
motociclista quer preservar sua integridade física, deve fazer uso desse item de
segurança);
2ª. "cabeça" como o símbolo da consciência, da reflexão: quem "é cabeça" (como se
diz na gíria), quem pensa sobre as consequências de seus atos, irá usar o capacete.
Esse duplo sentido pode advir das palavras escolhidas para a mensagem, da
estruturação frásica ou do emprego da pontuação (neste último caso, trata-se apenas da
escrita).
Paráfrase
Continuemos a falar sobre interpretação e linguagem, sob outro aspecto. A partir da
leitura de um texto, procuraremos entendê-lo e reescrevê-lo sem que seja modificado o
conteúdo. O objetivo é escolher uma linguagem adequada, respeitando- se o texto original, e
reproduzir as ideias nele contidas. O nome desse processo é paráfrase. Confira o exemplo:
Fragmento Original:
“Agora os parlamentares concluem sua obra com anuência
unânime àquele dispositivo inconstitucional.”
Leia o fragmento parafraseado:
“Todos os parlamentares aprovaram, sem exceção, aquele
dispositivo inconstitucional.”
Talvez você tenha de fazer uma paráfrase, ou, ainda, identificar um trecho, em que se
manteve a ideia apresentada no enunciado da questão - isso em questões de múltipla escolha.
Ou, de forma indireta, você poderá fazer uso da paráfrase quando tiver de ler uma coletânea
de textos - oferecida em alguns vestibulares junto com o tema - para se apropriar de alguma
ideia presente nesses textos que estejam representando seu posicionamento, servindo, então,
para justificar sua tese. Claro que você não deve copiar trechos mas poderá parafraseá-lo:
portanto, reescreva-os, com sua linguagem, com o seu estilo. É isso! Treine e aprimore sua
linguagem.
15
Questões
(PUC-RJ adaptados) A partir de diferentes temas, pense quais assuntos que poderiam ser
abordados. Não há uma resposta padronizada ou única. Há temas objetivos e temas
subjetivos, faça como os exemplos desenvolvidos em aula: delimite o assunto e faça o
primeiro parágrafo. Reflita, pense e escreva!
A) "As estruturas estatais no mundo moderno se construíram em torno de um território nacional. Esse
foi o parâmetro básico da atuação dos Estados, embora não o único. O Estado desenvolvimentista
brasileiro não fugiu a essa regra e delineou o perfil do Brasil atual. Mal ou bem, criou-se por conta da
arquitetura estatal um conjunto de interesses nacionais que por vezes se opõem, mesmo que de modo
frágil, aos interesses estrangeiros. Na verdade, isso é comum a todas as nações modernas”.
(OLIVA, Jaime. GIANSANTI, Roberto,Temas da Geografia do Brasil. São Paulo: Atual,1999)
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
B) "O continente condenado"
"África em chamas"
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
C)
Na leiteria a tarde se reparte
institucional ou constitucional
em iogurtes, coalhadas, copos
pode cassar ou legar.
de leite
Maio 1964
e no espelho meu rosto. São
(fragmento)
quatro horas da tarde, em maio.
Mas quantos amigos presos!
Tenho 33 anos e uma gastrite. Amo
quantos em cárceres escuros
a vida
onde a tarde fede a urina e terror.
que é cheia de crianças, de flores
Há muitas famílias sem rumo esta tarde
e mulheres, a vida,
nos subúrbios de ferro e gás
esse direito de estar no mundo,
onde brinca irremida a infância da classe
ter dois pés e mãos, uma cara
operária.
e a fome de tudo, a esperança.
Esse direito de todos
que nenhum ato
GULLAR, Ferreira. Dentro da noite veloz. São
Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 53.
16
Questões
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
D)
Inferno
"Lasciate ogni speranza voi ch'entrate"
o mito, o vento
Aqui a asa não sai do casulo, o azul
não acena o lenço, o tempo
não sai da treva, a terra
não passa mais, adia,
não semeia, o sêmen
a paz entedia, pára
não sai do escroto, o esgoto
o mar, sem maremoto,
não corre, não jorra
como uma foto, a vida,
a fonte, a ponte
sem saída, aqui,
devolve ao mesmo lado, o galo
se apaga a lua, acaba
cala, não canta a sereia, a ave
e continua.
não gorjeia, o joio
devora o trigo, o verbo envenena
Arnaldo Antunes
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
E)
Dolores
a pertinência da reforma penal,
Hoje me deu tristeza,
mas ao fim dos assuntos
sofri três tipos de medo
tirava do bolso meu caquinho de espelho
acrescido do fato irreversível:
e enchia os olhos de lágrimas:
não sou mais jovem.
não sou mais jovem.
Discuti política, feminismo,
Adélia Prado
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
F) Charge extraída do site oficial de Millor (www.uol.com.br/millor/)
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
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Questões
G) Charge extraída do site da Revista “Bundas” www.bundasnet.com.br/
Assunto proposto por você: ____________________________________________________________
(Fazles-SP) “A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.” (Alcântara
Machado)
Indique o termo que denota ambiguidade:
A) suas
B) vizinhança
C)benzina
D)com
E) limpou
(UF-VIÇOSA) Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho
respeitosamente solicitar-lhe se digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se
assemelha à atitude do indivíduo que:
A) comparece ao baile de gala trajando “smoking”;
B) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta;
C) vai à praia de terno e gravata;
D) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados;
E) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.
(FUVEST) Você pode dar um rolê de bike, lapidar o estilo a bordo de um skate, curtir o sol
tropical, levar sua gata para surfar. Considerando-se a variedade lingüística que se
pretendeu reproduzir nesta frase, é correto afirmar que a expressão proveniente de
variedade diversa é
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Questões
A) ”dar um rolê de bike”.
B) ”lapidar o estilo”.
C) ”a bordo de um skate”.
D) ”curtir o sol tropical”.
E) ”levar sua gata para surfar”.
As aspas marcam o uso de uma palavra ou expressão de variedade linguística diversa da que
foi usada no restante da frase em:
A) Essa visão desemboca na busca ilimitada do lucro, na apologia do empresário privado como o
“grande herói” contemporâneo.
B) Pude ver a obra de machado de Assis de vários ângulos, sem participar de nenhuma visão
“oficialesca”.
C) Nas recentes discussões sobre os “fundamentos” da economia brasileira, o governo deu ênfase ao
equilíbrio fiscal.
D) O prêmio Darwin, que “homenageia” mortes estúpidas, foi instituído em 1993.
E) Em fazendas de Minas e Santa Catarina, quem aprecia o campo pode curtir o frio, ouvindo “causos”
à beira da fogueira.
(Unicamp) O trecho seguinte foi extraído do debate que se seguiu à palestra do poeta Paulo
Leminski, Poesia : a paixão da linguagem, proferida durante o curso Os Sentidos da Paixão
(Funarte, 1986):
Estudei durante seis anos muito a vida de um paulista e fiz um filme sobre ele, que é o Mário
de Andrade, um puta poeta muito pouco falado pelas ditas vanguardas modernistas (...) Hoje em dia,
felizmente, já existem vários trabalhos, há muita gente reavaliando a poética de Mário, que ela é muito
mais importante e profunda do aparentemente pareceu nestes últimos anos. Estudando o Mário, eu
descobri um exemplo do cara que morreu de amor, mas de amor pelo seu povo, pelo seu país, pela sua
cultura (...) Um outro cara que eu também fiz um filme é o Câmara Cascudo. Um cara como o Câmara
Cascudo morre, os jornais dão uma notinha desse tamaninho, escondidinho, um cara que deveria ter
estátua em praça pública, devia ser lido, recitado. (Os sentidos da paixão, p.301)
Observe que nesse trecho é possível identificar palavras e construções características da linguagem
coloquial oral. Reescreva-o de forma a adequá-lo à modalidade escrita culta.
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(Unicamp-SP) O terceto abaixo é a estrofe inicial de um dos poemas mais conhecidos de
Carlos Drummond de Andrade, “Poema de 7 faces”:
“Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
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Questões
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida”
(Gauche: termo francês que significa, entre outras coisas, “desajeitado”; pronuncia-se [gôche].)
Adélia Prado, inspirada nesses versos de Drummond, escreveu o poema abaixo:
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
desses que tocam trombeta, anuciou:
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
vai carregar bandeira.
Inauguro linhagens, fundo reinos
Cargo muito pesado pra mulher,
- dor não é amargura.
essa espécie ainda envergonhada.
Minha tristeza não tem pedigree,
Aceito os subterfúgios que me cabem,
já a minha vontade de alegria,
sem precisar mentir.
sua raiz vai ao meu mil avô.
Não sou tão feia que não possa casar,
Vai ser coxo na vida é maldição pra
homem.
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Após ler os dois textos:
A) Transcreva as duas passagens do poema de Adélia Prado que remetem diretamente aos
versos de Drummond.
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B) Quais as diferenças entre o anjo do poema de Drummond e o anjo do poema de Adélia Prado?
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C) No poema de Adélia Prado, a postura do “eu-lírico” diante da vida é determinada pela
apresentação do anjo. Justifique, com base no poema, essa afirmação.
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tema objetivo e tema subjetivo - Faculdades Integradas Simonsen